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ADVOCACIA

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ FEDERAL DA ___ VARA FEDERAL DA COMARCA DE


________________________

APOSENTADORIA POR IDADE RURAL CESSADA

______________________, brasileiro, profissão, aposentado, portador do RG nº 7010945, e CPF


nº________________, residente e domiciliada na ____________- nº ______, entre vem perante Vossa
Excelência, com fundamento na Constituição Federal em seu Art.5º, XXXVI, LXIX e a luz da Lei
12.016/09, por meio de seu advogado que esta subscreve impetrar o presente:

MANDADO DE SEGURANÇA C.C PEDIDO LIMINAR,

em face do ato coator do Sr.(a) GERENTE EXECUTIVO DA AGÊNCIA DO INSS


DE______________________, Autarquia do Poder Público Federal, situada na
Rua_______________________________, pelos seguintes fundamentos fáticos e jurídicos que passa a
expor:

I. SÍNTESE FÁTICA

A parte Impetrante requereu, junto à Autarquia Previdenciária em


_______________(Data de Entrada do Requerimento), a concessão da sua Aposentadoria por Idade
Rural, na qual foi deferida, sendo aposentada por Idade conforme DOC. ANEXO.

Vale informar, a Impetrante, quando da concessão do beneficio, entregou todos os


documentos exigidos pela Autarquia ré. Logo, o benefício restou concedido, com DIB
n.xxxxxxxxxxxx, em ________

Ocorre que, em ________________ a autarquia envio correspondência ao impetrante


notificando-o da cessação do benefício que vinha recebendo, sob o fundamento que este, no momento

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da concessão da aposentadoria, possui registro e atividades urbanas. Ainda, exigiu a devolução do


valor de R$ __________________ em razão do valor recebido de modo “indevido”.

Desse modo, o impetrante buscou a via administrativa para defender-se das


alegações em especial porque já recebia a aposentadoria por idade rural há 16 anos. Contudo, a
autarquia ré até o momento não se manifestou sobre sua defesa e o impetrante corre grave risco de ter
seu benefício cessado em definitivo.

Assim, pretende o impetrante informar que possui direito líquido e certo a


manutenção de sua aposentadoria, conforme fundamentos que seguem e que se faz desnecessário
qualquer dilação probatória.

II – Dos Fundamentos Jurídicos:

1 – Aplicação do prazo decadencial e prescricional

Como forma de corrigir as desigualdades e diminuir a exploração dos


desfavorecidos, o Estado deve respeitar os indivíduos, mas assumir a tutela dos hipossuficientes,
dando-lhes prestações positivas, na busca de eliminar os gaps mínimos das diferenças socioeconômicas
.

A segurança jurídica assume um papel de continuidade da ordem jurídica quando já


implementados determinados mecanismos de concretização dos direitos fundamentais, atribuindo ao
cidadão a possibilidade de confiar na eficácia e, acima de tudo, na efetividade dos direitos que lhes são
assegurados pela ordem jurídica.

Neste contexto alguns mecanismos fucionam como pilares da segurança juridica,


entre este estão a decadência e o prazo prescricional.

Nesse contexto, vale lembrar que a administração pode anular seus próprios atos
quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los,
por motivo de conveniência ou oportunidade (Súmula 473 do STF), respeitados os direitos adquiridos
e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

Ainda, retrata o art. 54, da lei 9784/99 que a Administração Pública Federal, salvo
comprovada má-fé, nas hipóteses em que o ato administrativo ilegal gere efeitos patrimoniais aos
administrados, há prazo decadencial para que seja procedida a sua anulação de ofício, que é de 5 anos,
a contar da percepção do primeiro pagamento.

Note Excelência, como já retratado, no caso dos autos o impetrante é aposentado há


mais de 10 anos.

Ainda, é importante ressaltar que o prazo decadencial para o exercício da


Autotutela pela Previdência Social, é decenal, sendo esculpida no Art. 103-A, da Lei 8.213/91,
inserindo pela Lei 10.839/04, fruto da conversão da MP 138/03:

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“Art. 103A. O direito da Previdência Social de anular os atos


administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os seus
beneficiários decai em dez anos, contados da data em que foram
praticados, salvo comprovada máfé.

