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INSTRUÇÕES

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Próximos passos para efetuar o protocolo do recurso:

1) Imprimir o recurso

2) Assine a última folha.

3) Tirar cópia simples dos seguintes documentos e anexar ao recurso. Documentos necessários:
a) Cópia da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ou RG e CPF do
requerente.
b) Cópia da notificação recebida ou extrato do veículo que conste a multa a
ser recorrida (pode também ser um print do site/aplicativo).
c) Cópia do documento (CRLV ou CRV) do veículo multado.
4) Você poderá enviar seu recurso online através do site do orgão que emitiu sua multa ou

entregar pessoalmente, ou enviar pelos correios.

IMPORTANTE:
• Alguns órgãos disponibilizam um formulário de defesa para ser preenchido, o recurso nas

próximas páginas substitui estes formulários. Caso o preenchimento for obrigatório você pode

escrever no campo de justificativa: “Recurso em anexo”.

• Em alguns pontos do recurso você pode encontrar a menção “Agente Autuador”, este agente
pode ser a autoridade de trânsito e também o equipamento eletrônico de radar.

Oberservações:
ILUSTRÍSSIMOS SENHORES JULGADORES

Eu, SIDINEI GODIN VENITE, inscrito no CPF nº 065.785.349-62, residente e domiciliado à Rua

Tabajaras, 259 - fundos - Itaíba CEP 89707-109 na cidade de Concórdia, SC, venho

respeitosamente, com fundamento na Lei nº 9.503/97, c/c o Art. 1º e SS, da Resolução nº

299/2008, apresentar DEFESA PRÉVIA, por supostamente Recusar ser submetido a teste,

exame clínico, que permita certificar influência de álcool ou outra substância

psicoativa - Lei seca - Bafometro, infração prevista no Art. 165 A, do Código de Trânsito

Brasileiro, conforme constante no Auto de Infração de Trânsito de nº P0AY800070 do veículo

de placa PGN3614.

DOS DIREITOS

O direito de ingressar com a defesa desta multa está esculpido no Art. 282 Caput, § 4º do
Código de Trânsito Brasileiro.

Art. 282 - Aplicada a penalidade, será expedida notificação ao


proprietário do veículo ou ao infrator, por remessa postal ou por
qualquer outro meio tecnológico hábil, que assegure a ciência da
imposição da penalidade.
[...]
§ 4º Da notificação deverá constar a data do término do prazo para
apresentação de recurso pelo responsável pela infração, que não será
inferior a trinta dias contados da data da notificação da penalidade.
[...]

Para reforçar, temos a Resolução 619/16 do CONTRAN que em seu Art. 9º diz:

Art. 9 - Interposta a Defesa da Autuação, nos termos do § 4º do art. 4º


desta Resolução, caberá à autoridade competente apreciá-la, inclusive
quanto ao mérito.
§ 1º Acolhida a Defesa da Autuação, o Auto de Infração de Trânsito será
cancelado, seu registro será arquivado e a autoridade de trânsito
comunicará o fato ao proprietário do veículo.
[...]

Acolhida as premissas de admissibilidade e constatada as


irregularidades do auto de infração, este deverá ser arquivado
conforme dispõe o Código de Transito Brasileiro em seu Art. 281:

Art. 281 - A autoridade de trânsito, na esfera da competência


estabelecida neste Código e dentro de sua circunscrição, julgará a
consistência do auto de infração e aplicará a penalidade cabível.

Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu registro


julgado insubsistente:

I - se considerado inconsistente ou irregular;

II - se, no prazo máximo de trinta dias, não for expedida a notificação


da autuação.

Ademais, dispõe o Art. 53 da Lei Federal 9.784/99 - Lei do Processo Administrativo, que:

Art. 53 - A Administração deve anular seus próprios atos, quando


eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.

