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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA

COMARCA DE FORTALEZA – ESTADO DO CEARÁ.

URGÊNCIA – risco de ocorrência de grave e irreparável lesão

ALKCOM INDUSTRIAL (KL INDUSTRIAL LTDA), pessoa jurídica de direito


privado, devidamente inscrita no CNPJ/MF sob o nº 03.303.069/0001-82, com sede na Avenida
das Araucárias, nº 5.266, bairro Chapada, em Araucária/PR, neste ato representada pelo seu
sócio administrador LUIZ RODRIGO SILVA DE PINHO, portador da cédula de identidade RG nº
6.451.940-9 SSP/PR, inscrito no CPF/MF sob o nº 041.465.799-37, na forma de seu contrato
social (doc. anexo), por intermédio de seus procuradores constituídos na forma do instrumento
de mandato incluso (doc. anexo), RODRIGO PIRONTI AGUIRRE DE CASTRO, advogado
devidamente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Paraná, sob o nº 36.363, e
RAFAEL PORTO LOVATO, advogados devidamente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil,
Seção Paraná, sob o nº 63.597, integrantes da sociedade PIRONTI ADVOGADOS, pessoa jurídica
de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o n.º 08.726.128/0001-49, registrada na OAB/PR
sob o nº 2.104, estabelecidos profissionalmente na Rua Visconde do Rio Branco, nº 1.630, cj.
1.603, bairro Centro, em Curitiba/PR, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência,
com fundamento no artigo 5º, LXIX, da Constituição Federal (CRFB), e nos artigos 1º e 7º, III, da
Lei Federal nº 12.016/2009 (LMS), impetrar

MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR


Initio litis e inaudita altera pars

__________________________________________________________
em face da violação de direito líquido e certo por intermédio do
inconstitucional, ilegal e abusivo ato da EMPRESA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DO
CEARÁ - ETICE, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob nº
03.773.788/0001-67, com endereço à Avenida Pontes Vieira, nº 220, bairro São João do
Tauape, em Fortaleza/CE, CEP 60.130-240, na pessoa do PREGOEIRO DA PROCURADORIA
GERAL DO ESTADO – PGE – NO PREGÃO ELETRÔNICO Nº 20130003 – ETICE, SR. ROBINSON
DE BORBA E VELOSO, com endereço à Avenida Doutor José Martins Rodrigues, nº 150, bairro
Edson Queiroz, em Fortaleza/CE, CEP 60.811-520, consubstanciado no abusivo ato coator que
impediu o direito de defesa da Impetrante dentro de um prazo minimamente razoável, bem
como habilitou a licitante terceira colocada à margem da legalidade e automaticamente exclui
a Impetrante do certame, ofendendo o seu direito líquido e certo, tal como será explicitado
com base nas relevantes razões de fato e de direito a seguir expostas.

1.
DOS FATOS QUE ANTECEDEM E ENSEJAM A PRESENTE AÇÃO

A EMPRESA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DO CEARÁ - ETICE, por


intermédio do Sr. Pregoeiro e sua equipe, publicou o Edital de Pregão Eletrônico nº 20130003
– ETICE, processo nº 12792302-0, tendo como objeto REGISTRO DE PREÇOS PARA FUTURAS E
EVENTUAIS AQUISIÇÕES COM INSTALAÇÕES DE TORRES E MASTROS PARA
TELECOMUNICAÇÃO, de acordo com as especificações e quantitativos previstos nestes
termos:

1) Torre Autoportante para Estação Rádio-base em Ferro com 30m – 50 unidades


2) Torre Autoportante para Estação Rádio-base em Ferro com 45m – 57 unidades
3) Torre Autoportante para Estação Rádio-base em Ferro com 60m – 47 unidades

__________________________________________________________
4) Mastro para Estação Terminal de Rádio Remoto com Ferro com 10m – 315 unidades
5) Mastro para Estação Terminal de Rádio Remoto com Alumínio com 10m – 77
unidades

O certame foi realizado através do Portal COMPRASNET, tendo sido designado


o dia 04 de abril de 2013, às 09h00min, para abertura de propostas e disputa de preços.

Assim, após disputa de lances, às 09h20min do dia 04 de abril de 2013 o


pregão eletrônico foi encerrado, tendo sido sagrada vencedora a empresa TECNOR INDÚSTRIA
E CONSTRUÇÕES LTDA – ME, tendo a ora Impetrante ALKCOM INDUSTRIAL LTDA (adiante
denominada apenas ALKCOM) logrado a colocação imediatamente subsequente, com o
segundo menor preço.

Por razões desconhecidas da Impetrante, a empresa classificada em primeiro


lugar foi logo inabilitada e desclassificada, tendo a ora Impetrante ALKCOM sido informada,
através do site COMPRASNET, que deveria enviar desde logo a proposta referente aos itens
licitados, bem como, até o dia 24 de abril de 2013 apresentar todos os documentos
necessários para a escorreita habilitação, o que foi prontamente atendido.

Ainda no dia 24 de abril de 2013 foi postada mensagem de que a


documentação havia sido efetivamente recepcionada pela Impetrada, tendo sido
posteriormente enviada ao setor requisitante para análise e emissão de parecer sobre a sua
aceitabilidade.

Ocorre que, para total surpresa da Impetrante, no dia 03 de maio de 2013,


através do site COMPRASNET, a Impetrante foi informada acerca da sua inabilitação, tendo
consequentemente sua proposta recusada pela ETICE, que apresentou como motivo para sua
inabilitação: “[...] a proposta apresenta não conformidade no que diz respeito ao atendimento
do subitem 14.7 – Declaração de assistência técnica”.

__________________________________________________________
Irresignada ante a abusividade da exigência e os fortes indícios de
direcionamento do procedimento licitatório em comento para a terceira colocada, conforme
será adiante demonstrado, e não havendo ainda sido aberto prazo para a apresentação de
recursos administrativos,1 a Impetrante apresentou sua irresignação por meio da
Representação perante o Tribunal de Constas do Estado do Ceará, autuada sob o nº
03284/2013-5, tendo alegado em brevíssima síntese a violação do princípio da isonomia entre
os licitantes e a grosseira ilegalidade da exigência prevista no item 14.7 do edital.

