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Excelentíssimo(a) Senhor(a) Desembargador(a) Presidente do

Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de GOIÁS.

GILBERTO BOHRZ, brasileiro, advogado inscrito junto a OAB-RS Nº


44806, vem respeitosamente à presença de V.Exª, com lastro no art. 5º,
inciso LXVIII da Constituição Republicana e artigo 647 e seguintes do
Código de Processo Penal, impetrar a presente ordem de

HABEAS CORPUS COM PEDIDO LIMINAR,

em favor de JORGE LUIS DE SOUZA DE ANDRADE, contra coação


ilegal perpetrada pelo M.M Juízo de Direito da 3ª Vara Criminal da cidade
de Águas Lindas de Goiás, processo nº 5189189-47.2023.8.09.0011,
aduzindo os seguintes fatos e fundamentos

FATO DELITUOSO

No dia 24 de março de 2023, por volta das 23h14min, no SETOR


COIMBRA, QUADRA Q, CHÁCARA 10, o paciente JORGE LUIS DE
SOUZA DE ANDRADE, conduzindo um caminhão, de placas IUR-3529,
teria supostamente envolvido em um acidente de trânsito, tendo como
vítima Denilson Arnaud Sampaio Pedroso da Silva, que transitava com
uma motocicleta no acostamento da via.

Na ocasião, segundo inquérito nº 237/2023, o paciente, conduzia o veículo


com velocidade incompatível com o local (acima da velocidade máxima
permitida), vindo a atropelar a vítima, segundo depoimento da brigada
militar, por outro lado, junto ao laudo pericial, a vítima não usava capacete
e que trafegava com uma motocicleta no acostamento da via, causando-lhe
a morte no próprio local do acidente.
De acordo com o entendimento do delegado, o paciente foi
preso em flagrante por dirigir veículo embriagado. Negou-
se a fazer o teste do etilômetro, sendo que no laudo
hospitalar, relatório médico, NEGATIVO PARA
EMBRIAGUEZ, consoante laudo em anexo, não existe
prova concreta da culpabilidade do paciente.

Neste sentido, paciente foi preso em flagrante na data do fato (25


de março de 2023) e solto pela Nobre Magistrada, mas sob
diversas condições, consoante despacho em anexo.

Na decisão que homologou o fragrante, a magistrada


determinou a SUSPENSAO DA CNH DO PACIENTE SEM
QUALQUER JUSTIFICATIVA PLAUSÍVEL, POR OUTRO
LADO o paciente necessita da CNH PARA TRABALHAR E
SUSTENTAR A FAMÍLIA, VISTO SER MOTORISTA DE
CAMINHÃO PROFISSIONAL, vejamos os fatos reais:

Em consulta à certidão de antecedentes atualizada, verifico que o réu é


absolutamente primário, sendo o crime pelo qual responde um fato
isolado na sua vida.

Ademais, registro que os elementos informativos constantes nos autos


amparam duas versões igualmente factíveis. Por um lado, há o relato
dos brigadianos, declararam que o recorrente trafegava em alta
velocidade possuía sinais visíveis de embriaguez.

Por outro, consta nos laudos periciais, que o PACIENTE NÃO


ESTAVA EMBRIGADO, NÃO FOI CONSTATADO EMBRIAGUEZ,
VISTO QUE O EXAME FOI LOGO APÓS O SUPOSTO
ACIDENTE. Ainda, a perícia também atesta que o veículo dois estaria
EM VIA LATERAL, ACOSTAMENTO, SEM CAPACETE DE
SEGURANÇA E cruzando a rodovia e ausência de marcas de
frenagem do veículo um remetem para a surpresa do evento.
Assim, a despeito de haver duas versões nos autos, uma delas
sustentando a existência de indícios suficientes de
materialidade e autoria, mas não há elementos suficientes a
indicar a necessidade da medida cautelar de suspensão do
direito de dirigir, TENDO EM VISTA AS DÚVIDAS
FÁTICAS ou seja, não há nada indicando que caso
permaneça autorizado a conduzir seu veículo automotor, o
réu venha a colocar em risco a segurança do trânsito, até
porque existem diversos elementos fáticos favoráveis ao
paciente.

