EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DO JUIZADO
ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE MAUÁ – SP.
ROBSON ROGERIO SANTOS CASTRO, maior, brasileiro, em uniã o está vel, ajudante geral, portador da Cédula de Identidade 46.843.235, inscrito no CPF/MF sob n.º 365.369.668/21, residente e domiciliado a Rua Divina Flor, 178, Parque das Flores, Sã o Paulo/SP, CEP 08391-142, por intermédio de sua advogada e bastante procuradora com instrumento de mandato em anexo, com escritó rio profissional sito à Rua Stella Bruna Nardelli, nº 179, Centro, Ribeirã o Pires/SP, CEP 09400-150, e-mail rosangela.pedroso@adv.oabsp.org.br, onde recebe notificaçõ es e intimaçõ es, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor PEDIDO DE ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO c/c INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS e MORAIS com fulcro nos artigos 5º, X, da CF; 4º, I, 6º, IV, 18, § 1º, II, 26, II e 37 todos do CDC; 441 e seguintes, C.C; 186, 187 e 927, CPC, em face de: 1ª Requerida - OUTLET DO CARRO LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º 12.441.582/0001-20, com sede na Avenida Joã o Ramalho, n.º 1685, Parque Sã o Vicente, Mauá /SP, CEP 09371-520, constituída pelos só cios administradores WELLINGTON BARBOSA DA SILVA e PEDRO HENRIQUE CHAVES DA CUNHA sem maiores qualificaçõ es, telefone (11) 4249-963, e-mail gerencia@malegalizacao.com.br, na pessoa de seu representante legal; 2ª Requerida – BANCO VOTORANTIM S.A. – CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 01.149.953/0001-89, com endereço a Avenida Das Naçõ es Unidas, 14.171, Torre A, Andar 12, Vila Gertrudes, Sã o Paulo/SP, CEP 04794-000; 3ª Requerida ITURAN SERVIÇOS LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 16.613.061/0001-64, com endereço a Rua Verbo Divino, 1601, Andar 1, Sã o Paulo/SP, CEP 04719-002 , pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos. 1. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA Requerem os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA por serem pobres na forma da Lei, conforme declaram no documento anexo, nã o podendo arcar com custas processuais e honorá rios advocatícios sem prejuízo do pró prio sustento e da sua família, nos termos dos artigos 98 e seguintes do CPC/15, das Leis n.º 1.060/50 e n.º 7.115/83 e consoante art. 5º, LXXIV, da Constituiçã o Federal, por nã o possuírem condiçõ es financeiras. DOS FATOS No início do ano corrente, o Autor programou junto à família uma viagem ao Estado do Maranhã o, para tanto decidiu adquirir um veículo em melhores condiçõ es do que o que já possuía de forma que nã o precisasse fase manutençõ es até o retorno da viagem que estava programada para julho/2019, entã o na data de 22 de janeiro de 2019 apó s procurar o carro que desejava, o encontrou na Revendedora Outlet do Carro, Primeira Requerida na presente açã o, foi atendido pelo vendedor de sobrenome FREITAS e informou que gostaria de adquirir um veículo para viajar com sua família no mês de julho e que, portanto, nã o lhe apresentasse necessidade de manutençã o até a volta da planejada viagem. Ouvindo quais eram as necessidades do Autor e qual era o veículo que este desejava, ofereceu o automó vel, HONDA CIVIC LXS, ANO/MODELO 2009/2009, CHASSI: 93HFA6630921186S8, RENAVAN 147590922, PLACA EBC – 8810, COR CINZA, KILOMETRAGEM 143.039, ao qual o Autor decidiu adquirir PELO VALOR NEGOCIADO DE R$ 34.900,00, na seguinte forma de pagamento: R$ 20.000,00 (vinte mil reais) em dinheiro como entrada pagos no momento da efetivaçã o da compra e R$ 14.900,00 (quatorze mil e novecentos reais) financiados junto a segunda