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TRÂNSITO BRASILEIRO
com base no livro “Infrações de Trânsito sob a Ótica do
Defensor de Condutores”.
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (três vezes);
Medida administrativa - retenção do veículo até a apresentação de condutor
habilitado.
Conduta infratora: A conduta infratora somente se configura quando o veículo
estiver em movimento, sendo conduzido por condutor sem habilitação legal.
Fato Gerador: Dirigir o veículo sem possuir CNH, PPD ou ACC. Não configura a infração
por mera presunção. O condutor inevitavelmente deve ter sido flagrado DIRIGINDO o
veículo em via pública, não configurando a infração em veículo estacionado ou conduzido
em estacionamentos particulares.
Requisitos: 1. Que o veículo esteja transitando pela via pública; 2. Que o condutor não
possua habilitação legal;
Procedimentos: 1. A abordagem é necessária; 2. A consulta ao RENACH deve ser feita
pelo agente de trânsito; 3. Deve constar a descrição da consulta realizada pelo agente no
campo de “observações”; 4. O veículo não pode ser removido, devendo ser liberado a
condutor habilitado.
Não se aplica ao condutor que esteja transitando com a carteira de habilitação vencida há
mais de 30 dias, pois o vencimento diz respeito ao exame de sanidade física e mental e não
ao direito de dirigir, conforme estipula o Código de Trânsito Brasileiro:
Art. 147. O candidato à habilitação deverá submeter-se a exames realizados pelo
órgão executivo de trânsito, na seguinte ordem:
[...]
§ 2º O exame de aptidão física e mental será preliminar e renovável a cada cinco
anos, ou a cada três anos para condutores com mais de sessenta e cinco anos de
idade, no local de residência ou domicílio do examinado.
[...]
Art. 159. A Carteira Nacional de Habilitação, expedida em modelo único e de
acordo com as especificações do CONTRAN, atendidos os pré-requisitos
estabelecidos neste Código, conterá fotografia, identificação e CPF do condutor,
terá fé pública e equivalerá a documento de identidade em todo o território
nacional.
[...]
§ 10. A validade da Carteira Nacional de Habilitação está condicionada ao prazo
de vigência do exame de aptidão física e mental.
Não se pode equiparar, portanto, a situação do condutor que deixou de renovar o exame
médico dentro do prazo estabelecido por lei com a daquele que sequer prestou exames para
obter a habilitação.
Da mesma forma, quando o condutor do veículo habilitado na categoria B, C, D ou E é
flagrado conduzindo veículo do tipo motocicleta ou similares, é bastante comum os agentes
de trânsito autuarem no artigo 162, I. Entretanto, de igual sorte, a conduta não guarda relação
com “não possuir carteira de habilitação” e sim “dirigir veículo de categoria diferente da qual
esteja habilitado”.
Não tem aplicabilidade, também, para condutores em aulas práticas de direção veicular
quando em veículo próprio e acompanhados de instrutor de trânsito autorizado, desde que
nos termos, horários e locais estabelecidos pelo órgão executivo de trânsito.
Por fim, não se aplica o artigo 162, I, quando o condutor não estiver portando o documento
no momento da fiscalização, pois são infrações de natureza distintas, já que não portar o
documento encontra previsão legal no artigo 232, do Código de Trânsito Brasileiro.
Apesar de não haver provas de que o condutor é habilitado, impõe-se ao agente de trânsito
verificar no sistema de informação, através dos dados de RG, CPF e nome do condutor, se
o mesmo possui habilitação ou simplesmente aguardar que o condutor busque o documento.
O que não se admite é a presunção de que o condutor não seja habilitado para lavrar o auto
de infração.
Sempre que uma dessas hipóteses ocorrer, a infração deve ser considerada atípica, porque
não se enquadram no comportamento previsto na lei como sendo uma infração de trânsito.
Infração - gravíssima;
Fato Gerador: Dirigir veículo com habilitação “suspensa” ou “cassada”. A penalidade deve
estar imposta no RENACH do condutor, sendo atípica a conduta quando o processo
administrativo para a aplicação da penalidade não tiver sido concluído.
Requisitos: 1. Que o condutor seja flagrado dirigindo o veículo; 2. Que esteja cumprindo a
penalidade de suspensão ou cassação;
Procedimentos: 1. A abordagem é necessária; 2. Deve constar a descrição do período de
cumprimento da penalidade no campo de “observações”; 4. O veículo não pode ser
removido, devendo ser liberado a condutor habilitado.