A suspensão imposta não guarda proporcionalidade com o fato


denunciado, tampouco foi motivada como determina o artigo 294
da Lei 9.053/97. Portanto, a decisão não está devidamente
fundamentada, inclusive em conformidade ao art. 93, IX, da
Constituição Federal, que constitui direito fundamental.

O artigo 302 do Código de Trânsito Nacional prevê pena de


detenção inferior a 4 anos.

A magistrada impôs a suspensão do direito de dirigir


enquanto tramitar o processo. Logo, é possível que o
paciente permaneça cautelarmente sem dirigir por mais
tempo do que no caso de uma possível condenação.
Dessa forma, entendo impositiva a reforma da decisão a quo,
especificamente na parte em que suspende cautelarmente a permissão do
réu para dirigir veículo automotor, pois não comprovada a necessidade de
acautelamento da segurança do trânsito.

Assim sendo, fazendo a análise dos princípios de


necessidade/adequação/proporcionalidade, em atenção às condições
pessoais do indiciado, tem-se as medidas previstas no art. 319 do CPP
como suficientes para contenção do acusado.

O artigo 294 da Lei nº 9.503/1997 estabelece em qualquer fase da


investigação ou da ação penal, havendo necessidade para a garantia da
ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a
requerimento do Ministério Público ou ainda mediante representação da
autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão da
permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição
de sua obtenção.

A medida cautelar de suspensão da habilitação para dirigir veículo


automotor, regulada pelo artigo 294 da Lei 9.503/97, dada sua natureza
cautelar, é medida excepcional, que apenas tem lugar quando
concretamente demonstrada a necessidade de garantir a ordem pública,
compreendida, no caso da Lei 9.503/97, como a segurança do trânsito.

Assim, sua aplicação, em cada caso concreto, depende, além da


observância do disposto no artigo 312 do Código de Processo Penal, da
prévia e inequívoca demonstração da necessidade de acautelamento da
segurança do trânsito, a indicar, além do fumus comissi delicti, também do
periculum libertatis, o que não foi OBEDECIDO AO PRESENTE FEITO.
Diante do exposto, DEVE SER CONCEDIDO o
pedido de liminar da ordem para que seja
restabelecido o direito de dirigir do paciente, bem
como para que permaneça em liberdade, tendo em
vista que o paciente TEM A PROFISSÃO DE
CAMINHONEIRO, NECESSITANDO DA CNH
PARA TRABALHAR.

HABEAS CORPUS. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE.


RESTABELECIMENTO DO DIREITO DE DIRIGIR E
AGUARDAR O JULGAMENTO DO PROCESSO EM
LIBERDADE.
Paciente preso em flagrante por dirigir veículo
automotor embriagado e solto mediante pagamento
de fiança.
Decisão que determinou a intimação do paciente para
a entrega da Carteira Nacional de Habilitação, sob
pena de restabelecimento da prisão não guarda
proporcionalidade com o fato denunciado, tampouco
foi motivada como determina o artigo 294 da Lei
9.053/97.
Houve imposição de suspensão do direito de dirigir
enquanto tramitar o processo. Logo, é possível que o
paciente permaneça cautelarmente sem dirigir por
mais tempo do que no caso de uma possível
condenação.
ORDEM CONCEDIDA. LIMINAR RATIFICADA.

HABEAS CORPUS TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL

Nº 70059848671 (N° CNJ: 0177430- COMARCA DE ALVORADA


41.2014.8.21.7000)

DARCI ANTONIO SARAIVA FLORES IMPETRANTE

JOSE DE SOUSA PACIENTE

JUIZ DE DIREITO DA 2 VARA CRIM E COATOR


INF E JUV DA COM DE ALVORADA
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO. DOLO EVENTUAL. ART. 294,
CTB. SUSPENSÃO DO DIREITO DE DIRIGIR. A medida cautelar de suspensão da
habilitação para dirigir veículo automotor, regulada pelo artigo 294 da Lei 9.503/97,
dada sua natureza cautelar, é medida excepcional, que apenas tem lugar quando
concretamente demonstrada a necessidade de ga

rantir a ordem pública, compreendida, no caso da Lei 9.503/97, como a segurança do