Após análise preliminar pelo TCE/CE, por meio da sua 7ª Inspetoria de Controle
Externo, apontou-se o seguinte:
<<

>> (fls. 74 da Representação)


Não por menos o seu parecer foi integralmente favorável à concessão da
medida liminar inaudita altera pars, bem como o chamamento do Pregoeiro do referido
certame para que prestasse esclarecimentos, senão vejamos:
<<

1
“18.1. Qualquer licitante poderá manifestar, de forma motivada, a intenção de interpor recurso, em campo próprio do
sistema, no prazo de até 4 (quatro) horas úteis depois de aceito e habilitado, quando lhe será concedido o prazo de 3
(três) dias para apresentação das razões do recurso no sistema Comprasnet. Os demais licitantes ficam desde logo
convidados a apresentar contrarrazões dentro de igual prazo, que começará a contar a partir do término do prazo do
recorrente, sendo-lhes assegurado vista imediata dos autos.”

__________________________________________________________
>> (fls. 76 da Representação)
Assim, após a devida análise pelo TCE/CE, na data de 04 de junho de 2013 a
referida medida foi devidamente homologada pelo então Conselheiro Relator Alexandre
Figueiredo, nos seguintes termos:
<<

>> (fls. 81 da Representação)

__________________________________________________________
Depois das manifestações da ETICE e do Sr. Pregoeiro houve sugestão de voto
pela 7ª Inspetoria de Controle Externo da Secretaria Geral do Tribunal de Contas do Estado do
Ceará no sentido de não exigir a comprovação da rede de assistência técnica autorizada até a
celebração e execução do contrato, ou seja, no sentido de que tal exigência não pode ser
requisito para participação da licitação.

Ainda, dada a palavra ao Ministério Público de Contas, este também entendeu


pela procedência à representação e ementou em seu Parecer nº 0195/2013-PCSL (fls. 167-170
da Representação) proferido em 30 de agosto de 2013:
<<

>> (fls. 167 da Representação)

Não por menos, no mesmo sentido foi o voto da Conselheira Relatora da


referida representação (fls. 171-180 da Representação, doc. anexo), tendo igualmente se
posicionado pela procedência da representação, no sentido de que a Impetrante fosse
convocada no certame, senão vejamos in fine:
<<

__________________________________________________________
>> (fls. 179-180 da Representação)

Não obstante as contundentes manifestações acerca da procedência da


Representação da ALKCOM pelo Ministério Público e os membros do TCE/CE, ou seja,
identificação clara e contundente da ilicitude tanto da disposição editalícia prevista no item
14.7, como da desclassificação da empresa ora Impetrante, a Resolução nº 1.184/2013
daquela Corte de Contas (fls. 181-184 da Representação) entendeu, em síntese, – por voto de
desempate da Presidência do TCE/CE, sendo a relatora voto vencido – pela revogação da
medida liminar e arquivamento da Representação.

Ainda, insta salientar que a referida Representação se encontra pendente de


julgamento definitivo perante aquela Corte, especialmente ante o fato de constar ainda aberto
o prazo para a interposição de recurso de reconsideração, nos termos do Regimento Interno
do TCE/CE.2

2
Regimento Interno do TCE/CE.
“Art. 104. Cabe recurso de reconsideração, com efeito suspensivo, de toda e qualquer decisão do Tribunal, para
apreciação do Plenário, podendo ser formulado uma só vez e por escrito, pelo responsável, interessado ou pelo
Ministério Público junto ao Tribunal, dentro do prazo de trinta dias, contados na forma prevista no art. 39 da Lei
Orgânica.
Parágrafo único. Se o recurso versar sobre item específico da decisão, os demais itens não recorridos não são
alcançados pelo efeito suspensivo.”

__________________________________________________________
Não obstante todos estes fatos, na data de 25 de outubro de 2013 o Sr.
Pregoeiro abriu prazo para registro de intenção de recursos para os itens/grupos na situação
de 'aceito e habilitado' ou 'cancelado na aceitação', tendo na mesma data, às 12:24:30,
informado o exíguo prazo final para registro de intenção de recursos: 25 de outubro de 2013
às 18:00:00, em nítida ofensa ao princípio da ampla defesa e contraditório e em detrimento do
que reza a própria norma geral do pregão:

Assim, por interpretação do disposto no item 18.1 do edital, conforme se verá


logo adiante, tem-se que o mesmo ato que impediu o razoável direito de defesa por parte da
Impetrante, pois demasiado exíguo e carente de qualquer comunicação, também aceitou e
habilitou a empresa JBT - JOST & BORGES TELECOMUNICACOES LTDA – EPP (terceira colocada),
tendo assim excluído automaticamente a Impetrante, com base em argumentos ilegais e que
evidenciam a natureza de ato coator violador de direito líquido e certo e merecedor de
reprimenda por este D. Juízo, legitimando assim a apresentação do presente mandamus,
conforme será demonstrado a seguir.

2.
DO MÉRITO
2.1 – Da ilegal abertura e fechamento de prazo para apresentação de intenção de recursos e
concomitante aceitação e habilitação da terceira colocada
2.2 – Das ilegais razões que inabilitaram a Impetrante
2.3 - Da evidente ilegalidade nas exigências dos Impetrados

2.1 Primeiramente, insta destacar que a Impetrante jamais recebeu qualquer aviso do
sistema COMPRASNET acerca da abertura do exíguo prazo para registro de intenção de

__________________________________________________________
recursos – às 12h23min do dia 25/10/2013 (6ª feira), tampouco de seu fechamento apenas
algumas poucas horas depois, às 18h00min do mesmo dia.

Traz-se à baila o texto do item 18.1 do edital do pregão eletrônico nº 2013003


o seguinte:

“Qualquer licitante poderá manifestar, de forma motivada, a intenção de


interpor recurso, em campo próprio do sistema, no prazo de até 4 (quatro)
horas úteis depois de aceito e habilitado, quando lhe será concedido o prazo
de 3 (três) dias para apresentação das razões do recurso no sistema
Comprasnet. Os demais licitantes ficam desde logo convidados a apresentar
contrarrazões dentro de igual prazo, que começará a contar a partir do término
do prazo do recorrente, sendo-lhes assegurado vista imediata dos autos”.
(destacado)

Certo de que o edital não se encontra acima da Lei, o fato do sistema


eletrônico utilizado no presente certame exigir que o licitante mantivesse acompanhamento
constante e ininterrupto desde o dia 16 de maio de 2013 (data do andamento
imediatamente anterior) – pois a qualquer momento poderia ser aberto o prazo de
desarrazoadas 04 (quatro) horas –, não restam dúvidas que o dispositivo viola claramente os
pressupostos constitucionais da ampla defesa e do contraditório, sendo tal disposição
editalícia de todo ilegal e abusiva.

