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EXCELENTÍSSIMO(A) SR.(A) DR.

(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO JUIZADO


ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE CRATEÚS-CE.

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS

CHERLYNNE TEIXEIRA E SILVA, brasileira, solteira, advogada, OAB/CE


19719, CPF nº68828900300, residente e domiciliada na Rua Carlos
Rolim, nº316, Crateús - CE, CEP 63700000, vem, por sua advogada
legalmente habilitada, mui respeitosamente, perante Vossa Excelência,
propor AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS
contra JAYSA JATAY PEDROSA AUTOMÓVEIS LTDA, pessoa jurídica de
direito privado, CGC 07198161000180, Inscrição Estadual 061004936,
situada na Av. Washington Soares, nº1433, Edson Queiroz, Fortaleza –
CE, CEP 60811 341, e FORD MOTOR COMPANY BRASIL LTDA, pessoa
jurídica de direito privado, CNPJ 03470727001607, com sede na Av. do
Taboão, nº 899, Bairro Rudge Ramos, São Bernardo do Campo, São
Paulo, CEP 09655900, pelos motivos fáticos e jurídicos a seguir
expostos:

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DOS FATOS

Em 11.07.2011 a autora adquiriu com a primeira requerida um veículo da


marca FORD, modelo “KA 1.0 FLEX”, cor PRETO EBONY, ano 11/11, chassi
9BFZK53AXBB323309, placas OCJ-7334/CE, “zero quilômetro”.

O veículo foi submetido a todas as revisões regulares, sendo a primeira


realizada em 06.01.2012 e a segunda em 06.07.2012, consoante comprovantes
(ordens de serviço) acostadas.

No início do ano de 2013, com menos de um ano e meio de uso e pouco


mais de 7.300 quilômetros rodados, o veículo apresentou defeito no ar condicionado,
motivo pelo qual em 07.01.2013 a autora deixou seu veículo na primeira requerida
para ser analisado por um mecânico, conforme cópia da ordem de serviço acostada.

Ocorre, entretanto, que qual não foi a surpresa da autora quando lhe foi
dito pela consultora técnica da primeira requerida que o mecânico tinha constatado
que havia ocorrido um travamento no compressor do veículo e que tal defeito, que era
de fabricação, danificou outras peças do automóvel.

Na mesma ocasião, a consultora técnica informou à autora que o


orçamento para peças e conserto era no valor de R$5.205,94 (cópia do orçamento
feito a mão pela consultora acostada), referente a:

01 Compressor – R$1.723,94
01 Condensador – R$1.080,00
01 Filtro secador – R$380,00
Carga de gás – R$130,00
Limpeza do sistema – R$200,00
Mão de obra – R$810,00
Pressostato – R$153,00
Evaporador – R$729,00
__________________________
TOTAL: R$5.205,94

A autora requereu à consultora da primeira requerida, uma vez que o


defeito era originário de fábrica, o custeio das despesas com o conserto, todavia, lhe
foi informado que a concessionária não pagaria nenhuma despesa, exceto se a própria
fábrica autorizasse, razão pela qual a citada consultora forneceu à autora o telefone
(0800 7033673) da fábrica da Ford, segunda requerida.

Ao ligar para a fábrica da Ford, segunda requerida, a autora recebeu a


mesma resposta, qual seja, a de que mesmo o defeito sendo de fabricação não poderia
custear o conserto (Protocolo de solicitação nº6374991), tendo em vista que o prazo
de garantia do veículo, que era de um ano, já havia sido ultrapassado.

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Sem ter condições de utilizar o veículo sem o funcionamento do ar
condicionado, tanto por conta do calor que enfrentamos neste período, quanto por
uma questão de segurança, haja vista a exposição e o risco de andar com os vidros
abertos, a autora procurou uma oficina mecânica de sua confiança e providenciou o
conserto por sua própria conta, cujo valor orçado foi menor (R$3.402,00) que o
proposto pela primeira requerida.

Vale acrescentar, Excelência, que o travamento do compressor se deu por


insuficiência de lubrificação interna, consoante esclarece o laudo acostado,
decorrente de falha na própria fabricação.

