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AgInt no AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1513575 - RJ

(2019/0154249-0)
RELATOR : MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE
AGRAVANTE : TIAGO CASTRO PAURA
ADVOGADOS : MARCOS CAILLEAUX CEZAR - RJ139643
RONALDO FERREIRA JUNIOR - RJ138422
AGRAVADO : LEILA MARIATH GOMES
ADVOGADO : ALENCASTRO DOS SANTOS JACOB - RJ046959

EMENTA

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE E
DANO MORAL CONFIGURADOS. QUANTUM INDENIZATÓRIO. REVISÃO.
IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. DISSÍDIO PREJUDICADO.
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ DO RECORRENTE. INEXISTÊNCIA. AGRAVO
IMPROVIDO.
1. A revisão das conclusões estaduais demandaria, necessariamente, o revolvimento
das cláusulas contratuais e do acervo fático-probatório dos autos, providência vedada
na via estreita do recurso especial, ante os óbices das Súmulas 5 e 7 do STJ.
2. Agravo interno a que se nega provimento.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,


acordam os Ministros da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por
unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Nancy Andrighi, Paulo de Tarso Sanseverino, Ricardo
Villas Bôas Cueva e Moura Ribeiro votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Moura Ribeiro.

Brasília, 09 de março de 2020 (Data do Julgamento)

MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Relator


Superior Tribunal de Justiça
AgInt no AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.513.575 - RJ
(2019/0154249-0)

RELATÓRIO

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE:

Trata-se de agravo interno interposto por Tiago Castro Paura contra


decisão monocrática desta relatoria que, em juízo de retratação, conheceu do agravo
para não conhecer do recurso especial, assim ementada (e-STJ, fl. 564):

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. 1.


FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE E
DANO MORAL CONFIGURADOS. 2. QUANTUM INDENIZATÓRIO.
REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. 3.
DISSÍDIO PREJUDICADO. 4. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ DO
RECORRENTE. INEXISTÊNCIA. 5. EM JUÍZO DE RETRATAÇÃO,
AGRAVO CONHECIDO PARA NÃO CONHECER DO RECURSO
ESPECIAL.

Em suas razões (e-STJ, fls. 571-588), o agravante pretende a reforma da


decisão agravada sustentando que não há incidência das Súmulas n. 5 e 7 do STJ,
uma vez que não se trata de simples exame de cláusulas contratuais, mas sim da
aplicabilidade do disposto no art. 601 do Código Civil de 2002; frisa a ausência de
danos morais; e repisa os argumentos do recurso especial.
Pleiteia, ao final, a reconsideração da decisão agravada ou sua reforma
pela Turma julgadora.

Foi apresentada impugnação (e-STJ, fls. 591-598).


É o relatório.
Superior Tribunal de Justiça
AgInt no AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.513.575 - RJ
(2019/0154249-0)

RELATOR : MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE


AGRAVANTE : TIAGO CASTRO PAURA
ADVOGADOS : MARCOS CAILLEAUX CEZAR - RJ139643
RONALDO FERREIRA JUNIOR - RJ138422
AGRAVADO : LEILA MARIATH GOMES
ADVOGADO : ALENCASTRO DOS SANTOS JACOB - RJ046959
EMENTA

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE E DANO MORAL
CONFIGURADOS. QUANTUM INDENIZATÓRIO. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. DISSÍDIO PREJUDICADO. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ DO
RECORRENTE. INEXISTÊNCIA. AGRAVO IMPROVIDO.
1. A revisão das conclusões estaduais demandaria, necessariamente, o revolvimento das
cláusulas contratuais e do acervo fático-probatório dos autos, providência vedada na via estreita
do recurso especial, ante os óbices das Súmulas 5 e 7 do STJ.
2. Agravo interno a que se nega provimento.
Superior Tribunal de Justiça

VOTO

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE (RELATOR):

O recurso não comporta provimento, devendo a decisão agravada ser


mantida por seus próprios fundamentos.

