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JURISPRUDÊNCIA AVANÇADA

DIREITO ADMINISTRATIVO

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CONTROLE DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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Registro de aposentadoria
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem
como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias
posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório;
Registro de aposentadoria
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem
como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias
posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório;
Registro de atos de pessoal
Súmula Vinculante 3 – Nos processos perante o TCU asseguram-se o
contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar
anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o
interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

 Ato complexo
 Não concede contraditório
Registro de atos de pessoal
Registro de atos de pessoal
Os Tribunais de Contas estão sujeitos ao prazo de cinco anos para o
julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do processo
à respectiva Corte de Contas, em atenção aos princípios da segurança
jurídica e da confiança legítima.
 Prazo de cinco anos para efetuar o registro
 Analogia + princípio da isonomia: Decreto 20.910/1932
Execução de decisão de TC
Prescrição?

TEMA 899: “É prescritível a pretensão de ressarcimento ao erário


fundada em decisão de Tribunal de Contas” (RE 636.886)
Execução das decisões
1. A regra de prescritibilidade no Direito brasileiro é exigência dos princípios da segurança jurídica e do
devido processo legal, o qual, em seu sentido material, deve garantir efetiva e real proteção contra o
exercício do arbítrio, com a imposição de restrições substanciais ao poder do Estado em relação à liberdade
e à propriedade individuais, entre as quais a impossibilidade de permanência infinita do poder persecutório
do Estado.
2. Analisando detalhadamente o tema da “prescritibilidade de ações de ressarcimento”, este SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL concluiu que, somente são imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas
na prática de ato de improbidade administrativa doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa –
Lei 8.429/1992 (TEMA 897). Em relação a todos os demais atos ilícitos, inclusive àqueles atentatórios à
probidade da administração não dolosos e aos anteriores à edição da Lei 8.429/1992, aplica-se o TEMA 666,
sendo prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública.
3. A excepcionalidade reconhecida pela maioria do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL no TEMA 897, portanto,
não se encontra presente no caso em análise, uma vez que, no processo de tomada de contas, o TCU não
julga pessoas, não perquirindo a existência de dolo decorrente de ato de improbidade administrativa, mas,
especificamente, realiza o julgamento técnico das contas à partir da reunião dos elementos objeto da
fiscalização e apurada a ocorrência de irregularidade de que resulte dano ao erário, proferindo o acórdão
em que se imputa o débito ao responsável, para fins de se obter o respectivo ressarcimento.
Execução das decisões
4. A pretensão de ressarcimento ao erário em face de agentes públicos reconhecida em acórdão de Tribunal
de Contas prescreve na forma da Lei 6.830/1980 (Lei de Execução Fiscal).
5. Recurso Extraordinário DESPROVIDO, mantendo-se a extinção do processo pelo reconhecimento da
prescrição. Fixação da seguinte tese para o TEMA 899: “É prescritível a pretensão de ressarcimento ao
erário fundada em decisão de Tribunal de Contas” (RE 636.886)
TC e MP podem executar a decisão?
A questão constitucional discutida nos autos é a possibilidade de execução das decisões
de condenação patrimonial proferidas pelos tribunais de contas por iniciativa do
Ministério Público, atuante ou não junto às cortes de contas, seja federal, seja estadual.
(...) a jurisprudência pacificada do STF firmou-se no sentido de que a referida ação de
execução pode ser proposta tão somente pelo ente público beneficiário da
condenação imposta pelos tribunais de contas. (...) Por conseguinte, é ausente a
legitimidade ativa do Parquet. Na espécie, não se comporta interpretação ampliativa do
art. 129, III, do texto constitucional, de modo a enquadrar a situação em tela na
hipótese de proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros
interesses difusos e coletivos. Vale ressaltar que dita orientação jurisprudencial
encontra sua gênese no assentado pelo Tribunal Pleno no RE 223.037, rel. min. Maurício
Corrêa, DJ de 2-8-2002.
[ARE 823.347 RG, voto do rel. min. Gilmar Mendes, j. 2-10-2014, P, DJE de 28-10-2014,
Tema 768.]
Multa proporcional ao dano
O Município prejudicado é o legitimado para a execução de crédito
decorrente de multa aplicada por Tribunal de Contas estadual a
agente público municipal, em razão de danos causados ao erário
municipal.
RE 1.003.433 (Tema 642), julgamento em 15/9/2021.
Execução das decisões
1. Um dos mais basilares princípios jurídicos é o de que o acessório segue a sorte do principal. Aplicado
desde o direito romano ( accessio cedit principali ), está positivado no direito brasileiro há mais de um
século (Código Civil/1916, art. 59: Salvo disposição especial em contrário, a coisa acessória segue a
principal; Código Civil/2002, art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente;
acessório, aquele cuja existência supõe a do principal).
2. Nesta situação em análise, a multa foi aplicada em razão de uma ação do agente público em detrimento
do ente federativo ao qual serve, o Município. Não há nenhum sentido em que tal valor reverta para os
cofres do Estado-membro a que vinculado o Tribunal de Contas.
3. Se a multa aplicada pelo Tribunal de Contas decorreu da prática de atos que causaram prejuízo ao erário
municipal, o legitimado ativo para a execução do crédito fiscal é o Município lesado, e não o Estado do Rio
de Janeiro, sob pena de enriquecimento sem causa estatal
4. Recurso Extraordinário a que se nega provimento. Tema 642, fixada a seguinte tese de repercussão geral:
“O Município prejudicado é o legitimado para a execução de crédito decorrente de multa aplicada por
Tribunal de Contas estadual a agente público municipal, em razão de danos causados ao erário municipal. ".
(RE 1.003.433 – Tema 642, julgamento em 15/9/2021)
Exigência de caução para recorrer
Súmula Vinculante 21 - É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento
prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.
ORGANIZAÇÃO
ADMINISTRATIVA

