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Aula 2: Procedimento sumariíssimo e Juizados Especiais .............................................................

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Introdução ............................................................................................................................. 2
Conteúdo................................................................................................................................ 4
Princípios norteadores do procedimento sumariíssimo ............................................ 4
Princípio fundamental dos Juizados .............................................................................. 5
Modelo oralidade ............................................................................................................... 5
Competência dos juizados especiais cíveis, sejam os estaduais (fazendários e
comuns), sejam os federais ........................................................................................... 12
Natureza da competência.............................................................................................. 12
Competência em razão do valor e da matéria .......................................................... 13
Causas de “menor complexidade”................................................................................ 16
Sentença ............................................................................................................................ 20
Execuções de causas....................................................................................................... 21
Competência territorial (em razão do foro) ............................................................... 22
Omissão das Leis nºs 10.259/01 e 12.153/09 .............................................................. 23
Atividade proposta .......................................................................................................... 25
Referências........................................................................................................................... 27
Exercícios de fixação ......................................................................................................... 29
Notas ........................................................................................................................................... 35
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 37
Aula 2 ..................................................................................................................................... 37
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 37

NOVOS INSTRUMENTOS PROCESSUAIS 1


Introdução
Após a análise dos aspectos introdutórios (porém fundamentais) tratados na 1ª
aula, precisamos avançar aos princípios norteadores deste procedimento
sumariíssimo, como também da competência, em todo o sistema dos Juizados.

Segundo o art. 2º da Lei 9.099/95, este procedimento deve ser orientado pelos
critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e
celeridade, buscando, sempre que possível, a autocomposição, por uma de
suas formas (transação, renúncia ao direito sobre que funda a ação ou
reconhecimento da procedência do pedido).

Esses princípios refletem, com nitidez, a imposição constitucional segundo a


qual o processo deveria se orientar pela oralidade e ainda ultrapassar a
sumariedade comum a outros procedimentos (como o comum). E as 3 (três)
leis responsáveis por esse procedimento sumariíssimo procuraram, em regra e
por sua vez, atender ao referido art. 2º (Lei 9.099/95), de forma que seu
conhecimento torna-se essencial à compreensão do sistema, como um todo e,
consequentemente, do nosso Curso também.

Objetivo:
1. Compreender os princípios norteadores dos procedimentos dos Juizados
Especiais;

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2. Analisar as regras de competência aplicadas aos Juizados Especiais Cíveis,
em todo o seu sistema, isto é, os “comuns”, entendidos como os não
fazendários (lato), assim como as regras de competência aplicáveis aos
Juizados Especiais Estaduais Fazendários e aos Federais.

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Conteúdo
Princípios norteadores do procedimento sumariíssimo
Começamos a tratar dos princípios que norteiam todo o sistema previsto nas
leis em estudo (9.099/95, 10.259/01 e 12.153/09). A realidade constitucional
antes demonstrada, acompanhada das leis ordinárias igualmente antes citadas,
deixam evidentes alguns princípios sobre os quais você precisa refletir: alguns,
expressamente previstos na própria Carta, outros dela (Artigo 98, I) originados
(Artigo 2º, Lei 9.099/95).

Reforcemos, portanto, que, antes do Artigo 2º da Lei nº 9.099/95, temos o


Artigo 98,I, da Constituição, de forma a chegar em consectário lógico de que os
princípios daquele devem se coadunar com os comandos deste e, com isso,
estabelecemos o seguinte quadro:

O que se está pretendendo demonstrar (com a tabela) é a existência de uma


sobreposição de determinados princípios ou critérios sobre outros,
especialmente quando aqueles são comandos constitucionais e, estes, critérios
previstos pela legislação ordinária. Assim, por exemplo, ter estabelecido o
legislador constituinte que o procedimento deveria ser sumariíssimo e a Lei nº
9.099/95, em atendimento a ele, que o procedimento deveria ser simples e
informal.

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Princípio fundamental dos Juizados
Nesses termos, a busca pela autocomposição pode ser inserida como o princípio
fundamental dos Juizados, ao lado do comando constitucional de que neles
(Juizados), o procedimento fosse sumariíssimo.

Isso por nos parecer que, paralelamente à preocupação de que houvesse um


procedimento ainda mais célere do que o já conhecido ”sumário” do CPC/73
(revogado pelo CPC/2015), a preocupação do legislador constituinte também
era de que o legislador ordinário fomentasse, sempre que possível, a busca
pelas diversas formas de conciliação.

São critérios distintos e independentes (porém, certamente, compatíveis), ou


seja, um não depende do outro e, considerando os propósitos de ampliação do
acesso à justiça de que antes já tratamos, ambos foram inseridos no Artigo 98,
I da Carta.

Modelo oralidade
Com intuito de tornar mais efetivos esses 2 (dois) objetivos constitucionais (a
incessante busca pela autocomposição e a criação de um procedimento
sumariíssimo), optou-se por um processo cujo modelo fosse o da oralidade, o
qual, por sua vez, possui, diretamente, o que podemos denominar de
subprincípios (prevalência da palavra escrita, concentração, identidade física e
irrecorribilidade das decisões interlocutórias), assim como depende,
indiretamente, da implementação de outros 4 (quatro) critérios, quais sejam:
simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade.

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Podemos organizá-los e, de forma não exaustiva, conceituá-los, nos seguintes
termos:

BUSCA PELA AUTOCOMPOSIÇÃO

Mauro Cappelletti denominou de justiça coexistencial a busca de soluções


consensuais, em que se consiga destruir a animosidade existente entre as
partes. Percebemos, claramente, uma tendência, no direito processual
moderno, à busca de soluções consensuais. Basta ver que, nas reformas por
que passou o CPC, fizeram com que nele se incluísse não a audiência de
conciliação ou mediação (art. 334) como acrescentou aos poderes do juiz o de
convocar as partes, a qualquer tempo, para tentar a autocomposição, como
também é certo que, não havendo autocomposição do conflito, realiza-se uma
audiência de instrução e julgamento, em que haverá nova tentativa de
conciliação.

Nos próprios Juizados, inclusive, na execução de sentença, oferecidos os


embargos do executado, deverá ser convocada uma audiência de conciliação.
No processo de execução fundado em título extrajudicial, efetivada a penhora,
são as partes convocadas para uma audiência de conciliação.

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ORALIDADE

O princípio da oralidade, como já se disse, é, entre os critérios informadores do


procedimento sumariíssimo, o principal instrumento por meio do qual os
propósitos de ampliação do acesso à justiça e efetividade do processo podem
ser atingidos. Funda-se, como salientado, diretamente, em outros que o tornam
praticável e lhe dão significação e relevância processual: prevalência da palavra
falada, identidade física do juiz, a concentração e a irrecorribilidade das
decisões interlocutórias.