DOS PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


De acordo com o Art. 37 da Constituição Federal a Administração Pública direta, indireta e
fundacional, de qualquer dos Poderes do Estado e dos Municípios obedecerá aos princípios da
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, razoabilidade, eficiência, motivação,
economicidade.

Acerca da relevância da aplicação dos Princípios, temos, segundo Celso Antônio Bandeira de
Melo, (Curso de Direito Administrativo, 2012) que:

"Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma


qualquer. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um
específico mandamento obrigatório, mas a todo sistema de comandos.
É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade".

DO NÃO COMETIMENTO DA INFRAÇÃO

Parece não restarem dúvidas de que houve, por parte do agente autuador um abuso de poder.
Aliás, sobre o tema, o ilustre jurista Hely Lopes Meirelles ensina:

"O abuso de poder ocorre quando a autoridade, embora competente


para praticar o ato, ultrapassa os limites de suas atribuições ou se
desvia das finalidades administrativas."

O abuso de poder, como todo ilícito, reveste as formas mais diversas. Ora se apresenta
ostensivo como a truculência, às vezes dissimulado como o estelionato, e não raro encoberto na
aparência ilusória dos atos legais. Em qualquer desses aspectos - flagrante ou disfarçado - o
abuso de poder é sempre uma ilegalidade invalidadora do ato que o contém.

Pode-se chegar à conclusão, portanto, de que o auto de infração em apreço deve ser arquivado,
tendo em vista os vícios de forma que contém além de ter sido lavrado com flagrante abuso de
poder, o que rende ensejo à nulidade dos atos administrativos.

DA RESOLUÇÃO 432/2012 DO CONTRAN

O CTB, em seu Art. 165-A, estabelece que poderá ser lavrado o auto de infração de trânsito
quando o condutor "Recusar-se a ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro
procedimento que permita certificar influência de álcool ou outra substância
psicoativa, na forma estabelecida pelo art. 277".

Para tanto, o CONTRAN, órgão máximo normativo do Sistema Nacional de Trânsito,


regulamentou a aplicação do referido Art. através da Resolução 432/2012 do CONTRAN, que
estabelece os preceitos legais na lavratura do auto de infração, quais sejam:

Da constatação da suposta embriaguez:

"Art. 3o A confirmação da alteração da capacidade psicomotora em


razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que
determine dependência dar-se-á por meio de, pelo menos, um dos
seguintes procedimentos a serem realizados no condutor de veículo
automotor:
(...)
IV - verificação dos sinais que indiquem a alteração da capacidade
psicomotora do condutor".

Dos sinais de alteração da capacidade psicomotora:

"Art. 5o Os sinais de alteração da capacidade psicomotora poderão ser


verificados por:

[...]

II - constatação, pelo agente da Autoridade de Trânsito, dos sinais de


alteração da capacidade psicomotora nos termos do Anexo II.

§ 1o Para confirmação da alteração da capacidade psicomotora pelo


agente da Autoridade de Trânsito, deverá ser considerado não somente
um sinal, mas um conjunto de sinais que comprovem a situação do
condutor.

§ 2o Os sinais de alteração da capacidade psicomotora de que trata o


inciso II deverão ser descritos no auto de infração ou em termo
específico que contenha as informações mínimas indicadas no Anexo II,
o qual deverá acompanhar o auto de infração".

Do procedimento legal da lavratura do auto de infração:

"Art. 6o A infração prevista no Art. 165 do CTB será caracterizada por:

[...]

sinais de alteração da capacidade psicomotora obtidas na forma do Art.


5o".
E complementa,

"Art. 8o Além das exigências estabelecidas em regulamentação


específica, o auto de infração lavrado em decorrência da infração
prevista no Art. 165 do CTB deverá conter:

[...]

I - no caso do Art. 5o, os sinais de alteração da capacidade psicomotora


de que trata o Anexo II ou a referência ao preenchimento do termo
específico de que trata o § 2o do Art. 5o;

[...]

