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EXMO(A). SR(A). DR(A). JUIZ(A) DE DIREITO DO MM.

1º JUIZADO ESPECIAL
CIVEL DA REGIONAL DE SANTA CRUZ – COMARCA DA CAPITAL DO RIO DE
JANEIRO.

Processo nº 0801877-95.2023.8.19.0206

AUTOESCOLA MOCIDADE EIRELI, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no


CNPJ/MF sob o n.º 40.306.474/0003-42, estabelecida à Estrada da Posse, n.º 385,
Loja F, Lote 17, Quadra 17, PAL 2044, Campo Grande – Rio de Janeiro –RJ, nos
autos da ação indenizatória que lhe move JEAN DE MACEDO VIEIRA, já qualificado,
vem, na forma da lei, e por seu advogado legalmente habilitado, em atenção aos
elementos dos autos, apresentar sua

CONTESTAÇÃO

segundo os argumentos adiante


apresentados, requerendo o deferimento do que adiante se requer como de direito.

1. QUANTO AO MÉRITO DA DEMANDA

1.1. ESCLARECIMENTOS INICIAIS

A parte autora ajuizou a presente ação de reparação de danos em face da ré aduzindo


os argumentos de fato e de direito constantes da petição inicial, e, a vista disso, a
parte ré contesta integralmente o mérito da demanda aduzindo o seguinte.

1.2. DO PROCESSO DE HABILITAÇÃO INSTITUÍDO PELO DETRAN

Em primeiro lugar cabe informar que o processo para obtenção da Carteira Nacional
de Habilitação (CNH) é um procedimento público, instaurado e administrado segundo
as regras e determinações do Poder Público, no caso o DETRAN, vez que a
autoescola é apenas um agente credenciado pelo Órgão Executivo de Trânsito para a
realização de todas as fases desse processo, que tem por finalidade a obtenção da
licença para conduzir veículos automotores no trânsito. Dentre tais regras destacamos
a necessidades de se fazer um quantitativo mínimo de aulas teóricas e práticas, a
necessidade de submissão a exames teórico e prático, e que tudo isso deve respeitar
estritamente um prazo de validade do processo, e que cujo prazo é instituído pelo
DETRAN (ultrapassado esse prazo, em alguns casos, o candidato à CNH tem que
refazer integralmente o processo de primeira habilitação).

Desta forma, importa esclarecer que a autoescola não possui muito o que fazer
segundo seu arbítrio nesse processo, pois como é de público conhecimento, todo
procedimento para obtenção da CNH se dá por meio eletrônico, e sofre estrito,
constante e severo monitoramento do Órgão Executivo de Trânsito a fim de evitar
fraudes nesse processo.

A par disso, não é a autoescola quem escolhe, aleatoriamente, o dia e hora que acha
melhor para seu aluno realizar os exames decorrentes desse processo. Muito pelo
contrário, à autoescola são disponibilizadas pouquíssimas vagas semanais e até
mensais para que agende exames médico e psicotécnico, e exames práticos de
direção veicular dos seus alunos, pois tais exames são denominados pelo Órgão
Executivo de Trânsito por bancas, e tais bancas são organizadas e ministradas pelo
DETRAN e seus agentes.

1.3. DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS AJUSTADO ENTRE AUTORA


E RÉ

Em 27/05/2022, o autor contratou a ré, a fim de que lhe fossem prestados serviços de
mudança de categoria da Carteira Nacional de Habilitação, pretendendo o autor
habilitar-se na categoria D.

Assim sendo, o autor iniciou o treinamento prático de direção veicular na categoria que
pretendia mudar, e, após realizar todos os treinos necessários, a ré agendou um
primeiro exame prático de direção veicular para o dia 27/09/2022, mas tal exame não
foi possível de ser realizado, tendo o mesmo sido cancelado, em razão de o veículo da
ré ter apresentado problemas mecânicos no dia em que seria realizado o dito exame.
Nesse passo, visando atender aos interesses do autor com a maior brevidade
possível, e sempre de acordo com os interesses do mesmo, a ré novamente agendou
o exame prático de direção veicular do autor para o dia 27/10/2022, e agendou tal
exame num outro veículo mais novo, e que teria menor probabilidade de não
apresentar problema mecânico, e, por conseguinte, não impedir a conclusão do
contrato do demandante. Contudo, porém, por causas alheias as vontades da ré, o
autor acabou sendo reprovado em tal exame.

