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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Ciências Sociais e Politicas

Trabalho da Cadeira de Contabilidade Bancaria

Trabalho individual

Curso: Contabilidade e Auditoria

3° Ano Pós Laboral

Tema: Crédito ou Empréstimo

Discentes Docente
Lúcio Hortêncio Ponto Victor Mariacanto Tárcila Sorte

Quelimane, Maio de 2020


Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Ciências Sociais e Politicas

Trabalho da Cadeira de Contabilidade Bancaria

Trabalho individual

Curso: Contabilidade e Auditoria

3° Ano Pós Laboral

Tema: Crédito ou empréstimo

Trabalho de Carácter avaliativo a ser entregue na


cadeira Contabilidade Bancaria leccionada pela
docente Tárcila Sorte.

Quelimane, Maio de 2020


Índice Página

1 Introdução .............................................................................................................. 1

2 Crédito ou empréstimo .......................................................................................... 2

2.1 História e Evolução do Crédito .......................................................................... 2

2.2 Conceito ............................................................................................................. 3

2.3 Relação entre o crédito ao sector público e o crédito ao sector privado ............ 4

2.4 Elementos do crédito bancário ........................................................................... 5

2.5 O crédito bancário e o crescimento económico ................................................. 6

2.6 Avaliação da capacidade financeira ................................................................... 7

2.7 Tipos de crédito ................................................................................................. 9

2.8 Instrumentos Financeiros ................................................................................. 11

2.9 Principais características do crédito ................................................................. 12

2.10 Modalidades de Reembolso ............................................................................ 14

3 Conclusão ............................................................................................................ 16

4 Referencias Bibliográficas ................................................................................... 17


1 Introdução

De um modo geral, as famílias ou agentes económicos auferem um determinado


rendimento mensal sobre o qual pagam as contribuições obrigatórias. O rendimento que
sobra é chamada de rendimento disponível. Este rendimento disponível pode ser gasto
pelas famílias em consumo e em poupança. Isto é, todo aquele rendimento que não é
direccionado para o consumo é chamado de poupança. Os agentes que criam poupanças
são chamados de aforradores ou agente excedentários. O empréstimo é também
chamado de crédito ou mútuo

Um empréstimo é um acordo em que uma instituição de crédito disponibiliza dinheiro a


um cliente, que fica obrigado a devolver esse dinheiro no futuro, acrescido de encargos
com juros e outros custos.

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2 Crédito ou empréstimo

2.1 História e Evolução do Crédito

A palavra crédito provém do latim “credere” e significa acreditar, confiar. É acreditando


no reembolso do seu capital que os bancos financiam os outros agentes económicos. O
crédito é o processo de obtenção de recursos (materiais ou financeiros) no presente sem
efectuar um pagamento imediato, sob a promessa de restituí-los no futuro nas condições
previamente estabelecidas. O crédito pode se efectuar em diversas modalidades
(Buckland & Davis, 1995).

Com o tempo, aqueles primeiros “bancos” ou casas de crédito, verificaram que, nem
todos os clientes que haviam depositado seus metais preciosos como ouro e prata,
faziam o resgate ou retirada ao mesmo tempo. As pessoas, por segurança, mantinham os
seus valores depositados nestes primeiros bancos, até por serem mais seguros e
confiáveis. Ao mesmo tempo, já haviam pessoas, como os mercadores e os primeiros
empreendedores no ramo da tecelagem, que necessitavam de recursos para expandirmos
os seus negócios. Os bancos então passaram a emprestar os valores depositados, em
troca de uma remuneração pelo uso do dinheiro, durante o tempo em que o mesmo fosse
utilizado. Os primeiros bancos emprestavam para comerciantes, exigindo garantias.
Também emprestavam a reis e imperadores, financiando suas guerras e seu luxo. Hoje o
crédito é o responsável por empréstimos e financiamentos concedidos a todos os
agentes e sectores na economia.

Tal como referido por Costa & Manolescu (2004), crédito tem um papel importante no
processo de acumulação de capital, isto é, transformador financeiro de diversas
modalidades, prazos e níveis de risco, sendo essencial no funcionamento dos sectores
produtivos e também às famílias. Neste sentido, os dados financeiros funcionam como
um indicador da trajectória futura de crescimento económico de um país, influenciando
directamente o nível de poupança das economias.

