Você está na página 1de 4

RAZÕES DA DEFESA PRÉVIA

Recorrente:
Recorrido: DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM - DER/SP

ILUSTRÍSSIMO SUPERINTENDENTE DO DER/SP

1) DA SÍNTESE DOS FATOS

O condutor, recebeu na sua residência uma notificação de autuação por


infração à legislação de trânsito enviado pelo DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE
RODAGEM - DER/SP.
A notificação de autuação, dispõe que, o condutor conduzindo veículo, teria
cometido uma infração disposta no auto de infração em anexo a esta defesa autuação, na
rodovia SP- 320, no quilómetro 586 e 700 metros, sentido leste, no município de Jales/S.P.,
no horário das 19 horas e 45 minutos, no dia 10 agosto de 2021.
Em síntese o necessário.

2) DAS RAZÕES FÁTICAS E JURÍDICAS QUE FUNDAMENTAM A


PRESENTE DEFESA

O presente processo administrativo pretende atribuir ao condutor


defendente multa por dirigir veículo sem usar lentes corretoras de visão, por
supostamente ter praticado a infração de trânsito constante na NOTIFICAÇÃO DE
AUTUAÇÃO DE INSTAURAÇÃO DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO, cuja cópia segue
inclusa, considerando-o incurso no art. 162, VI, do Código de Trânsito Brasileiro.

Todavia, o auto de infração deve ser julgado insubsistente, uma vez que
a defendente não realizou a referida infração, nos termos em que estabelece a lei, tendo
havido erro de interpretação do agente autuador, pois que o condutor estava utilizando
óculos de grau para miopia, apenas faltando o grau pertinente a astigmatismo, que em
nada prejudicava a direção do veículo do condutor defendente.
Destaque-se, ainda, que o Condutor Defendente é motorista experiente com
35 anos de condução veicular e toma todas as medidas necessárias de segurança na condução
dos veículos sob sua responsabilidade.
Tanto é verdade que, apesar de ser multado, o agente autuador de matrícula
141905 6, não só não realizou a retenção do veículo, como determina a lei, mas permitiu que
o condutor continuasse, ele mesmo, a conduzir o veículo até seu destino final.
O condutor do Autuado não causou danos/prejuízos a quem quer que seja,
muito menos ocasionou risco aos outros motoristas, ou ao trânsito em geral, haja vista que
1
com seus óculos enxergava perfeitamente a longa distância e em nada influenciando sua
direção, sendo necessário apenas para leitura de textos, em nada influenciando o desempenho
na direção/condução do veículo.
Desta forma, resta evidente que o Condutor Defendente não realizou a
infração que lhe está sendo atribuída, devendo o presente PROCESSO
ADMINISTRATIVO SER ARQUIVADO, de direito e de fato, pela sua
INSUBSISTÊNCIA.

Estabelece o artigo 162, inciso VI, do Código de Trânsito Brasileiro:

 Art. 162. Dirigir veículo:

(...)

VI - sem usar lentes corretoras de visão, aparelho auxiliar de audição,


de prótese física ou as adaptações do veículo impostas por ocasião da
concessão ou da renovação da licença para conduzir:

Infração - gravíssima;

Penalidade - multa;

Medida administrativa - retenção do veículo até o saneamento da


irregularidade ou apresentação de condutor habilitado.

(...)

Ora, Nobre Julgador, o fundamento legal da referida infração acima


transcrita é que ninguém pode dirigir sem estar com a visão em perfeito estado, e, no caso em
análise, o condutor defendente estava, pois o seu astigmatismo em nada interfere em sua
direção, e no dia seguinte já estaria utilizando os óculos novos com o grau de astigmatismo
necessário apenas para leitura, tanto é que foi liberado para continuar conduzindo o veículo
pelo agente autuador, apesar de multado.
Desta forma, Nobre Julgador, não só o Condutor Defendente não realizou a
infração de trânsito na qual foi indevidamente autuado, pois em momento algum causou
risco/dano/prejuízo ao trânsito em geral ou aos outros motoristas, bem como estava com sua
visão em perfeito estado para conduzir seu veículo.
O Defendente Condutor agiu dentro dos exatos limites da lei, ficando
patente que, conforme já anteriormente destacado, o Auto de Infração foi preenchido por erro
de interpretação do agente autuador.
Destaque-se, ainda, em defesa do Condutor Defendente, que o artigo 162,
inciso VI, do Código de Trânsito Brasileiro, estabelece como medida administrativa para a
prática da referida infração a retenção do veículo até o saneamento da irregularidade ou
apresentação de condutor habilitado, o que não ocorreu no caso em tela.

