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ÍNDICE

CAPÍTULO I.......................................................................................................................................2
1.1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................2
1.2 OBJECTIVOS........................................................................................................................3
1.2.1 Objectivo Geral.......................................................................................................................3
1.2.2 Objectivo Específico...............................................................................................................3
1.3 METODOLOGIA...................................................................................................................3
CAPÍTULO II......................................................................................................................................4
2.1 Saneamento e Condensação do Processo.....................................................................................4
2.2 Objecto de saneamento e condensação do processo...................................................................5
2.3 Conteúdo formal: funções do saneamento e condensação do processo......................................6
2.4 Audiência preliminar....................................................................................................................7
2.5 Tentativa de conciliação................................................................................................................7
2.6 Discussão das excepções................................................................................................................8
2.7 Discussão do pedido e julgamento antecipado da acção.............................................................8
2.8 Discussão das posições das partes.................................................................................................9
2.9 Despacho Saneador........................................................................................................................9
2.10 Impugnação do despacho saneador..........................................................................................10
2.11 Seleção da matéria de facto.......................................................................................................11
2.12 Impugnação do despacho de selecção da matéria de facto.....................................................13
2.13 Especificação e Questionário....................................................................................................13
A especificação e questionário têm alguns pontos em comum........................................................14
A especificação e o questionário distinguem-se essencialmente......................................................14
CAPITULO III..................................................................................................................................16
3.1 Conclusão.....................................................................................................................................16
3.2 Referências Bibliográficas...........................................................................................................17

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CAPÍTULO I

1.1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem em vista abordar uma das fases do processo declarativo ordinário,
nomeadamente a fase do saneamento e condensação.

Partindo do pressuposto que a complexidade do processo após os articulados da lugar a


morosidade processual, o que pode condicionar o bom funcionamento dos tribunais é em
algum momento colocaria em causa a acessibilidade de mesmo. A fase do saneamento e
condensação é relevante na medida em que desempenha um papel fundamental na
organização do processo, tornando mais simples, mais são, mais seguro e mais certo do que
aquilo que ele apresenta nos articulados, o processo torna-se mais eficiente, menos lento e
mais acessível a toda a população.

Saneamento e condensação dão vida ao processo deixando de lado questões pouco


pertinentes e prosseguindo com as pertinentes (solução da matéria de facto) através da
especificação e do questionário.

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1.2 OBJECTIVOS

1.2.1 Objectivo Geral

 Falar do saneamento e condensação tendo em conta a sua capacidade no processo

1.2.2 Objectivo Específico

 Arrolar as decisões que o juiz pode tomar na fase do saneamento e condensação


 Falar do objecto e das funções da fase do saneamento e condensação
 Falar acerca da audiência preliminar.

1.3 METODOLOGIA

Para a realização do presente trabalho, recorreu-se a pesquisas bibliográficas.

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CAPÍTULO II

2.1 Saneamento e Condensação do Processo

Findos os articulados no processo comum segue-se a fase de saneamento e condensação do


processo, mas que legalmente é designada “audiência preliminar e despacho saneador”.

A inclusão desta fase na forma de processo comum declarativo foi feita pelo CPC de 1939,
pois entende-se que após os articulados, era necessário expurgar da causa as questões
irrelevantes, que no regime anterior só podiam ser resolvidos na sentença final.

No CPC de 1867, eram fases do processo, os articulados, a instrução, o julgamento e a


sentença, pelo que não havia um momento em que o juiz verificava a regularidade da
instância de modo a garantir uma eficaz decisão de mérito.

Por isso, só na sentença final é que o juiz poderia concluir que não era possível conhecer do
mérito da causa, porque existiam vícios de natureza formal que o impediam. Era uma
situação indesejável e particularmente gravosa quando acontecia em acções que se
arrastavam penosamente ao longo de meses e anos, até chegarem a sentença, fruto de
excessivas formalidades.

