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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

DA COMARCA DE ... (...).


PROCESSO: ...
RECORRENTE:...
RECORRIDA:...
...., já qualificada nos autos do processo em epígrafe, vem perante Vossa Excelência, por
seus advogados, tempestivamente, nos termos do art. 41 da Lei 9.099/95, interpor
RECURSO INOMINADO, em face da sentença de fls., que julgou parcialmente procedente a
Açã o Indenizató ria, com as razõ es recursais em anexo, e aproveita a oportunidade para
requerer sejam as mesmas remetidas à instâ ncia superior.
Informa-se que o comprovante de pagamento das custas para interposiçã o do presente
recurso encontra-se devidamente anexado.
Nestes termos, pede-se o deferimento.
Local e data.
Assinatura do (a) Advogado (a)
N. da OAB/UF
--------- QUEBRA DE PÁGINA --------
EGRÉGIA TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS DO ESTADO DO ...
RAZÕES DE RECURSO INOMINADO
PROCESSO:...
RECORRENTE:...
RECORRIDA:...

ORIGEM: JEC DA COMARCA DE ...

Colenda Turma. Eméritos julgadores.

BREVE RESUMO DOS FATOS QUE ENVOLVEM A DEMANDA.


A parte autora, ora Recorrida, na data de ... de ... de 2017 ao tentar realizar o pagamento de
suas compras com um cartã o de vale-alimentaçã o da “NOME DA OPERADORA DE CARTÃ O”,
nã o teve a sua transaçã o aprovada e em razã o de nã o ter outro meio de pagamento
(cheque, dinheiro ou outro cartã o), nã o havia como a demandada liberar as suas compras.

