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João Aurélio P. Paula Pessoa - OAB/CE 15.

196-B
Priscilla M. Santana Macedo - OAB/CE 24.660
Francisco Figueiredo P. Pessoa - OAB/CE 13.805
Nicomedes M. Figueiredo - OAB/CE 23.314

EXMO(A). SR(A). JUIZ(A) DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA


COMARCA DE AQUIRAZ -CEARÁ:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTENCIA DE DÉBITO C/C COM


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS COM PEDIDO DE TUTELA DE
URGÊNCIA

CARLOS JOSÉ MENESES ALVES, brasileiro, casado, inscrito no CPF nº


841.633.303-30, RG 97002243850 SSPDS/CE, residente e domiciliado à
Rua 01, Loteamento Novo Iguape, Casa LM 01B, Aquiraz-CE, CEP 61700-
000, vem à presença de V. Exa., por seu patrono, com poderes
outorgados por procuração em anexo, apresentar a presente
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTENCIA DE DÉBITO C/C COM
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS COM PEDIDO DE TUTELA DE
URGÊNCIA,
em face de COMPANHIA ENERGETICA DO CEARA (ENEL
DISTRIBUIDORA CEARA), inscrita no CNPJ nº 07.047.251/0001-70,
com sede a Rua Padre Valdevino, nº 150, Centro, Fortaleza (CE), CEP
60.135-040, o que faz pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

1. DA CONCESSÃO DA JUSTIÇA GRATUITA

INICIALMENTE postula o requerente os benefícios da justiça


gratuita, com fundamento no art. 5º, inciso LXXIV, da Constituição
Federal, e artigo 4º da Lei 1.060/50, em virtude de ser pessoa pobre na
acepção jurídica da palavra e sem condições de arcar com os encargos

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decorrentes do processo, sem prejuízo de seu próprio sustento e de sua


família.

2. DOS FATOS

O Autor é usuário dos serviços de energia elétrica da Requerida em


sua residência, possuindo nº de cliente 3364720, imóvel no qual reside
o mesmo, sua esposa e duas filhas, uma de 7 (sete) anos e uma de 12
(doze) anos.
Vinha e vem pagando as faturas de energia normalmente, sem
qualquer atraso.
Para sua surpresa, na data de 08/09/2020, ainda pela manhã,
foi surpreendido com a suspensão de fornecimento de energia
elétrica de sua residência, mesmo sem haver nenhuma pendência
financeira ou questão técnica que justificasse tal corte.
Verificou pelo aplicativo de celular e todas as faturas estavam pagas.
Entrou em contato com o teleatendimento da empresa, 0800-2850196
e após o repasse a vários setores diferentes, repetindo o ocorrido
diversas vezes, foi informado que de fato ocorrera um erro do
sistema interno da empresa e que por algum motivo desconhecido
constava a assinalação de débito em aberto, porém sem constar
qualquer fatura não paga.
Desse modo, foi emitida ordem de religação da energia na mesma
data, 08/09/2020, o que só ocorreu após várias horas de espera, já ao
fim do dia.
Temos que destacar que nesse dia foi um transtorno
generalizado, pois o Autor teve que se ausentar de seu trabalho
(trabalhador autônomo na área de construção civil), suas filhas
não puderam assistir aula remota (como é notório alunos estão
tendo aula em casa, de forma remota), nem mesmo a alimentação

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ordinária pode ser providenciada normalmente, UM VERDADEIRO


PANDEMÔNIO.
Após tal ocorrido, novamente no dia 18/09/2020 a mesma
arbitrariedade foi cometida. No início do dia, sem qualquer aviso
aos moradores do imóvel, simplesmente pensava-se que se
tratava de falta de energia, quando foi verificado o medidor, a
energia elétrica estava cortada pela companhia energética.
Em novo contato com o 0800 da Requerida, após muito “jogo de
empurra”, um dos atendentes concluiu que o corte do fornecimento de
energia se deu por erro, pois não constava nenhuma fatura não paga e
abriu ordem de religação.
Mais uma vez foi instalado o caos na residência sem energia, o Autor
teve que se ausentar do trabalho para ter quer resolver a querela, os
seus filhos ficaram sem aula, a vida familiar mais uma vez parada pelo
erro grosseiro da acionada.
Apenas ao fim do dia ocorreu o religamento.
Quanto absurdo e descaso empreendido em serviço essencial para o
cidadão, em um intervalo de 10 (dez) dias ter seu serviço de energia
elétrica suspensa duas vezes. O tratamento dado é vexatório ao extremo.
Dessa forma MM., fica consubstanciado que o Autor não deu causa
às suspensões do fornecimento de energia elétrica, sendo efetuadas
arbitrariamente pela Requerida, estando ainda nesse momento
fragilizado e inseguro quanto à novos cortes, razão que propõe-se a
presente para urgentemente vedar novo corte de energia,
declarar inexistente qualquer débito vencido e ainda reparar os
danos morais sofridos.

3. FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Fica evidente no caso em riste duas falhas graves da concessionária


de energia elétrica Ré. A primeira que emitiu e realizou corte sem haver
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débito ou situação fática que justificasse, DUAS VEZES. A segunda é o


corte sem qualquer aviso prévio.
A questão jurídica é bem básica no caso, já bastante amadurecida
pelos tribunais, CORTE INDEVIDO E DEVER DE INDENIZAR.

3.1. DOS DANOS SOFRIDOS E A NECESSIDADE DE REPARAÇÃO:

Observa-se que a relação presente é uma relação de fornecimento


de serviços e consumo, incidindo indubitavelmente o Código de Defesa
do Consumidor, vejamos:

Em relação ao consumidor e fornecedor, o CDC em seus artigos


seguintes determina:

“art. 2o Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire


ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
...

art. 3o Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,


nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização
de produtos ou prestação de serviços.
§1o Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§2o Serviço é qualquer atividade fornecida ao mercado de
consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária,
financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de
caráter trabalhista.” (Griffos nosso)

O artigo 4° do Código de Defesa do Consumidor em relação ao


objetivo das prestações de serviços aduz:

Art. 4.º A Política Nacional de Relações de Consumo tem por objetivo o


atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito a sua
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos,
a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transferência e
harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
(...) VII – racionalização e melhoria dos serviços públicos;

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Observa-se claramente que a requerida não agiu de maneira


condizente com o artigo descrito, visto que não proporcionou melhora
nenhuma na qualidade de vida da autora, muito pelo contrário, a
requerente se submeteu a inúmeros constrangimentos em virtude dos
erros comedidos pela Ré.
Já o Código de Defesa do Consumidor em seu art. 6º aduz os
direitos básicos do consumidor:

(...) VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e


morais, individuais, coletivos e difusos.”
(...) X – a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
(grifo nosso)

Destarte, através do presente solar esclarecimento, não resta


dúvida no que atine a imposição das regras dispostas no CDC nesta
relação jurídica formada. Obviamente as cobranças efetuadas são
completamente indevidas, o que já constrange o Promovente.

Como não podia deixar de ser, também o heróico diploma de defesa


do consumidor entrincheira-se na batalha pela reparação àqueles que
sofreram ofensas ao seu direito, o artigo 14 do CDC, do qual
transcrevemos abaixo o caput, trata especificamente da reparação de
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação de
serviços, preconizando a denominada responsabilidade objetiva, que
dispensa a prova da culpa do fornecedor, restando necessária apenas
comprovação da conduta do fornecedor, o dano causado e o nexo de
causalidade, que está plenamente demonstrado:

Art. 14 — O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação
dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas
sobre sua fruição e riscos. (Grifo Nosso)

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Corroborando com o artigo antecedente, atribui-se à requerida a


responsabilidade de assumir o descaso com o Autor, arcar com o ônus da
reparação dos danos causados ao promovente, pelos erros cometidos por
seus prepostos, vez que além dos danos materiais causados, houve
danos morais.
Pode-se dizer que houve conduta censurável e aplicação de meios
que diminuíram de forma injusta a moral do autor, interna e
externamente, provocando danos (desequilíbrio psicológico, desgaste,
etc.), motivo pelo qual se vale o mesmo do pleito judicial também de
responsabilização civil por danos morais.

