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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL

CÍVEL DA COMARCA DE MARIALVA DO ESTADO DO PARANÁ - TJPR

Processo nº 0000228-03.2023.8.16.0113

BAHER COMERCIAL IMPORTADORA E EXPORTADORA LTDA., já qualificada


nos autos do processo acima epigrafado em que lhe move JULIANI APARECIDA LAZARIM
MELONI, por seus advogados que ao final desta subscrevem vêm, respeitosamente à presença de
Vossa Excelência, apresentar suas RAZÕES FINAIS, pelos motivos abaixo expostos

1. Trata-se de ação na qual a Autora busca ser indenizada no indecente valor de R$


10.000,00 (dez mil reais), em razão de suposto descumprimento à oferta por não ter recebido no
tempo e modo previamente ajustado, alguns produtos que fora adquirido pela internet. Citada, a
Requerida contestou e rechaçou, uma a uma, as teses ali defendidas, porquanto não praticou
nenhuma conduta desabonadora.

2. Após foram realizadas audiências visando elucidar as questões postas em juízo,


abrindo-se agora, a oportunidade de mostrar à Vossa Excelência que a pretensão autoral há de
ser julgada IMPROCEDENTE.
Da ausência de conduta omissiva praticada pela Requerida
Tentativa de entregas recusadas pela Autora

3. Conforme trazido à exaustão, à Requerida não mediu esforços para esclarecer todos os
questionamentos feitos pela Autora.

4. Tão logo tomou conhecimento do atraso das mercadorias a Ré solicitou à


transportadora parceira os devidos esclarecimentos, ao passo que informou ter realizado diversas
tentativas de entrega no endereço constante no cadastro deixado pela Autora, todas recusadas!
Ao todo Excelência, ocorreram nada menos que 07 (sete) recusas, veja:

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5. E veja que uma das tentativas ocorreu logo após o prazo estabelecido (07/12), sendo
razoável presumir que, conquanto estivesse fora do prazo, a tentativa de entrega não acarretaria
prejuízo à Autora, vez que não trouxe qualquer circunstância desabonada em razão do atraso.

6. No mais, são inverdades as alegações autorais, posto que, no dia 12/12/2022, uma
nova tentativa de entrega acabou sendo frustrada, de modo que o SAC (Serviço de Atendimento
ao Consumidor) da Requerida contatou à Autora para questionar o porquê daquela recusa, mas
não obteve qualquer retorno:

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7. A Autora sempre esteve ciente todos os procedimentos de entrega. Porém, nada fez
para solucionar o impasse, preferindo tumultuar o processo de entrega, sempre recusando as
mercadorias.

8. Não bastassem as recusas injustificadas e numa atitude que beira as raias da má-fé,
realizou diversas “ameaças” contra a Ré a respeito do atraso das entregas, embora ocorresse
justamente o contrário:

9. Após nova tentativa de entrega frustrada, a Requerida, então, solicitou que a Autora
pudesse retirar dos produtos no CO (Centro Operacional) mais próximo de sua residência. No
entanto, não obteve qualquer retorno. Dessa forma Excelência, consigne-se que a Requerida
procurou todos meios possíveis de cumprir com sua obrigação, trazendo elementos convincentes
que apenas não conseguiu entregas os produtos, por culpa exclusiva da Autora. Veja que foram

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07 (sete) tentativas de entregar os produtos, além da troca de e-mails com a consumidora com o
escopo resolver a questão. Impossível aqui, fala-se em desídia.

10. A situação em comento revela uma verdadeira inversão de obrigações, posto que foi à
Autora quem recusou o cumprimento da obrigação, não aceitando os produtos pela
transportadora. Muito embora seja assente o protecionismo que permeie as relações de consumo,
ele não é absoluto, devendo Vossa Excelência verificar as circunstâncias de cada caso antes de
aplicar à norma.

11. E o caso em tela traz exceção à regra, onde tem-se que a culpa pela não entrega é do
consumidor. Assim, deve ser aplicado comando inserto no art. 14, §3º, II da Lei 8.078/90 que
dispõe:

“Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa,


pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação
dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição
e riscos. (...)

§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:


I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.”

12. A boa-fé da Requerida é deveras evidente, porquanto prosseguiu com todos os


procedimentos e não cometeu qualquer ato ilícito, corroborando com as comprovações feitas
acima. Assim, rompido o nexo causal que pudesse ensejar responsabilidade contratual ou
extracontratual, a improcedência da lide é medida que se impõe.

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Dano moral que não restou provado em audiência

13. No que pertine aos danos morais, este juízo chegou a oportunizar a demandante para
que esclarecesse os motivos que a levaram a postular a rubrica indenizatória através de audiência
para tal desiderato. No entanto, a própria Autora emergiu enorme dificuldade de esclarecer de que
forma sofreu algum abalo psicológico ou mesmo alguma conduta que ultrapasse mero
aborrecimento.

14. Questionada sobre a existência de algum prejuízo de ordem moral, a Autora não
especificou ou mesmo exemplificou uma situação desabonadora causada em sua vida, limitando-
se a informar apenas que comprou outros produtos em razão do suposto atraso. (vide áudio a
partir do 8:30min), mostrando o caráter temerário da medida.

15. E é sabido que simples atraso de mercadoria constitui mero inadimplemento


contratual, pois a responsabilização civil, ordinariamente e nos termos da legislação civil, exige a
configuração do trinômio ato ilícito, dano (lesão a terceiro) e o nexo causal. No presente caso,
tratando-se de responsabilidade objetiva não foi comprovado o nexo causal entre qualquer ato
praticado pela Vest Casa e os supostos dissabores reportada pela Autora.

16. Nunca houve qualquer alegação de tratamento abusivo ou vexatório, pois não é o
caso, ressalta-se. Não há nenhuma outra alegação que pudesse justificar o pedido de danos
morais.

DA CONCLUSÃO

17. Diante da narrativa, em vista que a Requerida enveredou esforços para realizar a
entrega dos produtos, promovendo diversas tentativas de entrega, porém, todas recusadas de
forma injustificada pela Autora, conforme documentos que ora instruem esta defesa, somado ao
fato que à Autora não trouxe qualquer evidência de situação vexatória ou humilhante pelo atraso

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das mercadoras, conforme afirmou em audiência, roga-se aos sábios conhecimento de Vossa
Excelência, que a presente ação seja julgada TOTALMENTE IMPROCEDENTE. É o que se
espera.

18. Por fim, requer-se desde já que as futuras intimações e publicações sejam realizadas
em nome do advogado SIDNEI AMENDOEIRA JÚNIOR, inscrito na OAB/SP n° 146.240 e
FRANCISCO MARCHINI FORJAZ, inscrito na OAB/SP nº 248.495, sob pena nulidade.

Termos em que,
Pede deferimento.

De São Paulo para Marialva, 12 de setembro de 2023.

Assinado digitalmente Assinado digitalmente


Sidnei Amendoeira Jr. Francisco Marchini Forjaz
OAB/SP nº 146.240 OAB/SP nº 248.495

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