§ 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo

decadencial contarseá da percepção do primeiro pagamento.” (grifo nosso)

Logo Excelência, a Autarquia ré, após conceder o benefício à Impetrante, passado


mais de 10 anos (prazo inicial a partir do recebimento do primeiro pagamento) da sua concessão
praticou ato ilegal e arbitrário, por meio da autoridade coatora.

Em face da Súmula 473 do STF, a Administração pode anular seus próprios atos,
quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los,
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos
os casos, a apreciação judicial.

Diante do corolário da segurança jurídica, esse poder de autotutela do Estado


encontra-se limitado por prazos decadenciais previstos na legislação ordinária.

Essa hipótese acontece rotineiramente, uma vez que o INSS – Instituto Nacional do
Seguro Social gere e administra milhares de benefícios previdenciários em todo o pais, fazendo com
que as apurações de irregularidades sejam constantes e necessárias.

A Lei do Processo Administrativo (Lei 9.784/99) estabeleceu, em seu artigo 54,


que“o direito da Administração de anular os atos administrativos que decorram efeitos favoráveis para
os destinatários, decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada
má-fé.” (Brasil, 1999).

Porém, antes de decorridos 5 anos da citada lei, a matéria passou a ser tratada no
âmbito previdenciário pela MP 138, de 19.11.2003, convertida na Lei 10.839⁄2004, que acrescentou o
art. 103-A à Lei 8.213⁄91 (LBPS) e fixou em 10 anos o prazo decadencial para o INSS rever os seus
atos de que decorram efeitos favoráveis a seus beneficiários.

O referido art. 103-A da Lei 8.213/91 encontra-se assim redigido:

Art. 103-A - O direito da Previdência Social de anular os atos administrativos de


que decorram efeitos favoráveis para os seus beneficiários decai em dez anos, contados da data em que
foram praticados, salvo comprovada má-fé.§ 1o. - No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo
decadencial contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.

(...).

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Tal lapso, por se tratar de legislação inovadora na seara administrativa, uma vez
que antes da edição da Lei 9.784/99 a Administração podia rever seus atos a qualquer tempo (art. 114
da Lei 8.112/90), nos termos do entendimento consolidado do Colendo Superior Tribunal de Justiça,
somente pode ser aplicado a partir da edição da referida lei, em janeiro de 1999. Neste sentido, foi o
Recurso especial provido. (RESP 1282073/RN,DJe 02/02/2012)

Alguns doutrinadores ensinam que o momento inicial do prazo da prescrição é


determinado pelo nascimento da pretensão (actio nata), enquanto que o momento inicial do prazo da
decadência seria determinado pelo nascimento do direito, uma vez que esta é conceituada como prazo
fatal para exercício de um direito.

Isso não quer dizer que, inexistente prazo decadencial na data do nascimento do
direito, sua possibilidade de exercício seja perpétua. Não, pois à "semelhança dos fatos jurídicos
complexos ou de formação continuada, a prescrição e a decadência subordinam-se à lei em vigor na
data do termo prescricional ou preclusivo." (BATALHA, Direito intertemporal, p. 241).

Assim, não há dúvidas de que a lei pode perfeitamente fixar prazo decadencial após
o nascimento do direito, com efeito imediato sobre as situações em curso. Porém, não deve, em
princípio, haver incidência retroativa, o que se evita computando o prazo, para direitos já existentes, a
partir da data de vigência da lei.

Não há que se falar em efeito retroativo na aplicação da lei a fatos ocorridos após a
sua entrada em vigor. Se o prazo decadencial for contado a partir da data em que a lei entrou em vigor,
e se for inteiramente consumado sob a vigência desta não há aplicação retroativa.

Dessa maneira, conforme exposto, entendemos que a incidência da decadência


sobre as relações jurídicas em curso não acarreta ofensa ao princípio do ato jurídico perfeito.

O INSS tem o poder-dever de anular os seus atos administrativos que tenham


surtido efeitos favoráveis aos seus segurados ou dependentes, quando tais atos estejam eivados de
vícios que, consequentemente, os tornem ilegais

Nesses termos, a Autarquia terá o prazo decadencial de 10 anos, a partir do


primeiro pagamento, para anular atos administrativos ilegais com efeitos continuados com
eficácia favorável aos administrados, salvo comprovada má-fé dos benefícios.