A fase de saneamento e condensação não apenas surgiu com o código de 1939, pois já o
decreto nº3, de 29 de maio de 1907, procurou intervir no sentido de sanear o processo. Nós
termos do (Artigo 9) do referido diploma legal, findos os articulados, o juiz poderia proferir o
chamado despacho regular do processo destinado ao julgamento das nulidades processuais.

A justificação para a introdução do despacho saneador encontra-se como refere JOSÉ


ALBERTO DOS REIS, no relatório do decreto nº353, pois no sistema do código de processo
civil de 1876.

Sucede a cada passo chegar-se ao fim de um processo longamente instruído e preparado, com
larga produção de provas e alegações complicadas e o juiz obter-se a conhecer do pedido, ou
por incompetência do tribunal, ou por ilegitimidade das partes, ou por vícios de forma.

Compreender-se por isso, que findos os articulados, se abra uma fase de transição a qual,
segundo PAULO CUNHA, abrange um conjunto de formalidades em complexo de de
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trâmites, todos superiormente inspirados na ideia de se procurar condensar o processo, de o
reduzir a algo de mais simples, de mais são, de mais seguro, de mais certo do que aquilo que
ele apresenta nos articulados.

Apesar de ter continuado na recente revisão do CPC, as alterações feitas dão a entender que o
antigo despacho regulador, mais tarde despacho de saneamento e condensação do processo,
procura ter outros sentidos.

2.2 Objecto de saneamento e condensação do processo

Se pela análise dos elementos da causa não for possível o julgamento antecipado do processo,
a lei impõe o objecto em regra, a fixação do objecto da acção, de modo a permitir a
determinação dos elementos a decisão que venha a ser proferida pelo juiz.

Com efeito, nesta fase é possível que o processo findo com o despacho saneador, mas vezes
há em que esse despacho não põe termo ao processo.

Dependendo da posição que vier a ser tomada, o objecto desta fase ganha contornos
diferentes, sendo uma ou outra a situação concreta.

Usando o esquema de CÂNDIDA PIRES, considera-se sucessivamente a determinação do


seu conteúdo (aspecto substancial) e a sequência dos actos processuais nela contidos (aspecto
formal ou tramitação).

O saneamento e condensação fazem-se, sobretudo, através da apreciação de questões


processuais, da especificação e do questionário. Antes o despacho saneador era proferido
após a audiência preliminar ou não havendo lugar a esta, quando terminados os articulados,
os factos não se davam por provados.

Do ponto de vista substancial, ocorre o saneamento propriamente dito, através da apreciação


de questões processuais, designadamente conhecendo-se os pressupostos e as nulidades
processuais, a fixação dos factos considerados provados e a condensação feita através da
selecção dos factos articulados que interessem a decisão da causa.

Do ponto de vista formal, o saneamento e a condensação desdobram-se na tentativa de


conciliação, na discussão das excepções, se tiver disso adquirida pelas partes alguma
excepção, a discussão da causa ou das posições das partes e no despacho saneador.

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Nesta fase pode pôr-se termo ao processo ou fixarem-se os elementos essenciais da causa.

Desde que o processo tenha todos os elementos que o permitam. O juiz pode pôr termo ao
processo de várias formas. Em primeiro lugar, a acção pode terminar por conciliação das
partes, nada impede que ao longo da audiência preliminar, o juiz tente obter um acordo entre
as partes, conciliando-as segundo uma solução de equidade (Artigo 509 nº1).

Segundo lugar, o juiz pode absorver o réu da instância, fundada na existência de qualquer
excepção dilatoria (Artigo 510 nº1 alínea a) e (Artigo 494 nº2), incluindo ineptição da petição
inicial (Artigo 193). Em terceiro lugar, não acção pode terminar por absolvição do pedido, se
for julgado procedente a impugnação de factos essenciais ou alguma excepção peremptória
deduzida pelo réu ou julgados improcedentes os fundamentos da acção. (Artigo 510 nº1,
alínea b e c).

Em quarto lugar, a acção pode terminar quando o juiz conhecendo directamente o mérito da
causa, julgue a acção procedente (Artigo 510 nº1 alínea c).

