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23 INFRAÇÕES IMPOSSÍVEIS NO CÓDIGO DE

TRÂNSITO BRASILEIRO
com base no livro “Infrações de Trânsito sob a Ótica do
Defensor de Condutores”.

E se eu te dissesse que estacionar sobre a calçada não é uma infração de trânsito?


Provavelmente você duvidaria e acharia que eu estou ficando louco, porque não é possível
admitir que um condutor utilize espaços destinados a pedestres para estacionar o seu veículo.
Mas não, estacionar sobre a calçada não é uma infração de trânsito, porque falta a tipificação
dessa conduta. Em nenhum artigo o CTB cita o estacionamento em cima de calçadas como
sendo uma conduta irregular e passível de penalidade de multa.
E da mesma forma, ultrapassar veiculo coletivo ou escolar, parado para embarque ou
desembarque de passageiros, também não é infração.
Mas como? Como é possível uma manobra que coloca em risco a segurança de crianças que
estão descendo de um ônibus escolar não ser considerada como infração?
Nesse caso, a tipificação até existe, mas ela é incompatível com a manobra descrita como
sendo infração.
E o que falar do condutor que visualiza uma blitz de trânsito e retorna antes do bloqueio
viário? Nesse caso, sem transpor o bloqueio, não existe o fato gerador da infração.
Essas são as 3 (três) formas de uma infração de trânsito se tornar impossível e são muitas
infrações que possuem essas características.
O que vamos ver, nesse minicurso, é que essas condições são bem mais comuns do que nós
imaginamos e eu vou trazer para vocês pelo menos 23 artigos que possibilitam o
cancelamento da penalidade de multa utilizando um desses argumentos, de falta de tipificação
da infração, tipificação incompatível com o fato descrito pelo artigo ou falta do fato gerador
da infração.
As analises contidas nos vídeos tem como base o livro “Infrações de Trânsito sob a ótica do
Defensor de Condutores” e não esgotam todas as possibilidades de uso dessas teses,
possivelmente você que está lendo o livro vai conseguir visualizar muitas outras situações
onde essas alegações podem ser utilizadas.

Art. 162. Dirigir veículo:


I - Sem possuir Carteira Nacional de Habilitação, Permissão para Dirigir ou
Autorização para Conduzir Ciclomotor:

Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (três vezes);
Medida administrativa - retenção do veículo até a apresentação de condutor
habilitado.
Conduta infratora: A conduta infratora somente se configura quando o veículo
estiver em movimento, sendo conduzido por condutor sem habilitação legal.

Fato Gerador: Dirigir o veículo sem possuir CNH, PPD ou ACC. Não configura a infração
por mera presunção. O condutor inevitavelmente deve ter sido flagrado DIRIGINDO o
veículo em via pública, não configurando a infração em veículo estacionado ou conduzido
em estacionamentos particulares.
Requisitos: 1. Que o veículo esteja transitando pela via pública; 2. Que o condutor não
possua habilitação legal;
Procedimentos: 1. A abordagem é necessária; 2. A consulta ao RENACH deve ser feita
pelo agente de trânsito; 3. Deve constar a descrição da consulta realizada pelo agente no
campo de “observações”; 4. O veículo não pode ser removido, devendo ser liberado a
condutor habilitado.
Não se aplica ao condutor que esteja transitando com a carteira de habilitação vencida há
mais de 30 dias, pois o vencimento diz respeito ao exame de sanidade física e mental e não
ao direito de dirigir, conforme estipula o Código de Trânsito Brasileiro:
Art. 147. O candidato à habilitação deverá submeter-se a exames realizados pelo
órgão executivo de trânsito, na seguinte ordem:
[...]
§ 2º O exame de aptidão física e mental será preliminar e renovável a cada cinco
anos, ou a cada três anos para condutores com mais de sessenta e cinco anos de
idade, no local de residência ou domicílio do examinado.
[...]
Art. 159. A Carteira Nacional de Habilitação, expedida em modelo único e de
acordo com as especificações do CONTRAN, atendidos os pré-requisitos
estabelecidos neste Código, conterá fotografia, identificação e CPF do condutor,
terá fé pública e equivalerá a documento de identidade em todo o território
nacional.
[...]
§ 10. A validade da Carteira Nacional de Habilitação está condicionada ao prazo
de vigência do exame de aptidão física e mental.
Não se pode equiparar, portanto, a situação do condutor que deixou de renovar o exame
médico dentro do prazo estabelecido por lei com a daquele que sequer prestou exames para
obter a habilitação.
Da mesma forma, quando o condutor do veículo habilitado na categoria B, C, D ou E é
flagrado conduzindo veículo do tipo motocicleta ou similares, é bastante comum os agentes
de trânsito autuarem no artigo 162, I. Entretanto, de igual sorte, a conduta não guarda relação
com “não possuir carteira de habilitação” e sim “dirigir veículo de categoria diferente da qual
esteja habilitado”.
Não tem aplicabilidade, também, para condutores em aulas práticas de direção veicular
quando em veículo próprio e acompanhados de instrutor de trânsito autorizado, desde que
nos termos, horários e locais estabelecidos pelo órgão executivo de trânsito.
Por fim, não se aplica o artigo 162, I, quando o condutor não estiver portando o documento
no momento da fiscalização, pois são infrações de natureza distintas, já que não portar o
documento encontra previsão legal no artigo 232, do Código de Trânsito Brasileiro.
Apesar de não haver provas de que o condutor é habilitado, impõe-se ao agente de trânsito
verificar no sistema de informação, através dos dados de RG, CPF e nome do condutor, se
o mesmo possui habilitação ou simplesmente aguardar que o condutor busque o documento.
O que não se admite é a presunção de que o condutor não seja habilitado para lavrar o auto
de infração.
Sempre que uma dessas hipóteses ocorrer, a infração deve ser considerada atípica, porque
não se enquadram no comportamento previsto na lei como sendo uma infração de trânsito.