Do ponto de vista económico, o crédito bancário pode ser concedido a indivíduos


singulares, a empresas financeiras e não financeiras (sector privado), ao Governo (sector
público) e aos agentes económicos do resto do mundo. Da mesma forma, os agentes
económicos nacionais podem obter crédito bancário do exterior.

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Os aforradores podem, por um lado, guardar as suas poupanças (num cofre ou em casa)
não as canalizando para o investimento ou, por outro lado, podem direccioná-las com a
finalidade de obter um rendimento, confiando-as ao sistema financeiro. No primeiro
caso, em que os aforradores guardam as suas poupanças, estas não irão desempenhar o
seu papel de financiamento da economia e, além disso, por conta da inflação, vão
perdendo valor. No segundo caso, em que os aforradores confiam as suas poupanças ao
sistema financeiro, além destas ajudarem a financiar a economia, como geram um
rendimento, isto possibilita aos aforradores manter ou aumentar o valor dessas
poupanças.

É aqui que entram as instituições financeiras como os bancos, as seguradoras, as


empresas de leasing e de factoring. Os bancos são o tipo de instituição financeira mais
comum do sistema financeiro e transformam as poupanças dos aforradores em produtos
financeiros. Assim, com o intuito de captar as poupanças das famílias, o sistema
financeiro cria produtos como depósitos à ordem (DO), depósitos a prazo (DP),
participações em fundos de investimento (PFI), entre outras. Os recursos, captados
através destes produtos, podem agora ser canalizados para investimento por via de
outros produtos financeiros, como é o caso dos empréstimos ou créditos (às famílias
através, por exemplo, do crédito habitação).

2.2 Conceito

Muitas vezes os agentes económicos procuram realizar projectos para os quais não
possuem o rendimento disponível necessário. Neste caso, terão de recorrer ao
financiamento que passa pela procura de crédito bancário junto das instituições
financeiras, tornando-se agentes deficitários.

O crédito bancário, alvo da nossa atenção, é definido pela Associação Portuguesa de


Bancos (APB) como “um direito que o banco adquire, através de uma entrega inicial em
dinheiro (real ou potencial) a um cliente, de receber desse cliente, o valor da dívida, em
datas futuras, uma ou várias prestações em dinheiro cujo valor total é igual ao da
entrega inicial, acrescida do preço fixado para esse serviço

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O contrato de crédito é definido como aquele “pelo qual um credor concede ou promete
conceder a um consumidor um crédito sob a forma de diferimento de pagamento,
mútuo, utilização de cartão de crédito, ou qualquer outro acordo de financiamento
semelhante”

Na perspectiva de Antunes (2009, p. 497 e 498), um empréstimo ou mútuo bancário é


“o contrato pelo qual o banco (mutuante) entrega ou se obriga a entregar uma
determinada quantia em dinheiro ao cliente (mutuário), ficando este obrigado a restituir
outro tanto do mesmo género e qualidade (“tantundem”), acrescido dos correspondentes
juros”.

De uma forma mais genérica, Pereira (2000, p. 7) define contrato de crédito aquele
“através do qual um banco, creditante, constitui a favor do seu cliente, creditado, por um
período de tempo, determinado ou não, uma disponibilidade de fundos que este poderá
utilizar se, quando e como entender conveniente”

Assim, podemos afirmar que o contrato de crédito bancário é aquele em que o banco,
enquanto creditante, se vincula perante o cliente, a conceder-lhe crédito, durante um
determinado período de tempo, onde este se obriga a um pagamento de uma prestação
de capital e juros.

No contrato de crédito, por norma, fica estabelecido o destino e o montante do crédito.


É usual que no caso de o montante do empréstimo ser considerável, o creditante
inicialmente avalie a situação do creditado bem como a viabilidade do projeto a
financiar. Uma vez aprovado e concedido o crédito nos termos estabelecidos, o
creditado fica vinculado a cumprir o destino estabelecido contratualmente, sob a pena
de o creditante dissolver o contrato por incumprimento contratual (Pereira, 2000).

2.3 Relação entre o crédito ao sector público e o crédito ao sector privado

Existem duas teorias para essas abordagens, nomeadamente:

A primeira é a abordagem da diversificação do risco (Kumhof & Tanner, 2005).