É atípica a autuação quando decorrer de infrações ao artigo 181 (estacionar veículo), já que
nesses casos o veículo, estando “Estacionado”, não haveria o fato gerador DIRIGIR
VEÍCULO.
Essa situação pode ocorrer em duas hipóteses: Na primeira, o agente de trânsito identifica
do condutor que estacionou o veículo; na segunda, o proprietário apresenta o condutor que
estacionou o veículo de forma irregular.
Também não se instaura novo processo administrativo para cassação de habilitação ao
condutor que for flagrado conduzindo o veículo com a carteira de habilitação cassada e cuja
penalidade já esteja em cumprimento. Isso porque, torna-se faticamente impossível cassar
um documento que já havia sido cancelado em processo administrativo anterior.
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa.
Infração - gravíssima;
Infração - gravíssima;
Infração - grave;
Penalidade - multa.
Art. 180. Ter seu veículo imobilizado na via por falta de combustível:
Infração - média;
Penalidade - multa;
Infração - média;
Penalidade - multa;
Infração - grave;
Penalidade - multa;
Fato Gerador: São várias as condutas infratoras tipificadas no inciso VIII, caracterizando,
novamente, o tipo misto: 1. Estacionar o veículo no passeio; 2. Estacionar o veículo sobre
faixa destinada a pedestre; 3. Estacionar o veículo sobre ciclovia ou ciclofaixa; 4. Estacionar
o veículo nas ilhas; 5. Estacionar o veículo em refúgios; 6. Estacionar o veículo ao lado ou
sobre canteiros centrais; 7. Estacionar o veículo em divisores de pista de rolamento; 8.
Estacionar o veículo em marcas de canalização; 9. Estacionar o veículo em gramados ou
jardim público.
Requisitos: 1. Que o veículo esteja estacionado sobre um dos nove elementos contidos no
Inciso VIII; 2. Que parte do veículo esteja estacionado sobre um dos nove elementos
contidos no Inciso VIII.
Procedimentos: 1. O agente de trânsito deve tipificar a conduta infratora, elegendo apenas
um dos elementos para qualificar a infração; 2. O agente de trânsito deve anotar a “ausência”
do condutor infrator ou sua “recusa” no campo de observações do auto de infração; 3. O
agente de trânsito deve descrever a situação observada, quando apenas parte do veículo está
estacionado de forma irregular.
Cada uma das condutas infratoras deve ser analisada separadamente, já que cada um dos
elementos citados possui características exclusivas que os definem.
Entretanto, cumpre observar que o legislador não trouxe a previsão de proibição de
estacionamento sobre “calçadas”. E, não estando prevista como sendo uma conduta
infratora, não é passível de penalidades.
Para suprir a lacuna, alguns agentes de trânsito tipificam a conduta de estacionar sobre a
calçada como “estacionar no passeio”, sob o argumento de que as expressões são sinônimas.
Verificando o Anexo I, do Código de Trânsito Brasileiro, podemos encontrar as seguintes
definições:
CALÇADA - parte da via, normalmente segregada e em nível diferente, não destinada à
circulação de veículos, reservada ao trânsito de pedestres e, quando possível, à implantação
de mobiliário urbano, sinalização, vegetação e outros fins.
PASSEIO - parte da calçada ou da pista de rolamento, nesse último caso, separada por
pintura ou elemento físico separador, livre de interferências, destinada à circulação exclusiva
de pedestres e, excepcionalmente, de ciclistas.
Bem se vê que o “passeio” é parte da calçada, destinada à circulação de pedestres e ciclistas,
não se confundindo com a definição de calçada, já que esta é parte da via, reservada ao
trânsito de pedestres e à implantação de mobiliário urbano.
Não há qualquer similitude que justifique a utilização do artigo 181, inciso VIII, para tipificar
o estacionamento sobre calçadas.
Infração - média;
Penalidade - multa.
Muitos órgãos de trânsito analisam o texto do artigo de forma literal, ou seja, havendo a
parada sobre a faixa de pedestres já no foco do sinal vermelho, após a mudança do sinal
luminoso, a tipificação correta não seria a infração ao artigo 183 e sim ao artigo 208, por
avançar sinal vermelho do semáforo.
Esse entendimento, contudo, não encontra fundamento legal, posto que, analisado de forma
literal, não haveria qualquer tipo de infração, já que não estaria tipificada a parada sobre a
faixa, pois o foco do sinal já estava no vermelho e tão pouco haveria o avanço da área de
interseção da via ou mesmo a área de conflito do cruzamento, que caracterizam o avanço do
sinal vermelho.