Ressalta-se que o abusivo dispositivo exige por parte dos licitantes manter
“plantão” permanente no chat do procedimento durante todos os dias e horas úteis, pois
sequer existe qualquer mecanismo de aviso das publicações, certo que a qualquer momento
poderiam ser abertos os abusivo prazos de apenas 4 (quatro) horas para apresentar a intenção
de recurso.

Assim, não pode ser outro o entendimento senão que a mencionada previsão
fere frontalmente a finalidade do certame e o princípio da legalidade (sentido amplo) de modo
que, por esse e pelos outros motivos apresentados a seguir, a suspensão do procedimento

__________________________________________________________
licitatório é questão que se impõe, de forma que a impossibilidade na apresentação de
manifestação em âmbito administrativo pela ALKCOM, pois abusivamente intempestivas,
legitima o socorro ao Poder Judiciário, especialmente ante a verificação de outras tantas
ilegalidades no curso do certame.

Não fosse isso bastante, extrai-se da interpretação do item 18.1 do edital que a
abertura do prazo para apresentação de intenção de interposição do recurso se dará apenas
quando o Sr. Pregoeiro aceitar e habilitar o licitante vencedor, de modo que indiretamente o
que se promoveu de forma não expressa foi excluir definitivamente do certame a Impetrante
e homologá-lo para JBT - JOST & BORGES TELECOMUNICACOES LTDA – EPP (terceira
colocada), tudo isso com base nos ilegais argumentos aventados acerca da suposto não
cumprimento do item 14.7.

Assim, conforme será melhor exposto em tópico próprio, o presente writ


toma como base a ilegal decisão da Impetrada que definitivamente excluiu do certame a
Impetrante.

2.2 Tal como brevemente exposto ao escorço fático da presente peça, acudindo ao
chamamento da EMPRESA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DO CEARÁ - ETICE para o
certame licitacional sufragado, a Impetrante veio dele participar com a mais estrita
observância das exigências editalícias.

No entanto, o ilustre Pregoeiro julgou a Impetrante inabilitada, segundo ofício


ETICE nº 140/2013, formulado pelo Sr. Fernando Antonio de Carvalho Gomes – Presidente da
ETICE, sob a alegação de que a ora Impetrante não teria cumprido o item 14.7 do edital.

Ocorre que essa decisão – devidamente homologada pelo ato que aceitou e
habilitou o terceiro, e concomitantemente abriu prazo para apresentação da intenção de
apresentação de recurso – não se mostra consentânea com as normas legais aplicáveis à

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espécie, especialmente pelo fato da motivação do ato de desclassificação ter embasamento
em prática manifestamente ilegal, senão vejamos.

De acordo com o item n° 14.7 do Edital, dispositivo supostamente violado pela


Impetrante, está previsto que para a devidamente habilitação dos licitantes será dada tão
somente pela juntado de declaração ou contrato de assistência técnica, senão vejamos:

“14.7. Deverá anexar declaração ou cópia de contrato, comprovando


possuir rede de assistência técnica autorizada, localizada no Estado do
Ceará. Para o serviço de assistência técnica, deve possuir, pelo menos, 1
(um) técnico certificado pelo fabricante com habilitação para prestar os
serviços técnicos nos equipamentos apresentados”.

Assim, em atenção a essa exigência, a Impetrante apresentou a declaração


anexa, conforme já destaca no processo de representação, que abaixo é transcrita:

PREGÃO ELETRÔNICO Nº 20130003


DECLARAÇÃO DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA
Alkcom Industrial Ltda, CNPJ nº 03.303.069/0001-82, por
intermédio de seu representante legal, o Sr. Luiz Rodrigo S
Pinho, portador da Carteira de Identidade n.º 6.451.940-9 e do
CPF n.º 041.465.799-37, DECLARA, para fins de cumprimento
do disposto no Item 14.7 do edital de licitação em epigrafe, que
possui rede de assistência técnica autorizada, localizada no
Estado do Ceará, e possui pelo menos 01 (um) técnico
certificado e habilitado pela Alkcom (fabricante dos itens
licitados e vencidos) para prestação dos serviços de assistência
técnica nos equipamentos apresentados.
Araucária, 19 de Abril de 2013.

Ademais, importante também ressaltar que a ora Impetrante, no dia 03 de


abril de 2013, ou seja, antes da abertura do certame, questionou formalmente ao Sr. Pregoeiro
se havia algum modelo de contrato ou declaração específico – pois não há no edital ou seus
anexos qualquer modelo para tal declaração – de forma a evitar qualquer má interpretação e

__________________________________________________________
também como forma de bem demonstrar o estrito cumprimento a todos os requisitos
editalícios.

No mesmo dia o Sr. Pregoeiro respondeu:

-----Mensagem original-----
De: robinson.veloso@pge.ce.gov.br
[mailto:robinson.veloso@pge.ce.gov.br]
Enviada em: quarta-feira, 3 de abril de 2013 11:31
Para: Sheila - Alkcom
Assunto: Re: RES: RES: Esclarecimento PE nº 20130003 - Etice

Cara Sheila,
Não existe nenhum modelo para declaração ou contrato.
Atenciosamente,
Robinson de Borba e Veloso
Procuradoria Geral do Estado - PGE Central de Licitações
Telefone: (85) 3459.6370

Tal documento, ao revés do decidido pelo Impetrado, atende plenamente ao


exigido no Edital.

No caso ora analisado verifica-se que a questão posta à apreciação cinge-se a


discussão acerca do ato que em 25 de outubro de 2013: (i) aceitou habilitou a empresa
terceira colocada; (ii) automaticamente excluiu a Impetrante do certame, em razão da
susposta violação ao item 14.7 do edital; e ainda (iii) abusivamente abriu prazo preclusivo de
4 (quatro) horas para a apresentação de intenção de recurso, sob a forma de movimentação
em chat sem qualquer aviso ou forma idônea de dar conhecimento à Impetrada,

Acerca do disposto no item 14.7, afigura-se claramente que a conjunção


alternativa/disjuntiva “ou” (em detrimento de conjunção aditiva “e”) indica duas situações
integralmente diversas – anexação de declaração e anexação de cópia do contrato –, mas que

__________________________________________________________
de forma independente são suficientes para comprovar o que segue, ou seja, possuir rede de
assistência técnica autorizada, localizada no Estado do Ceará.

