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Orientações:
Fonte: Site Buscador do Dizer o Direito e Site do DOD; questões de concurso; julgados do STJ e STF.
SÚMULA VINCULANTE 1
Ofende a garantia constitucional do ato jurídico perfeito a decisão que, sem ponderar as circunstâncias do
caso concreto, desconsidera a validez e a eficácia de acordo constante de termo de adesão instituído pela lei
complementar nº 110/2001.
SÚMULA VINCULANTE 2
É INCONSTITUCIONAL a lei ou ato normativo estadual ou distrital que DISPONHA sobre sistemas de
consórcios e sorteios, INCLUSIVE bingos e loterias. (TJMS-2008) (MPSC-2010) (MPRS-2012) (MPSP-
2015) (PGESE-2017)
OBS: Trata-se de competência da União (art. 22, XX, da CF/88). Segundo o STF, a expressão “sistema de
sorteios” constante do art. 22, XX da CF/88 alcança os jogos de azar, as loterias e similares, dando
interpretação que veda a edição de legislação estadual sobre a matéria, diante da competência privativa da
União (ADI 3895, j. 04/06/2008).
OBS: Aos Estados cabe exercer a competência suplementar à legislação federal somente em caso de
competência CONCORRENTE. No entanto, a competência para legislar sobre consórcios públicos
encontra-se inserida na competência PRIVATIVA da União, e nesse caso, não cabe ao Estado exercer
suplementação, ainda que haja legislação federal disciplinando a matéria, SALVO, se houvesse delegação
da União por meio de lei complementar a todos os Estados, o que não é o caso.
SÚMULA VINCULANTE 3
Nos processos perante o tribunal de contas da união ASSEGURAM-SE o contraditório e a ampla defesa
quando da decisão PUDER RESULTAR ANULAÇÃO ou REVOGAÇÃO de ato administrativo que
BENEFICIE o interessado, EXCETUADA a APRECIAÇÃO DA LEGALIDADE do ato de concessão
inicial de aposentadoria, reforma e pensão. (TJMS-2008) (MPRO-2008) (MPF-2008) (TRF2-2009) (TJPE-
2011) (TJMG-2012) (TJDFT-2007/2012/2016) (MPBA-2018)
Diante disso, qual é a natureza jurídica do ato de aposentadoria ou do ato de pensão? Trata-se de um ato
administrativo complexo (segundo o STJ e o STF). O ato administrativo complexo é aquele que, para ser
formado, necessita da manifestação de vontade de dois ou mais diferentes órgãos.
Existe uma exceção à SV 3: se o Tribunal de Contas demorar muito tempo para analisar a concessão inicial
da aposentadoria (mais do que 5 anos), ele terá que permitir contraditório e ampla defesa ao interessado.
Nesta sessão de hoje, o relator reajustou seu voto para manter, por motivos de segurança jurídica, a
jurisprudência do STF de que a concessão de aposentadoria é um ato administrativo complexo, que
envolve órgãos diversos da administração pública e somente pode ser concretizado após a análise de sua
legalidade pelo TCU. Apesar de entender que o procedimento administrativo de verificação de condições
de validade do ato não se sujeita ao prazo extintivo de cinco anos, o Ministro concluiu que é necessário
fixação de prazo para que as cortes de contas exerçam seu dever constitucional. O relator propôs, por
analogia, a aplicação, aos casos de revisão de aposentadoria, do prazo prescricional de cinco anos
previsto no Decreto 20.910/32 para que o administrado acione a Fazenda Pública. “Se o administrado tem o
prazo de cinco anos para buscar qualquer direito contra a Fazenda Pública, também podemos considerar que o Poder
Público, no exercício do controle externo, teria o mesmo prazo para rever eventual ato administrativo favorável ao
administrado”, explicou. (STF, RE 636553, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 19.02.20).
(TJCE-2018-CESPE): José, servidor público do estado do Ceará, por preencher os requisitos legais,
requereu a concessão de sua aposentadoria por tempo de serviço, o que foi deferido pelo respectivo órgão
público no qual era lotado. Após mais de cinco anos do ato concessivo, o Tribunal de Contas do Estado do
Ceará julgou ilegal aquele ato, em procedimento no qual José não havia sido intimado a se manifestar.
Considerando o entendimento do STF acerca do ato concessivo de aposentadoria, o tribunal de contas
estadual, na situação hipotética apresentada, agiu incorretamente, pois, em que pese se tratar de ato
administrativo complexo, transcorrido lapso temporal superior a cinco anos, em nome da segurança
jurídica, deveria José ter sido previamente intimado a se manifestar. BL: SV 3, STF.
(MPPR-2017): Assinale a alternativa correta: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União
asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação
de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. BL: SV 3, STF.
SÚMULA VINCULANTE 4
SALVO nos casos previstos na constituição, o SALÁRIO MÍNIMO NÃO PODE SER USADO como
indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, NEM SER
SUBSTITUÍDO por decisão judicial. (MPF-2008) (TRF4-2009) (MPGO-2010) (AGU-2012) (TJAM-2016)
(TJPA-2019) (MPPR-2019)
OBS: O art. 7º, IV da CF afirma que é vedada a vinculação do salário mínimo para qualquer fim. Há, no
entanto, no próprio texto constitucional situações em que o salário mínimo é utilizado como parâmetro
(ex: art. 201, §2º).
Art. 201. (...)
§2º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do
segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 20, de 1998)
(TJMA-2013-CESPE): Com relação aos servidores públicos, assinale a opção correta: O salário mínimo não
pode ser utilizado como indexador de base de cálculo de adicional de insalubridade devido a servidor
público. BL: SV 4, STF.
SÚMULA VINCULANTE 5
A FALTA DE DEFESA TÉCNICA por advogado no processo administrativo disciplinar NÃO OFENDE a
constituição. (MPF-2005) (TJAP-2008) (MPCE-2009) (TRF2-2009) (TRF5-2009) (MPSC-2010) (TRF4-2010)
(TJPE-2011) (MPPB-2011) (TJMG-2012) (MPMG-2012) (MPRJ-2012) (DPEMS-2012) (DPESP-2012) (TRF1-
2013) (TJRJ-2011/2014) (TJPR-2012/2014) (MPRS-2014) (TJAL-2015) (TJDFT-2008/2011/2014/2015/2016)
(DPEAC-2017) (TJCE-2018) (MPBA-2018) (MPGO-2010/2019) (TJAC-2012/2019) (MPSP-
2008/2011/2017/2019)
(TJSP-2017-VUNESP): Particularmente, no tocante ao processo administrativo, é correto afirmar: deve ter
as garantias do contraditório e da ampla defesa, mas não a defesa técnica quando se tratar de processo
disciplinar de natureza civil, conforme orientação sumulada pelo STF. BL: SV 5, STF.
(MPPR-2017): Assinale a alternativa correta: A falta de defesa técnica por advogado no processo
administrativo disciplinar não ofende a Constituição. BL: SV 5, STF.
(DPEPR-2014) O verbete sumular vinculante de n. 5, que dispõe que “a falta de defesa técnica por
advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição” somente é aplicável ao
procedimento disciplinar na esfera cível-administrativa, não sendo aplicável no procedimento disciplinar
no âmbito da execução penal. (DPESP-2012) (TJSP-2017)
OBS: Assim, a presença de advogado em PAD é facultativa. O acusado pode ser acompanhado por
advogado se assim desejar. No entanto, não é obrigatório que o processado tenha a assistência jurídica.
Logo, caso não tenha sido auxiliado por advogado, tal circunstância não gera a nulidade do PAD.
OBS: Vale ressaltar que a SV 5 refere-se ao típico processo administrativo disciplinar, ou seja, aquele que
tramita no âmbito da Administração Pública. Este enunciado não se aplica para o processo administrativo
que apura infrações cometidas no sistema penitenciário.
SÚMULA VINCULANTE 6
Não viola a constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças
prestadoras de serviço militar inicial.
SÚMULA VINCULANTE 7
A norma do § 3º do artigo 192 da constituição, revogada pela emenda constitucional nº 40/2003, que
limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano, tinha sua aplicação condicionada à edição de lei complementar.
(TRF1-2011)
OBS: Importante. O que dizia o §3º do art. 192 da CF/88: “As taxas de juros reais, nelas incluídas comissões e
quaisquer outras remunerações direta ou indiretamente referidas à concessão de crédito, não poderão ser superiores a
doze por cento ao ano; a cobrança acima deste limite será conceituada como crime de usura, punido, em todas as suas
modalidades, nos termos que a lei determinar”.
SÚMULA VINCULANTE 8
(TJRO-2011): O prazo de 10 anos para o lançamento das contribuições previdenciárias foi objeto da
primeira súmula vinculante do STF sobre questão tributária. BL: SV 8, STF e art. 146, III, “b”, CF.
(TRF4-2010): Assinale a alternativa correta: Alterações de prazos de decadência e prescrição como as feitas
pelo art. 5º do Decreto-Lei 1.569/77 e pelos arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91 são inconstitucionais por exigir-se
Lei Complementar para reger tais matérias. BL: SV 8, STF e art. 146, III, “b”, CF.
(MPRN-2009-CESPE): Com base na CF e considerando que lei ordinária estadual tenha criado
contribuição previdenciária e estabelecido em 10 anos o prazo prescricional do crédito tributário, assinale
a opção correta: É inconstitucional a alteração do prazo prescricional, pois a alteração deveria ser feita
apenas por lei complementar federal. BL: SV 8, STF e art. 146, III, “b”, CF.
SÚMULA VINCULANTE 9
O disposto no artigo 127 da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) foi recebido pela ordem
constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput do artigo 58. (MPMS-2011)
(TRF5-2011) (TJAM-2013) (DPECE-2014) (TJSP-2017)
OBS: Este enunciado foi editado em 2008. A redação do art. 127 foi alterada pela Lei 12.433/2011, no
entanto, o sentido da súmula permanece sendo válido, ou seja, o referido dispositivo é compatível com a
CF/88.
Art. 127. O condenado que for punido por falta grave perderá o direito ao tempo remido,
começando o novo período a partir da data da infração disciplinar.
Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido,
observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração
disciplinar. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)
SÚMULA VINCULANTE 10
VIOLA a CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de
tribunal que EMBORA NÃO DECLARE expressamente a INCONSTITUCIONALIDADE de lei ou ato
normativo do poder público, AFASTA sua incidência, no todo ou em parte. (MPCE-2009) (MPGO-2010)
(MPPB-2010) (MPSC-2010) (PGEAM-2010) (TJDFT-2012) (TJPA-2012) (MPMG-2012) (PGESP-2012)
(TJRN-2013) (MPDFT-2013) (TRF2-2013) (TJSP-2014) (TJDFT-2014) (TJPR-2014) (TJCE-2014) (TRF5-
2011/2015) (TJAM-2016) (TJRS-2009/2018) (TCEMG-2018) (TJRO-2019) (MPSP-2019) (TJMS-2020)
OBS: No chamado controle difuso de constitucionalidade, também adotado pelo Brasil, ao lado do
controle abstrato, qualquer juiz ou Tribunal pode declarar a inconstitucionalidade de uma lei ou ato
normativo no caso concreto. No entanto, se o Tribunal for fazer essa declaração, deverá respeitar a
cláusula de reserva de plenário.
Esta exigência da cláusula de reserva de plenário tem como objetivo conferir maior segurança jurídica
para as decisões dos Tribunais, evitando que, dentro de um mesmo Tribunal, haja posições divergentes
acerca da constitucionalidade de um dispositivo, gerando instabilidade e incerteza.
Atenção: Trata-se da chamada “cláusula de reserva de plenário”, também conhecida como regra do full
bench, full court ou julgamento em banc.
(DPESP-2012-FCC): Cabe reclamação ao STF para impugnar decisão de órgão fracionário do Tribunal de
Justiça que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
Público, afasta a sua incidência no todo ou em parte. BL: arts. 97 e 103-A, §3º, CF e SV 10.
OBS: Houve o descumprimento do teor da SV 10 do STF. E, nos termos do art. 103-A, §3º, da CF, do ato
administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar,
caberá reclamação ao STF.
SÚMULA VINCULANTE 11
OBS: Importante. A Lei n° 7210/84 (Lei de Execuções Penais) prevê o seguinte: “Art. 199. O emprego de
algemas será disciplinado por decreto federal.”
Em 2016, ou seja, após a SV 11-STF, finalmente foi editado o Decreto federal mencionado pelo art. 199 da
LEP e que trata sobre o emprego de algemas.
Sobre o que trata o Decreto 8.858/2016? Regulamenta o art. 199 da Lei de Execução Penal com o objetivo
de disciplinar como deve ser o emprego de algemas.
A pessoa presa pode ser algemada? Como regra, NÃO. Existem três exceções. Quais são elas? É permitido
o emprego de algemas apenas em casos de:
➢ resistência;
➢ fundado receio de fuga; ou
➢ perigo à integridade física própria ou alheia, causado pelo preso ou por terceiros.
Formalidade que deve ser adotada no caso do uso de algemas: Caso tenha sido verificada a necessidade
excepcional do uso de algemas, com base em uma das três situações acima elencadas, essa circunstância
deverá ser justificada, por escrito.
Situação especial das mulheres em trabalho de parto ou logo após: É proibido usar algemas em mulheres
presas:
➢ Durante o trabalho de parto
➢ No trajeto da parturiente entre a unidade prisional e a unidade hospitalar; e
➢ Após o parto, durante o período em que se encontrar hospitalizada.
A proibição das algemas vale somente no momento da prisão? NÃO. Essa regra vale para todas as
situações. A vedação quanto ao uso de algemas incide tanto no momento da prisão (seja em flagrante ou
por ordem judicial) como também nas hipóteses em que o réu preso comparece em juízo para participar
de um ato processual (ex: réu durante a audiência). Em outras palavras, a pessoa que acaba de ser presa,
em regra, não pode ser algemada. Se ela tiver que ser deslocada para a delegacia, por exemplo, em regra,
não pode ser algemada. Se tiver que comparecer para seu interrogatório, em regra, não pode ser
algemada.
Quais são as consequências caso o preso tenha sido mantido algemado fora das hipóteses mencionadas
ou sem que tenha sido apresentada justificativa por escrito? O Decreto 8.858/16 não prevê consequências
ou punições para o descumprimento das regras impostas para o emprego de algemas. No entanto, a SV 11
do STF impõe as seguintes consequências:
a) Nulidade da prisão;
b) Nulidade do ato processual no qual participou o preso;
c) Responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade responsável pela
utilização das algemas;
d) Responsabilidade civil do estado.
Vale ressaltar que, se durante audiência de instrução e julgamento o juiz recusa, de forma motivada, o
pedido para que sejam retiradas as algemas do acusado, não haverá nulidade processual (STJ HC 140.718-
RJ).
A SV 11-STF continua valendo mesmo após o Decreto 8.858/16? SIM. O Decreto 8.858/16 praticamente
repetiu as mesmas hipóteses previstas na súmula vinculante, acrescentando, contudo, a proibição das
algemas para mulheres em trabalho de parto e logo após. Apesar disso, a SV 11 continua tendo grande
importância porque ela prevê, em sua parte final, as consequências caso o preso tenha sido mantido
algemado fora das hipóteses mencionadas ou sem que tenha sido apresentada justificativa por escrito.
(PRF-2020-CESPE): No que se refere ao uso diferenciado da força, julgue o item a seguir: O STF, por
súmula vinculante, trata do uso de algema como algo excepcional, que deve ser justificado por escrito. BL:
SV 11, STF.
SÚMULA VINCULANTE 12
A cobrança de taxa de matrícula NAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS VIOLA o disposto no art. 206, IV,
da Constituição Federal. (MPSC-2010) (MPMG-2010) (TRF4-2010) (DPEAC-2012) (MPRS-2012) (DPESP-
2013) (TRF2-2013) (TJSE-2015) (DPERO-2017) (TJPA-2012/2019) (MPGO-2019)
OBS:
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: (...).
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais.
Cursos de extensão: Vale ressaltar, por outro lado, que essa súmula não se aplica para cursos de extensão.
Em tais casos poderá haver cobrança de taxa de matrícula.
Cursos de pós-graduação: Além disso, segundo decidiu o STF, "a garantia constitucional da gratuidade de
ensino não obsta a cobrança por universidades públicas de mensalidade em cursos de especialização."
(STF. Plenário. RE 597854/GO, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 26/4/2017. Repercussão geral. Info
862). Em outras palavras, as universidades públicas podem cobrar taxa de matrícula e mensalidade em
cursos de especialização.
SÚMULA VINCULANTE 13
A NOMEAÇÃO de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o
terceiro grau, INCLUSIVE, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica
INVESTIDO em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de
confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, COMPREENDIDO o ajuste
mediante DESIGNAÇÕES RECÍPROCAS, VIOLA a Constituição Federal. (MPCE-2009) (MPMG-2010)
(TJPB-2011) (MPMS-2011) (MPPR-2011) (MPF-2011) (MPSC-2010/2013) (TJMA-2013) (MPAM-2015)
(TJMSP-2016) (MPBA-2018)
OBS: Importante.
Vale ressaltar que a norma que impede nepotismo no serviço público não alcança servidores de
provimento efetivo. STF. Plenário. ADI 524/ES, rel. orig. Min Sepúlveda Pertence, red. p/ o acórdão Min
Ricardo Lewandowski, julgado em 20/05/2015 (Info 786). 1
Não haverá nepotismo se a pessoa nomeada possui um parente no órgão, mas sem influência hierárquica
sobre a nomeação. A incompatibilidade da prática enunciada na SV 13 com o art. 37 da CF/88 não decorre
diretamente da existência de relação de parentesco entre pessoa designada e agente político ou servidor
público, mas de presunção de que a escolha para ocupar cargo de direção, chefia ou assessoramento tenha
sido direcionado à pessoa com relação de parentesco com quem tenha potencial de interferir no processo
de seleção. STF. 2° T., Rcl 18564/SP, Rel. Orig. Min Gilmar Mendes, Red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, j.
23/2/16 (Info 815).2
É Inconstitucional lei estadual que excepciona a vedação da prática do nepotismo, permitindo que sejam
nomeados para cargos em comissão ou funções gratificadas de até dois parentes das autoridades
estaduais, além do cônjuge do Governador. STF. Plenário. ADI 3745/GO, Rel. Min. Dias Toffoli, j.
15/05/13 (Info 706). 3
A nomeação do cônjuge de prefeito para o cargo de Secretário Municipal, por se tratar de cargo público de
natureza política, por si só, não caracteriza ato de improbidade administrativa. STF. 2ª T., Rcl 22339
AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, j. 4/9/18 (Info 914). 4
Por fim, para os casos de Conselheiros de Tribunais de Contas, entende-se que a súmula é aplicável, visto
que o cargo tem natureza administrativa (TJPB-2011-CESPE).
##Atenção: ##DOD: ##Repercussão Geral/STF – Tese 66: ##MPSP-2019: As leis que proíbam o
nepotismo na Administração Pública não são de iniciativa exclusiva do Chefe do Poder Executivo,
podendo, portanto, ser propostas pelos parlamentares. STF. Plenário. RE 570392/RS, Rel. Min. Cármen
Lúcia, j. 11/12/14 (Info 771).