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Contextualização
 Um ente da Federação pretende diminuir a sua intervenção direta na
economia. Para isso, o Poder Legislativo aprovou lei, de iniciativa do Chefe do
Poder Executivo, aprovando um plano de desestatização.
 No plano, constavam diretrizes e objetivos para a política de desestatização,
autorizando a extinção dessas entidades de forma genérica, sem especificar
cada entidade que poderia ser privatizada ou extinta.
 A partir da aprovação da lei, o Chefe do Poder Executivo fez extinção de
diversas empresas estatais.
 Pergunta: o citado plano de desestatização é constitucional? A lei poderia
autorizar, genericamente, a extinção de estatais?
Criação e extinção de EP / SEM
 Criação: autorização em lei específica
 Extinção (ADI 6241, de 8 de fevereiro de 2021):
 Regra: pode ser autorizada em lei genérica (diretrizes; objetivos).
 Exceto: se a lei que autorizar a criação exigir a edição de lei específica.
Criação e extinção de subsidiárias
 Criação: autorização legislativa genérica (inclusive na lei que autorizar a criação
da estatal).
 Extinção (transferência do controle acionário) (ADI 5.624, julgamento em
6/6/2019):
 Não precisa de autorização legislativa;
 Não precisa de licitação.
Empresas estatais e subsidiárias

Criação de
EP / SEM

Autorização em
lei específica Extinção de Criação de
EP / SEM Subsidiária

Autorização em lei genérica


Alienação de
Subsidiária

Não precisa de
autorização em lei
Autarquização das estatais
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO

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Teoria da dupla garantia
A teor do disposto no artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, a ação
por danos causados por agente público deve ser ajuizada contra o
Estado ou a pessoa jurídica privada prestadora de serviço público,
sendo parte ilegítima passiva o autor do ato.
[RE 1.027.633, voto do rel. min. Marco Aurélio, j. 14-8-2019, P, DJE de 6-
12-2019, Tema 940]
Foragido do sistema prisional
Nos termos do artigo 37 §6º da Constituição Federal, não se
caracteriza a responsabilidade civil objetiva do Estado por danos
decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sistema
prisional, quando não demonstrado o nexo causal direto entre o
momento da fuga e a conduta praticada. (RE 608.880, Tema 362,
julgado em 14/9/2020),
Fraude em concurso
O Estado responde subsidiariamente por danos materiais causados a
candidatos em concurso público organizado por pessoa jurídica de direito
privado (art. 37, § 6º, da CRFB/88), quando os exames são cancelados
por indícios de fraude.
[RE 662.405, rel. min. Luiz Fux, j. 29-6-2020, P, DJE de 13-8-2020 Tema
512.]
Comércio de fogos de artifício
Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do Estado por danos
decorrentes do comércio de fogos de artifício, é necessário que exista a violação
de um dever jurídico específico de agir, que ocorrerá quando for concedida a
licença para funcionamento sem as cautelas legais ou quando for de
conhecimento do poder público eventuais irregularidades praticadas pelo
particular.
[RE 136.861, rel. p/ o ac. min. Alexandre de Moraes, j. 11-3-2020, P, DJE de 13-8-
2020 Tema 366.]
Jornalista ferido
É objetiva a Responsabilidade Civil do Estado em relação a profissional da
imprensa ferido por agentes policiais durante cobertura jornalística, em
manifestações em que haja tumulto ou conflitos entre policiais e manifestantes.
Cabe a excludente da responsabilidade da culpa exclusiva da vítima, nas
hipóteses em que o profissional de imprensa descumprir ostensiva e clara
advertência sobre acesso a áreas delimitadas, em que haja grave risco à sua
integridade física.
[RE 1.209.429, rel. Min. Marco Aurélio, red. do ac. Min. Alexandre de Moraes, j.
10-6-2021, P, Informativo 1.021, RG, Tema 1.055.]
Jornalista ferido
1. O Estado responde civilmente por danos causados a profissional de imprensa
ferido pela polícia, durante cobertura jornalística de manifestação popular. A
apuração da responsabilidade dá-se na forma da teoria do risco administrativo,
pacificamente aceita pela jurisprudência e pela doutrina.
2. Admite-se a invocação da excludente de responsabilidade civil da culpa
exclusiva da vítima, nas hipóteses em que em que o profissional de imprensa I -
descumpra ostensiva e clara advertência sobre o acesso a áreas delimitadas em
que haja grave risco à sua integridade física; ou II - participe do conflito com atos
estranhos à atividade de cobertura jornalística.
Morte ou lesão de preso
Em caso de inobservância de seu dever específico de proteção previsto no art.
5º, inciso XLIX, da CF/88, o Estado é responsável pela morte de detento.
STF. Plenário. RE 841526/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 30/3/2016
(repercussão geral) (Info 819).
Morte ou lesão de preso
(...) 2. A decisão monocrática deu provimento ao apelo nobre para reconhecer a responsabilidade civil do ente
estatal pelo suicídio de detento em estabelecimento prisional, sob o argumento de que esta Corte Superior
possui jurisprudência consolidada no sentido de que seria aplicável a teoria da responsabilização objetiva ao
caso.
3. O acórdão da repercussão geral é claro ao afirmar que a responsabilização objetiva do Estado em caso de
morte de detento somente ocorre quando houver inobservância do dever específico de proteção previsto no art.
5º, inciso XLIX, da Constituição Federal.
4. O Tribunal de origem decidiu de forma fundamentada pela improcedência da pretensão recursal, uma vez que
não se conseguiu comprovar que a morte do detento foi decorrente da omissão do Estado que não poderia
montar vigilância a fim de impedir que ceifasse sua própria vida, atitude que só a ele competia.
5. Tendo o acórdão recorrido consignado expressamente que ficou comprovada causa impeditiva da atuação
estatal protetiva do detento, rompeu-se o nexo de causalidade entre a suposta omissão do Poder Público e o
resultado danoso. Com efeito, o Tribunal de origem assentou que ocorreu a comprovação de suicídio do detento,
ficando escorreita a decisão que afastou a responsabilidade civil do Estado de Santa Catarina.
6. Em juízo de retratação, nos termos do art. 1.030, inciso II, do CPC/2015, nego provimento ao recurso especial.
STJ. 2ª Turma. REsp 1305259/SC, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 08/02/2018.
Responsabilidade do Estado
Responsabilidade do Estado
PODER DE POLÍCIA