requerida, BV FINANCEIRA, em 48 parcelas de 537,48 (quinhentos e trinta e sete reais e quarenta e oito centavos), que ao final do financiamento somará o importe de R$ 25.799,04 (vinte e cinco mil setecentos e noventa e nove reais e quatro centavos). Parte destas informaçõ es consta do RECIBO DE VENDA DO VEÍCULO acostado aos autos, assim como desse documento também constam as informaçõ es que seguem - “é de inteira responsabilidade do vendedor multas e débitos de IPVA ou restrições provenientes do veículo, que a garantia é de 90 dias, conforme art. 26, II, CDC, bem como que qualquer reparo deverá ser previamente comunicado e será realizado em oficina credenciada a empresa, que não realizará reembolso, somente em casos em que a diretoria (OUTLET DO CARRO) autorizem o reparo”. Ocorre que, desde a compra do veículo a Primeira Requerida nã o entregou o contrato de compra e venda do bem durá vel, além do que o Requerente somente tem tido dissabores com o mesmo. Note-se que o Recibo determina o seguinte: “é de inteira responsabilidade do vendedor multas e débitos de IPVA ou restrições provenientes do veículo”... Ocorre que, o Autor arcou com o pagamento da 2ª (segunda) e 3ª (terceira) parcelas do IPVA, em 22/02/2019 e 20/03/2019 respectivamente, no valor de R$ 427,05 (quatrocentos e vinte e sete reais e cinco centavos) cada uma que somam o valor de R$ 854,10 (oitocentos e cinquenta e quatro reais e dez centavos). Além do que em 11/03/2019 foi obrigado a comprar uma bateria nova para o veículo no valor de R$ 512,00 (quinhentos e doze reais) que nã o foram reembolsados pela Revendedora. A Revendedora desobedeceu a pará grafo de seu pró prio documento e através de seu vendedor faltou com a verdade quando disse que nã o haviam manutençõ es a serem feitas no bem adquirido pelo Autor. Vindo, por fim o Requerente, a descobrir no decorrer do período de garantia, vá rias irregularidades que nã o foram informadas no momento da compra, sendo a primeira o para-choques apenas encaixado e nã o preso à carroceria do veículo, a ponto de se soltar a qualquer mínima trepidaçã o. Nã o bastasse o Autor ter que adquirir uma bateria nova para o veículo dias apó s a compra, teve o desprazer de evidenciar a quebra da caixa de direçã o, o reparo provisó rio que foi promovido pela Primeira Requerida, apó s muita insistência por parte do Autor, em 18/03/2019, porém daí em diante as ocorrências sã o inú meras com o veículo, sem que a revendedora promova os reparos devidos e arque com suas responsabilidades determinadas tanto por seu documento de RECIBO DE VENDA, quanto pelo Có digo de Defesa do Consumidor desconsiderando completamente o consumidor como parte vulnerá vel tanto na relaçã o de consumo quanto no negó cio jurídico celebrado. Conforme determina o artigo 4º, CDC; “Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo; Apó s a quebra e reparo provisó rio da caixa de câ mbio, o automó vel passou a presentar problemas de desempenho, com bicos injetores, velas, com consumo de combustível, com suspensã o, inclusive com o fechamento de portas, tendo em vista que o porta-malas é facilmente aberto com qualquer chave, inclusive chave doméstica. Percebendo que o veículo colocou sua integridade física e de sua família em risco, solicitou, em março de 2019, um orçamento total dos serviços que deveriam ser executados a uma oficina mecâ nica. Vendo, o profissional, a situaçã o em que se encontrava o bem contatou o Autor, solicitando que este fosse até sua oficina mecâ nica para constatar a real situaçã o do veículo adquirido, assim segue abaixo a lista de reparos necessá rios: Troca: • 2 amortecedores dianteiros; • 