Se a acção não terminar por nenhuma das situações referidas, pode justificar-se a fixação dos
termos essenciais da causa.

2.3 Conteúdo formal: funções do saneamento e condensação do processo

A fase do saneamento e condensação destina-se a duas funções:

 Função da verificação da regularidade do processo, designadamente da verificação


dos pressupostos processuais. Pretende-se evitar-se que corra, com disperdicio de
actividade processual, um processo que afinal se possa vir a conhecer inedoneo para
ser julgado de mérito, e esta função é desempenhada pelo despacho saneador.
 Função de concretização das questões a resolver Podem ser:
 Quanto a questão de direito, propõe-se que o juiz está sempre apto a resolvê-la (“
jus novit curia”, “la cour sait le droit”, “ da mihi facta, dabo tibi jus”) não é
processualmente regulada a actividade da resolução pelo juiz da questão de direito.
 Quanto a questão de facto, a sua resolução é regulada pela lei, antes de mais
dispondo que tal questão seja concretizada e exclarecida na fase da condensação
através da especificação e do questionário.
Portanto, em processamento normal a fase do saneamento e condensação desenrola-se
através de três decisões do juiz, nomeadamente: o despacho saneador, a especificação

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e o questionário. Em processamento eventual, a fase da condensação pode abranger
outros actos e assumir outras funções como é o caso:

2.4 Audiência preliminar

Uma audiência é uma sessão de depoimentos e alegações orais, que se destina a preparar uma
decisão judicial. Em processamento comum de declaração, proveem-se fundamentalmente
duas audiências: a audiência preliminar, que prepara o despacho saneador, e a audiência final,
que prepara a sentença.

A audiência preliminar nem sempre tem lugar, ou seja, só tem lugar em dois casos:

Se o juiz se afigurar possível conhecer, sem necessidade de mais provas do pedido ou de


algum dos pedidos principais ou do pedido reconvencional.

Neste caso, o poder do juiz de convocar audiência preliminar é vinculado, ele têm de a
convocar e se resolver de fundo, sem o fazer, comete uma nulidade do processo, nos termos
do (Artigo 201 nº1).

Para discutir qualquer excepção seja peremptória, seja dilatoria, também o juiz pode marcar
audiência preliminar (Artigo 508 nº3).

Aqui o poder do juiz é discricionario, ou seja, o juiz pode marcar audiência ou deixar de a
fixar, consoante entenda que carece de exclarecimentos sobre a excepção suscitada, ou que,
pelo contrário não tem necessidade deles.

A audiência preliminar desdobra-se nas seguintes fases: tentativa de conciliação das partes,
discussão de qualquer excepção que tenha sido arguida pelas partes, discussão sobre a
possibilidade de conhecimento imediato de mérito da causa, discussão das posições das
partes com vista à delimitar os termos do litígio ou para proferir despacho saneador.

2.5 Tentativa de conciliação

A audiência, serve, em primeiro lugar para juiz tentar conciliar as partes, procurando uma
solução de equidade mais adequada aos termos do conflito de interesses que envolve o autor
e o réu (nº1 do Artigo 509).

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Nos casos em que se procura uma solução de equidade o juiz tem maior liberdade e é
autorizado a extrair de outras fontes o critério do seu julgamento, adaptando-as as
peculiaridades do caso de modo a formular uma regra jurídica concreta que lhe pareça mais
justa para a situação. ENRICO TULLIO

Neste caso, o juiz procura de acordo com as circunstâncias do caso concreto apresentar as
partes a solução que lhe pareça mais justa, sendo que as partes não são obrigadas a aceitar o
acordo proposto pelo juiz. A audiência decorre nos termos indicados no (Artigo 509). Em
caso de impossibilidade de conciliação, a audiência segue os termos ai indicados, não
podendo as partes ser convocadas mais do que uma vez para uma tentativa de conciliação.