§ 1o Os documentos gerados e o resultado dos exames de que trata o


inciso I deverão ser anexados ao auto de infração".

Pois bem, analisando a resolução citada temos que:

1. A suposta embriaguez deve ser comprovada mediante a apresentação de vários sinais


indicativos da alteração psicomotora do condutor, atestadas pelo agente autuador;

2. Ao agente, cabe o devido preenchimento do formulário pré-estabelecido, chamado de Termo


de Constatação, onde afirme ter verificado e atestado os sinais apresentados pelo condutor;

Ora senhores, estamos diante de uma penalidade aplicada sem o mínimo de cuidado que
garanta o exercício pleno de ampla defesa e contraditório do acusado pois, uma vez lavrado o
auto de infração, inverte-se o ônus da prova mediante a presunção de veracidade do ato do
ente público.

Ao agente não cabe, em hipótese alguma, avaliar as condições psicomotoras do cidadão pois
não tem treinamento e competência para lavrar qualquer tipo de documento que ateste
qualquer sintoma psicomotor.

A detecção de tais sintomas não é resultado de uma avaliação quantitativa, sequer qualitativa,
pois não traz referências nas quais deve o agente deve balizar-se para autuar determinado
condutor. É sabido da individualidade e das diferenças pessoais, seja de caráter, personalidade
ou conduta, onde inclui-se vários dos supostos sintomas elencados para constatação da
embriaguez, por exemplo:

QUANTO A APARÊNCIA
SONOLÊNCIA: Não é normal uma pessoa apresentar um estado de sonolência às 00;35 h?
OLHOS VERMELHOS: Podem ser oriundos de qualquer situação de desgaste, cansaço ou até
mesmo de uma gripe;
DESORDEM NAS VESTES: Como mensura-se desordem nas vestes? Qual é o padrão de "ordem"
ao se vestir?
HÁLITO ETÍLICO: O odor não poderia ser das roupas?

QUANTO A ATITUDE

Nesse caso, com base em qual referencial o agente atesta que o condutor é ou está agressivo,
arrogante, exaltado ou falante? O agente porventura conhece o condutor para atestar que estes
sinais sejam resultado da ingestão de álcool ou são intrínsecos à sua pessoa/personalidade?

Há de se considerar que o condutor se envolveu num acidente de trânsito, o que por si só afeta
diretamente no estado psicológico do condutor, sendo normal que o mesmo apresente
alterações que por si só jamais comprovam a ingestão de álcool, em hipótese alguma.

Para concluir este tópico, de forma análoga, trazemos a seguinte suposição:

PODE UMA PESSOA, SEM A DEVIDA FORMAÇÃO TÉCNICA OU ACADÊMICA,


ATESTAR QUE OUTRA, APRESENTANDO ALGUNS SINTOMAS COMO ESPIRRO,
OLHOS VERMELHOS E SONOLÊNCIA, ESTÁ COM GRIPE?

Sabemos senhores, que a resposta é NÃO!

Mesmo assim, embora haja normatização legal que permita, na análise material desta resolução
temos que é impossível prosperar tal penalidade diante de tamanha aberração e abuso de
poder da Administração.

Senhores, estamos diante da aplicação de penalidades desproporcionais ao fato, uma vez que
não há provas substanciais que comprovem a alegação do agente de trânsito. Trata-se,
segundo o Art. 32 do Código Penal de "pena restritiva de direito e de multa, simultaneamente!"
Observem que se excetua somente a pena privativa de liberdade, pena máxima atual em nosso
ordenamento jurídico-penal.

O legislador, ao alterar a regulamentação do Art. 165-A, pretende de forma explícita penalizar o


condutor que apresente, de forma incontestável, a causa, e não os sintomas. A ingestão de
bebida alcoólica é uma das possíveis causas dos sintomas apresentados, não a única.

