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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA

_____ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE MONTENEGRO - RS

JACSON DE FARIAS NUNES, brasileiro, casado, operador de empilhadeira


desempregado, inscrita no CPF/MF sob o n. 01026138000, titular da
carteira de identidade (RG) nº 9095506011-SSP/SP, residente e
domiciliado na rua LUIZ HADRICH, Nº 1217, ALTOS DO CANTEGRIL, BAIRRO
SÃO PAULO, por meio de seu advogado (mandato incluso), com escritório
jurídico situado na rua Apolinário de Moraes, n. 876, centro, Montenegro -
RS onde recebe intimação, vem, respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, propor a presente:

Ação de obrigação de fazer decorrente da não transferência de veículo,


c/c indenização por danos morais e materiais.

em face de IVANIR FIORENTIM, brasileiro, casado, residente e domiciliado


na rua PAUL HARRIS, Nº 860, CIDADE DE IRAÍ-RS, telefone 47 997539700,
o que o faz pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos:

1. PRELIMINARMENTE:

1.1. DA POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO § 1º, DO ART. 319, DO CPC.

Eminente Magistrado (a):

Em razão do Requerido ostentar residência na cidade de Iraí-RS, o Autor


REQUER, desde já, a incidência do § 1º Art. 319, do CPC, na hipótese de
não localização do Demandado.

1.2. DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA.

Por outro lado, REQUER o Autor a concessão dos benefícios da Justiça


Gratuita, com fulcro no disposto na Lei n. 1.060/50, c.c. o art. 4˚, § 1˚, da
Lei n. 7.510/86, Lei n. 7.871/89 e art. 5˚, inc. LXXIV, da CF, em virtude de
ser pessoa pobre na acepção jurídica do termo, sem condições, no
momento, de arcar com as custas decorrentes do processo, sem prejuízo
do sustento próprio e de sua prole, conforme Declaração de
Hipossuficiência inclusa (doc. anexo), visto que encontra-se
desempregado, consoante comprovante em anexo.
2. SÍNTESE DA INICIAL.

II – DOS FATOS

O requerente é proprietário de uma motocicleta Yamaha/YBR, PLACA INC


1512, Chassi nº 9C6KE090060003434, adquirida em 2006, posteriormente
em 2010, vendeu informalmente para o seu irmão Neemias de Farias
Nunes, entregando os documentos da moto, mas não ocorrendo a
transferência de titularidade, tendo em vista os laços de parentesco.

Acontece Excelência que, agindo de forma incorreta, o irmão do


requerente NÃO TRANSFERIU o veículo perante o órgão de trânsito e
VENDEU ao SR. IVANIR FIORENTIM, sem o consentimento do requerente,
bem como entregando os documentos da moto para o requerido.

Conforme autos de infrações em anexo, o requerido, que hoje está na


posse do veículo vem causando transtornos ao requerente sofrendo
penalidades no trânsito, junto a cidade de Ponta Grossa no Paraná,
inclusive, uma das mais graves, pois possivelmente estaria este dirigindo
em excesso de velocidade e conforme auto de infração anexo.

CONSOANTE, COMPROVANTES DE MULTAS EM ANEXO, O VEICULO


ENCONTRA-SE NA CIDADE DE PONTA GROSSA, NO PARANÁ, SENDO QUE
AO REQUERENTE VEM SENDO DIRECIONADO AS MULTAS DE TRÂNSITO,
possivelmente, o requerido, tenha transferido para uma quarta pessoa na
cidade do Paraná.

CONFORME, BOLETIM DOS DADOS DAS MULTAS, ATUALMENTE COM


QUATRO (4) OCORRÊNCIAS, POR EXCESSO DE VELOCIDADE, JÁ
CONTABILIZAM PARA CARTEIRA DE MOTORISTA DO AUTOR , A
PONTUAÇÃO NEGATIVA DE 18 PONTOS, VEJAMOS>
A PRIMEIRA MULTA OCORREU NO DIA 21/01/2023, JUNTO A AVENIDA
EUZÉBIO DE QUEIROZ, Nº 413, NA CIDADE DE PONTA GROSSA NO
PARANÁ, QUANDO O ÓRGÃO FISCALIZADOR ELETRÔNICO INTERCEPTOU O
MOTORISTA DA MOTO, TRAFECANDO EM VELOCIDADE DE 20% ACIMA DA
PERMITIDA, OCASIONANDO MULTA DE R$ 130,16 E 4 PONTOS NA CNH DO
REQUERENTE.

