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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL E

COMERCIAL DA COMARCA DE FEIRA DE SANTANA – BAHIA.

JEANE DA SILVA SANTOS, brasileira, solteira, pedagoga, portadora da cédula de identidade


RG nº 652475078 SSP/BA e inscrito no CPF de nº 938.400.985-72, residente e domiciliada na
Rua Canto do Buriti, n. 472, Residencial Rio Subaé, BL-08, n. 07, casa, Conceição, Feira de
Santana- BA, CEP: 44066-584, por intermédio de sua advogada infrafirmada, legalmente
constituída por meio de instrumento de mandato anexo, com endereço profissional constante do
rodapé da página, onde deverá receber todas as intimações oriundas deste feito, vem, mui
respeitosamente, perante a presença de V. Exa., apresentar a presente:

AÇÃO ORDINÁRIA REDIBITÓRIA C/C INDENIZATÓRIA

em face de HYNDAI PATEO COMERCIO DE VEICULOS S/A, pessoa jurídica de direito


privado, inscrita no CNPJ sob o nº 07784006002009, com sede na Avenida Governador João
Durval Carneiro, S/N, Centro, Feira de Santana- Bahia, CEP 44051335, pelos relevantes
fundamentos de fato e de direito que passa a expor:

I - DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Inicialmente, declara a Autora, sob as penas da lei, que não têm condições financeiras de arcar
com as custas e despesas processuais sem prejuízo do sustento próprio, pelo que requer, com
fulcro no art. 99 do NCPC, na Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e na Lei Federal 1060/50,
o benefício da GRATUIDADE DE JUSTIÇA.

II - DOS FATOS

A acionante é proprietária do veículo HB20X 1.6 PREMIUM G-2, Chassi:


9BHBG51DBKP933597, ANO: 2018/2019, adquirido novo, zero quilômetros, em 24 de julho
de 2018 junto à acionada, tendo recebido o veículo em 31.07.2018.

O veículo custou à autora o valor de R$ 65.000,00 (sessenta e cinco mil reais), e quando da
aquisição, fora-lhes assegurado uma garantia contratual de 5 (cinco) anos a contar daquela data.
Ocorre que, MENOS DE 10 MESES DA AQUISIÇÃO, o veículo novo apresentou barulho
anormal na parte dianteira e precisou ser guinchado, evidenciando vício redibitório grave.

E Ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu direito como o meio-dia” (Salmos 37:6)
Rua C, Casa nº 31, Conjunto Feira IV, Bairro Tanque da Nação, CEP 44085.000, Feira de Santana, Celular: (75) 992108057.
A acionada identificou que o vício oculto era justamente na CAIXA DE DIREÇÃO DO
VEÍCULO, QUE PRECISOU SER SUBSTITUÍDA EM 16.04.2019, quando o veículo só
tinha percorrido 7882 Km após a aquisição, conforme Ordem de Serviço n. 38062 anexa.

Mesmo com a troca, considerando que esta era uma peça principal, desde então o veículo
apresenta barulhos e vícios recorrentes, a autora deu entrada em ordem de serviços na
demandada diversas vezes (docs anexos), em uma luta desgastante que jamais imaginou
vivenciar quando dispendeu suas finanças para compra de um veículo novo que pudesse, em
tese, lhe trazer a segurança que dele se espera, bem como o seu uso normal, o que nunca ocorreu.

Na data da primeira revisão junto à acionada, em 13.08.2019, a autora novamente relatou


barulho na parte dianteira do veículo e na ordem de serviço (40961) consta que foi feito apenas
ajuste no porta óculos e troca de óleo.

Contudo, poucos meses após a primeira revisão, em 13.12.2019, a autora teve novo problema
com o veículo, novamente decorrente do vício na caixa/coluna de direção, sendo que a caixa de
direção havia sido trocada em abril daquele mesmo ano. Conforme OS 44163 anexa, a autora
identificou barulho ao transitar em calçamento e a acionada constatou tratar-se de “coluna de
direção com folga interna”. A autora reclamou também do barulho no freio e engrenagem
ao realizar curvas fechadas, porém, a acionada realizou teste de rodagem e alegou que era
uma característica do veículo e realizou apenas ajustes necessários na mala e porta luvas,
após reclamação da consumidora.