O compressor é considerado o coração do sistema de ar condicionado. É o


compressor que faz o fluido refrigerante circular através da tubulação, passando por
vários componentes, dentre eles o evaporador e o condensador.

A lubrificação interna que vem de fábrica é suficiente para uma vida útil de
no mínimo três anos, tanto que NAS SEIS PRIMEIRAS REVISÕES a serem realizadas a
cada seis meses no veículo, NÃO consta sequer análise do compressor de ar
condicionado1:

1ª REVISÃO: 6 meses ou 10.000km


Verifica: Óleo Sintético 5W30, Filtro de Óleo, Filtro de Combustível

2ª REVISÃO: 12 meses ou 20.000km


Verifica: Óleo Sintético 5W30, Filtro de Ar, Filtro Separador, Filtro de
Combustível, Filtro de Óleo

3ª REVISÃO: 18 meses ou 30.000Km


Verifica: Óleo Sintético 5W30, Filtro de Óleo, Filtro de Combustível

4ª REVISÃO: 24 meses ou 40.000Km


Verifica: Óleo Sintético 5W30, Fluído de Freio, Fluído de Radiador, Filtro
de Ar, Filtro Separador, Filtro do Tubo de Enchimento, Filtro de
Combustível, Velas de Ignição, Filtro de Óleo

5ª REVISÃO: 30 meses ou 50.000km


Verifica: Óleo Sintético 5W30, Filtro de Óleo, Filtro de Ar

6ª REVISÃO: 36 meses ou 60.000Km


Verifica: Óleo Sintético 5W30, Filtro de Combustível, Filtro Separador,
Filtro de Ar, Filtro de Óleo

1
Disponível em: <http://www.ford.com.br/servico_cliente_revisao_preco_fixo.asp> [Site Oficial da Ford
Brasil]. Acesso em: 08/02/2013.

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PORTANTO, NAS SEIS PRIMEIRAS REVISÕES DE VEÍCULOS MODELO “FORD
KA FLEX”, COMO É O DA AUTORA, SEQUER A CONCESSIONÁRIA VERIFICA OU
ANALISA O COMPRESSOR DE AR CONDICIONADO, O QUE DEMONSTRA, DE PER SI,
QUE A VIDA ÚTIL DE UM COMPRESSOR É SUPERIOR A 36 MESES.

Ressalte-se que a autora fez TODAS as revisões periódicas regularmente,


consoante comprovantes acostados.

ALIÁS, NÃO FAZ QUALQUER SENTIDO QUE MENOS DE DEZOITO


MESES APÓS A COMPRA DO VEÍCULO, COM POUCO MAIS DE 7.000 KM
RODADOS, A CONSUMIDORA TENHA QUE DESPENDER QUANTIA QUE
REPRESENTA CERCA DE 20% (VINTE POR CENTO) DO VALOR PAGO PELO
AUTOMÓVEL PARA O SEU CONSERTO, EM RAZÃO DE UM DEFEITO QUE NÃO
FOI ORIGINADO PELO USO DO BEM.

Nesse sentido, tendo em vista que a lei consumerista estabelece a


responsabilidade dos fornecedores pelos vícios de qualidade dos produtos, que os
tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam, bem como
inconformada, ferida em seu ego e brio pelo desrespeito e descaso com que foi
tratada pelas requeridas, à autora restou socorrer-se do Poder Judiciário para ver
sanadas as lesões aos seus direitos.

DO DIREITO

1. DA APLICAÇÃO DO ART. 18 DA LEI 8.078/90

A relação havida entre os litigantes é de consumo, ensejando, desse modo,


a aplicação do Código de Defesa do Consumidor ao caso em apreço.

O § 1º do art. 18 do CDC assim determina:

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis


respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem
impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o
valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária,
respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor
exigir a substituição das partes viciadas.

Outrossim, o §6º, inc. III do art. 18 do Diploma de Proteção ao Consumidor


assim esclarece:

§ 6° São impróprios ao uso e consumo:


[...]
III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se
destinam.

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Portanto, no sistema do CDC respondem pelo vício do produto todos
aqueles que ajudaram a colocá-lo no mercado, desde o fabricante, o distribuidor, ao
comerciante. A cada um deles é imputada a responsabilidade pela garantia de
qualidade-adequação do produto.