2 kits de batentes e coifa dianteiros; • 2 buchas de barra estabilizadora; • 2 buchas grandes das bandejas; • 2 buchas pequenas das bandejas; • Recondicionamento da Caixa de Direçã o; • 1 coxim câ mbio L/E; • 1 coxim inferior do motor; • 1 jogo de velas; • Limpeza dos bicos injetores; • 2 kits de batentes e coifa de amortecedores traseiros; • 2 batentes de suspensã o traseira; • Remoçã o do Câ mbio para eliminar o vazamento de ó leo; • Lâ mpadas de freio. As irregularidades relatadas constam do orçamento acostado aos autos. E também sã o demonstradas por fotografias e vídeos feitos pelos mecânicos Júlio e Márcio, tanto na primeira reclamaçã o do Autor junto a Revendedora em 12/03/2019, quanto na ultima que se deu em 15/04/2019. Percebendo todos os problemas apresentados pelo veículo, o Autor solicitou a oficina mecâ nica LAUDO COM PARECER TÉCNICO de todas as irregularidades, pelo qual pagou o valor de R$ 100,00 (cem reais), conforme recibo de pagamento anexo. Ressalte-se que todos estes itens correspondem à segurança do veículo e a Revendedora nã o promoveu o conserto, mesmo sendo este devido conforme ressalta o RECIBO DE VENDA e o CDC no tocante a cobertura do bem, fato que é provado, como já ressaltado, por orçamento já apresentado. Entretanto e apó s muito pedir, em 02/04/2019 o Autor conseguiu que o veículo fosse deixado na Revendedora para que fossem executados os reparos de todo o quanto necessá rio, porém o carro permaneceu por 11 (onze) dias na Primeira Requerida que nã o efetuou os reparos necessá rios e nã o disponibilizou carro reserva o que obrigou o Autor, em um momento de extrema necessidade com sua filha que adoeceu nesse período, a se locomover utilizando conduçã o. E, como agravante, a revendedora NÃO FORNECEU AO AUTOR ORDEM DE SERVIÇOS, COM OS REPAROS QUE DEVERIA TER EXECUTADO, ao invés disso enviou uma foto ao Autor de seu carro no equipamento chamado “elevador” informando que os reparos estavam sendo feitos e que todas as peças seriam trocadas, fato que nã o reflete a verdade, pois quando o automó vel retornou em 13/04/2019 ao Autor, este verificou que os problemas persistiam e solicitou uma nova vistoria particular por parte da oficina mecâ nica, que a realizou em 15/04/2019, observando a necessidade de um novo orçamento e um novo LAUDO TÉCNICO, onde novamente constatou a necessidade de trocas e consertos das mesmas peças anteriormente identificadas. Relata ainda, o Requerente, que o veículo emite ruídos como “de peças batendo” durante seu funcionamento. Pelo NOVO LAUDO COM PARECER TÉCNICO de todas as irregularidades, o Autor pagou, novamente o valor de R$ 100,00 (cem reais), conforme recibo de pagamento anexo. Também é certo que consta do RECIBO DE VENDA o que segue: “... ou restrições provenientes do veículo...”, Ocorre ainda que, o Autor efetuou pagamento do documento de transferência no valor de R$ 294,48 (duzentos e noventa e quatro reais e quarenta e oito centavos) e emplacamento no importe de R$ 132,84 (cento e trinta e dois reais e oitenta e quatro centavos) os dois em 06/03/2019, que somaram o valor de R$ 437,32 (quatrocentos e trinta e sete reais e trinta e dois centavos), conforme comprovantes bancá rios anexos, tendo em vista que nã o poderia utilizar o veículo sem a referida documentaçã o, por conta da restriçã o que lhe causaria a falta da documentaçã o regularizada, ou seja, mais uma vez a Primeira Requerida nã o obedeceu ao acordo de vontades celebrado entre as partes. Além disso, e tendo em vista a violência que assola a sociedade atual, o Autor, contratou seguro veicular junto à empresa ITURAN SERVIÇOS LTDA, no valor de R$ 207,22 (duzentos