Apesar do grave problema identificado justamente na coluna de direção, a acionada apenas


realizou o pedido da peça que estava na garantia, não ofereceu outro veículo à autora,
desatendendo a previsão legal de garantir a segurança ao consumidor e, absurdamente, a autora
retornou com o veículo apresentando barulho decorrente deste vício. De forma arriscada e
insegura, a consumidora permaneceu com o veículo nestas condições até que a acionada
recebesse a peça correta e efetuasse a troca, mais de dois meses depois.

Em 23.01.2020, OS n. 45284 a acionada agendou o serviço para troca da peça, mas NÃO
EFETUOU A TROCA DA PEÇA DA COLUNA DE DIREÇÃO PORQUE A PEÇA
ESTAVA ERRADA e, conforme consta na ordem de serviço, realizou novo pedido de peça.
Mais uma vez, autora continuou aguardando e transitando com o veículo com sério problema
mecânico. Nesta data de 23.01.2020, além do vício na coluna de direção a autora identificou e
relatou o barulho do L/D traseiro e novamente, no porta malas e porta luvas, tendo a acionada
novamente afirmado ter feito ajuste.

Apenas em 10.02.2020 a acionada contatou a autora para informar que a peça solicitada havia
chegado e agendou o serviço para 14.02.2020, porém, pasmem Excelência, tamanha a
irresponsabilidade, negligência e má-prestação do serviço por parte da acionada, que
desrespeitando o sofrimento e segurança da autora, novamente NÃO REALIZOU A TROCA
DA PEÇA NESTA DATA, POIS PELA SEGUNDA VEZ A PEÇA ESTAVA ERRADA,
tendo feito novo pedido da peça, conforme Ordem de Serviço n. 45836.

E Ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu direito como o meio-dia” (Salmos 37:6)
Rua C, Casa nº 31, Conjunto Feira IV, Bairro Tanque da Nação, CEP 44085.000, Feira de Santana, Celular: (75) 992108057.
Isso tudo, sem contar o desgaste, frustrações e transtornos, a acionada colocava a vida da
autora em risco, pois em momento algum disponibilizou outro veículo para sua utilização, a
autora, desde a primeira reclamação em 13.12.2019 e entre idas e vindas inúteis na
acionada, permanecia transitando com um veículo totalmente comprometido. Apenas em
21.02.2020, MAIS DE DOIS MESES DEPOIS, a acionada efetivamente realizou a
SUBSTITUIÇÃO EM GARANTIA DA COLUNA DE DIREÇÃO DA AUTORA.

Em 22.02.2020 ao receber o carro em casa, a autora percebeu que os retrovisores estavam


desajustado, devido a uma regulagem na programação realizada pela acionada em que não
fizeram o ajuste elétrico e não era possível ajustar manualmente. Como era feriado e a autora iria
viajar para São Gonçalo, a autora teve que viajar aflita com os retrovisores em posição irregular,
arriscando-se, pois não tinha como adiar a viagem (conversa via whatsapp anexa).

Após o feriado, em 26.02.2020, a autora teve que ir ao pátio da acionada para que, enfim,
fizessem o ajuste necessário e não realizado no momento devido. Cita-se aqui, além da
inaceitável situação de viajar com os retrovisores desalinhados, ainda, a perda de tempo útil da
consumidora em decorrência da má-prestação do serviço por parte da acionada.

Em 27.08.2020 a autora realizou a segunda revisão do veículo (OS 49252), com a


quilometragem rodada de apenas 14.574km, novamente havia problemas com o porta malas,
tendo a acionada informado que realizou ajuste. Nesta ocasião, a autora relatou, também, que o
carro estava apresentando barulho quando acelerava, “tipo uma cigarra”, mas a acionada,
leviana e absurdamente, afirmou que fez testes e “não encontrou anormalidades”.