No presente caso, inquestionavelmente houve vício redibitório, que


consiste no vício oculto da coisa que a torna imprópria a seu uso. Sendo inerente à
essência do produto, o vício é capaz de torná-lo imprestável ao fim que se destina ou
de reduzir a capacidade do bem por ocasião da sua utilização.

O vício sobredito comprometeu a utilização adequada do automóvel


tornando-o inadequado ao fim destinado, caracterizando-se assim, a impropriedade
do mesmo (parágrafo 6º do art. 18 do CDC), prejudicando a autora em sua rotina
profissional e pessoal, assim como lhe causou perturbação, desconforto, desgaste
emocional com a sobredita situação, o que gerou dano moral suscetível de
indenização, tal como assegura o art. 5ª, V da Constituição Federal de 1998 e o art. 6ª,
VI, do Código de Defesa do Consumidor.

Assim, além dos danos morais, a autora faz jus ao recebimento integral e
devidamente corrigido da quantia desembolsada com o conserto do veículo
automotor, acrescido de juros de mora.

Destarte, em decorrência do emprego da legislação consumerista, a


responsabilidade imputada às empresas rés é objetiva, fazendo-se necessária somente
a comprovação do dano e do nexo de causalidade.

2. DOS DANOS MATERIAIS

Conforme assevera a doutrina consumerista, o Código de Defesa do


Consumidor, no § 3º do art. 26, no que concerne à disciplina do vício oculto, adotou o
critério da vida útil do bem, e não o critério da garantia, podendo o fornecedor se
responsabilizar pelo vício em um espaço largo de tempo, mesmo depois de expirada a
garantia contratual.

Com efeito, em se tratando de vício oculto não decorrente do desgaste


natural gerado pela fruição ordinária do produto, mas da própria fabricação, e relativo
a projeto, cálculo estrutural, resistência de materiais, entre outros, o prazo para
reclamar pela reparação se inicia no momento em que ficar evidenciado o defeito, não
obstante tenha isso ocorrido depois de expirado o prazo contratual de garantia,
devendo ter-se sempre em vista o critério da vida útil do bem.

Ademais, independentemente de prazo contratual de garantia, a venda de


um bem tido por durável com vida útil inferior àquela que legitimamente se esperava,
além de configurar um defeito de adequação (art. 18 do CDC), evidencia uma quebra
da boa-fé objetiva, que deve nortear as relações contratuais, sejam de consumo,
sejam de direito comum. Constitui, em outras palavras, descumprimento do dever de

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informação e a não realização do próprio objeto do contrato, que era a compra de um
bem cujo ciclo vital se esperava, de forma legítima e razoável, fosse mais longo.

No presente caso, descartada a hipótese de desgaste natural, tanto pelo


diagnóstico do mecânico da primeira requerida e do laudo acostado à presente,
quanto pelo tempo de uso (um ano e meio) do bem e pela quilometragem rodada
(7.342km) pelo automóvel, devida é a restituição imediata da quantia paga pelo
conserto, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos.

A autora teve que procurar um mecânico de sua confiança e pagar de seu


próprio bolso o valor das peças e do serviço, haja vista a negativa das requeridas em
realizar o conserto no automóvel defeituoso.

Vale esclarecer, Excelência, que restou incontroverso que as requeridas não


se dispuseram a sanar o vício no ar condicionado e nas peças avariadas, assim como é
importante ressaltar que a autora pleiteia nesta ação o ressarcimento das despesas em
valor bem aquém ao que foi cobrado pela primeira requerida para peças e conserto,
ou seja, a concessionária cobrou R$5.205,94 e a autora conseguiu as peças e o serviço
pelo valor de R$3.402,00, conforme comprovantes acostados.

Portanto, patente a ocorrência do prejuízo, eis que a autora teve que


desembolsar a quantia necessária ao conserto do veículo, restando demonstrado o
dano e o nexo causal, o que evidencia a responsabilidade dos fornecedores pelos
danos sofridos, pelo que deve a autora ser ressarcida integralmente, acrescido o valor
da condenação de correção monetária e juros legais.