Conforme consignado na decisão agravada, o acórdão impugnado, à luz


do manancial fático-probatório dos autos, concluiu pela caracterização da falha na
prestação do serviço, ensejadora de danos morais, nos seguintes termos (e-STJ, fls.
350-353 - sem grifo no original):

Narra a inicial que a autora apelante, ora recorrente, adquiriu diretamente


do construtor, ora apelado, em 2012, imóvel novo, casa tríplex,
correspondente fração de 1/5 do terreno. Acrescenta-se que a
controvérsia cinge-se sobre a inadequação da instalação hidráulica da
casa, que não foi separada das demais casas geminadas.
Trata-se de demanda envolvendo, relação jurídica regida pelo Código de
Defesa do Consumidor, afinal o prestador de serviço se confunde na
pessoa do vendedor do bem.
O apelado é pessoa física que exerce atividade consistente na
construção civil daquele conjunto de casas dentro de seu imóvel, de
modo que eventuais problemas próprios de sua atividade são inerentes
ao risco do empreendimento que devem ser suportados pelo mesmo que
se propôs a exercer a atividade e não repassadas ao comprador.
(...)
De acordo com a cláusula I do contrato preliminar de compra e venda,
(fls. 10), o vendedor declara que as casas construídas no terreno de sua
propriedade se encontram em fase final de legalização junto aos órgãos
competentes e que por este contrato preliminar este sendo vendida a
casa de n. 01.
A seguir, na cláusula XI consta que:
As Partes se obrigam ao fiel cumprimento de todas as cláusulas do
presente contrato, responsabilizando-se pela veracidade de suas
declarações e por qualquer inadimplemento contratual a que derem
causa, a título de dolo ou culpa, isentando e eximindo terceiros de
qualquer responsabilidade por ato e/ou fato declarado que
contrariem os termos do presente Instrumento.
Ou seja, o declarante ratifica que não se tratava da venda de algo
finalizado por completo, mas de um bem que dependia de legalização, e
como construtor da casa, vinculou-se ao adimplemento contratual da
obrigação.
Aberto o contraditório às partes, o réu não se desincumbiu do seu ônus
de demonstrar que a separação do serviço de fornecimento de água e
esgoto foi concluída, ao passo que existem provas no sentido de que
faltou o encerramento da questão junto a CEDAE.
Há inclusive houve troca de emails do apelado com a apelante, de
16/5/2013, no qual afirma à mesma que a Cedae vai fazer inspeção para
instalação dos hidrômetros na próxima quarta (fls. 21).
Superior Tribunal de Justiça
E outro correio eletrônico, que abaixo se transcreve:
Caros, Fiz contato com Cedae e mesma agendou apenas para
29/11 a apresentação do parecer referente ao nosso pedido de
desmembramento dos hidrômetros.
Neste período continuaremos com o hidrômetro coletivo e será
apresentado um rateio da conta para cada unidade consumidora.
Tiago Paura 21-97157890 Enviado por Samsung Mobile
De igual, consta nos autos ofício respondido pela CEDAE ao Juízo, no
seguinte sentido (fls. 234):
Em resposta ao oficio supracitado, informamos que foi protocolado
na loja comercial da CEDAE uma solicitação de separação de
abastecimento (FSS 071112512012) em nome do Réu, Tiago
Castro Paura. Como o serviço caiu em exigência para
assentamento de distribuidor de vila e outros e o interessado não
compareceu à loja para dar prosseguimento ao pedido, a FSS foi
arquivada.
Ou seja, o construtor deu notícias à compradora no sentido da
realização do serviço, requereu a separação do abastecimento de
água, mas não logrou êxito em encerrá-lo.
Evidente, portanto, a falha na prestação do serviço do réu pela não
conclusão da individualização do abastecimento de água, sendo
notório os danos extrapatrimoniais sofridos em razão deste fato,
restando configurado o nexo causal entre o ilícito e o dano.
Desse modo, uma vez comprovada a existência de vício do serviço, deve
o réu suportar o ônus da atividade, indenizando a autora pelos
transtornos sofridos.