Art. 162. Dirigir veículo:

II - Com Carteira Nacional de Habilitação, Permissão para Dirigir ou


Autorização para Conduzir Ciclomotor cassada ou com suspensão do direito
de dirigir.

Infração - gravíssima;

Penalidade - multa (três vezes);

Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e retenção


do veículo até a apresentação de condutor habilitado;

Fato Gerador: Dirigir veículo com habilitação “suspensa” ou “cassada”. A penalidade deve
estar imposta no RENACH do condutor, sendo atípica a conduta quando o processo
administrativo para a aplicação da penalidade não tiver sido concluído.
Requisitos: 1. Que o condutor seja flagrado dirigindo o veículo; 2. Que esteja cumprindo a
penalidade de suspensão ou cassação;
Procedimentos: 1. A abordagem é necessária; 2. Deve constar a descrição do período de
cumprimento da penalidade no campo de “observações”; 4. O veículo não pode ser
removido, devendo ser liberado a condutor habilitado.
É atípica a autuação quando decorrer de infrações ao artigo 181 (estacionar veículo), já que
nesses casos o veículo, estando “Estacionado”, não haveria o fato gerador DIRIGIR
VEÍCULO.
Essa situação pode ocorrer em duas hipóteses: Na primeira, o agente de trânsito identifica
do condutor que estacionou o veículo; na segunda, o proprietário apresenta o condutor que
estacionou o veículo de forma irregular.
Também não se instaura novo processo administrativo para cassação de habilitação ao
condutor que for flagrado conduzindo o veículo com a carteira de habilitação cassada e cuja
penalidade já esteja em cumprimento. Isso porque, torna-se faticamente impossível cassar
um documento que já havia sido cancelado em processo administrativo anterior.

Art. 166. Confiar ou entregar a direção de veículo à pessoa que, mesmo


habilitada, por seu estado físico ou psíquico, não estiver em condições de
dirigi-lo com segurança:

Infração - gravíssima;

Penalidade - multa.

Fato Gerador: O fato gerador é a ENTREGA da direção do veículo, o que presume a


presença do proprietário no local da infração. Não estando presente, não existe o fato
gerador.
Requisitos: 1. Que o condutor dirigindo o veículo em via pública; 2. Que o condutor esteja
com a condição física ou psíquica alterada; 2. Que exista prova objetiva da alteração; 3. Que
o proprietário esteja presente no momento da abordagem, configurando a “entrega” do
veículo ao condutor; 4. Que a condição física ou psíquica anormal seja anterior ao ato de
“confiar” a direção do veículo pelo proprietário; 5. Comprovação de que o condutor não
possuía condições de dirigir o veículo com segurança.
Procedimentos: 1. A abordagem é obrigatória; 2. O agente de trânsito deve descrever “qual”
a condição física ou psíquica estava alterada; 3. O agente de trânsito deve descrever como a
condição averiguada comprometia a segurança da direção; 4. O agente de trânsito deve
relacionar a autuação a uma infração cometida pelo condutor.
A regra é dirigida ao proprietário que, mesmo conhecendo o estado físico e psíquico
incompatível com o ato de dirigir, permite a condução de seu veículo pelo condutor naquele
estado.
A conduta infratora, portanto, somente ocorre na modalidade dolosa, não configurando
infração quando o proprietário desconhecia o mau estado físico ou psíquico do condutor,
ocorrido após a permissão de uso do bem. Dai a necessidade do proprietário estar presente
no momento da abordagem.
A norma trata das limitações físicas temporárias (Ex: pé engessado, condutor doente ou
debilitado, com dificuldades visuais momentâneas, etc.), não havendo relação com o artigo
162, VI, do Código de Trânsito Brasileiro, já que esse trata de incapacidade física permanente.
Nesse caso específico, como a limitação é temporária, o enquadramento correto da infração
depende também da autuação do condutor no artigo 252, III, do Código de Trânsito
Brasileiro (dirigir o veículo com incapacidade física ou mental temporária que comprometa
a segurança do trânsito);
Também não guarda relação com a alteração da capacidade psicomotora por embriaguez (art.
165) e sim com o estado psíquico alterado (Ex: depressão profunda, crises de ansiedade,
nervosismo, raiva em excesso, etc.), que são situações que comprometem diretamente a
atenção, concentração e percepção de perigo, condições necessárias ao condutor.

Art. 176. Deixar o condutor envolvido em acidente com vítima:

I - De prestar ou providenciar socorro à vítima, podendo fazê-lo;

Infração - gravíssima;

Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do direito de dirigir;

Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação.

Fato Gerador: Omissão de socorro.