A SEGUNDA MULTA OCORREU NO DIA 10/02/2023, JUNTO A RUA


CAVERNOSO, PROX AO NR 338, CENTRO/BAIRRO, NA CIDADE DE PONTA
GROSSA NO PARANÁ,, QUANDO O ÓRGÃO FISCALIZADOR ELETRONICO
INTERCEPTOU O MOTORISTA DA MOTO, TRAFECANDO EM VELOCIDADE
SUPERIOR A 20%, OCASIONANDO MULTA DE R$ 130,16 E 4 PONTOS NA
CNH DO REQUERENTE.

A TERCEIRA MULTA OCORREU NO DIA 06/03/2023, JUNTO A RUA


CAVERNOSO, PROX AO NR 338, CENTRO/BAIRRO, NA CIDADE DE PONTA
GROSSA NO PARANÁ, QUANDO O ÓRGÃO FISCALIZADO ELETRÔNICO
INTERCEPTOU O MOTORISA DA MOTO, TRAFECANDO EM VELOCIDADE
SUPERIOR A 50% DA VELOCIDADE LIMITE, INFRAÇÃO GRAVE, NO VALOR
R$ 195,23, 5 PONTOS NA CNH DO REQUERENTE.

A QUARTA MULTA OCORREU NO DIA 13/03/2023, JUNTO A RUA


CAVERNOSO, PROX AO NR 338, CENTRO/BAIRRO, NA CIDADE DE PONTA
GROSSA NO PARANÁ, QUANDO O ÓRGÃO FISCALIZADO ELETRÔNICO
INTERCEPTOU O MOTORISTA DA MOTO, TRAFECANDO EM VELOCIDADE
SUPERIOR A 50% DA VELOCIDADE LIMITE, NO LOCAL, INFRAÇÃO GRAVE,
NO VALOR DE R$ 195,23, 5 PONTOS NA CNH DO REQUERENTE.

VERIFICA-SE QUE O MOTORISTA DA MOTO, POSSUIDOR DA MOTO, ESTÁ


INTENSIFICANDO O NUMERO DE MULTAS POR MÊS, VISTO QUE ELE SABE
QUE A MOTOCICLETA ENCONTRA-SE EM NOME DO AUTOR.
A requerente por várias vezes tentou dar solução de forma amigável e
infelizmente não tem recebido a devida atenção por parte dos envolvidos
na situação, fazendo-se necessário socorrer-se ao judiciário para que
tenha seus direitos e seu nome preservados.

Assim, logo após saber da existência de diversas multas, na cidade de


Ponto Grossa no Paraná, visto que as multas estão sendo auferidas neste
local, procurou a Delegacia e faz ocorrência, em anexo.

CONSIDERAÇÕES RELEVANTES

Por derradeiro, convém aduzir, de modo elencado, o seguinte:

(1º) Até a presente data, o Requerido não efetivou o pagamento das


multas, bem como não procedeu com a transferência do veículo para o
seu nome, o que vem causando grandes transtornos (materiais e morais)
para o Autor (conforme acima exposto). Além disso, o Sr. Ivanir ou uma
quarta pessoa, vem conduzindo o veículo de forma irresponsável. Prova
disto são justamente as multas estampadas nos anexos;

(2º) Para que seja realizada a transferência do veículo, há que submeter o


automóvel a vistoria e renovação de placas, o que é impossível ao Autor,
haja vista que o bem móvel se encontra em poder exclusivo do Requerido,
logo, compete a ele cumprir com essa obrigação;

(4º) Em decorrência justamente do veículo ainda estar registrado em


nome do autor, caso ocorra algum acidente automobilístico, esta
certamente terá obrigação solidária no evento, o que pode lhe causar
enormes prejuízos morais e patrimoniais, decorrentes de eventual
sentença condenatória, o que seria inaceitável e injusto;
Diante dos fatos aqui narrados, e, tendo em vista que o Sr. Ivanir afirmou,
categoricamente, que ostenta a intenção de “rodar com o veículo até que
seja apreendido”, opção não resta ao Autor senão suplicar através da
presente ação, a imediata intervenção do Poder Judiciário, objetivando,
liminarmente e inaudita altera pars, a expedição do competente
mandado judicial visando obrigar o Requerido a efetivar a imediata
transferência do veículo e das dívidas advindas deste, para o seu nome, no
prazo a ser estipulado por este r. Juízo, sob pena de multa diária.