Prevalência Identidade Irrecorribilidade


física do juiz: das decis.
da palavra Concentração:
interlocutórias:
escrita:

EXEMPLOS: Caracteriza-se Os atos processuais As partes não


Possibilidade de pelo contato devem ser podem, livremente,
constituição de imediato entre o concentrados, ou seja, sempre
advogado juiz e as fontes fundamentalmente, que quisessem
oralmente (Art. de prova oral em audiência. (sem nenhum
8º, p. 3º, Lei (depoimento das Trata-se de limite), recorrer
9.099/95); partes, evidente meio de se das decisões
testemunhas, buscar assegurar, interlocutórias.
perito). No ao máximo, o Mesmo na forma
Gravação dos processo oral, em contato imediato "retida", tal como
atos especial, o juiz entre o juiz e as previa o art. 523,
processuais que que julga deve fontes de prova CPC/73, poderia
não sejam ser aquele que, oral, de forma a se gerar um número
considerados de fato, colheu a chegar ao modelo inconveniente de
essenciais, com prova, o que de um verdadeiro petições e
a dispensa da implica dizer que processo oral, interrupções ao
degravação da

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prova oral aquele que quebrando-se, na regular
colhida em presidiu a medida do possível, processamento do
audiência (Art. audiência de todas as barreiras à feito, em evidente
13, p. 3º e Art. instrução e maior proximidade desacordo com a
36, Lei julgamento e entre os celeridade
9.099/95); pode jurisdicionados e os processual,
adequadamente julgadores. característica de
valorar as provas um procedimento
Pedido oral que nela tenham como esse.
(reduzido a sido produzidas,
termo) no deva ser o
núcleo de
1º prolator da
atendimento do sentença.
Juizado (Art.
14, caput e p.
3º, Lei
9.099/95);

SIMPLICIDADE E ECONOMIA PROCESSUAL E


INFORMALIDADE CELERIDADE

A simplicidade é uma consequência Entende-se a economia processual,


natural dos comandos constitucionais considerada como mais um princípio a
do art. 98, I (CRFB/88). Assim como ser estudado, não exatamente como
acima se fez, não é difícil enxergar a uma característica autônoma, mas sim
caracterização da simplicidade como resultado ou instrumento
preconizada nas leis sob análise. complexo aglutinador de todas as
Perceba: i) Descabimento de outras características (ou princípios) já
intervenções de terceiro, inclusive a mencionadas, cujo propósito é a
assistência, como também não cabe obtenção do máximo rendimento com

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reconvenção (Art. 10 e Art. 31, Lei o mínimo de atos processuais. Ao se
9.099/95): ii) Possibilidade das exigir menos complexidade na
diversas formas de conciliação, mesmo elaboração da petição inicial, aceitar
sem a redução a termo do pedido e intimações não comuns aos demais
independente de citação, acaso ambas procedimentos (como intimação por
compareçam em juízo (Art. 17, Lei telefone), não se permitirem recursos
9.099/95); iii) Possibilidade de contra decisões interlocutórias (salvo
produção de provas em audiência, nas expressas previsões de tutela de
independente de prévio requerimento urgência), reduzir o prazo para o
(Art. 46, Lei 9.099/95). recurso contra a sentença, enfim, com
tantas medidas como essas (e outras
A informalidade, por sua vez,
objeto deste Curso), reduzem-se,
relaciona-se com os atos processuais e
naturalmente, os esforços em prol,
sua dispensa de formas rígidas. O
também, de uma celeridade do
pedido e a petição inicial que o
procedimento como um todo, de que
contém, por exemplo, como previsto
ora se deve tratar.
no Art. 14 da Lei 9.099/95, são bem
menos formais do que o previsto no Diga-se, oportunamente, então, que a
art. 319, CPC/15. De uma forma geral, celeridade é tida como um consectário
enfim, a informalidade resta bem de uma bem-sucedida economia
caracterizada no procedimento processual. Celeridade que não se
sumariíssimo, quando se lê o art. 13 confunde com a tempestividade que
da mesma lei, segundo o qual os atos passou a ser expressa no art. 5º
processuais serão válidos sempre que (inciso LXXVIII), pela reforma de
preencherem as finalidades, atendidos 2004. Esta é uma razoabilidade
os critério indicados no seu Art. 2º, considerada como uma garantia
não se conhecendo nenhuma nulidade fundamental de todos os processos
sem que tenha havido prejuízo. (judiciais e administrativos), muito
mais ampla do que a celeridade, em
sentido estrito, que impõe uma
eliminação e simplificação prática dos
atos e procedimentos não

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necessariamente presente naquela
(tempestividade), considerada, por
sua vez, como um direito fundamental
da coletividade em geral, em suas
postulações (jurisdicionais e
administrativas, como dito).

A fim de demonstrar melhor a aplicação desses princípios, vamos apresentar


alguns Enunciados (XXXIV FONAJE) que os refletem:

ENUNCIADO PRINCÍPIO

ENUNCIADO 71 – É cabível a Princípio da busca pela


designação de audiência de conciliação autocomposição.
em execução de título judicial.

ENUNCIADO 123 – O art. 191 do Princípios da Simplicidade e


CPC/73 não se aplica aos processos Celeridade.
cíveis que tramitam perante o Juizado
Especial (XXI Encontro – Vitória/ES).

ENUNCIADO 86 – Os prazos
processuais nos procedimentos
sujeitos ao rito especial dos Juizados
Especiais não se suspendem e nem se
interrompem (nova redação – XXI
Encontro – Vitória/ES).

ENUNCIADO 03 – Não há prazo


diferenciado para a Defensoria Pública
no âmbito dos Juizados Especiais da

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Fazenda Pública (XXIX Encontro –
Bonito/MS).

ENUNCIADO 113 – As turmas recursais Princípio da Informalidade.


reunidas poderão, mediante decisão de
dois terços dos seus membros, salvo
disposição regimental em contrário,
aprovar súmulas (XIX Encontro – São
Paulo/SP).

ENUNCIADO 77 – O advogado cujo


nome constar do termo de audiência
estará habilitado para todos os atos do
processo, inclusive para o recurso (XI
Encontro – Brasília-DF).

ENUNCIADO 112 – A intimação da Princípio da Celeridade e da


penhora e avaliação realizada na Informalidade.
pessoa do executado dispensa a
intimação do advogado. Sempre que
possível, o oficial de Justiça deve
proceder a intimação do executado no
mesmo momento da constrição judicial
(XX ENCONTRO).

ENUNCIADO 100 – A penhora de


valores depositados em banco poderá
ser feita independentemente de a
agência situar-se no Juízo da execução
(XIX Encontro – Aracaju/SE).

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ENUNCIADO 43 – Na execução do
título judicial definitivo, ainda que não
localizado o executado, admite-se a
penhora de seus bens, dispensado o
arresto. A intimação de penhora
observará ao disposto no artigo 19, §
2º, da Lei 9.099/1995.

Competência dos juizados especiais cíveis, sejam os estaduais


(fazendários e comuns), sejam os federais
Nesta última parte de nossa segunda aula, trataremos da competência
territorial, como também da competência em razão do valor e da matéria, nos
Juizados comuns e nos fazendários (lato), ou seja, federais e estaduais.

Precisamos começar, contudo, pela natureza (absoluta ou relativa) da


competência dos Juizados, em todos esses planos, isto é, é necessário saber se
(ou quando) o jurisdicionado pode optar por não se valer do sistema, e propor
suas ações, ainda que de competência do procedimento sumariíssimo, nos
demais órgãos (do que se costuma chamar de “justiça comum”) e utilizar o
procedimento comum.

Em seguida, trataremos da competência em razão do valor e da matéria;


finalmente, encerraremos com a competência territorial.

Natureza da competência
A interpretação dos dispositivos legais que versam sobre a matéria não é muito
complexa. Veja só:

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No plano fazendário, as respectivas leis são bastante claras: não pode o Autor
optar por outro órgão, se a causa for de competência dos Juizados e, no foro
respectivo, ele estiver instalado. O que contraria o que parece ter sido a
vontade da primeira Lei dos Juizados (9.099/95), isto é, estabelecer uma
competência relativa. A Lei 9.099/95 não foi tão clara, mas a interpretação
jurisprudencial é pacífica pela natureza relativa.