Requisitos: 1. Que o condutor esteja envolvido no acidente de trânsito; 2. Que do acidente
resultem vítimas; 3. Que a vítima a ser socorrida não seja o próprio condutor; 4. Que não
preste os primeiros socorros ou encaminhamento da vítima a atendimento médico; 5. Que
não ligue para os serviços de atendimento de emergência.
Procedimentos: 1. O agente de trânsito deve confeccionar um Boletim de Ocorrência,
nomeando as vítimas do sinistro; 2. Deve descrever no campo de “observações” qual foi a
situação observada (prestar ou providenciar socorro).
A materialidade da infração está na omissão do socorro quando possível de ser realizada pelo
condutor.
Analisando exegeticamente o dispositivo em tela, é possível admitir a existência de duas
infrações de trânsito totalmente distintas, quais sejam:
1. Deixar o condutor envolvido em acidente com vítima, de prestar socorro à
vítima, podendo fazê-lo;
2. Deixar o condutor envolvido em acidente com vítima de providenciar socorro
à vítima, podendo fazê-lo.
Não obstante parecerem palavras sinônimas, mas há diferenças significativas entre o ato de
PRESTAR e a ação de PROVIDENCIAR socorro à vítima de acidentes de trânsito.
PRESTAÇÃO envolve uma atitude, uma condição de quem está sendo obrigado a fazer algo,
de quem se comprometeu com uma determinada conduta, da qual, não pode se eximir.
“Prestar socorro” significa atender diretamente a vítima do acidente, adotando
procedimentos específicos de primeiros socorros que visam preservar a vida do acidentado,
promover sua recuperação ou prevenir que seu caso piore, mantendo suas funções vitais e
reduzindo seus agravos até que receba atendimento de emergência adequado.
Nessa linha, estão os profissionais da área da saúde ou do atendimento de urgência ou
emergência.
Vale dizer que, além de protegerem a saúde da vítima do acidente, tais profissionais sabem
realizar os procedimentos de urgência e emergência sem correrem riscos pessoais, pois
conhecem os limites da prestação de socorro.
De outra sorte, ao condutor comum, cuja noção de primeiros socorros é restrita às poucas
aulas teóricas (nenhuma prática) realizadas dentro da autoescola, a realidade é inversamente
proporcional.
A situação que se encontra o condutor tradicional diante de um acidente de trânsito é muito
precária. Sem equipamentos individuais de proteção, o condutor que se presta a socorrer a
vítima se expõe a várias doenças contagiosas, como AIDS ou tuberculose, além da
possibilidade de agravar as condições do acidentado, causando mais lesões ou mesmo o
óbito, podendo responder criminalmente pelo resultado.
Já “providenciar socorro”, envolve uma ação menos incisiva, no sentido de apenas prover,
dispor, disponibilizar algo a outrem.
Nesses casos, não há a participação direta do condutor no atendimento à vítima do acidente,
pois seu dever de providenciar socorro especializado resume-se a ligar, informar ou alertar o
serviço público, que tem o dever de prestar atendimento de emergência, aguardando sua
chegada, sinalizando o local para evitar novos acidentes.
Não configura infração de trânsito se a omissão está pautada em justa causa, ou seja, se a
prestação de socorro no local do acidente colocar em risco a integridade física do condutor.
A justa causa também pode se configurar quanto o condutor, em decorrência de atos de
terceiros, fica impedido de prestar ou providenciar socorro, como no caso de ameaça de
linchamento, por exemplo.
Como o inciso I é alternativo, ou o condutor presta socorro, ou o condutor providencia o
socorro. Adotando um dos procedimentos, não há como qualificar a infração de trânsito.
Estando a vítima em óbito instantâneo, não há que se falar em (não) prestação ou (não)
providência de socorro, haja vista a impossibilidade de socorrer pessoa já falecida.
Socorrer remete, necessariamente, à preservação da vida e da integridade física da pessoa,
não havendo o núcleo do tipo (deixar de prestar socorro) da infração administrativa nesses
casos.
Há, nesses casos, uma conduta atípica por parte do condutor, já que o artigo pressupõe a
existência de uma vítima (viva) a ser socorrida.

Art. 176. Deixar o condutor envolvido em acidente com vítima:

III - de preservar o local, de forma a facilitar os trabalhos da polícia e da


perícia;

Infração - gravíssima;

Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do direito de dirigir;

Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação.


Fato Gerador: Deixar de preservar o local do acidente (veículos e objetos);
Requisitos: 1. Que tenha ocorrido acidente com vítima; 2. Que o condutor esteja envolvido
no acidente; 3. Que o condutor tenha alterado a cena do acidente no intuito de dificultar a
perícia.
Procedimentos: 1. O agente de trânsito deve confeccionar o Boletim de Ocorrência
nomeando as vítimas; 2. Deve descrever no campo de “observações” a conduta observada,
informando como o condutor alterou a cena do local com o propósito de prejudicar a perícia.

A infração se materializa no momento em que o condutor retira ou acrescenta objetos com


o objetivo de dificultar os trabalhos da perícia.
Deve existir o dolo, a intensão de alterar a cena do local do acidente, a fim de evitar a
elucidação do crime de lesão corporal ou homicídio, a fim de eximir da responsabilidade
criminal e cível os envolvidos no acidente.
Como se trata de um artigo subjetivo, o agente de trânsito deve preencher, objetivamente no
auto de infração, qual foi a conduta observada, descrevendo como foi que a ação do
condutor, se de alguma forma, dificultou os trabalhos da polícia ou da perícia.
Não configura a infração se a retirada ou acréscimo de objetos tinha como finalidade sinalizar
a via, prestar socorro à vítima ou tornar seguro o local do acidente. Por exemplo: condutor
que retira o veículo do local do acidente para possibilitar o atendimento às vítimas.
Também não se aplica a penalidade ao condutor, se o local foi alterado por terceiro. Nesses
casos, a conduta passa a ser atípica.

Art. 177. Deixar o condutor de prestar socorro à vítima de acidente de trânsito


quando solicitado pela autoridade e seus agentes:

Infração - grave;

Penalidade - multa.

Fato Gerador: Omitir socorro à vítima de acidente quando solicitado.


