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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª

VARA CÍVE DO FORO DA COMARCA DE SÃO MATEUS-ES

PROCESSO Nº 5001118-48.2021.8.08.0047

GETÚLIO FREITAS DA ROCHA, já devidamente qualificado nos autos acima descrito,


processo de indenização material e moral que move em face de NOCA AUTO PEÇAS LTDA,
também já qualificada, vem, mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência apresentar,
tempestivamente, e com fundamento no artigo 1.010, §1º, do Código de Processo Civil de 2015,

CONTRARRAZÕES
À apelação interposta, e requerendo então, na forma das razões em anexo, e depois dos trâmites
procedimentais de estilo, a remessa dos auto ao Egrégio Tribunal de Justiça, e ao fim, o não
provimento ao recurso.

Nestes termos, pede deferimento.

São Mateus-ES, 11 de abril de 2023.

VEIDES SOUZA DE OLIVEIRA


OAB/ES 35169
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

APELANTE: NOCA AUTO PEÇAS LTDA


APELADO: GETULIO FREITAS DA ROCHA

CONTRARRAZÕES DA APELAÇÃO

EGRÉGIO TRIBUNAL
COLENDA CÃMARA

I – SÍNTESE DOS FATOS


Em dezembro de 2019 o veículo de propriedade do APELADO foi deixado para avalição para
verificar defeito e apresentar orçamento, com um mês foi apresentado o orçamento, as peças a
serem compradas para reparação do veículo.

No dia 13 de dezembro de 2019 foi deixado para avaliação e orçamento, veículo actros
2646 ano 2010 placa IRN-3154 para verificar um barulho vindo do motor. Houve uma
demora muito grande para identificar o que estaria causando o barulho. Com muita
insistência por parte do Apelado, este recebeu o orçamento de mão de obra e peças no
dia 08 de janeiro de 2020. Após providenciar as peças, algumas direto da VD Mercedes
Bens, outras pela internet de empresas que possuem lojas física. Duas peças (Bomba de
óleo e Eixo do comando) foram adquiridas seminovas em condicional para o técnico da
Apelante fazer avaliação, peças essas aprovadas para montagem.

Algumas peças só foram identificadas com problema na hora da montagem do motor,


(calço do Motor, Válvula de retorno, Retentores Virabrequim, Bucha do comando, etc)
procedimento que deveria ser feito na desmontagem.

O motor foi aberto por completo e tudo que foi orientado trocar foi trocado, ou seja, o
motor foi feito por completo.

O veículo era agregado a Transportes Della Volpe S/A, com faturamento médio de R$
9.500,00 por mês, devido a demora e sem uma previsão de quando o veículo ficaria
pronto, o contrato dia 03 de fevereiro conforme o Distrato anexo.

No dia 19 de março de 2020, o Apelado foi informado que poderia pegar o carro no dia
seguinte, mais no final do dia me que a válvula de retorno estava com problema e que
teria de providenciar e foi providenciado. No dia 20 de março de 2020, o Apelado e o
motorista foram até Linhares para retirada do veículo. Na retirada, o veículo não ligou,
o técnico disse que seria alguma sujeira nos bicos injetores e que faria revisão.
Em destaque, entre as peças novas compradas estavam os bicos injetores, que avaliadas
depois da montagem e desmontagem, foram diagnosticados como entupidos pelos
mecânicos da Apelante. Eram novos, comprados na loja da Apelante e estavam
entupidos.
A caminho para casa, o veículo teve 05 panes de aproximadamente 5 segundos, e no
painel aparecendo que deveria ser feita a manutenção imediata. No dia 07 de abril o
veículo volta para Linhares para correção.

Quando a parte superior fora aberta, viu-se que a turbina estava dando passagem de
óleo, na hora de baixar a cabine esqueceram também o conector do intercooler
desligado, falha essa vista pelo motorista. E quanto ao problema de dificuldade para
ligar o veículo o técnico informou que não estava ligando porque a mangueira do
combustível estava invertida. Informado que o carro estava pronto e que só faltava
passar o scanner para triar as falhas do painel. Falhas essas que não conseguiram sanar.
Liberaram o veículo e este foi para a Brametal carregar. Carregou dia 10 de abril de
2020. Já carregado o veículo rodou 6 quilometro e começou apresentar um barulho
muito forte, o veículo retorna para a oficina, no dia 10 de abril de 2020. No dia seguinte,
o técnico foi avaliar, mas não conseguiu identificar o problema, no dia 13 de abril de
2020 foi aberto o motor e constatou que houve desgaste do eixo virabrequim e dos
casquilhos fixos.