Diante da clareza legislativa, vemos que aos órgãos jurisdicionais não havia
outra opção senão ratificar a competência absoluta. [...] a competência do
Juizado especial federal cível é absoluta e, por se tratar de questão de ordem
pública, deve ser conhecida de ofício pelo juiz, nem que para isto tenha o
mesmo de reavaliar o valor atribuído erroneamente à causa (TRF-4ª Região. AG
2007.04.00.004895-7, 5ª Turma, rel. Des. Federal Luiz Antonio Bonat).

Competência em razão do valor e da matéria


Avancemos aos demais aspectos a respeito da competência: em razão do valor,
da matéria e territorial. É preciso estabelecer que os Juizados Especiais Cíveis
não fazendários (os chamados “comuns”) têm sua competência regida por 2
(dois) aspectos, quais sejam, o valor da causa, no caso dos incisos I e IV do
Artigo 3º da Lei 9.099/95, e a matéria, como no caso dos incisos II e III do
mesmo artigo (3º). Fato não presente nas Leis 10.259/01 e 12.153/09.

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Considerando que o sistema reúne, como sabemos, 3 (três) Juizados com suas
respectivas competências (semelhantes entre si, é verdade), criamos, para
este Curso, o quadro a respeito deste assunto:

ESTADUAL (Lei FEDERAL (Lei ESTADUAL


9.099/95) 10.259/01) FAZENDÁRIO (Lei
12.153/09)

Art. 3º O Juizado Especial Art. 3o Compete ao Juizado Art. 2o É de competência


Cível tem competência Especial Federal Cível dos Juizados Especiais da
para conciliação, processo processar, conciliar e julgar Fazenda Pública processar,
e julgamento das causas causas de competência da conciliar e julgar causas
cíveis de menor Justiça Federal até o valor cíveis de interesse dos
complexidade, assim de sessenta salários Estados, do Distrito
consideradas: mínimos, bem como Federal, dos Territórios e
executar as suas dos Municípios, até o valor
I - as causas cujo valor não
sentenças. de 60 (sessenta) salários
exceda a quarenta vezes o
mínimos.
salário mínimo;
§ 1o Não se incluem na
II - enumeradas no art. § 1o Não se incluem na
competência do Juizado
275, II, do CPC/73 (que competência do Juizado

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permanece em vigor, para Especial Cível as causas: Especial da Fazenda
fins da Lei 9099/95); Pública:

III - a ação de despejo


I - referidas no art. 109,
para uso próprio;
incisos II, III e XI, da I – as ações de mandado
IV - as ações possessórias Constituição Federal, as de segurança, de
sobre bens imóveis de ações de mandado de desapropriação, de divisão
valor não excedente ao segurança, de e demarcação, populares,
fixado no inciso I deste desapropriação, de divisão por improbidade
artigo. e demarcação, populares, administrativa, execuções
execuções fiscais e por fiscais e as demandas
§ 1º Compete ao Juizado
improbidade administrativa sobre direitos ou interesses
Especial promover a
e as demandas sobre difusos e coletivos;
execução:
direitos ou interesses
I - dos seus julgados; difusos, coletivos ou
II – as causas sobre bens
II - dos títulos executivos individuais homogêneos;
imóveis dos Estados,
extrajudiciais, no valor de
Distrito Federal, Territórios
até quarenta vezes o
II - sobre bens imóveis da e Municípios, autarquias e
salário mínimo, observado
União, autarquias e fundações públicas a eles
o disposto no § 1º do art.
fundações públicas vinculadas;
8º desta lei.
federais;
§ 2º Ficam excluídas da
competência do Juizado III – as causas que tenham
Especial as causas de III - para a anulação ou como objeto a impugnação
natureza alimentar, cancelamento de ato da pena de demissão
falimentar, fiscal e de administrativo federal, imposta a servidores
interesse da Fazenda salvo o de natureza públicos civis ou sanções
Pública, e também as previdenciária e o de disciplinares aplicadas a
relativas a acidentes de lançamento fiscal; militares.
trabalho, a resíduos e ao
estado e capacidade das
de IV - que tenham como § 2 Quando a pretensão
o
pessoas, ainda que
cunho patrimonial. objeto a impugnação da versar sobre obrigações
pena de demissão imposta vincendas, para fins de

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a servidores públicos civis competência do Juizado
ou de sanções disciplinares Especial, a soma de 12
aplicadas a militares. (doze) parcelas vincendas
e de eventuais parcelas
vencidas não poderá
§ 2 Quando a pretensão exceder o valor referido no
o

versar sobre obrigações caput deste artigo.


vincendas, para fins de
competência do Juizado
Especial, a soma de doze
parcelas não poderá
exceder o valor referido no
art. 3o, caput.

COMPETÊNCIA COMPETÊNCIA COMPETÊNCIA


RELATIVA ABSOLUTA ABSOLUTA

Você consegue perceber, claramente, que os Juizados “não fazendários” (lato)


(ou, simplesmente, os “estaduais comuns”) possuem competência não apenas
para “pequenas causas”, como também para outras causas consideradas de
“menor complexidade”, independente do valor, como, por exemplo, ação de
despejo para uso próprio e as causas previstas no art. 275, II, CPC/73.

Causas de “menor complexidade”


É preciso frisar o Enunciado 58 (XXXIV FONAJE) exatamente neste sentido,
segundo o qual as causas cíveis enumeradas no referido artigo (275, II,
CPC/73) admitem condenação superior a 40 (quarenta) salários mínimos e sua
respectiva execução, no próprio Juizado.

Em complemento às alíneas “a”, “b” e “c”, citamos os seguintes Enunciados


(XXXIV FONAJE):

NOVOS INSTRUMENTOS PROCESSUAIS 16


ENUNCIADO: ESCLARECIMENTO:

ENUNCIADO 87 – A Lei 10.259/2001 Como dito antes, esta é a


não altera o limite da alçada previsto demonstração de que não temos um
no artigo 3°, inciso I, da Lei microssistema em seu sentido
9.099/1995 (XV Encontro – verdadeiro, qual seja, aquele que
Florianópolis/SC). estabeleceria uma reciprocidade entre
as leis que o integram. Se houvesse, a
Lei 10.259/01 teria alterado o art. 3º,
I, da Lei 9.099/95.

ENUNCIADO 8 – As ações cíveis Os procedimentos especiais são


sujeitas aos procedimentos especiais incompatíveis entre si, logo, seria
não são admissíveis nos Juizados inviável, por exemplo, uma ação de
Especiais. consignação em pagamento, em que
se autoriza um depósito no início do
procedimento, como compatível com
os Juizados, em que os autos sequer,
em regra, vão à conclusão entre a
distribuição e audiência.

ENUNCIADO 30 – É taxativo o elenco Sua ampliação implicaria em risco


das causas previstas na o art. 3º da grande de se violarem os termos do
Lei 9.099/1995. art. 98, I, da CRFB/88. Logo, a fim de
se dar maior estabilidade aos
comandos constitucionais, melhor
deixar com o legislador federal a
determinação desta competência.