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Tese fixada pelo STF (RE 633.782)
É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a
pessoas jurídicas de direito privado integrantes da Administração
Pública indireta de capital social majoritariamente público que
prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do
Estado e em regime não concorrencial.
Ciclo do poder de polícia
Poder de polícia
Súmula Vinculante 38 - É competente o Município para fixar o horário de
funcionamento de estabelecimento comercial.

Súmula Vinculante 49 - Ofende o princípio da livre concorrência lei


municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do
mesmo ramo em determinada área.
AGENTES PÚBLICOS

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FIXAÇÃO DE REMUNERAÇÃO

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Fixação de remuneração e RGA
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art.
39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a
iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na
mesma data e sem distinção de índices;
Vedação de equiparação
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias
para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público;
SV42 – Jurisprudência
Súmula Vinculante 42 - É inconstitucional a vinculação do reajuste de
vencimentos de servidores estaduais ou municipais a índices federais de correção
monetária.
Jurisprudência
Não estabelece equiparação remuneratória inconstitucional a norma estadual
que autoriza o auditor de contas a receber os mesmos vencimentos e vantagens
do conselheiro quando estiver atuando em sua substituição. Por se tratar do
exercício temporário das mesmas funções, admite-se o pagamento de igual
remuneração, por critério de isonomia
STF. Plenário. ADI 6.950/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 21/02/2022.
Tribunal de Contas da União
Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no
Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território
nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96.
§ 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias,
prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior
Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as
normas constantes do art. 40.
§ 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e
impedimentos do titular e, quando no exercício das demais atribuições da
judicatura, as de juiz de Tribunal Regional Federal.
Tribunal de Contas da União
Remuneração
Súmula Vinculante 37 – Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função
legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de
isonomia.

Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar qualquer
verba de servidores públicos de carreiras distintas sob o fundamento de
isonomia, tenham elas caráter remuneratório ou indenizatório.
(RE 710293, Tema 600 – julgamento em 16/09/20).
Salário mínimo
Súmula Vinculante 16 - Os artigos 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/98), da
Constituição, referem-se ao total da remuneração percebida pelo servidor público.

Art. 7º São direitos dos trabalhadores [...]: IV - salário mínimo , fixado em lei [...];
Art. 37. § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art.
7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei
estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir.
Auxílio-alimentação
Súmula Vinculante 55 - O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos
servidores inativos.
REVISÃO GERAL ANUAL

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Revisão
O Poder Judiciário não possui competência para determinar ao Poder Executivo a
apresentação de projeto de lei que vise a promover a revisão geral anual da
remuneração dos servidores públicos, tampouco para fixar o respectivo índice de
correção. (RE 843112, Tema 624 – julgamento em 22/09/20).

O não encaminhamento de projeto de lei de revisão anual dos vencimentos dos


servidores públicos, previsto no inciso X do art. 37 da CF/1988, não gera direito
subjetivo a indenização. Deve o Poder Executivo, no entanto, pronunciar-se de
forma fundamentada acerca das razões pelas quais não propôs a revisão.
[RE 565.089, rel. p/ o ac. min. Roberto Barroso, j. 25-9-2019, P, DJE de 28-4-2020,
Tema 19]
LIMITES DE DESPESA COM PESSOAL

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Perda do cargo de servidor e princ. da
irredutibilidade
Art. 169. § 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo,
durante o prazo fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes providências:
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e
funções de confiança;
II - exoneração dos servidores não estáveis.
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para
assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o
servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um
dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto
da redução de pessoal.
Perda do cargo de servidor e princ. da
irredutibilidade
Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no art. 20,
ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das medidas previstas no
art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes,
sendo pelo menos um terço no primeiro, adotando-se, entre outras, as providências
previstas nos §§ 3º e 4o do art. 169 da Constituição.
§ 1º No caso do inciso I do § 3º do art. 169 da Constituição, o objetivo poderá ser
alcançado tanto pela extinção de cargos e funções quanto pela redução dos valores a
eles atribuídos.
§ 2º É facultada a redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos
vencimentos à nova carga horária.
Soluções adotadas pela LRF (STF e STJ)
Entendimento do STF
ADI 2238 (j. 24/6/2020)
4. ARTIGOS 9, § 3º, 23, § 2º, 56, CAPUT, 57, CAPUT. AÇÃO JULGADA PROCEDENTE COM DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE DOS DISPOSITIVOS.
4.2. Em relação ao parágrafo 2º do artigo 23 da LRF, é entendimento iterativo do STF considerar a
irredutibilidade do estipêndio funcional como garantia constitucional voltada a qualificar prerrogativa de
caráter jurídico-social instituída em favor dos agentes públicos. [...]
6. ARTIGO 23, § 1º, PROCEDENTE PARA DECLARAR A INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL, SEM REDUÇÃO
DE TEXTO.
6.1. Irredutibilidade do estipêndio funcional como garantia constitucional voltada a qualificar prerrogativa
de caráter jurídico-social instituída em favor dos agentes públicos. Procedência ao pedido tão somente
para declarar parcialmente a inconstitucionalidade sem redução de texto do art. 23, §1º, da LRF, de modo
a obstar interpretação segundo a qual é possível reduzir valores de função ou cargo que estiver provido.
6.2. A irredutibilidade de vencimentos dos servidores também alcança àqueles que não possuem vínculo
efetivo com a Administração Pública.
Progressão funcional
Situação hipotética:
 João, servidor efetivo, teve o pedido de progressão funcional negado pela
Administração Pública. No indeferimento, constou que a negativa do pedido
decorreu da extrapolação do excesso de despesa com pessoal, uma vez que, desde o
atingimento do limite prudencial, previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal, o Poder
Executivo municipal ficou proibido de conceder vantagens aptas a ensejar o aumento
de despesa com pessoal. Irresignado, João recorreu ao Poder Judiciário, alegando
que a sua progressão funcional não poderia ser negada, a despeito do excesso de
despesa com pessoal, por constituir direito subjetivo, amparado na legislação de sua
carreira.
 Os argumentos de João são procedentes?
Lei de Responsabilidade Fiscal
Art. 22. Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco
por cento) do limite, são vedados ao Poder ou órgão referido no art. 20 que houver
incorrido no excesso:
I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a
qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou
contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X do art. 37 da Constituição;
[...].
Progressão funcional
REsp 1878849 (j. 24/2/2022) (Tema 1.075):
É ilegal o ato de não concessão de progressão funcional de servidor público, quando
atendidos todos os requisitos legais, a despeito de superados os limites orçamentários
previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal, referentes a gastos com pessoal de ente
público, tendo em vista que a progressão é direito subjetivo do servidor público,
decorrente de determinação legal, estando compreendida na exceção prevista no inciso
I do parágrafo único do art. 22 da Lei Complementar 101/2000.
DEVOLUÇÃO DE VALORES RECEBIDOS A
MAIOR