Requisitos: 1. Que a vítima seja de acidente de trânsito; 2. Que a autoridade de trânsito ou
seus agentes tenham solicitado a prestação de socorro; 3. Que o condutor não corra riscos
pessoais.
Procedimentos: 1. O agente de trânsito deve confeccionar o Boletim de Ocorrência
nomeando as vítimas; 2. Deve descrever no campo de “observações” a impossibilidade da
prestação do socorro pela autoridade pública; 3. Deve descrever a ordem emitida (remoção
da vítima, primeiros socorros, imobilização da vítima, etc.).
A norma se destina a qualquer condutor que esteja presente no local do acidente e cuja
qualificação profissional (médico, enfermeiro, socorrista, bombeiro, etc.) imprima o dever da
prestação do socorro.
Não se destina àqueles condutores sem qualificação ou condutores que estejam diretamente
envolvidos no acidente de trânsito (art. 176, I).
Não configura a infração de trânsito quando a omissão ocorre diante de uma excludente de
ilicitude, quando o condutor correr risco pessoal ou quando estiver impossibilitado de fazer
o socorro.
A ordem para a prestação de socorro deve se originar da impossibilidade da autoridade
pública em fazê-lo em razão do local ou da falta de socorro apropriado na região e da
possibilidade do condutor em realizar o socorro, quer seja por sua formação profissional,
preparo técnico especializado ou mesmo por possuir veículo de emergência destinado à
condução de pacientes.
Também não pode responder civil e criminalmente pelas consequências advindas da
prestação de socorro inadequado quando o condutor, sem o devido conhecimento para
socorrer a vítima, realiza o socorro a mando da autoridade ou de seus agentes, já que estes
devem eivar esforços no sentido de providenciar socorro médico ou de resgate, mais
adequados à situação.
Nesse caso a responsabilidade é exclusivamente do agente que emitiu a ordem de prestação
do socorro.
Não configura a infração de trânsito quando, ainda que recusado a prestação de socorro, não
se tratar de vítima de acidente de trânsito. Exemplo: policial determina o socorro de vítima
baleada em tiroteio.
No caso de omissão, não se aplica ao condutor o artigo 135 do Código Penal (Art. 135.
Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e
iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública), pois para
acidentes de trânsito aplica-se a lei específica, ou seja, o Código de Trânsito Brasileiro, em
seu artigo 304.

Art. 180. Ter seu veículo imobilizado na via por falta de combustível:

Infração - média;

Penalidade - multa;

Medida administrativa - remoção do veículo.

Fato Gerador: Ter o veículo imobilizado pela falta de combustível.


Requisitos: 1. Que o veículo esteja imobilizado na via; 2. Que a imobilização seja por falta
de combustível.
Procedimentos: 1. O agente de trânsito deve descrever como foi verificada a falta de
combustível.

Para a comprovação da infração existe um requisito subjetivo, a falta de combustível, que


deve ser comprovada objetivamente pelo agente de trânsito.
Não configura a infração se o motivo da imobilização foi por falha mecânica ou elétrica.
Não configura a infração se no local houver a sinalização de emergência, desde que não esteja
caracterizada a falta de combustível.
Não configura a infração se, ainda que esteja sendo abastecido, o veículo esteja estacionado
de maneira adequada, já que o Código de Trânsito Brasileiro não proíbe o abastecimento em
via pública.
São várias as formas do agente de trânsito constatar a infração, quer seja pela luz indicadora
de combustível, pela constatação de que o veículo não dava partida antes da colocação do
combustível, ou pela forma como o veículo estava imobilizado na via, já que a palavra
IMOBILIZADO, no contexto do artigo, denota veículo em posição irregular ou na pista de
rolamento, tendo em vista a falta do combustível até mesmo para estacioná-lo.
Apenas descrever que o veículo estava sendo abastecido, não é prova de que a imobilização
se deu pela sua falta.

Art. 181. Estacionar o veículo:

XIII - Onde houver sinalização horizontal delimitadora de ponto de embarque


ou desembarque de passageiros de transporte coletivo ou, na inexistência desta
sinalização, no intervalo compreendido entre dez metros antes e depois do
marco do ponto:

Infração - média;

Penalidade - multa;

Medida administrativa - remoção do veículo;

Fato Gerador: Estacionar o veículo em pontos de embarque e desembarque de passageiros.


Requisitos: 1. Que o veículo esteja estacionado; 2. Que exista a sinalização vertical S-14 no
local; 3. Que exista a sinalização horizontal, pintura amarela, delimitando o local.
Procedimentos: 1. O agente de trânsito deve anotar a existência da sinalização S-14; 2. O
agente de trânsito deve anotar a inexistência de sinalização horizontal, constatando o
estacionamento no raio de dez metros da placa S-14.
A marca delimitadora de parada de veículos específicos (MVE) delimita a extensão da pista
destinada exclusivamente à operação de paradas de veículos de transporte coletivo.
Deve ser pintada na pista de rolamento, na cor amarela, junto à sarjeta e sempre
acompanhada pela placa S-14 “ponto de parada”.

Ainda que exista no local um ponto de embarque e desembarque junto à calçada, a


inexistência da sinalização é motivo de cancelamento da autuação, posto que o Manual
Brasileiro de Sinalização Horizontal, em seu Capítulo 8, item 8.2, condiciona a existência da
sinalização à placa S-14.
Ainda que o artigo seja exclusivo para veículos de transporte coletivo, não se pune veículos
do tipo automóvel que estejam parados em razão de embarque ou desembarque de
passageiros, posto que a “parada” configura conduta atípica.