ENUNCIADO 54 – A menor Aplica-se, neste aspecto, a própria Lei


complexidade da causa para a fixação 9.099/95, que não fez restrições ao
da competência é aferida pelo objeto direito material, senão as poucas do
da prova e não em face do direito art. 3º da lei.
material.

NOVOS INSTRUMENTOS PROCESSUAIS 17


ENUNCIADO 139 (substitui o Os interesses coletivos (lato) estão
Enunciado 32) – A exclusão da previstos no art. 81, parágrafo único,
competência do Sistema dos Juizados da Lei 8.078/90 e são,
Especiais quanto às demandas sobre especificamente, os difusos, coletivos
direitos ou interesses difusos ou (estrito) e individuais homogêneos.
coletivos, dentre eles os individuais Estes interesses pertencem à
homogêneos, aplica-se tanto para as coletividade (determinada ou não,
demandas individuais de natureza conforme o caso) e sua complexidade,
multitudinária quanto para as ações certamente, não é compatível com o
coletivas. Se, no exercício de suas procedimento sumariíssimo. Não
funções, os juízes e tribunais tiverem apenas porque as causas, sem dúvida,
conhecimento de fatos que possam vão muito além do teto, mas também
ensejar a propositura da ação civil porque o próprio procedimento foge às
coletiva, remeterão peças ao MP para limitações dos Juizados, como atuação
as providências cabíveis (XXVIII do Ministério Público, prazos
Encontro – Salvador/BA). diferenciados em favor da fazenda e
reexame necessário.

Causas

Menor complexidade - Não podem ser aplicadas a renúncia prevista no


parágrafo 3º do Artigo 3º da Lei nº 9.099/95 e a ineficácia prevista no Artigo
39 da mesma lei, por se tratarem de limitações específicas às causas cuja
competência seja estabelecida pelo valor.

Ora, se é cabível ação de ressarcimento por danos em prédio urbano (275, II,
CPC/73), independente do valor, não podemos aceitar que o autor estaria
renunciando ao que exceder a 40 (quarenta) salários mínimos, tampouco dizer
que a sentença seria ineficaz naquilo em que exceder o referido teto.

NOVOS INSTRUMENTOS PROCESSUAIS 18


Pequena - Já os fazendários (lato), isto é, os estaduais fazendários e os
federais, têm sua competência restrita a “pequenas causas”, ou seja, as causas
de “menor complexidade” segundo o seu valor.

Ambos os casos - Mas em ambos os casos – é preciso que você perceba, que,
seja quanto às causas segundo seu valor ou independente dele, existem
restrições presentes nas 3 (três) leis, segundo as quais determinadas causas,
de forma absoluta, não seriam consideradas como de “menor complexidade”.

 parágrafos 1º dos Artigos 3º da Lei nº 9.099/95


 parágrafos 1º dos Artigos 3º da Lei nº 10.259/01
 parágrafo 1º do Artigo 2º da Lei nº 12.153/09

Significado do exposto - Caminharão aos Juizados Especiais Cíveis Estaduais


não fazendários, facultativamente, as causas até 40 (quarenta) salários
mínimos e as ações possessórias sobre imóveis com valor não superior ao
mesmo teto (de 40 (quarenta) salários mínimos), desde que não se enquadrem
nas restrições acima lembradas (parágrafo 1º do Artigo 3º da Lei nº 9.099/95);

Caminharão também a eles (JECs não fazendários), igualmente de forma


facultativa, as seguintes causas, independente do valor: as enumeradas no
275, II, CPC/73, inciso II, do Código de Processo Civil e a ação de despejo para
uso próprio;

Caminharão aos Juizados Especiais Cíveis estaduais fazendários e federais


(igualmente fazendários), obrigatoriamente (desde que, no foro competente,
ele Juizado exista), as causas cujo valor não exceda 60 (sessenta) salários
mínimos, desde que, assim como no item “a” acima, não se enquadrem nas
restrições antes frisadas (nos Artigos 3º da Lei nº 10.259/01 e 2º da Lei nº
12.153/09).

NOVOS INSTRUMENTOS PROCESSUAIS 19


Sentença
A propósito do antes citado art. 275, II, CPC/73, há relevante menção a ele no
artigo 1.063 do CPC/2015, que estabelece que, até que seja editada Lei
específica, os Juizados Especiais Cíveis continuam competentes para o processo
e julgamento das causas nele (art. 275, II) previstas.

Eis a primeira questão: a permanência do artigo em questão, permitindo,


por exemplo, determinadas ações de indenização em valor superior a 40
(quarenta) salários mínimos, ou mesmo, em tese, ação de cobrança de cotas
condominiais.

Essa, pois, a segunda questão: a cobrança de cotas condominiais, previstas


no aludido dispositivo, que se torna complexa, principalmente por 2 (duas)
razões: (a) a possibilidade de ajuizar execução, e (b) e a capacidade de ser
parte dos Condomínios destas cotas, no procedimento sumariíssimo.

Há de se resolver o problema:
Aceitando a capacidade de ser AUTOR, por parte do condomínio, como aceito,
inclusive, por parte da doutrina e jurisprudência, admissão inclusive ratificada
por enunciado do FONAJE (Enunciado número 9);

Lembrando que, consoante estabelecido pelo CPC/2015, a opção pela tutela de


execução é de efetiva escolha do exequente, de maneira que, se assim desejar
o Condomínio CREDOR, pode se valer do procedimento sumariíssimo ou,
segundo sua conveniência, pode valer-se, diretamente, da ação de execução
por título extrajudicial, fora dos Juizados.

Atenção

Ainda quanto à competência, importante frisar a aplicação do art.


63, parágrafo 3º do CPC/2016 ao Sistema dos Juizados. Com a

NOVOS INSTRUMENTOS PROCESSUAIS 20


alteração da Lei 9.099/95, procedida pela Lei 12.126/2009,
admitem-se, como demandantes, microempresas, pessoas
jurídicas qualificadas como organização da sociedade civil de
interesse público e sociedade de crédito ao microempreendedor,
o que permitiria vislumbrar ações oriundas de contratos de
adesão por elas celebrados.

Execuções de causas
Há ainda a questão das execuções de causas que, originariamente, não
ultrapassavam o teto, as quais, contudo, ao chegaram à fase de cumprimento
de sentença, em muito as ultrapassam. Mas, quanto aos Juizados Estaduais não
fazendários, a questão passa, de fato, por aspectos inerentes à competência,
que precisamos levantar.

 A questão que se coloca é a existência de quantias de determinadas


naturezas que não se submetem ao teto previsto no inciso I do Artigo 3º
da Lei nº 9.099/95, no Artigo 3º da Lei nº 10.259/01 e 2º da Lei nº
12.153/09 (e não estamos tratando das causas dos incisos II e III do
Artigo 3º da Lei nº 9.099/95).

 Consoante entendimento jurisprudencial pacífico, como se vê,


constantemente, em julgados do STJ (Rcl 7861 / SP, por exemplo), faz-
se relevante o valor da causa por ocasião do ajuizamento da causa,
não importante os acréscimos no curso do processo.