Na hipótese do Requerido não cumprir com a liminar - ou seja, deixar de


realizar imediatamente a transferência do automóvel -, a Autora também
se vale da prerrogativa insculpida no artigo 294 e parágrafos, do CPC, para
REQUERER inauldita altera pars, seja determinada a busca e apreensão
do veículo, devendo este ficar apreendido até que a transferência de
titularidade seja realizada, tal pedido já foi elencado junto ação em
apenso sob o numero 5002471-82.2023.8.21.0018.

Por derradeiro, a presente ação visa, ao final, a condenação do


Demandado em danos materiais (decorrentes das multas e IPVAs que já
foram pagos pelo Autor), bem como em danos morais (em virtude de
todo o transtorno psicológico gerado pelo Demandado em detrimento do
Requerente).

É o relato no essencial.

3.DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

3.1. DA TUTELA PROVISÓRIA URGENTE.

Bem explica o art. 497, do CPC, que o Juiz concederá a tutela específica ou
determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo
resultado prático equivalente, verbis:

Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não
fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou
determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo
resultado prático equivalente.
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a
prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é
irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de
culpa ou dolo.

Aduz ainda o artigo 294, do CPC que, indubitavelmente, poderá o Juiz


conceder a tutela provisória - o que é absolutamente possível no caso
em tela, ante a robustez e a verossimilhança das alegações da Autora,
bem como a presença do periculum in mora -, vejamos:

Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou


evidência.

Ora, pelo já exposto nesta exordial, resta evidente que o Requerido se


aproveita das burocracias administrativas para causar graves danos e
perigar responsabilidades ao Promovente, visto que, por não ter o veículo
cadastrado em seu nome, dirige de forma irresponsável, cometendo
infrações de trânsito e gerando graves danos ao autor (materiais e
morais), podendo esta responder por atos que não são de sua
responsabilidade.

Por outro lado, é cediço que, para realizar a transferência do veículo, há


que submeter o automóvel a vistoria e renovação de placas, o que é
impossível ao autor, haja vista que o bem móvel se encontra em poder
exclusivo do Requerido, logo, compete somente a ele cumprir com essa
obrigação.

Assim, no presente caso, a obrigação de fazer urgente- qual seja, a


imediata necessidade de transferência de titularidade do veículo -, é de
natureza infungível intuitu personae, vez que somente o Requerido
poderá transferir o veículo para o seu nome.

Portanto, douto Magistrado (a), nos termos dos arts. 294 e 497, ambos do
CPC, a Autora possui cristalino direito à concessão da TUTELA
PROVISÓRIA inaudita altera pars, consistente na imediata necessidade de
obrigar o Demandado, no prazo a ser fixado por este r. Juízo, a transferir a
titularidade do veículo para o seu nome, sob pena inclusive de multa
diária, justamente para que a Requerente não mais se sujeite aos abusos e
constrangimentos perpetrados pelo Requerido, pois este continua a
conduzir o veículo de forma irresponsável e não honra com os
pagamentos dos tributos advindos dessa irresponsabilidade.
3.2. DOS DANOSMATERIAIS E MORAIS.

A presente ação indenizatória funda-se na assertiva de que o Autor sofreu


danos materiais e morais em razão do fato do Requerido não providenciar
a transferência de titularidade do veículo adquirido.

Vejamos.

3.2.1. Dos Danos Materiais.

Conforme já salientado no decorrer da presente exordial, o Autor, para


tentar minorar os prejuízos ao seu nome, vem suportando despesas com
IPVA e multas (contraídas exclusivamente pelo Requerido), razão pela qual
tais despesas deverão ser ressarcidas pelo Sr. Ivanir.