No dia 10.08.2021 (OS 56924), com apenas 19.000 km rodados, para tristeza e revolta da
autora, o veículo voltou a apresentar barulho na parte dianteira, o mesmo que apresentou
quando foi necessário troca a caixa de direção (14.04.2019). Nesta oportunidade, a acionada
identificou problema também no motor do veículo, contudo, simplesmente efetuou apenas a
troca do conjunto de filtro de óleo e do bujão do motor e, obviamente, o barulho permaneceu.

Desta forma, a autora teve que voltar ao pátio da acionada em 18.01.2022 (OS 60.590) para
novamente buscar solução quanto aos vícios recorrente no veículo e, desta vez, a acionada
identificou que “a junta universal apresentava ruído ao passar em calçamento irregular” e
efetuou a substituição da junta universal em garantia. Ocorre que o veículo continua
apresentando ruídos e resta evidente que não está em condições de uso e nem proporciona à
autora a segurança que dele se espera. Frisa-se que, quando da realização dos serviço, todas as
vezes a autora ficou sem carro, enquanto aguardava a conclusão do serviço.

Resta incontroverso que, desde a troca da caixa de direção, ocorrida após poucos meses da
compra, desencadeou-se a apresentação de diversos vícios redibitórios no veículo, que segue
apresentando problemas constantemente, tendo adentrado no pátio da acionada diversas vezes,
todas sem solução satisfatória, posto que se faz necessário a exigível substituição do veículo por
outro em perfeitas condições de uso.

Razão pela qual, não restou alternativa à autora, senão socorrer-se ao Judiciário para pleitear o
fim dessa luta angustiante de insegurança, transtornos e sofrimento com o veículo, fazendo
E Ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu direito como o meio-dia” (Salmos 37:6)
Rua C, Casa nº 31, Conjunto Feira IV, Bairro Tanque da Nação, CEP 44085.000, Feira de Santana, Celular: (75) 992108057.
cessar as constantes idas à concessionária para soluções temporárias e pontuais que não
resolverão o problema do veículo como um todo. Isto porque, o carro já se evidenciou impróprio
para o uso e a única solução é a substituição do automóvel por outro da mesma marca, nas
condições em que a autora comprou, ou seja, novo, e em perfeita condição de uso sem risco e
sem mais transtornos.

Por todo o exposto, Excelência, verifica-se a necessidade da imediata substituição do veículo


objeto da lide, pois o mesmo não apresenta qualquer condição mínima de segurança e
qualidade para uso. Apenas da análise dos fatos documentalmente comprovados, resta
evidenciado o inconteste risco à vida da autora e de terceiros, inclusive, caso a autora
continue transitando com o automóvel até o final da demanda.

Diante disto, do nítido perigo de dano, requer, desde logo, a CONCESSÃO DA TUTELA DE
URGÊNCIA, para determinar que a acionada disponibilize à Autora outro veículo da
mesma espécie em perfeitas condições de uso até decisão definitiva; com fulcro no artigo
18, § 1º, inciso II do CDC, c/c com o artigo 300 do CPC.

Face ao exposto, a Autora busca socorrer-se da tutela jurisdicional com o fito de alcançar a
definitiva substituição do seu automóvel, bem como o ressarcimento pelos danos materiais
sofridos, contabilizados em R$ 8.929,21 (oito mil, novecentos e vinte nove reais e vinte e um
centavos) e pelos incontestes danos morais sofridos.

III – DO DIREITO

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Em face da verossimilhança das alegações e da hipossuficiência dos Autores, requer seja


deferida a inversão do ônus da prova em benefício do consumidor, nos termos do art. 6º, inciso
VII, do Código de Defesa do Consumidor.

O Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 18, estabelece a responsabilidade


solidária dos fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis pelos vícios de
qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se
destinam ou lhes diminuam o valor, fixando um prazo para que o vício seja sanado.