No caso em tela, temos que o requerente está sendo penalizado por, supostamente, apresentar
alguns sintomas que PODERIAM ser causados pela ingestão de bebida alcoólica, porém essa
afirmação não pode ser tratada como verdade absoluta.
Dessa forma, elucidamos este conselho quanto a possibilidade de revogação deste ato abusivo
e infundado, na forma do Art. 53 da Lei 9784/1999:

"Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando


eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos".

DA NULIDADE TOTAL DO AUTO DE INFRAÇÃO

Nunca é demais relembrar que não cabe discricionariedade ao agente administrativo quando a
lei prevê forma específica em lei. O parágrafo único do Art. 281 do Código Brasileiro de Trânsito
dispõe que "O auto de infração será arquivado e seu registro julgado insubsistente, se
considerado inconsistente ou irregular".

Em outras palavras, uma vez que o agente tenha se furtado de obedecer a legislação vigente
resta clara afronta à sua existência e tornam duvidosos todos os seus atos.

DA AUSÊNCIA DE INFORMAÇÕES OBRIGATÓRIAS

A Portaria 59/2007 do CONTRAN estabelece os campos mínimos que devem constar no Auto de
Infração. Temos então a completa ausência, tanto no Auto de Infração quanto na Notificação, de
informações acerca do equipamento utilizado e supostamente recusado pelo
condutor/requerente para o exame de etilômetro.

"ANEXO II - PREENCHIMENTO DOS CAMPOS DO AUTO DE INFRAÇÃO


BLOCO 5 - TIPIFICAÇÃO DA INFRAÇÃO
CAMPO 4 - EQUIPAMENTO/INSTRUMENTO DE AFERIÇÃO UTILIZADO -
Preenchimento obrigatório para infrações verificadas por equipamentos
de fiscalização."

Ora senhores, sabemos que mesmo na recusa do condutor em realizar o teste, o equipamento
emite um documento comprovando que fora disponibilizado/oferecido ao condutor, gerando
inclusive um número de registro de utilização do aparelho. Para reforçar a afirmação de que o
agente não disponibilizou tal teste ao requerente, elencamos o fato de que não há no AUTO,
nem na NAP, registros do teste oferecido bem como os dados do INSTRUMENTO
(MARCA/MODELO/AFERIÇÃO).

Assim, nada mais justo que o cancelamento do auto de infração por não cumprir com os
requisitos legais conforme apontamos.

DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA

Construir um conceito de moralidade administrativa, num cenário jurídico-administrativo, não se


constitui tarefa fácil. Entretanto, partiremos do pressuposto de que a moralidade inerente à
Administração Pública não se confunde com a moralidade comum já conhecida por todos nós.

Inicialmente, é relevante citar um antigo conceito de Maurice Hauriou, autor da doutrina da


moralidade administrativa: a moralidade é "um conjunto de regras de conduta tirada da
disciplina interior da Administração".

Transitando, agora, de uma conceituação clássica de moralidade administrativa para uma visão
mais objetiva e atual, faz-se necessário, em primeiro lugar, para uma melhor fixação do que
vem a ser, na realidade, a moralidade administrativa, diferenciar legalidade e moralidade,
princípios constitucionais da Administração de suma importância para a realização dos fins
desta.

O princípio da legalidade expressa que na Administração Pública não há liberdade com vontade
pessoal, ou seja, a validade dos atos do administrador irá depender de sua total obediência às
leis positivadas, de modo que todo e qualquer ato que não esteja autorizado por lei deixa de ser
válido.

Já a moralidade administrativa prega um comportamento do administrador no sentido de que


este demonstre ter agido de acordo com a ideia de uma boa administração, ou melhor, em
consonância com a moral própria da Instituição em si considerada.

Ao analisar tais princípios verifica-se a certeza de que na criação da lei a moralidade está
presente, pelo menos no direito atual, pois não há como analisar uma norma jurídica imoral por
si mesma. Entretanto, quando se passa para o estágio da aplicação dessa norma pelo
administrador observa-se a existência de atos eivados de pura legalidade e moralidade, mas
também aqueles violadores do dever de exercício de uma boa administração, ou seja,
incompatível com a moralidade administrativa, embora sejam considerados legais.