Segundo esta abordagem, cada unidade monetária de crédito disponibilizado ao sector
público significa menos uma unidade monetária disponível para oferta de crédito ao
sector privado. Neste contexto, o Governo é visto como um concorrente do sector
privado no acesso ao crédito bancário.

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Alguns críticos a esta abordagem argumentam que no caso de excesso de liquidez, um
aumento de empréstimos ao sector púbico não irá ter efeitos significativos sobre o
crédito ao sector privado. Outros defendem ainda que empréstimos “sem risco” ao
sector público geram margens de conforto que permitem aos bancos comerciais
incorrerem a algum risco com empréstimos ao sector privado. Neste sentido espera-se
uma relação positiva entre o crédito ao sector público e o crédito ao sector privado.

A segunda teoria é a hipótese de preguiça dos bancos comerciais (Emran & Shilpi,
2009). Esta teoria centra-se na constatação de que a possibilidade de crédito sem risco
ao sector público desincentiva os bancos comerciais de realizarem empréstimos de
riscos ao sector privado ou até de despender recursos para avaliar possibilidades de
concessão de empréstimos financeiramente viáveis ao sector privado, daí o termo
“preguiça”. Assim, o empréstimo de uma unidade monetária ao sector público, por parte
dos bancos comerciais, pode resultar na “expulsão” de mais de uma unidade monetária
de crédito ao sector privado.

2.4 Elementos do crédito bancário

Segundo Pereira (2000), O crédito bancário engloba seis elementos: finalidade, prazo,
preço, montante, risco e garantias.

 A finalidade refere-se ao destino ou utilização que será dada ao montante


disponibilizado pelo banco, como, por exemplo, a aquisição de uma habitação
ou a compra de um automóvel.
 O prazo relaciona-se com a duração do pagamento do crédito, o qual não deve
ser superior à vida útil do bem adquirido.
 O preço refere-se ao lucro que o banco terá com o financiamento em questão,
ou seja, ao montante de juros e comissões que o cliente terá de pagar por esta
operação.
 O montante diz respeito ao valor do bem que se pretende adquirir e às
necessidades do cliente, estando por isso directamente ligado à finalidade do
crédito.
 O risco corresponde ao prejuízo, embora potencial, que está associado a esta
operação de crédito; o risco vária de cliente para cliente devendo por isso ser
analisado em pormenor.

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 As garantias estão associadas ao risco e visam garantir a capacidade de
cumprimento do contrato por parte do cliente, traduzindo-se numa via
alternativa de ressarcimento do credor (o Banco).

Todos estes elementos estão interligados, são dependentes uns dos outros e por isso
devem ser alvo de uma análise exaustiva, tanto por parte do cliente como por parte da
entidade credora. Cabe a cada parte procurar informação sobre a outra, de forma a
salvaguardar os seus interesses e a obter as condições que se considerem mais
vantajosas.

Pereira (2000) considera uma vantagem desta operação a possibilidade de ajustar, o


montante do crédito, o prazo de pagamento e os juros de acordo com as necessidades
concretas de cada cliente.

2.5 O crédito bancário e o crescimento económico

A relação entre o desenvolvimento da actividade bancária, mais concretamente a


concessão de crédito e o crescimento económico, tem vindo a ser estudada por vários
autores. Levine e Zervos (1996) no seu estudo procuram compreender a relação
existente entre o crescimento económico e o desenvolvimento das actividades dos
bancos. Os autores concluíram que ambos estão fortemente correlacionados, assim
como com o aumento da produtividade e a acumulação de capital. Desta forma, o
sistema financeiro funciona como “motor” impulsionador de toda a economia. A taxa de
poupança, as decisões de investimento e a taxa de crescimento económico de longo
prazo são algumas das variáveis em que o sistema financeiro tem influência. O que
significa que se este “motor” falhar, tudo colapsa.

As conclusões de Levine (2004) quando procura analisar a relação entre o


desenvolvimento do sistema financeiro e o crescimento económico são:

 Países com um sistema bancário e um mercado financeiro que apresenta um


bom funcionamento crescem mais depressa;
 Países com um sistema bancário e um mercado financeiro que apresenta um mau
funcionamento não implicam, necessariamente, que tenham um crescimento
mais lento

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 Sistemas financeiros com um bom funcionamento conduzem a uma diminuição
das restrições ao financiamento externo, conduzindo assim à expansão das
empresas e, consequentemente, ao crescimento económico.