Contudo, o § 3° do referido artigo 18 do CDC acrescenta que o consumidor poderá fazer uso
imediato das alternativas do § 1° deste dispositivo sempre que, em razão da extensão do vício, a
substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto,
diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.

Embora a Lei consumerista não especifique quais são os produtos essenciais, a jurisprudência
tem entendido que veículos particulares se enquadram neste conceito, como não poderia deixar
de ser, pois é um verdadeiro martírio aos consumidores o fato de permanecerem sem o carro que
possui, razão pela qual se aplica o supramencionado § 3º do art. 18 do CDC, que ordena a
substituição imediata do produto.

E Ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu direito como o meio-dia” (Salmos 37:6)
Rua C, Casa nº 31, Conjunto Feira IV, Bairro Tanque da Nação, CEP 44085.000, Feira de Santana, Celular: (75) 992108057.
Não há dúvidas que veículo é produto essencial sem o qual o proprietário resta totalmente
prejudicado em sua locomoção e na realização de suas atividades, este é o entendimento
consolidado nos Tribunais pátrios, consubstanciado na decisão abaixo:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. DIREITO DO


CONSUMIDOR. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E
MATERIAIS. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO ZERO QUILÔMETRO.
VÍCIO DE QUALIDADE. PRODUTO DE NATUREZA DURÁVEL.
DEFEITO. COMPROVAÇÃO EM LAUDO PERICIAL. SUCESSIVAS
IDAS E VINDAS À CONCESSIONÁRIA. TROCA PARCIAL DO
MOTOR. INTELIGÊNCIA DO § 1º DO ARTIGO 18 DO CDC.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO FABRICANTE E DA
CONCESSIONÁRIA.. DEVER DE SUBSTITUIÇÃO DO VEÍCULO
POR UM NOVO DO MESMO MODELO DANOS MORAIS
CONFIGURADOS. INDENIZAÇÃO. VALOR DA REPARAÇÃO.
CRITÉRIOS PARA FIXAÇÃO. APELAÇÃO PROVIDA
PARCIALMENTE. (Classe: Apelação,Número do Processo: 0060102-
92.2008.8.05.0001, Relator (a): Pilar Celia Tobio de Claro, Primeira
Câmara Cível, Publicado em: 27/10/2017)

CONSUMIDOR E PROCESSO CIVIL - APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO


DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM INDENIZAÇÃO
POR PERDAS E DANOS - RELAÇÃO DE CONSUMO - VÍCIO
OCULTO - VEÍCULO ZERO QUILÔMETRO - SUBSTITUIÇÃO DO
VEÍCULO - DANOS MATERIAIS POR ARBITRAMENTO -
SENTENÇA MANTIDA. 1) Tratando-se de relação de consumo e uma
vez aparelhada a inicial com documentos que comprovam que o
automóvel zero quilômetro adquirido pela parte autora apresentou
diversos problemas em curtíssimo espaço de tempo, os quais não
foram devidamente solucionados, configura-se o vício do produto e o
defeito na prestação dos serviços que impõe às empresas rés
(fabricante e concessionária) as obrigações de substituição do bem e
de reparação quanto aos danos materiais causados; 2) Apelo conhecido e
desprovido. (TJ-AP-APL: 00652226320148030001AP, Relator:
Desembargador MANOEL BRITO, Data de Julgamento: 18.10.2018,
Tribunal).