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Devolução de valores
Situação hipotética 1:
 João recebeu gratificação de 5%, durante quatro anos, com base em interpretação do
setor jurídico da Administração. Entretanto, posteriormente, o setor jurídico alterou o
seu posicionamento, entendendo que a antiga interpretação da lei era equivocada. A
autoridade competente determinou que o pagamento da gratificação fosse cessado e
que fossem apurados os valores já pagos para fins de ressarcimento ao erário.
Situação hipotética 2:
 Maria recebeu, no mês de abril de 2022, R$ 5 mil a mais do que o seu pagamento
regular. O fato foi constatado um dois meses depois pelo setor competente, que
identificou que o pagamento a maior decorreu de erro administrativo, consistente em
erro de cálculo sobre o valor de gratificação devida a Maria. A autoridade competente
determinou que os valores pagos indevidamente deveriam ser devolvidos por Maria.
Interpretação errônea
STJ (Tema 531 – REsp 1244182 , j. 10/10/2012)
1. A discussão dos autos visa definir a possibilidade de devolução ao erário dos valores recebidos de
boa-fé pelo servidor público, quando pagos indevidamente pela Administração Pública, em função de
interpretação equivocada de lei.
2. O art. 46, caput, da Lei n. 8.112/90 deve ser interpretado com alguns temperamentos, mormente em
decorrência de princípios gerais do direito, como a boa-fé.
3. Com base nisso, quando a Administração Pública interpreta erroneamente uma lei, resultando em
pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos são legais
e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé do servidor público.
4. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia, submetido a regime do artigo 543-C
do CPC e da Resolução 8/STJ.
5. Recurso especial não provido.
Erro administrativo
STJ (Tema Repetitivo 1009 - REsp 1769306, j. 10/3/2021)
4. Diferentemente dos casos de errônea ou má aplicação de lei, onde o elemento objetivo é, por si, suficiente
para levar à conclusão de que o servidor recebeu o valor de boa-fé, assegurando-lhe o direito da não
devolução do valor recebido indevidamente, na hipótese de erro operacional ou de cálculo, deve-se analisar
caso a caso, de modo a averiguar se o servidor tinha condições de compreender a ilicitude no recebimento dos
valores, de modo a se lhe exigir comportamento diverso perante a Administração Pública.
5. Ou seja, na hipótese de erro operacional ou de cálculo não se estende o entendimento firmado no Recurso
Especial Repetitivo n. 1.244.182/PB (Tema 531/STJ), sem a observância da boa-fé objetiva do servidor, o que
possibilita a restituição ao Erário dos valores pagos indevidamente decorrente de erro de cálculo ou
operacional da Administração Pública.
6. Tese representativa da controvérsia fixada nos seguintes termos:
Os pagamentos indevidos aos servidores públicos decorrentes de erro administrativo (operacional ou de
cálculo), não embasado em interpretação errônea ou equivocada da lei pela Administração, estão sujeitos à
devolução, ressalvadas as hipóteses em que o servidor, diante do caso concreto, comprova sua boa-fé
objetiva, sobretudo com demonstração de que não lhe era possível constatar o pagamento indevido.
Decorrente de tutela antecipada
STJ (AREsp 1.711.065-RJ, j. 3/5/2022). Informativo 735 do STJ:
Nos termos da jurisprudência consolidada nesta Corte, "tendo a servidora recebido os referidos valores
amparada por uma decisão judicial precária, não há como se admitir a existência de boa-fé, pois a
Administração em momento nenhum gerou-lhe uma falsa expectativa de definitividade quanto ao direito
pleiteado. A adoção de entendimento diverso importaria, dessa forma, no desvirtuamento do próprio instituto
da antecipação dos efeitos da tutela, haja vista que um dos requisitos legais para sua concessão reside
justamente na inexistência de perigo de irreversibilidade, a teor do art. 273, §§ 2º e 4º, do CPC" (STJ, EREsp
1.335.962/RS, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Seção, DJe de 02/08/2013).
Tal entendimento vem sendo mantido, inclusive em acórdãos recentes do STJ. Não pode o servidor alegar
boa-fé para não devolver valores recebidos por meio de liminar, em razão da própria precariedade da
medida concessiva e, por conseguinte, da impossibilidade de presumir a definitividade do pagamento" (STJ,
AgInt no AgInt no AREsp 1.609.657/MS, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe de 16/03/2021).
Devolução de valores
TETO CONSTITUCIONAL REMUNERATÓRIO