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO


MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO DE APELAÇÃO. MANTIDA DECISÃO
DE 1º GRAU QUE CONDENOU A COMPANHIA ENERGÉTICA DO CEARÁ AO PAGAMENTO DE
DANOS MORAIS POR CORTE INDEVIDO DE ENERGIA ELÉTRICA. AFASTADA A PRELIMINAR DE
NULIDADE DA DECISÃO AGRAVADA POR IMPOSSIBILIDADE DE JULGAMENTO MONOCRÁTICO.
MATÉRIA AMPARADA EM ENTENDIMENTO FIRMADO EM SEDE DE RECURSO REPETITIVO.
MÉRITO - PRÁTICA DE ATO ILÍCITO. CORTE INDEVIDO DE ENERGIA ELÉTRICA. NECESSIDADE DE
PRÉVIA COMUNICAÇÃO COM ANTECEDÊNCIA MÍNIMA DE 15 DIAS (ART. 91, § 1º, A,
RESOLUÇÃO nº 456/2000 da ANEEL, ENTÃO VIGENTE). DEVER DE INDENIZAR. VALOR
ARBITRADO RAZOÁVEL CONSIDERANDO AS PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO. AGRAVO
INTERNO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. Afastada a preliminar suscitada de nulidade da
decisão ora agravada por suposta impossibilidade de julgamento monocrático. A uma porque
a matéria sob discussão encontra-se amparada em entendimento firmado em sede de recurso
repetitivo representativo de controvérsia (REsp 1412433/RS). A duas porque, segundo
entendimento doutrinário, a existência de precedentes acerca da matéria posta em
julgamento autoriza o relator a julgar monocraticamente. 2. No mérito, registro de início que
o dever de reparar eventual dano causado pela prática de ato ilícito possui previsão nos arts.
186 e 927 do Código Civil. 3. A responsabilidade civil que impõe a reparação dos danos morais
exige a demonstração inequívoca do ato ilícito e do prejuízo experimentado, além do nexo
causal entre a conduta e o resultado. 4. Na hipótese, a pretensão reparatória gravita sobre
suposto dano moral resultante da suspensão do fornecimento de energia elétrica, levada a
cabo pela concessionária ora agravante sob a justificativa de inadimplência. 5. Em se tratando
de serviço público essencial, o fornecimento de energia elétrica não deveria sofrer
interrupções, em observância ao princípio da continuidade dos serviços públicos. Porém, a Lei
nº 8.987/95, que trata do regime de concessão e permissão, em seu art. 6º, § 3º, II, prevê
hipótese de interrupção do serviço em caso de inadimplemento da conta. A Resolução nº
456/2000 da ANEEL, em vigência à época, regulamentou o procedimento de suspensão do
fornecimento de energia. 6. A respeito, o Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento
em sede de recurso repetitivo representativo de controvérsia (REsp 1412433/RS), julgado em
25/04/2018, no sentido de que "é lícito o corte administrativo do serviço, se houver aviso
prévio da suspensão". 7. Tenho, então, que é legítimo o corte no fornecimento de serviços

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públicos essenciais, desde que haja prévio aviso ao consumidor inadimplente, com
antecedência mínima de 15 (quinze) dias, nos termos da Resolução acima mencionada. 8. Da
documentação apontada, verifiquei que foi emitida comunicação prévia acerca do débito,
referente a julho de 2013, que ensejou a suspensão do serviço, na fatura de fls. 18, deixando,
assim, ao largo o prazo de 15 (quinze) dias previsto no art. 91 da Resolução nº 456/2000, posto
que a emissão da referida fatura data de 16/07/2003, tendo o desligamento ocorrido em
23/07/2003. 9. Embora não conste dos autos a data da religação da energia elétrica na
residência dos promoventes, é possível extrair que esta só veio a ser efetuada após a
concessionária ser compelida judicialmente. Está-se, portanto, diante de injusta privação do
direito ao serviço público essencial à dignidade da vida humana, o que configura dano moral
indenizável. 10. Sobre a extensão do dano, é preciso levar em conta que além do desligamento
de energia ter sido efetuado em desconformidade com o regramento previsto em lei, houve
truculência por parte do preposto da concessionária, culminando, inclusive, em ofensa à
integridade física do autor/apelante, o que restou comprovado pelo conjunto probatório
(exame de corpo de delito, fotografias e depoimentos testemunhais). 11. No que se refere ao
quantum arbitrado a título de dano moral, é cediço que o ressarcimento há de ser fixado com
moderação, levando-se em conta a gravidade e a repercussão da ofensa, a posição social do
ofendido e a situação econômica do ofensor. Ademais, não se pode perder de vista que o
ofensor deve ser penalizado, mas também não se admite que o pretendido ressarcimento seja
fonte de lucro para o ofendido. 12. Ademais, deve ser considerada também a demora
excessiva e injustificada para religação da energia elétrica, circunstância que impediu o autor
e sua família de usufruírem do serviço essencial por período excessivo de tempo, porquanto
vejo dos autos que a despeito de a conta ter sido paga em 24/07/2003, os autores ajuizaram
ação em 29/07/2003, pleiteando a religação da energia. 13. Assim sendo, considerando as
peculiaridades do caso concreto, quais sejam, desligamento ilícito da energia elétrica pela
inobservância do prazo de 15 dias para notificação; danos à integridade física do agravado,
decorrentes das agressões perpetradas pelo representante da COELCE e excesso de prazo para
a religação da energia elétrica, considero razoável o valor arbitrado a título de indenização
pelo juiz de 1º Grau (equivalente a 30 (trinta) salários mínimos). 14. Agravo interno conhecido
e desprovido. ACÓRDÃO: Vistos, relatados e discutidos estes autos de agravo interno em
apelação nº 0001078-93.2003.8.06.0000/50000, em que figuram as partes acima indicadas ,
acorda a 1ª Câmara Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, por
unanimidade, em conhecer do recurso, mas para negar-lhe provimento, nos termos do voto
do Relator. Fortaleza, 13 de março de 2019 EMANUEL LEITE ALBUQUERQUE Presidente do
Órgão Julgador DESEMBARGADOR EMANUEL LEITE ALBUQUERQUE Relator

