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AO SR.

PRESIDENTE DA JUNTA ADMINISTRATIVA DE


RECURSO DE INFRAÇÃO –POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL-
SISTEMA DE CONTROLE DE MULTAS/SISCOM

FLÁVIO BRAGA MENDANHA, brasileiro, casado, residente e


domiciliado na Rua da Carioca, n° 1484, bairro Santa Rita na cidade de
Itabirito - MG, CEP: 35450-000; tendo sido autuado através do auto de
infração em anexo, vem mui respeitosamente através do presente, em
conformidade com os arts. 280, 281 e 285 do CTB, Resoluções 299/08 e
404/12 do CONTRAN, da Lei Federal 9.784/99, e CF/88, para interpor a
presente Defesa, contra referida autuação, com o objetivo de proporcionar
a oportunidade de exercitar seu legítimo direito de ampla defesa e do
exercício pleno do contraditório.

DO VEÍCULO

Veículo: FORD/F350 G/CAMINHÃO/CARGA, PLACA: JSY7A91,


RENAVAM: 00193254948.

DA INFRAÇÃO
Art.167-Código de Trânsito Brasileiro; Auto de Infração:T562884831,
Data: 11/12/2021, Hora: 16h26min, Local: Rua BR-040 KM-626UF-MG,
no município de Conselheiro Lafaiete/MG.

FATOS E FUNDAMENTOS LEGAIS

Nobres julgadores deste órgão, venho por meio desta apresentar a minha
defesa contra a autuação em tela.
O Requerente foi supostamente autuado por infringir o art. 167,do
CTB, qual seja: 
Deixar o Condutor ou Passageiro de Usar Cinto de Segurança.

Não conformando-se o ora Requerente com o Auto de infração


supra, vem, mui respeitosamente, solicitar seu cancelamento, com
base no dispositivo do CTB abaixo transcrito:

"Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da competência


estabelecida neste Código e dentro de sua circunscrição, julgará a
consistência do auto de infração 
e aplicará a penalidade cabível.

Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu


registro julgado insubsistente:

I - Se considerado inconsistente ou irregular".

 
A medida administrativa do art. 167, da Lei Federal n.º 9.503/97, CTB, é
clara, precisa e concisa quando determina a retenção do veículo até a
colocação do cinto de segurança, senão vejamos:

Art. 167. Deixar o condutor ou passageiro de usar o cinto de segurança,


conforme previsto no art. 65:

        Infração - grave;Penalidade - multa;


        Medida administrativa - retenção do veículo até colocação do cinto pelo
infrator.

Posto isso, o Agente de Fiscalização foi arbitrário na autuação do


recorrente (art. 37 da Constituição Federal), não parando o condutor para
efetuar a referida autuação.

Trata-se, evidentemente de um ato administrativo vinculado, que segundo


a melhor doutrina, de Hely Lopes Meirelles, "são aqueles para os quais a
lei estabelece os requisitos e condições de sua realização. Nessa categoria
de atos, as imposições legais absorvem, quase por completo, a liberdade do
administrador, uma vez que a sua ação fica adstrita aos pressupostos
estabelecidos pela norma legal para a validade da atividade administrativa"
(LOPES MEIRELLES, Hely, Direito Administrativo Brasileiro, p. 170).

 Assim, se a norma estabelece que o veículo deva permanecer RETIDO até


que o infrator coloque o cinto de segurança, não pode o agente de trânsito
simplesmente ignorar o texto legal, pois o legislador não conferiu a
oportunidade de escolha ao agente da administração pública.
Ora, como poderia o agente de trânsito constatar de forma precisa que o
condutor ou o passageiro estava sem o cinto de segurança se o veículo não
foi parado? Não foi assinado nenhum Auto de Infração e, somente foi
tomado conhecimento do fato quando do recebimento da Notificação.

A Coordenação Geral de Instrumental Jurídico e de Fiscalização do


Ministério da Justiça, em seu Parecer n.º011/1999,concluiu pela
obrigatoriedade da medida administrativa prevista no Art. 167 do CTB.
Esse mesmo posicionamento é mantido no parecer
044/2000/CGIF/DENATRAN.

A lei determina a retenção do veículo, isto é, parar o veículo, sendo que se


a lei determina, cabe ao Agente Fiscalizador simplesmente seguir tal
determinação.

A abordagem do condutor, que só se pode realizar com a retenção do


veículo, é necessária não só para que o agente de trânsito exercite o seu
papel de conscientizar o motorista sobre a importância da utilização do
cinto, como também para se confirmar a irregularidade, posto que uma
série de fatores poderiam levar o agente de trânsito ao equivoco. Como
exemplo desses fatores cita-se eventual reflexo do vidro, a velocidade do
veículo, a posição do batente da porta, a posição do banco, o tipo e cor do
vestuário, etc. Não há como negar que tais condições poderiam levar o
agente de trânsito a autuar erroneamente o condutor.
Ademais, diante da falta de abordagem, é cediço que a medida foi apenas
de caráter punitivo. A vida do condutor diante da suposta autuação,
continuou correndo perigo. O risco se manteve! A função da autuação foi
apenas econômica, sem se quer zelar pela integridade física do Requerente.

DO PEDIDO

Nobres julgadores, diante de todo o exposto requer o Defendente:

1- Que seja recebida a presente Defesa, pois preenche todos os requisitos


de sua admissibilidade, com cópia de documentos do Defendente e seu
procurador de acordo com a Res. 299/08 do CONTRAN;

2- Que seja julgado o AUTO INSUBSISTENTE, sendo DEFERIDA a


presente Defesa, e por via de consequência o cancelamento da multa
imposta, conforme preceitua o art. 281, inciso I do CTB, sendo anulada a
pontuação.
3- De acordo com o Artigo 37 da Constituição Federal  e Lei 9.784/00, a
administração direta e indireta de qualquer dos Poderes da União dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerem aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, motivação e
eficiência, caso não seja acatado o pedido, solicitamos um parecer por
escrito do responsável com decisão motivada e fundamentada sob pena de
nulidade de todo este processo administrativo;

4- Requer-se, finalmente, o efeito suspensivo propugnado no


artigo 285, parágrafo 3º do CTB (Lei nº. 9503/97), caso o presente recurso
não seja julgado em 30 dias, e da Lei Federal nº 9.784/99, que
regulamenta o Processo Administrativo, no Parágrafo único do art. 61.

Itabirito, 20 de Dezembro de 2018.

Jackson Henrique de Jesus

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