Assim sendo, é, portanto, ilegal exigir – como exigiu o Senhor Pregoeiro – um


contrato ou qualquer documento complementar com formato definido, vez que o próprio
Pregoeiro desobrigou esta condição, certo que qualquer entendimento diverso é contra
legem. E ainda que assim não o fosse, a exigência de comprovação efetiva no curso da fase
de habilitação se mostra de todo ilegal.

Insta também salientar sobre este famigerado item 14.7, independentemente


de sua legalidade (que se verá em item próprio adiante ser ilegal), que a Impetrante esclareceu
o tema da assistência técnica, através do e-mail datado de 29/04/2013 (doc. anexo) e cujo
texto se reproduz:

De: Sheila - Alkcom [mailto:sheila@alkcom.com.br]


Enviada em: segunda-feira, 29 de abril de 2013 16:13

Para: 'Ricardo Leite Soares'; 'Robinson de Borba e Veloso';


'abilio garcia'
Cc: 'Luiz Rodrigo S. Pinho'; 'kelli@alkcom.com.br';
'juridico@alkcom.com.br'
Assunto: RES: Informação Pregão Eletrônico 20130003
Prezados Senhores:
Acusamos o recebimento de v. mensagem eletrônica abaixo,
entretanto, com o devido respeito, não podemos concordar
com o conteúdo, pelas razões fáticas e de direito abaixo
aduzidas:

O edital, em seu item 14.7, esclarece como obrigação das


empresas licitantes apresentar declaração ou contrato
contendo apenas a informação de possuir ou não assistência
técnica no Estado do Ceará, bem como de ter, ao menos, 1
técnico certificado pelo fabricante.
"Deverá anexar declaração OU cópia de contrato,
comprovando possuir rede de assistência técnica autorizada
localizada no Estado do Ceará. Para o serviço de assistência

__________________________________________________________
técnica, deve possuir, pelo menos, 1 (um) técnico certificado
pelo fabricante com habilitação para prestar os serviços
técnicos nos equipamentos apresentados."

Em nenhum momento ficou consignada a obrigatoriedade de


constar na declaração o nome, endereço, ou qualquer outro
dado da assistência técnica.

Importante ressaltar que como se depreende da simples análise


dos termos das "Respostas ao Pedido de Esclarecimentos"
formuladas por esta Alkcom em 26 de março e em 03 de abril
de 2013, respondidas pelo Sr. Pregoeiro nas mesmas datas
respectivamente, não foi determinado nenhum modelo de
declaração ou contrato específico.
Cara Sheila, Não existe nehum modelo para declaração ou
contrato. Atenciosamente, Robinson de Borba e Veloso

Mais importante ainda é que esta ALKCOM, ao revés do que


consta no e-mail abaixo, cumpriu formalmente o estatuído no
item 14.7 do Edital, tendo apresentado declaração constando:
"ALKCOM INDUSTRIAL LTDA.... DECLARA para fins de
cumprimento do disposto no item 14.7 do edital de licitação em
epígrafe, que possui rede de assistência técnica autorizada,
localizada no Estado do Ceará, e possui pelo menos 1 técnico
certificado e habilitado pela ALKCOM (fabricante dos itens
licitados) para prestação dos serviços de assistência técnico nos
equipamentos apresentados."

Cumpre ainda esclarecer que esta ALKCOM atua em todo o


mercado nacional, tendo escritórios próprios e representantes
comerciais e técnicos em todos os estados da federação.

Independentemente, apesar de não ser obrigação editalícia ou


legal, por mera liberalidade, informa abaixo os dados do
representante técnico desta Alkcom estabelecida na cidade de
Fortaleza - CE: SERVTEC ENERGIA LTDA - CNPJ nº
03.213.130/0001-09 - Avenida Santos Dumont, 2088 - sala
502 - Aldeota - FORTALEZA – CE - Técnico Responsável:
Maximo Souza.

Por questões de gestão e qualidade, todos os atendimentos e


assistência técnica são centralizados em nossa central em
Araucária - Paraná, através do telefone (41) 3552-2101, onde
existem técnicos treinados para o pronto atendimento, que

__________________________________________________________
coordenam as atividades dos técnicos de campo, possibilitando
o monitoramento de suas atividades.

Esperamos ter esclarecido a questão, colocando-nos à


disposição para quaisquer esclarecimentos porventura
necessários. Atenciosamente ;
Sheila Ribeiro
Gerente Comercial
GRUPO ALKCOM

Ora, Excelência, a Impetrante atendeu plenamente todos os requisitos


impostos pelo instrumento convocatório nos temos propostos pelo Sr. Pregoeiro, e com a
decisão deveras equivocada deste percebe-se claramente o direcionamento da licitação.

Assim, “cartas marcadas” estão presentes neste certame, o que é contrário à


lei, e necessita a urgente intervenção judicial para impedir que o erário seja lesado.

2.3 Tal como já destacado, sob o argumento de dar cumprimento ao objeto contratual a
Impetrada fez incluir no edital licitatório o item 14.7 do edital, que por sua vez previu a
necessidade da futura contratada dispor de redes de assistência técnica autorizada, devendo
as mesmas serem localizadas no Estado do Ceará.

Conforme se depreende da simples leitura do Edital do referido certame, em


contrassenso à legislação, as exigências constantes no item 14.7 – DECLARAÇÃO DE
ASSISTÊNCIA TÉCNICA - afrontam diretamente a legislação pátria, em especial o disposto no
artigo 30 da Lei n.º 8.666/93 e a Constituição Federal.