(MPGO-2019): Segundo entendimento do STF, nepotismo é a conduta de nomear para cargos públicos em
comissão ou funções de confiança de livre provimento e de livre exoneração parentes, cônjuges ou
companheiros de agentes públicos, enaltecendo critérios de promoção familiar e de afinidade em
detrimento de critérios de mérito e capacidade funcional, no acesso a cargos públicos. Ainda levando em
conta os entendimentos firmados pelo STF sobre nepotismo, assinale a alternativa correta: A Súmula
Vinculante 13, ao explicitar as situações em que se caracteriza o nepotismo, não esgotou as hipóteses de
violação à moralidade decorrente da contratação por influência de vínculos familiares na Administração
Pública, de forma que é possível a configuração de nepotismo em situações outras, ali não expressamente
definidas. BL: S. 13, STF e Entend. Jurisprud. STF.
##Atenção: ##STF: ##MPGO-2019: Ao se editar a Súmula Vinculante nº 13, embora não se tenha
pretendido esgotar todas as possibilidades de configuração de nepotismo na Administração Pública,
erigiram-se critérios objetivos de conformação, a saber: i) ajuste mediante designações recíprocas,
quando inexistente a relação de parentesco entre a autoridade nomeante e o ocupante do cargo de
provimento em comissão ou função comissionada; ii) relação de parentesco entre a pessoa nomeada e a
autoridade nomeante; iii) relação de parentesco entre a pessoa nomeada e o ocupante de cargo de direção,
chefia ou assessoramento a quem estiver subordinada e iv) relação de parentesco entre a pessoa nomeada
e a autoridade que exerce ascendência hierárquica ou funcional sobre a autoridade nomeante. 2. A
incompatibilidade da prática enunciada na Súmula Vinculante nº 13 com o art. 37, caput, da CF/88 não
decorre diretamente da existência de relação de parentesco entre pessoa designada e agente político ou
servidor público ocupante de cargo em comissão ou função comissionada, mas da presunção de que a
escolha para ocupar cargo de direção, chefia ou assessoramento tenha sido direcionada a pessoa com
relação de parentesco com alguém que tenha potencial de interferir no processo de seleção. 3. Ultrapassar
a delineação fática traçada pelo Tribunal de origem demandaria o reexame do conjunto fático-probatório
dos autos, o que não é cabível em sede de recurso extraordinário. Incidência do enunciado de Súmula 279
do STF. 4. Agravo regimental não provido. 5. Inaplicável o art. 85, § 11, do CPC, haja vista tratar-se, na
origem, de mandado de segurança (art. 25 da Lei nº 12.016/09). STF. 2ª T., RE 807383 AgR, Rel. Min. Dias
Toffoli, j. 30/06/17. (...) Além disso, cumpre destacar o seguinte do voto do Min. Rel. Dias Toffoli, no
julgamento do MS 21697: “Ao editar a Súmula Vinculante 13, a Corte não pretendeu esgotar todas as
possibilidades de configuração de nepotismo na Administração Pública, dada a impossibilidade de se
preverem e de se inserirem, na redação do enunciado, todas as molduras fático-jurídicas reveladas na pluralidade de
entes da Federação (União, Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios) e das esferas de Poder (Executivo,
Legislativo e Judiciário), com as peculiaridades de organização em cada caso”. STF. 1ª T., MS 31697, Rel. Dias
Toffoli, j. 11/03/14.
(MPGO-2019): Segundo entendimento do STF, nepotismo é a conduta de nomear para cargos públicos em
comissão ou funções de confiança de livre provimento e de livre exoneração parentes, cônjuges ou
companheiros de agentes públicos, enaltecendo critérios de promoção familiar e de afinidade em
detrimento de critérios de mérito e capacidade funcional, no acesso a cargos públicos. Ainda levando em
conta os entendimentos firmados pelo STF sobre nepotismo, assinale a alternativa correta: A vedação ao
nepotismo decorre diretamente dos princípios contidos no artigo 37, caput, da Constituição Federal e não
exige a edição de lei. Entretanto, caso seja disciplinada por lei, sua iniciativa não é exclusiva do Chefe do
Poder Executivo. BL: S. 13, STF e teses 29 e 66, Reperc. Geral/STF.
(MPSP-2015): Sobre a proibição da prática de nepotismo, é correto afirmar que ressalvada situação de
fraude à lei, a nomeação de parentes para cargos públicos de natureza política não configura nepotismo na
Administração Pública. BL: SV 13, STF.
##Atenção: ##STF: A jurisprudência do STF preconiza que, ressalvada situação de fraude à lei, a
nomeação de parentes para cargos públicos de natureza política não desrespeita o conteúdo normativo do
enunciado da Súmula Vinculante 13. STF. 2ª T., RE 825682 AgR, Relator Ministro Teori Zavascki, j. 10.2.15.
##Atenção: ##STF: ##MPAM-2015: ##FMP: ##MPGO-2019: Com efeito, a doutrina, de um modo geral,
repele o enquadramento dos Conselheiros dos Tribunais de Contas na categoria de agentes políticos, os
quais, como regra, estão fora do alcance da Súmula Vinculante nº 13, salvo nas exceções acima assinaladas,
quais sejam, as hipóteses de nepotismo cruzado ou de fraude à lei. STF. Plenário. Rcl 6702 MC-AgR, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, j. 4.3.09.
##Atenção: O Professor Marcelo Pilon, em seu artigo “Nepotismo, Nepotismo Cruzado e Transnepotismo”,
considera “‘Nepotismo-Cruzado’ a nomeação por parte dos membros do Judiciário, Executivo e
Legislativo da União, Estados, Distrito Federal e municípios, de parentes uns dos outros. É a migração
de servidores não concursados “dentro de um poder”, por exemplo, na Câmara de Vereadores, o vereador
X contrata para atuar em seu gabinete o filho do vereador Y que em contrapartida contrata a esposa do
vereador X.”
(MPDFT-2013): As regras relativas à proibição do nepotismo não são aplicáveis a situações que envolvam
cargos de natureza política. BL: SV 13, STF.
(TJSP-2013-VUNESP): A Súmula Vinculante n.º 13 do STF, que proíbe o nepotismo na esfera dos três
poderes da República, não alcança os serviços extrajudiciais de notas e de registro, pois estes têm caráter
privado e seus titulares não exercem cargo público efetivo nem ocupam cargo público (ADI 2.602-0 do
STF) e nada os impede de contratar parentes pelo regime da CLT. BL: SV 13, STF.
(TJMG-2009): Antônio, Prefeito do Município "X", nomeou como Secretário de Saúde João, seu irmão e,
por recomendação deste, nomeou seu primo, Tadeu, para exercer o cargo de Superintendente de
6 ##Atenção: ##STF: Embora restrita ao âmbito do Judiciário, a Resolução 7/2005 do Conselho Nacional da
Justiça, a prática do nepotismo nos demais Poderes é ilícita. II - A vedação do nepotismo não exige a edição de lei
formal para coibir a prática. III - Proibição que decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da
Constituição Federal. IV - Precedentes. V - RE conhecido e parcialmente provido para anular a nomeação do
servidor, aparentado com agente político, ocupante, de cargo em comissão. STF. Plenário. RE 579951, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, j. 20/08/08.
Assistência Farmacêutica da Secretaria. Inconformado, o MP ajuizou ação judicial pretendendo
liminarmente o afastamento dos ocupantes dos cargos em comissão. Em se considerando que ambos são
cargos comissionados de recrutamento amplo, pergunta-se, segundo entendimento sumulado do STF,
qual decisão caberá ao Juiz da causa? Indeferir integralmente a liminar. BL: SV 13, STF.
SÚMULA VINCULANTE 14
OBS: Importante.
Fundamento: arts. XXXIII, LIV e LV, da CF/88; art. 7°, XIII e XIV, do Estatuto da OAB.
Vale ressaltar que, depois de a súmula ter sido editada, houve alteração no inciso XIV do art. 7° do
Estatuto da OAB, que agora tem a seguinte redação:
“Art. 7° São direitos do advogado: (...) XIV - examinar, em qualquer instituição responsável
por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de
qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo
copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital;”
A súmula vinculante continua válida. Contudo, depois da alteração promovida pela Lei 13.245/16, a
interpretação do enunciado deve ser ampliada para abranger qualquer procedimento investigatório
realizado por qualquer instituição (e não mais apenas aquele realizado “por órgão com competência de
polícia judiciária”, como prevê o seu texto).
##Atenção: ##STF: ##DOD: O STF entende que não viola a SV 14 quando se nega que o investigado
tenha acesso a peças que digam respeito a dados sigilosos de terceiros e que não estejam relacionados
com o seu direito de defesa. Portanto, mesmo que a investigação criminal tramite em segredo de justiça
será possível que o investigado tenha acesso amplo autos, inclusive a eventual relatório de inteligência
financeira do COAF, sendo permitido, contudo, que se negue o acesso a peças que digam respeito a
dados de terceiros protegidos pelo segredo de justiça. Essa restrição parcial não viola a súmula
vinculante 14. Isso porque é excessivo o acesso de um dos investigados a informações, de caráter
privado de diversas pessoas, que não dizem respeito ao direito de defesa dele. STF. 1ª T. Rcl 25872 AgR-
AgR/SP, Rel. Min. Rosa Weber, j. 17/12/2019 (Info 964).
(TJSC-2019-CESPE): Com relação às características do inquérito policial, assinale a opção correta: Não
poderá haver restrição de acesso, com base em sigilo, ao defensor do investigado, que deve ter amplo
acesso aos elementos de prova já documentados no IP, no que diga respeito ao exercício do direito de
defesa. BL: SV 14, STF e art. 7º, XIV da lei 8.906/94.
OBS: O processo já foi concluído e documentado, sendo assim, o advogado terá amplo acesso.
(TJSP-2017-CESPE): Durante o inquérito, o advogado pode ter delimitado, pela autoridade competente, o
acesso aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentadas nos
autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das
diligências. BL: SV 14, STF c/c art. 7º, §4º da Res. 13/06 do CNMP c/c art. 7º, §11 do Estatuto da OAB.
(TRF4-2014): Assinale a alternativa correta: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso
amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão
com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. Esse direito tem
por objeto as informações já introduzidas nos autos de inquérito, não as relativas à decretação e às
vicissitudes da execução de diligências em curso. BL: SV 14, STF.
(TJRN-2013-CESPE): Durante o inquérito policial, é assegurado ao defensor amplo acesso aos elementos
de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de
polícia judiciária, digam respeito ao direito de defesa. BL: SV 14, STF.
SÚMULA VINCULANTE 15
O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor público NÃO INCIDE SOBRE o ABONO
UTILIZADO para se atingir o salário mínimo. (DPESP-2013)
SÚMULA VINCULANTE 16
Os artigos 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/98), da Constituição, referem-se ao total da remuneração
percebida pelo servidor público. (TJRS-2012) (TJPA/Reaplic-2019)
OBS: Ex: o vencimento básico de João é de 500 reais (abaixo do salário mínimo). No entanto, ele recebe
também 600 reais de uma determinada gratificação. Logo, os arts. 7º, IV e 39, §3º da CF estão atendidos,
considerando que a remuneração percebida pelo servidor é de 1100 reais, estando, portanto, acima do
valor do salário mínimo.
SÚMULA VINCULANTE 17
Durante o período previsto no parágrafo 1º (atual § 5º) do artigo 100 da Constituição, NÃO INCIDEM
JUROS DE MORA sobre os precatórios que nele sejam pagos. (TRF1-2009) (TRF2-2009) (TRF4-2010)
(TRF5-2011) (TJDFT-2014) (TJPR-2017)
OBS: Válida, mas quando o enunciado fala em “§ 1°”: deve-se entender § 5°. Isso porque, após a súmula
ter sido aprovada (em 10/11/2009), foi editada a EC 62/2009 (em 09/12/2009), que deslocou a redação do
antigo § 1° para o atual § 5° do art. 100 da CF/88.
SÚMULA VINCULANTE 18
OBS:
Art. 14. (...)
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes
consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de
Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja
substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e
candidato à reeleição.
A inelegibilidade do art. 14, §7º da CF NÃO ALCANÇA o cônjuge supérstite (sobrevivente, viúvo)
quando o falecimento tiver ocorrido no primeiro mandato, com regular sucessão do vice-prefeito, e tendo
em conta a construção de novo núcleo familiar. A SV 18 do STF não se aplica aos casos de extinção de
vínculo conjugal pela morte de um dos cônjuges (STF, Plenário, RE 758461/PB, j. 22/05/14 (repercussão
geral) (Info 747).
(TJDFT-2014-CESPE): Considere que Tino, casado com Rita, esteja no exercício de seu segundo mandato
consecutivo de prefeito do município Y e que o casal se divorcie durante o segundo mandato. Nessa
situação, consoante entendimento jurisprudencial do STF e do TSE acerca das hipóteses de inelegibilidade,
caso Rita decida candidatar-se, na eleição imediatamente posterior ao segundo mandato de Tino, ao
mesmo cargo no mesmo município, ela será considerada inelegível, uma vez que o divórcio não afasta a
inelegibilidade. BL: SV, 18, STF (eleitoral)
SÚMULA VINCULANTE 19
A taxa cobrada EXCLUSIVAMENTE em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou
destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, NÃO VIOLA o artigo 145, II, da Constituição
Federal. (MPMG-2010) (MPSE-2010) (TRF4-2010) (TJRO-2011) (TJGO-2012) (MPRS-2012) (DPESP-2013)
(TJPR-2017) (TJSC-2017) (Cartórios/TJMG-2017) (TJRS-2018) (TJPA-2012) (TJMS-2020)
(DPU-2010-CESPE): Segundo o STF, são específicos e divisíveis os serviços públicos municipais de coleta,
remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, desde que essas
atividades sejam completamente dissociadas de outros serviços públicos de limpeza realizados em
benefício da população em geral e de forma indivisível, a exemplo dos serviços de conservação e limpeza
de bens públicos, como praças, calçadas, ruas e bueiros. BL: SV 19, STF.
SÚMULA VINCULANTE 20
SÚMULA VINCULANTE 21
(TJRN-2013-CESPE): No que diz respeito aos direitos individuais, sociais e políticos e aos direitos dos
estrangeiros, assinale a opção correta de acordo com a jurisprudência do STF: Considere que
determinado órgão estadual edite resolução que preveja, como condição para a interposição de recursos
administrativos que questionem as multas por ele aplicadas, a exigência de depósito prévio de 1% do
valor da multa questionada. Nessa situação, a resolução é inconstitucional. BL: SV 21, STF.
SÚMULA VINCULANTE 22
A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e
patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive
aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda
Constitucional nº 45/04. (PGERS-2010) (MPBA-2010) (MPGO-2010) (MPPR-2011) (DPEMA-2011) (TRF1-
2011) (TRF2-2011) (TJGO-2012) (DPEMS-2012) (DPERO-2012)
➢ Ação proposta pelo acidentado (seu cônjuge, demais herdeiros ou dependentes) contra o
empregador pedindo indenização por danos morais e materiais decorrentes de acidente de
trabalho: competência da Justiça do TRABALHO.
➢ Ação proposta pelo acidentado (seu cônjuge, demais herdeiros ou dependentes) contra o INSS
pleiteando benefício decorrente de acidente de trabalho: competência da justiça comum
ESTADUAL.
➢ Ação proposta pelo acidentado (seu cônjuge, demais herdeiros ou dependentes) contra o INSS
pleiteando benefício decorrente de acidente de outra natureza (que não seja acidente de trabalho):
competência da Justiça FEDERAL (STJ AgRg no CC 118.348/SP, j. 29/02/2012).
SÚMULA VINCULANTE 23
SÚMULA VINCULANTE 24
NÃO SE TIPIFICA CRIME MATERIAL CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, previsto no art. 1º, incisos
I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo. (MPRN-2009) (TRF5-2009) (MPGO-
2010) (MPSE-2010) (DPU-2010) (TRF3-2011) (TJAC-2012) (MPRJ-2012) (TRF1-2009/2013) (TJSC-2013)
(MPSC-2013) (TJCE-2012/2014) (MPAC-2014) (TJSE-2015) (TJRR-2015) (TJPB-2015) (TJRJ-2014/2016)
(TJDFT-2014/2016) (MPMG-2010/2017) (TJPR-2017) (TJRS-2018) (TJPA-2019) (MPMT-2019) (MPSP-2019)
(MPRR-2017-CESPE): João, prestador de serviços, trabalha como MEI na forma da Lei Complementar n.º
123/06 (SIMPLES Nacional). Nessa qualidade, com o propósito de recolher menos tributo, ele informou à
RFB ter recebido, no exercício de 2016, a receita bruta de R$ 50.000, mas a RFB constatou que sua receita
bruta real nesse exercício havia sido de R$ 120.000. Ante a existência de provas suficientes desses fatos, a
conduta de João foi tipificada como dolosa. A respeito dessa situação hipotética, assinale a opção correta
com base na Lei 8.137/90, que dispõe sobre crimes contra a ordem tributária: A conduta de João poderá
ser tipificada como crime contra a ordem tributária somente após o lançamento definitivo do tributo em
exame. BL: SV 24 do STF e art. 1º, I, da Lei 8137/90.
##Atenção: A conduta praticada por João se amolda, em tese, ao art. 1º, inciso I, da Lei 8.137/90, pelo
que há de ser observada a SV nº 24.
(TJSP-2014-VUNESP): Acerca de crime contra a ordem tributária, previsto no art. 1.º, incisos I a IV, da
Lei n.º 8.137/90 (constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição
social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:…), assinale a opção correta: Não se tipifica
crime material contra a ordem tributária, previsto nestas hipóteses, antes do lançamento definitivo do
tributo. BL: SV 24 do STF e art. 1º, I a IV, da Lei 8137/90.
##Atenção: Vejamos o seguinte julgado do STF: “É pacífica a jurisprudência do STF quanto à necessidade
do exaurimento da via administrativa para a validade da ação penal, instaurada para apurar infração aos incisos I a
IV do art. 1º da Lei 8.137/1990. Precedentes: HC 81.611, da relatoria do ministro Sepúlveda Pertence (Plenário);
HC 84.423, da minha relatoria (Primeira Turma). Jurisprudência que, de tão pacífica, deu origem à Súmula
Vinculante 24 (...). 2. A denúncia ministerial pública foi ajuizada antes do encerramento do procedimento
administrativo fiscal. A configurar ausência de justa causa para a ação penal. Vício processual que não é passível de
convalidação. 3. Ordem concedida para trancar a ação penal." (HC 100.333, Relator Ministro Ayres Britto,
Segunda Turma, julgamento em 21.6.2011, DJe de 19.10.2011).
(MPMG-2013): Segundo orientação do STF, não se tipifica crime material contra a ordem tributária antes
do lançamento definitivo do tributo, a supressão ou redução deste, ou contribuição social e qualquer
acessório, mediante as seguintes condutas, exceto: Negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota
fiscal ou documento equivalente, relativa à venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente
realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação. BL: SV 24 do STF e art. 1º, V da Lei 8137/90.
