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I - DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Inicialmente, declara a Autora, sob as penas da lei, que não têm condições financeiras de arcar
com as custas e despesas processuais sem prejuízo do sustento próprio, pelo que requer, com
fulcro no art. 99 do NCPC, na Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e na Lei Federal 1060/50,
o benefício da GRATUIDADE DE JUSTIÇA.
II - DOS FATOS
O veículo custou à autora o valor de R$ 65.000,00 (sessenta e cinco mil reais), e quando da
aquisição, fora-lhes assegurado uma garantia contratual de 5 (cinco) anos a contar daquela data.
Ocorre que, MENOS DE 10 MESES DA AQUISIÇÃO, o veículo novo apresentou barulho
anormal na parte dianteira e precisou ser guinchado, evidenciando vício redibitório grave.
E Ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu direito como o meio-dia” (Salmos 37:6)
Rua C, Casa nº 31, Conjunto Feira IV, Bairro Tanque da Nação, CEP 44085.000, Feira de Santana, Celular: (75) 992108057.
A acionada identificou que o vício oculto era justamente na CAIXA DE DIREÇÃO DO
VEÍCULO, QUE PRECISOU SER SUBSTITUÍDA EM 16.04.2019, quando o veículo só
tinha percorrido 7882 Km após a aquisição, conforme Ordem de Serviço n. 38062 anexa.
Mesmo com a troca, considerando que esta era uma peça principal, desde então o veículo
apresenta barulhos e vícios recorrentes, a autora deu entrada em ordem de serviços na
demandada diversas vezes (docs anexos), em uma luta desgastante que jamais imaginou
vivenciar quando dispendeu suas finanças para compra de um veículo novo que pudesse, em
tese, lhe trazer a segurança que dele se espera, bem como o seu uso normal, o que nunca ocorreu.
Contudo, poucos meses após a primeira revisão, em 13.12.2019, a autora teve novo problema
com o veículo, novamente decorrente do vício na caixa/coluna de direção, sendo que a caixa de
direção havia sido trocada em abril daquele mesmo ano. Conforme OS 44163 anexa, a autora
identificou barulho ao transitar em calçamento e a acionada constatou tratar-se de “coluna de
direção com folga interna”. A autora reclamou também do barulho no freio e engrenagem
ao realizar curvas fechadas, porém, a acionada realizou teste de rodagem e alegou que era
uma característica do veículo e realizou apenas ajustes necessários na mala e porta luvas,
após reclamação da consumidora.
Em 23.01.2020, OS n. 45284 a acionada agendou o serviço para troca da peça, mas NÃO
EFETUOU A TROCA DA PEÇA DA COLUNA DE DIREÇÃO PORQUE A PEÇA
ESTAVA ERRADA e, conforme consta na ordem de serviço, realizou novo pedido de peça.
Mais uma vez, autora continuou aguardando e transitando com o veículo com sério problema
mecânico. Nesta data de 23.01.2020, além do vício na coluna de direção a autora identificou e
relatou o barulho do L/D traseiro e novamente, no porta malas e porta luvas, tendo a acionada
novamente afirmado ter feito ajuste.
Apenas em 10.02.2020 a acionada contatou a autora para informar que a peça solicitada havia
chegado e agendou o serviço para 14.02.2020, porém, pasmem Excelência, tamanha a
irresponsabilidade, negligência e má-prestação do serviço por parte da acionada, que
desrespeitando o sofrimento e segurança da autora, novamente NÃO REALIZOU A TROCA
DA PEÇA NESTA DATA, POIS PELA SEGUNDA VEZ A PEÇA ESTAVA ERRADA,
tendo feito novo pedido da peça, conforme Ordem de Serviço n. 45836.
E Ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu direito como o meio-dia” (Salmos 37:6)
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Isso tudo, sem contar o desgaste, frustrações e transtornos, a acionada colocava a vida da
autora em risco, pois em momento algum disponibilizou outro veículo para sua utilização, a
autora, desde a primeira reclamação em 13.12.2019 e entre idas e vindas inúteis na
acionada, permanecia transitando com um veículo totalmente comprometido. Apenas em
21.02.2020, MAIS DE DOIS MESES DEPOIS, a acionada efetivamente realizou a
SUBSTITUIÇÃO EM GARANTIA DA COLUNA DE DIREÇÃO DA AUTORA.
Após o feriado, em 26.02.2020, a autora teve que ir ao pátio da acionada para que, enfim,
fizessem o ajuste necessário e não realizado no momento devido. Cita-se aqui, além da
inaceitável situação de viajar com os retrovisores desalinhados, ainda, a perda de tempo útil da
consumidora em decorrência da má-prestação do serviço por parte da acionada.
No dia 10.08.2021 (OS 56924), com apenas 19.000 km rodados, para tristeza e revolta da
autora, o veículo voltou a apresentar barulho na parte dianteira, o mesmo que apresentou
quando foi necessário troca a caixa de direção (14.04.2019). Nesta oportunidade, a acionada
identificou problema também no motor do veículo, contudo, simplesmente efetuou apenas a
troca do conjunto de filtro de óleo e do bujão do motor e, obviamente, o barulho permaneceu.