Por fim, a Autarquia quando cessou o benefício do impetrante, passado mais de 10


anos, praticou ato ilegal, por meio de sua autoridade coatora – tornando-se o pedido desta segurança
comprovado de plano.

2- DIREITO A APOSENTADORIA HÍBRIDA

Por outro lado, ainda que fosse outro o entendimento de Vossa Excelência, o
impetrante faz jus a aposentadoria híbrida – instituto já consagrado pelo Superior Tribunal de Justiça –
que permite a soma do tempo laborado em atividades rurais e urbanas.

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Sobre o direito à aposentadoria por idade híbrida, a notícia publicada no dia


14/02/2014 no site do Conselho da Justiça Federal tinha como título "Aposentadoria híbrida é privativa
do trabalhador rural". Fazia-se referência, então, à decisão da TNU proferida por ocasião do
julgamento do Processo 5001411-58.2012.4.04.7102 (j. 14/02/2014, Rel. Juíza Federal Ana Beatriz
Palumbo). Segundo aquela orientação da TNU (fevereiro de 2014), para fazer jus à aposentadoria
por idade híbrida, o trabalhador deveria estar vinculado ao campo quando do implemento do requisito
etário.

Uniformizado o tema, a tendência é a do alinhamento das instâncias ordinárias.

Vale lembrar que a Turma Nacional de Uniformização reviu seu posicionamento,


para decidir que não é requisito da aposentadoria por idade híbrida que o trabalhador esteja vinculado à
atividade rural ao tempo em que completa a idade. A notícia publicada no dia 21/11/2014 traz como
título "É permitida a concessão de aposentadoria híbrida por idade mediante a mescla de períodos
trabalhados em atividade rural e urbana". A referência, agora, é à decisão proferida quando do
julgamento do Pedilef 5000957-33.2012.4.04.7214 (j. 12/11/2014, Rel. Juiz Federal Bruno Carrá).

Nesse sentido, em breve análise do processo administrativo juntado aos autos, bem
como do CNIS é possível notar que o impetrante laborou __________ anos em atividades rurais e
apenas os últimos ______ anos em atividades urbanas – fazendo jus a aposentadoria híbrida.

3 - DO PEDIDO LIMINAR

É premente a necessidade Tutela Liminar, para que seja Restabelecido o Benefício


_____________da parte Autora, porquanto é inequívoca a prova e verdade das alegações, senão
vejamos:

Os documento anexos comprovam as alegações do impetrante de plano (fumus boni


iuris) no que tange ao fato de ter tempo de contribuição e idade para aposentadoria por idade rural ao
tempo da concessão.

Por outro lado, eventual discussão sobre a qualidade de segurado em atividades


rurais já teria se esgotado em face da análise do prazo decadencial e prescricional.

E ainda que fosse esta alegação trazida ao mérito, o impetrante fazia jus a
aposentadoria híbrida ao tempo a concessão – como também já explanado.

Por fim, prova-se de plano o periculum in mora para proferir a decisão, pois o
impetrante já teve seu benefício cessado, este de estrito caráter alimentar, sendo desnecessário mais
delongas quanto a este fato.

Assim, pugna o impetrante pela imediata decisão liminar de concessão da segurança


pleiteada, para restabelecer o benefício de aposentadoria por idade rural nos termos alegados,
comprovados pela farta prova documental e requeridos ao final.

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4 - DOS PEDIDOS

Conforme todo exposto o impetrante requer:

a) A notificação da Autoridade Coatora para que, no prazo de 10 dias, preste as


informações entender necessárias;
b) A notificação da Autarquia ré, por meio de seu Representante Legal, para que,
querendo, conteste;
c) A Concessão do Pedido Liminar, para restabelecer (sem ouvir a outra parte) a
aposentadoria por idade rural, nos termos das alegações e da farta prova documental. Ou
subsidiariamente, a concessão da aposentadoria híbrida nos termos da fundamentação;
d) A intimação do representante do Ministério Público;
e) No Mérito, pugna pela toal procedecia da ação, com objetivo de anular a decisão
ilegal administativa da Autarquia ré e respectiva Autoridade Coatora;
f) A juntada da dos documentos em anexo;

Atribui-se à causa o valor de R$2.000,00 (dois mil reais)

P. deferimento.

Advogado,
OAB
Local, data.

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