##Atenção:
Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou
contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei nº
9.964, de 10.4.2000)
I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;
II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de
qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;
III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro
documento relativo à operação tributável;
IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber
falso ou inexato;
V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente,
relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-
la em desacordo com a legislação.
##Atenção: ##STJ e STF: ##MPMT-2019: ##FCC: A Súmula Vinculante 24 tem aplicação aos fatos
ocorridos anteriormente à sua edição. Como a SV 24 representa a mera consolidação da interpretação
judicial que já era adotada pelo STF e pelo STJ mesmo antes da sua edição, entende-se que é possível
a aplicação do enunciado para fatos ocorridos anteriormente à sua publicação. Assim, a Súmula
Vinculante 24 pode ser aplicada aos crimes cometidos antes da sua vigência, tendo em vista que não se
está diante de norma mais gravosa, mas de consolidação de interpretação judicial. STF. 1ª T. RHC
122774/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 19/5/2015 (Info 786). STJ. 3ª S. EREsp 1318662-PR, Rel. Min. Felix
Fischer, j. 28/11/18 (Info 639).
SÚMULA VINCULANTE 25
É ILÍCITA a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito. (DPEMS-
2008) (DPEES-2009) (MPRO-2010) (TJPE-2011) (MPPB-2011) (MPCE-2011) (PGERO-2011) (TJAC-2012)
(MPRS-2012) (TJRN-2013) (TJAP-2014) (TJCE-2014) (TJPR-2012/2014/2017) (DPERO-2017)
SÚMULA VINCULANTE 26
Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o
juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, sem
prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício,
PODENDO DETERMINAR, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.
(MPES-2010) (TRF3-2011) (TJAC-2012) (DPEPR-2012) (MPF-2005/2013) (TJRN-2013) (MPDFT-2013)
(DPETO-2013) (TRF1-2013) (TJRR-2015) (DPU-2015) (TJDFT-2016) (MPSC-2016) (MPMG-2012/2017)
(TJSP-2017) (TJMT-2018) (TJAL-2019) (TJBA-2019) (MPSP-2019)
SÚMULA VINCULANTE 27
(MPSC-2019): Compete à Justiça Federal julgar causas entre consumidor e concessionária de serviço
público de telefonia, quando a ANATEL for litisconsorte passiva necessária, assistente, ou opoente. BL:
SV 27 (consumidor)
(TJSC-2015-FCC): Nos termos da Súmula Vinculante 27, do STF, “Compete à Justiça estadual julgar causas
entre consumidor e concessionária de serviço público de telefonia, quando a ANATEL não seja litisconsorte passiva
necessária, assistente, nem opoente". Está contida no posicionamento do Tribunal a compreensão de que há
relação jurídica caracterizada como de consumo entre o usuário e a concessionária de serviço público. BL:
SV 27.
SÚMULA VINCULANTE 28
SÚMULA VINCULANTE 29
(TJRS-2018-VUNESP): O prefeito do Município X pretende instituir uma taxa para custear o serviço de
coleta, remoção e destinação do lixo doméstico produzido no Município. A taxa será calculada em função
da frequência da realização da coleta, remoção e destinação dos dejetos e da área construída do imóvel ou
da testada do terreno. Acerca dessa taxa, é correto afirmar que ela é legal se houver equivalência razoável
entre o valor cobrado do contribuinte e o custo individual do serviço que lhe é prestado. BL: art. 145, §2º,
CF; SV 29 do STF e RE 232.393/SP.
##Atenção: Acerca da base de cálculo das taxas, o STF, no RE 232.393/SP, analisou um caso muito
interessante, em que o Município de São Carlos/SP criou uma taxa pela coleta domiciliar de lixo que era
calculada em função da área construída do imóvel, de modo que, quanto maior a área, maior seria a taxa a
ser paga por aquele imóvel. Em contestação, foi alegado pelos contribuintes que tal taxa estava sendo
calculada, levando em conta um elemento utilizado também para firmar a base de cálculo do IPTU, o que
acarretaria a violação da CF/1988, no art. 145, § 2º, que dispõe que taxas não podem ter as bases de cálculo
próprias de imposto. Assim, do que foi analisado no RE 232.393/SP pelo STF, podemos extrair três
conclusões:
1º) É razoável presumir que imóveis maiores produzam mais lixo que os menores, sendo justa a
cobrança da taxa com valores proporcionais a essa utilização presumida do serviço;
2º) A Corte Suprema percebeu que, ao cobrar a taxa proporcionalmente à área do imóvel, a taxa
acaba sendo graduada de acordo com a capacidade econômica do contribuinte. A CF, em seu art.
145, § 1º, conforme interpretação do dispositivo, diz que não há proibição para que as taxas sejam
graduadas, apesar de o princípio da capacidade contributiva referir-se aos impostos. Perceba que,
em relação aos impostos, há obrigatoriedade da aplicação do princípio da capacidade
contributiva, se possível (para o ICMS, por exemplo, não é possível a aplicação tal princípio);
3º) A CF/1988 proíbe que as taxas possuam base de cálculo idêntica a dos impostos. A base de
cálculo da taxa – levando em conta a área – é igual à base de cálculo do imposto? Não. Na base de
cálculo da taxa, a área foi utilizada apenas como um elemento. E mesmo que a base de cálculo
fosse exatamente a área, ainda assim, não seria idêntica à base de cálculo do IPTU. Desse modo, a
área é só um elemento para se chegar à base de cálculo do IPTU (utilização do valor venal).
Portanto, o STF afirmou que não é inconstitucional utilizar para fixar uma taxa um ou mais
elementos próprios da base de cálculo do imposto, desde que não haja integral correspondência
entre uma base e outra., entendimento esse que, em 2008, resultou na edição da Súmula
Vinculante 29 do STF. (Fonte: ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário. 14ª ed. 2020, p. 70/71).
##Atenção: ##STF: O fato de um dos elementos utilizados na fixação da base de cálculo do IPTU - a
metragem da área construída do imóvel - que é o valor do imóvel (CTN, art. 33), ser tomado em linha de
conta na determinação da alíquota da taxa de coleta de lixo, não quer dizer que teria essa taxa base de
cálculo igual à do IPTU: o custo do serviço constitui a base imponível da taxa. Todavia, para o fim de
aferir, em cada caso concreto, a alíquota, utiliza-se a metragem da área construída do imóvel, certo que a
alíquota não se confunde com a base imponível do tributo. Tem-se, com isto, também, forma de realização
da isonomia tributária e do princípio da capacidade contributiva: C.F., artigos 150, II, 145, § 1º. II. - R.E.
não conhecido. (STF. Plenário. RE 232393/SP, Rel. Min. Carlos Velloso, j. 12/08/99). A propósito, vejamos
o seguinte trecho do julgado: “Numa outra perspectiva, deve-se entender que o cálculo da taxa de lixo, com
base no custo do serviço dividido proporcionalmente às áreas construídas dos imóveis, é forma de
realização da isonomia tributária, que resulta na justiça tributária (CF, art. 150, II). É que a presunção é no
sentido de que o imóvel de maior área produzirá mais lixo do que o imóvel menor. O lixo produzido, por
exemplo, por imóvel com mil metros quadrados de área construída, será maior do que o lixo produzido por imóvel de
cem metros quadrados. A previsão é razoável e, de certa forma, realiza também o princípio da capacidade
contributiva do art. 145, §1º, da C.F., que, sem embaraço de ter como destinatária os impostos, nada
impede que possa aplicar-se, na medida do possível, às taxas.” (...)
(TJPR-2017-CESPE): O município de Curitiba/PR instituiu, por lei ordinária, taxa de coleta e remoção de
lixo para os imóveis urbanos situados em seu território, estabelecendo como base de cálculo do tributo a
área construída do imóvel, que, multiplicada pelo valor de R$ 2, resultaria no valor do tributo devido pelo
contribuinte. Acerca dessa situação hipotética e dos preceitos constitucionais pertinentes ao poder de
tributar, assinale a opção correta: O serviço de coleta e remoção de lixo em questão pode adotar um dos
elementos de base de cálculo de impostos, desde que não haja identidade completa e o valor pago pelo
contribuinte seja proporcional ao serviço que lhe é prestado. BL: SV 29.
##Atenção: No caso apresentado, o tributo é considerado constitucional por não haver identidade integral
das bases de cálculo, uma vez que foi adotada apenas um dos elementos da base de cálculo do IPTU, qual
seja, a área construída do imóvel.
(DPU-2017-CESPE): No cálculo do valor de determinada taxa, pode haver elementos da base de cálculo de
algum imposto, desde que não haja total identidade entre uma base e outra. BL: SV 29.
(TRF3-2016): É possível a adoção, no cálculo do valor de uma taxa, de um ou mais elementos da base de
cálculo de um imposto, desde que não ocorra integral identidade entre uma base e outra. BL: SV 29.
(TRF4-2010): Dadas as assertivas abaixo, assinale a alternativa correta. Em matéria de taxas, o STF
pacificou entendimento de que o disposto no § 2º do art. 145 da CF/1988 (“As taxas não poderão ter base de
cálculo própria de impostos”): Interpreta-se dando por constitucional a adoção, no cálculo da taxa, de um ou
mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral
identidade entre uma base e outra. BL: SV 29.
SÚMULA VINCULANTE 30
OBS: Esta súmula foi aprovada em 03/02/2010, mas, no dia seguinte, os Ministros decidiram que ela não
deveria ser publicada, uma vez que concluíram que seria necessário analisar com mais calma o tema. Em
suma, o enunciado não está valendo.
Súmula vinculante 30-STF: É inconstitucional lei estadual que, a título de incentivo fiscal, retém parcela do
ICMS pertencente aos municípios.
SÚMULA VINCULANTE 31
##Atenção: De fato, a locação de móvel não incide ISS. Todavia, se colocar à disposição funcionário para
operar a atividade de locação de bens móveis, neste caso haverá prestação de serviço, não se aplicando a
SV 31.
(TJSC-2009): Segundo orientação dominante do STF, o ISS não incide na locação de bens móveis. BL: SV
31. (tributário)
SÚMULA VINCULANTE 32
O ICMS NÃO INCIDE sobre alienação de SALVADOS DE SINISTRO pelas seguradoras. (TJMA-2013)
(TJPR-2013) (MPPR-2019) (TJMS-2020)
SÚMULA VINCULANTE 33
Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral da previdência social sobre
aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º, inciso III da Constituição Federal, até a edição de lei
complementar específica.
##Atenção: Importante.
O que é aposentadoria especial? Aposentadoria especial é aquela cujos requisitos e critérios exigidos do
beneficiário são mais favoráveis que os estabelecidos normalmente para as demais pessoas.
Quem tem direito à aposentadoria especial no serviço público? Antes da Reforma da Previdência (EC
103/2019), a Constituição Federal dizia o seguinte:
Art. 40 (...) § 4° É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de
aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos
definidos em leis complementares, os casos de servidores:
I - portadores de deficiência;
II - que exerçam atividades de risco;
III - cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física.
O § 4º do art. 40 da CF exigia, portanto, que fossem editadas leis complementares definindo os critérios
para a concessão da aposentadoria especial aos servidores públicos em cada uma das hipóteses dos incisos
acima listados.
A lei complementar de que trata o inciso III já tinha sido editada? NÃO.
O que acontecia, já que não existe a LC? Como ainda não havia a referida lei complementar disciplinando
a aposentadoria especial do servidor público, o STF reconheceu que o Presidente da República estava em
“mora legislativa” por ainda não ter enviado ao Congresso Nacional o projeto de lei para regulamentar o
antigo art. 40, § 4º, III da CF/88. Diante disso, o STF, ao julgar o Mandado de Injunção nº 721/DF (e vários
outros que foram ajuizados depois), determinou que, enquanto não fosse editada a LC regulamentando o
antigo art. 40, § 4º, III, da CF/88, deveriam ser aplicadas, aos servidores públicos, as regras de
aposentadoria especial dos trabalhadores em geral (regras do Regime Geral de Previdência Social —
RGPS), previstas no art. 57 da Lei nº 8.213/91. Logo, os servidores públicos que exerciam atividades sob
condições especiais que prejudiquem a sua saúde ou integridade física (antigo art. 40, § 4º, III da CF/88)
teriam direito de se aposentar com menos tempo de contribuição que os demais agentes públicos. O STF
editou uma súmula espelhando o entendimento:
Súmula vinculante 33-STF: Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do Regime
Geral de Previdência Social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, parágrafo 4º,
inciso III, da Constituição Federal, até edição de lei complementar específica.
Vale ressaltar que a SV 33-STF somente trata sobre a aposentadoria especial do servidor público baseada
no inciso III do § 4° do art. 40 da CF/88 (atividades sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física), não abrangendo as hipóteses dos incisos I (deficientes) e II (atividades de risco).
Imagine a seguinte situação hipotética: A lei prevê a aposentadoria especial para aqueles que trabalharam
durante 25 anos em condições insalubres. Maria laborou, em uma empresa privada, durante 20 anos em
atividades especiais (trabalho exposto a radiação) e 6 anos em atividade comum (não insalubres). Logo,
não terá direito à aposentadoria especial, que exige 25 anos de atividades especiais para o caso de radiação
(item 1.1.4 do Decreto nº 53.831/64).
Poderá ela somar os 20 anos de atividades insalubres com os 6 anos de atividades comuns? SIM.
Ao converter estes 20 anos de atividades especiais em tempo de atividades comuns, haverá algum tipo de
acréscimo (contagem de tempo diferenciada)? SIM. O tempo de trabalho exercido sob condições especiais
consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será convertido em “tempo comum” (exercido
em atividade comum) e nesta conversão vão ser aplicados alguns índices matemáticos que farão com que
o tempo se torne maior. Ex.: 20 anos = 7300 dias de tempo comum. No entanto, como esses 20 anos foram
prestados em atividade especial, para serem convertidos em tempo comum, eles devem ser multiplicados
por 1,2. Assim, teremos 7.300 x 1,2 = 8.760. Logo, 7.300 dias trabalhados sob o regime especial podem se
transformar em 8.760 dias caso este período de tempo especial seja convertido em tempo comum. No
exemplo acima, Maria trabalhou 20 anos (7.300 dias) em atividades especiais e 6 anos (2.190 dias) em
atividade comum. Logo, não conseguirá a aposentadoria especial (que exige 25 anos de atividade
especial). Maria irá, então, somar os períodos para ver se consegue a aposentadoria comum (não especial).
Os 7.300 dias trabalhados irão virar 8.760 dias. Dessa forma, ela irá somar 8.760 + 2.190 = 10.950 dias (30
anos) para fins de aposentadoria.
Onde está previsto este índice de conversão de 1,20? Os índices de conversão de “tempo especial” em
“tempo comum” estão previstos no art. 70 do Decreto nº 3.048/99. Ressalte-se que há outros índices, além
deste de 1,20 e eles irão variar de acordo com a atividade especial (Obs.: há muitas polêmicas sobre esse
tema, mas elas não interessam para os objetivos desta explicação).
Antes da Reforma da Previdência (EC 103/2019), os servidores públicos que exerciam atividades sob
condições especiais que prejudicassem a saúde ou a integridade física (art. 40, § 4º, III da CF/88) podiam
se valer destes índices para fazer a conversão do “tempo especial” trabalhado em “tempo comum”? SIM.
Até a edição da EC 103/19, o direito à conversão, em tempo comum, do prestado sob condições especiais
que prejudiquem a saúde ou a integridade física de servidor público era possível. Isso decorria da
previsão contida na CF/88 no sentido de que deveriam ser adotados requisitos e critérios diferenciados
para a jubilação (aposentadoria) da pessoa enquadrada na hipótese prevista no inciso III do § 4º do art. 40
da CF/88. Logo, deveriam ser aplicadas as normas da aposentadoria especial do regime geral, previstas na
Lei nº 8.213/91 enquanto não houvesse lei complementar disciplinando a matéria.
Exemplo: João era servidor público estadual, ocupando o cargo de assistente agropecuário. Durante 10
anos, ele exerceu esse cargo, prestando o serviço em condições insalubres. Em seguida, ele pediu
exoneração. João não chegou a completar o tempo necessário para adquirir a aposentadoria especial. No
entanto, a despeito disso, ele terá direito de averbar o tempo de serviço prestado em atividades
prejudiciais à saúde, com a conversão em tempo comum, mediante contagem diferenciada, para a
obtenção de benefícios previdenciários. Em outras palavras, ele poderá utilizar os índices matemáticos de
conversão para aproveitar esse tempo especial como tempo comum.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Antes da EC 103/2019 Depois da EC 103/2019
Art. 40 (...) Art. 40 (...)
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios § 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios
diferenciados para a concessão de aposentadoria diferenciados para concessão de benefícios em
aos abrangidos pelo regime de que trata este regime próprio de previdência social, ressalvado o
artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º.
complementares, os casos de servidores:
I - portadores de deficiência;
II - que exerçam atividades de risco;
III - cujas atividades sejam exercidas sob
condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física.
Não havia § 4º-C. Art. 40 (...)
§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei
complementar do respectivo ente federativo idade
e tempo de contribuição diferenciados para
aposentadoria de servidores cujas atividades
sejam exercidas com efetiva exposição a agentes
químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde,
ou associação desses agentes, vedada a
caracterização por categoria profissional ou
ocupação.
A EC 103/2019 previu agora que ente federado poderá estabelecer, por lei complementar, idade e tempo
de contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam exercidas com
efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses
agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação. Desse modo, após EC 103/2019,
não se pode mais afirmar que os servidores tenham direito à conversão com base na aplicação do regime
geral. Para se ter direito à conversão, é necessário que o respectivo ente edite uma lei complementar
prevendo.
Em suma:
Até a edição da Emenda Constitucional nº 103/2019, o direito à conversão, em tempo comum, do
prestado sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física de servidor
público decorre da previsão de adoção de requisitos e critérios diferenciados para a jubilação
daquele enquadrado na hipótese prevista no então vigente inciso III do § 4º do art. 40 da
Constituição da República, devendo ser aplicadas as normas do regime geral de previdência social
relativas à aposentadoria especial contidas na Lei nº 8.213/91 para viabilizar sua concretização
enquanto não sobrevier lei complementar disciplinadora da matéria. Após a vigência da EC nº
103/2019, o direito à conversão em tempo comum, do prestado sob condições especiais pelos
servidores obedecerá à legislação complementar dos entes federados, nos termos da competência
conferida pelo art. 40, § 4º-C, da Constituição da República. STF. Plenário. RE 1014286, Rel. Luiz
Fux, Relator p/ Acórdão Edson Fachin, j. 31/08/20 (Repercussão Geral – Tema 942) (Info 992).
Observação: Cuidado com o segundo parágrafo da tese acima exposta. Isso porque essa tese,
aparentemente, está em desarmonia com o § 3º do art. 10 da EC 103/2019. Veja:
Art. 10. Até que entre em vigor lei federal que discipline os benefícios do regime próprio de
previdência social dos servidores da União, aplica-se o disposto neste artigo. (...)
§ 3º A aposentadoria a que se refere o § 4º-C do art. 40 da Constituição Federal observará
adicionalmente as condições e os requisitos estabelecidos para o Regime Geral de Previdência
Social, naquilo em que não conflitarem com as regras específicas aplicáveis ao regime próprio de
previdência social da União, vedada a conversão de tempo especial em comum.