I - Vias com duplo sentido de circulação, exceto para ultrapassar outro veículo
e apenas pelo tempo necessário, respeitada a preferência do veículo que transitar
em sentido contrário:
Infração - grave;
Penalidade - multa;
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa.
Segundo o artigo 29, inciso I, “a circulação far-se-á pelo lado direito da via”, ou seja, em vias
com duas “mãos” de direção, configura infração transitar pela “mão” contrária.
Nesse sentido, torna-se inaplicável o inciso II do artigo 186, por transitar pela contramão de
direção em vias de sentido único, já que não existe na via uma “mão” contrária de direção.
Outra inconsistência do artigo reside no fato de que não existe sinalização de regulamentação
“sentido único de circulação”.
Essa sinalização está prevista apenas no Manual Brasileiro de Sinalização Vertical de
Advertência.
A sinalização de advertência tem a finalidade de fornecer informações aos usuários das vias,
ordenando os fluxos de tráfego e orientando os usuários da via.
E se a função da sinalização é apenas ADVERTIR, não configura infração de trânsito a
desobediência à sinalização de advertência, já que essa não imprime nenhuma ordem,
proibição ou restrição à circulação.
Art. 192. Deixar de guardar distância de segurança lateral e frontal entre o seu
veículo e os demais, bem como em relação ao bordo da pista, considerando-se,
no momento, a velocidade, as condições climáticas do local da circulação e do
veículo:
Infração - grave;
Penalidade - multa.
Fato Gerador: Deixar de guardar distância lateral ou frontal com os demais veículos ou ao
bordo da pista.
Trata-se de uma norma de direção defensiva, mas que não foi incorporada pelo Código de
Trânsito Brasileiro.
Não existe qualquer previsão nas regras de circulação que estipulem uma distância mínima
que deve ser mantida pelos condutores, quer seja em relação aos demais veículos, quer seja
em relação ao bordo da pista.
Assim, diante da ausência de regra específica, o artigo nada mais é do que uma conduta
ATÍPICA, posto que não se admite que a qualificação da infração de trânsito fique a critério
da análise subjetiva do agente fiscalizador.
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa.
Infração - gravíssima;
Infração - grave;
Penalidade - multa.
Art. 228. Usar no veículo equipamento com som em volume ou frequência que
não sejam autorizados pelo CONTRAN:
Infração - grave;
Penalidade - multa;
Fato Gerador: Usar no veículo equipamento com som em volume e frequência que não
sejam autorizados.
Requisitos: 1. Que o som esteja audível do lado esterno; 2. Que a frequência cause a
perturbação do sossego público.
Procedimentos: 1. O agente de trânsito deve descrever a situação observada, juntando aos
autos a comprovação de que houve perturbação do sossego público (art. 42, LCP).
A Resolução que regulamenta a fiscalização de sons produzidos por equipamentos utilizados
em veículos, a que se refere o artigo supra, é a de número 624, do CONTRAN, que diz:
Art. 1º – Fica proibida a utilização, em veículos de qualquer espécie, de
equipamento que produza som audível pelo lado externo, independentemente
do volume ou frequência, que perturbe o sossego público, nas vias terrestres
abertas à circulação.
Parágrafo único – O agente de trânsito deverá registrar, no campo de
observações do auto de infração, a forma de constatação do fato gerador da
infração.
De pronto se observa que, ao invés de estabelecer um limite objetivo para o nível de volume
ou frequência, que já havia sido estabelecido pela Resolução 204 em 80 decibéis, o
CONTRAN preferiu revogar a norma, estabelecendo um critério subjetivo para a
constatação da infração, qual seja “som audível do lado externo, perturbando o sossego
público”.
Entretanto, dizer que basta que o som esteja audível pelo lado de fora do veículo, além de
impreciso e vago, não é um critério de medição.
Convenhamos, qualquer volume que seja audível pelo lado de dentro, se torna imediatamente
audível pelo lado de fora, dada a propagação do som pelo ar, segundo as normas da física.
Assim, se não existe um limite estabelecido pelo CONTRAN, o artigo 228 se torna
inaplicável. A conduta passou a ser atípica.
Art. 230. Conduzir o veículo:
I - Com o lacre, a inscrição do chassi, o selo, a placa ou qualquer outro
elemento de identificação do veículo violado ou falsificado;
Segundo o artigo 3º, da Resolução 716, a comprovação de que o veículo foi aprovado na
Inspeção Técnica Veicular é condição necessária para o seu licenciamento anual.
