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Acordão 1694189, Acordam os Senhores Desembargadores do(a) 5a Turma Cível do

Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, MARIA IVATÔNIA -


Relatora, JOÃO LUIS FISCHER DIAS - 1o Vogal e ANA CANTARINO - 2o Vogal,
sob a Presidência da Senhora Desembargadora ANA CANTARINO, em proferir a
seguinte decisão: CONHECER. NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.
UNÂNIME., de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Trata-se de processo de conhecimento com pedido de tutela de urgência, sob o rito


comum, ajuizado por ELIAS VOULGARELIS, em desfavor de BRASAL VEÍCULOS e
VOLKSWAGEN DO BRASIL INDÚSTRIA DE VEÍCULOS AUTOMOTORES LTDA.,
partes devidamente qualificadas nos autos do processo em epigrafe.

Resumo dos fatos:

Relata que, em dezembro de 2020, adquiriu um veículo VW/NIVUS HL TSI AD, ano
de fabricação/do modelo 2021/2021, câmbioautomático, zero quilômetro, pelo valor de
R$ 105.080,00, além dos acessórios consistentes em parafuso antirroubo,
películaestética e frisos para o veículo, que custaram R$ 1.000,00.

Assevera que, em 11/02/2021, retirou o alusivo automóvel na concessionária da


primeira ré, certo de que estaria em perfeitas condições de uso.

No entanto, aduz que o referido bem passou a apresentar problemas em diversos


componentes: defeito no sistema de som e alarme do veículo; mal funcionamento da
estrutura de mídia e necessidade de troca desta; impossibilidade de uso do Apple Car
Play; painel de mídia montado inadequadamente; e irregularidades do sistema
multimídia em continuidade.

Dessa forma, afirma que, em meados de março deste ano, deixou seu veículo na
concessionária da primeira requerida para conserto dos defeitos apontados, porém, até o
ajuizamento desta demanda, os problemas não foram resolvidos.

Alega que as relatadas falhas no veículo e a demora na prestação do serviçovêm


ocasionando-lhe constantes aborrecimentos e prejuízos, uma vez que ficou sem poder
utilizar o automóvel e teve gastos com Uber e táxi.
Tece pedido de tutela de urgência para que a parte ré seja compelida a disponibilizar
carro reserva ao longo do curso processual.

Ao final requer, a confirmação da tutela de urgência, a condenação da parte ré a


substituir o veículo com defeito por outro de mesmo modelo VW/NIVUS HL TSI AD;
a condenação da parte requerida ao pagamento de R$ 8.000,00 a título de danos morais;
e ao pagamento das verbas sucumbenciais.

A primeira ré apresentou contestação alegando resumidamente que a empresa esteve em


disposição para resolver o problema, oferecendo todo o suporte cabível ao cliente, como
fornecimento de carro reserva e informaçõesdiárias sobre o estado de seu veículo,
porém restou impossível solucionar um imbróglio, diante da negativa da parte contrária;
uma vez alegando que esta so tinha como objetivo receber um carro novo 0km, ofereceu
veículo para a parte requerente, mas esta se recusou a aceitar sob o argumento de que
não era da mesma categoria do que comprou;

Já a segunda ré também apresentou contestação alegando que em nenhum momento,


furtou-se em atender a parte autora, de maneira plena e satisfatória, bem como dispor de
toda sua estrutura para realizar as revisões, análises e ajustes, bem como proceder a
eventuais trocas de peças e reparos no automóvel objeto da lide; apenas a segunda
requerida é a responsável por todos os fatos narrados na inicial, razão pela qual não
possui qualquer responsabilidade civil. Alega que a parte autora não comprovou os
defeitos apontados; nãohá responsabilidade civil a ensejar o pagamento de danos morais
e troca do veículo por outro. Requer a improcedência da demanda.

A parte autora apresentou réplica, rechaçando as argumentações da parte ré e ratificando


os termos da inicial. A tutela de urgêncianão foi concedida, e, após laudo pericial que
confirmou os defeitos, em sede de sentença, houve a improcedência dos pedidos”

O que enseja a substituição do veículonão é apenas o problema específico mencionado


no trecho transcrito acima, mas o decurso de tempo que o consumidor necessitou
esperar para a resolução da questão, fato que não ocorreu.

Os detalhes foram amplamente desenvolvidos na Petição Inicial, mas neste Recurso, o


que deve ser ressaltado é a infração, pelas recorridas, da norma prevista no CDC.
Trata-se do artigo 18 da Lei de no 8.078/90, que estabelece o direito de substituição do
bem caso o fornecedor extrapole o prazo de 30 dias para sanar o vício apontado.
Entendimento do STJ é pacífico nesse sentido”

Na hipótese e como visto, a concessionária apelada prestou o auxílionecessário ao


apelante: constatou os vícios (primeira ordem de serviço) e agiu no sentido de
solucionar o problema; solicitou a peça nova para troca, que, apesar da demora de quase
vinte dias para chegar, somente não foi efetuada por decisão do próprio autor/apelante,
que preferiu ajuizar a presente ação, pleiteando a substituição do veículo por um novo
do mesmo modelo (petição inicial e conversas por meio do aplicativo WhatsApp,
ID38356623 – p.8/9; e laudo pericial, ID38356778).

Registre-se, por fim, que a improcedência do pedido de substituição do veículo por um


novo não significa não haver dever das apeladas de efetuar a troca das peças viciadas;
somente que nãohá suporte fático-jurídico para definir a obrigatoriedade da substituição
do veículo por um novo do mesmo modelo, tal como pleiteado pelo autor-apelante.

Por fim e conforme se pode extrair do que anotado, não se pode reconhecer lesão a
direito da personalidade do do apelante apta a ensejar indenização.

DECISÃO

Ante o exposto, conheço do recurso e, na extensão, nego-lhe provimento.

RESUMO CRITICO:

Tendo em vista que Reclamado o vício e não sendo este sanado pelo fornecedor no
prazo máximo de 30 dias, o § 1º do art. 18 do CDC prevê, como se viu, que o
consumidor pode exigir, alternativamente e à sua escolha: a) a substituição do produto
por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; b) a restituição imediata da
quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos ou
c) o abatimento proporcional do preço, sendo assim estaria tudo de acordo com o artigo
18, porem embora se reconheça a dificuldade enfrentada pelo autor/apelante, que, em
curto período, teve que levar o veículo zero km, recém- comprado, duas vezes à oficina,
a indisponibilidade temporária de sistema multimídia — impedindo a desativação de
toque de buzina ao acionar o alarme — e o desencaixe do painel no lado esquerdo não
são suficientes a justificar a troca do atual automóvel por um novo do mesmo modelo
(art. 18, CDC), tal como pretendido. Os vícios apresentados dizem respeito aos
acessórios do veículo e não interferiram na funcionalidade do automóvel, que não
deixou de ser utilizado pelo apelante até o ajuizamento da presente ação. Vale dizer, tais
defeitos, por si só, não impediram o consumidor de usar o carro em questão. Sendo
assim eu concordo com a decisão de ter negado seguimento ao recurso, ja que nao
empedia a funcionalidade do carro.

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