2.6 Avaliação da capacidade financeira

Para Levine, (2004) na avaliação da capacidade financeira deve ser ponderada a


estrutura de despesas fixas e variáveis.

 A prestação do empréstimo:
 É mais uma despesa fixa durante todo o prazo do crédito;
 Torna mais rígida a estrutura do orçamento familiar e mais difícil gerir eventuais
imprevistos financeiros.
 Na avaliação da capacidade financeira deve também ter-se em conta que o
compromisso financeiro é para todo o prazo do empréstimo. Por isso, é
necessário:
 Identificar rendimentos e despesas presentes;
 Identificar rendimentos e despesas previstos para o futuro e avaliar a incerteza
associada.
 Na avaliação da capacidade financeira é ainda habitual o cálculo da taxa de
esforço, que corresponde à percentagem de rendimento destinada ao pagamento
das prestações de empréstimos.
 No cálculo da taxa de esforço devem ser considerados os rendimentos líquidos e
as despesas com os empréstimos já existentes e com os que estão a ser
ponderados contrair.

Exemplo de cálculo da taxa de esforço, sabendo que o rendimento mensal líquido é


10.000,00 com despesas mensais com empréstimos de 4.500,00

A taxa de esforço é de 45%, o que significa que 45% dos rendimentos líquidos do
agregado familiar se destinam ao pagamento de empréstimos.

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Quanto maior for a taxa de esforço, maior o risco de surgirem dificuldades financeiras
caso ocorram situações imprevistas (por exemplo, a redução de salário ou o aumento
das despesas de saúde).

A taxa de esforço é um indicador, mas a avaliação da capacidade financeira deve


atender a outros factores como a dimensão do agregado familiar ou o montante de
rendimentos disponíveis após o pagamento das prestações dos empréstimos.

Exemplos de cálculo da taxa de esforço em diferentes agregados familiares

Jovem solteiro Jovem solteiro Casal com dois filhos

Rendimento líquido: Rendimento líquido: Rendimento líquido: 1.500,00


750,00 1.500,00

Encargos financeiros: Encargos financeiros: € Encargos financeiros: 525,00


262,5 (crédito automóvel) 525,00 (crédito à habitação (crédito à habitação + crédito
+ crédito automóvel) automóvel)

Taxa de esforço: Taxa de esforço: Taxa de esforço:


262,5/750,00 x 100 = 35% 525,00/1.500,00 x 100 = 525,00/1500,00 x 100 = 35%
35%

Rendimento disponível Rendimento disponível Rendimento disponível após


após pagamento após pagamento pagamento empréstimos:
empréstimos: 487,5 empréstimos: 975,00 975,00
Elaborado pelo autor

A taxa de esforço nos vários exemplos é igual a 35%, mas a avaliação da capacidade
financeira de cada agregado familiar não é a mesma pois o rendimento disponível após
o pagamento mensal dos empréstimos é diferente e destina-se às despesas de um
diferente número de pessoas.

 A taxa de esforço é um dos elementos de avaliação da capacidade financeira que


se deve ponderar antes de pedir um empréstimo. Este indicador é também
utlizado pela instituição de crédito para avaliar a capacidade de reembolso do
empréstimo.

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 Quando pede um empréstimo, o cliente deve prestar informação verdadeira e
completa à instituição de crédito sobre a situação económica do agregado
familiar. A instituição de crédito utiliza esta informação para:
 Avaliar a capacidade financeira de reembolso do empréstimo;
 Definir as condições da proposta de crédito;
 A instituição de crédito pode recusar o pedido de empréstimo.

2.7 Tipos de crédito

Segundo o Banco de Portugal, 2016, existem diversas linhas de crédito e empréstimo, e


como todo produto financeiro, apresentam vantagens e desvantagens, quando
comparados.

a) Empréstimo Consignado

Tipo de empréstimo feito por funcionários de órgãos públicos, aposentados pensionistas


e empresas privadas que consiste em descontar as parcelas do empréstimo directamente
na folha de pagamento do tomador. Pode ser uma forma de crédito excelente para
pessoas pouco organizadas financeiramente. As taxas de juros são muito baixas quando
comparadas com outras modalidades de crédito pessoal.

b) Empréstimo com Cheque especial

Neste caso, é um tipo de empréstimo em que o banco disponibiliza ao cliente que tem
conta corrente, um crédito pré-aprovado com um limite de recurso em dinheiro
estabelecido de acordo com o perfil do correntista, que pode usá-lo como
empréstimo quando quiser. A única facilidade é não ter que pedir o dinheiro
emprestado na hora de ter que equilibrar o orçamento ou em alguma emergência.