Art. 181. Estacionar o veículo:

VIII - No passeio ou sobre faixa destinada a pedestre, sobre ciclovia ou


ciclofaixa, bem como nas ilhas, refúgios, ao lado ou sobre canteiros centrais,
divisores de pista de rolamento, marcas de canalização, gramados ou jardim
público:

Infração - grave;

Penalidade - multa;

Medida administrativa - remoção do veículo;

Fato Gerador: São várias as condutas infratoras tipificadas no inciso VIII, caracterizando,
novamente, o tipo misto: 1. Estacionar o veículo no passeio; 2. Estacionar o veículo sobre
faixa destinada a pedestre; 3. Estacionar o veículo sobre ciclovia ou ciclofaixa; 4. Estacionar
o veículo nas ilhas; 5. Estacionar o veículo em refúgios; 6. Estacionar o veículo ao lado ou
sobre canteiros centrais; 7. Estacionar o veículo em divisores de pista de rolamento; 8.
Estacionar o veículo em marcas de canalização; 9. Estacionar o veículo em gramados ou
jardim público.
Requisitos: 1. Que o veículo esteja estacionado sobre um dos nove elementos contidos no
Inciso VIII; 2. Que parte do veículo esteja estacionado sobre um dos nove elementos
contidos no Inciso VIII.
Procedimentos: 1. O agente de trânsito deve tipificar a conduta infratora, elegendo apenas
um dos elementos para qualificar a infração; 2. O agente de trânsito deve anotar a “ausência”
do condutor infrator ou sua “recusa” no campo de observações do auto de infração; 3. O
agente de trânsito deve descrever a situação observada, quando apenas parte do veículo está
estacionado de forma irregular.
Cada uma das condutas infratoras deve ser analisada separadamente, já que cada um dos
elementos citados possui características exclusivas que os definem.
Entretanto, cumpre observar que o legislador não trouxe a previsão de proibição de
estacionamento sobre “calçadas”. E, não estando prevista como sendo uma conduta
infratora, não é passível de penalidades.
Para suprir a lacuna, alguns agentes de trânsito tipificam a conduta de estacionar sobre a
calçada como “estacionar no passeio”, sob o argumento de que as expressões são sinônimas.
Verificando o Anexo I, do Código de Trânsito Brasileiro, podemos encontrar as seguintes
definições:
CALÇADA - parte da via, normalmente segregada e em nível diferente, não destinada à
circulação de veículos, reservada ao trânsito de pedestres e, quando possível, à implantação
de mobiliário urbano, sinalização, vegetação e outros fins.
PASSEIO - parte da calçada ou da pista de rolamento, nesse último caso, separada por
pintura ou elemento físico separador, livre de interferências, destinada à circulação exclusiva
de pedestres e, excepcionalmente, de ciclistas.
Bem se vê que o “passeio” é parte da calçada, destinada à circulação de pedestres e ciclistas,
não se confundindo com a definição de calçada, já que esta é parte da via, reservada ao
trânsito de pedestres e à implantação de mobiliário urbano.
Não há qualquer similitude que justifique a utilização do artigo 181, inciso VIII, para tipificar
o estacionamento sobre calçadas.

Art. 183. Parar o veículo sobre a faixa de pedestres na mudança de sinal


luminoso:

Infração - média;

Penalidade - multa.

Fato Gerador: Parar o veículo na faixa de pedestres.


Requisitos: 1. Que o veículo esteja parado para embarque ou desembarque de passageiros;
2. Que a manobra ocorra durante a mudança do sinal.
Procedimentos: 1. O agente de trânsito deve descrever a conduta observada.
Se levarmos em consideração que o Anexo I do Código de Trânsito Brasileiro define a
manobra de PARADA como sendo imobilização do veículo com a finalidade e pelo tempo
estritamente necessário para efetuar embarque ou desembarque de passageiros, somente
existiria o fato gerador no caso de manobra ocorrida durante a mudança do sinal e para a
operação de embarque ou desembarque de passageiros.
Se a imobilização ocorreu por ter sido surpreendido o condutor com a mudança do sinal,
mas sem intensão de embarcar ou desembarcar passageiros, não existe o fato gerador.
Outro detalhe é que não há o fato gerador quando o veículo ultrapassar apenas a linha de
retenção.
Constatação por Aparelho

A regulamentação específica do aparelho não metrológico para constatação da infração ao


artigo 183 é a Portaria 16/2004, do DENATRAN, complementada pela Portaria 312/2012,
do INMETRO.

O fato gerador da infração de trânsito é parar o veículo na faixa de pedestres durante a


mudança do sinal luminoso.

Muitos órgãos de trânsito analisam o texto do artigo de forma literal, ou seja, havendo a
parada sobre a faixa de pedestres já no foco do sinal vermelho, após a mudança do sinal
luminoso, a tipificação correta não seria a infração ao artigo 183 e sim ao artigo 208, por
avançar sinal vermelho do semáforo.

Esse entendimento, contudo, não encontra fundamento legal, posto que, analisado de forma
literal, não haveria qualquer tipo de infração, já que não estaria tipificada a parada sobre a
faixa, pois o foco do sinal já estava no vermelho e tão pouco haveria o avanço da área de
interseção da via ou mesmo a área de conflito do cruzamento, que caracterizam o avanço do
sinal vermelho.

Portanto, a conduta seria atípica.

Art. 186. Transitar pela contramão de direção em:

I - Vias com duplo sentido de circulação, exceto para ultrapassar outro veículo
e apenas pelo tempo necessário, respeitada a preferência do veículo que transitar
em sentido contrário:

Infração - grave;

Penalidade - multa;

II - Vias com sinalização de regulamentação de sentido único de circulação:

Infração - gravíssima;
Penalidade - multa.

Fato Gerador: Transitar em sentido contrário ao estabelecido para a faixa ou via.


Requisitos: 1. Que o veículo esteja transitando pela contramão de direção; 2. Que não esteja
realizando a manobra de ultrapassagem; 3. Que exista sinalização de regulamentação de
sentido único.
Procedimentos: 1. O agente de trânsito deve descrever a conduta observada; 2. O agente
de trânsito deve descrever a existência de sinalização.

Segundo o artigo 29, inciso I, “a circulação far-se-á pelo lado direito da via”, ou seja, em vias
com duas “mãos” de direção, configura infração transitar pela “mão” contrária.
Nesse sentido, torna-se inaplicável o inciso II do artigo 186, por transitar pela contramão de
direção em vias de sentido único, já que não existe na via uma “mão” contrária de direção.
Outra inconsistência do artigo reside no fato de que não existe sinalização de regulamentação
“sentido único de circulação”.
Essa sinalização está prevista apenas no Manual Brasileiro de Sinalização Vertical de
Advertência.