 Em regra derivados de:


I. Aplicação de juros e correção monetária;
II. Aplicação de multa diária, em tutela específica, reguladas, no CPC/2015, em
artigos como o 536 e 538;
III. Aplicação da multa prevista no cumprimento de sentença de obrigação de
pagar;

NOVOS INSTRUMENTOS PROCESSUAIS 21


IV. Incidência de honorários de sucumbência, nos casos previstos no Sistema
dos Juizados.

Competência territorial (em razão do foro)


Tratemos, agora, da competência de foro. O demandante, ao optar (ou a ser
obrigado, no caso dos juizados de natureza fazendária) pelos Juizados, deve-se
encaminhar a qual foro? Serão aplicáveis, diretamente, os artigos
correspondentes do Código de Processo Civil?

E quanto às competências territoriais dos Juizados de natureza fazendária e os


Juizados estaduais “comuns” (em que as fazendas não podem atuar), há
distinções? É interessante a questão porque a Lei nº 9.099/95 tratou da
matéria em seu Artigo 4º, enquanto as Leis nºs 10.259/01 e 12.153/09 não o
fizeram.

Apenas do mencionado Artigo 4º (Lei nº 9.099/95), aplicável, certamente, aos


Juizados Especiais Cíveis “comuns” (não fazendários). E isso já responde à
primeira indagação, em que se provocava o leitor a responder se teríamos de
nos socorrer, diretamente, do foro do domicílio do devedor, por exemplo. Pois
então: não temos.

Precisamos tratar do referido Artigo 4º, mais especificamente, dos incisos I e


III deste artigo 4º. Trata-se de um artigo que estabelece uma competência
concorrente, tal como prevê seu parágrafo único.

Essa é uma situação bem comum no dia a dia dos Juizados, qual seja, a ação
ser proposta no foro do domicílio do réu (na maioria das vezes, pessoas
jurídicas fornecedores, em relações de consumo), tal como está previsto no
próprio CPC. Questão relevante é a opção da escolha de qualquer lugar onde o
réu exerça suas atividades profissionais. Partilhamos do entendimento segundo
o qual essa opção poderá se dar apenas quando a demanda versar sobre fato
que diga respeito à atividade profissional do demandando e, quando for pessoa

NOVOS INSTRUMENTOS PROCESSUAIS 22


jurídica, deverá ser a demanda ajuizada no seu domicílio principal. Versando a
causa, porém, fato ocorrido em sucursal, filial etc., a demanda poderá ser
ajuizada no foro onde este esteja localizado.

Omissão das Leis nºs 10.259/01 e 12.153/09

Antes de encerrar, voltaremos à seguinte indagação: qual a competência


territorial dos Juizados “de natureza fazendária”, estaduais e federais? Diante
da omissão das Leis nºs 10.259/01 e 12.153/09, precisamos fazer o que de
comum se faz quando há omissões como essa. Aplicar subsidiariamente a Lei
nº 9.099/95 (no caso, o Artigo 4º), em primeiro lugar. Não bastante,
precisaremos nos valer do CPC.

E, nestas aplicações subsidiárias, precisamos nos lembrar de que, nos Juizados


“de natureza fazendária”, temos, como Réus, pessoas jurídicas de direito
público (União, Estados, Municípios, Distrito Federal, autarquias e fundações
públicas) e pessoas jurídicas de direito privado (empresas públicas).

Assim, podemos trazer o seguinte quadro, útil aos Juizados Especiais Cíveis
estaduais fazendários e federais:

NOVOS INSTRUMENTOS PROCESSUAIS 23


Réus:

Pessoas jurídicas de Estados, municípios e União:


direito privado (empresas Distrito Federal, bem
públicas): como suas autarquias e
fundações públicas:

Art. 4º, da Lei 9.099/95 Artigos 46 e seguintes, Art. 100, § 2º, CRFB/88
CPC/2015, mas - As causas intentadas
abrangentes e contra a União poderão
adequados às pessoas ser aforadas na seção
jurídicas de direito judiciária em que for
público, nos planos domiciliado o autor,
estadual, municipal e naquela onde houver
distrital. ocorrido o ato ou fato
que deu origem à
demanda ou onde esteja
situada a coisa, ou,
ainda, no Distrito
Federal.

Ex.: Ação de indenização Ex.: Ação de cobrança Ex.: Ação de indenização


em face de uma empresa em face do Estado do em face da União, em
pública concessionária e Rio de Janeiro, em valor valor não superior a 60
distribuidora do serviço não superior a 60 (sessenta) salários
de água, em evidente (sessenta) salários mínimos.
relação de consumo, em mínimos.
valor não superior a 60
(sessenta) salários
mínimos.

Esta ação poderia ser Esta ação poderia ser Esta ação pode ser
proposta no foro do proposta no foro do proposta, por exemplo,
domicílio do Autor ou do domicílio do Réu. no foro do domicílio do

NOVOS INSTRUMENTOS PROCESSUAIS 24


Réu, aplicando-se o art. Autor.
4º, inciso I ou IV, da Lei
9.099/95.

Atividade proposta
Em determinado processo (a cuja causa foi atribuído, pelo autor, o valor de R$
3.500,00), em trâmite perante o Juizado Especial cível não fazendário, o réu,
contra o qual foi estipulada obrigação de fazer em antecipação de tutela
(decisão interlocutória), descumpriu-a deliberadamente, mesmo intimado
pessoalmente para seu cumprimento, o que perdurou até após meses o trânsito
em julgado da sentença, que manteve a referida tutela (que, no caso, foi de
urgência). Como foi estipulada multa diária em caso de descumprimento, seu
valor atingiu, considerando-a até a data do efetivo cumprimento, a cifra de R$
387.000,00 (trezentos e oitenta e sete mil reais).

O devedor, ao ser intimado para pagamento da quantia, ofereceu instrumento


de resistência cabível, alegando que:
a) o valor da execução ultrapassa o teto dos Juizados, previsto no Artigo 3º,
inciso I, da Lei nº 9.099/95 e, por conseguinte, o Juizado não seria competente
para o referido “cumprimento de sentença”;
b) mesmo que permaneça a execução nos Juizados, seu valor deve ser
reduzido, sobretudo pela falta de razoabilidade do valor a que ela (execução)
chegou, ainda que o cumprimento, efetivamente, tenha demorado tanto. Você,
como magistrado responsável pela apreciação desses fundamentos, deve
proferir decisão com qual conteúdo e por quê? Deveria aceitá-los ou recusá-los
e por quê?

Chave de resposta: Rcl 7861 / SP:

RECLAMAÇÃO. 2012/0022014-8 (11/09/2013). RECLAMAÇÃO. JUIZADOS


ESPECIAIS. COMPETÊNCIA PARA EXECUTAR SEUS PRÓPRIOS JULGADOS.

NOVOS INSTRUMENTOS PROCESSUAIS 25


VALOR SUPERIOR A 40 SALÁRIOS MÍNIMOS. ASTREINTES. DESCUMPRIMENTO
DE LIMINAR. REDUÇÃO DO QUANTUM DA MULTA DIÁRIA. RECLAMAÇÃO
PARCIALMENTE PROCEDENTE.

1. Nos termos do artigo 3º, § 1º, I, da Lei 9.099/2005, compete ao Juizado


Especial a execução de seus julgados, inexistindo, no preceito legal, restrições
ao valor executado, desde que, por ocasião da propositura da ação, tenha sido
observado o valor de alçada (RMS 33.155/MA, Rel. Ministra Maria Isabel
Gallotti, Quarta Turma, DJe 29/08/2011).

2. O fato de o valor executado ter atingido patamar superior a 40 (quarenta)


salários mínimos, em razão de encargos inerentes à condenação, não
descaracteriza a competência do Juizado Especial para a execução de seus
julgados.