e sete reais e vinte e dois centavos) mensais, além de pagar R$ 49,85 (quarenta e nove reais e oitenta e cinco centavos) para implantaçã o do aparelho rastreador necessá rio no veículo para monitoramento da seguradora, via satélite, conforme contrato anexo. Deve-se salientar que o Requerente, antes de tomar qualquer medida judicial tentou por todos os meios possíveis resolver o problema amigavelmente com a Primeira Requerida, solicitando o concerto efetivo do veículo, porém, esta sempre negou qualquer problema com o veículo e quando declarou que faria os reparos, na verdade, nã o os fez vindo somente a protelar a resoluçã o do problema. DA UTILIDADE DO VEÍCULO O veículo adquirido pelo Requerente é utilizado pelo mesmo para se locomover ao seu trabalho, transportar sua família em segurança e, a razão principal promover a viagem já programada desde o início do ano corrente. Desde que o veículo passou a apresentar todos os recorrentes problemas o Autor cancelou junto a sua família e familiares a viagem tão desejada e planejada, nã o vem mais utilizando o veículo para percorrer longas distancias, nem mesmo entre cidades vizinhas, pois a intençã o da Requerente é a devoluçã o do mesmo, além do que esta possui até mesmo receio na utilizaçã o de tal veículo, haja vista que o fato de o carro estar apresentado todos esses problemas de forma recorrente influencia diretamente em itens de segurança. DA NOTA FISCAL Como dito anteriormente nunca foi emitida nota fiscal da compra do veículo somente o RECIBO DE VENDA sem nem mesmo um reconhecimento de firma da assinatura do vendedor. Assim o Requerente, percebendo a má vontade da Primeira Requerida, veio a perder qualquer lastro de confiança com a mesma, tendo em vista que esta vem descumprindo tanto o Có digo de Defesa do Consumidor, quanto o Có digo Civil, bem como o acordo de vontades firmado entre ambos. Assim, temendo ter ocorrido crime de sonegaçã o fiscal, requer a Vossa Excelência, para que solicite a Receita Estadual, através de Ofício enviado, por este D. Juízo, esclareça se o valor do RECIBO DE VENDA que o Requerente possui, detém o valor fiscal como o documento oficial de Nota Fiscal. Devendo, para tanto, enviar fotocó pia da nota arquivada naquela Secretaria. DO DIREITO A Primeira Requerida, em nenhum instante informou à Requerente que o veículo possuía qualquer problema, inclusive afirmando que as ú nicas preocupaçõ es do Autor/Comprador seriam troca de ó leo e complementaçã o de á gua, tanto é que cobrou por ele valor médio de mercado, porém, é certo que automó vel com avarias ou necessidades mecâ nicas como as que apresentam o veículo em questã o, sofrerá desvalorizaçã o, nunca podendo ser comparado ao valor de um veículo que nã o apresenta tais problemas. Imperioso salientar que, a bem da verdade ao final do financiamento o Autor pagará pelo veículo valor muito superior à média do mercado, tendo em vista que já pagou a Revendedora o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) em dinheiro e a vista e assumiu um financiamento em 48 (quarenta e oito) parcelas mensais de R$ 537,48 (quinhentos e trinta e sete reais e quarenta e oito centavos), que ao final somará o importe de R$ 25.799,04 (vinte e cinco mil setecentos e noventa e nove reais e quatro centavos), logo somando os dois valores o automó vel sairá para o Autor por R$45.799,04 (quarenta e cinco mil setecentos e noventa e nove reais e quatro centavos), em confronto com a Tabela Fipe, acostada aos autos, que dá preço médio de R$ 35.519,00 (trinta e cinco mil quinhentos e dezenove reais), o valor do bem estará R$ 10.280,04 (dez mil duzentos e oitenta reais e quatro