Nesse contexto, tem-se, inequivocamente, que a revisão do julgado, com


o consequente acolhimento da pretensão recursal (acerca da ausência da obrigação de
realizar o serviço e dos danos morais), demandaria o reexame do acervo
fático-probatório da causa e a interpretação de cláusulas contratuais, o que não se
admite em âmbito de recurso especial, ante os óbices das Súmulas n. 5 e 7 deste
Tribunal.

No que tange à redução do quantum indenizatório dos danos morais, a


jurisprudência desta Corte Superior tem firmado entendimento no sentido de que o
valor estabelecido pelas instâncias ordinárias somente deve ser revisto nas hipóteses
em que a condenação se revelar irrisória ou excessiva, em desacordo com os
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.

Na presente hipótese, o acórdão recorrido arbitrou a indenização em R$


6.000,00 (seis mil reais), ao tomar como parâmetros as peculiaridades do caso
concreto, não se revelando exorbitante o valor fixado.

Ilustrativamente:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. MATÉRIA QUE DEMANDA
Superior Tribunal de Justiça
REEXAME DE PROVAS. SUMULA 7 DO STJ. AGRAVO INTERNO
NÃO PROVIDO.
1. O Tribunal de origem, amparado no acervo fático - probatório dos
autos, concluiu que houve falha da prestação de serviço da agravante, o
que acarreta a condenação aos danos morais. Ademais, a revisão de
indenização por danos morais só é viável em recurso especial quando o
valor fixado nas instâncias locais for exorbitante ou ínfimo, o que não
ocorreu no caso em comento. Salvo essas hipóteses, incide a Súmula n.
7 do STJ, impedindo o conhecimento do recurso.
2. Agravo interno não provido.
(AgInt nos EDcl no AREsp 1115724/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 12/12/2017, DJe
18/12/2017)

Impende registrar que, consoante iterativa jurisprudência desta Corte, a


incidência da Súmula n. 7 do STJ impede o conhecimento do recurso lastreado,
também, pela alínea c do permissivo constitucional, uma vez que falta identidade entre
os paradigmas apresentados e os fundamentos do acórdão, tendo em vista a situação
fática de cada caso.

Diante do exposto, nego provimento ao agravo interno.

É como voto.
TERMO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA
AgInt no AgInt no AREsp 1.513.575 / RJ
Número Registro: 2019/0154249-0 PROCESSO ELETRÔNICO

Número de Origem:
00336323420138190203 0033632-34.2013.8.19.0203 336323420138190203

Sessão Virtual de 03/03/2020 a 09/03/2020

Relator do AgInt no AgInt


Exmo. Sr. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE

Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MOURA RIBEIRO

AUTUAÇÃO

AGRAVANTE : TIAGO CASTRO PAURA


ADVOGADOS : MARCOS CAILLEAUX CEZAR - RJ139643
RONALDO FERREIRA JUNIOR - RJ138422
AGRAVADO : LEILA MARIATH GOMES
ADVOGADO : ALENCASTRO DOS SANTOS JACOB - RJ046959

ASSUNTO : DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES - ESPÉCIES DE CONTRATOS - COMPRA E VENDA

AGRAVO INTERNO

AGRAVANTE : TIAGO CASTRO PAURA


ADVOGADOS : MARCOS CAILLEAUX CEZAR - RJ139643
RONALDO FERREIRA JUNIOR - RJ138422
AGRAVADO : LEILA MARIATH GOMES
ADVOGADO : ALENCASTRO DOS SANTOS JACOB - RJ046959

TERMO

A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, decidiu negar provimento
ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Nancy Andrighi, Paulo de Tarso Sanseverino, Ricardo Villas Bôas Cueva e
Moura Ribeiro votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Moura Ribeiro.
Brasília, 09 de março de 2020

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