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Teto constitucional
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da
administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo
e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória,
percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra
natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos
Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder
Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e
o subsidio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e
cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do
Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos;
Teto constitucional
Teto constitucional
Jurisprudência
Subtetos
A possibilidade da instituição de subtetos após a vigência da EC 41/03 encoraja os entes
federativos a proceder de forma particular quanto à limitação da remuneração do serviço
público, buscando soluções compatíveis com as respectivas realidades financeiras.
A instituição de subtetos remuneratórios com previsão de limites distintos para as entidades
políticas, bem como para os Poderes, no âmbito dos Estados e do Distrito Federal não
ofende o princípio da isonomia.
[ADI 3.855, rel. min. Gilmar Mendes, j. 29-11-2021, Plenário, DJE de 3-12-2021.]
Modelo facultativo
O teto remuneratório aplicável aos servidores municipais, excetuados os vereadores, é o
subsídio do prefeito municipal.
STF. Plenário. ADI 6811/PE, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 20/8/2021 (Info
1026).
Teto constitucional
Instituição de subteto remuneratório para magistratura estadual inferior ao da magistratura
federal. Impossibilidade. Caráter nacional da estrutura judiciária brasileira. Artigo 93, V, da
CF. (...) interpretação conforme à Constituição ao artigo 37, XI (com redação dada pela EC
41/2003) e § 12 (com redação dada pela EC 47/2005), da Constituição Federal, e declarar a
inconstitucionalidade do artigo 2º da Resolução 13/2006 e artigo 1º, parágrafo único, da
Resolução 14, ambas do Conselho Nacional de Justiça.
[ADI 3.854 e ADI 4.014, rel. min. Gilmar Mendes, j. 7-12-2020, P, DJE de 8-2-2021.]

Não é possível o estabelecimento de subteto remuneratório para a magistratura estadual


inferior ao teto remuneratório da magistratura federal. A correta interpretação do art. 37, XI
e § 12, da Constituição Federal exclui a submissão dos membros da magistratura estadual
ao subteto de remuneração. STF. Plenário. ADI 3854/DF e ADI 4014/DF, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgados em 4/12/2020 (Info 1001).
Teto constitucional
A expressão “Procuradores”, contida na parte final do inciso XI do art. 37 da Constituição da
República, compreende os procuradores municipais, uma vez que estes se inserem nas
funções essenciais à Justiça, estando, portanto, submetidos ao teto de noventa inteiros e
vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos ministros do
Supremo Tribunal Federal.
STF. Plenário. RE 663696/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 28/2/2019 (Info 932).
ACUMULAÇÃO REMUNERADA DE CARGOS,
EMPREGOS E FUNÇÕES

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Acumulação
Verificação do teto remuneratório
Nas situações jurídicas em que a CF autoriza a acumulação de cargos, o teto
remuneratório é considerado em relação à remuneração de cada um deles, e não
ao somatório do que recebido.
[RE 612.975 e RE 602.043, rel. min. Marco Aurélio, j. 27-4-2017, P, DJE de 8-9-
2017, Tema 377 e Tema 384.]
Pensão
RE 602584 (Tema 359/STF): “Ocorrida a morte do instituidor da pensão em
momento posterior ao da Emenda Constitucional nº 19/1998, o teto constitucional
previsto no inciso XI do artigo 37 da Constituição Federal incide sobre o somatório
de remuneração ou provento e pensão percebida por servidor.”
Limite de jornada máxima
A existência de norma infraconstitucional que estipula limitação de jornada
semanal não constitui óbice ao reconhecimento do direito à acumulação prevista
no art. 37, XVI, c, da Constituição, desde que haja compatibilidade de horários
para o exercício dos cargos a serem acumulados.
[RMS 34.257 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 29-6-2018, 2ª T, DJE de 6-8-
2018.]
TEMPORÁRIOS

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Situação hipotética
Situação 1:
 Ana foi aprovada em processo seletivo para contratação de enfermeiro(a) durante o
período da Covid 19. A contratação durou pelo exato período previsto no edital de
processo seletivo, exclusivamente para atender às demandas da população em virtude da
pandemia. No seu desligamento, Ana percebeu que não houve pagamento de décimo
terceiro, e férias remuneradas acrescidas do terço constitucional. Ana pleiteou o benefício
na via judicial. O pedido dela será declarado procedente?
Temporários
STF (RE 1.066.677, j. 22/5/2020 – Tema 551):
Servidores temporários não fazem jus a décimo terceiro salário e férias remuneradas
acrescidas do terço constitucional, salvo
(I) expressa previsão legal e/ou contratual em sentido contrário, ou
(II) comprovado desvirtuamento da contratação temporária pela Administração Pública, em
razão de sucessivas e reiteradas renovações e/ou prorrogações.
Temporários
Situação hipotética
Situação 2:
 Mara foi aprovada em processo seletivo para contratação de professores. Entretanto, o
seu vínculo foi sucessivamente prorrogado pela Administração, existindo diversos cargos
vagos de professores, sem a realização de providências para promoção de concurso
público. O vínculo temporário de Maria perdurou de dezembro de 2003 a março de 2009,
restando comprovado o desvirtuamento do instituto em razão das sucessivas
prorrogações. Mara deveria receber décimo terceiro, férias remuneradas e o
correspondente terço adicional?
CONCURSO PÚBLICO

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Provimento sem concurso
Súmula Vinculante 43 - É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao
servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu
provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.
Exame psicotécnico
Súmula Vinculante 44 – Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a
habilitação de candidato a cargo público.