(TJ-CE - AGV: 00010789320038060062 CE 0001078-93.2003.8.06.0062, Relator: EMANUEL


LEITE ALBUQUERQUE, Data de Julgamento: 13/03/2019, 1ª Câmara Direito Privado, Data de
Publicação: 13/03/2019)

APELAÇÃO. SENTENÇA PARCIALMENTE PROCEDENTE DO PEDIDO DE REPARAÇÃO MATERIAL E


MORAL. NO CASO, CORTE INDEVIDO NO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA.
COMPROVADA A PONTUALIDADE NO PAGAMENTO DA RESPECTIVA FATURA. SUPRESSÃO DO
SERVIÇO INJUSTIFICADA. NÃO COMPROVADOS OS LUCROS CESSANTES E OS DANOS
EMERGENTES. INDENIZAÇÃO IN RE IPSA. PARADIGMA DO TJCE. DESPROVIMENTO. 1. ATO
ILÍCITO EVIDENCIADO: De plano, vide fração do julgamento pioneiro, in verbis: (...) verifica-se
que consta nas contas de energia de págs.14/16, a seguinte informação: A COELCE agradece
e parabeniza pela pontualidade nos seus pagamentos. Além disso, as faturas mencionadas não
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apresentam qualquer dado de débito em aberto ou em parcelamento. Pelo contrário, a autora


perfaz o perfil de baixa renda e diante disso, conclui-se que honra suas obrigações financeiras
para com a promovida. 2. E segue, a sentença: Além disso, por meio do ato audiencial,
constatou-se o seguinte: 1) Em depoimento pessoal da autora, a promovente disse que o
porteiro lhe informou que a Coelce havia cortado sua energia e em ato contínuo, entrou em
contato com a promovida, a qual confirmou o corte em virtude de suposta falta de pagamento,
que os funcionários da Coelce não deixaram qualquer documento relativo ao corte efetuado;
b) Em depoimento pessoal do preposto da promovida, este disse que não existiu o corte de
energia reclamado pela autora e esta fez uma reclamação administrativa, tendo sido aberta
uma ordem de religamento; c) Em depoimento, a testemunha Núbia Maria Pontes afirmou
que mora no mesmo bloco da autora, que a autora chegou a casa da depoente e pediu para
fazer uma ligação para coelce para reclamar o corte de energia feito na sua residência, que a
autora realmente ligou para a COELCE, que a autora foi vítima de falácias no condomínio que
macularam sua honra como subsíndica diante da pecha de devedora. 3. E conclui a decisão
singular: Desse modo, afigura-se a consolidação da responsabilidade pela ré na falha de
prestação de serviço consistente no corte indevido de energia na residência da autora, que
não fez prova suficiente em sentido contrário nos termos do artigo 14, § 3º do CDC ou 373, II
do CPC. Nesse sentido, passa-se à análise das espécies danosas reclamadas e o arbitramento
correlato, caso devido (...). Portanto, evidenciada a existência de Ato Ilícito consubstanciado
no corte indevido no fornecimento de energia elétrica. 4. DANOS MATERIAIS: Lucros Cessantes
e Danos Emergente Não Comprovados. 5. Na vazante, paradigma do TJCE: DIREITO
ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO CÍVEL. SUSPENSÃO DO SERVIÇO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA
POR SUPOSTO DÉBITO. SERVIÇO PÚBLICO ESSENCIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL
CONFIGURADA. DANO IN RE IPSA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA
MANTIDA. MUDANÇA DOS ÍNDICES DE JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA, EX OFFICIO. 1. O
fornecimento de água é um serviço público essencial à qualidade de vida de qualquer entidade
familiar, devendo ser prestado continuamente. 2. As concessionárias de serviço público
devem zelar pela adequada prestação do serviço, respondendo objetivamente pelos possíveis
danos causados. 3. A suspensão ilegal do fornecimento de água gera dano in re ipsa,
dispensando a comprobação do prejuízo suportado. 4. Recurso de Apelação conhecido e
desprovido. (TJCE, Apelação 0007307-40.2010.8.06.0001, Relatora: Tereze Neumann Duarte
Chaves; Data do julgamento: 12/09/2018). 6. DANOS MORAIS: Por fim, quanto à suposta
exorbitância dos danos morais, vê-se, pois, que a Recorrente foi condenada a pagar a Parte
Autora a quantia de R$ 3.000,00 (três mil reais), montante que, data máxima vênia, não se
revela excessivo, mas compatível com o dano suportado pela ora Recorrida. 7. Não há
justificativa, portanto, a intervenção excepcional desta Corte, na modificação do quantum
fixado pelo Juízo Singular (STJ, REsp 932.334/RS, 3ª Turma, minha relatoria, DJe de
04/08/2009). 8. DESPROVIMENTO do Apelo, para manter intacta a sentença, com registro de
que foi aplicação da melhor técnica e ostenta afinidade com a doutrina renomada e a
jurisprudência atualizada do STJ. ACÓRDÃO: Vistos, relatados e discutidos os autos em que
são partes as acima indicadas, acordam os Desembargadores integrantes da 2ª Câmara de
Direito Privado do Tribunal de Justiça do Ceará, por unanimidade, o Desprovimento do
Recurso, nos termos do voto do Relator, Desembargador Francisco Darival Beserra Primo.
Fortaleza, 16 de outubro de 2019. DESEMBARGADOR FRANCISCO DARIVAL BESERRA PRIMO
Presidente e Relator