Durante o curso do processo, este Apelado solicitou perícia, feita esta, findou-se
inconclusiva por ausência de uma peça de suma importância para elucidação da
demanda, a bomba de combustível. A Apelante alegou a retirada desta de suas
dependências pelo Apelado, sem apresentar nenhuma prova deste feito.

Ao fim foi proferida Sentença favorável ao Apelado, com ressalvas, não aceitando na
íntegra o pedido da inicial, principalmente no que se refere ao contrato de agregado que
que este tinha com a empresa Transporte Della Volpe S/A. Foi apresentado o distrato
como prova, e o Eminente Juiz considerou para fins de indenização tão somente o mês
em que consta no distrato. Sendo que a renda mensal obtida pelo Apelado como
agregado era em média R$9.500,00 (nove mil e quinhentos reais). Os cálculos efetuados
para conclusão do valor da causa fora feito da data de entrada do veículo à oficina do
Apelante à data de início do processo. Em sentença foi desconsiderado essa importante
questão quanto às perdas e danos provocadas pelo Apelante.

II – DA NECESSIDADE DE MANUTENÇÃO DA SENTENÇA ACRESCIDA DE


CORREÇÃO E IMPROVIMENTO DOS PEDIDOS DO APELANTE

Com toda a vênia a este Egrégio Tribunal, o recurso da parte Apelante não merece
prosperar.

O Apelado sofreu danos na ordem financeira que se escalonados seriam de alguma


forma insustentáveis para efetiva indenização. Dando também margem para eventual
indagação de enriquecimento ilícito, o que no caso em tela não ocorre.
Como apregoado pelo artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, a culpa nas
relações de consumo é objetiva. O Apelante tão somente deveria fazer provas da relação
de consumo, o que não ocorreu. Teve que arcar, depois de todo o prejuízo, com
honorários periciais, cujo resultado, por culpa novamente da Apelante, lhe prejudicou
demasiado.

Durante o curso do Processo, logrou estender o andamento do processo sempre que


possível, não apresentando Contestação, ensejando assim o instituto da Revelia, e
quando solicitado que apresentasse os quesitos para perícia e juntamente nomeasse
assistente, não o fez. E depois de apresentada o laudo pericial, o fez. Dado a Sentença,
alegou sucumbência recíproca em sede de embargos de declaração, sem nenhum
fundamento que o justificasse. Todos esses atos foram claramente um atentado ao bom
andamento do processo, tidos como protelatórios.

A Apelante, que possui ou deveria possuir o conhecimento técnico adequado e


suficiente, conforme o Código de Defesa do Consumidor em seu artigo 4º, III, com
todos os atos desde o serviço ineficiente, atos protelatórios somados, desequilibra
sobremaneira a cadeia de consumo. Nessa esteira, coloca também em dúvida a
parcialidade do Juiz a quo.

II – I - BOMBA DE ÓLEO

Um exemplo da má-fé da Apelante se concentra em torno de uma peça crucial para a


boa elucidação da culpa.

Nota-se que na inicial, fora demonstrado de forma inequívoca, com nomeação


testemunhal, que as peças compradas fora do estabelecimento, novas ou usadas, seriam
revisadas e autorizadas ao uso pela Apelante. A bomba de óleo foi comprada em
condicional, só seria usada se aprovada pela Apelante.

Foi verificado que houve um desgaste no eixo virabrequim e nas bronzinas. A Bomba
de óleo tem papel fundamental na lubrificação dessas peças.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a presente perícia e diante dos autos apresentados é possível afirmar que
a região que apresentou desgaste precoce e prejudicou o funcionamento do
motor foi a parte inferior do motor, mais precisamente no contato entre o eixo
virabrequim [2] e as bronzinas de deslizamento [1], sendo que as bronzinas são
novas com medidas STD (medidas originais de projeto) e foi reutilizado o
virabrequim original do motor.