Jurisprudência em Teses (STJ) – Edição nº 9:


A exigência de exame psicotécnico é legítima quando prevista em lei e no edital, a
avaliação estiver pautada em critérios objetivos e o resultado for público e
passível de recurso.
Exame psicotécnico
Restrição por tatuagem
Tema 838 (RE 898.450 / SP):
Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com tatuagem,
salvo situações excepcionais em razão de conteúdo que viole valores constitucionais.

Ementa (RE 898.450, j. 17/8/2016):


18. As teses objetivas fixadas em sede de repercussão geral são: (i) os requisitos do edital
para o ingresso em cargo, emprego ou função pública devem ter por fundamento lei em
sentido formal e material, (ii) editais de concurso público não podem estabelecer restrição
a pessoas com tatuagem, salvo situações excepcionais em razão de conteúdo que viole
valores constitucionais.
Realização de provas em momentos
distintos
RE 611.874 DF (j. 26/11/2020):
Nos termos do artigo 5º, VIII, da CF, é possível a realização de etapas de concurso
público em datas e horários distintos dos previstos em edital por candidato que
invoca a escusa de consciência por motivo de crença religiosa, desde que
presente a razoabilidade da alteração, a preservação da igualdade entre todos os
candidatos e que não acarrete ônus desproporcional à Administração Pública, que
deverá decidir de maneira fundamentada.
Adaptação dos deveres funcionais
ARE 1.099.099 (j. 26/11/2020):
Nos termos do art. 5º, VIII, da CRFB, é possível a Administração Pública, inclusive
em estágio probatório, estabelecer critérios alternativos para o regular exercício
dos deveres funcionais inerentes aos cargos públicos, em face de servidores que
invocam escusa de consciência por motivos de crença religiosa, desde que
presente a razoabilidade da alteração, não se caracterize o desvirtuamento no
exercício de suas funções e não acarrete ônus desproporcional à Administração
Pública, que deverá decidir de maneira fundamentada.
Remarcação de prova
É constitucional a remarcação do teste de aptidão física de candidata aprovada
nas provas escritas que esteja grávida à época de sua realização,
independentemente da previsão expressa em edital do concurso público.
[RE 1.058.333, rel. min. Luiz Fux, j. 21-11-2018, P, DJE de 27-7-2020, Tema 973.]
Remarcação de prova
Remarcação de teste de aptidão física em concurso público em razão de problema
temporário de saúde. Vedação expressa em edital. Constitucionalidade. Violação ao
princípio da isonomia. Não ocorrência. Postulado do qual não decorre, de plano, a
possibilidade de realização de segunda chamada em etapa de concurso público em virtude
de situações pessoais do candidato. Cláusula editalícia que confere eficácia ao princípio da
isonomia à luz dos postulados da impessoalidade e da supremacia do interesse público.
Inexistência de direito constitucional à remarcação de provas em razão de circunstâncias
pessoais dos candidatos. Segurança jurídica. Validade das provas de segunda chamada
realizadas até a data da conclusão do julgamento.
[RE 630.733, rel. min. Gilmar Mendes, j. 15-5-2013, P, DJE de 20-11-2013, Tema 335.]
DIREITO À NOMEAÇÃO

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Direito subjetivo à nomeação
A tese objetiva assentada em sede desta repercussão geral é a de que o surgimento de novas vagas
ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame
anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas
previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da
administração, caracterizadas por comportamento tácito ou expresso do poder público capaz de
revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do
certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, a discricionariedade da
administração quanto à convocação de aprovados em concurso público fica reduzida ao patamar
zero (Ermessensreduzierung auf Null), fazendo exsurgir o direito subjetivo à nomeação, verbi gratia,
nas seguintes hipóteses excepcionais: i) quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas
dentro do edital (RE 598.099); ii) quando houver preterição na nomeação por não observância da
ordem de classificação (Súmula 15 do STF); iii) quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo
concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos aprovados
fora das vagas de forma arbitrária e imotivada por parte da administração nos termos acima.
[RE 837.311, rel. min. Luiz Fux, j. 9-12-2015, P, DJE de 18-4-2016, Tema 784.]
Direito subjetivo à nomeação
RE 598.099 (j. 10/8/2011): III. SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS. NECESSIDADE DE MOTIVAÇÃO. CONTROLE PELO
PODER JUDICIÁRIO. Quando se afirma que a Administração Pública tem a obrigação de nomear os aprovados
dentro do número de vagas previsto no edital, deve-se levar em consideração a possibilidade de situações
excepcionalíssimas que justifiquem soluções diferenciadas, devidamente motivadas de acordo com o interesse
público. Não se pode ignorar que determinadas situações excepcionais podem exigir a recusa da
Administração Pública de nomear novos servidores. Para justificar o excepcionalíssimo não cumprimento do
dever de nomeação por parte da Administração Pública, é necessário que a situação justificadora seja dotada
das seguintes características: a) Superveniência: os eventuais fatos ensejadores de uma situação excepcional
devem ser necessariamente posteriores à publicação do edital do certame público; b) Imprevisibilidade: a
situação deve ser determinada por circunstâncias extraordinárias, imprevisíveis à época da publicação do
edital; c) Gravidade: os acontecimentos extraordinários e imprevisíveis devem ser extremamente graves,
implicando onerosidade excessiva, dificuldade ou mesmo impossibilidade de cumprimento efetivo das regras
do edital; d) Necessidade: a solução drástica e excepcional de não cumprimento do dever de nomeação deve
ser extremamente necessária, de forma que a Administração somente pode adotar tal medida quando
absolutamente não existirem outros meios menos gravosos para lidar com a situação excepcional e
imprevisível. De toda forma, a recusa de nomear candidato aprovado dentro do número de vagas deve ser
devidamente motivada e, dessa forma, passível de controle pelo Poder Judiciário.
Direito subjetivo à nomeação
STJ (RMS 53.506-DF, Informativo 612):
A desistência de candidatos melhor classificados em concurso público convola
a mera expectativa em direito líquido e certo, garantindo a nomeação dos
candidatos que passarem a constar dentro do número de vagas previstas no
edital.
Direito subjetivo à nomeação
STJ (EDcl no AgInt no RMS 64855 / SP):
No acórdão, foram analisadas as especificidades do caso concreto, não havendo
omissão na apreciação das circunstâncias delineadoras (fl. 365): "Por outro lado, ainda
que comprovado nos autos a desistência de candidatos melhor classificados, fazendo
com que o recorrente passe a constar dentro do número de vagas, a expectativa de
direito se convola em direito líquido e certo, garantindo o direito à vaga disputada,
desde que a situação fática que fundamenta o pedido tenha se dado dentro do
período de validade do certame, o que não ocorreu na hipótese dos autos, uma vez
que o concurso teve seu prazo de validade findo em 13/8/2019 (fl. 127).
Assim, não há se falar em direito líquido e certo no caso em tela, uma vez que segundo
entendimento do STJ, a desistência de candidato aprovado deve se dar no período de
validade ou prorrogação do concurso, a fim de demonstrar o direito à nomeação do
classificado subsequente.
Direito subjetivo à nomeação (STJ)
RMS 63.471 (j. 27/4/2021):