O ponto negativo são os juros altos cobrados quase que de forma abusiva, e o fato de
achar que esse dinheiro já faz parte de sua renda. É bom pensar muitas vezes antes de
utilizar cheque especial como empréstimo de dinheiro.

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c) Empréstimo Rotativo

Neste tipo de empréstimo seria como pegar um dinheiro emprestado e pagar somente
uma parte dele, neste caso o valor mínimo da factura. Aqui as taxas e encargos cobrados
pelo crédito rotativo são altíssimos. É interessante utilizá-lo nessa condição somente em
situações de emergência e tomar cuidado para não se acostumar e virar escravo do
empréstimo rotativo, ficando sempre na mão do financiamento da factura do cartão.

d) Empréstimo com Penhor

Com esse tipo empréstimo a pessoa tem acesso a um crédito rápido, se livra de análise
de cadastro de crédito e não tem que apresentar nenhum avalista. Além disso o
consumidor pode estar com o nome sujo, ou seja, pode estar inadimplente que ainda
assim pode penhorar qualquer coisa sem problema.

e) Empréstimo Pessoal

Os bancos costumam oferecer linhas de crédito para seus correntistas e, especialmente,


para quem tem conta salário. As regras variam muito de um banco para outro. Sabendo
que existe essa modalidade de crédito, você pode procurar o banco por onde você
recebe o seu salário.

Exemplo: alguns bancos exigem que o tomador do empréstimo tenha conta salário na
própria instituição e carteira de trabalho assinada há, no mínimo, 12 meses. A
transacção é rápida e pode, até mesmo, ser realizada por terminal electrónico da
instituição financeira. Os recursos vão, de imediato, para a conta corrente do cliente.

f) Leasing Financeiro

O leasing é uma modalidade de crédito para aquisição de bens principalmente


automóveis. Na realidade, funciona como um tipo especial de aluguel uma vez que o
veículo fica em nome da empresa de leasing até o final do contrato. O consumidor pode
ter a opção de devolver ou comprar o bem, e, ainda, aumentar o prazo do contrato e, até
mesmo, negociar um novo esquema de pagamento. Porém para ter certeza disso, leia
bem o contrato antes de fazer a operação, pois na prática estas situações não acontecem
de forma simples.

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g) Crédito Directo ao Consumidor – CDC

O Crédito Directo ao Consumidor (CDC) permite que você obtenha o crédito no


momento em que está adquirindo um bem (como electrodoméstico, móvel, automóvel
etc.) ou um serviço (cursos, pacote de viagens etc.).

É importante que você sempre verifique qual é o custo total do seu financiamento, uma
vez que, no valor total das prestações estão inclusos o Imposto sobre Operações
Financeiras (IOF) e a Taxa de Abertura de Crédito (TAC), que pode ou não vir
embutida no valor das prestações aumentando o valor do seu financiamento.

h) Cartão de crédito

É uma forma de pagar as compras. É muito popular hoje no Brasil. Com base em sua
renda ou em seu perfil de consumo, as empresas oferecem cartões com determinados
limites de crédito. Você escolhe um dia do mês para pagamento da factura e chega a ter
até 40 dias de prazo se utilizar o cartão em data boa (nove dias antes do vencimento da
factura, por exemplo).

2.8 Instrumentos Financeiros

Financiamentos Bancários de Curto Prazo (CP).

Existem vários financiamentos de curto prazo, mas apresenta-se dois como exemplo.
Crédito à Tesouraria – empréstimo com duração máxima de 1 ano. Destina-se, por
norma, a suprir carências de tesouraria, que decorrem da normal actividade da empresa.

O Factoring é uma operação pela qual uma determinada empresa cede os seus direitos
sobre um crédito a uma outra, mediante o recebimento do respectivo valor.