3. A multa cominatória (...) não se revela como mais um bem jurídico em si


mesmo perseguido pelo autor, ao lado da tutela específica a que faz jus. Sua
fixação em caso de descumprimento de determinada obrigação de fazer tem
por objetivo servir como meio coativo para o cumprimento da obrigação.

4. Dessa forma, deve o juiz aplicar, no âmbito dos juizados especiais, na análise
do caso concreto, os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, além de
não se distanciar dos critérios da celeridade, simplicidade e equidade que
norteiam os juizados especiais, mas não há limite ou teto para a cobrança do
débito acrescido da multa e outros consectários.

5. No caso concreto buscou-se, na fase de cumprimento de sentença, o


recebimento de valor a título de astreintes no montante de R$ 387.600,00 (o
que corresponde, em valores atualizados até a presente data e com juros de
mora a R$ 707.910,38), quando o valor da condenação principal - danos morais
- ficou em R$3.500,00.

NOVOS INSTRUMENTOS PROCESSUAIS 26


6. Sopesando o fato de o valor fixado a título de astreintes revelar-se, na
hipótese, desarrazoado ao gerar o enriquecimento sem causa, com a gravidade
da conduta da reclamante ao manter o nome da autor em cadastro restritivo
por mais de dois anos, sem justificativa razoável, o valor da multa deve ser
reduzido para R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

7. Reclamação parcialmente procedente.

Também citados o ENUNCIADO 144 do FONAJE: A multa cominatória não fica


limitada ao valor de 40 salários mínimos, embora deva ser razoavelmente
fixada pelo Juiz, obedecendo ao valor da obrigação principal, mais perdas e
danos, atendidas as condições econômicas do devedor (XXVIII Encontro –
Salvador/BA).

Material complementar

Para saber mais sobre os Princípios e Competências do Juizado


Especial, veja as referências:

CUNHA, Luciana Gross. Juizado especial: criação, instalação,


funcionamento e democratização do acesso à justiça. São Paulo:
Saraiva, 2009. p. 1-50.

ROSSATO, Luciano Alves. Sistema dos juizados especiais. São


Paulo: Saraiva, 2012. p.13-34.

Referências
CÂMARA, Alexandre Freitas. Juizados especiais cíveis estaduais federais e
da fazenda pública: uma abordagem crítica. 7. ed. Rio de Janeiro: Lumen
júris, 2012.

NOVOS INSTRUMENTOS PROCESSUAIS 27


CAMARA, Alexandre Freitas. O novo processo civil brasileiro. São Paulo:
Atlas, 2015.
CARDOSO, Oscar Valente. Juizados especiais da fazenda pública. São
Paulo: Dialética, 2010.
CHIMENTI, Ricardo Cunha. Teoria e prática dos juizados especiais cíveis
estaduais e federais. 11. ed. São Paulo: Saraiva.
DIDIER JUNIOR, Fred. Curso de Direito Processual Civil, 17 ed. v.1.
Salvador: Jus Podium, 2015.
DIDIER JUNIOR, Fred, BRAGA, Paula Sarmo, OLIVEIRA, Rafael Alexandria.
Curso de Direito Processual Civil, 11 ed. v.2. Salvador: Jus Podium, 2016.
DIDIER JUNIOR, Fred, CUNHA, Leonardo Carneiro. Curso de Direito
Processual Civil, 13 ed. v.3. Salvador: Jus Podium, 2016.
DONIZETTI, Elpidio. Curso didático de direito processual civil. 19 ed. São
Paulo: Atlas, 2016.
CHIOVENDA, Giuseppe. Instituições de direito processual civil. 3. ed. trad.
De J. Guimarães Menegale, São Paulo: Saraiva, 1969. v. 3.
DINAMARCO, Cândido R. Manual das pequenas causas. São Paulo: RT,
1986. n. 47.
FLEXA, Alexandre, MACEDO, Daniel, BASTOS, Fabrício. Novo Código de
Processo Civil – temas inéditos, mudanças e supressões.2 ed. Salvador:
Jus Podium, 2016.
MARINONI, Luiz Guilherme Bittencourt. O custo e o tempo do processo civil
brasileiro. Porto Alegre: Síntese, 2002.
PINHO. Humberto Dalla Bernadina de Pinho. Direito processual civil
contemporâneo – teoria geral do processo. 6 ed. São Paulo: Saraiva,
2016.
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. 56 ed.
Vol. I. Rio de Janeiro: Forense, 2015.
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. 50 ed.
Vol. II. Rio de Janeiro: Forense, 2016.
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. 46. ed.
Rio de Janeiro: Forense, 2014.

NOVOS INSTRUMENTOS PROCESSUAIS 28


WATANABE, Kazuo (Coord.). Juizado especial de pequenas causas. São
Paulo: RT, 1985.
XAVIER, Flavia da Silva; SAVARIS, José Antonio. Manual dos recursos nos
juizados especiais federais. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2011.
Forum Nacional dos Juizados Especiais. Disponível em:
<http://www.fonaje.org.br>.

Exercícios de fixação
Questão 1

Nos Juizados especiais cíveis, entende-se não ser possível a possibilidade de


complemento de custas. Isso, certamente, em virtude do:

I – Princípio da irrecorribilidade em separado das decisões interlocutórias.

II – Princípio da informalidade.

III – Princípio da simplicidade.

a) Todas estão corretas

b) Apenas a I está correta

c) Apenas a II está correta

d) Apenas a III está correta

Questão 2

A respeito dos Juizados, é possível afirmar:

a) A prevalência da falada escrita e a oralidade são expressões sinônimas, e


um exemplo desses princípios seria a possibilidade de apresentar
embargos de declaração oralmente, em audiência.

b) A irrecorribilidade das decisões interlocutórias é uma realidade do


procedimento sumariíssimo, no entanto, cabe à parte protestar ao longo
da fase de conhecimento contra eventual ato decisório com o qual não

NOVOS INSTRUMENTOS PROCESSUAIS 29


concorde, fazendo registrar em ata, em audiência, por exemplo, sua
discordância, sob pena de preclusão.

c) A busca pela autocomposição, como um elemento fundamento dos


Juizados, permitiria que um juiz suspendesse a audiência de conciliação
e permitisse seu prosseguimento em outro dia, desde já designado, caso
as partes manifestassem eventual vontade de conciliar e, para tanto,
requeressem tal providência, a fim de melhor analisarem sua viabilidade.

d) A celeridade, como princípio norteador, impede os juízes dos juizados de


fazer a audiência de conciliação em um dia e a de instrução e
julgamento, em outro.

Questão 3

Leia os enunciados abaixo (XXXIV FONAJE, adaptados ao novo CPC):

I - ENUNCIADO 123 – A possibilidade de prazo em dobro não se aplica aos


processos cíveis que tramitam perante o Juizado Especial (XXI Encontro –
Vitória/ES).

II - ENUNCIADO 112 – A intimação da penhora e avaliação realizada na pessoa


do executado dispensa a intimação do advogado. Sempre que possível o oficial
de Justiça deve proceder a intimação do executado no mesmo momento da
constrição judicial (XX Encontro – São Paulo/SP).

III - ENUNCIADO 100 – A penhora de valores depositados em banco poderá ser


feita independentemente de a agência situar-se no Juízo da execução (XIX
Encontro – Aracaju/SE).