centavos) acima do valor de mercado. Retomando o cerne desta açã o, há que se considerar o que diz o pró prio RECIBO DE VENDA, “...que a garantia é de 90 dias, conforme art. 26, II, CDC, bem como que qualquer reparo deverá ser previamente comunicado...”, Determina o CDC que a garantia contratual é complementar a garantia legal, logo é certo que o Diploma Legal decreta cobertura total do bem durá vel de 90 (noventa) dias, acrescidos de 90 (noventa) dias da garantia descrita no RECIBO DE VENDA DO VEÍCULO. Artigo 18, II, CDC, o fornecedor tem 30 dias a partir da reclamação para sanar o problema em caso de não cumprimento, o consumidor tem direito a imediata restituição da quantia paga. Ocorre que a primeira reclamaçã o foi registrada já em 12/03/2019, quando da necessidade de troca de bateria, onde, da aquisiçã o de bateria nova, nã o teve o valor pago restituído pela Primeira Requerida e em seguida foram informados todos os demais problemas que o veículo vem apresentando de forma recorrente. Quanto ao que foi afirmado ao Autor pelo vendedor FREITAS no momento da aquisiçã o do automó vel, relembrando que o vendedor afirmou que as ú nicas preocupaçõ es do Requerente seriam o complemento de á gua e troca de ó leo, vejamos o que determina o CDC. O artigo 6º, inciso IV, os artigos 37 e 67 todos do Có digo de Defesa do Consumidor: "Art. 6º. São direitos básicos do consumidor: ... IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;" "Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. § 1º. É ENGANOSA QUALQUER MODALIDADE DE INFORMAÇÃO ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, CAPAZ DE INDUZIR EM ERRO O CONSUMIDOR A RESPEITO DA NATUREZA, CARACTERÍSTICAS, QUALIDADE, QUANTIDADE, PROPRIEDADES, ORIGENS, PREÇO E QUAISQUER OUTROS DADOS SOBRE PRODUTIVOS E SERVIÇOS. "Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva: Pena - Detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa." Dessa forma, resta claro que a Revendedora, também na pessoa de seu vendedor, nã o obedece ao CDC no que concerne a dar informaçõ es verdadeiras sobre o real estado do veículo, induzindo assim o Autor a erro quando este entendeu estar adquirindo um bem com qualidade assegurada e dados informativos corretos. Diante de todos os fatos expostos e documentalmente provados, é a vontade do Autor o cancelamento da compra do veículo HONDA CIVIC LXS, ANO/MODELO 2009/2009, PLACA EBC – 8810 - COR CINZA, tendo em vista a Revendedora protelar de todas as formas a soluçã o de todos os problemas apresentados em 30 dias, com isso trá s prejuízos também a 2ª Requerida e 3ª Requerida, pois dá ao Autor o direito de requerer o cancelamento do negó cio jurídico em sua totalidade, incluindo restituiçã o de TODOS OS VALORES POR ELE PAGOS, sendo: 1ª Requerida, para que cancele imediatamente a venda e efetue a devoluçã o do valor pago pelo Autor em dinheiro na aquisiçã o do veículo, sendo R$ 20.000,00 (vinte mil reais) acrescidos de juros e correçã o, obedecendo ao artigo 18, § 1º, II, CDC. 2ª Requerida, para desfazer o contrato de financiamento com devoluçã o das duas parcelas pagas no valor de R$ 537,48 (quinhentos e trinta e sete reais e quarenta e oito centavos) cada uma, bem como a devoluçã o das demais parcelas que forem pagas durante o curso desta açã o acrescidas de juros e correçã o, sem cobrança de multa ou qualquer valor que se refira à quebra de contrato, em obediência ao mesmo artigo supracitado; 3ª Requerida, para desfazer o contrato de seguridade do veículo com devoluçã o das duas parcelas pagas no valor de R$ 207,00 (duzentos e sete reais) cada uma, além de 4 (quatro) parcelas no valor de R$ 49,85 (quarenta