Primeiramente, essencial citar o inciso XXI, do artigo 37 da Constituição


Federal, o qual dispõe o seguinte:

Constituição Federal:

__________________________________________________________
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte:
….
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as
obras, serviços, compras e alienações serão contratados
mediante processo de licitação pública que assegure
igualdade de condições a todos os concorrentes, com
cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,
mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da
lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações. (destacado)

Ainda, o art. 30 da Lei das Licitações dispõe sobre as exigências permitidas


para a qualificação técnica das empresas licitantes, conforme se vê adiante:

Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica


limitar-se-á a:
(...)
§ 1o A comprovação de aptidão referida no inciso II do
"caput" deste artigo, no caso das licitações pertinentes a
obras e serviços, será feita por atestados fornecidos por
pessoas jurídicas de direito público ou privado, devidamente
registrados nas entidades profissionais competentes,
limitadas as exigências a:
I - capacitação técnico-profissional: comprovação do licitante
de possuir em seu quadro permanente, na data prevista para
entrega da proposta, profissional de nível superior ou outro
devidamente reconhecido pela entidade competente,
detentor de atestado de responsabilidade técnica por
execução de obra ou serviço de características semelhantes,
limitadas estas exclusivamente às parcelas de maior
relevância e valor significativo do objeto da licitação, vedadas
as exigências de quantidades mínimas ou prazos máximos;
(...)
§ 5o É vedada a exigência de comprovação de atividade ou de
aptidão com limitações de tempo ou de época ou ainda em

__________________________________________________________
locais específicos, ou quaisquer outras não previstas nesta Lei,
que inibam a participação na licitação.
§ 6o As exigências mínimas relativas a instalações de
canteiros, máquinas, equipamentos e pessoal técnico
especializado, considerados essenciais para o cumprimento
do objeto da licitação, serão atendidas mediante a
apresentação de relação explícita e da declaração formal da
sua disponibilidade, sob as penas cabíveis, vedada as
exigências de propriedade e de localização prévia.

Assim, parece bastante claro que o item 14.7 traz uma exigência deveras
absurda, qual seja, como parte integrante da proposta a obrigação de APRESENTAR
DECLARAÇÃO OU CONTRATO DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA NO ESTADO DO CEARÁ. Verdadeira
afronta à legislação e ao bom senso, senão vejamos.

O artigo 30 da Lei de Licitações é claro ao dispor que as exigências devem se


limitar àquelas expostas no mesmo artigo, e, portanto, não há qualquer justificativa legal para
se exigir algo similar ao constante do item 14.7, conforme dispõe os parágrafos primeiro,
quinto e sexto do referido artigo.

Neste sentido havia sido o parecer do Ministério Público de Contas do Estado


do Ceará:
“A exigência estabelecida pela Administração só encontra justificativa
legítima se for efetivamente indispensável ao interesse público almejado,
sendo que no presente caso a Administração poderia fazer a exigência de
assistência técnica no Estado do Ceará para se efetivar a contratação e
não como condição para a participação na licitação.
Ademais, a exigência é antijurídica, posto que incide na vedação consignada
no art. 3º, §1º, I, da Lei 8.666/93, tendo em vista que nada impediria que
uma empresa com assistência técnica em outro Estado possa ter interesse
em prestá-la no Estado do Ceará, incorrendo nos custos correspondentes,
não podendo o edital circunscrever o universo de competidores, apesar de
poder indicar prazo e local para atendimento da Administração, de modo
que eventual interessado não seja impedido aprioristicamente da licitação”.

__________________________________________________________
Não por menos o voto da Conselheira Relatora Soraia Thomaz Dias Victor
acertadamente entendeu pela procedência da representação apresentada pela ora Impetrante
nos autos nº 03284/2013-5:

“Não existe possibilidade da Administração exigir, em editais de certames


públicos, que os licitantes detenham os equipamentos ou instalações em
determinada região, de forma que a imposição de tal cláusula apenas apronta
para medida restritiva de competitividade, afrontando, pois, o princípio da
isonomia”.

É dizer, impor que qualquer das pretendentes licitantes tivessem uma filial ou
uma assistência técnica contratada ANTES DO CERTAME é certamente exigência
extremadamente absurda, discriminatória e atenta contra os princípios de igualdade dos
licitantes, o que permite o direcionamento do processo licitatório. O que visa este
direcionamento é beneficiar exclusivamente as empresas locais em detrimento das demais.

E que não se alegue que a Impetrante decaiu do seu direito de fazer tais
alegações, a um, pois a interpretação dada pela ALKCOM ao item 14.7 foi a de que a
apresentação da declaração ou cópia do contrato eram os instrumentos cabíveis para o
cumprimento do dispositivo na fase de habilitação, e a dois, pois em casos como o presente,
em que a ilegalidade da exigência foi chancelada pelo ato coator de homologação da
desclassificação da Impetrante, a violação à direito líquido e certo é socorrida por meio da
ação constitucional de mandado de segurança dentro do prazo decadencial de 120 (cento e
vinte).

Ressalta-se que nas licitações o que se busca proteger é o próprio interesse


público, sempre atento à contratação da melhor obra ou serviço com a proposta mais
vantajosa, logicamente que obedecidas qualidades técnicas mínimas.

__________________________________________________________
Assim, por expressa disposição constitucional, não se compatibiliza no
procedimento licitatório qualquer proteção a interesses de grupos regionais ou agrupamentos
privados.

É dizer, a exigência impositiva de que os licitantes possuam vínculos com


determinada região em momento anterior à contração – como absurdamente interpretou a
Impetrada – não apenas restringi o âmbito da licitação, mas especialmente beneficia empresas
estabelecidas naquele estado da federação em detrimento das demais concorrentes.

Assim, tem-se claramente que a regra instituída pelo Edital – e mal


interpretada pela Impetrada – não realiza a finalidade do ato, que é procurar a oferta mais
vantajosa à administração, desvirtuando o instituto por completo e colocando-o contra a
própria norma cogente. Limitar a competição ao exigir a comprovação de existência de rede
de assistência em fase pretérita à contratação mostra-se deveras abusivo, de modo a
restringir a possibilidade de acesso de uma empresa ou várias, certo que o espírito de ter
vários concorrentes estará maculado.

É lógico que é necessário e aplaudível o estabelecimento de requisitos para


habilitação. Mostra-se fundamental verificar se a empresa licitante tem capacidade técnica
para desempenhar o serviço, ou seja, se oferece garantias, se tem razoável porte econômico, o
que não se pode é discriminar empresas pelo fato de não terem filial no Estado ou impedir
que, em caso de serem vitoriosas no certame, estabeleçam base no referido Estado,
especialmente em fase anterior à contratação, o que por certo importaria em gastos
preparatórios de enorme monta para as empresas não estabelecidas no Estado do Ceará.

A discussão em pauta gira exclusivamente em torno do cumprimento pela


licitante vencedora dos requisitos de habilitação, mais especificamente, a apresentação de
declaração de garantia / assistência técnica pelo fabricante no prazo legal e na forma prevista
no edital.