3. DOS DANOS MORAIS

O ato ilícito é aquele praticado em desacordo com a norma jurídica


destinada a proteger interesses alheios, violando direito subjetivo individual, causando
prejuízo a outrem e criando o dever de reparar tal lesão. Sendo assim, o Código Civil
define o ato ilícito em seu art. 186:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.

Dessa forma, é previsto como ato ilícito aquele que cause dano, ainda que
exclusivamente moral, o que enseja o dever de indenizar, ou seja, a responsabilidade
civil, matéria tratada no art. 927 do mesmo diploma legal.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.

O Código de Defesa do Consumidor, em seu art. 6º, também protege a


integridade moral dos consumidores:

Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:

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[...]
VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos e difusos;

Ocorre que existem circunstâncias em que o ato lesivo afeta a


personalidade do indivíduo, sua integridade psíquica, seu bem-estar íntimo, suas
virtudes, enfim, causando-lhe mal-estar, dor íntima ou uma indisposição de natureza
espiritual, afetando os direitos da personalidade do indivíduo.

ESSE É O CASO EM TELA, EM QUE A AUTORA SE VIU SUBMETIDA A UMA


SITUAÇÃO DE ESTRESSE CONSTANTE, INDIGNAÇÃO E CONSTRANGIMENTO, QUE
APESAR DE O MECÂNICO DA PRIMEIRA REQUERIDA TER DIAGNOSTICADO O DEFEITO
DE FABRICAÇÃO, TEVE NEGADO O CONSERTO EM SEU VEÍCULO.

Cumpre destacar que apesar das inúmeras tentativas que a autora fez junto
às requeridas para solucionar a questão, as demandadas não lhe deram qualquer
atenção, fazendo com que a promovente passasse pelo dissabor de ter que procurar
outra oficina e desembolsar às suas expensas o conserto necessário.

O dano moral, no presente caso, ultrapassa os transtornos inerentes às


relações, atingindo, efetivamente, bens jurídicos vinculados aos direitos de
personalidade, razão pela qual merece acolhimento o pleito indenizatório. In casu, o
dano à personalidade resta caracterizado pelo desrespeito e descaso com que tratada
a consumidora pelas requeridas.

Portanto, o dano moral está configurado, haja vista que o fato da autora ter
sido submetida a uma situação de constrangimento e de desrespeito configura sem
sombra de dúvidas em abalo a ordem psíquica e moral da promovente.

Aliás, independentemente de prazo contratual de garantia, a venda de um


bem tido por durável com vida útil inferior àquela que legitimamente se esperava,
além de configurar um defeito de adequação (art. 18 do CDC), evidencia quebra da
boa-fé objetiva, que deve nortear as relações contratuais, sejam elas de consumo,
sejam elas regidas pelo direito comum.

Não se pode ignorar, Excelência, o fato de que ao adquirir um


veículo `0 km´ (zero quilômetro), o consumidor imagina estar isento de
problemas corriqueiros em um automóvel usado, não fazendo sentido que
menos de DEZOITO MESES após a realização da compra, com pouco mais de
7.000 km rodados, a consumidora tenha que despender quantia que
representa cerca de 20% (vinte por cento) do valor pago pelo automóvel para
o seu conserto, em razão de um defeito originário de fábrica.

Quem compra um carro novo quer e tem o direito de receber o bem sem
qualquer anomalia. O simples fato de o veículo apresentar defeitos, por si só, já traz
uma carga de inquietude que justifica a compensação pelo abalo moral.

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As requeridas agiram de má-fé ao fazer a autora acreditar que o veículo
estava em perfeitas condições quando, na verdade, tinha problemas ocultos.

Sendo assim, demonstrados o dano e o nexo causal, evidente se mostra a


responsabilidade do fornecedor pelos danos morais sofridos pela autora.

4. DO QUANTUM

O dano patrimonial, que também é chamado pela doutrina de dano


material, por sua natureza enseja uma precisa e integral reparação (restitutio in
integrum), de modo que para efeitos de condenação o quantum indenizatório deve
corresponder à extensão dos prejuízos patrimoniais suportados pela autora, em
decorrência do ato ilícito.