Só para ser ter uma ideia, até a presente data, foram lançadas em nome
da Promovente, mais de 4 multas por infrações posteriores à venda, o que
agravou sua situação no órgão de trânsito e pode acarretar suspensão de
sua habilitação.

Portanto, é crível à Autora postular o ressarcimento do valor despendido


com o pagamento de IPVA e multas aplicadas após a alienação do veículo.

3.2.2. Dos Danos Morais.

Por outro lado, convém aduzir que também é cabível, no caso em tela, a
indenização por danos morais, em face justamente de todo o transtorno
psicológico que o Autor vem sofrendo, decorrente das injustas multas.

Assim, eminente Magistrado (a), não se pode negar a repercussão no


plano moral, o que é até intuitivo e por isso dispensa a prova do dano (Art.
374, CPC).

3.3. DA OBRIGAÇÃO DO REQUERIDO EM EFETIVAR A TRANSFERÊNCIA DO


VEÍCULO.

O artigo 123, do Código de Trânsito, anuncia ser obrigatória a emissão de


novo Certificado de Registro de Veículo no caso de transferência de
propriedade, documento esse cuja expedição deve ser solicitada pelo
adquirente, isso sem prejuízo da comunicação a que alude o artigo 134,
do mesmo diploma, situação deste último dispositivo dirimida, conforme
DOC. ......................,anexo.
Disso decorre que a venda de veículo automotor dá ao alienante a
expectativa de que a titularidade do bem será alterada nos cadastros do
órgão de trânsito.

Assim, não é razoável transferir ao primitivo proprietário (in casu a


Autora) o ônus de suportar multas e restrições lançadas em seu nome por
conta de veículo que ele vendeu a um terceiro. Logo, este (in casu, o
Requerido) deve ser compeli-lo a efetivar a transferência de titularidade.

4. DOS PEDIDOS.

Em virtude de todo o exposto, REQUER-SE: POR PRIMEIRO O


DEFERIMENTOS DAS PRELIMINARES APRESENTADAS DE AJG, E DO
ARTIGO 319 CPC.

4.1. LIMINARMENTE e inaudita altera pars, seja expedido o competente


mandado judicial objetivando obrigar o Requerido a efetivar a
transferência do veículo e as dívidas advindas deste (multas, IPVAs e
CADIN), para o seu nome, no prazo estipulado por este r. Juízo, sob pena
de multa diária;

4.2.Na hipótese do Réu não efetivar a transferência do veículo no prazo


estipulado por este r. Juízo, seja então o bem móvel apreendido e
depositado em “mãos” à Autora, justamente para compelir o Demandado
a transferir a titularidade do automóvel, bem como das dívidas oriundas
deste;

4.3. A condenação do Requerido em danos materiais (que


oportunamente serão apurados), em face das multas, IPVAs, CADIN e
inclusive curso de reciclagem suportados pelo Autor (caso venha a
perder a CNH), bem como em danos morais, decorrentes de todo o
transtorno psicológico que o Autor vem sofrendo;

4.4. Após efetivada a medida liminarmente ou a busca e apreensão do


veículo, REQUER-SE a expedição de ofício à Secretaria da Fazenda
Estadual e ao Detran-RS, para que estes cancelem os débitos já lançados e
abstenham-se de lançar novas dívidas em nome da Autora, referente ao
veículo descrito nesta exordial;

4.5. A citação do Réu para, querendo, contestar a apresente, sob pena de


revelia e confissão (artigo 344, do CPC), e;
4.6. Por fim, a procedência total da presente, com julgamento antecipado
da lide (se possível), impondo-se ao Requerido o pagamento das custas
processuais, honorários advocatícios e demais cominações legais.

Protesta provar o alegado por todos os meios admitidos em direito,


principalmente provas testemunhais, periciais e/ou documentais.

Dá-se à presente causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

Termos em que,

Pede e espera justo deferimento.

MONTENEGRO, 16 DE ABRIL DE 2023.

GILBERTO BOHRZ

OAB-RS 44806

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