__________________________________________________________
Uma vez apresentada a declaração pela Impetrante de que se sagrada
vencedora dará assistência técnica, e mais, formalizando em documento próprio que os
produtos fornecidos terão prazo de garantia de 5 anos, não pode, sob qualquer argumento,
inabilitar a ora Impetrante, até porque essa exigência “TÃO ESPECÍFICA” não constou das
normas editalícias como requisito de habilitação, resumindo-se apenas e tão somente a
apresentação da declaração ou de cópia do contrato.

Qualquer interpretação minimamente razoável é capaz de identificar que a


declaração formaliza o compromisso do particular para com o licitante de que, quando da
contratação, atenderá aos requisitos de assistência técnica ali previstos, e que a cópia do
contrato é válida para as empresas já estabelecidas no Estado do Ceará.

Por sua vez, o entendimento exarado pela Impetrada – e externalizado de


forma indireta pelo ato coator que habilitou a terceira colocada e excluiu a Impetrante do
certame – de que a comprovação deveria ter sido feito de forma prévia é de todo ilegal e viola
sobremaneira a competitividade do certame, para além da norma prevista no art. 30, inc. §5º
da Lei nº 8.666/1993.

Ademais, no presente caso, o fabricante ratificou os termos da declaração


anteriormente apresentada, fazendo indicação expressa ao edital do pregão em epígrafe, não
havendo razão, portanto, para ser desconsiderada a melhor proposta, objetivo precípuo de
toda licitação pública, assegurada, por certo, a igualdade de chances aos concorrentes.

Nesta mesma linha traz-se à baila trecho do voto da Conselheira Relatora


Soraia Thomaz Dias Victor, que na Representação nº 03284/2013-5 (fls. 171-180 da
Representação) assim dispôs:

__________________________________________________________
“[...] com base nos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, na
fase de habilitação são verificados se os documentos apresentados atingem
os fins colimados, com vistas a proceder a eventual participação do
interessado, não se confundindo com as obrigações para se assinar o
contrato. De sorte que no presente caso, pactuo com o entendimento de
que a Administração poderia fazer a exigência da rede de assistência
técnica no Estado do Ceará para se efetivar a contratação e não como
condição para a participação na licitação”.

A despeito do voto acima transcrito ter sido sobreposto por decisão da


Presidência do TCE/CE – e certo a mesma ainda se encontra passível de reforma por
intermédio do recurso de reconsideração, dentre outros – frisa-se que os Tribunais de Contas
Estaduais já pacificaram a matéria, decidindo em votos recorrentes que a inclusão de cláusula
em edital de licitação que determine que somente produtos de fabricação nacional poderão
ser objeto da compra a ser realizada pela Administração Pública, ou que somente se os
produtos tiverem assistência técnica local, restringe a competitividade. As decisões têm sido
embasadas na regra que determina ser vedada a inclusão no edital de cláusulas que frustrem o
caráter competitivo e estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da
sede ou do domicílio dos licitantes.

Em sentido semelhante: Decisões do TCU nº 103/98 – Plenário e nº 147/94 –


Plenário – TCE – MG. Decisões dos Tribunais já pacificaram a matéria:

Colegiado: Segunda Câmara


Relator: MARCOS BEMQUERER
Processo: 031.689/2010-8
Número do acordão: 2727
Ano do acórdão: 2011
Número ata : 14/2011
Data dou : 10/05/2011
Acordao : ACÓRDÃO Nº 2727/2011 - TCU - 2ª Câmara
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por

__________________________________________________________
unanimidade, com fundamento no art. 113, § 1º, da Lei n.
8.666/1993 c/c os arts. 143, incisos III e V, alínea a, 237, inciso
VII, e 250, inciso II, do Regimento Interno/TCU, aprovado pela
Resolução n. 155/2002, em conhecer da presente
representação, para, no mérito, considerá-la parcialmente
procedente, e encaminhar cópia desta deliberação à
interessada, promovendo-se, em seguida, o arquivamento dos
autos, sem prejuízo de fazer a seguinte determinação, de
acordo com o parecer da Secex/MS:
1. Processo TC-031.689/2010-8 (REPRESENTAÇÃO)
1.1. Interessada: Valspe Comércio de Informática Ltda.
(08.342.480/0001-80).
1.2. Órgão/Entidade: Comando da 9ª Região Militar do Oeste
no Estado de Mato Grosso do Sul - MD/CE.
1.3. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Mato
Grosso do Sul (Secex/MS).
1.4. Advogado constituído nos autos: não há.
1.5. Determinação:
1.5.1. ao Comando da 9ª Região Militar do Oeste no Estado de
Mato Grosso do Sul que se abstenha de incluir, nos próximos
instrumentos convocatórios concernentes à área de
informática, exigência que não são tecnicamente
indispensáveis à execução do objeto e que podem implicar em
restrição à competitividade do certame, a exemplo do ocorrido
no Edital do Pregão Eletrônico n. 16/2010, tais como:
1.5.1.1. Exigência no sentido de que as licitantes apresentem
declaração emitida pelo fabricante do bem ou serviço
licitado, assegurando a prestação de assistência técnica e a
certificação de instrutores de treinamentos;
1.5.1.2. exigência e que toda a solução ofertada pelo
revendedor seja de fabricação própria, desacompanhada das
devidas justificativas técnicas, bem como a não aceitação de
regime OEM (Original Equipment Manufacturer) ou
customização na aquisição de equipamentos e seus softwares
básicos.