trânsito. Assim, sua aplicação, em cada caso concreto, depende, além da observância do
disposto no artigo 312 do Código de Processo Penal, da prévia e inequívoca
demonstração da necessidade de acautelamento da segurança do trânsito, a indicar, além
do fumus comissi delicti, também do periculum libertatis. Não há elementos suficientes
a indicar a necessidade da medida cautelar de suspensão do direito de dirigir, ou seja,
não há nada indicando que caso permaneça autorizado a conduzir seu veículo
automotor, o réu venha a colocar em risco a segurança do trânsito. Dessa forma,
entendo impositiva a reforma da decisão a quo, especificamente na parte em que
suspende cautelarmente a permissão do réu para dirigir veículo automotor, pois não
comprovada a necessidade de acautelamento da segurança do trânsito.RECURSO
PROVIDO.

(TJ-RS - RSE: XXXXX RS, Relator: Rinez da Trindade, Data de Julgamento:


21/11/2019, Terceira Câmara Criminal, Data de Publicação: 03/12/2019)

Cabimento

O artigo 5º, LXVII, da Constituição Federal dispõe que:

“conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se


achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.”

O artigo 647, do Código de Processo Penal, por sua vez, é claro ao


dizer que:

“Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na


iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de
ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.”

E explica o artigo 648 o que seria uma coação ilegal, entre outras
hipóteses:

“A coação considerar-se-á ilegal:


I – quando não houver justa causa.” (grifos e destaques nossos)

Assim, Excelências, conforme será demonstrado a seguir, a coação


impetrada ao paciente, não está munida de justa causa, estando
justificado, portanto, o cabimento do presente habeas corpus, pois
objetivando a cessação da violência ilegal ao direito de ir e vir do
ora paciente.

Do Direito – Do Cabimento deste Habeas Corpus

6 = No caso concreto mostra-se viável o manejo do Habeas


Corpus ao invés do Recurso em Sentido Estrito, vez que o
paciente, ainda não foi denunciado, não ocorrendo ainda o
recebimento da denúncia.

6.1 = Neste caso, resta então como única forma de


proteção do Direito de Ir e Vir do Paciente o manejo do
presente Remédio Heróico.

Da ordem liminar- profissão de caminhoneiro

5.1 = O paciente está impedido de exercer seu direito


fundamental de se locomover livremente desde 25 de março de
2023, bem como exercer a sua profissão de caminhoneiro, por
um ato arbitrário da autoridade coatora. Portanto, apontada a
ofensa à liberdade de locomoção do paciente em razão de
coação ilegal em sua liberdade de ir e vir, encontra-se presente,
in casu, o fumus boni iuris.
5.2 = No mesmo sentido, verifica-se a ocorrência do periculum in
mora, pois, além do fato de que a liberdade de locomoção do
paciente, em hipótese alguma poderia ter sido atingida em razão de
duas versões dos fatos, HAVENDO DÚVIDA FÁTICAS, por importar
em inaceitável e injusta violação ao seu status libertatis, é inegável
que tal coação ilegal além de poder causar graves transtornos ao
paciente, é também um violento atentado contra a Ordem Jurídica
Constitucional Vigente, razão pela qual deve ser cessada com a
máxima urgência.

5.3 = Presentes, portanto, os requisitos autorizadores da medida


liminar.

Do Pedido

6. = Ante o exposto, demonstrada a ilegalidade da ordem que


mantém o paciente privado da liberdade de locomoção E DE
TRABALHO, TENDO EM VISTA TER A PROFISSÃO DE MOTORISTA DE
CAMINHÃO PROFISSIONAL, BEM COMO AS DÚVIDAS DE ORDEM
FÁTICA PROCESSUAL, requerem os impetrantes a concessão
LIMINAR da ordem, determinando o imediato afastamento da
suspensão da carteira de habilitação do paciente, determinando-se
dessarte, expedição de ofício à Autoridade Coatora para sejam
tomadas as medidas cabíveis e urgentes ao desfazimento do ato por
ela praticado.

6.1 = Requerem, outrossim, seja – após a oitiva do Ministério


Público, na qualidade de fiscal da Lei – , o presente pedido de
habeas corpus julgado procedente ao final, confirmando-se a
decisão liminar.

Nestes termos,

Requer o processamento e deferimento deste Habeas Corpus.


Montenegro, 24 de ABRIL de 2023.

GILBERTO BOHRZ

OAB-RS-44806

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