Chama-se a atençã o de Vossas Excelências para o fato de que, consoante ao que fora
noticiado na pró pria petiçã o inicial, a Recorrente mostrou à Recorrida que o valor que fora
supostamente debitado do seu saldo do cartã o, nã o havia sido creditado no caixa, por
motivos alheios à sua vontade e que fugiam completamente da sua responsabilidade.
Notem, Vossas Excelências, que tanto é verdade que a transaçã o nã o fora concretizada, pois
a pró pria Recorrida relata que o valor supostamente debitado do seu saldo de cartã o, foi
estornado posteriormente pela operadora “NOME DA OPERADORA”, demonstrando que o
problema na transaçã o ocorreu por problemas técnicos da pró pria operadora!
Com relaçã o à s provas produzidas nos autos, em momento algum observa-se a existência
de culpa ou dolo por parte da Recorrente, quando do seu procedimento em reter as
mercadorias adquiridas no estabelecimento, pois, em momento algum foi demonstrado que
essa tenha agido fora dos limites legais e morais, para com a Recorrida, senã o vejamos:
Na audiência de instruçã o, momento em que foi oportunizado à s partes, tecer maiores
esclarecimentos sobre os fatos, a Recorrida narrou o que segue:
[...] a parte autora foi até o estabelecimento comercial da requerida e ao adentrar realizou
compras de doce para utilizar o cartão e saber o saldo existente. Após tal operação constatou
que possuía um saldo de R$ 340,00. Após fazer as devidas compras ao dirigir-se ao caixa do
supermercado ao pagar as mercadorias deu problema em seu cartão fazendo com que
dirigisse até outro caixa, lá recebeu a informação de que possuía saldo de R$ 130,00. De posse
do primeiro comprovante a autora questionou a gerente do estabelecimento alegando ter
pago as mercadorias compradas. Todavia a gerente argumentou que a requerida não recebeu
os valores e que por isso não poderia entregar a mercadoria. Não recorda qual mantimentos
adquiriu na data dos fatos, mas que tratam-se de alimentos. Que somente na segunda-feira,
procurou adquirir mantimentos. Que os fatos ocorreram na sexta-feira. Que não teve mais
problemas em utilizar seu cartão. Que possui crediário em outras empresas do ramo
alimentício. Que a gerente não atendeu as solicitações da depoente de deixar seu cartão como
garantia, fazendo o seguinte comentário "que ela e sua colega não iriam pagar as contas da
depoente". Que não passou fome no período de sexta até segunda, porém sentiu necessidade e
falta dos produtos que havia adquirido, principalmente da carne e papel higiênico. (grifou-se)
Notem, Excelências, que pelo depoimento pessoal prestado, resta cristalina a ausência de
dano ou prejuízo moral vivenciado pela Recorrida, pois, em que pese os produtos
adquiridos pela mesma, se tratassem de gêneros alimentícios (na sua maioria, acredita-se),
esses provavelmente nã o eram considerados como de primeira necessidade, pois,
consoante aos trechos grifados do depoimento transcrito acima, a Recorrida relata que
somente procurou outro estabelecimento na segunda-feira, ou seja, 03 dias apó s os fatos
ocorridos no estabelecimento.
Também nã o é crível a ocorrência de dano moral, pois a pró pria Recorrida relata, conforme
trecho do depoimento grifado acima, que tinha crediá rio disponível em outros
estabelecimentos, onde poderia fazer a compra e suprir a sua necessidade momentâ nea, se
fosse o caso de urgência ou de necessidade, o que nã o foi. Importante também referir que a
pró pria Recorrida relata que nã o passou fome no período de sexta até segunda,
evidenciando assim que o fato nã o lhe gerou prejuízo moral, mas talvez, e tã o somente, um
mero dissabor.
Ademais, em relaçã o à s demais provas produzidas, sobretudo das duas testemunhas
convidadas pela Recorrida e ouvidas durante a audiência de instruçã o, as mesmas vã o
impugnadas como meio inequívoco acerca, na medida em que nã o presenciaram a
ocorrência dos fatos narrados na exordial e tiveram somente conhecimento dos fatos, por
intermédio da pró pria Recorrida, e portanto, nã o podem ser considerados inteiramente
isentos, no caso dos autos.
Nesse sentido, insta-se em requerer à s Vossas Excelências, o afastamento da condenaçã o
imposta à Recorrente, quanto ao pagamento de indenizaçã o por danos morais, em razã o da
ausência de prova inequívoca acerca da materializaçã o do dano moral, bem como a
ausência dos demais requisitos ensejadores à reparaçã o, em especial, a ocorrência de
ilicitude praticada pela Recorrente.
DA AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DA RECORRENTE.
Entende a Recorrente que nã o há como ser lhe atribuída qualquer espécie de
responsabilidade civil, pois consoante ao que foi relatado alhures, o fato da transaçã o nã o
ter sido efetivada naquele momento, deu-se por eventos alheios à s vontades das partes, na
medida que a Recorrente nã o tinha (e nã o tem) qualquer gerência sobre as transaçõ es e
pagamentos realizados com cartõ es, pois toda a operaçã o é realizada pelo sistema da
operadora de crédito, no caso, da operadora “NOME DA OPERADORA”.
Como fora demonstrado para a demandante naquele dia e já devidamente comprovado nos