E por que nenhuma dessas hipóteses ocorreu no caso em análise?


2
Justamente porque o agente autuador, apesar de multar o Condutor
Defendente, entendeu que ele tinha condições técnicas de continuar a conduzir/dirigir o seu
veículo até o seu destino final.
De outra forma, Nobre Julgador, teria o agente autuador, de matrícula
141905 6, PREVARICADO, por não ter realizado a remoção do veículo, tendo incidido com
sua conduta na tipificação do artigo 319 do Código Penal:

Prevaricação

Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício,


ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse
ou sentimento pessoal:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Desta forma, Nobre Julgador, caso entenda NÃO SER INSUBSISTENTE O


PRESENTE AUTO DE INFRAÇÃO, estaria o agente autuador, de matrícula 141905 6,
incurso no CRIME DE PREVARICAÇÃO, previsto no artigo 319 do Código Penal,
devendo cópias do presente auto, desta defesa e da decisão proferida, serem encaminhados ao
Ministério Público Estadual, para que adote as providências legais cabíveis ao caso em análise
em relação ao agente autuador.
Até porque, se houvesse realmente o Condutor Defendente realizado a
infração de trânsito em análise, certamente não haveria dificuldade nenhuma em implementar
as medidas administrativas previstas em lei para o caso em julgamento.
Diante do exposto, só se pode concluir que a retenção do veículo ou
substituição do condutor não ocorreram justamente porque o condutor defendente estava no
perfeito uso de sua visão para conduzir o seu veículo, não havendo infração de trânsito
caracterizada, nos termos da lei.
E, desta forma, Nobre Julgador, a multa deve ser cancelada.

2. 4) DO EFEITO SUSPENSIVO

O Código de Trânsito Brasileiro dispõe, no seu artigo 285, parágrafo 3º:


“Art. 285. O recurso previsto no artigo 283 será interposto perante a autoridade que
impôs a penalidade, a qual remetê-lo-á à JARI, que deverá julgá-lo em até trinta dias.

§ 3º. Se, por motivo de força maior, o recurso não for julgado dentro do prazo
previsto neste artigo, a autoridade que impôs a penalidade, de ofício, ou por
solicitação do recorrente, poderá conceder-lhe efeito suspensivo”.

O dispositivo acima identificado relata que os recursos previstos no Código


de Trânsito Brasileiro que forem interpostos perante o órgão de trânsito, deverão ser julgados
em até trinta dias, caso contrário, a autoridade que impôs a infração, de ofício, ou por
solicitação do recorrente, concederá efeito suspensivo.

3
Portanto, a recorrente desde já, requer ao CETRAN/S.P., que conceda o
efeito suspensivo ao presente recurso concernente à penalidade, enquanto este, não seja
julgado no seu mérito.

3) DO PEDIDO

Mediante as razões de fato e de direito expostas, com amparo nos elementos


de prova constantes no presente Auto de Infração e na documentação ora apresentada, vem o
Condutor Defendente, à ilustre presença de Vossa Senhoria, através de seu representante legal
que ao final assina, REQUERER:
a) Que a presente DEFESA PRÉVIA, seja devidamente recebida,
processada e julgada;
b) O DEFERIMENTO DA PRESENTE DEFESA, com o consequente
CANCELAMENTO DA MULTA IMPOSTA e a EXTINÇÃO DA PONTUAÇÃO que a
infração gerou no Prontuário Geral Único do Condutor Defendente.
c) O BENEFÍCIO DO EFEITO SUSPENSIVO, no caso do presente
procedimento não ter sido julgado em até 30 dias da data de seu protocolo, na conformidade
do artigo 285, § 3º, do Código de Trânsito Brasileiro.

Termos em que,
pede deferimento.

/S.P., 14 de setembro de 2021.

___________________________________________
(condutor)

Você também pode gostar