PROCESSO CIVIL E DIREITO DO CONSUMIDOR. AGRAVO DE


INSTRUMENTO. DEMANDA COMINATÓRIA E INDENIZATÓRIA.
VEÍCULO UTILITÁRIO NOVO. DIVERSOS DEFEITOS EM
CURTO ESPAÇO DE TEMPO. ESSENCIALIDADE DO
PRODUTO VICIADO. RISCO À ATIVIDADE ECONÔMICA E À
VIDA DO CONSUMIDOR. POSSIBILIDADE DE O CONSUMIDOR
REQUERER A IMEDIATA SUBSTITUIÇÃO DO PRODUTO.
APLICAÇÃO DO ART. 18, § 3º, DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR. IMPROVIMENTO. I - Presente prova inequívoca da
verossimilhança de que O VEÍCULO ADQUIRIDO PELO
CONSUMIDOR, TRATANDO-SE DE PRODUTO ESSENCIAL A QUE
ALUDE O § 3º DO ART. 18 DO CDC, padeceu de diversos vícios em
poucos dias após a entrega pela concessionária que, além de porem em
risco a vida e atividade econômica exercida pelo consumidor,
demonstraram a não confiabilidade do automóvel, bem como o não
E Ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu direito como o meio-dia” (Salmos 37:6)
Rua C, Casa nº 31, Conjunto Feira IV, Bairro Tanque da Nação, CEP 44085.000, Feira de Santana, Celular: (75) 992108057.
atendimento das expectativas para o qual foi adquirido, aliada ao fato
de não haver irreversibilidade da medida e de existir periculum in mora
em favor do consumidor, válida e devida é a antecipação de tutela
concedida para substituir o produto viciado; II - se o consumidor adquire
veículo, sobretudo para fins profissionais, tornando-o produto essencial, e
este apresenta inúmeros defeitos, que lhe põem em risco a vida e a
própria continuidade da atividade, desnecessário se apresenta perquirir o
prazo prescrito no § 1º do artigo 18 do CDC podendo, desde já, requerer a
substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas
condições de uso, albergado no § 3ª do mesmo artigo e comando legal;
III - ainda que atualmente o veículo esteja reparado, a substituição de que
trata o § 1º do art. 18 do CDC é medida que se impõe, porquanto o § 3º do
mesmo dispositivo legal não limita a faculdade de o consumidor exigir de
pronto a substituição do produto essencial defeituoso. Ao reverso,
impõe a substituição imediata do produto viciado, caso seja essencial; IV
- agravo de instrumento não provido. (TJ-MA - AG: 88082010 MA ,
Relator: CLEONES CARVALHO CUNHA, Data de Julgamento:
11/05/2010, SAO LUIS).

No caso dos autos, a demandada tinha a obrigação legal de fornecer à Autora, desde o primeiro
instante, outro veículo, em perfeitas condições de uso para que ela o utilizasse até a troca da
peça, notadamente por se tratar de caixa e coluna de direção, bem como, em todas as ocasiões em
que o automóvel esteve no pátio da acionada para reparo, conforme ordena o § 3º do art. 18 do
CDC.

Além disso, quando a demandada constatou, face aos subsequentes retornos, que não tinham
condições de sanar o vício, deveriam efetuar a substituição do produto por outro da mesma
espécie, em perfeitas condições de uso; ou efetuar a restituição imediata da quantia paga,
monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; com fulcro no artigo 18, §
1º do CDC, é o que aqui pleiteiam os autores.

IV - DA SUSBTITUIÇÃO DO AUTOMÓVEL

O artigo 10 do Código de Defesa do Consumidor ao expor acerca da qualidade de produtos e


serviços, da prevenção e da reparação dos danos na tentativa de proteger a saúde e segurança dos
consumidores, prevê o que segue:

Art. 10. O FORNECEDOR NÃO PODERÁ COLOCAR NO


MERCADO DE CONSUMO PRODUTO OU SERVIÇO QUE SABE
OU DEVERIA SABER APRESENTAR ALTO GRAU DE
NOCIVIDADE OU PERICULOSIDADE À SAÚDE OU
SEGURANÇA.

§ 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua


introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da
periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato
imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores,
mediante anúncios publicitários.

E Ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu direito como o meio-dia” (Salmos 37:6)
Rua C, Casa nº 31, Conjunto Feira IV, Bairro Tanque da Nação, CEP 44085.000, Feira de Santana, Celular: (75) 992108057.
Insta esclarecer que o prazo fixado no art. 18 do CDC para sanar vício de produto ou serviço
conta-se uma única vez e com a continuidade do vício o Autor pode lançar mão, imediatamente,
das alternativas elencadas nos incisos deste dispositivo, abaixo transcrito:

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não


duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou
quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que
se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as
variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a
substituição das partes viciadas.

§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o


consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a substituição do
produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; II - a
restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem
prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do
preço.

Assim, diante de todos os fatos já narrados e da garantia legal, opta e pleiteia a Autora pela
imediata substituição definitiva do carro por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de
uso, como legalmente lhe é garantido.

V - DO DANO MORAL

No presente caso, os graves danos morais sofridos pela Autora restam plenamente evidenciados,
não há que se discutir que a conduta negligente das acionadas violaram a dignidade, a honra e
ameaçaram a segurança e saúde da acionante.

Tais danos, já discriminados na parte fática desta inicial, configuraram-se nas incontáveis vezes
em que o carro ficou na concessionária para reparo. Vale citar, que dentre estas, por duas
vezes a autora foi agendada para a troca da coluna de direção e após levar o veículo e este
ser desmontado, a acionada verificou que a peça a ser trocada estava errada e devolveu o
veículo sem efetuar o reparo e com problema mecânico na direção para a autora transitar
como se nada estivesse errado, comprometendo a sua segurança.

Neste sentido, só em relação a este problema, demorou mais de dois meses para efetuar a
troca da coluna de direção, fazendo a autora aguardar com o carro em notória situação de
risco.

A acionada sempre agiu de forma irresponsável e leviana, por vezes informando que não
evidenciava anormalidade nos barulhos graves identificados no veículo, que era
característica do carro, e em outras ocasiões, efetuava reparos provisórios e pontuais não
suficientes à resolução do vício, deixando a Autora situação de risco, causando-lhe tristeza,
frustração, revolta, inconformismo e real risco de acidente.

E Ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu direito como o meio-dia” (Salmos 37:6)
Rua C, Casa nº 31, Conjunto Feira IV, Bairro Tanque da Nação, CEP 44085.000, Feira de Santana, Celular: (75) 992108057.
Vale citar, ainda, a entrega do veículo com os retrovisores desregulados eletronicamente,
nas vésperas de um feriado e viagem da autora.

Além disso, resta configurado os graves danos morais com a aflição do veículo apresentar
problema e ser levado por guincho logo após ter sido comprado, com problema justamente
na caixa de direção.

São inafastáveis e notórios os transtornos vivenciados pela autora em ter que retornar ao
pátio da acionada por problemas recorrentes que evidenciavam ter sido o carro comprado
já com vício redibitório que comprometeu o seu uso desde a aquisição. Situação que causa
dor à autora que jamais imaginou vivenciar tanto desgaste com a compra do seu automóvel
zero quilômetros.

Ademais, no presente momento a autora segue tendo que lidar com o barulho na parte
dianteira do veículo, tendo tentado resolver no último dia 18.01.2022 (OS 60.590), mas sem
êxito, estando vulnerável e exposta a toda espécie de risco decorrente dos problemas
mecânicos no carro. Resta impossibilitados de usufruir do seu bem com a paz e
tranquilidade exigível, o que gera na demandante absoluta revolta e indignação. É
lamentável efetuar a compra de automóvel de alto custo, com tantas expectativas e
necessidade de uso, para tê-las frustradas de forma tão grave, Exa.

Os Tribunais brasileiros têm decidido que o dano moral resta totalmente configurado quando há
demora na reparação de produtos essenciais e os fornecedores descumprem a obrigação de
substituição imediata do bem, como ocorre no caso dos Autores.