ACÓRDÃO
ACÓRDÃO 2081/2013 ATA 11 - SEGUNDA CÂMARA
Relator: AROLDO CEDRAZ - REPRESENTAÇÃO. CONTRATAÇÃO
DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO. EXIGÊNCIA,
COMO REQUISITO DE HABILITAÇÃO, DE APRESENTAÇÃO DE
CARTA DE CREDENCIAMENTO DO FABRICANTE. EXIGÊNCIA
IRREGULAR, COM POTENCIAL DE RESTRINGIR

__________________________________________________________
INDEVIDAMENTE A COMPETITIVIDADE DA LICITAÇÃO.
AUSÊNCIA DE PREJUÍZOS À CONTRATAÇÃO, NO CASO
CONCRETO. REPRESENTAÇÃO PROCEDENTE. CIÊNCIA DA
IRREGULARIDADE AO MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL
Diário Oficial da União: vide data do DOU na ATA 11 - Segunda
Câmara, de 16/04/2013
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que cuidam de
representação formulada pela empresa Dady Ilha Soluções
Integradas Ltda. acerca de possíveis irregularidades no Pregão
Eletrônico 22/2012, conduzido pelo Ministério da Integração
Nacional.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União,


reunidos em Sessão da 2ª Câmara, diante das razões expostas
pelo Relator, em:
9.1 conhecer da Representação para, no mérito, considerá-la
procedente;
9.2 dar ciência ao Ministério da Integração Nacional a
respeito da irregularidade contida no Pregão Eletrônico
22/2012, ante a exigência, no subitem 12.5.1 do edital, de
carta de credenciamento do fabricante como requisito de
habilitação, contrariando o que dispõem os arts. 27 e 30 da
Lei 8.666/93, indo de encontro também a diversas
deliberações deste Tribunal, a exemplos dos Acórdãos
423/2007, 1.281/2009 e 889/2010, todos do Plenário;
9.3 dar ciência deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto
que o fundamentam, à representante e ao Ministério da
Integração Nacional;
9.4 arquivar os presentes autos.

REOMS 1673 CE 90.05.02492-5


Relator(a): Desembargador Federal Jose Delgado
Julgamento: 11/06/1990 - Órgão Julgador: Segunda Turma
Publicação: DJ DATA-13/08/1990
Ementa: ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO. EXIGENCIA
DISCRIMINATORIA.
1- A exigência do licitante dispor de sede ou filial no município
em que se processa a licitação constitui ofensa ao principio da
igualdade entre os licitantes.
2- não ha justificativa de interesse público para abuso
praticado no exercício do poder discricionário quando da
vedação a inscrição de empresa que possui filial na região
metropolitana do município onde se processa a licitação.

__________________________________________________________
3- o processo licitatório, para atingir sua finalidade, precisa
da participação do maior numero possível de participantes
para que se obtenha a proposta mais vantajosa para o poder
público.
4- remessa oficial improvida.

ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO. APRESENTAÇÃO DE GARANTIA


ANTES DA HABILITAÇÃO EM TOMADA DE PREÇO.
IMPOSSIBILIDADE.
1. Tem-se aqui caso em que edital de licitação exigia a
apresentação de garantia em até cinco dias da data da
abertura da licitação.
2. De acordo com o art. 31, inc. III, da Lei n. 8.666/93, a
apresentação de garantia é requisito para que o licitante seja
considerado qualificado no aspecto financeiro-econômico.
Como se sabe, a apresentação das qualificações insere-se na
fase de habilitação, na esteira do art. 27 daquele mesmo
diploma normativo, motivo pelo qual a exigência de garantia
antes do referido período é ilegal.
3. Não ajuda à Administração sustentar que o edital é lei
entre as partes e que a decisão que aplica os dispositivos
antes mencionados viola o art. 41 da Lei n. 8.666/93, pois, se
é verdade que o edital vincula o Poder Público, não é menos
verdade que a lei também o faz, em grau ainda mais elevado.
(Grifo nosso).

ACÓRDÃO - TCU
ACÓRDÃO 1390/2005 ATA 34 - PLENÁRIO [texto original]
Relator: UBIRATAN AGUIAR - Representação. Concorrência
para a contratação de serviços advocatícios. Inclusão de
exigência no edital de que os licitantes tenham filiais em quatro
cidades. Restrição indevida à competitividade do certame.
Conhecimento. Procedência. Determinação para que a CBTU
anule o certame ou altere o edital, com a reabertura dos prazos
para apresentação das propostas. Ciência ao representante.
Diário Oficial da União: 19/09/2005 página: 0 - 06/09/2005

Excelência, reprise-se que da forma como o item 14.7 foi interpretado pelo
Impetrante – cuja motivação excluiu a Impetrante de forma definitiva por meio da habilitação
da terceira colocada em ato do dia 25 de outubro de 2013 – o que se vê é o direcionamento
do Edital para empresas locais, sem qualquer justificativa legal ou fática, necessitando o

__________________________________________________________
socorro do Poder Judiciário para impedir a lesão à moralidade, legalidade e ainda prejuízos
ao erário, eis que certamente as propostas da empresa ora convocada serão vultosas e em
valores evidentemente superiores ao oferecido pela Impetrante.

Assim, deve este D. Juízo reprimir imediatamente o absurdo ato que


homologou o ingresso do terceiro colocado, impedindo-o de formalizar adjudicar o objeto e
firmar o referido contrato, pois a justificativa utilizada para a exclusão da Impetrante é de todo
ilegal.

3.
IDENTIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS ESSENCIAIS À SEGURANÇA
3.1 – Do ato coator e da autoridade coatora.
3.2 – Do direito líquido e certo.

3.1 - Do ato coator e da autoridade coatora

O ato coator que ensejou o presente mandamus está consubstanciado naquele


proferido em 25 de outubro de 2013, que de forma concomitante e em razão da interpretação
analógica que se faz do item 18.1 do edital: (i) aceitou a habilitou a empresa JBT - JOST &
BORGES TELECOMUNICACOES LTDA – EPP, então terceira colocada, e automaticamente
excluiu do certame a Impetrada – com fulcro no ilegal item 14.7 do edital; e (ii) abriu o prazo
para manifestação da intenção de recurso disponibilizados pelo PREGOEIRO DA
PROCURADORIA GERAL DO ESTADO – PGE – SR. ROBINSON DE BORBA E VELOSO com o
exíguo intervalo de 4 (quatro) horas, certo que ambos os efeitos se mostram de todo
absurdos, seja pelo exigência de critério contra legem, seja pela impossibilidade do exercício
pleno do contraditório e ampla defesa por parte da Impetrada.

__________________________________________________________
Percebe-se claramente que o apontado ato coator contraria, diretamente, os
princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, vez que viola a disposição
prevista no artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal, mas também a escorreita participação
da Impetrante no certame.

3.2 - Do direito líquido e certo.

Nesse sentido é que a Impetrante afirma ser detentora do direito líquido e


certo de se ver devidamente habilitada a participar do Pregão Eletrônico nº 20130003 – ETICE.