Desta forma, a autora teve que voltar ao pátio da acionada em 18.01.2022 (OS 60.590) para
novamente buscar solução quanto aos vícios recorrente no veículo e, desta vez, a acionada
identificou que “a junta universal apresentava ruído ao passar em calçamento irregular” e
efetuou a substituição da junta universal em garantia. Ocorre que o veículo continua
apresentando ruídos e resta evidente que não está em condições de uso e nem proporciona à
autora a segurança que dele se espera. Frisa-se que, quando da realização dos serviço, todas as
vezes a autora ficou sem carro, enquanto aguardava a conclusão do serviço.
Resta incontroverso que, desde a troca da caixa de direção, ocorrida após poucos meses da
compra, desencadeou-se a apresentação de diversos vícios redibitórios no veículo, que segue
apresentando problemas constantemente, tendo adentrado no pátio da acionada diversas vezes,
todas sem solução satisfatória, posto que se faz necessário a exigível substituição do veículo por
outro em perfeitas condições de uso.
Razão pela qual, não restou alternativa à autora, senão socorrer-se ao Judiciário para pleitear o
fim dessa luta angustiante de insegurança, transtornos e sofrimento com o veículo, fazendo
E Ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu direito como o meio-dia” (Salmos 37:6)
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cessar as constantes idas à concessionária para soluções temporárias e pontuais que não
resolverão o problema do veículo como um todo. Isto porque, o carro já se evidenciou impróprio
para o uso e a única solução é a substituição do automóvel por outro da mesma marca, nas
condições em que a autora comprou, ou seja, novo, e em perfeita condição de uso sem risco e
sem mais transtornos.
Diante disto, do nítido perigo de dano, requer, desde logo, a CONCESSÃO DA TUTELA DE
URGÊNCIA, para determinar que a acionada disponibilize à Autora outro veículo da
mesma espécie em perfeitas condições de uso até decisão definitiva; com fulcro no artigo
18, § 1º, inciso II do CDC, c/c com o artigo 300 do CPC.
Face ao exposto, a Autora busca socorrer-se da tutela jurisdicional com o fito de alcançar a
definitiva substituição do seu automóvel, bem como o ressarcimento pelos danos materiais
sofridos, contabilizados em R$ 8.929,21 (oito mil, novecentos e vinte nove reais e vinte e um
centavos) e pelos incontestes danos morais sofridos.
III – DO DIREITO
Contudo, o § 3° do referido artigo 18 do CDC acrescenta que o consumidor poderá fazer uso
imediato das alternativas do § 1° deste dispositivo sempre que, em razão da extensão do vício, a
substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto,
diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.
Embora a Lei consumerista não especifique quais são os produtos essenciais, a jurisprudência
tem entendido que veículos particulares se enquadram neste conceito, como não poderia deixar
de ser, pois é um verdadeiro martírio aos consumidores o fato de permanecerem sem o carro que
possui, razão pela qual se aplica o supramencionado § 3º do art. 18 do CDC, que ordena a
substituição imediata do produto.
E Ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu direito como o meio-dia” (Salmos 37:6)
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Não há dúvidas que veículo é produto essencial sem o qual o proprietário resta totalmente
prejudicado em sua locomoção e na realização de suas atividades, este é o entendimento
consolidado nos Tribunais pátrios, consubstanciado na decisão abaixo:
No caso dos autos, a demandada tinha a obrigação legal de fornecer à Autora, desde o primeiro
instante, outro veículo, em perfeitas condições de uso para que ela o utilizasse até a troca da
peça, notadamente por se tratar de caixa e coluna de direção, bem como, em todas as ocasiões em
que o automóvel esteve no pátio da acionada para reparo, conforme ordena o § 3º do art. 18 do
CDC.
Além disso, quando a demandada constatou, face aos subsequentes retornos, que não tinham
condições de sanar o vício, deveriam efetuar a substituição do produto por outro da mesma
espécie, em perfeitas condições de uso; ou efetuar a restituição imediata da quantia paga,
monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; com fulcro no artigo 18, §
1º do CDC, é o que aqui pleiteiam os autores.
IV - DA SUSBTITUIÇÃO DO AUTOMÓVEL
E Ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu direito como o meio-dia” (Salmos 37:6)
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Insta esclarecer que o prazo fixado no art. 18 do CDC para sanar vício de produto ou serviço
conta-se uma única vez e com a continuidade do vício o Autor pode lançar mão, imediatamente,
das alternativas elencadas nos incisos deste dispositivo, abaixo transcrito:
Assim, diante de todos os fatos já narrados e da garantia legal, opta e pleiteia a Autora pela
imediata substituição definitiva do carro por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de
uso, como legalmente lhe é garantido.