A sinalização de advertência tem a finalidade de fornecer informações aos usuários das vias,
ordenando os fluxos de tráfego e orientando os usuários da via.
E se a função da sinalização é apenas ADVERTIR, não configura infração de trânsito a
desobediência à sinalização de advertência, já que essa não imprime nenhuma ordem,
proibição ou restrição à circulação.

Art. 192. Deixar de guardar distância de segurança lateral e frontal entre o seu
veículo e os demais, bem como em relação ao bordo da pista, considerando-se,
no momento, a velocidade, as condições climáticas do local da circulação e do
veículo:

Infração - grave;

Penalidade - multa.
Fato Gerador: Deixar de guardar distância lateral ou frontal com os demais veículos ou ao
bordo da pista.
Trata-se de uma norma de direção defensiva, mas que não foi incorporada pelo Código de
Trânsito Brasileiro.
Não existe qualquer previsão nas regras de circulação que estipulem uma distância mínima
que deve ser mantida pelos condutores, quer seja em relação aos demais veículos, quer seja
em relação ao bordo da pista.
Assim, diante da ausência de regra específica, o artigo nada mais é do que uma conduta
ATÍPICA, posto que não se admite que a qualificação da infração de trânsito fique a critério
da análise subjetiva do agente fiscalizador.

Art. 200. Ultrapassar pela direita, veículo de transporte coletivo ou de escolares,


parado para embarque ou desembarque de passageiros, salvo quando houver
refúgio de segurança para o pedestre:

Infração - gravíssima;

Penalidade - multa.

Fato Gerador: Não há.


Trata-se de conduta atípica.
Conveniente relembrarmos a definição da manobra de ultrapassagem, contida no Anexo I,
do Código de Trânsito Brasileiro:
ULTRAPASSAGEM - movimento de passar à frente de outro veículo que se desloca no
mesmo sentido, em menor velocidade e na mesma faixa de tráfego, necessitando sair e
retornar à faixa de origem.
Se uma das condições para que a manobra de ultrapassagem se caracterize, é justamente o
movimento de passar à frente de outro veículo que se desloca no mesmo sentido, existe a
impossibilidade fática de ultrapassar veículo que esteja PARADO.
Sem o deslocamento, a manobra não configura sequer uma “passagem” por outro veículo.
Assim, se o veículo de transporte coletivo ou de escolares estiver PARADO para o embarque
ou desembarque de passageiros, não há como configurar a infração de trânsito ao artigo 200.

Art. 210. Transpor, sem autorização, bloqueio viário policial:

Infração - gravíssima;

Penalidade - multa, apreensão do veículo e suspensão do direito de dirigir;

Medida administrativa - remoção do veículo e recolhimento do documento de


habilitação.
Fato Gerador: Transpor bloqueio viário policial.
Requisitos: 1. Que exista um bloqueio viário; 2. Que o condutor transponha o bloqueio.
Procedimentos: 1. O agente de trânsito deve descrever o motivo do bloqueio e a manobra
utilizada pelo condutor para a transposição do bloqueio.

Segundo o dicionário PRIBERAM da língua portuguesa, podemos extrair os seguintes


significados:
BLOQUEIO: s. m. operação militar que tem por fim cortar a uma praça, cidade
ou porto as comunicações com o exterior; cerco, sítio, assédio.
VIÁRIO: s. m., leito da linha férrea; espaço ocupado por essa via; dentro de uma
via; toda a extensão de uma via; adj., relativo à viação.
POLICIAL: adj. 2 gén., relativo à polícia; da polícia. ["bloqueio" – “viário” –
“policial”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008-2015,
http://www.priberam.pt/dlpo/chave [consultado em 25.08.2015]
Ou seja, bloqueio viário policial é o cerco de toda a extensão da via por agentes que realizam
o policiamento de trânsito.
Não se confunde com a operação de trânsito prevista no artigo 209 e tão pouco pode ser
realizado por um único policial.
Deve, necessariamente, ocupar toda a extensão da via, bloqueando ou restringindo o trânsito,
utilizando cones, viaturas e cavaletes, que dificultem ou impeçam a passagem de veículos ao
mesmo tempo em que sinalizam a presença dos policiais.
É obrigatório informar no auto de infração o motivo do bloqueio viário policial e qual foi a
manobra utilizada pelo condutor para romper o bloqueio.
Não configura infração de trânsito se o condutor retornou ao perceber o bloqueio ou parou
seu veículo e retornou antes do local bloqueado.

Art. 211. Ultrapassar veículos em fila, parados em razão de sinal luminoso,


cancela, bloqueio viário parcial ou qualquer outro obstáculo, com exceção dos
veículos não motorizados:

Infração - grave;

Penalidade - multa.

Fato Gerador: Não há. A conduta é atípica.


Novamente, existe a impossibilidade fática do cometimento da infração de trânsito, já que
não configura manobra de ultrapassagem quando um dos veículos está parado.
ULTRAPASSAGEM - movimento de passar à frente de outro veículo que se desloca no
mesmo sentido, em menor velocidade e na mesma faixa de tráfego, necessitando sair e
retornar à faixa de origem.
Outra incoerência do artigo é a exceção atribuída para a ultrapassagem de veículos não
motorizados parados em fila, haja vista que, no caso de carroças e similares, ocupam o
mesmo espaço de um veículo automotor de passeio.

Art. 228. Usar no veículo equipamento com som em volume ou frequência que
não sejam autorizados pelo CONTRAN:

Infração - grave;

Penalidade - multa;

Medida administrativa - retenção do veículo para regularização.