Os requerentes, vale reprisar, sofreram toda espécie de descaso e negligência por parte das
demandadas, se irritaram com toda esta situação, com as repetidas condutas ilícitas e a total falta
de respeito evidenciada. Ensina Maria Helena Diniz (2013) que “o dano pode ser definido como
a lesão (diminuição ou destruição) que, devido a certo evento, sofre uma pessoa, contra sua
vontade, em qualquer bem ou interesse jurídico, patrimonial e moral”

Não restam dúvidas que o dano moral definido por Dalmartello, citado por Yussef Said Cahali
(2011) como “a privação ou diminuição daqueles bens que têm um valor precípuo na vida do
homem e que são a paz, a tranquilidade de espírito, a liberdade individual, a integridade
individual, a integridade física, a honra e os demais sagrados afetos” está plenamente
configurado.

Estando presente o nexo de causalidade entre as condutas ilícitas e os graves danos morais aqui
demonstrado, pleiteia os Autores pela cabível indenização compensatória destes danos.

VI - DO PEDIDO LIMINAR

O art. 84 do Código de Defesa do Consumidor dispõe acerca da possibilidade do juiz conceder a


tutela específica da obrigação ou a adoção de providências que assegurem o resultado prático
equivalente ao do adimplemento, nas ações que tenham por objeto o cumprimento da obrigação
de fazer ou não fazer.
E Ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu direito como o meio-dia” (Salmos 37:6)
Rua C, Casa nº 31, Conjunto Feira IV, Bairro Tanque da Nação, CEP 44085.000, Feira de Santana, Celular: (75) 992108057.
Observa-se que a norma consumerista não aponta qualquer requisito à concessão desta tutela
específica, ainda assim, a presente demanda atende aos requisitos do art. 300 do CPC, vejamos:

Nos termos do art. 300 do CPC, tem-se que: A tutela de urgência será concedida quando
houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.

A probabilidade do direito configura-se por meio do robusto conjunto probatório anexo, das
diversas ordens de serviço constatando o vício, as inúmeras vezes em que o veículo entrou no
pátio da acionada, inclusive, guinchado; tudo isto comprova a extensão e impossibilidade de
reparação do vício.

Neste contexto, é inconteste que a Autora não tem condições de permanecer com o carro objeto
da lide até resolução final do litígio, pois o mesmo não está em perfeitas condições de uso, e
compromete a vida da autora e até de terceiros no trânsito, podendo causar acidentes graves.

Ademais, no presente momento o veículo está apresentando barulho na parte dianteira,


mais uma vez, sendo que no último dia 18.01.2022 (OS 60.590) a acionada alegou ter
reparado problemas na junta universal. Frisa-se que, a acionada jamais disponibilizou
veículo reserva e a autora necessita do seu veículo, produto essencial, para se locomover.

A autora também não têm mais condições de continuar sofrendo os transtornos decorrentes desta
situação, de sofrer com problemas mecânicos, ter o carro levado por guincho, retornar ao pátio
da acionada, tão pouco arcar com os custos de outro meio de transporte ou locação de veículo, de
modo que, o fundado receio de dano irreparável se perfaz com a manutenção desta situação
irregular durante todo andamento do processo.

Ademais, não há perigo de irreversibilidade do provimento antecipado.

O perigo de dano reside na manutenção da situação de irregular, da impossibilidade ou risco de


uso do veículo que está apresentando barulho na parte dianteira, não oferece condição de uso e
jamais ofereceu segurança a autora, pelo contrário, ameaça a mesma de sofrer acidente graves de
trânsito em decorrência dos problemas mecânicos já identificados. Há sério e real perigo à vida
da autora. O dano, na realidade, já vem se perpetrando na vida da Autora , face aos intermináveis
transtornos vivenciados, notadamente de ao sair da concessionária sem reparo pois, por duas
vezes a peça a ser trocada estava errada e de ter que retornar pelo fato dos retrovisores estavam
desajustados eletronicamente.

Considerando, pois, a situação de urgência aqui demonstrada, requer a Autora, em caráter


liminar, que seja concedida a TUTELA DE URGÊNCIA para determinar que as demandadas
disponibilizem à Autora, imediatamente, outro veículo da mesma espécie em perfeitas
condições de uso até decisão definitiva determinando a substituição do automóvel.