autos, o problema ocorreu por uma falha no sistema da operadora de crédito, que nã o
efetivou o crédito ao caixa da demandada, no momento da transaçã o.
O fato de a Recorrida nã o poder retirar as suas compras do estabelecimento decorreu da
nã o concretizaçã o do pagamento, o que repisa-se, ocorreu por evento que fugia da
responsabilidade do estabelecimento da Recorrente, tendo esta apenas agido dentro dos
limites da lei, pois nã o havia como autorizar à Recorrida que saísse com as mercadorias,
sem estas estarem efetivamente pagas.
O evento vivenciado pela Recorrida, na verdade, constitui-se tã o somente de um mero
dissabor, uma vez que esse tipo de situaçã o de modo algum interfere na ordem moral e
emocional do indivíduo, senã o vejamos os precedentes a seguir colacionados:
RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. BLOQUEIO DE CARTÃO. IMPOSSIBILIDADE DE LEVAR
TODAS AS COMPRAS REGISTRADAS NO CAIXA DO SUPERMERCADO. AUSÊNCIA DE
ABUSIVIDADE OU AGIR ILÍCITO PERPETRADO PELA RÉS. MERO DISSABOR. DANOS MORAIS
INOCORRENTES. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS
FUNDAMENTOS. RECURSO DESPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71005572615, Terceira Turma
Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Regis de Oliveira Montenegro Barbosa, Julgado em
27/08/2015) (grifou-se)
RECURSO INOMINADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS C/C PEDIDO DE
DEVOLUÇÃO EM DOBRO. COMPRA DE MERCADORIAS JUNTO A RÉ. PAGAMENTO EM
DUPLICIDADE DIANTE DA ALEGAÇÃO DA REQUERIDA DE QUE A OPERAÇÃO NÃO HAVIDA
SIDO CONCRETIZADA. DEVOLUÇÃO EM DOBRO. CABIMENTO. DANOS MORAIS
INOCORRENTES. AUSENTE HIPÓTESE DE VIOLAÇÃO AOS DIREITOS DE PERSONALIDADE.
SITUAÇÃO QUE, EMBORA DESAGRADÁVEL, NÃO TRANSCENDE A ESFERA DO MERO
DISSABOR. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
(Recurso Cível Nº 71006794226, Quarta Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator:
Luis Antonio Behrensdorf Gomes da Silva, Julgado em 14/09/2017) (grifou-se)
RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. PEDIDO DE BALCÃO. COMPRAS DE MERCADORIAS EM
SUPERMERCADO. PAGAMENTO ATRAVÉS DE CARTÃO. RECUSA DE PAGAMENTO. ACUSAÇÃO
DE SENHA INCORRETA. TENTATIVA DE SOLUÇÃO DA PENDÊNCIA. FALHA TEMPORÁRIA NO
SISTEMA DA RÉ. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. ALEGAÇÃO DE CONSTRANGIMENTO
ANTE OS CLIENTES E FUNCIONÁRIOS PRESENTES. FATO CORRIQUEIRO, QUE CONFIGURA
MERO DISSABOR. DANOS MORAIS NÃO DEMONSTRADOS. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA
MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71006735450, Primeira Turma Recursal
Cível, Turmas Recursais, Relator: José Ricardo de Bem Sanhudo, Julgado em 25/04/2017)
(grifou-se)
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. CARTÃO DE CRÉDITO.
FALHA NA OPERAÇÃO. DANOS MORAL E MATERIAL. No caso dos autos, o autor não deixou de
adquirir os produtos em razão de não ter sido autorizada a operação com o seu cartão Cielo
da Caixa Econômica Federal; o valor das compras indevidamente debitado em sua conta-
corrente foi devolvido pela instituição financeira responsável, e não há prova nos autos de ter
sido humilhado pelos funcionários do supermercado perante os demais clientes. A situação
narrada nos autos caracteriza mero dissabor e não gera o dever de indenizar, pois não
demonstrada qualquer situação de violação aos corolários da dignidade da pessoa humana,
como a honra, imagem, intimidade e vida. Apelo não provido. (Apelação Cível Nº
70073949174, Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marcelo Cezar
Muller, Julgado em 24/08/2017) (grifou-se)
Ora, para que se possa ajuizar acerca do valor de sua honra dita atacada, de sua reputaçã o
considerada vexada, deve ser considerado que, quando a doutrina e a jurisprudência
aludem o dano moral, a "preço da honra", a "pretium doloris", elas nã o cogitam do "pretium
vanitatis".
Ao dano moral se aplica com justeza o ensinamento de Nelson Hungria sobre a injú ria."O
que a lei protege sã o os justos melindres do brio, da dignidade, do decoro pessoal, e nã o as
exageradas ou fictícias suscetibilidades dos 'alfenins', das 'mimosas pudicas'...".
Cabe registrar, mais uma vez, que foi oportunizado pela Recorrente à Recorrida, que
realizasse o pagamento por outros meios, seja com dinheiro, com cheque ou com outro
cartã o de crédito/débito, nã o havendo falar de ilicitude praticada pela demandada, quando
nã o autorizou a retirada das mercadorias, agindo dentro dos limites da lei.
Assim, nã o havendo qualquer responsabilidade civil a ser atribuída à Recorrente, em razã o
do evento que gerou um dissabor à demandante, pugna-se à s Vossas Excelências pela
reforma da sentença, com fito de excluir a condenaçã o ao pagamento de indenizaçã o por
danos morais.
REQUERIMENTOS FINAIS.
ISSO POSTO, requer-se à s Vossas Excelências, o recebimento do presente Recurso
Inominado, o acolhimento da razõ es acima expostas e fundamentadas e seu total
provimento, para o fito de excluir a condenaçã o imposta à Recorrente.
Nestes termos, pede-se o deferimento.
Local e data.
Assinatura do (a) Advogado (a)
N. da OAB/UF

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