Financiamentos bancários de Médio Longo Prazo (MLP)

Crédito ao Investimento – empréstimos com reembolso superior a 1 ano. Destina-se a


financiar o investimento em activos fixos e em fundo de maneio necessário às empresas.
Este tipo de financiamento envolve a negociação directa entre a empresa e o banco, no
que respeita aos termos e condições aplicáveis bem como o montante, o prazo da
operação, as condições de utilização, a taxa de juro, a modalidade (periodicidade) dos
reembolsos, pagamento de juros e as garantias oferecidas

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O Leasing é um outro instrumento financeiro disponibilizado pela Caixa. O Leasing
pode ser operacional ou financeiro. No primeiro caso, as despesas de manutenção do
bem ficam a cargo do locador, tratando-se assim de um contrato de aluguer de um bem
para uma eventual utilização. No segundo caso, no final do prazo o locador tem a
possibilidade, mas não a obrigação, de adquirir o bem por um preço pré-fixado, por
norma o seu valor residual, onde o locatário escolhe o bem que necessita, negoceia as
condições do contrato e encontra um locador que financie a operação

2.9 Principais características do crédito

Segundo Associação Portuguesa de Bancos (APB), as principais características são:

Montante de crédito - o montante de crédito é o dinheiro disponibilizado ao cliente no


âmbito do contrato de crédito.

Prazo do empréstimo - o prazo do empréstimo é a duração do contrato de crédito

 Geralmente é o período tempo durante o qual o dinheiro tem de ser


reembolsado, por regra em prestações constantes de capital e juros. Quando o
prazo é mais longo, a prestação é menor, mas pagam-se mais juros durante a
vida do empréstimo.
 Alguns empréstimos têm duração indeterminada. É o caso dos cartões de crédito
e das facilidades de crédito que são crédito renovável (ou revolving), e em que o
crédito pode ser utilizado e reutilizado ao longo do tempo após o pagamento dos
valores em dívida.

Juros - os juros são o principal custo do crédito e são calculados com base na Taxa
Anual Nominal (TAN), que pode ser fixa ou variável.

 Taxa de Juro Fixa – nos contratos com taxa de juro fixa, as prestações mantêm-
se constantes durante todo o empréstimo, independentemente do comportamento
da taxa no mercado.
 Taxa de Juro Mista – associada por norma a contratos com período inicial de
taxa fixa, seguida de taxa variável no período restante do contrato. São
acrescidos a esta taxa outros encargos ou comissões, como custos do processo,
despesas de avaliação, entre outros, que são cobrados pelas instituições de
crédito no início do contrato e durante a vigência do mesmo.

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 Taxa Anual Efectiva (TAE) – mede o custo do empréstimo à habitação. A
TAE representa assim, numa base anual e em percentagem do volume de
crédito concedido, a totalidade de encargos associados a esta operação.
Quando o cliente beneficia de alguma melhoria das condições de
financiamento, a instituição de crédito deve divulgar, não só a TAE, como a
TAER (Taxa Anual Efectiva Revista, que reflecte eventuais custos adicionais
ou reduções associadas ao cliente).

Comissões e despesas - as comissões e despesas podem ser pagas no início, ao longo


ou no fim do contrato.

 As comissões constituem remuneração da instituição de crédito por serviços


prestados.
 As despesas são custos suportados pelas instituições, perante terceiros, por conta
dos clientes (por exemplo, imposto do selo ou despesas com Conservatórias).

Seguros de vida - os seguros de vida ou outros podem ser exigidos pelas instituições
como garantia do crédito. O cliente pode sempre escolher a seguradora da sua
preferência. Os custos do crédito incluem os juros, as comissões e despesas e os
prémios de seguros exigidos.

Garantias - as garantias podem ser exigidas pela instituição de crédito pois ajudam a
assegurar o pagamento do empréstimo, no caso de o cliente não o conseguir fazer. São
exemplos de garantias a hipoteca, a fiança, a reserva de propriedade, o penhor de
activos financeiros, entre outros.

As instituições de crédito propõem, por vezes, a aquisição de outros produtos ou


serviços financeiros, como forma de melhorar as condições do empréstimo (por
exemplo, baixar a taxa de juro). São as chamadas vendas associadas facultativas.

 O cliente não é obrigado a adquirir os produtos ou serviços financeiros


propostos pela instituição de crédito.
 O cliente deve analisar se necessita desses produtos e informar-se sobre as suas
características e custos. Deve também informar-se sobre o custo do empréstimo
caso venha a prescindir desses produtos ou serviços financeiros durante o prazo
do empréstimo.