1. O acréscimo de candidatos aprovados por força de decisão judicial não implica, ipso
facto, o alargamento do número de vagas previsto no edital do certame. Não há, por
isso, falar em preterição arbitrária por parte da administração pública, ao considerar, no
cômputo das nomeações, o número de vagas originariamente ofertado.

2. Os candidatos aprovados, mas classificados para além do número de vagas


oferecidas, não possuem, em princípio, direito líquido e certo à nomeação, mesmo que
surjam novas vagas no período de vigência do concurso, caso em que o preenchimento
estará sujeito ao juízo discricionário de conveniência e oportunidade da Administração.
Nomeação tardia, por decisão judicial
STF (Tema 671, RE 724.347, j. 13/5/2015): Na hipótese de posse em cargo público determinada por
decisão judicial, o servidor não faz jus a indenização, sob fundamento de que deveria ter sido
investido em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante.

STF (AgR RE 655.265, j. 5/4/2019):

1. O candidato nomeado tardiamente por força de decisão judicial não tem direito à contagem
retroativa do tempo de serviço e aos demais efeitos funcionais ou previdenciários a partir da data
em que deveria ter sido nomeado. 2. A investidura no cargo, através da nomeação, seguida da
posse e do efetivo exercício, é que gera o direito às prerrogativas funcionais inerentes ao cargo
público, sob pena de enriquecimento ilícito.
Nomeação tardia e indenização
DIREITO DE GREVE

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Direito de greve
Considerada a omissão legislativa alegada na espécie, seria o caso de se acolher
a pretensão, tão somente no sentido de que se aplique a Lei 7.783/1989
enquanto a omissão não for devidamente regulamentada por lei específica para
os servidores públicos civis (CF, art. 37, VII). Em razão dos imperativos da
continuidade dos serviços públicos, contudo, não se pode afastar que, de
acordo com as peculiaridades de cada caso concreto e mediante solicitação de
entidade ou órgão legítimo, seja facultado ao tribunal competente impor a
observância a regime de greve mais severo em razão de tratar-se de "serviços
ou atividades essenciais", nos termos do regime fixado pelos arts. 9º a 11 da Lei
7.783/1989. [MI 708, rel. min. Gilmar Mendes, j. 25-10-2007, P, DJE de 31-10-
2008.]
Direito de greve
A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação
decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em
virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre, permitida a
compensação em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar
demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do poder público.
[RE 693.456, rel. min. Dias Toffoli, j. 27-10-2016, P, DJE de 19-10-2017, Tema
531.]
Direito de greve
O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado
aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na
área de segurança pública. É obrigatória a participação do poder público em
mediação instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública,
nos termos do art. 165 do CPC, para vocalização dos interesses da categoria.
[ARE 654.432, rel. p/ o ac. min. Alexandre de Moraes, j. 5-4-2017, P, DJE de 11-
6-2018, Tema 541.]
Direito de greve
O exercício de um direito constitucional é garantia fundamental a ser protegida
por esta Corte, desde que não exercido de forma abusiva. (...) ao considerar o
exercício do direito de greve como falta grave ou fato desabonador da conduta,
em termos de avaliação de estágio probatório, que enseja imediata exoneração
do servidor público não estável, o dispositivo impugnado viola o direito de greve
conferido aos servidores públicos no art. 37, VII, CF/1988, na medida em que
inclui, entre os fatores de avaliação do estágio probatório, de forma
inconstitucional, o exercício não abusivo do direito de greve.
[ADI 3.235, voto do rel. p/ o ac. min. Gilmar Mendes, j. 4-2-2010, P, DJE de 12-3-
2010.]
Direito de greve
A simples circunstância de o servidor público estar em estágio probatório não é
justificativa para demissão com fundamento na sua participação em movimento
grevista por período superior a trinta dias. A ausência de regulamentação do
direito de greve não transforma os dias de paralisação em movimento grevista
em faltas injustificadas.
[RE 226.966, rel. p/ o ac. min. Cármen Lúcia, j. 11-11-2008, 1ª T, DJE de 21-8-
2009.]
Direito de greve
Direito de greve
PROCESSO DISCIPLINAR

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Regime e processo disciplinar
SÚMULA VINCULANTE 5
A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar
não ofende a Constituição.
Regime e processo disciplinar
Súmula 591 - É permitida a prova emprestada no processo administrativo disciplinar, desde que
devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa.
(SÚMULA 591, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/09/2017, DJe 18/09/2017)