Evidencia-se, portanto, a absoluta importância desses princípios que, embora diferentes, estão
num mesmo patamar juntamente com os demais para que, juntos, deem fundamento que
legitimem a vontade de fazer ou a atos de vontade.

Não obstante o entendimento de que os princípios constitucionais Administrativos estão


distribuídos horizontalmente quanto à importância, é certo afirmar que apenas a verificação da
legalidade do ato não mais satisfaz as aspirações dos cidadãos, é necessário, pois, a obediência
de princípios que valorizem a dignidade humana, que conduzam os administradores a agir
sempre de acordo com a moral, visto que há muitos atos que, embora se apresentem como
legais e oportunos, estão enraizados de vícios, ou seja, contagiados por uma vontade particular
do administrador.

Ressalta-se ainda, no que diz respeito à relação entre legalidade e moralidade, que, para
caracterizar cada um desses princípios, encontraremos caminhos diversos a serem percorridos,
caminhos esses que nos levarão a saber se houve ou não ilegalidade ou imoralidade
administrativa em certo ato.

No que tange à legalidade basta verificar se o ato realizado encontra-se autorizado por lei,
ressaltando que não é verdadeira, no âmbito administrativo, a assertiva de que "o que não é
proibido é permitido". Na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza.

Sob o prisma da moralidade a satisfação dos requisitos legais do ato não é suficiente. Faz-se
necessário ir adiante na análise da ação administrativa, para investigar se realmente há
interesse público naquela ação ou se dá apenas a impressão de que o faz.

Deste modo, será indispensável para a caracterização da moralidade de um ato administrativo a


análise do motivo e do objeto de tal ato. Apenas dessa maneira será possível afirmar se houve
ou não a efetivação do dever de boa administração inerente ao Administrador Público.

Será, portanto, viciada a moralidade administrativa quando houver a prática de um ato fundado
em motivo inexistente, insuficiente, incompatível etc. Do mesmo modo, será descaracterizada a
moralidade administrativa quando o ato visar a objeto impossível, desconforme e ineficiente.

Aliás, esse é o mesmo tipo de exame utilizado na detecção de vícios da discricionariedade, o


que se conclui haver uma coincidência entre o vício da discricionariedade e o da imoralidade, já
que aquele, em regra, torna o ato impróprio para realizar a boa administração.

Diante do exposto, observamos que a pesquisa da imoralidade é bem mais complexa que a da
ilegalidade, isso se dá pela subjetividade que a moral contém, ou seja, não se trata apenas de
saber se é ou não legal, mas se aquele ato está ou não em consonância com os anseios de
justiça e honestidade dos administrados, afinal, estes estão em primeiro lugar nas realizações
do Poder Público.

Observa-se, desta forma, que o conceito de moralidade vai além da legalidade, pois é
determinante de regras de conduta, ou seja, traça linhas de comportamento para o
administrador fazendo com que este, ao realizar seus atos, observe, além dos elementos
constitutivos, a eficácia dos mesmos no plano da boa administração.

Tem-se, portanto, como referencial da moralidade administrativa a finalidade pública, de modo


que, se políticos e servidores públicos empregarem o poder estatal para fins estranhos àqueles
atribuídos pela lei pública, suas condutas serão moralmente censuráveis, tendo em vista que o
administrador público tem o dever de realizar o bem comum, objeto primordial da
Administração Pública.

SEM PROVAS, DEVE PREVALECER A JUSTIÇA E O PRINCÍPIO "IN DUBIO PRO


REU"

O requerente estava em perfeitas condições e não estava com nível superior de álcool no
sangue. O que ocorreu, foi que o policial não cumpriu as determinações especificadas em tópico
preliminar, especificações essas que realizadas, não indicaria a infração do Art. 165-A do CTB.