Fato Gerador: Usar no veículo equipamento com som em volume e frequência que não
sejam autorizados.
Requisitos: 1. Que o som esteja audível do lado esterno; 2. Que a frequência cause a
perturbação do sossego público.
Procedimentos: 1. O agente de trânsito deve descrever a situação observada, juntando aos
autos a comprovação de que houve perturbação do sossego público (art. 42, LCP).
A Resolução que regulamenta a fiscalização de sons produzidos por equipamentos utilizados
em veículos, a que se refere o artigo supra, é a de número 624, do CONTRAN, que diz:
Art. 1º – Fica proibida a utilização, em veículos de qualquer espécie, de
equipamento que produza som audível pelo lado externo, independentemente
do volume ou frequência, que perturbe o sossego público, nas vias terrestres
abertas à circulação.
Parágrafo único – O agente de trânsito deverá registrar, no campo de
observações do auto de infração, a forma de constatação do fato gerador da
infração.
De pronto se observa que, ao invés de estabelecer um limite objetivo para o nível de volume
ou frequência, que já havia sido estabelecido pela Resolução 204 em 80 decibéis, o
CONTRAN preferiu revogar a norma, estabelecendo um critério subjetivo para a
constatação da infração, qual seja “som audível do lado externo, perturbando o sossego
público”.
Entretanto, dizer que basta que o som esteja audível pelo lado de fora do veículo, além de
impreciso e vago, não é um critério de medição.
Convenhamos, qualquer volume que seja audível pelo lado de dentro, se torna imediatamente
audível pelo lado de fora, dada a propagação do som pelo ar, segundo as normas da física.
Assim, se não existe um limite estabelecido pelo CONTRAN, o artigo 228 se torna
inaplicável. A conduta passou a ser atípica.
Art. 230. Conduzir o veículo:
I - Com o lacre, a inscrição do chassi, o selo, a placa ou qualquer outro
elemento de identificação do veículo violado ou falsificado;

Fato Gerador: Conduzir veículo com elementos de identificação violados ou falsificados.


Requisitos: 1. Que o veículo esteja sendo conduzido; 2. Que um dos elementos esteja
violado; 3. Que um dos elementos esteja falsificado.
Procedimentos: O agente deve descrever a situação observada, dizendo qual elemento se
refere e qual condição foi verificada.
Primeiramente, vale dizer que se trata de artigo do tipo misto, sendo cada um dos elementos
um tipo infracional.
Para configurar a infração ao inciso I, o elemento de identificação (chassi e placa) previstos
no artigo 114 e 115, além do lacre (Resolução 231) devem estar violados (rompido, quebrado,
emendado, corrompido) ou falsificados (adulterado no todo ou em parte, modificado ou fora
do padrão, encoberto, alterado ou inautêntico).
Conveniente dizer que, estando o elemento de identificação irregular por conta da ação do
tempo, como por exemplo, a corrosão, a infração específica é o artigo 221 e não o 230, I.
Deve o agente de trânsito descrever de que forma ocorreu a violação ou falsificação.
Em relação ao “selo” previsto no artigo, não existe regulamentação específica, sendo,
portanto, uma conduta atípica.

Art. 230. Conduzir o veículo:

VIII - Sem ter sido submetido à inspeção de segurança veicular, quando


obrigatória;

Segundo o artigo 3º, da Resolução 716, a comprovação de que o veículo foi aprovado na
Inspeção Técnica Veicular é condição necessária para o seu licenciamento anual.
Entretanto, a Deliberação 170, do CONTRAN, suspendeu a citada Resolução por tempo
indeterminado, sendo conduta atípica conduzir veículo sem a inspeção veicular.

Art. 244. Conduzir motocicleta, motoneta e ciclomotor:

I - Sem usar capacete de segurança com viseira ou óculos de proteção e vestuário


de acordo com as normas e especificações aprovadas pelo CONTRAN;

Infração - gravíssima;

Penalidade - multa e suspensão do direito de dirigir;


Medida administrativa - Recolhimento do documento de habilitação;
Fato Gerador: Conduzir motocicleta sem usar vestuário apropriado.
Requisitos: 1. Que o condutor esteja conduzindo motocicleta sem vestuário de acordo com
o estabelecido pelo CONTRAN.
Procedimentos: 1. O agente de trânsito deve descrever a situação observada no auto de
infração.

Apesar do artigo trazer a previsão de infração de trânsito para a condução de motocicleta


sem vestuário apropriado, não existe regulamentação do CONTRAN nesse sentido para
motociclistas comuns, sendo atípica a infração com base nessa tipificação de conduta.
A única exigência de vestuário é a utilização de coletes de segurança dotado de dispositivos
retrorrefletivos, para motofrete e mototáxi. E se considerarmos que um “colete” não é um
vestuário e sim um acessório de segurança, teríamos a completa atipicidade da conduta.

Art. 244. Conduzir motocicleta, motoneta e ciclomotor:

VI - Rebocando outro veículo;

VII - Sem segurar o guidom com ambas as mãos, salvo eventualmente para
indicação de manobras;

VIII – transportando carga incompatível com suas especificações ou em


desacordo com o previsto no § 2o do art. 139-A desta Lei;

IX – Efetuando transporte remunerado de mercadorias em desacordo com o


previsto no art. 139-A desta Lei ou com as normas que regem a atividade
profissional dos mototaxistas:

Infração – grave;

Penalidade – multa;
Medida administrativa – apreensão do veículo para regularização.