Entretanto, a Deliberação 170, do CONTRAN, suspendeu a citada Resolução por tempo
indeterminado, sendo conduta atípica conduzir veículo sem a inspeção veicular.
Infração - gravíssima;
VII - Sem segurar o guidom com ambas as mãos, salvo eventualmente para
indicação de manobras;
Infração – grave;
Penalidade – multa;
Medida administrativa – apreensão do veículo para regularização.
Fato Gerador: Conduzir motocicleta e similares rebocando outro veículo; sem segurar o
guidom com as duas mãos; transportando carga de forma irregular; efetuando o transporte
remunerado de passageiros ou cargas em desacordo com a legislação.
Requisitos: 1. Que a motocicleta ou similar esteja rebocando outro veículo; 2. Que o
condutor não esteja segurando o guidom com ambas as mãos; 3. Que o transporte de cargas
ou passageiros esteja em desacordo com o artigo 139-A e Resolução 356.
Procedimentos: 1. O agente de trânsito deve descrever a situação observada no auto de
infração.
Não configura infração de trânsito ao artigo 244, VI se o veículo rebocado for semirreboque,
especialmente projetado para esses fins.
Apesar do artigo prever a proibição de transporte de carga incompatível com suas
especificações, não existe qualquer normatização para o transporte de cargas, eis que a
Resolução 356 trata das dimensões dos dispositivos de transporte de cargas e não da carga
em si. Portanto, a conduta prevista no inciso VIII, é atípica.
Art. 247. Deixar de conduzir pelo bordo da pista de rolamento, em fila única, os
veículos de tração ou propulsão humana e os de tração animal, sempre que não
houver acostamento ou faixa a eles destinados:
Infração - média;
Penalidade - multa.
Trata-se de conduta atípica. Salvo se houver um registro dos veículos elencados no artigo
247, no órgão de trânsito municipal, o que é bastante raro, a autuação se torna impossível.
Infração - gravíssima;
Infração - gravíssima;
Art. 255. Conduzir bicicleta em passeios onde não seja permitida a circulação
desta, ou de forma agressiva, em desacordo com o disposto no parágrafo único
do art. 59:
Infração - média;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção da bicicleta, mediante recibo para o pagamento
da multa.
Trata-se de condutas atípicas, por falta de regulamentação para a aplicação das penalidades.
Não existe qualquer regulamentação que possibilite a cobrança de valores de multa e
computo de pontos em pedestres e ciclistas, já que o Código de Trânsito Brasileiro vincula a
penalidade de multa ao registro do veículo e não ao CPF de seu proprietário.
Assim, existe a impossibilidade fática de autuações a esses dois artigos.
Infração - média;
Penalidade - multa.
VII - Realizando a cobrança de tarifa com o veículo em movimento:
Infração - média;
Penalidade - multa.
Parágrafo único. A hipótese prevista no inciso V caracterizar-se-á como infração
gravíssima no caso de o condutor estar segurando ou manuseando telefone
celular.
Fato Gerador: Dirigir o veículo com fones no ouvido; Dirigir o veículo manuseando
telefone celular.
Requisitos: 1. Que utilize fones nos ouvidos; 2. Que esteja utilizando o telefone celular; 3.
Que esteja manuseando o celular em algum aplicativo.
Procedimentos: 1. O agente de trânsito deve descrever a situação observada no auto de
infração.
Não configura infração ao inciso VI se o condutor estiver utilizando fone em apenas um dos
ouvidos. Nesse caso, a abordagem do veículo é obrigatória, para comprovar a utilização dos
fones conectados ao aparelho de telefone celular ou na aparelhagem sonora.
Não configura infração de trânsito a utilização do aparelho celular, via bluetooth, conectado
ao sistema de som do veículo.
Dirigir o veículo utilizando o telefone celular é infração média e imediatamente uma conduta
diferente do simples ato de segurar o celular, o que caracteriza uma infração gravíssima.
Analisando exegeticamente o parágrafo único do artigo 252, é possível extrair do texto que
somente existe infração quando o condutor do veículo estiver:
O artigo, em suma, visa punir o condutor de veículo automotor que estiver segurando ou
manuseando o celular em função de um aplicativo, quer seja para se localizar no GPS, quer
seja para passar mensagens de voz ou texto via whatsapp, quer seja para jogar.
A conduta de fazer ligações telefônicas não encontra tipificação pelo parágrafo único,
conquanto, se estiver ao ouvido do condutor, ainda que esteja segurando-o com uma das
mãos, conduta típica será de utilizar telefone celular e não de manusear o telefone.
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