Após a reprovação no exame do dia 27/10/2022, o autor informou à demandada que


iria procurar uma outra autoescola a fim de concluir sua mudança de categoria.

Como se observa no documento anexo (DETRAN REFOR - CONSULTA SITIUAÇÃO


DO CANDIDATO), que contém todo histórico da situação do autor perante o DETRAN,
com a discriminação do extrato de eventos, é possível constatar que o autor teve um
novo exame prático de direção veicular agendado por outra autoescola no dia
04/01/2023, tendo o autor também sido reprovado em tal exame.

Um exame agendado pela nova autoescola contratada pelo autor também foi
cancelado em 09/02/2023, e noutro exame agendado para o dia 13/02/2023, o autor
acabou sendo retirado do dito exame, e, finalmente, em 09/03/2023 o autor foi
aprovado no exame prático de direção veicular a que se submeteu.

Constata-se que não foi a ré quem criou óbices ou impedimentos para que o autor
pudesse concluir seu processo de habilitação, pois o que foi possível a ré fazer para
atender aos interesses do autor foi feito.

Essa ordem cronológica de fatos e coisas pode ser perfeitamente aferida no


documento anexo, que demonstra toda atividade do autor no processo de habilitação
realizado na ré, e, posteriormente, na nova autoescola contratada.

1.4. DA OBTENÇÃO DA CNH NA CATEGORIA “B”

Pois bem, como dito anteriormente, o autor realizou diversos treinos práticos em
veículo da ré.

O candidato a habilitação numa determinada categoria (seja A, B, C. D ou E), não fica


adstrito a conduzir apenas o veículo que o mesmo treina em suas aulas práticas. O
candidato se habilita a conduzir qualquer veículo na categoria pretendida, pois sua
CNH lhe confere licença para conduzir veículos automotores inerentes à sua
categoria.

Ademais disso, quando o candidato obtém a licença para conduzir veículos


automotores, aquele terá que conduzir veículo de sua propriedade, ou de terceiros no
trânsito. Logo, impede constatar que o fato de fazer treinamentos num veículo e
exame em outro não se constitui em ilícito contratual.

Outrossim, a ré, ciente do estado anímico que toma o candidato na hora do seu exame
prático, disponibilizou, gratuitamente, ao autor a realização de diversos treinamentos
práticos antes da realização do exame, visando, com isso, estabelecer uma relação de
conhecimento entre o aluno e o veículo a ser utilizado no exame.

A par disso, o autor não foi surpreendido com a utilização de um veículo diferente do
que treinava, na hora de se submeter ao exame prático de direção veicular, e o fato do
autor não ter se adaptado ao veículo utilizado no exame de direção veicular não se
constitui em má prestação de serviços, ou em serviço defeituoso.

1.5. DA INEXISTÊNCIA DE DANOS MORAIS

Se não bastassem tais argumentos, que por si só, data vênia, demonstram uma total
improcedência dos argumentos apresentados pelo demandante na peça de ingresso,
convém ressaltar que o autor não passou por nenhum constrangimento, privação ou
negação de direitos que tenham sido ocasionados pela demandada, não podendo ser
imputado à ré qualquer responsabilidade pelo insucesso do autor.

A ré não teve qualquer contribuição ou participação na impossibilidade do autor auferir


a licença para conduzir veículos automotores na categoria D, no primeiro exame que
se submeteu, pois a reprovação do demandante se insere em fato próprio às suas
capacidades pessoais.

A reprovação do demandante no exame prático no exame de direção veicular se


encaixa nas hipóteses previstas de resultado em tal avaliação, sendo relevante
destacar que cabe ao candidato se submeter ao exame, e obter sua aprovação por
méritos próprios.

Diante disso, ao autor não foi causado qualquer dano que impingisse eiva à sua moral,
não sendo devido o pleito de indenização por danos morais proposto na peça inicial.
1.6. DA CONCLUSÃO E DO REQUERIMENTO FINAL

Diante de tudo o que foi apresentado anteriormente, e considerando o conteúdo


probatório dos autos, a ré requer que sejam julgados improcedentes os pedidos
formulados pelo autor, como de direito.

2. DAS PROVAS

A par de tudo o que foi exposto, a parte ré informa não ter mais provas a produzir,
concordando com o julgamento antecipado da lide, como de direito.

N. termos, p. deferimento.
Rio de Janeiro, 25 de abril de 2023.

Vitor Hugo Afonso Guadagno


OAB/RJ 84.399

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