Ademais, não há perigo de irreversibilidade do provimento antecipado.


E Ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu direito como o meio-dia” (Salmos 37:6)
Rua C, Casa nº 31, Conjunto Feira IV, Bairro Tanque da Nação, CEP 44085.000, Feira de Santana, Celular: (75) 992108057.
VII - DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Pelo exposto, requer a Vossa Excelência:

 seja determinada a citação da Ré no endereço acima indicados para,


querendo, contestar a presente ação no prazo legal, sob pena de revelia e
efeitos do art. 344 do CPC;
 seja deferida a inversão do ônus da prova, a favor dos autores, nos
termos do art. 6º, inciso VIII do CDC.
 conceda a GRATUIDADE DA JUSTIÇA, por ser a Autora pessoa
juridicamente pobre, sem condições de arcar com as custas processuais e
honorários advocatícios, sem prejuízo ao sustento próprio e de suas
famílias, com fulcro no art. 99 do CPC, artigo 5º, LXXIV e na Lei
Federal 1060/50.
 seja deferida a TUTELA DE URGÊNCIA com a concessão do
PEDIDO LIMINAR, inaudita altera pars, para determinar que a Ré
DISPONIBILIZE IMEDIATAMENTE À AUTORA OUTRO
VEÍCULO DA MESMA ESPÉCIE EM PERFEITAS CONDIÇÕES
DE USO, até o final da demanda, sob pena de multa diária no valor
de R$ 500,00 (quinhentos reais), com fulcro no art. 300 do CPC c/c art.
7º, inciso III da Lei 12.016/2009.

No MÉRITO, seja julgado TOTALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO para,


definitivamente, condenar a demanda a:

I - SUBSTITUIR O CARRO da demandante por outro da mesma espécie


em perfeitas condições de uso ou a efetuarem a RESTITUIÇÃO
IMEDIATA DA QUANTIA PAGA PELA AUTORA NA COMPRA DO
CARRO, MONETARIAMENTE ATUALIZADA, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos.
II – indenizar a Autora pelos danos morais sofridos, em valor a ser
arbitrado por este Juízo, não inferior a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais),
levando-se em consideração todos os infindáveis transtornos por esta
vivenciados, as inúmeras vezes que o vício reapareceu e o veículo
retornou ao pátio da concessionária, o fato da transitar com o veículo
com problemas na direção porque a acionada não disponibilizou em
veículo reserva em nenhum momento, a condição financeira das partes e
o caráter compensatório, punitivo e pedagógico da indenização.

 A juntada dos documentos em anexo.


 Em atenção ao art. 319, VII, o Autor opta pela realização de audiência de
conciliação ou de mediação.
 a condenação dos demandados ao pagamento de honorários advocatícios na base
de 20% sobre o valor da condenação, nos termos do art. 85, § 2º do CPC.
E Ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu direito como o meio-dia” (Salmos 37:6)
Rua C, Casa nº 31, Conjunto Feira IV, Bairro Tanque da Nação, CEP 44085.000, Feira de Santana, Celular: (75) 992108057.
Protesta pela produção de todas as provas em direito admitidas, em especial a
documental, pericial e testemunhal.

Requer que as intimações e publicações sejam feitas exclusivamente em nome da


advogada Fábia Larissa Almeida Cerqueira (OAB/BA 44337), sob pena de nulidade.

VIII - DO VALOR DA CAUSA


Dá-se a causa o valor de R$ xxx.000,00 (xxx mil reais).

Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Feira de Santana, 28 de janeiro de 2021.

Fabia Larissa Almeida Cerqueira


OAB/BA nº 44.337.

Flávia de Araújo Sodré de Menêses


Estagiária de Direito

E Ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu direito como o meio-dia” (Salmos 37:6)
Rua C, Casa nº 31, Conjunto Feira IV, Bairro Tanque da Nação, CEP 44085.000, Feira de Santana, Celular: (75) 992108057.

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