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EXCELENTÍSSIMO JUÍZO DO 6º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA

COMARCA DE NATAL, ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE.

CRISTIANE DE FIGUEIREDO PINHEIRO, já devidamente qualificada


nos autos do processo em epígrafe, vem, respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado legalmente habilitado,
apresentar RÉPLICA À CONTESTAÇÃO apresentada por LENOVO
TECNOLOGIA (BRASIL) LIMITADA, pelas razões fáticas e jurídicas a seguir
deduzidas.

I – DOS FATOS

01. Consoante exaustivamente abordado em sede de Exordial, a


Requerente, em 02 de janeiro de 2024, adquiriu junto à Requerida um
aparelho notebook IdeaPad Gaming 3i, juntamente com um seguro de 01
(um) ano de complemento de proteção contra acidentes, pelo valor total de
R$ 4.157,76 (quatro mil, cento e cinquenta e sete reais e setenta e seis
centavos).

02. De se ressaltar que a Demandante é a servidora responsável pela


coordenação de um gabinete no Tribunal de Justiça e precisa, diariamente,
do computador em casa, pela necessidade de contato constante com o
Desembargador supervisor e com os 09 (nove) assessores sob sua
responsabilidade, em face da demanda diária de liminares e pleitos urgentes
que, muitas vezes, têm que ser apreciados fora do seu expediente presencial
regular.

03. Ademais, em alguns dias da semana, a servidora necessita trabalhar


de forma remota, quando autorizada pelo Desembargador supervisor, uma
vez que tem um filho pequeno, com apenas 01 (um) ano e 04 (quatro) meses,
ainda lactente e que vem passando por desafios de adaptação com nova
babá, ansiedade de separação e doenças eventuais.
04. Assim, diante da necessidade urgente decorrente dos problemas que
invalidaram o seu notebook anterior, a Promovente adquiriu, ainda no
recesso, o notebook da Demandada, no intuito de recebe-lo em perfeitas
condições para atender à sua demanda diária de trabalho.

05. Todavia, no dia 09 de janeiro de 2024, o produto foi recebido pela


Autora, em sua residência, com defeito de fábrica no mousepad, tendo a
Demandante, imediatamente, entrado em contato com o suporte da
Requerida e iniciado o procedimento de troca, ocasião na qual obteve
informação de que teria que enviar o aparelho de volta para a fábrica e, após
o recebimento, no prazo de 05 (cinco) dias, seria feita uma análise no
computador e, constatada a falha, nos 20 (vinte) dias subsequentes, a
Promovente receberia novamente o seu computador de volta.

06. Assim foi feito, tendo a Demandante efetivado a devolução do


aparelho, o qual foi recebido pela fábrica da Demandada no dia 18 de janeiro
de 2024, conforme comprovante de envio pelos Correios.

07. Desta forma, a empresa Ré teria até o dia 25 de janeiro de 2024 para
análise do notebook, iniciando, a partir dia, o prazo de 20 (vinte) dias para
substituição do produto, encerrando em 22 de fevereiro de 2024.

08. Contudo, passados todos os prazos comunicados pela Promovida e


sem receber qualquer resposta ou comunicação, no dia 23 de fevereiro de
2024 a Autora entrou em contato com a empresa, ocasião em que obteve
informação no sentido de que o produto ainda não tinha sido enviado porque
não havia similar disponível em fábrica, o que, todavia, não fora informado à
consumidora.

09. No referido contato, o atendente informou que seria necessária a


autorização para a troca do produto por outro com características superiores,
o que foi autorizado pela Demandante e lhe foi informado que, em razão da
expiração do prazo anterior, seria solicitada urgência para a entrega do novo
produto, o que ocorreria em até 05 (cinco) dias úteis, findando em 29 de
fevereiro de 2024.

10. No entanto, não apenas não chegou o produto no prazo máximo


previsto, como, em nova ligação, datada de 01 de março de 2024, a
Promovente foi informada que o aparelho sequer tinha sido faturado e que,
portanto, não havia previsão para entrega.
11. De se frisar que o computador sequer foi utilizado pela Demanda
quando de sua entrega, na medida que o defeito foi verificado no mesmo dia
em que foi entregue em sua residência, estando a Promovente, portanto, em
manifesto prejuízo pelo desrespeito às normas consumeristas, estando
impossibilitada de trabalhar de forma remota, mesmo quando necessita e
quando está autorizada pelo seu chefe direto, necessitando permanecer em
expediente presencial mais tempo que o habitual.

12. Diante de todo o exposto, requereu a concessão de tutela de urgência,


impondo à Requerida a substituição do aparelho defeituoso, bem como a
condenação da Demandada ao pagamento de indenização por danos morais,
no importe de R$ 41.577,60 (quarenta e um mil, quinhentos e setenta e sete
reais e sessenta centavos).