O ponto crucial da segurança se encontra devidamente demonstrado por


haver-se demonstrado a inobservância aos princípios constitucionais da legalidade, da
razoabilidade e da isonomia que garantem aos interessados a igualdade de chances em um
procedimento licitatório e a expectativa de que os iguais serão tratados de forma igual e os
desiguais de forma desigual, na medida de suas desigualdades, bem como violação latente
ao contraditório de forma plena e eficaz.

Segundo demonstrado, o aludido pregão eletrônico nº 2013/003 está eivado


de ilegalidades, seja pela violação ao inciso XXI, do artigo 37 da Constituição Federal e o
parágrafo 6º, do artigo 30 da Lei nº 8.666/1993, conforme demonstrado de forma clara e
objetiva nas razões deste mandamus, bem como pela forma com que tais decisões foram
levadas a conhecimento pelo Impetrante.

Por todo o exposto, por certo impera a apreciação deste mandamus sob o
prisma do controle judicial do ato administrativo e a sua anulação frente à transgressão
expressa à ordem jurídica vigente.

4.
DO PEDIDO LIMINAR

__________________________________________________________
Resta claro o grave e justo receio de ofensa a direito da Impetrante, qual seja o
de que seja realizada a contratação da empresa classificada em terceiro lugar à revelia das
inúmeras ilegalidades cometida pela Impetrada nos termos da fundamentação supra, tal como
devidamente apresentado nos respectivos documentos juntados à presente, evidenciado
mormente ante:

(i) exigência ilegal para que a Impetrada detenha os equipamentos ou


instalações na região do Estado do Ceará, de forma que tal exigência restringe
a competitividade do certame e afronta o princípio da isonomia.

(ii) ilegalidade da previsão contida no item 18.1 do edital do pregão


eletrônico nº 2013003 – ETICE que previu o prazo de somente 04 horas úteis
para a manifestação de intenção de apresentar recurso, impedindo assim a
tomada de qualquer medida administrativa cabível.

Ora, Excelência, percebe-se que o prazo de somente 04 (quatro) horas úteis


para a manifestação de intenção de apresentar recurso viola claramente os pressupostos
constitucionais da ampla defesa e do contraditório, de modo que tal disposição editalícia é
desarrazoada ilegal e abusiva.

Tal ilegalidade editalícia fere frontalmente a finalidade do certame de modo


que, por esse, e pelos outros motivos apresentados a suspensão do procedimento licitatório é
questão de Direito e de Justiça.

Neste sentido, tem-se suficientemente demonstrada a verossimilhança das


alegações da Impetrante, especialmente ante os inúmeras descumprimentos que se
acatados certamente põe em cheque toda a lisura e legalidade do presente certame, para
não dizer a ofensa ao interesse público e coletivo incutido.

__________________________________________________________
Não por menos, destaca-se ainda importante lição dos professores Luiz
Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart, que ao tratar da verossimilhança assim se
manifestam:

“A denominação ‘prova inequívoca’, capaz de convencer o juiz da


‘verossimilhança da alegação’, somente pode ser entendida como a ‘prova
suficiente’ para o surgimento do verossímil, entendido como o não suficiente
para a declaração da existência ou da inexistência do direito”.3 (destacado)

Não havendo até o presente momento qualquer prova irrefutável de


regularidade acerca das indiscutíveis violações por parte da Impetrada, e até mesmo ad
cautelam, cai por terra qualquer alegação no sentido de afastar plausibilidade das alegações
da Impetrada.

Da mesma forma, o periculum in mora reside no fato de que a qualquer


momento poderá ser realizada a contratação da terceira colocada, o que macularia direito da
Impetrante, vez que encontra-se pendente de julgamento pedido de reconsideração no TCE-
CE, referente à representação nº 03284/2013-5, que se for julgado procedente depois de
firmada a contratação com a empresa classificada em terceiro lugar acarretará em prejuízos
tanto para a Impetrante como para a Administração Pública, pois a mesma terá certamente
que arcar com verbas indenizatória à empresa contratada.

Deste modo, demonstrada a configuração da plausibilidade do direito e do


perigo da demora, impõe-se o deferimento do pedido liminar, e ante a urgência inaldita altera
pars ad cautelam, de modo a suspender o presente procedimento licitatório até a resolução
do mérito do presente mandamus.

3
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil – Volume 2: Processo de
Conhecimento. São Paulo: RT, 2008. p.211.

__________________________________________________________
5.
DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, requer-se a Vossa Excelência que:

a) Receba a presente petição inicial em todos os seus termos, pois presentes


todos seus pressupostos intrínsecos e extrínsecos;
b) Notifique a autoridade coatora, para que, no prazo legal, preste as
informações que entender necessárias;
c) Deferi medida initio litis inaudita altera pars, para o fim de suspender o
procedimento licitatório do pregão eletrônico nº 2013/0003, em face do evidente
descumprimento aos preceitos que regem o procedimento licitatório na modalidade pregão,
cujas disposições editalícias são abusivas e ilegais, especialmente no que diz respeito à
exigência contida no subitem 14.7 do edital e a ilegal exclusão da Impetrante no certame, ou
em caso de contratualização eminente ou firmada, requer-se, ainda, seja determinado à ETICE
a suspensão da ordem de serviço ou instrumento equivalente, tendente a macular o interesse
público e o direito da empresa ALKCOM INDUSTRIAL LTDA.;
d) Seja determinada a intimação do Membro do Ministério Público para se
manifestar, caso entenda necessário.

Dá-se à causa, para fins meramente fiscais, o valor de R$ 1.000,00 (mil reais).

Termos em que,
Pede deferimento.

De Curitiba/PR para Fortaleza/CE, 31 de outubro de 2013.

Rodrigo Pironti Aguirre de Castro Rafael Porto Lovato


OAB/PR 36.363 OAB/PR 63.597

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ROL DE DOCUMENTOS

1- ÚLTIMA ALTERAÇÃO DE CONTRATO SOCIAL.


2- PROCURAÇÃO.
3- COMPROVANTE DE PAGAMENTO DE CUSTAS (PREPARO).
4- EDITAL PREGÃO ELETRÔNICO.
5- PEDIDO DE ESCLARECIMENTOS.
6- CARTA PROPOSTA E DECLARAÇAÕ DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA ALKCOM.
7- INABILITAÇÃO ALKCOM.
8- HISTÓRICO DE MENSAGENS COMPRASNET.
9- REPRESENTAÇÃO TCE/CE.

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