Súmula 592 - O excesso de prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar só causa
nulidade se houver demonstração de prejuízo à defesa. (SÚMULA 592, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
13/09/2017, DJe 18/09/2017)
Regime e processo disciplinar
Súmula 611 - Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância, é
permitida a instauração de processo administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em
face do poder-dever de autotutela imposto à Administração. (SÚMULA 611, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado
em 09/05/2018, DJe 14/05/2018)

Súmula 641 - A portaria de instauração do processo administrativo disciplinar prescinde da exposição


detalhada dos fatos a serem apurados. (SÚMULA 641, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 18/02/2020, DJe
19/02/2020)
Regime e processo disciplinar
Súmula 650 - A autoridade administrativa não dispõe de discricionariedade para
aplicar ao servidor pena diversa de demissão quando caraterizadas as hipóteses
previstas no art. 132 da Lei n. 8.112/1990. (SÚMULA 650, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 22/09/2021, DJe 27/09/2021)
Regime e processo disciplinar
Súmula 651 – Compete à autoridade administrativa aplicar a servidor público a
pena de demissão em razão da prática de improbidade administrativa,
independentemente de prévia condenação, por autoridade judiciária, à perda da
função pública.
Regime e processo disciplinar
Súmula 635 - Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei n. 8.112/1990 iniciam-se na data em que a
autoridade competente para a abertura do procedimento administrativo toma conhecimento do fato,
interrompem-se com o primeiro ato de instauração válido - sindicância de caráter punitivo ou processo
disciplinar - e voltam a fluir por inteiro, após decorridos 140 dias desde a interrupção. (SÚMULA 635,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/06/2019, DJe 17/06/2019)

1. Em primeiro lugar, quanto à preliminar da prescrição, me manifestei pela sua consumação. Entretanto, a
egrégia Primeira Seção, na assentada de 22.5.2019, superando seu posicionamento anterior sobre o tema,
firmou orientação de que, diante da rigorosa independência das esferas administrativa e criminal, não se
pode entender que a existência de apuração criminal é pré-requisito para a utilização do prazo prescricional
penal. (MANDADO DE SEGURANÇA Nº 20.857 - DF (2014/0048542-1))
Regime e processo disciplinar
Súmula 635 - Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei n. 8.112/1990 iniciam-se na data em que a
autoridade competente para a abertura do procedimento administrativo toma conhecimento do fato,
interrompem-se com o primeiro ato de instauração válido - sindicância de caráter punitivo ou processo
disciplinar - e voltam a fluir por inteiro, após decorridos 140 dias desde a interrupção. (SÚMULA 635,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/06/2019, DJe 17/06/2019)
APOSENTADORIA COMPULSÓRIA

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Jurisprudência
Os servidores ocupantes de cargo exclusivamente em comissão não se submetem
à regra da aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º, II, da CF, a qual
atinge apenas os ocupantes de cargo de provimento efetivo, inexistindo, também,
qualquer idade limite para fins de nomeação a cargo em comissão. (...)
Ressalvados impedimentos de ordem infraconstitucional, inexiste óbice
constitucional a que o servidor efetivo aposentado compulsoriamente permaneça
no cargo comissionado que já desempenhava ou a que seja nomeado para outro
cargo de livre nomeação e exoneração, uma vez que não se trata de continuidade
ou criação de vínculo efetivo com a administração.
[RE 786.540, rel. min. Dias Toffoli, j. 15-12-2016, P, DJE de 15-12-2017, Tema 763.]
CF 88
Art. 201. § 16. Os empregados dos consórcios públicos, das empresas públicas, das
sociedades de economia mista e das suas subsidiárias serão aposentados
compulsoriamente, observado o cumprimento do tempo mínimo de contribuição,
ao atingir a idade máxima de que trata o inciso II do § 1º do art. 40, na forma
estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA
SUBJETIVA DAS SANÇÕES

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Princípio da intranscendência
I. A imposição de sanções ao Poder Executivo estadual em virtude de pendências de
órgãos dotados de autonomia institucional e orgânico-administrativa, tais como o
Ministério Público estadual, constitui violação do princípio da intranscendência, na
medida em que o Governo do Estado não tem competência para intervir na esfera orgânica
dessa instituição autônoma.
II. O Poder Executivo não pode ser impedido de contratar operações de crédito em razão
do descumprimento dos limites setoriais de despesa com pessoal por outros poderes e
órgãos autônomos (art. 20, II, e 23, § 3º, da Lei de Responsabilidade Fiscal). III. Ação cível
originária julgada procedente.
(ACO 3072, Relator(a): RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 24/08/2020,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-229 DIVULG 16-09-2020 PUBLIC 17-09-2020)
Princípio da intranscendência
PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO, AMPLA
DEFESA E DEVIDO PROCESSO LEGAL

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Princs. contraditório, AD e DPL
A inscrição de entes federados em cadastro de inadimplentes (ou outro que dê causa à
negativa de realização de convênios, acordos, ajustes ou outros instrumentos congêneres
que impliquem transferência voluntária de recursos), pressupõe o respeito aos princípios
do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal, somente reconhecido:
a) após o julgamento de tomada de contas especial ou procedimento análogo perante o
Tribunal de Contas, nos casos de descumprimento parcial ou total de convênio,
prestação de contas rejeitada, ou existência de débito decorrente de ressarcimento de
recursos de natureza contratual (salvo os de conta não prestada) e;
b) após a devida notificação do ente faltoso e o decurso do prazo nela previsto
(conforme constante em lei, regras infralegais ou em contrato), independentemente de
tomada de contas especial, nos casos de não prestação de contas, não fornecimento de
informações, débito decorrente de conta não prestada, ou quaisquer outras hipóteses
em que incabível a tomada de contas especial. (RE 1067086, Tema 327, j. 17/9/2020)
Princs. contraditório, AD e DPL
OBRIGADO
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