13. Em Decisão liminar (id. 116854756), proferida no dia 12 de março de


2024, este Juízo deferiu a tutela de urgência pretendida, para determinar à
LENOVO TECNOLOGIA (BRASIL) LTDA que procedesse com a substituição
do bem adquirido pela parte autora, por outro da mesma espécie, ou,
sucessivamente, por outro de mesmo valor, troca que deveria ocorrer no
prazo de 10 (dez) dias, sob pena de multa única de R$ 2.000,00 (dois mil
reais), sem prejuízo de sua majoração, imposição de nova multa ou diversa
providência.

14. No entanto, apresentada a Contestação por parte da Demandada, cabe


à Demandante a juntada da presente Réplica, no intuito de demonstrar a
necessidade de manutenção da liminar, bem como a imperiosa condenação
da Promovida ao pagamento de indenização por danos morais.

II – DA RÉPLICA À CONTESTAÇÃO

15. Inicialmente, vislumbra-se que a Contestação apresentada pela Lenovo


Tecnologia (Brasil) Limitada é bastante resumida, limitando-se a afirmar que
houve a perda do objeto da ação, uma vez que já houve o cumprimento da
liminar pleiteada em Exordial e deferida por este Juízo, bem como que
inexistiu dano moral.

16. A um, não há que se falar na perda do objeto da presente ação. Isso
porque, em que pese a liminar tenha sido efetivamente cumprida, uma vez
que a Demandante recebeu o seu aparelho no dia 18 de março de 2024,
também é objeto de pedido meritório a condenação da Requerida ao
pagamento de indenização por danos morais, o que não foi, ainda, apreciado
por este Juízo.

17. A dois, tenta fazer crer a Promovida que o caso presente não enseja a
reparação extrapatrimonial, uma vez que teria buscado atender à solicitação
da Demandante com toda presteza necessária, dando início às tratativas para
a substituição do produto.

18. Todavia, consoante exaustivamente abordado em sede de Petição


Inicial, o dano moral resta cabalmente configurado, a partir do momento em
que a falha na prestação dos serviços da empresa Ré causou prejuízos à
parte autora.

19. Veja, Excelência, que a Requerente adquiriu o notebook no dia 02 de


janeiro de 2024, ainda no recesso do Poder Judiciário, de forma que, quando
retornasse às suas atividades, já estaria com o computador em mãos, em
perfeitas condições de uso, permitindo a consecução de suas atividades
diárias.

20. Repise-se que a aquisição do referido aparelho se deu em virtude da


necessidade de permitir que a Autora desempenhasse o seu trabalho de
forma remota, sempre que necessário e autorizado pelo seu superior, como
forma de garantir uma melhor convivência e adaptação de seu filho menor.

21. Nessa toada, temos que a Requerida descumpriu, reiteradamente,


todos os prazos que ela mesmo forneceu, em total desrespeito à
consumidora, causando prejuízos não só de ordem material, mas
principalmente de ordem extrapatrimonial.

22. Isso porque, causou o distanciamento de uma mãe lactante do seu


filho, pela necessidade de jornada presencial além do expediente regular,
causando-lhe aflição e culpa por não conseguir atender às demandas do
trabalho e do seu filho, como poderia ser acaso estivesse de posse do
produto regularmente adquirido.

23. Veja-se, mais uma vez, que a Demandante é responsável pela


coordenação de um gabinete em segundo grau de jurisdição e precisa
coordenar não apenas as questões administrativas delegadas pelo
Desembargador supervisor, mas também precisa verificar as pautas
semanais das sessões de julgamento da Câmara e do Pleno do Tribunal de
Justiça, além de revisar a produção jurídica dos assessores e estar em
contato constante com o Desembargador para eventuais questões urgentes
que apareçam, muitas vezes após o final do seu expediente regular.

24. Confira-se, ainda, que a Promovente trabalha no mesmo local há mais


de 10 (dez) anos e uma de suas características principais é a
responsabilidade com o trabalho, motivo pelo qual tem permanecido muitos
dias por até 10 (dez) horas em jornada presencial, quando a complementação
desta jornada, pela necessidade do trabalho, era cumprida parcialmente em
casa e no conforto do seu lar, para que a atenção também pudesse ser dada
ao seu filho menor.

25. Contudo, a Requerente foi privada de um melhor convívio com o seu


filho, ainda bebê, diante da impossibilidade de cumprimento das suas
obrigações de forma remota, ainda que parcialmente, ante o descumprimento
dos prazos ofertados pela empresa Ré, o que extrapola, em muito, o mero
dissabor ou aborrecimento.

26. Diante de tudo quanto foi exposto, resta, portanto, cristalina a


ocorrência dos danos morais, razão pela qual a empresa Ré deve suportar
condenação nesse sentido, no importe pleiteado em Exordial.

III – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS FINAIS

27. Pelo exposto, reiteram-se, em sua integralidade, todos os pleitos


inseridos na Peça de Ingresso, de modo que a Demandada venha a ser
condenada ao pagamento de indenização por danos morais.

Nesses termos, pede deferimento.

Natal/RN, 25 de abril de 2024.

ANTÔNIO ROBERTO FERNANDES TARGINO


OAB/RN 9.289

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