2.6 Discussão das excepções

As excepções, dilatorias ou peremptórias são as que tenham sido formalmente suscitadas


pelas partes nos articulados (nº1 do Artigo 508), e aquelas que o juiz deva conhecer
oficiosamente (Artigo 495).

Nada impede que naqueles casos em que nenhuma das partes tenha arguido uma excepção, o
juiz convoque as partes para discutir as excepções de conhecimento oficioso. Contrariamente
aos casos em que não tenham sido deduzidas excepções, neste caso e ainda quando se trate de
uma acção de simples apreciação negativa, o juiz da em primeiro lugar, a palavra ao
advogado do réu e depois do autor, tendo em conta que foi o réu quem terá arguido às
excepções. No entanto nos casos em que tenha sido o autor a arguir as excepções na resposta
à contestação relativamente ao pedido reconvencional, a situação não pode ser a mesma,
começando-se pelo autor e só depois pelo réu, antes da decisão do juiz.

2.7 Discussão do pedido e julgamento antecipado da acção

Quando o juiz pretenda apreciar o mérito da causa no despacho saneador, por entender que o
processo tem todos os elementos para tomar uma decisão, deve marcar obrigatoriamente a
audiência preliminar, sob pena de nulidade da decisão que tiver apreciado o mérito da causa
(Artigo 508.º, nº 4).

De todo o modo, o facto de o juiz marcar a audiência preliminar para discutir o pedido, não
significa que, obrigatoriamente, tenha de decidir o pedido no despacho saneador (conhecendo
do mérito da causa), uma vez que só será assim se o processo puder ser já decidido com a

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necessária segurança (tratando-se de uma questão de direito) ou tenha elementos para uma
decisão conscienciosa (nos casos de uma questão de facto ou de facto e de direito).

Nos casos em que o juiz conheça do mérito da causa no despacho saneador, bem assim
naqueles em que tenha julgado procedente uma excepção peremptória, ainda que parcial, o
despacho fica tendo, para todos os efeitos legais, o valor de uma sentença e como tal é
designado (despacho-sentença), como resulta do (nº 4, do Artigo 510).

É importante referir que o conhecimento do pedido no despacho saneador implica,


previamente, a discussão da causa na audiência preliminar, sendo, nesse caso, insista-se, a sua
convocação obrigatória. (Artigo 510, nº 1, alínea c).

2.8 Discussão das posições das partes

Pode suceder que o juiz entenda ouvir as partes para melhor delimitar o litígio, podendo
suprir as imprecisões na exposição da matéria de facto que ainda subsistam ou se tornem
patentes na sequência do debate (Artigo 508.º, nº 1, alínea b).

Essa discussão permite ao tribunal, ainda que com a cooperação das partes, melhor delimitar
o litígio, quer através dos esclarecimentos que o juiz solicite, não só sobre questões de facto,
como sobre questões de direito. Se em face dos articulados, o juiz entender que há
necessidade de discutir e esclarecer alguma questão, pode convocar a audiência preliminar, de
modo a melhor delimitar os termos do litígio (Artigo 508.º, n.º1. alínea b).

Trata-se de uma concretização do princípio da cooperação, devendo as partes e seus


mandatários agir de boa fé, sempre tendo em vista uma rápida solução do litígio.

Ao discutir as posições das partes, pretende-se atingir uma dupla finalidade: por um lado,
procura-se circunscrever as divergências entre as partes, distinguindo aquilo que é essencial
do que é acessório nas suas posições; por outro, pretende-se evitar que as insuficiências e
imprecisões dos articulados na exposição da matéria de facto possam criar uma realidade
processual distinta da realidade das coisas.

2.9 Despacho Saneador (Artigo 510)

O despacho saneador deve ser proferido na audiência preliminar quando a este haja lugar,
onde o juiz o dita para a acta. A possibilidade de proferir o despacho saneador oralmente na
audiência preliminar, reveste-se de grande alcance prático. Esta é a única peça obrigatória
nesta fase, seja qual for o seguimento da acção.