Esses Enunciados aplicam, em especial:

a) Os princípios da celeridade e da prevalência da palavra falada.

b) Os princípios da simplicidade e informalidade.

c) Os princípios da economia processual e da irrecorribilidade em separado


das decisões interlocutórias.

NOVOS INSTRUMENTOS PROCESSUAIS 30


d) Os princípios da busca pela autocomposição e informalidade.

Questão 4

Em qual ou quais das opções abaixo vê-se aplicação da busca pela


autocomposição:

I – ENUNCIADO 123 – A incidência de prazo em dobro (prevista no CPC) para


litisconsortes com advogados diferentes não se aplica aos processos cíveis que
tramitam perante o Juizado Especial (XXI Encontro – Vitória/ES).

II – ENUNCIADO 86 – Os prazos processuais nos procedimentos sujeitos ao rito


especial dos Juizados Especiais não se suspendem e nem se interrompem (nova
redação – XXI Encontro – Vitória/ES).

III – ENUNCIADO 71 – É cabível a designação de audiência de conciliação em


execução de título judicial.

a) Todas estão incorretas

b) Apenas a I está correta

c) Apenas a II está correta

d) Apenas a III está correta

Questão 5

Foram direcionadas as seguintes causas aos Juizados (não fazendário), todas


envolvendo pessoas físicas capazes e sem necessidade de perícia:

I – Ação de despejo, por falta de pagamento, cujo valor de causa equivale a


dez salários mínimos.

II – Ação possessória de bem móvel.

III – Ação de indenização por danos morais, em que se pede a condenação do


réu ao pagamento de quantia equivalente a 100 (cem) salários mínimos.

NOVOS INSTRUMENTOS PROCESSUAIS 31


Logo:

a) Em todas, haveria competência dos Juizados.

b) Considerando essas causas como de competência dos Juizados, a


natureza seria absoluta.

c) Somente a causa de número III poderia prosseguir e, ainda assim,


haveria ineficácia do que, eventualmente, ultrapassar o teto e não
decorresse dos acréscimos permitidos (como juros, correção e eventuais
honorários de sucumbência).

d) As assertivas II e III seriam possíveis, de acordo com o que prevê o


Artigo 3º da Lei 9.099/95, e considerando-se, também, a possibilidade
de renúncia ao que exceder ao teto.

Questão 6

Foi distribuída determinada Ação Monitória, com cobrança do equivalente a 10


salários mínimos, no Juizado especial cível não fazendário, envolvendo pessoas
físicas capazes e sem necessidade de perícia. Após os trâmites iniciais (como
distribuição e expedição automática de mandado de citação ao réu), os autos
foram conclusos ao Juiz, que deverá proferir a seguinte decisão:

a) Extinguir o feito, pela incompetência absoluta para conhecer de matéria


que tramite por este procedimento.

b) Deixar prosseguir o feito até a audiência de conciliação, diante da


possibilidade de audiência.

c) Deixar prosseguir o feito, regularmente, até o final, independente de se


tratar de um procedimento especial, segundo o CPC.

d) Declinar da competência, enviando o processo à Vara Cível, por se tratar


de uma causa que não atende à menor complexidade prevista em lei.

NOVOS INSTRUMENTOS PROCESSUAIS 32


Questão 7

Foi movida ação de cobrança no Juizado fazendário estadual, por microempresa


em face de empresa pública, em causa não excluída pela Lei 12.153/09, ainda
que não verse sobre relação de consumo. Esta ação:

I – Pode ser proposta no foro do domicílio do réu.

II – Pode ser proposta no foro do domicílio do autor, independente de qualquer


outro fator.

III – Pode ser proposta no foro de onde a obrigação deva ser satisfeita.

Logo:

a) Todas estão corretas

b) Estão corretas as assertivas I e II, somente

c) Estão corretas as assertivas II e III, somente

d) Estão corretas as assertivas I e III, somente

Questão 8

Opte pela alternativa incorreta:

a) A Lei 10.259/2001 não altera o limite da alçada previsto no Artigo 3°,


inciso I, da Lei 9.099/1995 (XV Encontro – Florianópolis/SC).

b) As ações cíveis sujeitas aos procedimentos especiais não são admissíveis


nos Juizados Especiais.

c) É exemplificativo o elenco das causas previstas no Artigo 3º da Lei


9.099/1995.

d) A menor complexidade da causa para a fixação da competência é aferida


pelo objeto da prova e não em face do direito material.

NOVOS INSTRUMENTOS PROCESSUAIS 33


Questão 9

Leia as assertivas abaixo, para, em seguida, optar pela alternativa incorreta que
melhor corresponda ao entendimento doutrinário e jurisprudencial afeto à
matéria:

a) Os Juizados não fazendários são absolutamente competentes para as


seguintes causas, independente do valor: as enumeradas no Artigo 275,
inciso II, do Código de Processo Civil/73 (que, para efeito da Lei
9099/95, permanece em vigor) e a ação de despejo para uso próprio.

b) Os Juizados Especiais Cíveis estaduais fazendários e federais (igualmente


fazendários) são absolutamente competentes (desde que, no foro
competente, ele Juizado exista), para as causas cujo valor não exceda 60
(sessenta) salários mínimos, desde que, assim como no item “a” acima,
não se enquadrem nas restrições antes frisadas (nos arts. 3º da Lei
10.259/01 e 2º da Lei 12.153/09).

c) Os Juizados Especiais Cíveis Estaduais não fazendários são relativamente


competentes para as causas até 40 (quarenta) salários mínimos e as
ações possessórias sobre imóveis com valor não superior ao mesmo teto
(de 40 (quarenta) salários mínimos), desde que não se enquadrem nas
restrições do parágrafo 1º do Artigo 3º da Lei 9.099/95.

d) Entre os Juizados especiais fazendários (lato) e não fazendários não


existe um verdadeiro microssistema (segundo o qual entre as 3 (três)
leis que o integram existiria clara reciprocidade, aplicando-se umas às
outras).

NOVOS INSTRUMENTOS PROCESSUAIS 34


CPC: Precisamos nos lembrar, então, dos dispositivos do Código Civil que
estabelecem domicílio: Artigo 70: o domicílio das pessoas naturais é o lugar
onde elas fixam sua residência com ânimo de permanecer; Artigo 71: tendo
a pessoa natural várias residências, todas com ânimo definitivo, será
considerado seu domicílio qualquer delas; Artigo 75, IV: o domicílio das
pessoas jurídicas de direito privado é o lugar de sua sede; Artigo 75,
parágrafo 1º: se a pessoa jurídica estiver estabelecida em lugares
diferentes, cada um deles será considerado seu domicílio para os atos neles
praticados.

Inciso I: Em qualquer hipótese, poderá a ação ser proposta no foro previsto


no inciso I deste Artigo. Segundo seu inciso I, é competente, para as causas
previstas nesta lei, o Juizado do foro: I – do domicílio do réu ou, a critério do
autor, do local onde aquele exerça atividades profissionais ou econômicas ou
mantenha estabelecimento, filial, agência, sucursal ou escritório.