e nove reais e oitenta e cinco centavos) que se referem ao aparelho rastreador colocado no veículo, bem como a devoluçã o das demais parcelas tanto do seguro quanto do aparelho, que forem pagas durante o curso desta açã o acrescidas de juros e correçã o, sem cobrança de multa ou qualquer valor que se refira à quebra de contrato, em obediência ao artigo 18, § 1º, II. Tendo em vista que, se houve a quebra de contrato esta nã o se deu por vontade do Autor que vem cumprindo com todos os pagamentos rigorosamente em dia, mas sim por vontade da 1ª Requerida em nã o obedecer ao pacto celebrado, o Có digo Civil e o Có digo de Defesa do Consumidor, quando nã o efetuou os reparos devidos, no prazo legal determinado. Os julgados abaixo aduzem que: "NOS CONTRATOS DE COMPRA E VENDA, O ALIENANTE É RESPONSÁVEL PELOS VÍCIOS OU DEFEITOS OCULTOS DA COISA (CC, ARTIGOS 1101, 1102 E 1104)- Ao adquirente é facultado rejeitar a coisa, redigindo o contrato ou reclamar abatimento no preço, sem prejuízo de eventuais perdas e danos (CC: Art. 1105, CDC: Art. 18, § 1º, inciso II -TJDF - ACJ 20020110226559 - DF - 1ª T.R.J.E. - Rel. Des. José de Aquino Perpétuo - DJU 06.11.2002 - p. 93) "AGRAVO DE INSTRUMENTO - COMPRA E VENDA DE VEÍCULO - Ação de ressarcimento de valores despendidos para conserto do bem c/c com indenização por perdas e danos. Prescrição alegada pelo réu em contestação, ao fundamento de que se trata de ação fundamentada na ocorrência de vício Redibitório. Rejeição. Ação amparada e fundamentada no art. 159 do CC, e não no art. 1.101 do CC, como quer o Agravante. Obrigação pessoal com prazo prescricional de 20 anos. Art. 177 do CC. Recurso improvido."(TJPR - ag. Inst. 0114837- 8-8190- Curitiba - 5ª C.Civ. - Rel. Des. Bonejos Demchuk - DJPR 01.04.2002). No que tange ao nã o fornecimento de Nota Fiscal é o entendimento jurisprudencial no sentido de que: "APELAÇÃO CRIMINAL - CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA - ADULTERAÇÃO DE NOTA FISCAL - LEI Nº 8.137, ART. 1º, II - OMISSÃO DE DOCUMENTO EXIGIDO PELO AGENTE FAZENDÁRIO - LEI Nº 8.137, ART. 1º, V - SUJEITO ATIVO: CONTRIBUINTE - Apurando-se a conduta do contribuinte consistente na falsificação de dados registrados em notas e livros fiscais, com o escopo de reduzir o tributo, configura-se crime de ordem tributária, tipificado na Lei nº 8.137 (art. 1º, inc. II). É de se absolver o agente que, embora representante legal da empresa que suprimiu o tributo, não participou do ato delituoso definido no art. 1º, inc. V, da Lei nº 8.137/90, figura omissiva própria cujo sujeito ativo é somente o contribuinte. Recurso parcialmente provido. (TJGO - ACR 17.544-6/213- 2ª C. Crim. (3ª T.) - Rel. Des. José Lenar de Melo Bandeira - J. 06.04.1999)”. "PENAL E FISCAL - Sonegação de imposto mediante adulteração de notas fiscais. Pena privativa de liberdade e pecuniária. Apelo improvido. Afora a prova testemunhal, tida pela defesa como insuficiente para a condenação, a prova documental não deixa dúvida quanto à responsabilidade da apelante." DOS DANOS MATERIAIS E MORAIS Quanto ao dano material, pode-se dizer que é qualquer lesã o causada aos interesses de outrem e que venha a lhe causar diminuiçã o patrimonial. Esse é o entendimento tanto da Carta Magna, em seu 5º artigo, no inc. X, quanto do Có digo Civil, diploma utilizado nesta açã o de forma subsidiá ria, em seus artigos 186, 187 e 927. Dita José Afonso da Silva que: " Responsabilidade civil significa a obrigação de reparar os danos ou prejuízos de natureza patrimonial (e, as vezes, moral) que uma pessoa cause a outrem ". AGUIAR DIAS, autor que com mais afinco tratou da matéria, ensina que"a ideia