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Assim, o conhecimento da causa e do processo antes do início da audiência é um aspecto
fundamental, pois só com uma leitura atenta e uma análise atempada do processo antes da
audiência é que o juiz, poderá sanear o processo na audiência tornando-se o processo rápido e
eficaz.

Segundo o (nº 2 do artigo 510), o despacho saneador só não será proferido nessa audiência,
quando está não tenha sido realizada ou quando a complexidade das questões a resolver
exigem que o juiz o faça por escrito no prazo de quinze dias.

É importante referir que quando se realiza a audiência preliminar o despacho saneador é


sempre aí proferido, sendo que se o juiz entender que necessita de mais tempo em função da
complexidade da causa, suspende a audiência e fixa logo uma data para a continuação, altura
em que irá proferir o despacho saneador. Nesta segunda secção, o juiz uma vez elaborado o
despacho saneador, irá dita-lo para a acta, a ser assinado pelas partes, considerando-se assim,
dele notificadas.

Deste modo, admite-se a realização da audiência preliminar em duas secções, sendo que a
segunda só ocorre quando o despacho saneador não é proferido na primeira secção, e se o juiz
entender que há questões complexas a resolver.

Como resulta do (Artigo 510,nº1) o despacho saneador têm como objectivos: conhecer as
excepções dilatórias que podem conduzir a absolvição da instância. (Artigo 510 nº 1 alínea a)

Conhecer as nulidades, ainda que não tenham por efeito anular todo o processo; (Artigo 510
nº1 alínea a)

Decidir se procede alguma excepção peremptória; (Artigo 510 nº1 alínea b)

Conhecer directamente do pedido. (Artigo 510 nº1 alínea c)

Constada a inexistência de nulidades, excepções ou questões prévias que obstem ao


conhecimento do mérito da causa em termos genéricos, o juiz fará, se a complexidade das
questões a resolver o justificar a especificação e o questionário (Artigo 511, nº1 1ª parte).

No entanto, se se justificar a apreciação de uma nulidade, excepção ou questão prévia, o juiz


irá apreciar o seu mérito, julgando-a só podendo permitir o prosseguimento da acção quando
essa excepção, nulidade ou questão prévia não conduza a absolvição (total) e da instância ou
do pedido.

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2.10 Impugnação do despacho saneador

Para melhor compreensão do que se impugna, é necessário analisar três aspectos:

O objecto do recurso, a espécie do recurso e momento apartir do qual se pode recorrer do


despacho saneador.

Proferido o despacho saneador quer na audiência preliminar, quer depois da sua realização,
do mesmo cabe recurso de agravo quando tenha decidido sobre excepções dilatórias, questões
prévias ou nulidades de que o juiz deva apreciar oficiosamente (Artigo 510 nº6 1ª parte) e
cabe recurso de apelação quando tenha decidido alguma excepção peremptória ou tenha
conhecido do mérito da causa (Artigo 510 nº6).

Só pode recorrer-se de apelação quando se trate de uma sentença final ou quando o despacho
saneador conheça do mérito da causa.(Artigo 695)

Pelo contrário, só pode agravar-se quando, tratando-se de uma decisão recorivel, não possa
apelar-se. (Artigo 733)

A impugnação do despacho saneador só pode ser feita depois de, considerando o juiz, tratar-
se de uma causa complexa, tenha procedido a selecção da matéria de facto, ou não a
selecionando, quando as partes são notificadas do despacho saneador.

2.11 Seleção da matéria de facto (Artigo 511)

Quando o processo não termina no despacho saneador, ou seja, quando o juiz não conheça de
mérito da causa ou não absolva o réu da instância, o processo deve prosseguir.

No entanto só haverá selecção da matéria de facto naqueles casos em que, devendo o


processo prosseguir, a complexidade da causa assim o justifique.