V - DO DANO MORAL
No presente caso, os graves danos morais sofridos pela Autora restam plenamente evidenciados,
não há que se discutir que a conduta negligente das acionadas violaram a dignidade, a honra e
ameaçaram a segurança e saúde da acionante.
Tais danos, já discriminados na parte fática desta inicial, configuraram-se nas incontáveis vezes
em que o carro ficou na concessionária para reparo. Vale citar, que dentre estas, por duas
vezes a autora foi agendada para a troca da coluna de direção e após levar o veículo e este
ser desmontado, a acionada verificou que a peça a ser trocada estava errada e devolveu o
veículo sem efetuar o reparo e com problema mecânico na direção para a autora transitar
como se nada estivesse errado, comprometendo a sua segurança.
Neste sentido, só em relação a este problema, demorou mais de dois meses para efetuar a
troca da coluna de direção, fazendo a autora aguardar com o carro em notória situação de
risco.
A acionada sempre agiu de forma irresponsável e leviana, por vezes informando que não
evidenciava anormalidade nos barulhos graves identificados no veículo, que era
característica do carro, e em outras ocasiões, efetuava reparos provisórios e pontuais não
suficientes à resolução do vício, deixando a Autora situação de risco, causando-lhe tristeza,
frustração, revolta, inconformismo e real risco de acidente.
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Vale citar, ainda, a entrega do veículo com os retrovisores desregulados eletronicamente,
nas vésperas de um feriado e viagem da autora.
Além disso, resta configurado os graves danos morais com a aflição do veículo apresentar
problema e ser levado por guincho logo após ter sido comprado, com problema justamente
na caixa de direção.
São inafastáveis e notórios os transtornos vivenciados pela autora em ter que retornar ao
pátio da acionada por problemas recorrentes que evidenciavam ter sido o carro comprado
já com vício redibitório que comprometeu o seu uso desde a aquisição. Situação que causa
dor à autora que jamais imaginou vivenciar tanto desgaste com a compra do seu automóvel
zero quilômetros.
Ademais, no presente momento a autora segue tendo que lidar com o barulho na parte
dianteira do veículo, tendo tentado resolver no último dia 18.01.2022 (OS 60.590), mas sem
êxito, estando vulnerável e exposta a toda espécie de risco decorrente dos problemas
mecânicos no carro. Resta impossibilitados de usufruir do seu bem com a paz e
tranquilidade exigível, o que gera na demandante absoluta revolta e indignação. É
lamentável efetuar a compra de automóvel de alto custo, com tantas expectativas e
necessidade de uso, para tê-las frustradas de forma tão grave, Exa.
Os Tribunais brasileiros têm decidido que o dano moral resta totalmente configurado quando há
demora na reparação de produtos essenciais e os fornecedores descumprem a obrigação de
substituição imediata do bem, como ocorre no caso dos Autores.
Os requerentes, vale reprisar, sofreram toda espécie de descaso e negligência por parte das
demandadas, se irritaram com toda esta situação, com as repetidas condutas ilícitas e a total falta
de respeito evidenciada. Ensina Maria Helena Diniz (2013) que “o dano pode ser definido como
a lesão (diminuição ou destruição) que, devido a certo evento, sofre uma pessoa, contra sua
vontade, em qualquer bem ou interesse jurídico, patrimonial e moral”
Não restam dúvidas que o dano moral definido por Dalmartello, citado por Yussef Said Cahali
(2011) como “a privação ou diminuição daqueles bens que têm um valor precípuo na vida do
homem e que são a paz, a tranquilidade de espírito, a liberdade individual, a integridade
individual, a integridade física, a honra e os demais sagrados afetos” está plenamente
configurado.
Estando presente o nexo de causalidade entre as condutas ilícitas e os graves danos morais aqui
demonstrado, pleiteia os Autores pela cabível indenização compensatória destes danos.
VI - DO PEDIDO LIMINAR
Nos termos do art. 300 do CPC, tem-se que: A tutela de urgência será concedida quando
houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.
A probabilidade do direito configura-se por meio do robusto conjunto probatório anexo, das
diversas ordens de serviço constatando o vício, as inúmeras vezes em que o veículo entrou no
pátio da acionada, inclusive, guinchado; tudo isto comprova a extensão e impossibilidade de
reparação do vício.
Neste contexto, é inconteste que a Autora não tem condições de permanecer com o carro objeto
da lide até resolução final do litígio, pois o mesmo não está em perfeitas condições de uso, e
compromete a vida da autora e até de terceiros no trânsito, podendo causar acidentes graves.
A autora também não têm mais condições de continuar sofrendo os transtornos decorrentes desta
situação, de sofrer com problemas mecânicos, ter o carro levado por guincho, retornar ao pátio
da acionada, tão pouco arcar com os custos de outro meio de transporte ou locação de veículo, de
modo que, o fundado receio de dano irreparável se perfaz com a manutenção desta situação
irregular durante todo andamento do processo.
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Feira de Santana, 28 de janeiro de 2021.
E Ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu direito como o meio-dia” (Salmos 37:6)
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