do interesse (id quod interest) atende, no sistema de indenização, à noção de patrimônio como unidade de valor. O dano se estabelece mediante o confronto entre o patrimônio realmente que existe após o dano e o que possivelmente existiria, se o dano não tivesse sido produzido: o dano é expresso pela diferença negativa encontrada nessa operação (Da responsabilidade Civil, 7. Ed. Forense, v, II, p. 798)". Quando se fala em dano patrimonial trata-se aqui dos danos emergentes, sendo aquele efetivamente experimentado pela vítima em virtude do ato ilícito, que pode ser aferido por simples operaçã o aritmética. No caso dos danos emergentes, a simples verificaçã o da diminuiçã o patrimonial é suficiente para conceder a indenizaçã o. No caso em tela, o Autor dispô s a vista da quantia vultosa de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), valor esse acumulado durante toda a vida para aquisiçã o do automó vel que sempre desejou. No momento em que os problemas com o veículo se apresentaram o Autor parou de utilizá -lo primeiro por conta do risco ofertado a si e sua família e em segundo por visar sim a sua devoluçã o. Por conta da aquisiçã o do veículo foi necessá rio que efetuasse o financiamento do valor restante de R$ 14.900,00 (quatorze mil e novecentos reais) em 48 parcelas de R$ 537,48 (quinhentos e trinta e sete reais e quarenta e oito centavos), que ao final somará o importe de R$ 25.799,04 (vinte e cinco mil setecentos e noventa e nove reais e quatro centavos). O Autor ainda pagou pela transferência o valor de R$ 294,48 (duzentos e noventa e quatro reais e quarenta e oito centavos), pagou pelo emplacamento, o valor de 132,84 (cento e trinta e dois reais e oitenta e quatro centavos) e ainda adquiriu uma nova bateria para o veiculo dispensando o valor de R$ 512,00 (quinhentos e doze reais) por ela, valores que somados perfazem o montante de R$ 939,32 (novecentos e trinta e nove reais e trinta e dois centavos) que deveriam ter sido suportados pela Primeira Requerida juntamente com os reparos necessá rios que deveriam ter sido executados também por ela. Além do que, para efeitos de prova, o Autor anda teve de suportar o pagamento dos dois laudos técnicos referentes a problemas no veículo, no valor total de R$ 200,00 (duzentos reais). Nã o bastassem essas despesas, tendo em vista a violência diá ria que nos cerca, foi obrigado a contratar um seguro veicular no valor de R$ 207,00 (duzentos e sete reais) mensais, além de 6 (seis) parcelas mensais no valor de R$ 49,85 (quarenta e nove reais e oitenta e cinco centavos), das quais já efetuou o pagamento de 4 (quatro) delas. É patente a existência dos danos tanto materiais quanto morais, advindos ao Requerente, face o infortú nio que sofreu pela inesperada impossibilidade de utilizaçã o de seu bem. A jurisprudência colacionada discorre sobre a necessidade de se analisar as circunstâ ncias fá ticas como critério para a condenaçã o por danos morais: " Na fixação do valor da reparação por dano moral, o juiz deve levar em consideração, dentre outros elementos, as circunstâncias do fato, a condição do lesante e do lesado, a fim de que o quantum indenizatório não constitua lucro fácil para o lesado, nem seja irrisório. (TAMG AC 0275124-0 3ª C.Cív. Rel Juiz Kildare Carvalho J. 04.08.1999) ". É pacífico que o dano moral alcança sua finalidade má xima quando é capaz de sancionar o ofensor pelo infortú nio injustamente causado a outrem, devendo assim a condenaçã o ser suficientemente expressiva na tentativa de que, para nã o se desfalcar novamente, os Requeridos empreguem cautelas mais adequadas a evitar a repetiçã o do infortú nio. Assim, com