Deve em primeiro lugar, explicar-se quando é que o processo termina no despacho saneador.
Tendo em conta o que ocorre na audiência preliminar ou se decide no despacho saneador, o
processo só não irá prosseguir se alternativamente tiver sido alcançada a conciliação das
partes, as excepções, eventualmente deduzidas ou conhecidas oficiosamente tenham levado a
absolvição total da instância ou do pedido do réu ou nos casos de julgamento antecipado da
lide.

A selecção da matéria de facto é feita tendo em conta alguns limites (Artigo 511 nº1) :

 juiz só pode selecionar factos

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 Factos que tenham sido articulados ou alegados pelas partes.
 Factos que devem ser relevantes para a decisão da causa.

A selecção dos factos articulados pode ser feita mesmo por remissão para os articulados e
deve cingir-se aos factos articulados considerados relevantes para a decisão da causa,
primeiro especificando os que julgue assente em virtude de terem sido já provados por
confissão, acordo das partes ou prova documental e segundo quesitando os factos
controvertidos ou seja, os factos que careçam de prova.

Quando o juiz entende selecionar a matéria de facto, a especificação e o questionário fixam o


objecto do processo e definem o âmbito da prova. Tanto na especificação como no
questionário só podem constar factos relevantes alegados pelas partes, mas que interessam
para a boa decisão da causa.

Os factos controvertidos são os que o réu impugna especificadamente na contestação e o


autor impugna na resposta à contestação, ou os que embora não tenham sido impugnados
especificadamente, se encontram em manifesta oposição com a defesa considerada no seu
conjunto, ou se não for admissível confissão sobre eles ou se só puderem ser provados por
documentos escritos não o tenham sido.

A instrução do processo, fase que se segue depois de elaborado o despacho saneador e


quando o processo deva prosseguir, tem por base os factos constantes do questionário, sendo
sobre eles que recaira a decisão do tribunal (Artigo 513),ou seja, durante a instrução
(produção da prova) devam ser respondidos os quesitos elaborados sobre os referidos factos.

No entanto, caso não tenha havido selecção da matéria de facto, a instrução do processo terá
por base todos os factos controvertidos e relevantes para a decisão da causa, desde que
constem dos articulados.

A selecção da matéria de facto a realizar no saneamento tendo em conta as limitações acima


impostas, só pode versar sobre factos, havendo deste modo a necessidade de distinguir entre
matéria de facto e matéria de direito.

Não há critérios seguros para distinguir questões de facto e questões de direito quer na
doutrina, quer na jurisprudência. Diz-se que matéria de facto são as situações concretas da
vida real que fundamentam a acção e a defesa, ou são os acontecimentos e circunstâncias
concretas, determinados no espaço e no tempo passados e presentes, do mundo exterior e da

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vida anímica humana que o direito objectivo converteu em pressuposto de um efeito jurídico.
Ex: “António viajou” ou “Alberto entregou”.

Mas já não será matéria de facto dizer-se que o cônjugue“abandonou o lar”, que o réu causou
“ofensas graves ou adultério”ou que a dívida foi contraída em “proveito comum dos
cônjugues”.

Deste modo deve excluir-se da selecção da matéria de facto tendo o que se refere a conceitos
de direito. PAULO PIMENTA

Nos casos em que não há selecção da matéria de facto, porque o juiz entende que não há
questões complexas a resolver, mas o processo deva prosseguir, a instrução do processo irá
recair sobre os factos relevantes para o exame e decisão da causa que deva considerar-se
controvertidos ou necessitados de prova (Artigo 513).

2.12 Impugnação do despacho de selecção da matéria de facto

Tal como o despacho saneador propriamente dito à seleção da matéria de facto pode também
ser impugnada. Apesar de constarem de um e único despacho. O saneamento do processo e a
seleção da matéria de facto exigem uma impugnação distinta, considerando tratar-se de dois
despachos que não são formalmente autónomos, mas são materialmente distintas.

Notificadas do despacho saneador com seleção da matéria de facto, as partes podem reclamar
contra a seleção com qualquer dos fundamentos indicados no (Artigo 511 nº2).

