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AO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL ADJUNTO CÍVEL DA COMARCA DE PARACAMBI -

RJ

Processo n°: 0800296-95.2022.8.19.0039

KEITHYANNE DE ALMEIDA MIGORANCE, já nos autos qualificada, vem


inconformado o decisum interpor tempestivamente RECURSO INOMINADO, requerendo
sua admissão e posterior remessa dos autos às Turmas Recursais deste E. Tribunal.

Outrossim, por se afirmar hipossuficiente financeiramente, não podendo arcar com


custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo de seu próprio sustento, vem
respeitosamente requerer seja concedido o benefício da Gratuidade de Justiça.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Japeri – RJ, 12 de dezembro de 2023.

Jaqueline Silva Martins

OAB/RJ 188.856
RAZÕES DO RECURSO

Recorrente: KEITHYANNE DE ALMEIDA MIGORANCE

Recorridas: SAMSUNG e LINKCELL CELULARES LTDA - ME

Egrégia Turma,

Eméritos Julgadores,

Não obstante a notória sabedoria e integridade do culto magistrado prolator da


sentença de 1ª instância, data máxima vênia merece total reforma o decisum, consoante os
fatos e fundamentos que passa a elencar.

I - BREVE SÍNTESE DA LIDE

A autora possui um aparelho “Smartphone Samsung Galaxy A71, 128GB, Dual Chip,
Android, Tela 6,7 Octa Core 2.2 GHZ, 4G Câmera Quadrupla”, adquirido no mês de
julho/2020.

No início de fevereiro de 2021, contrariando qualquer expectativa na compra, a


autora notou que o aparelho começou a apresentar defeitos, como ele estava na garantia
a autora levou o aparelho para autorizada

No mês de novembro/2021, o aparelho voltou a apresentar defeitos, ficava em


modo avião constantemente, o áudio era baixo e com chiados. Porém, desta vez a autora
precisou pagar o valor de R$291,00 (duzentos e noventa e um reais), pelo conserto visto
que o aparelho não se encontra mais na garantia.
Para a surpresa da autora no mês de janeiro/2022 o aparelho apresentou
novamente os problemas acima mencionados, necessitando voltar para autorizada mais
uma vez.

No dia 01/02/2022, a autora precisou retornar com o aparelho mais uma vez para
que fosse realizado um novo conserto, já que o problema não foi de fato solucionado.

Trata-se de uma ação indenizatória, o juízo julgou os pedidos da parte


autora improcedentes com apreciação de mérito, por entender que “Nesse contexto,
não se vislumbra qualquer falha imputável às Rés no tocante ao vício do produto
constatado durante a vigência da garantia contratual, uma vez que houve o devido
reparo do produto.

No que tange aos defeitos reclamados fora do prazo da garantia fornecida


pelo fabricante do produto, descabida a alegação autoral quanto à existência de vício
oculto, pois o aparelho apresentou problema somente após cerca de 6 meses a
contar do último reparo promovido pelas Rés. Ademais, a mera ocorrência de vício
reiterado do produto após findo o prazo de garantia não é capaz de caracterizar a
imputada falha do serviço.

Pelo exposto, JULGO IMPROCEDENTES OS PEDIDOS da parte autora no que


tange ambas as rés, extinguindo o feito com apreciação do mérito, com base no art.
487, I, do CPC.

Um verdadeiro absurdo, o magistrado não teve um mínimo de cuidado ao


analisar, então é normal você comprar um produto, ele ficar ruim, a pessoa consertar
por mais três vezes e o produto não conter vício???

II – DOS FUNDAMENTOS

II. 1 - DO RECURSO
A Requerente vem, por meio do presente recurso, impugnar a sentença proferida
nos autos, por entender que a mesma é manifestamente injusta e contrária à lei.

II. 2 - DO VÍCIO DO PRODUTO

A Requerente comprovou, por meio de documentos juntados aos autos, que o


aparelho celular adquirido da Requerida apresentava vício oculto. Isso porque, os defeitos
no aparelho só se manifestaram após a compra, não sendo possível ao Requerente
constatar a existência dos mesmos antes do ato de compra.

A sentença recorrida, ao afirmar que o vício do produto foi constatado durante a


vigência da garantia contratual, cometeu um erro de fato. Isso porque, os defeitos no
aparelho persistiram mesmo após diversos reparos realizados pela autorizada da
Requerida.

O Código de Defesa do Consumidor, em seu art. 26, §3º, estabelece que:

"Se o consumidor, no momento da entrega do produto, já tiver


conhecimento do vício, não poderá pleitear a inversão do ônus da
prova."

No caso em tela, os defeitos no aparelho só se manifestaram após a compra, ou


seja, a Requerente não tinha conhecimento dos mesmos no momento da entrega do
produto. Portanto, a inversão do ônus da prova é cabível no presente caso.

Assim, o vício do produto está devidamente comprovado nos autos, sendo


irrelevante a alegação da Requerida de que a Requerente não teria comprovado a
existência de defeito no aparelho.
III - DOS DANOS MORAIS

A Requerente também faz jus à indenização por danos morais. Isso porque, o defeito
no aparelho celular causou ao Requerente diversos transtornos, tais como:

 Inconvenientes na utilização do aparelho celular;

 Perda de tempo e dinheiro;

 Frustração e angústia.

Os transtornos causados a Requerente são evidentes e não restam dúvidas de que o


defeito no aparelho celular foi a causa direta desses transtornos.

A jurisprudência tem entendido que o defeito no produto, que impede ou dificulta o


seu uso normal, é passível de indenização por danos morais. Nesse sentido, cita-se o
seguinte julgado do Superior Tribunal de Justiça:

"A responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços pelo


vício do produto, que impede ou dificulta o seu uso normal, é
objetiva, nos termos do art. 14 do Código de Defesa do Consumidor.
O defeito do produto, que impede ou dificulta o seu uso normal, é
passível de indenização por danos morais, pois causa ao consumidor
transtornos

Os transtornos causados a Requerente são evidentes e não restam dúvidas de que o


defeito no aparelho celular foi a causa direta desses transtornos.

Assim, a Requerente faz jus à indenização por danos morais, no valor a ser arbitrado
por Vossa Excelência.
III – DO PEDIDO DE NOVA DECISÃO

Por todo exposto, espera e confia a Recorrente que esse Egrégio Conselho Recursal
aprecie os argumentos contidos no presente apelo, reformando a r. Sentença de forma
total, e a indenizar a Recorrente de forma justa, por todos motivos expostos, com uma
quantia equivalente ao pedido da exordial, condenando ainda, a recorrida nas custas
processuais e honorários advocatícios, certos de que, assim agindo, estarão V. Exas., mais
uma vez, praticando o honroso mister de distribuir JUSTIÇA!!!

Nestes Termos
Pede e espera deferimento

Japeri, 12 de dezembro de 2023.

Jaqueline Martins
OAB/RJ 188.856

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