No presente caso, muito embora a primeira requerida tenha orçado o valor


das peças e do serviço em R$5.205,94, a autora conseguiu orçamento com valor
inferior, tendo desembolsado R$3.402,00, conforme comprovantes acostados, valor
que deve ser integralmente ressarcido pelas demandadas, acrescido de correção
monetária e juros legais.

Quanto aos danos morais, diferentemente das indenizações por danos


materiais que visam o restabelecimento do status quo ante pela recomposição do
patrimônio lesado, os danos morais tem o intuito de indenizar para recompor
sentimentos, propiciar ao lesado meios para aliviar sua magoa oriunda daquele dano.

Nesse passo, para o arbitramento dos danos morais que sofreu e está
sofrendo a autora, o norte será a admirável e incensurável prudência de Vossa
Excelência, que irá pesar com a temperança necessária as díspares condições
econômicas havida entre as partes, bem como o fato das requeridas não terem
cumprido o que determina a legislação consumerista.

Como é sabido, a fixação do valor da indenização deve seguir determinados


parâmetros, deve ser proporcional ao grau de culpa, à gravidade da ofensa, ao nível
socioeconômico do causador da lesão e do lesado, à realidade da vida e às
particularidades do caso concreto.

A indenização tem caráter compensatório posto que busca de certa forma


minimizar o dano sofrido, porém mais importante que este é o aspecto punitivo desta.
Quer dizer, a indenização deve também ter em seu valor uma característica de punição
pelo feito, exercendo força coercitiva, a fim de que tal ofensa não mais se repita.

Assim, tendo em vista os critérios acima expostos bem como o grande


poder econômico das empresas requeridas, a autora entende razoável que a
indenização pelos danos morais seja arbitrada em R$5.205,94 (cinco mil, duzentos e
cinco reais e noventa e quatro centavos), valor indevidamente cobrado à autora para a
realização do conserto.

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5. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Por tratar-se de relação de consumo, a base de fundamentos da presente


ação será a Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor). O art. 6º, inciso VIII, do
CDC, assim dispõe:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


[....]
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências;

No caso em apreço, estão amplamente demonstradas as condições exigidas


no artigo, eis que presentes a verossimilhança das alegações e a hipossuficiência, nos
termos do art. 6º, VIII, do CDC, razão pela qual deverá ser concedida a inversão do
ônus da prova.

DOS PEDIDOS

Uma vez comprovada que a conduta das requeridas é ilegal, demonstrado


está que legítima é a reparação pelos danos materiais e morais que efetivamente
sofreu e está sofrendo a autora.

Diante do acima EXPENDIDO, requer que se digne Vossa Excelência de:

1. JULGAR TOTALMENTE PROCEDENTE A PRESENTE AÇÃO,


PARA CONDENAR AS REQUERIDAS A PAGAREM A
TÍTULO DE DANOS MATERIAIS O VALOR DE R$3.402,00
(TRÊS MIL E QUATROCENTOS E DOIS REAIS), BEM
COMO A PAGAREM A TÍTULO DOS INACEITÁVEIS
DANOS MORAIS O VALOR DE R$5.205,94 (CINCO MIL,
DUZENTOS E CINCO REAIS E NOVENTA E QUATRO
CENTAVOS), ACRESCIDOS DE CORREÇÃO MONETÁRIA
DE JUROS LEGAIS A CONTAR DA CITAÇÃO;

2. DETERMINAR A CITAÇÃO DAS REQUERIDAS, PARA QUE


RESPONDAM, QUERENDO, AOS TERMOS DA PRESENTE
AÇÃO, SOB PENA DE SOFREREM OS EFEITOS DA
REVELIA EM TODOS OS SEUS ASPECTOS;

Protesta provar o alegado por todo gênero de prova em direito admitido,


notadamente pelo depoimento pessoal do representante legal das requeridas, sob
pena de confissão quanto à matéria de fato, oitiva de testemunhas, juntada posterior
de documentos etc, tudo, aliás, de logo requerido.

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Para efeitos legais, dá-se à presente causa o valor de R$8.607,94 (oito mil,
seiscentos e sete reais e noventa e quatro centavos).

São termos em que,


Pede e espera deferimento.

Crateús (CE), 08 de fevereiro de 2013.

JULIANA MORAIS SOUZA


OAB/CE 24297-A

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