O STF não debateu com profundidade o tema porque o objeto do recurso envolvia um caso anterior à EC
103/2019. Mais para frente esse assunto deverá ser novamente discutido com maior atenção pela Corte.
Por enquanto, para fins de provas, guarde essas duas afirmações como corretas:
• Após a vigência da EC nº 103/2019, o direito à conversão em tempo comum, do prestado sob
condições especiais pelos servidores obedecerá à legislação complementar dos entes federados, nos
termos da competência conferida pelo art. 40, § 4º-C, da Constituição da República. (certo)
• A aposentadoria especial a que se refere o § 4º-C do art. 40 da Constituição Federal observará
adicionalmente as condições e os requisitos estabelecidos para o Regime Geral de Previdência
Social, naquilo em que não conflitarem com as regras específicas aplicáveis ao regime próprio de
previdência social da União, vedada a conversão de tempo especial em comum. (certo).
(TJPR-2017-CESPE): Nossa Constituição, como a maioria das cartas políticas contemporâneas, contém
regras de diversos tipos, funções e naturezas, por postularem finalidades diferentes, mas coordenadas e
inter-relacionadas entre si, formando um sistema de normas que se condicionam reciprocamente.
Algumas delas são plenamente eficazes e de aplicabilidade imediata; outras são de eficácia reduzida,
dependem de legislação que lhes integre o sentido e determine sua incidência; não são de aplicabilidade
imediata, mas são aplicáveis até onde possam. José Afonso da Silva. Aplicabilidade das normas
constitucionais. 6.ª ed. São Paulo: Malheiros, 2004, p. 47 (com adaptações). Tendo o fragmento de texto de
José Afonso da Silva como referência inicial, assinale a opção correta com relação à eficácia das normas
constitucionais e aos princípios e à interpretação da CF: Para o STF, a norma que estabelece o direito à
aposentadoria especial dos servidores públicos tem eficácia limitada.
SÚMULA VINCULANTE 34
SÚMULA VINCULANTE 35
A HOMOLOGAÇÃO DA TRANSAÇÃO PENAL prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 NÃO FAZ coisa
julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao
Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou
requisição de inquérito policial. (TJMG-2012) (MPRR-2012) (DPESP-2013) (DPECE-2014) (TJRR-2015)
(TJDFT-2015) (MPF-2015) (TJPR-2017) (MPRS-2017) (MPSP-2015/2019)
Previsão legal: O instituto da transação penal é previsto na Lei dos Juizados Especiais (Lei 9099/95):
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública
incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a
aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
A transação penal é compatível com a Constituição Federal? SIM. A transação penal é, inclusive, uma
determinação constitucional. Confira:
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a
conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações
penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo,
permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por
turmas de juízes de primeiro grau;
A transação penal não ofende os princípios do contraditório e da ampla defesa porque se trata de uma
escolha (faculdade) colocada à disposição do suposto autor do fato, que pode preferir fazer logo o acordo
e cumprir uma medida restritiva de direitos (mesmo sem ter sido julgado), do que se submeter aos
transtornos de um processo criminal. Logo, por não ser obrigatória, a transação penal não é incompatível
com as garantias constitucionais.
Requisitos: Para que a transação penal possa ser proposta, deverão estar presentes os seguintes
requisitos:
a) A infração apurada deve ser de menor potencial ofensivo. Só cabe transação penal em casos de
infrações de menor potencial ofensivo, ou seja, contravenções penais e crimes cuja pena máxima prevista
não seja superior a 2 anos, cumulada ou não com multa. Exceção: não cabe transação penal se o crime ou
a contravenção penal tiver sido praticado com violência doméstica e familiar contra a mulher, mesmo
que a pena seja inferior a 2 anos.
b) A infração apurada pode ser crime de ação pública ou privada. Apesar de o caput do art. 76 da Lei
9.099/95 falar apenas em “crime de ação penal pública”, a doutrina e jurisprudência entendem que a
transação penal é cabível tanto em delitos de ação penal pública (condiciona ou incondicionada), como
também de ação penal privada.
c) A hipótese não pode ser caso de arquivamento do TC. Se houver algum motivo que autorize o
arquivamento do termo circunstanciado, a acusação não deverá propor transação penal e, se o fizer, o
juiz não deverá homologá-la. Isso porque o caput do art. 76 da Lei 9.099/95 afirma claramente que a
transação somente deverá ser oferecida se não for caso de arquivamento dos autos. Assim, por
exemplo, se não houver indícios suficientes de autoria e prova da materialidade, a hipótese é de
arquivamento, não devendo ser proposto o acordo.
d) O autor da infração não pode ter sido condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade,
por sentença definitiva (art. 76, § 2º, I, da Lei 9.099/95).
e) O autor do fato não pode ter sido beneficiado anteriormente, no prazo de 5 anos, com a transação
penal (art. 76, § 2º, II, da Lei 9.099/95).
Atenção: em se tratando de crime ambiental, existe outro requisito, qual seja, a proposta de transação
penal somente poderá ser oferecida se tiver havido prévia composição do dano ambiental, salvo em
caso de impossibilidade de fazê-lo (art. 27 da Lei 9.605/98).
Procedimento
1. Se a autoridade policial tomar conhecimento da prática de uma infração penal de menor
potencial ofensivo, ela deverá lavrar um termo circunstanciado.
O termo circunstanciado é um “substituto” bem mais simples que o inquérito policial, realizado
pela polícia nos casos de infrações de menor potencial ofensivo. O objetivo do legislador foi
facilitar e desburocratizar o procedimento. No termo circunstanciado é narrado o fato criminoso,
com todos os dados necessários para identificar a sua ocorrência e autoria, devendo ser feita a
qualificação do autor, da vítima e indicadas as provas existentes, inclusive o rol de testemunhas.
Vale ressaltar que, se não for realizada transação penal e o MP entender que o caso é complexo,
ele poderá requisitar que seja feito um inquérito policial. Em outras palavras, a regra nas
infrações penais de menor potencial ofensivo é o termo circunstanciado, mas é possível que seja
feito IP se assim entender necessário o titular da ação penal.
5. A conciliação poderá ser conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua orientação.
6. Logo ao abrir a audiência, o Juiz esclarecerá que, neste tipo de infração de menor potencial
ofensivo é possível que o autor do fato faça:
a) um acordo de composição civil dos danos com o ofendido (acordo de natureza cível);
b) e também um acordo de transação penal com o MP (acordo de natureza criminal).
7. Importante ressaltar que, apesar de a audiência preliminar ser realizada no Poder Judiciário,
com a participação do juiz e do MP, ainda não existe ação penal (ainda não houve denúncia
nem queixa-crime e o autor ainda não é réu).
9. Caso o autor do fato e a vítima NÃO aceitem fazer o acordo de composição civil: o MP (ou
querelante) irá fazer a proposta de transação penal (desde que cumpridos os requisitos).
11. Se o autor do fato não aceitar a transação (ou nem comparecer injustificadamente), o membro
do MP, na própria audiência, terá duas opções:
a) formulará denúncia oral, que será reduzida a escrito no termo de audiência (isso se o
Parquet entender que já existem indícios suficientes de autoria e prova da materialidade); ou
b) requisitará a instauração de um inquérito policial para a realização de novas diligências
que sejam imprescindíveis para a definição da autoria ou materialidade.
12. Se o autor do fato aceitar a transação, o juiz deverá analisar a legalidade das condições
propostas e, estando conforme o ordenamento jurídico, irá homologar a transação penal
realizada. A sentença que homologa a transação penal tem natureza declaratória e somente faz
coisa julgada formal (não produz coisa julgada material).
13. Lembrando que, se o autor do fato aceitou a transação, é porque se comprometeu a cumprir uma
pena restritiva de direitos ou a pagar uma multa, segundo as condições que foram fixadas na
proposta. Ex: o MP propôs e o autor do fato concordou em prestar 60h de serviços comunitários
no prazo máximo de 6 meses em um hospital. O autor terá que atender a essa exigência imposta
no prazo assinalado.
Descumprimento injustificado da transação penal: O que acontece se o autor do fato aceitar a proposta,
mas acabar descumprindo a obrigação por ele assumida no acordo (ex: o autor tinha que prestar 60h,
mas acabou realizado apenas 40h de trabalhos comunitários)? O juiz deverá determinar a abertura de
vista dos autos ao MP. O membro do Parquet terá, então, duas opções:
➢ Oferecer denúncia; ou
➢ Requerer mais investigações, por meio da realização de um inquérito policial, caso entenda
que ainda não existem provas suficientes.
Tal entendimento é baseado no fato de que a decisão homologatória da transação penal não faz coisa
julgada material. Dessa forma, diante do descumprimento das cláusulas estabelecidas na transação
penal, retorna-se ao status quo ante (volta-se para a fase 11 acima explicada), viabilizando-se, assim, ao
Parquet a continuidade da persecução penal.
Essa solução não viola o contraditório e a ampla defesa? NÃO. Isso porque o acusado terá direito ao
contraditório e a ampla defesa durante a ação penal que ainda irá se iniciar. Haveria sim violação ao
devido processo legal se, após descumprir a transação, o autor do fato fosse desde logo condenado (sem
processo) ou preso.
Confira agora novamente a redação da súmula para ver se entendeu: A homologação da transação penal
prevista no art. 76 da Lei 9.099/95 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-
se a situação anterior, possibilitando-se ao MP a continuidade da persecução penal mediante
oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.
O entendimento exposto na súmula já era adotado não apenas pelo STF como também pelo STJ. Nesse
sentido: STF. Plenário. RE 602072 QO-RG, Rel. Min. Cezar Peluso, julgado em 19/11/2009 (repercussão
geral). STJ. 6ª Turma. RHC 34.580/SP, Rel. Min. Maria Thereza De Assis Moura, julgado em 12/03/2013.
(MPMG-2017): “[...] Não se desconhece que, em elevadíssima porcentagem de certos crimes de ação penal pública,
a polícia não instaura o inquérito e o MP e o juiz atuam de modo a que se atinja a prescrição. Nem se ignora que a
vítima - com que o Estado até agora pouco se preocupou - está cada vez mais interessada na reparação dos danos e
cada vez menos na aplicação da sanção penal. É por essa razão que atuam os mecanismos informais da sociedade,
sendo não só conveniente como necessário que a lei introduza critérios que permitam conduzir a seleção dos casos de
maneira racional e obedecendo a determinadas escolhas políticas. [...]” Disponível
em:<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1995/ lei-9099-26-setembro-1995-348608-
exposicaodemotivos- 149770-pl.html> . Acesso em 22 mar. 2017. Assinale a alternativa correta: A
ausência de coisa julgada material na homologação de transação penal permite retornar-se à situação
anterior, possibilitando ao MP o oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial, se forem
descumpridas as cláusulas do acordo. BL: art. 76, §5º, Lei 9099/95 e SV 35, STF.
(TJSP-2015-VUNESP): A sentença de transação penal, nos termos do art. 76, §5º, da Lei 9.099/95, tem as
seguintes características: tem natureza homologatória e não faz coisa julgada material. BL: art. 76, §5º,
Lei 9099/95 e SV 35, STF.
SÚMULA VINCULANTE 36
Compete à JUSTIÇA FEDERAL COMUM processar e julgar civil denunciado pelos crimes de falsificação e
de uso de documento falso quando se tratar de falsificação da Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) ou de
Carteira de Habilitação de Amador (CHA), ainda que expedidas pela Marinha do Brasil. (TJAL-2019)
OBS: Imagine a seguinte situação hipotética: Pedro, civil, foi convidado para trabalhar em um navio
mercante como aquaviário. Ocorre que ele nunca concluiu o Ensino Profissional Marítimo (EPM), razão
pela qual não possuía a chamada “Caderneta de Inscrição e Registro (CIR)”, documento necessário para o
exercício da atividade profissional em embarcações. Diante disso, Pedro comprou uma CIR falsificada e a
apresentou para embarcar e prestar serviço em um navio de frota privada. Vale ressaltar que a expedição
da CIR é de responsabilidade da Capitania dos Portos (Marinha do Brasil).
De quem será a competência para julgar esse delito? Justiça Federal ou Justiça Militar? JUSTIÇA
FEDERAL COMUM: A jurisprudência do STF é firme no sentido de que cabe à Justiça Federal processar e
julgar civil denunciado pelo crime de uso de documento falso (art. 315 do CPM), quando se tratar de
falsificação de Caderneta de Inscrição e Registro (CIR), expedida pela Marinha do Brasil, por aplicação dos
arts. 21, XXII, 109, IV, e 144, § 1º, III, todos da Constituição da República. (STF. 2ª Turma. HC 112142, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, j. 11/12/2012).
Vejamos outro caso hipotético: Eduardo estava passeando em sua lancha quando foi parado por uma
fiscalização da Capitania dos Portos. Na ocasião, ele apresentou uma Carteira de Habilitação Naval de
Amador falsificada.
De quem será a competência para julgar esse crime? JUSTIÇA FEDERAL COMUM. Compete à Justiça
Federal, quando se tratar de Carteira de Habilitação Naval de Amador expedida pela Marinha do Brasil,
processar e julgar civil denunciado pelos delitos de falsificação de documento e uso de documento falso
(arts. 311 e 315 do Código Penal Militar). (STF. 1ª Turma. HC 108744, Rel. Min. Dias Toffoli, j.
13/03/2012).
Competências da Justiça Militar: Compete à Justiça Militar processar e julgar os crimes militares, assim
definidos em lei (art. 124 da CF/88). A lei que prevê os crimes militares é o Código Penal Militar (Decreto-
Lei 1.001/1969).
➢ No art. 9º do CPM são conceituados os crimes militares, em tempo de paz.
➢ No art. 10 do CPM são definidos os crimes militares em tempo de guerra.
Em regra, os crimes militares em tempo de paz são praticados somente por militares. No entanto,
excepcionalmente, é possível que civis também cometam crimes militares.
O inciso III do art. 9º define os crimes militares impróprios, ou seja, aqueles em que a Justiça Militar irá
julgar condutas ilícitas praticadas por civis, ainda que em tempo de paz. Veja a redação do dispositivo:
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
(...) III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as
instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como
os do inciso II, nos seguintes casos:
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar;
b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou
assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício
de função inerente ao seu cargo;
c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação,
exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras;
d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de
natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da
ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquêle fim,
ou em obediência a determinação legal superior.
O STF confere intepretação restritiva às hipóteses do inciso III do art. 9º do CPM. Assim, para a Corte, as
condutas praticadas por civis somente devem ser enquadradas como crimes militares em caráter
excepcional, apenas nos casos em que o ato praticado ofender bens jurídicos tipicamente ligados à função
castrense (militar), tais como, a defesa da pátria, a garantia dos poderes constitucionais, a garantia da Lei e
da ordem etc.
Nesse sentido:
(...) é excepcional a competência da Justiça castrense para o julgamento de civis, em tempo de
paz. A tipificação da conduta de agente civil como crime militar está a depender do "intuito
de atingir, de qualquer modo, a Força, no sentido de impedir, frustrar, fazer malograr,
desmoralizar ou ofender o militar ou o evento ou situação em que este esteja empenhado"
(CC 7.040, da relatoria do ministro Carlos Velloso). 2. O cometimento do delito militar por
agente civil em tempo de paz se dá em caráter excepcional. Tal cometimento se traduz em
ofensa àqueles bens jurídicos tipicamente associados à função de natureza militar: defesa da
Pátria, garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem (art. 142 da Constituição
Federal). (...) (STF. 2ª Turma. HC 104617, Rel. Min. Ayres Britto, j. 24/08/2010)
Em outras palavras, somente deverá ser enquadrado como crime militar quando o civil praticar uma
conduta que tenha por objetivo ofender os valores inerentes às Forças Armadas, previstos no art. 142 da
CF/88:
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica,
são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na
disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da
Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e
da ordem.
Para o STF, a conduta do réu civil de falsificar ou usar a Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) ou a
Carteira de Habilitação de Arrais-Amador (CHA), ainda que expedidas pela Marinha do Brasil, não
afronta diretamente a ordem militar (nenhum dos valores previstos no art. 142 da CF/88).
A Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) e a Carteira de Habilitação Naval de Amador são licenças
necessárias para se pilotar embarcações. Apesar de serem documentos expedidos pela Marinha, a licença
por eles conferida é de natureza civil. Logo, a sua expedição e fiscalização são atividades inerentes ao
poder de polícia administrativa. São funções ligadas, portanto, ao policiamento naval, que não é atribuição
exclusiva da Marinha.
Por não serem exclusivas, as atividades de fiscalização e policiamento marítimo não se caracterizam como
função de natureza militar típica, uma vez que podem ser desempenhadas por outros órgãos estaduais ou
federais, como, por exemplo, a Polícia Fluvial, Guarda Costeira e a Polícia Federal. Dessa forma, trata-se
de uma atribuição secundária da Marinha.
E por que a competência é da Justiça Federal comum? Porque o crime foi cometido contra um serviço
fiscalizado pela Marinha, que é um órgão da União. Logo, amolda-se na hipótese prevista no art. 109, IV,
da CF/88:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou
interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
SÚMULA VINCULANTE 37
NÃO CABE ao Poder Judiciário, que NÃO TEM função legislativa, AUMENTAR vencimentos de
servidores públicos sob o fundamento de ISONOMIA. (TJCE-2014) (TJSE-2015) (MPPR-2017) (TJSP-
2015/2018)
OBS: Importante.
A CF/88 determina que o aumento dos vencimentos deve ser feito por meio de lei: O Poder Judiciário,
mesmo se deparando com uma situação de desigualdade (violação da isonomia), não pode "corrigir" essa
disparidade conferindo o aumento porque ele não tem “função legislativa”, não podendo, portanto, suprir
a ausência da lei que é indispensável no caso.
Exceções à SV 37: Existem alguns processos nos quais se invoca exceções à súmula 339 do STF e,
consequentemente, agora seriam exceções à SV 37. É o caso, por exemplo, das ações judiciais que
questionam a Resolução n° 133/2011, que reconhece a simetria constitucional entre as carreiras da
Magistratura e do MP como decorrência da aplicação direta do dispositivo constitucional (art.129, § 4°, da
CF/88). O Plenário do STF ainda irá apreciar essas discussões. Assim que forem sendo divulgados novos
entendimentos sobre o tema (confirmando ou não essas exceções), o site do Dizer o Direito avisará. Por
enquanto, as informações acima são as mais seguras e suficientes para as provas de concurso público.
OBS: A questão está correta, pois de fato há repercussão geral, uma vez que houve contrariedade à
Súmula do STF, inclusive súmula vinculante, o que torna a contrariedade ainda mais reveladora. Nada
obstante, é preciso ter em mente que também é cabível o oferecimento de reclamação constitucional, no
presente caso, para garantir a observância de SV nº. 37. Neste sentido, estabelece a parte final do art. 7º da
lei 11.417 de 2006 (Lei da Súmula Vinculante): ”Art. 7o Da decisão judicial ou do ato administrativo que
contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao
Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação.” Nessa
esteira, extrai-se da norma que o cabimento de reclamação não impede a interposição do recurso
extraordinário, sendo que a escolha, em regra, é facultativa à parte interessada ou ao Ministério Público.