Pode-se chegar à conclusão, portanto, de que o auto de infração em apreço deve ser arquivado,
tendo em vista os vícios insanáveis, de forma e matéria que contém, além de ter sido lavrado
com flagrante abuso de poder, o que por si só rende ensejo à nulidade dos atos administrativos.

DA AUSÊNCIA DE DUPLA NOTIFICAÇÃO E CERCEAMENTO DE DEFESA

Determina o CONTRAN, através de suas Resoluções, que somente será considerada válida a
notificação de autuação de penalidade quando esta observar os requisitos mínimos ali
previstos. O órgão autuador deverá notificar o infrator quanto ao cometimento da multa de
maneira eficaz e segura comprovando o envio desta, o meio seguro a ser utilizado e a carta
registrada com aviso de recebimento (A.R.) e não a carta comum sem possibilidade de rastreio
e conferencia da data da postagem.

O princípio da Legalidade, de forma clara e cristalina, estabelece uma rígida interpretação de


que o administrador público deve obedecer estritamente o que reza a lei, não oportunizando
flexibilidade em inovar com subjetividade.

Citamos novamente o conceituado jurista Helly Lopes Meirelles, que leciona que:

"a legalidade, como princípio de administração


significa que o administrador público está, em toda
sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da
lei, e as exigências do bem comum, e deles não se
pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato
inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar,
civil e criminal, conforme o caso".

No mesmo sentido, é orientação jurisprudencial assente no colendo Superior Tribunal de Justiça


a de que deve haver notificação do infrator para apresentar defesa prévia por ocasião da
lavratura do auto de infração de trânsito.

No caso em exame, não fora observado o devido processo legal, devendo ser anulado os efeitos
do presente auto de infração, conforme segue.

STJ SÚMULA Nº 312 - 11/05/2005 - DJ 23.05.2005 -


PROCESSO ADMINISTRATIVO - MULTA DE TRÂNSITO -
NOTIFICAÇÕES DA AUTUAÇÃO E DA APLICAÇÃO DA
PENA - "NO PROCESSO
ADMINISTRATIVO PARA IMPOSIÇÃO DE MULTA DE
TRÂNSITO, SÃO NECESSÁRIAS AS NOTIFICAÇÕES DA
AUTUAÇÃO E DA APLICAÇÃO DA PENA DECORRENTE
DA INFRAÇÃO". (Destacamos)

Assim, comprovada a ausência da dupla notificação do auto em tela, pede-se seja reconhecida a
sua nulidade e, consequentemente, o arquivamento do presente auto por não cumprir as
exigências legais para a sua validação.
DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto requer:

1) Seja anexado cópia do auto de infração em discussão para a correta instrução da presente
defesa, conforme determina o Art. 37 da Lei Federal 9.784/1999.

2) Sejam devidamente analisadas TODAS as irregularidades aqui apontadas, conforme


determina o Art. 281 do Código de Trânsito Brasileiro c/c Art. 9 da Resolução 619/2016 do
CONTRAN e Art. 53 da Lei Federal 9.784/1999, inclusive quanto ao mérito;

3) Seja reconhecida a irregularidade e ilegalidade do ato administrativo, declarando a nulidade


do auto de infração em tela, e assim, determinar o seu cancelamento e arquivamento.

4) Seja devidamente MOTIVADA e FUNDAMENTADA Vossa decisão, analisando TODO o exposto,


separadamente, na sua forma e matéria, garantindo o amplo direito de defesa assegurado pela
Constituição Federal, e que tal decisão seja enviada na íntegra para o endereço do requerente.

Nesses termos, pede e aguarda o deferimento.

Concórdia (SC) 03 de abril de 2024

__________________________________________________
SIDINEI GODIN VENITE
CPF Nº. 065.785.349-62

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