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Brazilian Journal of Development 113979

ISSN: 2525-8761

Uma análise comparativa sobre o custo-benefício do steel frame e da


alvenaria estrutural em um projeto condominial.

A comparative cost-benefit analysis of steel frame and structural masonry


in a condominium project
DOI:10.34117/bjdv7n12-262

Recebimento dos originais: 12/11/2021


Aceitação para publicação: 08/12/2021

Filipe Marques Oliveira


Graduando em Engenharia Civil - Universidade Nilton Lins
Rua Tiradentes, 143 - Compensa – Manaus – AM
E-mail: filipemaroli11@gmail.com

Antônio Estanislau Sanches


Orientador - Engenheiro Cartógrafo e Civil, Professor Universitário
Universidade Nilton Lins (UNL)
Av. Prof. Nilton Lins 3259 - Flores – Manaus - AM
E-mail: novo.sanches@gmail.com

Érika Cristina Nogueira Marques Pinheiro


Professora da disciplina, Engenheira Civil, Engenheira de Segurança do Trabalho -
Licenciatura em Matemática - Especialista em didática no ensino superior tutoria e docência
em EAD - Universidade Nilton Lins (UNL)
Av. Prof. Nilton Lins 3259 - Flores – Manaus - AM
E-mail: erikamarquespinheiro@gmail.com

RESUMO
O presente artigo tem como objetivo analisar a relação de custo-benefício da utilização do
sistema estrutural steel frame em comparação com o sistema estrutural de alvenaria em um
projeto condominial na cidade de Manaus/AM. Ademais, visa abordar o conceito e normas
relacionadas ao método construtivo do sistema steel frame e do sistema construtivo tradicional
de alvenaria e discutir o custo-benefício no uso de insumos de construção do steel frame em
comparação com o sistema tradicional de construção em alvenaria sob alguns aspectos:
durabilidade, economicidade e manutenibilidade. O estudo de caso foi a fase de aplicação in
loco do estudo e o tipo de abordagem realizado no estudo de caso foi de caráter observacional.
A análise de durabilidade foi realizada com base na avaliação na relação de desempenho do
material (De) x vida útil (VU) para os tipos de sistemas de construção. De acordo com os
valores analisados nas planilhas analíticas de insumos e composição para a alvenaria
convencional e para o steel frame, observa-se que há uma diferença entre ambos os sistemas
quanto ao aspecto da economicidade. A relação do iDP com o grau de Man demonstra que o
gasto com manutenção na obra, sendo ela em alvenaria convencional, será maior do que com
o uso do steel frame. Concluiu-se então que há uma diferenciação considerável nesses
aspectos de escolha, tanto para o steel frame, como para a alvenaria convencional.

Palavras-chave: Sistemas construtivos, Steel Frame, Alvenaria Estrutural.

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ABSTRACT
The present work aims to analyze the cost-benefit ratio of using the steel frame structural
system compared to the masonry structural system in a single-family residential project. Given
the above, the study addresses the concept and standards related to the construction method
of the steel frame system and the traditional masonry construction system, seeking to analyze
the cost-benefit in the use of steel frame construction inputs compared to the traditional
construction system in masonry under some aspects: durability, economy and maintainability.
The case study was the application phase of the study and the type of approach used in the
case study was observational. The durability analysis was performed based on the evaluation
of the material performance ratio (De) x useful life (VU) for the types of construction systems.
According to the values analyzed in the analytical spreadsheets of inputs and composition for
conventional masonry and steel frame, it is observed that there is a difference between both
systems regarding the aspect of economy. The relationship between iDP and Man's degree
shows that the cost of maintenance on the work, being it in conventional masonry, will be
higher than with the use of the steel frame. It was concluded that there is a considerable
differentiation in these aspects of choice, both for the steel frame and for the conventional
masonry.

Keywords: Civil Construction, Steel Frame, Conventional Masonry.

1 INTRODUÇÃO
O uso do aço e das estruturas metálicas no mercado global tem sido objeto de estudos,
análises e observações sobre a efetividade e o custo-benefício em construções no Brasil e no
mundo. O aço passou a ganhar espaço no mercado da construção civil por inúmeros fatores,
dentre estes: maior garantia de qualidade, aspectos sustentáveis, redução no tempo de obra e
maior eficiência quanto a durabilidade a resistência.
De acordo Cortez (2017) o mercado da construção civil é amplamente dinâmico e
rotativo, priorizando tipos de sistemas construtivos que privilegiem o melhor custo-benefício
e a qualidade a longo prazo para o oferecimento de uma estrutura com maior grau de rigidez
quanto aos aspectos de durabilidade e oferecimento de um resultado satisfatório ao cliente.
Para Monteiro Filha (2010) a construção civil no país alavancou a economia e o processo de
urbanização das grandes cidades, sendo vital, principalmente, para o surgimento de outros
modelos econômicos de grande importância como o mercado imobiliário e indústria de
decorações e arquitetura.
Sendo assim, podemos observar que a aplicabilidade do aço na construção civil é
diversificada, logo, a sua utilização passou a ser absorvida pelas grandes incorporações, dentre
os mais variados ramos: pontes, incorporadoras, complexos industriais, projetos de macro
infraestrutura, aeroportos, dentre outros. Essa absorção deu-se também pelo poder público na
licitação de obras públicas de infraestrutura, edifícios, monumentos e espaços públicos.