SÚMULA VINCULANTE 38
OBS: Importante.
Compete aos Municípios legislar sobre o horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais
situados no âmbito de seus territórios. Isso porque essa matéria é entendida como sendo “assunto de
interesse local”, cuja competência é municipal, nos termos do art.30, I, da CF/88.
Cada cidade tem suas peculiaridades, tem seu modo de vida, umas são mais cosmopolitas, com estilo de
vida agitado, muitos serviços, turistas. Por outro lado, existem aquelas menos urbanizadas, com costumes
mais tradicionais, etc. Assim, o horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais deve atender a
essas características próprias, análise a ser feita pelo Poder Legislativo local.
Ressalva à SV 38-STF: Existe uma "exceção" à Súmula Vinculante 38: o horário de funcionamento dos
bancos. Segundo o STF e o STJ, as leis municipais não podem estipular o horário de funcionamento dos
bancos. A competência para definir o horário de funcionamento das instituições financeiras é da União.
Isso porque esse assunto (horário bancário) traz consequências diretas para transações comerciais
intermunicipais e interestaduais, transferências de valores entre pessoas em diferentes partes do país,
contratos etc., situações que transcendem (ultrapassam) o interesse local do Município. Enfim, o horário de
funcionamento bancária é um assunto de interesse nacional (STF RE 118363/PR). O STJ possui, inclusive,
um enunciado que espelha esse entendimento:
Súmula 19-STJ: A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da
competência da União.
Desse modo, a Súmula 19 do STJ é compatível com a Súmula Vinculante 38 do STF, ambas convivendo
harmonicamente.
Legislação sobre outros aspectos relacionados com os serviços bancários disponibilizados aos clientes:
Vale ressaltar, por fim, que os Municípios podem legislar sobre medidas que propiciem segurança,
conforto e rapidez aos usuários de serviços bancários (STF ARE 691591 AgR/RS, j. 18/12/12). Exs: tempo
máximo de espera na fila ("Lei das Filas"), instalação de banheiros e bebedouros nas agências, colocação de
cadeiras de espera para idosos, disponibilização de cadeiras de rodas, medidas para segurança dos
clientes, etc. Tais assuntos, apesar de envolverem bancos, são considerados de interesse local e podem ser
tratados por lei municipal.
SÚMULA VINCULANTE 39
Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das polícias civil e militar e
do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal. (TJDFT-2014)
OBS: Importante.
Quem tem competência para legislar sobre os vencimentos dos membros das polícias civil e militar e do
corpo de bombeiros militar do Distrito Federal? A União. Isso porque, segundo o art. 21, XIV da CF/88,
compete à União ORGANIZAR e MANTER a polícia civil e militar e o corpo de bombeiros militar do
Distrito Federal. Ora, a organização dos órgãos públicos, em regra, precisa ser feita por meio de lei. Além
disso, manter tais órgãos significa dar os recursos financeiros necessários à sua sobrevivência. Logo,
compete à União legislar sobre os vencimentos dos membros de tais instituições considerando que isso
está abrangido no conceito de organizar e manter.
Em suma, não haveria lógica em se admitir que o DF tivesse competência para aumentar os vencimentos
dos policiais e bombeiros se não será ele quem irá pagar tal remuneração.
SÚMULA VINCULANTE 40
A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível dos filiados
ao sindicato respectivo. (M)
OBS: Contribuição sindical: Com o objetivo de garantir o seu custeio, a CF/88 assegurou às entidades
sindicais duas contribuições diferentes. Veja:
Art. 8º (...)
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional,
será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical
respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;
Desse modo, apesar de a redação do inciso ser um pouco truncada, é possível perceber que ele fala em
duas espécies de contribuição:
1ª) Contribuição fixada pela assembleia geral (destacada na primeira parte);
2ª) Contribuição prevista em lei (destacada na segunda parte).
Logo que a CF/88 foi editada, os sindicatos quiseram emplacar a tese de que as duas espécies de
contribuição seriam obrigatórias, ou seja, a pessoa, mesmo sem ser filiada ao sindicato, deveria pagá-las.
O STF, contudo, rechaçou essa tese e, para pacificar o assunto, editou, em 2003, um enunciado: Súmula
666-STF: A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição, só é exigível dos filiados
ao sindicato respectivo. Posteriormente, este enunciado foi transformado na SV 40.
Por que a contribuição CONFEDERATIVA não é obrigatória para todos da categoria? Por que ela só é
exigível dos filiados ao sindicato? Porque não existe uma lei que obrigue seu pagamento. A contribuição
confederativa não é instituída por lei, mas sim por decisão da assembleia geral. Ora, se a pessoa não é
filiada ao sindicato, não há razão jurídica que autorize que ela seja obrigada a pagar uma contribuição
criada pela assembleia geral desse sindicato do qual não faz parte. O indivíduo somente pode ser obrigado
a pagar algo se isso for determinado por meio de lei ou se ele próprio se sujeitou a isso. Como a
contribuição confederativa não é prevista em lei, somente será obrigatória se o trabalhador se sujeitou à
filiação junto àquele sindicato.
SÚMULA VINCULANTE 41
O SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA NÃO PODE SER remunerado mediante TAXA. (MPSE-2010)
(PGEGO-2010) (TJRS-2012) (MPRS-2012) (TRF1-2013) (TRF2-2013) (TJDFT-2007/2016) (MPRO-2017)
(DPRO-2017) (Cartórios/TJMG-2017) (PGM/Fortaleza-2017) (TJMG-2018) (TJAL-2019) (TJPA-2019)
(TJMS-2020)
OBS: Importante.
O que são as taxas? A taxa é uma espécie de tributo paga pelo contribuinte: 1) em virtude de um serviço
prestado pelo Poder Público; ou 2) em razão do exercício da atividade estatal de poder de polícia.
Diz-se que a taxa é um tributo bilateral, contraprestacional, sinalagmático ou vinculado. Isso porque a taxa
é um tributo vinculado a uma atividade estatal específica, ou seja, a Administração Pública só pode cobrar
se, em troca, estiver prestando um serviço público ou exercendo poder de polícia. Há, portanto, obrigações
de ambas as partes. O poder público tem a obrigação de prestar o serviço ou exercer poder de polícia e o
contribuinte a de pagar a taxa correspondente.
Quem pode instituir taxa? A União, os Estados, o DF e os Municípios. Trata-se de tributo de competência
comum. A taxa será instituída de acordo com a competência de cada ente. Ex.: Município não pode
instituir uma taxa pela emissão de passaporte, uma vez que essa atividade é de competência federal. Logo,
a competência para a instituição das taxas está diretamente relacionada com as competências
constitucionais de cada ente.
“Taxa” de iluminação pública: Os serviços de Iluminação pública (luzes que iluminam as cidades à noite)
são de responsabilidade dos Municípios em virtude de ser considerado um serviço de interesse local (art.
30 da CF/88). Como os custos para manter esse serviço são muito altos, diversos Municípios instituíram,
por meio de leis municipais, a cobrança de um valor a ser pago pelas pessoas que tivessem conta de
energia elétrica. Essa cobrança já vinha diretamente na fatura da energia elétrica. As leis municipais
diziam que estavam criando uma “taxa de serviço” ("taxa de iluminação pública”). Diversos contribuintes
questionaram essa cobrança alegando que o serviço de iluminação pública não é especifico e divisível.
Logo, não poderia ser remunerado mediante taxa.
A questão chegou até o STF. É possível instituir taxa para custear os serviços prestados pelo Município
com a iluminação pública? Em outras palavras, a iluminação dos postes nas vias públicas possui um
custo, que é suportado pelos Municípios. É permitido que tais entes cobrem uma taxa dos usuários para
remunerar esse serviço? NÃO. O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.
O poder público somente poderá cobrar taxa para custear serviços públicos específicos e divisíveis. O
serviço público de iluminação pública não é específico e divisível. Isso porque não é possível mensurar
(medir, quantificar) o quanto cada pessoa se beneficiou pelo fato de haver aquela iluminação no poste.
Uma pessoa que anda muito à pé, à noite, se beneficia, em tese, muito mais do que o indivíduo que quase
não sai de casa, salvo durante o dia. Apesar de ser possível presumir que tais pessoas se beneficiam de
forma diferente, não há como se ter certeza e não existe um meio de se controlar isso. Todo mundo (ou
quase todo mundo) acaba pagando igual, independentemente do quanto cada um usufruiu. Perceba,
assim, que o serviço de iluminação pública, em vez de ser específico e divisível, é, na verdade, geral
(beneficia todos) e indivisível (não é possível mensurar cada um dos seus usuários).
Como observa Ricardo Alexandre: "Nos serviços públicos gerais, também chamados universais (prestados uti
universi), o benefício abrange indistintamente toda a população, sem destinatários Identificáveis. Tome-se, a título de
exemplo, o serviço de iluminação pública. Não há como identificar seus beneficiários (a não ser na genérica expressão
“coletividade”). Qualquer eleição de sujeito passivo pareceria arbitrária. Todos os que viajam para Recife, sejam
oriundos de São Paulo, do Paquistão ou de qualquer outro lugar, utilizam-se do serviço de iluminação pública
recifense, sendo impossível a adoção de qualquer critério razoável de mensuração do grau de utilização individual do
serviço” (Direito Tributário esquematizado. São Paulo: Método, 2013, p.29).
COSIP: Diante das reiteradas decisões judiciais declarando as "taxas de iluminação pública"
inconstitucionais, os Municípios que perderam essa fonte de receita começaram a pressionar o Congresso
Nacional para que dessem uma solução ao caso. Foi então que, nos últimos dias de 2002, foi aprovada a
EC 39/2002 que arrumou uma forma de os Municípios continuarem a receber essa quantia. O modo
escolhido foi criar uma contribuição tributária destinada ao custeio do serviço de iluminação pública.
Sendo uma contribuição, não havia mais a exigência de que o serviço público a ser remunerado fosse
específico e divisível. Logo, o problema anterior foi contornado. Essa contribuição, chamada pela doutrina
de COSIP, foi introduzida no art. 149-A da CF/88:
Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das
respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art.
150, I e III.
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de
consumo de energia elétrica. (artigo incluído pela Emenda Constitucional n° 39/2002)
Dessa forma, o serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa (SV 41). No
entanto, os Municípios poderão instituir contribuição para custeio desse serviço (art. 149-A, CF/88).
Em resumo: O aspecto material da iluminação pública não é específico e nem divisível, razão porque não
poderíamos cobrar Taxa nessa hipótese de incidência. Nesse sentido, é assente no âmbito do STF o
entendimento de que o serviço de iluminação pública não atende aos requisitos de especificidade e
divisibilidade, necessários à possibilidade de financiamento mediante a instituição de taxa. É o que levou a
editar a SV 41.
(TRF3-2016): Tratando-se de serviço indivisível e inespecífico, a iluminação pública não pode ser
remunerada mediante taxa. BL: SV 41, STF.
SÚMULA VINCULANTE 42
OBS: Os Estados-membros e os Municípios são autônomos (art. 18 da CF/88). Como entes autônomos,
eles devem ter a liberdade de organizar seus órgãos públicos e respectivos servidores, fixando, inclusive, a
remuneração de tais agentes. Se a lei estadual ou municipal prevê que a remuneração dos servidores
estaduais ou municipais ficará vinculada (atrelada) a índices federais de correção monetária, isso significa
que, em última análise, quem terá o poder de reajustar ou não os vencimentos dos servidores estaduais ou
municipais será a União. Dessa feita, isso retira do Poder Legislativo estadual ou municipal a autonomia
de definir os reajustes dos servidores. Se a lei estadual/municipal diz que os vencimentos dos servidores
serão reajustados sempre que for reajustado o IPCA, na verdade, quem estará aumentando ou não a
remuneração dos servidores estaduais/municipais será o IBGE (e não o respectivo ente).
Além disso, o STF também afirma que essa vinculação viola o art. 37, XIII, da CF/88: “XIII - é vedada a
vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço
público”.
OBS: As leis que versam sobre “a criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração
direta e autárquica ou aumento de sua remuneração” são de iniciativa do chefe do poder executivo, na
forma do art. 61, §1º, II, “a”, da CF/88, aplicável a todos os entes federados por simetria com o modelo da
União Federal.
SÚMULA VINCULANTE 43
OBS: Provimento é o ato pelo qual o cargo público é preenchido, com a designação de seu titular (Hely
Lopes Meirelles). Existem duas formas de provimento: originário e derivado.
Ascensão funcional: O que a SV 43 do STF proíbe é a chamada ascensão funcional (também conhecida
como acesso ou transposição). A ascensão funcional é a progressão funcional do servidor público entre
cargos de carreiras distintas. Ocorre quando o servidor é promovido para um cargo melhor, sendo este, no
entanto, integrante de uma carreira diferente. A ascensão funcional era extremamente comum antes da
CF/88. Quando o servidor chegava ao último nível de uma carreira, ele ascendia para o primeiro nível de
carreira diversa (e superior) sem necessidade de concurso público. Ex.1: o indivíduo é servidor público e
ocupa o cargo de técnico judiciário; a lei previa que, se ele chegasse à última classe de técnico judiciário,
poderia ser promovido à analista judiciário. Ex.2: o agente de polícia de último nível tornava-se delegado
de polícia de nível inicial. Antes da CF/88, somente se exigia o concurso público para o ato da primeira
investidura.
A ascensão funcional é compatível com a CF/88? NÃO. A promoção do servidor por ascensão funcional
constitui uma forma de “provimento derivado vertical”, ou seja, a pessoa assume outro cargo
(provimento) em virtude de já ocupar um anterior (ou seja, derivado do primeiro), subindo no nível
funcional para um cargo melhor (vertical). A ascensão funcional é inconstitucional porque a CF/88 afirma
que a pessoa somente pode assumir um cargo público após aprovação em concurso público (art. 37. II),
salvo as hipóteses excepcionais previstas no texto constitucional. Desse modo, a ascensão viola o princípio
do concurso público. Veja esta ementa bem elucidativa:
"(...) O STF fixou entendimento no sentido de banir o acesso ou ascensão, que constitui forma
de provimento de cargo em carreira diversa daquela para a qual o servidor ingressou no
serviço público. (...)” STF. 2° T. RE 602795 AgR, Rel. Min. Eros Grau, j. 16/3/10).
A SV 43-STF veda a promoção no serviço público? NÃO. A SV 43-STF não veda a promoção, desde que
seja na mesma carreira. A promoção é a passagem (desenvolvimento funcional) do servidor público de um
cargo para outro melhor, tudo dentro da mesma carreira. Ex.: a Lei prevê que a carreira de Defensor
Público é dividida em 3 classes; a pessoa ingressa como Defensor Público de 3° classe e, após determinado
tempo e cumpridos certos requisitos, poderá ser promovida, por antiguidade e merecimento,
alternadamente, a Defensor Público de 2° classe e depois a Defensor Público de 1° classe. A promoção é
constitucional, não sendo proibida pela SV 43-STF.
Pode-se dizer que a SV 43-STF proíbe todas as formas de provimento vertical? NÃO. Existem duas formas
de provimento: originário e derivado.
1) Provimento originário: ocorre quando o indivíduo passa a ocupar o cargo público sem que existisse
qualquer vínculo anterior com o Estado. Ex.: João prestou concurso público e foi aprovado para o cargo de
técnico judiciário do TRF, sendo nomeado. Trata-se de um provimento originário. Alguns anos depois,
João fez novo concurso público e foi aprovado, desta vez, para analista judiciário do TRF. Ao ser nomeado
para o cargo de analista, houve novo provimento originário, uma vez que seu vínculo não decorreu do
anterior.
2) Provimento derivado: provimento derivado ocorre quando o indivíduo passa a ocupar determinado
cargo público em virtude do fato de ter um vínculo anterior com a Administração Pública. O
preenchimento do cargo decorre de vínculo anterior entre o servidor e o Poder Público. Existem, por sua
vez, três espécies de provimento derivado:
2.1) Provimento derivado vertical: ocorre quando o servidor muda para um cargo melhor. Há dois
exemplos de provimento derivado vertical: a) a ascensão funcional (transposição/acesso) e; b) a
promoção. A ascensão funcional, como vimos, é inconstitucional, sendo proibida pela SV 43-STF. Assim,
atualmente, a única hipótese permitida de provimento derivado vertical é a promoção.
2.2) Provimento derivado horizontal: ocorre quando o servidor muda para outro cargo com atribuições,
responsabilidades e remuneração semelhantes. É o caso da readaptação (art. 24 da Lei n° 8.112/90).
3) Provimento derivado por reingresso: ocorre quando o servidor havia se desligado do serviço público e
retoma em virtude do vínculo anterior. Exs.: reintegração, recondução, aproveitamento e reversão.
Desse modo, concluindo, a SV 43-STF não proíbe todas as formas de provimento derivado. Na verdade,
ela só veda uma espécie de provimento derivado vertical, que é a ascensão funcional.
(MPSP-2019): Em relação ao regime jurídico dos agentes públicos, assinale a alternativa correta: É
inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia
aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual
fora anteriormente investido. BL: SV. 43, STF.
(DPU-2017-CESPE): Jorge, servidor público federal ocupante de cargo de determinada carreira, foi, por
meio administrativo, transferido para cargo de carreira diversa. Com referência a essa situação hipotética,
julgue o item subsequente à luz do entendimento dos tribunais superiores. A forma de provimento do
cargo público na referida situação — transferência para cargo de carreira diversa — foi inconstitucional,
por violar o princípio do concurso público; cabe à administração pública, no exercício do poder de
autotutela, anular o ato ilegal, respeitado o direito ao contraditório e à ampla defesa. BL: SV. 43, STF.
(MPPR-2016): É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem
prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira
na qual anteriormente investido. BL: SV. 43, STF.
SÚMULA VINCULANTE 44
OBS: É válida a realização de exame psicotécnico em concursos públicos? SIM. O STF afirma que é
admitida a realização de exame psicotécnico em concursos públicos, desde que a lei da carreira preveja
expressamente esse teste como um dos requisitos para acesso ao cargo.
Requisitos do exame psicotécnico: Além da previsão em lei, o STJ e o STF exigem outros requisitos à
validade do teste psicotécnico. Cuidado, portanto, porque a redação da SV 44-STF é “incompleta” em
relação ao atual cenário da jurisprudência. Assim, para que seja válido em concursos públicos, o exame
psicotécnico deverá cumprir os seguintes requisitos:
a) o exame precisa estar previsto em lei e no edital;
b) deverão ser adotados critérios objetivos no teste;
c) deverá haver a possibilidade de o candidato prejudicado apresentar recurso contra o resultado.
Nesse sentido: STF. Plenário. AI 758.533-QO-RG, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 13/8/2010; STJ. 2a
Turma. AgRg no REsp 1404261/DF; Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 11/02/2014.
Início do prazo para mandado de segurança contra reprovação em exame psicotécnico: Se um candidato é
eliminado no exame psicotécnico, o termo inicial do prazo decadencial para que ele impetre mandado de
segurança é a data da publicação do resultado do teste e não a data da publicação do edital do certame
(STJ. 2ª Turma.AgRg no AREsp 202.442-RO, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 9/10/2012).