No momento da perícia fica constatada a ausência da mesma, com a alegação de


retirada da peça pelo Apelado. Para retirada de peças da oficina assina-se um termo de
retirada, detalhando o que foi retirado e por quem, devidamente datado e assinado. Foi
pedido essa prova nos autos pelo Apelado e não apresentada pela Apelante. Dando
ênfase ao Código de Processo Civil de 2015 em seu artigo 374, que:
Não dependem de prova os fatos:

I - notórios;

II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;

III - admitidos no processo como incontroversos;

IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.

O fato alegado pela Apelante não se encaixa em nenhum dos incisos acima.

Os uso corretos da normas de montagem de desmontagem de motores, se fossem


observados pela Apelante, como afirma observar, teria verificado se a bomba de
combustível estava ou não apta para uso. Nesse diapasão, fica observado que para o
Direito do Consumidor, seria culpa do Apelado, se na forma do artigo 14, § 3º, II:

O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:

II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

O que claramente não provaram durante o curso do Processo, foi a culpa exclusiva do
Apelado, quanto ao uso das peças usadas fornecidas por terceiro. Se observassem as
normas do Código de Defesa do Consumidor, as normas retificadoras de motores, o
problema provável causado por uma bomba de combustível (desaparecida), teria sido
verificado quando feito a perícia.

O laudo pericial fora declarado inconclusivo por absoluta e exclusivamente pela


ausência desta peça, e não pela impossibilidade técnica de visualização do problema.

Após análise dos autos e verificação do equipamento do requerente


conclui-se que não é possível determinar a causa da falha, visto que a
bomba de óleo não pôde ser analisada, dando por cumprida a tarefa
designada por V.Exª. e permanecendo a vossa disposição.

E se assim o fora, a parte protegida neste caso, seria o consumidor, pois o conhecimento
técnico não é exigido do mesmo, senão dos fornecedores de produtos e serviços.

Em suas Razões Recursais, o Apelante alega que o julgador agiu em desconformidade


com o Laudo apresentado, desconsiderando evidências apresentadas. Na conclusão o
Perito afirma que precisaria da bomba de óleo, aferi-la para saber se foi a causadora dos
problemas visto durante a perícia. O perito não viu a bomba de óleo, mas a Apelante o
fez, e o Perito respondeu no item 1 dos quesitos formulados pelo Apelado que sim, é
possível verificar, se seguir as normas.

4. RESPOSTAS AOS QUESITOS FORMULADOS


REQUERENTE:
1 – A empresa que realiza retífica/ desmontagem/ montagem de
motores e segue rigorosamente a norma NBR 13032:2008 versão
corrigida para 2009, especificamente o item 6.4 conseguiria
identificar com segurança por inspeção anomalia/ desgaste em
componentes/acessórios como: Bloco, Árvore de manivelas, Árvore
de comando de válvulas e Eixo intermediários, Cabeçote, Válvulas,
Molas, Balancim, Tucho, Biela, Volante, Bomba de óleo e Bomba de
água, compressor de ar, Polia da árvore de manivela e Conjunto de
distribuição? A não substituição de um componente ou acessório
após a constatação de anomalia/desgaste poderia comprometer o
funcionamento do veículo?

Sim, a empresa conseguiria identificar anomalia/desgaste nos


componentes/acessórios citados. Sim, a não substituição de um
componente ou acessório que apresentar anomalia/desgaste pode
comprometer o funcionamento do veículo.

Em todo o curso do processo, o Apelado foi coerente em suas afirmações,


disponibilizou testemunhas já na Inicial, mesmo sendo beneficiário da inversão do ônus
da prova. Nas relações de consumo, como defendido pelo artigo 6º, VIII;

a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da


prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiências;

CONCLUSÃO

Por todo o exposto, requer que este Egrégio Tribunal negue o pedido do Apelante,
negando-lhes provimento e mantendo a respeitável Sentença do juízo aquo, com correção
quanto o valor da causa tal como pedido em petição inicial, como de direito apregoado
pelo Código de Defesa do Consumidor.

Termos em que pede deferimento.

São Mateus/ES, 25 de abril de 2023.

VEIDES SOUZA DE OLIVEIRA

OAB/ES 35169

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