(TJ-CE - APL: 00440358820098060001 CE 0044035-88.2009.8.06.0001, Relator: FRANCISCO


DARIVAL BESERRA PRIMO, Data de Julgamento: 09/10/2019, 2ª Câmara Direito Privado, Data
de Publicação: 09/10/2019)

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4. DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

Concede-se a tutela antecipada caso haja fundado receio de dano


irreparável ou de difícil reparação, nos termos do artigo 300 do Código de
Processo Civil:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.

Ora excelência, o Autor em um intervalo de 10 (dez) dias teve a energia


de seu lar duas vezes cortada, mesmo inexistindo qualquer causa para isso,
prejudicando sobremaneira a si e sua família.
Temos por concluir que a atitude da Requerida é de extrema arbitrariedade
com total descontrole administrativo de seus atos.
Verifica-se, MM. Juiz (a), que a situação do Autor atende perfeitamente a
todos os requisitos esperados para a concessão da medida antecipatória, pelo
que se busca, antes da decisão do mérito em si, a ordem judicial para
sustação de qualquer corte no fornecimento de energia elétrica, a não
ser por débitos futuros ou qualquer outra causa técnica.

5. DO PEDIDO

Assim, diante da farta exposição e com base na fundamentação legal


apresentada, requer de Vossa Excelência que a conduza, mediante o devido
processo legal, aos seguintes provimentos:

1) A concessão do pedido de TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA


para suspensão de qualquer suspensão no fornecimento de energia
elétrica do Autor, salvo causas supervenientes devidamente apuradas

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pela ouvidoria da Ré, sob pena de cominação de multa em caso de


desobediência pela ré.
2) Seja determinada a INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, nos termos
do art. 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor;
3) CITAR as Promovidas nos endereços declinados no preâmbulo da
presente para que, querendo, apresentem defesa no prazo legal e
comparecerem as audiências, sob as penas da lei;
4) JULGAR TOTALMENTE PROCEDENTE a presente Ação para o fim
de (I) DECLARAR inexistente, até a presente data, de qualquer débito vencido
e não pago; (II) CONDENAR a Requerida ao PAGAMENTO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS no valor de R$ 21.000,00 (vinte e um
mil reais);
5) Condenar as Promovidas no pagamento das custas processuais, bem
como dos honorários advocatícios em 20% sobre o valor da causa, em
caso de recurso;
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito
admitidos, tudo de logo requerido, inclusive depoimentos pessoais,
testemunhas a serem oportunamente arroladas, requisição de documentos
em instituições públicas e privadas etc.
Dá-se à causa o valor de R$ 21.000,00 (vinte e um mil reais), para
efeitos legais.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Fortaleza, 23/09/2020.

João Aurélio Ponte de Paula Pessoa


OAB/CE 15.196-B
(Assinado eletronicamente)

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