Inciso II: A Lei de Locações (8.245/91), quatro anos anterior à (Lei) 9.099,
tem em seu Artigo 80 a seguinte previsão: as ações de despejo poderiam ser
consideradas causas cíveis de menor complexidade. Mas a Lei 9.099 preferiu
incluir, tão somente, a ação de despejo para uso próprio. Reforçado por:
CÂMARA, Alexandre Freitas. Juizados especiais cíveis estaduais federais
e da fazenda pública: uma abordagem crítica. 7. ed. Rio de Janeiro: Lumen
Júris, 2012. p.31, segundo o qual seria curioso notar que essa não é,
certamente, a menos complexa das ações de despejo, já que nessas causas
podem surgir discussões acerca da sinceridade do pedido de retomada que
podem levar a uma instrução probatória complexa. A mais simples das ações
de despejo, porém, a que tem por fundamento a assim chamada denúncia
vazia da locação, ou seja, sua denúncia imotivada, não está incluída pela Lei
9.099. A respeito do inciso II, não há muito em que se aprofundar. Aplicação
do Artigo 327, CC: “efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo

NOVOS INSTRUMENTOS PROCESSUAIS 35


se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei,
da natureza da obrigação ou das circunstâncias”. 328, CC: se o pagamento
consistir na tradução de um imóvel, ou se prestações relativas a imóvel, far-
se-á no lugar onde situado o bem.

Inciso III: Do mesmo Artigo 4º estabelece que o autor pode optar por
mover sua ação de ressarcimento (de qualquer natureza) no foro de seu
domicílio. Estão abrangidas, neste caso, essencialmente, as ações de
indenização, criando-se um foro privilegiado comum a demandas desta
espécie, tal como observamos no art. 101, I, do CDC (Código de Defesa do
Consumidor – Lei 8.078/90).

Juizado especial: Concordando com texto clássico a respeito do tema


(produzido ainda por ocasião dos Juizados de pequenas causas), podemos
defender que, concebido para ampliar o acesso ao Poder Judiciário e facilitar
o litígio para as pessoas que sejam portadoras de pequenas postulações, a lei
erigiu o próprio interessado em juiz da conveniência da propositura de sua
demanda perante o Juizado Especial ou no “Juízo Comum” (exemplo: uma
Vara Cível). O Superior Tribunal de Justiça pacificara, rapidamente, a
questão, o que é reforçado pelo FONAJE (Enunciado 1 – XXXIV FONAJE).
Temos inúmeros julgados neste sentido, a exemplo do qual citamos o
seguinte (julgado de 1998, ou seja, pouco depois da instalação dos Juizados
pelo país a fora): Competência. Ação reparatória de dano causado em
acidente de veículos. Vara Cível e juizado especial cível. Artigo 3º, inc. II, da
Lei 9.099, de 26.09.95. Ao autor é facultada a opção entre, de um lado,
ajuizar a sua demanda no juizado especial, desfrutando de uma via rápida,
econômica e desburocratizada, ou, de outro, no juízo comum, utilizando,
então, o procedimento sumário (STJ, 4ª T. REsp, 146.189/RJ, Rel. Min.
Barros Monteiro, AC. 24.03.1998, DJU 29.06.1998, p. 196).

Lei 9.099/95: A Lei 9.099/95, porém, foi além do CPC e do CDC (Lei
8.078/90), já que estes fixam o foro privilegiado em matérias específicas, isto

NOVOS INSTRUMENTOS PROCESSUAIS 36


é, ações de indenização por danos sofridos em razão de delito ou acidente de
veículos, e ações de indenização fruto de relação de consumo (101, I, CDC),
enquanto aquela (a Lei dos Juizados) generalizou a possibilidade de se propor
ações no foro do domicilio do Autor em quaisquer ações de ressarcimento
(direcionando-se, especialmente, às ações de responsabilidade civil). Assim,
as ações de indenização em sede de Juizados, sejam em relações de
consumo, acidentes de veículos, relações jurídicas em negócios individuais e
entre pessoas físicas ou tantas outras matérias, poderão ser propostas no
foro do domicílio do réu, nos termos do inciso I ou do autor, nos termos do
inciso III.

Parágrafo 1º do Artigo 3º da Lei 9.099/95: Entre essas, estão as


pequenas causas, ou seja, aquelas em que a competência dos juizados é
fixada em razão do valor da causa. Tais causas estão arroladas nos incisos I e
IV, e são aquelas cujo valor não ultrapasse quarenta salários mínimos e as
demandas possessórias relativas a imóveis cujo valor não ultrapasse esse
mesmo valor.

Aula 2
Exercícios de fixação
Questão 1 - D
Justificativa: I – Errada, já que, em regra, sequer é cabível recurso (cujas
custas seriam ou não passíveis de complemento) contra decisões
interlocutórias. Logo, a questão não poderia estar tratando desse princípio.
II – A informalidade refere-se aos atos processuais em sentido estrito, como a
menor formalidade da petição inicial e não com o procedimento, genericamente
tratado.
III – Já a simplicidade, por sua vez, refere-se, sim, à sumarização do
procedimento, considerado como um todo, razão, portanto, da inviabilidade do

NOVOS INSTRUMENTOS PROCESSUAIS 37


complemento, que, certamente, seria um fator de prolongamento processual,
por atrasar o trâmite com uma oportunidade a mais ao recorrente que realizou,
indevidamente, o preparo recursal.

Questão 2 - C
Justificativa: Está errada a “a”, porque, como se viu em nossa aula, a oralidade
reúne mais do que isso: também, por exemplo, a irrecorribilidade em separado
das decisões interlocutórias e a identidade física do juiz. Está errada a “b”,
porque inexiste a preclusão relatada, justamente para evitar manifestações
constantes das partes que pudessem afetar a celeridade típica do
procedimento. Está errada a “d”, porque o Artigo 27, parágrafo único da Lei
9.099/95, permite esta designação para dia posterior. Certa a alínea “c”,
considerando-se que as partes, em conjunto, manifestaram esta vontade, o que
se sobrepõe aos demais fundamentos, inclusive a própria celeridade.

Questão 3 - B
Justificativa: Os 3 (três) Enunciados têm como objetivo evidente simplificar o
procedimento (como se vê no Enunciado 123), bem como torná-lo o mais
informal possível, como vemos nos Enunciados 100 e 112.

Questão 4 - A
Justificativa: É indubitável que a audiência é designada, em especial, para
proporcionar um encontro entre as partes e incentivar alguma das formas de
autocomposição.

Questão 5 - D
Justificativa: É indubitável que a audiência é designada, em especial, para
proporcionar um encontro entre as partes e incentivar alguma das formas de
autocomposição.

Questão 6 - C

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Justificativa: É de se considerar que, para as causas de matéria indivisível, de
competência em razão da matéria, a incompetência torna-se de natureza
absoluta, obrigando ao juiz, na forma do Artigo 51, da Lei 9.099/95, proferir
sentença terminativa. Quanto ao valor, considerando-se a possibilidade de
renúncia tratada nesta aula, haveria a possibilidade de prosseguimento.

Questão 7 - A
Justificativa: Como se viu ao longo da aula, não são cabíveis ações que
tramitem por procedimentos especiais nos Juizados. Frisamos, oportunamente,
o ENUNCIADO 8 (XXXIV FONAJE) – As ações cíveis sujeitas aos procedimentos
especiais não são admissíveis nos Juizados Especiais.

Questão 8 - D
Justificativa: Aplica-se, subsidiariamente, à Lei 12.153/09, o artigo 4º da Lei
9.099/95. Não se trata de responsabilidade civil, nem relação de consumo,
razão pela qual não incide o foro privilegiado.

Questão 9 - C
Justificativa: A competência é de natureza relativa, como se viu ao longo desta
aula.

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