Se o exame psicotécnico for anulado por falta de previsão legal, o que acontece? O candidato reprovado
neste teste deverá ser considerado aprovado.
Se o exame psicotécnico for anulado por ser subjetivo (faltar-lhe objetividade), o que acontece? O
candidato reprovado neste teste deverá ser submetido a novo exame, desta vez adotando-se critérios
objetivos (STJ AgRg no REsp 1437941/DF). Assim, uma vez anulado o exame psicotécnico por falta de
objetividade, o candidato beneficiado com a decisão não pode prosseguir na disputa sem se submeter a
novo exame, não sendo válida a nomeação e a posse efetuadas sob essa hipótese, sob pena de
malferimento aos principias da isonomia e da legalidade (STJ AgRg no AgRg no AREsp 566.853/SP).
SÚMULA VINCULANTE 45
OBS: Importante.
O que é o foro por prerrogativa de função? Trata-se de uma prerrogativa prevista pela Constituição
segundo a qual as pessoas ocupantes de determinados cargos ou funções somente serão processadas e
julgadas criminalmente (não engloba processos cíveis) em foros privativos colegiados (TJ, TRF, STJ, STF).
A Constituição Federal prevê diversos casos de foro por prerrogativa de função. Ex.: os Senadores deverão
ser julgados criminalmente pelo STF (art. 102, I, “b” da CF/88). A CF/88 previu que determinadas
autoridades deveriam ser julgadas pelo Tribunal de Justiça e, como o tema interessa aos Estados, as
Constituições estaduais acabaram repetindo essas regras. Ex: a CF/88 afirma que os Prefeitos devem ser
julgados pelo TJ (art. 29, X, da CF/88). Mesmo sendo desnecessário, todas as Constituições Estaduais
decidiram repetir, em seus textos, essa regra. Assim, você irá encontrar tanto na CF/88 como nas
Constituições Estaduais que a competência para julgar os Prefeitos é do TJ. Vale ressaltar, no entanto,
conforme já vimos acima que as normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por
prerrogativa de função devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que
tenham sido praticados durante o exercício do cargo e em razão dele. Assim, por exemplo, se o crime foi
praticado antes de o indivíduo ser diplomado como Prefeito, não se justifica a competência do TJ, devendo
ele ser julgado pela 1ª instância. Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após a investidura
no mandato, se o delito não apresentar relação direta com as funções exercidas, também não haverá foro
privilegiado. O STF entende, portanto, que “o foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes
cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas” (STF. Plenário. AP 937
QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018).
A Constituição Estadual pode estabelecer que determinadas autoridades deverão ser julgadas pelo
Tribunal de Justiça mesmo isso não estando previsto na CF/88? É possível foro por prerrogativa de função
estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual? Tradicionalmente, o STF afirma que sim.* A
posição tradicional do STF é no sentido de que a CF/88 autoriza que a competência dos Tribunais de
Justiça seja definida na Constituição do Estado (art. 125, § 1º). No entanto, essa liberdade de definição não
é absoluta. Quando a Constituição Estadual for definir quais são as autoridades que serão julgadas pelo
TJ, deverá respeitar o princípio da simetria ou paralelismo com a CF/88. Explicando melhor: as
autoridades estaduais que podem ter foro privativo são aquelas que, se comparadas com as mesmas
autoridades em nível federal, teriam direito de foro por prerrogativa de função na CF/88.
Ex.1: a CE pode prever que o Vice-Governador terá foro por prerrogativa de função no TJ. Isso porque a
autoridade correspondente em nível federal (Vice-Presidente) também possui foro privativo no STF.
Ex.2: a CE pode prever que os Secretários de Estado terão foro por prerrogativa de função no TJ. Isso
porque as autoridades correspondentes em nível federal (Ministros de Estado) também possuem foro
privativo no STF.
Obs.: existem ainda algumas polêmicas envolvendo o tema, mas, para fins de concurso, a resposta mais
adequada é o que foi explicado acima.
* Existe um julgado recente no qual o STF julgou inconstitucional dispositivo da Constituição do Estado
do Maranhão que conferiu foro por prerrogativa de função, no Tribunal de Justiça, para Procuradores do
Estado, Procuradores da ALE, Defensores Públicos e Delegados de Polícia. Na ocasião, o Min. Alexandre
de Moraes afirmou que a CF/88, apenas excepcionalmente, conferiu prerrogativa de foro para as
autoridades federais, estaduais e municipais. Assim, não se pode permitir que os Estados possam,
livremente, criar novas hipóteses de foro por prerrogativa de função. STF. Plenário. ADI 2553/MA, Rel.
Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 15/5/2019 (Info 940).
É preciso, no entanto, aguardar um pouco para saber se o STF irá proibir qualquer previsão de foro por
prerrogativa de função nas Constituições Estaduais.
Quem julgará esse Secretário Estadual pelo homicídio por ele praticado? Temos aqui um impasse: a
CF/88 determina que esse réu seja julgado pelo Tribunal do Júri e a Constituição Estadual preconiza que o
foro competente é o Tribunal de Justiça. Qual dos dois comandos deverá prevalecer? A Constituição
Federal, por ser hierarquicamente superior. Logo, qual é a conclusão: “Se determinada pessoa possui
por foro prerrogativa de função previsto na Constituição Estadual e comete crime doloso contra a vida,
deverá ser julgada pelo Tribunal do Júri, não prevalecendo o foro privativo estabelecido na
Constituição Estadual. Este é o entendimento que consta na SV 45.”
Imaginemos outra seguinte situação hipotética para verificar se você entendeu: “BB” é Vice-Governador
do Estado “XX”. A Constituição do Estado “XX” prevê que os Vice-Governadores serão julgados
criminalmente pelo TJ.
1) Se “BB” pratica um crime contra licitação (art. 89, da Lei nº 8.666/93), ele será julgado pelo Tribunal de
Justiça.
2) Se “BB” pratica crime doloso contra a vida (arts. 121 a 126 do CP), será julgado pelo Tribunal do Júri.
Vale ressaltar que esta diferença entre crimes dolosos contra a vida e demais delitos somente se aplica para
os casos em que o foro por prerrogativa de função for previsto apenas na Constituição Estadual. Se o foro
por prerrogativa de função for previsto na Constituição Federal, a pessoa será julgada no foro privativo,
mesmo que o crime seja doloso contra a vida.
Por quê? Porque o foro por prerrogativa de função dos prefeitos é previsto na própria Constituição
Federal (art. 29, X). Logo, temos a previsão da CF/88 dizendo que as pessoas que cometem crimes dolosos
contra a vida serão julgadas pelo Tribunal do Júri (art. 5º, XXXVIII, d). E temos a previsão, também da
CF/88, dizendo que os Prefeitos serão julgados pelo Tribunal de Justiça (art. 29, X). As duas normas são de
mesma hierarquia (as duas são da CF/88). Qual deve ser aplicada então? A norma mais específica, ou seja,
a norma que prevê o foro por prerrogativa de função (os crimes cometidos por Prefeito serão julgados pelo
Tribunal de Justiça). Vale ressaltar, no entanto, que o Prefeito será julgado pelo TJ se o crime for de
competência da Justiça Estadual. Se for da competência da Justiça Federal, será julgado pelo TRF e se for
da Justiça Eleitoral, pelo TRE. Este é o entendimento sumulado do STF. Confira:
Súmula 702-STF: A competência do Tribunal de Justiça para julgar prefeitos restringe-se aos
crimes de competência da justiça comum estadual; nos demais casos, a competência
originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau.
Crime comum praticado por Prefeito (durante o exercício do cargo e desde que relacionado com as
funções desempenhadas):
a) Crime estadual: a competência será do TJ.
b) Crime federal: a competência será do TRF.
c) Crime eleitoral: a competência será do TRE.
Se o crime não foi praticado durante o exercício do cargo ou não estiver relacionado com as funções
desempenhadas, a competência será do juízo de 1ª instância.
(MPSC-2019): Dispõe a Súmula 721 do STF que a competência constitucional do Tribunal do Júri
prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual.
A Súmula Vinculante 45 do STF resultou da conversão da Súmula n. 721. BL: SV 45, STF.
(PGM-Manaus/AM-2018-CESPE): Julgue o item a seguir com base nas normas constitucionais que versam
sobre as prerrogativas dos vereadores: Os estados podem prever foro por prerrogativa de função aos
vereadores, ressalvada a competência constitucional do tribunal do júri. BL: SV 45, STF.
OBS: Via de regra, somente a CF/88 pode prever casos de foro por prerrogativa de função. Exs.: art. 102, I,
“b” e “c”; art. 105, I, “a”. Porém, excepcionalmente, o art. 125, caput e § 1º, da CF/88 (“Art. 125. Os Estados
organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição. § 1º A competência dos tribunais
será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. “A
competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa
do Tribunal de Justiça.”) autorizam que as Constituições Estaduais prevejam hipóteses de foro por
prerrogativa de função nos Tribunais de Justiça, ou seja, situações nas quais determinadas autoridades
serão julgadas originalmente pelo TJ. Vale ressaltar, no entanto, que a previsão da Constituição Estadual
somente será válida se respeitar o princípio da simetria com a CF/88. Isso significa que a autoridade
estadual que “receber” o foro por prerrogativa na Constituição Estadual deve ser equivalente a uma
autoridade federal que tenha foro por prerrogativa de função na CF/88. Desse modo, a Constituição do
Estado poderá sim prever a prerrogativa de foro no TJ aos vereadores, mas não pode estipular que aqueles
sejam julgados pelo Tribunal do Júri. A competência do Tribunal do Júri é prevista na Constituição
Federal, de forma taxativa.
(MPPR-2016): Assinale a alternativa correta: A competência pela prerrogativa de função prevalece sobre a
competência do Tribunal do Júri, com exceção das hipóteses em que a prerrogativa de função é
estabelecida exclusivamente pela Constituição Estadual. BL: SV 45, STF.
(TJRN-2013-CESPE): Considere que Helvécio, indiciado por homicídio doloso, tenha foro por
prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela constituição estadual. Nesse caso, deve
prevalecer, conforme entendimento do STF, a competência do tribunal do júri para o processamento e o
julgamento da ação penal ajuizada contra Helvécio. BL: SV 45, STF.
(MPRN-2009-CESPE): Caso determinada autoridade do estado do Rio Grande do Norte, detentora de foro
especial por prerrogativa de função no TJRN, cuja previsão encontra-se apenas na respectiva constituição
estadual, cometa crime doloso contra a vida, a competência para processá-la e julgá-la deve ser do tribunal
do júri. BL: SV 45, STF.
SÚMULA VINCULANTE 46
OBS: Crimes de responsabilidade são infrações político-administrativas praticadas por pessoas que
ocupam determinados cargos públicos. Caso o agente seja condenado por crime de responsabilidade, ele
não receberá sanções penais (prisão ou multa), mas sim sanções político-administrativas (perda do cargo e
inabilitação para o exercício de função pública).
Muitas Constituições estaduais tratam sobre o procedimento a ser aplicado quando o Governador do
Estado pratica um crime de responsabilidade. As Cartas estaduais podem dispor sobre isso? NÃO. O STF
entende que o Estado-membro não pode dispor sobre crime de responsabilidade, ainda que seja na
Constituição estadual. Isso porque a competência para legislar sobre crime de responsabilidade é privativa
da União.
Por que é privativa da União? Porque o STF entende que definir o que seja crime de responsabilidade e
prever as regras de processo e julgamento dessas infrações significa legislar sobre Direito Penal e
Processual Penal, matérias que são de competência privativa da União, nos termos do art. 22, I, e art. 85,
parágrafo único, da CF:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico,
espacial e do trabalho;
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem
contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: (...)
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de
processo e julgamento.
Repare que a doutrina conceitua os crimes de responsabilidade como sendo “infrações político-
administrativas”. No entanto, o STF entende que, para fins de competência legislativa, isso é matéria que
se insere no direito penal e processual, de forma que a competência é da União. Daí o Supremo ter editado
a SV 46 destacando essa conclusão.
SÚMULA VINCULANTE 47
SÚMULA VINCULANTE 48
OBS:
A CF/88 prevê que haverá cobrança de ICMS nos casos de mercadoria importada do exterior ou nas
hipóteses de serviço prestado no exterior. Ex: uma empresa que fabrica roupas deverá pagar ICMS se
importou da China uma máquina têxtil para utilizar em sua linha de produção.
Se a pessoa que importou a mercadoria era uma pessoa física não contribuinte habitual do imposto,
haverá incidência de ICMS? SIM.
Se a pessoa que importou a mercadoria era uma pessoa jurídica não comerciante (não contribuinte
habitual do imposto), haverá incidência de ICMS? SIM.
Se a mercadoria foi importada pela empresa sem finalidade comercial (não seria utilizada em sua cadeia
produtiva), mesmo assim haverá incidência de ICMS? SIM. Desde a edição da EC 33/2001, o ICMS incide
sobre toda e qualquer importação. Independentemente de a pessoa ser contribuinte ou não do ICMS,
deverá pagar o ICMS importação.
Cuidado com a Súmula 577 do STF: O STF possui um enunciado antigo (de 15/12/1976), que dizia o
seguinte:
Súmula 577-STF: Na importação de mercadorias do exterior, o fato gerador do imposto de
circulação de mercadorias ocorre no momento de sua entrada no estabelecimento do
importador.
Esta súmula encontra-se SUPERADA porque era baseada na legislação anterior e não mais subsiste, já que
o art. 12, IX, da LC 87/96 afirma que o fato gerador do imposto é o desembaraço aduaneiro, situação que
ocorre ainda na alfândega, ou seja, antes de o bem ou a mercadoria ser levada ao estabelecimento do
importador.
(TJSP-2013-VUNESP): Nos casos de ICMS incidente sobre operação de importação, a partir de quando é
devido o tributo? No momento do desembaraço aduaneiro. BL: SV. 48, STF e art. 12, IX da LC 87/96.
OBS: Vejamos o teor do art. 12, IX da LC 87/96: “Art. 12. Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no
momento: (...) IX – do desembaraço aduaneiro de mercadorias ou bens importados do exterior; (Redação dada pela Lcp
114, de 16.12.2002)”
SÚMULA VINCULANTE 49
OBS: O Município, ao proibir que um estabelecimento comercial se instale em determinada área da cidade
pelo simples fato de já existir outro ali funcionando, impede a livre concorrência entre os empresários.
OBS: "(...). O Órgão reclamado concluiu pela constitucionalidade do artigo 86, § 4º, inciso I, da Lei
Complementar local nº 205/2012, alusiva ao zoneamento, uso e ocupação do solo e o sistema viário do
Município de Dourados/MS. Vejam o texto do dispositivo: (...). As instalações de postos de combustíveis
deverão atender as seguintes disposições: I - Somente poderão ser implantados em terrenos com, pelo
menos, 1.000m (um mil metros) de distância um do outro, verificada por um raio partindo do centro do
lote. Surge relevante a alegação. Ao admitir a validade do preceito, o Tribunal estadual desrespeitou o
verbete vinculante nº 49 da Súmula do Supremo, porquanto limitada, por meio de legislação local, a
instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em certa localidade." (Rcl 24383, Relator
Ministro Marco Aurélio, Decisão Monocrática, j. 29.6.2016, DJe de 1.8.2016).
(MPMG-2019): Assinale a assertiva verdadeira: Ofende o direito à livre concorrência a lei municipal que
possibilita à Administração Pública impedir a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo
em determinada área. BL: SV 49, STF.
(TJRS-2018-VUNESP): A Súmula Vinculante nº 49 afirma que a lei municipal que impede a instalação de
estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área é inconstitucional, porque viola o
princípio da livre concorrência, previsto como princípio expresso da ordem econômica na Constituição
Federal de 1988. BL: SV 49, STF.
##Atenção: Embora caiba aos entes municipais legislar sobre assuntos de interesse local (art. 30, I, CF), a
lei municipal que restrinja sobremodo a concorrência estará transbordando a sua competência, atentando
contra a ordem econômica.
Norma legal que ALTERA o prazo de recolhimento de obrigação tributária NÃO SE SUJEITA ao
PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE. (TRF1-2009) (TRF3-2011) (MPRS-2012) (MPSC-2012) (TJDFT-2016)
(MPPR-2016/2017) (Cartórios/TJMG-2017) (PF-2018) (TJRJ-2016/2019) (TJAC-2019)
(MPRR-2017-CESPE): Lei municipal antecipou a data de recolhimento da taxa de coleta de lixo do dia dez
para o dia sete do mês seguinte ao do fato gerador. Nessa situação, segundo o entendimento do STF, a
referida lei municipal não se sujeitará nem ao princípio da anterioridade anual nem ao da anterioridade
nonagesimal. BL: SV 50, STF.
(TRF4-2016): Segundo entendimento sumulado do STF, norma legal que altera o prazo de recolhimento da
obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. BL: SV 50, STF.
Em outras palavras, quando o Poder Público alterar o prazo de pagamento de um tributo, isso poderá
produzir efeitos imediatos, não sendo necessário respeitar o princípio da anterioridade (nem a anual nem
a nonagesimal).
SÚMULA VINCULANTE 51
O reajuste de 28,86%, concedido aos servidores militares pelas Leis 8622/1993 e 8627/1993, estende-se aos
servidores civis do poder executivo, observadas as eventuais compensações decorrentes dos reajustes
diferenciados concedidos pelos mesmos diplomas legais.
SÚMULA VINCULANTE 52
Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das
entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis seja
aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas. (TJCE-2012) (TJPA-2012) (TJRN-
2013) (TJDFT-2014/2016) (MPPR-2017) (TJRO-2019)
OBS:
Conversão da súmula 724 do STF: A conclusão exposta nesta SV 52 já era prevista, em parte, em uma
súmula “comum” do STF, a súmula 724 do STF (de 24/09/03) e redação parecida. O Plenário do STF tem
convertido em súmulas vinculantes algumas súmulas “comuns” com o objetivo de agilizar os processos e
pacificar os temas. Essa foi uma das escolhidas.
Essa imunidade abrange APENAS o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades
essenciais do partido, entidade ou instituição. Isso está previsto no art. 150, § 4º da CF/88:
Art. 150 (...)
§ 4º - As vedações (leia-se: proibição de cobrar impostos) expressas no inciso VI, alíneas "b" e
"c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as
finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.
Se o partido, entidade ou instituição possui um imóvel onde ali realiza suas atividades, esse bem é imune
(estará livre do pagamento de IPTU)? SIM.
Se o partido, entidade ou instituição possui um imóvel e o aluga a um terceiro, esse bem continua sendo
imune (estará livre do pagamento de IPTU)? SIM. Persiste a imunidade, mas desde que o valor dos
aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas. É o que afirma a
jurisprudência do STF que conferiu uma interpretação teleológica à imunidade afirmando que o fator que
realmente importa é saber se os recursos serão utilizados para as finalidades incentivadas pela
Constituição.