Fato Gerador: Conduzir motocicleta e similares rebocando outro veículo; sem segurar o
guidom com as duas mãos; transportando carga de forma irregular; efetuando o transporte
remunerado de passageiros ou cargas em desacordo com a legislação.
Requisitos: 1. Que a motocicleta ou similar esteja rebocando outro veículo; 2. Que o
condutor não esteja segurando o guidom com ambas as mãos; 3. Que o transporte de cargas
ou passageiros esteja em desacordo com o artigo 139-A e Resolução 356.
Procedimentos: 1. O agente de trânsito deve descrever a situação observada no auto de
infração.
Não configura infração de trânsito ao artigo 244, VI se o veículo rebocado for semirreboque,
especialmente projetado para esses fins.
Apesar do artigo prever a proibição de transporte de carga incompatível com suas
especificações, não existe qualquer normatização para o transporte de cargas, eis que a
Resolução 356 trata das dimensões dos dispositivos de transporte de cargas e não da carga
em si. Portanto, a conduta prevista no inciso VIII, é atípica.

Art. 247. Deixar de conduzir pelo bordo da pista de rolamento, em fila única, os
veículos de tração ou propulsão humana e os de tração animal, sempre que não
houver acostamento ou faixa a eles destinados:
Infração - média;
Penalidade - multa.

Trata-se de conduta atípica. Salvo se houver um registro dos veículos elencados no artigo
247, no órgão de trânsito municipal, o que é bastante raro, a autuação se torna impossível.

Art. 253. Bloquear a via com veículo:

Infração - gravíssima;

Penalidade - multa e apreensão do veículo;

Medida administrativa - remoção do veículo.

Art. 253-A. Usar qualquer veículo para, deliberadamente, interromper, restringir


ou perturbar a circulação na via sem autorização do órgão ou entidade de trânsito
com circunscrição sobre ela:

Infração - gravíssima;

Penalidade - multa (vinte vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze)


meses;

Medida administrativa - remoção do veículo.

Fato Gerador: Bloquear a via com o veículo.


Requisitos: 1. Que o veículo esteja bloqueando a via; 2. Que exista intensão do condutor
em bloquear a via; 3. Que a circulação de veículos ou pedestres seja prejudicada; 4. Que não
exista autorização da autoridade de trânsito.
Procedimentos: 1. O agente de trânsito deve descrever a situação observada no auto de
infração.
A conduta praticada pelo condutor deve indicar a intensão de bloquear a pista de forma
proposital com a finalidade de impedir ou dificultar o trânsito no local.
Não configura a infração se o bloqueio ocorreu de forma culposa, ou seja, sem a intenção,
como no caso de um acidente de trânsito ou falha mecânica do veículo.
Inaplicável o artigo 253 – A, já que a lei 13.281, que incluiu o artigo, traz um texto subjetivo,
que não diferencia as condutas do artigo 253 e 253-A, carecendo de regulamentação
específica que estabeleça objetivamente quando aplicar um ou outro.
A conduta infratora também não se qualifica quando o veículo for forçado a parar em um
bloqueio, sendo dirigida ao veículo causador da obstrução da via e não aos demais veículos
que não tinham como continuar o trânsito normal.

Art. 255. Conduzir bicicleta em passeios onde não seja permitida a circulação
desta, ou de forma agressiva, em desacordo com o disposto no parágrafo único
do art. 59:

Infração - média;

Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção da bicicleta, mediante recibo para o pagamento
da multa.

Trata-se de condutas atípicas, por falta de regulamentação para a aplicação das penalidades.
Não existe qualquer regulamentação que possibilite a cobrança de valores de multa e
computo de pontos em pedestres e ciclistas, já que o Código de Trânsito Brasileiro vincula a
penalidade de multa ao registro do veículo e não ao CPF de seu proprietário.
Assim, existe a impossibilidade fática de autuações a esses dois artigos.

Art. 252. Dirigir o veículo:

VI - Utilizando-se de fones nos ouvidos conectados a aparelhagem sonora ou


de telefone celular;

Infração - média;
Penalidade - multa.
VII - Realizando a cobrança de tarifa com o veículo em movimento:
Infração - média;
Penalidade - multa.
Parágrafo único. A hipótese prevista no inciso V caracterizar-se-á como infração
gravíssima no caso de o condutor estar segurando ou manuseando telefone
celular.
Fato Gerador: Dirigir o veículo com fones no ouvido; Dirigir o veículo manuseando
telefone celular.
Requisitos: 1. Que utilize fones nos ouvidos; 2. Que esteja utilizando o telefone celular; 3.
Que esteja manuseando o celular em algum aplicativo.
Procedimentos: 1. O agente de trânsito deve descrever a situação observada no auto de
infração.

Não configura infração ao inciso VI se o condutor estiver utilizando fone em apenas um dos
ouvidos. Nesse caso, a abordagem do veículo é obrigatória, para comprovar a utilização dos
fones conectados ao aparelho de telefone celular ou na aparelhagem sonora.
Não configura infração de trânsito a utilização do aparelho celular, via bluetooth, conectado
ao sistema de som do veículo.
Dirigir o veículo utilizando o telefone celular é infração média e imediatamente uma conduta
diferente do simples ato de segurar o celular, o que caracteriza uma infração gravíssima.

Analisando exegeticamente o parágrafo único do artigo 252, é possível extrair do texto que
somente existe infração quando o condutor do veículo estiver:

1. Dirigindo o veículo; 2. Segurando ou Manuseando o telefone com uma das


mãos; 3. Por um período contínuo de tempo.

O artigo, em suma, visa punir o condutor de veículo automotor que estiver segurando ou
manuseando o celular em função de um aplicativo, quer seja para se localizar no GPS, quer
seja para passar mensagens de voz ou texto via whatsapp, quer seja para jogar.

A conduta de fazer ligações telefônicas não encontra tipificação pelo parágrafo único,
conquanto, se estiver ao ouvido do condutor, ainda que esteja segurando-o com uma das
mãos, conduta típica será de utilizar telefone celular e não de manusear o telefone.
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