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1º JUIZADO ESPECIAL
CIVEL DA REGIONAL DE SANTA CRUZ – COMARCA DA CAPITAL DO RIO DE
JANEIRO.
Processo nº 0801877-95.2023.8.19.0206
CONTESTAÇÃO
Em primeiro lugar cabe informar que o processo para obtenção da Carteira Nacional
de Habilitação (CNH) é um procedimento público, instaurado e administrado segundo
as regras e determinações do Poder Público, no caso o DETRAN, vez que a
autoescola é apenas um agente credenciado pelo Órgão Executivo de Trânsito para a
realização de todas as fases desse processo, que tem por finalidade a obtenção da
licença para conduzir veículos automotores no trânsito. Dentre tais regras destacamos
a necessidades de se fazer um quantitativo mínimo de aulas teóricas e práticas, a
necessidade de submissão a exames teórico e prático, e que tudo isso deve respeitar
estritamente um prazo de validade do processo, e que cujo prazo é instituído pelo
DETRAN (ultrapassado esse prazo, em alguns casos, o candidato à CNH tem que
refazer integralmente o processo de primeira habilitação).
Desta forma, importa esclarecer que a autoescola não possui muito o que fazer
segundo seu arbítrio nesse processo, pois como é de público conhecimento, todo
procedimento para obtenção da CNH se dá por meio eletrônico, e sofre estrito,
constante e severo monitoramento do Órgão Executivo de Trânsito a fim de evitar
fraudes nesse processo.
A par disso, não é a autoescola quem escolhe, aleatoriamente, o dia e hora que acha
melhor para seu aluno realizar os exames decorrentes desse processo. Muito pelo
contrário, à autoescola são disponibilizadas pouquíssimas vagas semanais e até
mensais para que agende exames médico e psicotécnico, e exames práticos de
direção veicular dos seus alunos, pois tais exames são denominados pelo Órgão
Executivo de Trânsito por bancas, e tais bancas são organizadas e ministradas pelo
DETRAN e seus agentes.
Em 27/05/2022, o autor contratou a ré, a fim de que lhe fossem prestados serviços de
mudança de categoria da Carteira Nacional de Habilitação, pretendendo o autor
habilitar-se na categoria D.
Assim sendo, o autor iniciou o treinamento prático de direção veicular na categoria que
pretendia mudar, e, após realizar todos os treinos necessários, a ré agendou um
primeiro exame prático de direção veicular para o dia 27/09/2022, mas tal exame não
foi possível de ser realizado, tendo o mesmo sido cancelado, em razão de o veículo da
ré ter apresentado problemas mecânicos no dia em que seria realizado o dito exame.
Nesse passo, visando atender aos interesses do autor com a maior brevidade
possível, e sempre de acordo com os interesses do mesmo, a ré novamente agendou
o exame prático de direção veicular do autor para o dia 27/10/2022, e agendou tal
exame num outro veículo mais novo, e que teria menor probabilidade de não
apresentar problema mecânico, e, por conseguinte, não impedir a conclusão do
contrato do demandante. Contudo, porém, por causas alheias as vontades da ré, o
autor acabou sendo reprovado em tal exame.
Um exame agendado pela nova autoescola contratada pelo autor também foi
cancelado em 09/02/2023, e noutro exame agendado para o dia 13/02/2023, o autor
acabou sendo retirado do dito exame, e, finalmente, em 09/03/2023 o autor foi
aprovado no exame prático de direção veicular a que se submeteu.
Constata-se que não foi a ré quem criou óbices ou impedimentos para que o autor
pudesse concluir seu processo de habilitação, pois o que foi possível a ré fazer para
atender aos interesses do autor foi feito.
Pois bem, como dito anteriormente, o autor realizou diversos treinos práticos em
veículo da ré.
Outrossim, a ré, ciente do estado anímico que toma o candidato na hora do seu exame
prático, disponibilizou, gratuitamente, ao autor a realização de diversos treinamentos
práticos antes da realização do exame, visando, com isso, estabelecer uma relação de
conhecimento entre o aluno e o veículo a ser utilizado no exame.
A par disso, o autor não foi surpreendido com a utilização de um veículo diferente do
que treinava, na hora de se submeter ao exame prático de direção veicular, e o fato do
autor não ter se adaptado ao veículo utilizado no exame de direção veicular não se
constitui em má prestação de serviços, ou em serviço defeituoso.
Se não bastassem tais argumentos, que por si só, data vênia, demonstram uma total
improcedência dos argumentos apresentados pelo demandante na peça de ingresso,
convém ressaltar que o autor não passou por nenhum constrangimento, privação ou
negação de direitos que tenham sido ocasionados pela demandada, não podendo ser
imputado à ré qualquer responsabilidade pelo insucesso do autor.
Diante disso, ao autor não foi causado qualquer dano que impingisse eiva à sua moral,
não sendo devido o pleito de indenização por danos morais proposto na peça inicial.
1.6. DA CONCLUSÃO E DO REQUERIMENTO FINAL
2. DAS PROVAS
A par de tudo o que foi exposto, a parte ré informa não ter mais provas a produzir,
concordando com o julgamento antecipado da lide, como de direito.
N. termos, p. deferimento.
Rio de Janeiro, 25 de abril de 2023.