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JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Rio de Janeiro
28ª Vara Federal do Rio de Janeiro
AV RIO BRANCO, 243, ANEXO II - 13º ANDAR - Bairro: CENTRO - CEP: 20040-009 - Fone: (21)3218-8284 -
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DESPACHO/DECISÃO
É o relatório. Decido.
DOS FATOS
O autor deixa claro que não tem intenção em ser aposentado sem
integralidade nem paridade, pois isso ele já alcançou perante a Administração.
DO DIREITO
II - que exerçam atividades de risco; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
III cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física”.
A partir de 2003, sob forte crítica doutrinária, e diante da inércia dos poderes
públicos de promoverem a integração da Constituição, o STF, a partir do julgamento do MI
283, da Relatoria do Ministro Sepúlveda Pertence, fixou prazo para purgação da mora
legislativa. Se não fosse regulado naquele prazo, a questão seria resolvida em perdas e danos.
Observe-se que a SV 33/STF se restringe ao inciso III do artigo 4º, parágrafo 5º,
da CF/88, mas não ao inciso II do mesmo dispositivo. Em outras palavras, aquele verbete só
vincula as decisões do Poder Judiciário, e do Poder Executivo, nas situações em que o
servidor público é submetido a situações especiais de trabalho insalubres, como no caso
concreto.
Embora não haja lei em sentido estrito regulando a matéria, esta anomia
normativa infralegal não é óbice ao exercício do direito do autor, uma vez que é perfeitamente
possível adotar-se a legislação previdenciária do regime comum e, no limite, e a
própria Orientação Normativa nº 16, do MPOG, baixada para regular a SV 33. Para tanto,
entretanto, necessário se faz um breve resgate da legislação previdenciária na parte que nos
interessa.
“Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta
lei, ao segurado que tiver trabalhado durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco)
anos, conforme atividade profissional, sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde
ou a integridade física.
“Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta
Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais, que prejudiquem a saúde
ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme
dispuser a lei.
§ 4º O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos
químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade
física, pelo período equivalente ao exigido para a concessão do benefício.
§ 5º O tempo de trabalho exercido sob condições especiais que sejam ou venham a ser
consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva
conversão ao tempo de trabalho exercido em atividade comum, segundo critérios estabelecidos
pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, para efeito de concessão de qualquer
benefício.”
Com a Lei nº 9.528/97, secundada pela Lei 9.732/98, que alteraram o art. 58 da
Lei 8.213/97, delegou-se ao Poder Executivo dispor sobre a relação dos agentes nocivos à
saúde, considerados para fins de concessão da aposentadoria especial. Dispôs, ainda, acerca
“Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de
agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física considerados para fins de concessão da
aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definida pelo Poder Executivo.
O Decreto 3.048/99 elencou, em seu Anexo IV, a relação dos agentes nocivos
químicos, físicos e biológicos, ou associação destes, agressivos à integralidade física do
trabalhador, para o fim de concessão de aposentadoria especial (artigo 68). Também previu,
com redação dada pelo Decreto 8.123/13, que a empresa deveria comprovar a efetiva
exposição do segurado aos agentes nocivos mediante formulário (DSS 8030 ou SB-40), a ser
elaborado com base em laudo técnico de condições ambientais, expedido por médico do
trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho (artigo 68 parágrafo 3º do Decreto
3.048/99).
Art. 258. Para caracterizar o exercício de atividade sujeita a condições especiais o segurado
empregado ou trabalhador avulso deverá apresentar, original ou cópia autenticada da
Carteira Profissional - CP ou da Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS,
observado o art. 246, acompanhada dos seguintes documentos:
II - para períodos laborados entre 29 de abril de 1995, data da publicação da Lei nº 9.032, de
1995, a 13 de outubro de 1996, véspera da publicação da MP nº 1.523, de 11 de outubro de
1996:
"De acordo com os resultados das avaliações dos agentes ambientais, na área de trabalho do
Grupo Homogênico de risco a que pertence o Agente de Serviços de Engenharia (Operador de
Máquinas), atestamos que o mesmo é exposto de modo habitual e permanente, não ocasional
nem intermitente aos agentes ambientais Ruído e Calor acima dos limites de tolerância
previstos na NR15. Face o exposto, a atividade laboral do servidor em questão é considerada
insalubre de grau médio conforme a NR15 (Referências Técnicas) e ao Art. 12 da Lei 8.270/91
(Aspecto Legal)." (evento 1, anexo8).
Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei,
ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme
dispuser a lei.
Também não há que se falar em idade mínima, pois ela é incompatível com a
própria ideia de aposentadoria especial. Ora, seu eu concedo a aposentadoria especial com
menos tempo de contribuição, e ao mesmo tempo obrigo o servidor a permanecer no serviço
público (insalubre ou perigoso) até atingir determinada idade mínima, seria como eu desse
com uma mão e tomasse com outra.
Esta situação ficou bem clara no voto do Ministro Luiz Fux durante sua
explanação na sessão de aprovação do texto da Súmula Vinculante nº 33. Sua excelência
explicou que a exigência do tempo de serviço e da idade “são incompatíveis com a
aposentadoria especial, porque a pessoa que tem direito de se aposentar pela aposentadoria
especial muito provavelmente terá menos de 60 anos, se homem, e menos de 55 anos, se
mulher, e terá contribuído por menos de 35 anos, se homem, e menos de 30 anos, se mulher
(...) O objetivo realmente da aposentadoria especial é reduzir a idade e o tempo de
contribuição”.
Art. 3º Ressalvado o direito de opção à aposentadoria pelas normas estabelecidas pelo art. 40
da Constituição Federal ou pelas regras estabelecidas pelos arts. 2º e 6º da Emenda
Constitucional nº 41, de 2003, o servidor da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, que tenha ingressado no serviço público
até 16 de dezembro de 1998 poderá aposentar-se com proventos integrais, desde que
preencha, cumulativamente, as seguintes condições:
II vinte e cinco anos de efetivo exercício no serviço público, quinze anos de carreira e cinco
anos no cargo em que se der a aposentadoria;
Parágrafo único. Aplica-se ao valor dos proventos de aposentadorias concedidas com base
neste artigo o disposto no art. 7º da Emenda Constitucional nº 41, de 2003, observando-se
igual critério de revisão às pensões derivadas dos proventos de servidores falecidos que
tenham se aposentado em conformidade com este artigo.
Tema 942 - Possibilidade de aplicação das regras do regime geral de previdência social para
a averbação do tempo de serviço prestado em atividades exercidas sob condições especiais,
nocivas à saúde ou à integridade física de servidor público, com conversão do tempo especial
em comum, mediante contagem diferenciada.
Há Repercussão?
Sim
Intime-se a União (AGU) para ciência do feito, facultado seu ingresso na lide,
na forma do art. 7º, II, da Lei nº 12.016/2009.
Ouça-se o MPF.
Documento eletrônico assinado por ROGÉRIO TOBIAS DE CARVALHO, Juiz Federal na Titularidade Plena, na
forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 2ª Região nº 17, de 26 de
março de 2018. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
https://eproc.jfrj.jus.br, mediante o preenchimento do código verificador 510002372644v39 e do código CRC 1c68febc.