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Reembolso antecipado - o reembolso antecipado do empréstimo, ou seja, o pagamento
de todo ou parte do dinheiro emprestado antes do fim do prazo é sempre possível. Mas,
em geral, está sujeito

 A um prazo de pré-aviso, cujos tempos máximos estão legalmente definidos;


 Ao pagamento de comissão de reembolso antecipada, cujos valores máximos
estão legalmente fixados e dependem do tipo de crédito.

Responsabilidade de crédito - quando se contrata um empréstimo assume-se uma


responsabilidade de crédito, a responsabilidade de devolver o dinheiro emprestado.

Os empréstimos são comunicados pelas instituições de crédito à Central de


Responsabilidades de Crédito (CRC). Os clientes podem sempre consultar a CRC, para
verificar os empréstimos que nela constam em seu nome.

2.10 Modalidades de Reembolso

De acordo Matias (2009) com Existem diversas formas de amortizar o empréstimo, de


acordo com as suas possibilidades e/ou preferências do cliente. A seguir algumas
Modalidades:

 Prestações constantes (modalidade padrão)

Esta modalidade de reembolso é a mais comum e o cliente tem a possibilidade de


amortizar o valor em dívida através do pagamento de prestações constantes de capital e
juros, que se inicia logo na primeira prestação.

 Prestações progressivas (com capitalização parcial de juros crescentes)

No caso concreto de o cliente optar por amortizar o seu empréstimo através da


modalidade de prestações progressivas, o que acontece é que o pagamento aumenta de
ano para ano havendo, por isso, durante o prazo de pagamento, momentos em que o
capital em dívida é superior ao inicialmente emprestado.

 Prestações decrescentes

Nesta modalidade as prestações iniciais são mais elevadas e exigem, por isso, um
esforço adicional no início do pagamento, decrescendo com o passar do tempo.

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Trata-se de uma modalidade também pouco utilizada, uma vez que é mais exigente nos
primeiros anos do empréstimo.

 Reembolso antecipado

O cliente, com esta modalidade, tem a possibilidade de pagar antecipadamente o


empréstimo, podendo este pagamento ser efetuado antes da data inicialmente prevista
para a amortização do empréstimo. Este reembolso poderá ser da totalidade do capital
em dívida (reembolso total) ou de apenas uma parte do capital em dívida (reembolso
parcial).

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3 Conclusão

Em suma, as instituições financeiras captam dos agentes económicos excedentários as


suas poupanças, com as quais financiam os agentes deficitários. Em particular, os
bancos têm como principal função guardar as poupanças das famílias sob a forma de
depósitos e emprestá-las, quer a particulares quer a empresas, sob a forma de concessão
de crédito. Apenas as instituições de crédito autorizadas pelo Banco de Moçambique
podem conceder crédito (por exemplo, bancos, caixas económicas, caixa central e as
caixas de crédito agrícola mútuo, as instituições financeiras de crédito).

Antes de contratar um crédito é por isso fundamental identificar os rendimentos e as


despesas do agregado familiar para avaliar a capacidade financeira de reembolsar o
empréstimo.

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4 Referencias Bibliográficas

Antunes, J. E. (2009) Direito dos Contratos Comerciais. Coimbra: Almedina.

APB. (2016) Serviços Bancários - Crédito Bancário. Obtido em 10 de Março de 2016,


de Associação Portuguesa de Bancos:
http://apb.pt/cliente_bancario/servicos_bancarios/credito_bancario/

Buckland, R., & Davis, E. W. (1995). Finance for Growing Enterprises. New York:
Routledge.

Costa, E. A., & Manolescu, F. M. (2004). A Importância do Crédito na Economia. VIII


Encontro Latino Americano de Iniciação Científica Paraiba: UNIVAP.

Emran, M., & Shilpi, S. F. (2009). Lazy Banks. Government Borrowing and Private
Credit in Developing Countries. Institute for International Economic Policy

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In Ahumada, L.A., Fuentes, J.R. (Eds.). Banco Central de Chile, Santiago, Chile:
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Levine, R., & Zervos, S. (1996) Stock Markets, Banks and Economic Growth. Policy
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Matias, M. (2009) A assimetria informacional no financiamento das micro e pequenas


empresas. In Revista da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas 114 Lisboa:
Santander Totta SGPS (2012) Results.

Pereira, S. G. (2000) O Contrato de Abertura de Crédito Bancário. Cascais: Principia.

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