Podem reclamar por deficiência quando haja omissão de factos com interesse para a decisão
da causa, por excesso, quando se incluem factos irrelevantes indevidamente considerados
como provados ou não provados, ou quando se incluam factos não articulados por
complexidade quando haja contradição entre a especificação e questionário, ou factos
incompreensiveis ou por obscuridade, quando os quesitos se encontram elaborados em termos
que suscite dúvidas quanto ao seu sentido de alcance.

As reclamações devem ser apresentadas no prazo de 48 horas (Artigo 511 nº2 1ª parte) a
contar da data em que o despacho saneador se deve considerar notificado a cada uma das
partes. As reclamações apresentadas só serão decididas depois do decurso do prazo da
resposta de cada uma das partes.

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2.13 Especificação e Questionário

Segundo o artigo 511, se o processo houver de prosseguir, para além do despacho saneador, o
juiz no próprio despacho a que se refere o artigo anterior, lavra a especificação e o
questionário, ou seja, se o processo houver de prosseguir e a acção tiver sido contestado, o
juiz no próprio despacho a que se refere o artigo anterior, selecionara entre os factos
articulados os que interessem a decisão da causa, segundo as várias soluções plausíveis da
questão de direito, especificando os que julgue assentes por virtude de confissão, acordo das
partes ou prova documental e quesitando, com subordinação a números os pontos de facto
controvertidos que devem ser provados.

A especificação e questionário têm alguns pontos em comum:

 Só se referem a questões de facto, e não a questões de direito;


 Especificação e questionário destinam-se a preparar a instrução a actividade probatória
referente aos factos sobre cuja verdade ou falsidade o tribunal se haverá de pronunciar;
 Não se referem a factos notórios de conhecimento geral, porque estes não carecem de
qualquer actividade probatória;
 Só se referem aos factos articulados no processo, alegados pelas partes na fase dos
articulados, dado que só destes se pode servir o juiz na sentença.
 Através de especificação e questionário, o juiz faz uma seleção das questões de facto
levantados pelas partes, escolhendo as pertinentes e afastando as impertinentes.

São as questões de facto pertinentes as que interessam a decisão da causa por isso, dizer-se
que factos articulados pertinentes não notórios formam o objecto comum de especificação e
do questionário (Artigo 511).

E para se saber que na especificação e no questionário se contém apenas materia de facto,


pressupõe a possibilidade de uma distinção entre a matéria que é de facto, e matéria que o não
é.

A especificação e o questionário distinguem-se essencialmente:


A especificação regista as questões de facto já resolvidas, através da enumeração dos factos
que nessas questões se pode. Considerar provados ; o questionário regista as questões de
facto a resolver mediante a fase de instrução, e mediante a actividade probatória desenrolada
aí e na audiência final.

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A especificação regista os factos que na fase dos articulados conseguiram ficar prprovado, e
nos termos do (Artigo 511 nº1), podem ser provados factos na fase dos articulados mediante:

Confissão escrita
Acordo das partes ou admissão por acordo, ou seja, não impugnação especificada de factos
alegados pela parte contrária (Artigo 490 nº1 e 505 nº1)

Documentos
Quanto ao questionário, têm-se entendido que a enumeração na especificação dos factos
articulados pertinentes provados se deve fazer com subordinação a números (Artigo 511 nº1),
ou seja, a especificação aparece subordinada a alíneas, o questionário a números.

Deste modo, o questionário compreende os pontos e questões de facto a resolver, enunciadas


com subordinação a números.

Quando em determinado caso o juiz tiver dúvidas sobre se certo facto deve ser ou não
quesitado, impõe-se manifestamente que resolva a dúvida no sentido da quesitação.

De todo o despacho de condensação tira-se cópia (Artigo 511 nº2) e esta é entregue quando
dá notificação às partes do mesmo despacho.

As partes têm seguidamente cinco dias (Artigo 153) para reclamar contra a especificação ou
contra o questionário, ou contra uma e outra, por deficiência, excesso, complexidade ou
obscuridade a reclamação é entregue em dublicado (Artigo 511 nº3).