Repare que a SV 52 tem uma redação mais “flexível”, mais elástica que a antiga Súmula 724 porque agora
não se exige mais que o valor dos alugueis seja aplicado nas atividades ESSENCIAIS da entidade,
tendo sido suprimido esse adjetivo. Atualmente, basta que o valor dos alugueis seja investido nas
atividades da entidade.
SV 52-STF pode ser aplicada para a imunidade do art. 150, VI, “d”, da CF/88: Apesar da súmula referir-se
à imunidade do art. 150, VI, “c”, seu enunciado também se aplica à imunidade religiosa prevista no art.
150, VI, “b” (imunidade religiosa: “templos de qualquer culto”). Nesse sentido: STF. 2ª Turma. ARE
694453/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe 09/08/2013.
SÚMULA VINCULANTE 53
A competência da Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituição Federal ALCANÇA a
execução de ofício das CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS relativas ao objeto da condenação
constante das sentenças que proferir e acordos por ela homologados. (TRF5-2009) (TJPA-2012) (AGU-
2015)
SÚMULA VINCULANTE 54
A MEDIDA PROVISÓRIA NÃO APRECIADA pelo Congresso Nacional PODIA, até a Emenda
Constitucional 32/2001, SER REEDITADA dentro do seu prazo de eficácia de trinta dias, MANTIDOS os
efeitos de lei desde a primeira edição. (TJPA-2009) (MPDFT-2009)
Conversão da súmula 651 do STF: A conclusão exposta nesta SV 54 já era prevista em uma súmula
“comum” do STF, a súmula 651 do STF (de 24/09/03). O Plenário do STF tem convertido em súmulas
vinculantes algumas súmulas “comuns” com o objetivo de agilizar os processos e pacificar os temas. Essa
foi uma das escolhidas.
O que é medida provisória? Medida provisória é um ato normativo editado pelo Presidente da República,
em situações de relevância e urgência, e que tem força de lei, ou seja, é como se fosse uma lei ordinária,
com a diferença de que ainda será votada pelo Congresso Nacional, podendo ser aprovada (quando,
então, é convertida em lei) ou rejeitada (situação em que deixará de existir). As regras sobre as medidas
provisórias estão previstas no art. 62 da CF/88.
Como funciona: O Presidente da República, sozinho, edita a MP e, desde o momento em que ela é
publicada no Diário Oficial, já passa a produzir efeitos como se fosse lei. Esta MP é, então, enviada ao
Congresso Nacional. Ali chegando, ela é submetida inicialmente à uma comissão mista de Deputados e
Senadores, que irão examiná-la e sobre ela emitir um parecer (art. 62, § 9º). Depois, a MP será votada
primeiro pelo plenário da Câmara dos Deputados (art. 62, § 8º) e, se for aprovada, seguirá para votação no
plenário do Senado Federal. Caso seja aprovada no plenário das duas Casas, esta MP é convertida em lei.
Vale a pena mencionar que, antes da EC 32/2001, o STF afirmava que a medida provisória poderia ser
reeditada infinitas vezes até que fosse votada. Atualmente, só é admitida uma reedição. Compare:
SÚMULA VINCULANTE 55
(PGESE-2017-CESPE): De acordo com as súmulas vinculantes do STF, será constitucional lei estadual que
disponha sobre o(a) vedação do pagamento de auxílio-alimentação aos servidores estaduais inativos.. BL:
SV 55, STF.
OBS: Importante.
Auxílio-alimentação (vale alimentação): A União e alguns Estados e Municípios possuem leis prevendo a
concessão de auxílio-alimentação ("vale alimentação") a seus servidores públicos. No âmbito do Poder
Executivo federal, por exemplo, esta verba encontra-se disciplinada pela Lei nº 8.460/92:
Art. 22. O Poder Executivo disporá sobre a concessão mensal do auxílio-alimentação por dia
trabalhado, aos servidores públicos federais civis ativos da Administração Pública Federal
direta, autárquica e fundacional.
§ 1º A concessão do auxílio-alimentação será feita em pecúnia e terá caráter indenizatório.
(...)
§ 3º O auxílio-alimentação não será:
a) incorporado ao vencimento, remuneração, provento ou pensão;
O STF concordou com a tese dos aposentados? Mesmo sem previsão legal, os servidores inativos também
possuem direito ao auxílio-alimentação? As leis que preveem o pagamento de auxílio-alimentação apenas
aos servidores ativos violam o princípio da paridade? NÃO. O direito ao auxílio-alimentação (vale-
alimentação) não pode ser estendido aos servidores inativos com base no princípio da paridade. Isso
porque esta verba tem natureza indenizatória e é destinada apenas a cobrir os custos de refeição devida
exclusivamente ao servidor que se encontrar no exercício de suas funções, não se incorporando à
remuneração nem aos proventos de aposentadoria. Mesmo quando vigorava o princípio da paridade,
algumas verbas concedidas aos servidores ativos não precisavam ser estendidas aos aposentados se ficasse
demonstrado que tais quantias eram próprias do serviço e incompatíveis com a inatividade. O exemplo
mais marcante era o direito ao adicional de férias. Ora, o servidor inativo não recebe esta verba porque o
aposentado não tem férias. Outro exemplo seriam as horas extras. Para o STF, o auxílio-alimentação é
mais um exemplo dessas verbas que são próprias da atividade e incompatíveis com a aposentadoria.
Segundo este ponto de vista, o valor pago a título de auxílio-alimentação destina-se a custear as despesas
que o servidor público tem com alimentação no horário do almoço ou lanche pelo fato de ter saído para
trabalhar e, por isso, não estar fazendo suas refeições em casa. Este é o argumento que, em tese, justificaria
ser uma verba exclusiva dos servidores da ativa. Quando foi em 2003, o Tribunal decidiu deixar ainda
mais clara a sua posição e editou a súmula 680, prevendo que "o direito ao auxílio-alimentação não se
estende aos servidores inativos". Agora, este enunciado é alçado à condição de súmula vinculante.
No âmbito do Poder Executivo federal, o valor mensal do auxílio-alimentação é fixado por meio de ato do
Ministro do Planejamento. Considerando que esta quantia possui caráter indenizatório e que há muito
tempo não é reajustada, é possível que o Poder Judiciário aumente este valor em ação proposta por
sindicato dos servidores públicos? NÃO. Não é possível a correção ou majoração de auxílio-alimentação
pelo Poder Judiciário, por configurar indevida ingerência na esfera exclusiva do Poder Executivo.
Aplicação da SV 37. Nesse sentido: STF. 2ª Turma. AgRg no REsp 1556358/RS, Rel. Min. Humberto
Martins, julgado em 19/11/2015.
Obs1: Vale ressaltar que, neste segundo precedente, a Turma não analisou o art. 102, I, da Lei 8.112/90.
Desse modo, o Dizer o Direito acredita que a 1ª corrente seja majoritária, ou seja, é devido o pagamento
de auxílio-alimentação durante as férias do servidor público federal.
Obs2: Se a recusa ao pagamento do auxílio-alimentação durante as férias foi baseada em lei estadual ou
municipal que vede essa possibilidade, então, neste caso, esta decisão irá ser mantida. Isso porque o STJ
entende que não é possível o exame de normas de caráter local em recurso especial, em face da vedação
prevista na Súmula 280 do STF, segundo a qual "por ofensa a direito local não cabe recurso
extraordinário". (EDcl no AgRg no REsp 1360774/RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
04/02/2014).
SÚMULA VINCULANTE 56
Regimes de cumprimento de pena: Pela Lei (CP e Lei 7.210/84), existem três regimes de cumprimento de
pena que seguem às seguintes regras:
FECHADO SEMIABERTO ABERTO
A pena é cumprida na A pena é cumprida em colônia A pena é cumprida na Casa do
Penitenciária. agrícola, industrial ou Albergado ou estabelecimento
Obs.: apesar de, na prática, isso estabelecimento similar (art. 33, adequado (art. 33, § 1º, "c", CP).
ser desvirtuado, a chamada § 1º, "b", CP). A Casa do Albergado deverá estar
Cadeia Pública destina-se apenas localizada em centro urbano,
ao recolhimento de presos separado dos demais
provisórios (art. 102, LEP), estabelecimentos prisionais, e
considerando que as pessoas caracteriza-se pela ausência de
presas provisoriamente devem obstáculos físicos contra a fuga. Isso
ficar separadas das que já tiverem porque o regime aberto baseia-se na
sido definitivamente condenadas autodisciplina e senso de
(art. 300, CPP). responsabilidade.
O condenado fica sujeito a O condenado fica sujeito a Durante o dia, o condenado
trabalho, dentro da própria trabalho, dentro da colônia, trabalha, frequenta cursos ou realiza
Penitenciária, no período diurno, durante o período diurno. outras atividades autorizadas, fora
e a isolamento durante o repouso do estabelecimento e sem vigilância.
noturno. Durante o período noturno e nos
dias de folga, permanece recolhido
na Casa do Albergado.
Na prática, contudo, é muito comum que não existam colônias agrícolas e industriais e casas de albergado,
unidades prisionais previstas na Lei como sendo as adequadas para o cumprimento da pena nos regimes
semiaberto e aberto.
O STF debateu este tema em sede de repercussão geral e firmou três teses a respeito do assunto:
AUSÊNCIA DE VAGAS NA UNIDADE PRISIONAL ADEQUADA E CUMPRIMENTO DA PENA NO
REGIME MAIS GRAVOSO (primeira parte da Súmula)
Imagine agora a seguinte situação: João foi condenado à pena de 5 anos de reclusão, tendo o juiz fixado o
regime semiaberto. Ocorre que, no momento de cumprir a pena, verificou-se que não havia no local
estabelecimento destinado ao regime semiaberto que atendesse todos os requisitos da LEP.
João poderá cumprir a pena no regime fechado enquanto não há vagas no semiaberto? NÃO.
A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional
mais gravoso. STF. Plenário. RE 641320/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes,j. 11/5/2016 (repercussão geral)
(lnfo 825).
No Brasil, adota-se o sistema progressivo. De acordo com o CP e com a LEP, PPL’s deverão ser executadas
(cumpridas) em forma progressiva, com a transferência do apenado de regime mais gravoso para menos
gravoso tão logo ele preencha os requisitos legais.
O STF destacou, no entanto, que este sistema progressivo de cumprimento de penas não está funcionando
na prática. Isso porque há falta de vagas nos regimes semiaberto e aberto.
Desse modo, os presos dos referidos regimes estão sendo mantidos nos mesmos estabelecimentos que os
presos em regime fechado e provisórios. Essa situação viola duas garantias constitucionais da mais alta
relevância:
• a individualização da pena (art. 5º, XLVI) e;
• a legalidade (art. 5º, XXXIX).
A manutenção do condenado em regime mais gravoso do que é devido caracteriza-se como "excesso de
execução", havendo, no caso, violação ao direito do apenado.
Vale ressaltar que não é possível "relativizar" esse direito do condenado com base em argumentos ligados
à manutenção da segurança pública. A proteção à integridade da pessoa e ao seu patrimônio contra
agressões injustas está na raiz da própria ideia de Estado Constitucional. A execução de penas corporais
em nome da segurança pública só se justifica se for feita com observância da estrita legalidade. Permitir
que o Estado execute a pena de forma excessiva é negar não só o princípio da legalidade, mas a própria
dignidade humana dos condenados (art. 1º, III, da CF/88). Por mais grave que seja o crime, a condenação
não retira a humanidade da pessoa condenada. Ainda que privados de liberdade e dos direitos políticos,
os condenados não se tornam simples objetos de direito (art. 5º, XLIX, da CF/88).
O que vêm a ser estabelecimento similar e estabelecimento adequado? A LEP trata do tema nos arts. 91 a
95, mas também não define em que consistem tais estabelecimentos. Na prática, existem pouquíssimas
colônias agrícolas e industriais no país. Dessa forma, alguns Estados mantêm os presos do regime
semiaberto em estabelecimentos similares, ou seja, unidades prisionais diferentes do regime semiaberto,
onde os presos possuem um pouco mais de liberdade. De igual forma, em muitos Estados não existem
casas de albergado e os detentos que estão no regime aberto ficam em unidades diferentes dos demais
presos. Há discussão se essa prática é válida ou não.
O STF decidiu que os magistrados possuem competência para verificar, no caso concreto, se tais
estabelecimentos onde os presos do regime semiaberto e aberto ficam podem ser enquadrados como
"estabelecimento similar" ou "estabelecimento adequado". Assim, os presos do regime semiaberto podem
ficar em outra unidade prisional que não seja colônia agrícola ou industrial, desde que se trate de
estabelecimento similar (adequado às características do semiaberto). De igual forma, os presos do regime
aberto podem cumprir pena em outra unidade prisional que não seja casa de albergado, desde que se trate
de um estabelecimento adequado.
O que fazer em caso de déficit de vagas no estabelecimento adequado? Havendo “déficit” de vagas, deve
ser determinada:
1) a saída antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas;
2) a liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão
domiciliar por falta de vagas;
3) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progrida ao regime
aberto.
STF. Plenário. RE 641320/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/5/2016 (repercussão geral) (Info
825).
Objetivo das medidas acima é o de que surjam novas vagas nos regimes semiaberto e aberto: As vagas nos
regimes semiaberto e aberto são insuficientes. De um modo geral, a falta de vagas decorre do fato de que
já há um sentenciado ocupando o lugar. O STF determinou, como alternativa para resolver o problema,
antecipar a saída de sentenciados que já estão no regime semiaberto ou aberto, abrindo vaga para aquele
que acaba de progredir.
Exemplo de como essas medidas fazem surgir vaga no regime semiaberto: João estava cumprindo pena no
regime fechado e progrediu para o regime semiaberto. Não há vagas na unidade prisional destinada ao
regime semiaberto. João não poderá continuar cumprindo pena no fechado porque haveria excesso de
execução. Nestes casos, o que acontecia normalmente é que João seria colocado em prisão domiciliar. No
entanto, o STF afirmou que essa alternativa (prisão domiciliar) não deve ser a primeira opção para o
caso. Diante disso, o STF entendeu que o juiz das execuções penais deverá antecipar a saída de um detento
que já estava no regime semiaberto, fazendo com que surja a vaga para João. Em nosso exemplo,
Francisco, que estava cumprindo pena no regime semiaberto, só teria direito de ir para o regime aberto em
2018. No entanto, para dar lugar a João, Francisco receberá o benefício da "saída antecipada" e ficará em
liberdade eletronicamente monitorada, ou seja, ficará livre para trabalhar e estudar, recolhendo-se em casa
nos dias de folgas, sendo sempre monitorado com tornozeleira eletrônica. Com isso, surgirá mais uma
vaga no regime semiaberto e esta será ocupada por João.
E se a ausência de vaga for no regime aberto? Ex: Pedro progrediu para o regime aberto, mas não há vagas,
o que fazer? Neste caso, o Juiz deverá conceder a um preso que está no regime aberto a possibilidade de
cumprir o restante da pena não mais no regime aberto (pena privativa de liberdade), mas sim por meio de
pena restritiva de direitos e/ou estudo. Ex: Tiago, que estava no regime aberto, só acabaria de cumprir sua
pena em 2018. No entanto, para dar lugar a Pedro, o Juiz oferece a ele a oportunidade de sair do regime
aberto e cumprir penas restritivas de direito e/ou estudo. Com isso, surgirá nova vaga no aberto. Assim,
se não há estabelecimentos adequados ao regime aberto, a melhor alternativa não é a prisão domiciliar,
mas a substituição da pena privativa de liberdade que resta a cumprir por penas restritivas de direito
e/ou estudo.
Benefícios devem ser concedidos aos detentos que estão mais próximos de progredir ou de acabar a pena:
Os apenados que serão beneficiados com a saída antecipada ou com as penas alternativas deverão ser
escolhidos com base em critérios isonômicos. Tais benefícios deverão ser deferidos aos sentenciados que
satisfaçam os requisitos subjetivos (bom comportamento) e que estejam mais próximos de satisfazer o
requisito objetivo, ou seja, aqueles que estão mais próximos de progredir ou de encerrar a pena.
Para isso, o STF determinou que o CNJ faça um "Cadastro Nacional de Presos", com as informações sobre
a execução penal de cada um deles. Isso permitirá verificar os apenados com expectativa de progredir ou
de encerrar a pena no menor tempo e, em consequência, organizar a fila de saída com observação da
igualdade.
Por que o STF afirma que a prisão domiciliar não pode ser a primeira opção, devendo-se adotar as
medidas acima propostas? Segundo o STF, a prisão domiciliar apresenta vários inconvenientes, que irei
aqui resumir:
1º) Para ter esse benefício, cabe ao condenado providenciar uma casa, na qual vai ser acolhido. Nem
sempre ele tem meios para manter essa residência. Nem sempre tem uma família que o acolha.
2º) O recolhimento domiciliar puro e simples, em tempo integral, gera dificuldades de caráter econômico e
social. O sentenciado passa a necessitar de terceiros para satisfazer todas as suas necessidades – comida,
vestuário, lazer. De certa forma, há uma transferência da punição para a família, que terá que fazer todas
as atividades externas do sentenciado. Surge a necessidade de constante comunicação com os órgãos de
execução da pena, para controlar saídas indispensáveis – atendimento médico, manutenção da casa etc.
3º) Existe uma dificuldade grande de fiscalização se o apenado está realmente cumprindo a restrição
imposta.
4º) A prisão domiciliar pura e simples não garante a ressocialização porque é extremamente difícil para o
apenado conseguir um emprego no qual ele trabalhe apenas em casa.
MEDIDAS QUE O STF DETERMINOU AO CNJ: A fim de tentar minimizar os problemas acima expostos
e conseguir implementar as teses que foram definidas, o STF determinou que o CNJ apresente:
A) em 180 dias, contados da conclusão do julgamento:
• projeto de estruturação do Cadastro Nacional de Presos, com etapas e prazos de implementação,
devendo o banco de dados conter informações suficientes para identificar os mais próximos da
progressão ou extinção da pena;
• relatório sobre a implantação das centrais de monitoração e penas alternativas, acompanhado, se
for o caso, de projeto de medidas ulteriores para desenvolvimento dessas estruturas; e
DECISÃO MANIPULATIVA
Decisão manipulativa (manipuladora): A decisão tomada pelo STF e acima explicada pode ser classificada
como uma "decisão manipulativa".
Gilmar Mendes, citando a doutrina italiana de Riccardo Guastini, afirma que decisão manipulativa é
aquela mediante a qual "o órgão de jurisdição constitucional modifica ou adita normas submetidas a sua
apreciação, a fim de que saiam do juízo constitucional com incidência normativa ou conteúdo distinto do
original, mas concordante com a Constituição" (RE 641320/RS).
Decisão manipulativa, portanto, como o nome indica, é aquela em que o Tribunal Constitucional
manipula o conteúdo do ordenamento jurídico, modificando ou aditando a lei a fim de que ela se torne
compatível com o texto constitucional. Trata-se de instituto que surgiu no direito italiano, sendo,
atualmente, no entanto, adotada em outros Tribunais constitucionais no mundo.