base no artigo 5º, X, CF, 186 e 927, ambos do C.C. e artigo 4º, do CDC, requer reste declarado o ato lesivo por parte da Primeira Requerida e esta seja condenada ao pagamento de indenizaçã o por danos materiais e morais no importe de R$ 15.968,00 (quinze mil novecentos e sessenta e oito reais), considerando todas as provas até aqui apresentadas; DA INVERSÃO DO ÔNUA A PROVA Em observâ ncia ao artigo 373, I e II, do CPC/15, bem como artigo 4º,I, do CDC, em regra o ô nus da prova incumbe a quem alega o fato gerador do direito mencionado ou a quem nega fazendo nascer um fato modificativo. O CDC detalha que além de o consumidor ser a parte vulnerá vel na relaçã o de consumo, o fornecedor é detentor dos meios de prova muitas vezes buscados pelo consumidor, e à s quais este nã o possui acesso. Logo em face desta problemá tica o Diploma permite à inversão do ônus a prova em favor do consumidor, nada mais é do que a efetiva aplicaçã o do princípio constitucional da isonomia, na medida em que trata desigualmente os desiguais. Assim, diante de tudo o quanto fora dito, com fundamentos acima pautados, requer o Autor a inversã o do ô nus a prova, incumbindo a Primeira Requerida a demonstraçã o de todas as provas referentes à s alegaçõ es contra si aduzidas e requerimentos pretendidos. DA NÃO AUTOCOMPOSIÇÃO Em observâ ncia ao artigo 334, CPC/15 o REQUERENTE NÃO possui interesse na audiência de conciliaçã o, tendo em vista que desde 12/03/2019 vem solicitando à Revendedora os reparos necessá rios, porém sem obter êxito, portanto os autos não devem ser remetidos ao CEJUSC.. DOS PEDIDOS Assim sendo, pelos motivos de fato e de direito expostos, requer, de Vossa Excelência, com o acatamento e respeito que lhe é devido: 1. sejam concedidas ao Autor, as benesses da JUSTIÇA GRATUITA, conforme artigo 98 CPC; 2. seja as Requeridas citadas, pela via postal com aviso de recebimento, para que, querendo, ofereçam contestaçã o no prazo legal sob pena de revelia; 3. no final, seja julgada TOTALMENTE PROCEDENTE a presente açã o, condenando-se as Requeridas nos termos da presente, ao desfazimento de todo o negó cio jurídico considerando-os nulos desde o início e devolvendo todos os valores pagos pelo Autor a Primeira, Segunda e Terceira Requeridas, além dos valores pagos pela transferência, emplacamento, aquisiçã o de bateria, acrescidos de juros e correçã o, a reparar os danos materiais, os danos morais a serem arbitrados em sentença, no montante que Vossa Excelência entenda mais adequado; 4. seja oficiada a Receita Estadual para que esclareça qual foi o valor da venda declarado pela Primeira Requerida na nota fiscal, enviando-se fotocó pia a este ínclito Juízo, contribuindo-se, desde já , em documento há bil como prova em instruçã o processual, corroborando-se a assertiva da autora; 5. seja concedido prazo de 5 dias para: • apresentar o rol completo de testemunhas; • apresentar orçamentos e laudos técnicos; • mídia com os vídeos que demonstram o real estado do veículo. 1. requerendo ainda, a condenaçã o das Requeridas nas custas processuais e honorá rios advocatícios cujo percentual deverá incidir em 20% (vinte por cento) sobre a efetiva condenaçã o, e demais consectá rios legais. Requer a produçã o de todo gênero de provas em direito admitidas, sem exclusã o, em especial a documental, testemunhal, e depoimento pessoal do representante legal das Requeridas, sob pena de confesso. Dá -se à causa o valor de R$ 31.992,22 (trinta e um mil novecentos e noventa e dois reais e vinte e dois centavos). Nesses Termos, Pede Deferimento. Ribeirão Pires, 20 de abril de 2019. Rosangela Rodrigues Pedroso OAB/SP nº 413.536