Terminado o prazo das reclamações, se nenhuma for deduzida, a secretaria notificara cada
uma das partes de que a outra não reclamou;

Se houver reclamaçao notificara a parte contrária para responder, entregando-lhe ou


enviando-lhe o respectivo duplicado, as reclamações são decidas findo o prazo das repostas e
do despacho que sobre elas for proferido cabe agravo para a relação; da decisão desta não há
recurso (Artigo 511 nº3 e 4)

O questionário não faz caso julgado formal, pois é, um complexo de questões, não de
decisões.

A especificação uma vez transitada, faz caso julgado formal positivo, mas não negativa.

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Faz caso julgado formal positiva na medida em que o juiz, mal ou bem considerado certo
facto como confessado, admitido ou documentado, e por isso provado, transitada a
especificação não se pode mais discutir o processo que o facto reveste esta característica.

A especificação e o questionário podem ser modificados:

Por provimento ou atendimento da reclamação, ou do recurso de despacho sobre ela


proferido;

Por aditamento de novos factos, recolhidos em articulados supervenientes (Artigo 506 nº4)

O questionário pode ainda ser modificado por aditamento de novas questões, nos termos do
(Artigo 650 nº2 alínea f).

CAPITULO III

3.1 Conclusão

Terminados os articulados, o juiz pode marcar uma audiência preli- minar, onde pode
conciliar as partes, discutir as excepções, discutir o pedido, discutir as posições das partes ou
proferir despacho saneador.

Obtida a conciliação, o juiz homologa o acordo por sentença e a acção termina; se a acção
não terminar por conciliação, o juiz elabora o despacho saneador onde pode julgar uma
excepção que importa a absolvição total da instância ou do pedido ou conhecer o pedido que
conduza à improcedência da acção.

Se a acção não terminar ou nos casos em que não tenha sido realizada a audiência, o juiz
pode seleccionar a matéria de facto e a respectiva notificação às partes deve limitar-se a
proporcionar-lhes tomar posição por via de reclamação sobre tal selecção (Artigo 511 n.º 2,
1.ª parte).

Não havendo reclamação, hão-de as partes ser notificadas disso mesmo, podendo recorrer do
despacho saneador. Havendo reclamação e observado o contraditório, caberá ao juiz proferir
despacho sobre as reclamações apresentadas, o qual deve ser notificado às partes. Decididas
as reclamações, as partes são notificadas desse despacho, iniciando-se, desde a data da
notificação, a contagem do prazo de 8 (oito) dias para recorrerem do despacho saneador (art.
511.º, n.º 5), tendo em conta que o despacho que tiver decidido as reclamações, só pode ser
impugnado com o recurso que vier a ser interposto da decisão final (art. 511.º, n.º 3).

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Decidido o recurso do despacho saneador ou não havendo recurso, as partes são notificadas
disso mesmo, para, no prazo de 5 (cinco) dias, requererem a alteração do rol de testemunhas e
requererem quaisquer outras provas (art. 512.º, n.º 1).

Proferido o despacho saneador sem selecção da matéria de facto, devendo a acção prosseguir,
as partes são dele notificadas, podendo, no prazo de 8 (oito) dias a contar da sua notificação,
recorrer desse despacho.

Não havendo recurso ou, havendo, tendo sido notificadas da decisão que o tiver decidido, as
partes são notificadas disso mesmo (de que não houve recurso ou da decisão que decidiu o
recurso) para, no prazo de 5 (cinco) dias, requererem a alteração do rol de testemunhas e
requererem quaisquer outras provas (art. 512.º, n.º 1). Em qualquer dos casos indicados acima
inicia-se, então, a fase da instrução.

3.2 Referências Bibliográficas

TIMBANE, Tomas, Lições de Processo Civíl I, 1 Edição Escolar Editora, Maputo,2010.

MENDES. João de Castro, Direito processual civil, II Volume, Lisboa, Portugal, 1987.

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