"A sentença aditiva pode ser justificada, por exemplo, em razão da não observância do
princípio da isonomia, notadamente nas situações em que a lei concede certo benefício ou
tratamento a determinadas pessoas, mas exclui outras que se enquadrariam na mesma
situação. Nessas hipóteses, o Tribunal Constitucional declara inconstitucional a norma na
parte em que trata desigualmente os iguais, sem qualquer razoabilidade e/ou nexo de
causalidade. Assim, a decisão se mostra aditiva, já que a Corte, ao decidir, 'cria uma norma
autônoma'', estendendo aos excluídos o benefício. " (LENZA, Pedro. Direito Constitucional
Esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 177).
Ex1: ADPF 54, Min. Marco Aurélio, j. em 12/4/12, na qual o STF julgou inconstitucional a criminalização
dos abortos de fetos anencéfalos atuando de forma criativa ao acrescentar mais uma excludente de
punibilidade – no caso de o feto padecer de anencefalia – ao crime de aborto. Ao decidir o mérito da ação,
assentando a sua procedência e dando interpretação conforme aos arts. 124 a 128 do CP, o STF proferiu
uma típica decisão manipulativa com eficácia aditiva em matéria penal.
Ex2: MI 670, Red. para o acórdão Min. Gilmar Mendes, j. em 25/10/07, na qual o STF determinou a
aplicação aos servidores públicos da Lei 7783/89, que dispõe sobre o exercício do direito de greve na
iniciativa privada, pelo que promoveu extensão aditiva do âmbito de incidência da norma.
OBS: O art. 7º da Lei 11.417/2006 dispõe: “Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado
de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal
Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação”. O art. 103-A, § 3º CF afirma: “Do
ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá
reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a
decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o
caso. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)”.
OBS: Assim, o STF deu provimento parcial ao RE 641320, e fixou a tese nos seguintes termos: a) a falta de
estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais
gravoso; b) os juízes da execução penal poderão avaliar os estabelecimentos destinados aos regimes
semiaberto e aberto, para qualificação como adequados a tais regimes. São aceitáveis estabelecimentos que
não se qualifiquem como “colônia agrícola, industrial” (regime semiaberto) ou “casa de albergado ou
estabelecimento adequado” (regime aberto) (art. 33, parágrafo 1º, alíneas b e c); c) havendo déficit de
vagas, deverá determinar-se: (i) a saída antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas; (ii) a
liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão
domiciliar por falta de vagas; (iii) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao
sentenciado que progride ao regime aberto. Até que sejam estruturadas as medidas alternativas propostas,
poderá ser deferida a prisão domiciliar ao sentenciado.
SÚMULA VINCULANTE 57
A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88 aplica-se à importação e comercialização, no
mercado interno, do livro eletrônico (e-book) e dos suportes exclusivamente utilizados para fixá-los, como
leitores de livros eletrônicos (e-readers), ainda que possuam funcionalidades acessórias.
OBS: Importante.
Imunidade tributária: Imunidade tributária consiste na determinação feita pela CF/1988 de que certas
atividades, rendas, bens ou pessoas não poderão sofrer a incidência de tributos. Trata-se de uma dispensa
constitucional de tributo. A imunidade é uma limitação ao poder de tributar, sendo sempre prevista na
própria CF. As normas de imunidade tributária constantes da Constituição objetivam proteger valores
políticos, morais, culturais e sociais essenciais e não permitem que os entes tributem certas pessoas, bens,
serviços ou situações ligadas a esses valores.
Imunidade do art. 150, VI, “d”, da CF/88: O art. 150, VI, “d”, da CF/88 prevê que os “livros, jornais,
periódicos e o papel destinado a sua impressão” gozam de imunidade tributária quanto aos impostos:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI – instituir impostos sobre:
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
Vamos estudar um pouco mais sobre esta previsão:
Razão de sua existência: Esta imunidade foi prevista pelo legislador constituinte como uma forma de
fomentar a difusão da cultura, do ensino e da liberdade de expressão, evitando que tais manifestações
fossem impedidas ou dificultadas por força do pagamento de impostos.
Histórico desta imunidade: O Min. Dias Toffoli, em rico voto no RE 330817/RJ, aponta as razões históricas
que motivaram a previsão desta imunidade. No período histórico conhecido como Estado Novo (1937 a
1945), o Governo cobrava elevado imposto dos jornais que divulgavam ideias contrárias ao regime
quando estes importavam papeis. Por outro lado, concediam benefícios fiscais aos jornais partidários do
Governo. Era uma forma de censura indireta. A Constituição Federal de 1946, com o intuito de acabar com
este controle estatal da imprensa, conferiu imunidade tributária ao “papel” e, além disso, com o objetivo
de estimular a produção editorial, também estendeu esta imunidade para os livros. A Constituição Federal
de 1967 manteve a imunidade, prevendo que era vedado criar imposto sobre “o livro, os jornais e os
periódicos, assim como o papel destinado à sua impressão” (art. 20, III, d). A Constituição Federal de 1969
(para alguns, apenas uma Emenda Constitucional à CF/67) manteve a imunidade, com pequena alteração
em seu texto.
Imunidade objetiva: As alíneas “a”, “b” e “c” do inciso VI do art. 150 da CF/88 tratam de imunidade
subjetiva. A imunidade desta letra “d” (imunidade cultural) é classificada com objetiva (ou real). Isso
porque recai apenas sobre bens (livros, jornais, periódicos e o papel) e não se refere a impostos pessoais.
“A aplicação da imunidade independe da pessoa que os produza ou que os comercialize; ou seja, não importa se se está
diante de uma editora, uma livraria, uma banca de jornal, um fabricante de papel, um vendedor de livros, do autor ou
de uma gráfica, pois o que importa à imunidade é o objeto e não a pessoa.” (Min. Dias Toffoli).
Exemplos dessa imunidade: Quando o livro sai da gráfica, não paga IPI; quando é vendido pela livraria,
não paga ICMS; quando é importado, não paga Imposto de Importação.
Estão fora da imunidade cultural: Pelo fato da imunidade cultural não ser subjetiva, a gráfica, a livraria e
o importador pagarão IR por conta da renda que obtiverem. Isso porque as pessoas (sujeitos) que
trabalham com livros, jornais, periódicos etc. não gozam de imunidade. De igual forma, não é qualquer
bem que goza da imunidade, mas tão-somente os livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua
impressão. Assim, por exemplo, a imunidade não abrange:
• os carros da editora/jornal (deverão pagar IPVA);
• os imóveis da editora/jornal (deverão pagar IPTU).
Imunidade incondicionada: A norma constitucional que prevê a imunidade cultural é dotada de eficácia
plena e aplicabilidade imediata, não precisando de lei para regulamentá-la. Por essa razão, é classificada
como uma imunidade incondicionada (não depende do preenchimento de nenhuma condição prevista em
lei, bastando ser livro, jornal, periódico ou o papel destinado à sua impressão).
Conceito de livros: O conceito de livro deve ser utilizado em sentido amplo. Assim, incluem-se aqui os
manuais técnicos e as apostilas (STF RE 183.403/SP).
Livros veiculados em formato digital (e-books) estão abrangidos pela imunidade? SIM. A imunidade de
que trata o art. 150, VI, “d” da CF/88 alcança o livro digital (“e-book”). O STF, apreciando o tema sob a
sistemática da repercussão geral, fixou a seguinte tese:
A imunidade tributária constante do art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal (CF), aplica-se ao
livro eletrônico (“e-book”), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo. STF.
Plenário. RE 330817/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 8/3/17 (repercussão geral) (Info 856).
A imunidade do art. 150, VI, “d”, da CF/88 não abrange apenas os livros produzidos pelo “método
gutenberguiano”. Antes de prosseguir na explicação do julgado, é importante esclarecer uma curiosidade:
Johann Gutenberg foi um alemão que, no século XV, teria inventado (ou aperfeiçoado) a máquina de
impressão tipográfica. Antes dele, os livros eram todos manuscritos. Assim, o primeiro livro impresso do
mundo foi feito na máquina desenvolvida por este alemão. Trata-se de uma Bíblia em latim, que ficou
historicamente conhecida como a “Bíblia de Gutemberg”. Desse modo, quando o STF fala em livro
produzido pelo “método gutenberguiano”, o que ele está querendo dizer é livro impresso.
Voltando ao julgado.
O livro pode ser veiculado em diversos tipos de suporte, seja ele tangível (ex: papel) ou intangível (ex:
digital). Aliás, no passado, os livros já foram feitos de diferentes materiais: entrecasca de árvores, folha de
palmeira, bambu reunido com fios de seda, placas de argila, placas de madeira, pergaminho (proveniente
da pele de carneiro) etc. Isso tudo nos leva à conclusão de que o papel é apenas um elemento acidental no
conceito de livro. Quando se fala que algo é um elemento acidental, isso significa que ele pode existir ou
não. Ao contrário, quando se diz que algo é um elemento essencial, obrigatoriamente ele tem que estar
presente. O papel é um elemento acidental (e não essencial) do conceito de livro. Em outras palavras,
existe livro mesmo sem papel. Nas palavras do Min. Dias Toffoli: “o suporte das publicações é apenas o
continente (“corpus mechanicum”) que abrange o conteúdo (“corpus misticum”) das obras e, portanto, não é o
essencial ou o condicionante para o gozo da imunidade.” O fato de os livros eletrônicos permitirem uma maior
capacidade de interação com o leitor/usuário (a partir de uma máquina), em comparação com os livros
contidos nos códices (livros impressos em papel), não é motivo para se negar a eles a imunidade tributária.
O aumento dessa interação é natural e está ligado ao processo evolutivo da cultura escrita trazendo novas
funcionalidades como a busca de palavras, o aumento ou a redução do tamanho da fonte etc. Além disso,
o usuário pode carregar consigo centenas de livros armazenados no leitor digital. Isso tudo facilita a
difusão da cultura.
Os “e-readers”, ou seja, aparelhos eletrônicos utilizados exclusivamente para ler livros digitais também
gozam da imunidade tributária? Ex: um Kindle (Amazon), Lev (Saraiva), Kobo (Livraria Cultura) também
estariam protegidos pela imunidade tributária? SIM. O avanço na cultura escrita fez com que fossem
criadas novas tecnologias para o suporte dos livros, como o papel eletrônico (“e-paper”) e o aparelho
eletrônico para leitura de obras digitais ( “e-reader”). Tais aparelhos tem a função de imitar a leitura em
papel físico. Por essa razão, eles estão igualmente abrangidos pela imunidade cultural, por equipararem-se
aos livros tradicionais. Assim, a partir de uma interpretação teleológica conclui-se que a regra de
imunidade alcança também os aparelhos leitores de livros eletrônicos (“e-readers”) confeccionados
exclusivamente para esse fim. Vale ressaltar que a maioria dos “e-readers” possuem algumas
funcionalidades acessórias ou rudimentares, como a possibilidade de acesso à internet para fazer o
“download” dos livros digitais, dicionários, possibilidade de alteração de tipo e tamanho da fonte,
marcadores, espaçamento, iluminação do texto etc. Essas funcionalidades são acessórias e têm por objetivo
permitir a função principal: a leitura. Por essa razão, mesmo com essas funcionalidades, os “e-readers” são
considerados como um suporte utilizado exclusivamente para fixar o livro eletrônico e, portanto, gozam
de imunidade.
É possível ler livros digitais em “smartphones”, “tablets” e “laptops”. Isso significa que eles também
devem gozar de imunidade tributária? NÃO. O STF afirmou que a imunidade tributária se aplica ao livro
eletrônico e aos “suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo”. Um “smartphone”, um “tablet” ou um
“laptop” não podem ser considerados suportes utilizados exclusivamente para fixar um livro eletrônico.
Ao contrário, tais aparelhos possuem centenas de funcionalidades e a leitura de livros digitais neles é
apenas uma das possibilidades, podendo até mesmo ser considerada secundária. Dessa forma, os tablets
não gozam da imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “d”, da CF/88.
Imagine que o livro digital está contido dentro de um DVD, sendo assim vendido para o público. Esse
DVD gozará de imunidade tributária? SIM. Neste caso, o DVD é apenas um corpo mecânico ou suporte.
Aquilo que está nele fixado (seu conteúdo textual) é o livro. Por essa razão, tanto o suporte (o DVD)
quanto o livro (conteúdo) estão abarcados pela imunidade do art. 150, VI, “d”, da CF/88.
A imunidade tributária alcança também o audiolivro (“áudio book”)? SIM. Para que seja considerado
livro e possa gozar da imunidade não é necessário que o destinatário (consumidor) tenha necessariamente
que passar sua visão pelo texto e decifrar os signos da escrita. Dessa forma, a imunidade alcança o
denominado “audio book” (audiolivro), ou seja, os livros gravados em áudio e que estejam salvos em CD,
DVD ou qualquer outro meio. Essa é a conclusão a que se chega a partir de uma interpretação teleológica
da norma, que tem por objetivo garantir a liberdade de informação, a democratização e a difusão da
cultura, bem como a livre formação da opinião pública. Vale relembrar que os audiolivros cumprem
importante função social por permitirem levar cultura e informação aos cegos e também aos analfabetos.
Havia um argumento no sentido de que durante os debates da constituinte de 1988 foi aventada a
possibilidade de se incluir os livros digitais na imunidade e que isso teria sido expressamente rejeitado, o
que revelaria a intenção do legislador de restringir o benefício ao livro físico. Essa alegação é pertinente?
NÃO. Segundo defendeu o Min. Dias Toffoli, o argumento de que a vontade do legislador histórico foi
restringir a imunidade ao livro editado em papel não se sustenta em face da própria interpretação
histórica e teleológica do instituto. Ainda que se partisse da premissa de que o objetivo do legislador
constituinte de 1988 tivesse sido restringir a imunidade, seria de se invocar, ainda, a interpretação
evolutiva, método interpretativo específico das normas constitucionais. Os fundamentos racionais que
levaram à edição do art. 150, VI, “d”, da CF/88 continuam a existir mesmo quando levados em
consideração os livros eletrônicos, inequívocas manifestações do avanço tecnológico que a cultura escrita
tem experimentado. Utilizando-se de uma interpretação evolutiva da norma, chega-se à conclusão de que
os livros eletrônicos estão sim inseridos no âmbito dessa imunidade tributária.
Componentes eletrônicos que compõem o material didático. Imagine a seguinte situação: determinada
editora comercializa fascículos (uma espécie de apostila) nas quais ensina como montar computadores. O
consumidor que compra esses fascículos recebe também, dentro deles, pequenos componentes eletrônicos
para que ele possa aplicar, na prática, aquilo que está lendo na apostila. Quando a editora vai adquirir
esses componentes eletrônicos para colocar nos fascículos, tais bens serão também imunes? SIM. A parte
impressa (fascículos) e o material demonstrativo (componentes eletrônicos) formam um conjunto com o
qual se ensina como montar as placas de computadores. O Min. Marco Aurélio afirmou que o dispositivo
constitucional que garante imunidade tributária a livros, jornais, periódicos e ao papel destinado a sua
impressão deve ser interpretado de forma ampliada para abranger peças e componentes a serem
utilizados como material didático que acompanhe publicações. O art. 150, inciso VI, “d”, da CF/88 deve
ser lido de acordo com os avanços tecnológicos ocorridos desde sua promulgação, em 1988. Desde então,
ocorreram diversos avanços no campo da informática. O Direito, a Constituição e o STF não podem ficar
avessos às transformações, sob pena de se tornarem obsoletos. Afirmou ainda que, na medida do possível,
o Supremo deve ser intérprete contemporâneo das normas. Para o Ministro, o “constituinte originário não
poderia antever tamanho avanço tecnológico”. No caso concreto, essas pequenas peças nada representam
sem o curso teórico, ou seja, as ditas “pecinhas” nada mais são do que partes integrantes dos fascículos,
estando, portanto, esse conjunto abarcado pela referida imunidade tributária. O STF apreciou o caso sob a
sistemática da repercussão geral e fixou a seguinte tese:
A imunidade da alínea “d” do inciso VI do art. 150 da CF/88 alcança componentes eletrônicos
destinados, exclusivamente, a integrar unidade didática com fascículos. STF. Plenário. RE
595676/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 8/3/17 (repercussão geral) (Info 856).
Jornais: Os jornais gozam de imunidade, mesmo que contenham publicidade em seu corpo (anúncios,
classificados etc.), considerando que isso constitui fonte de renda necessária para continuar a difusão da
cultura (Ricardo Alexandre). Contudo, algumas vezes, junto com o jornal vêm alguns folhetos separados
contendo publicidade de supermercados, lojas etc. Tais encartes publicitários não são parte integrante
(indissociável) do jornal e não se destinam à difusão da cultura (possuem finalidade apenas comercial),
razão pela qual NÃO gozam de imunidade (RE 213.094/ES).
Papel: O papel utilizado para a impressão de livros, jornais e periódicos também é imune. Não importa o
tipo e a qualidade do papel. Basta que ele seja utilizado para a produção de livros, jornais e periódicos.
Chapas de impressão: NÃO são imunes: A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, "d," da CF/88
deve ser interpretada finalisticamente à promoção da cultura e restritivamente no tocante ao objeto, na
medida em que alcança somente os insumos assimiláveis ao papel. STF. 1ª Turma. ARE 930133 AgR-ED,
Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/09/2016.
Listas telefônicas: são imunes: A edição de listas telefônicas goza de imunidade tributária prevista no art.
150, VI, "d", da CF/88. A imunidade tributária prevista em prol de livros, jornais, periódicos e o papel
destinado a sua impressão, ostenta caráter objetivo e amplo, alcançando publicações veiculadoras de
informações genéricas ou específicas, ainda que desprovidas de caráter noticioso, discursivo, literário,
poético ou filosófico. STF. 1ª T. RE 794285 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, j. 24/5/16.
Papel para propaganda: não é imune: Os veículos de comunicação de natureza propagandística de índole
eminentemente comercial e o papel utilizado na confecção da propaganda não estão abrangidos pela
imunidade definida no art. 150, VI, "d", da CF/88, uma vez que não atendem aos conceitos constitucionais
de livro, jornal ou periódico contidos nessa norma. STF. 2ª Turma. ARE 807093 ED/MG, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 05/08/2014.
Serviços de distribuição de livros, jornais e periódicos: NÃO são imunes: A jurisprudência do STF é firme
no sentido de que a distribuição de periódicos, revistas, publicações, jornais e livros não está abrangida
pela imunidade tributária da alínea “d” do inciso VI do art. 150 da CF/88. STF. 2ª Turma. RE 630462 AgR,
Rel. Min. Ayres Britto, julgado em 07/02/2012.
Serviços de composição gráfica: NÃO são imunes: Segundo o STF, as prestadoras de serviços de
composição gráfica, que realizam serviços por encomenda de empresas jornalísticas ou editoras de livros
não estão abrangidas pela imunidade tributária prevista no art. 150, VI, d, da CF. As empresas que fazem
composição gráfica para editoras, jornais etc. são meras prestadoras de serviço e, por isso, a elas não se
aplica a imunidade tributária. STF. 2ª Turma. RE 434826 AgR/MG, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o
acórdão Min. Celso de Mello, julgado em 19/11/2013 (Info 729).
SÚMULA VINCULANTE 58
Inexiste direito a crédito presumido de IPI relativamente à entrada de insumos isentos, sujeitos à alíquota
zero ou não tributáveis, o que não contraria o princípio da não cumulatividade.