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A facilidade da construção civil com as estruturas pré-moldadas corroborou para a


ampliação desse mercado no país, sendo presente em empreendimentos, construções locais,
espaços urbanos e obras de pequeno, médio e grande porte. O uso da alvenaria na construção
surgiu desde o período da Antiguidade, sendo datado como uma das primeiras construções no
mundo. Um grande exemplo desse tipo de construção são as pirâmides do Egito e as
construções milenares egípcias e romanas, sendo consideradas as construções mais antigas da
história segundo arqueólogos e documentalista (LINCK, 2012).
Trata-se de um estudo relevante para o cenário acadêmico-cientifico da Engenharia
Civil por discutir, sob a perspectiva da construção civil, os tipos de sistemas construtivos
economicamente viáveis sob uma análise acerca do custo-benefício. Levando em
consideração a importância de pesquisas sobre as modalidades de construção e os aspectos
econômicos que influenciam o processo de elaboração de projetos condominiais, é inerente
ao cenário de discussão proposto observar o steel frame e os sistemas construtivos tradicionais
como tipologias de sistemas estruturais viáveis, dependendo do tipo e da necessidade do
projeto.
O presente artigo tem como objetivo analisar a relação de custo-benefício da utilização
do sistema estrutural steel frame em comparação com o sistema estrutural de alvenaria em um
projeto condominial na cidade de Manaus/AM. Ademais, visa abordar o conceito e normas
relacionadas ao método construtivo do sistema steel frame e do sistema construtivo tradicional
de alvenaria e discutir o custo-benefício no uso de insumos de construção do steel frame em
comparação com o sistema tradicional de construção em alvenaria sob alguns aspectos:
durabilidade, economicidade e manutenibilidade.

1.1 SISTEMA CONSTRUTIVO TRADICIONAL: ALVENARIA ESTRUTURAL


O Brasil sempre teve um papel fundamental e estratégico no mundo quanto ao mercado
da siderurgia e da construção civil. Por volta da década de 30, em meio ao crescimento da
industrialização no país a partir da abertura de capital e investimento na siderurgia, o aço foi
utilizado como peça-chave na expansão da produção nacional, apesar da importação de boa
parte da matéria-prima (KLOSS, 1996).
No final do século XIX e inicio do século XX o Brasil ainda importava boa parte do
seu aço de países como França, Bélgica e Inglaterra, que abastecia a indústria e a produção de
manufatura do país. Grandes construções no país tiveram sua construção feita através do aço
importado, dentre elas, muitas estão localizadas em grandes cidades (CASTRO;
MICHALKA, 2004)

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Os sistemas construtivos compõem uma série de tipos de atividades que envolvem


recursos humanos, materiais, máquinas, processos e outros elementos envolvidos para a
elaboração de uma construção. Existem basicamente três tipos: tradicional, convencional e
industrial (FONSECA, 2015).
O uso da alvenaria na construção surgiu desde o período da Antiguidade, sendo datado
como uma das primeiras construções no mundo. Um grande exemplo desse tipo de construção
são as pirâmides do Egito e as construções milenares egípcias e romanas, sendo consideradas
as construções mais antigas da história segundo arqueólogos e documentalista (LINCK,
2012).
No decorrer dos séculos o uso da alvenaria foi expandido para todos os continentes,
incentivado pela aproximação da sua metodologia de desenvolvimento na cultura da
sociedade, tendo em vista toda a sua facilidade na estruturação para a construção de casas.
Grassiotto e Grassiotto (2013) observam que a alvenaria estrutural não é um sistema
construtivo novo, levando em consideração que ele estava presente em construções milenares
no período da Antiguidade, entretanto, houve uma significativa modernização no seu método
de aplicabilidade.
Sabatinni (2012) analisa que a alvenaria estrutural possui uma diferença da alvenaria
estrutural pela sua capacidade de dimensionamento, flexibilidade e durabilidade. Os requisitos
para a aplicação de modelos do dimensionamento das estruturas de alvenaria estrutural é mais
eficiência em obras de grande necessidade de estruturas, tais como edifícios, prédios e
monumentos de grande porte.

1.2 STEEL FRAME


O Sistema Steel Frame, ou do inglês Ligth Stell Framing, é um tipo de sistema
construtivo industrializado com características diferentes dos sistemas de construção
tradicionais, priorizando, principalmente, a racionalização no uso de materiais e a estrutura de
uso com aços galvanizados (FERRAZ, 2003).
Santiago (2010) aborda o Steel Frame como uma evolução construtiva autoportante
em madeira que surgiu nos Estados Unidos e no Canadá na primeira metade do século XIX.
A extensão do seu uso chegou até o Japão em outros países asiáticos, sendo muito usado em
locais mais afastados e que necessitava de uma construção mais rápida e flexível.
No Brasil, de acordo com Sales (2009), o Steel Frame surgiu em meio aos
empreendimentos privados e em construções residenciais de alto padrão, principalmente em
residências de condomínio fechado em grandes empresas e lojas. É um tipo de sistema

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construtivo que possui como característica a grande flexibilidade no processo de construção,


além da boa qualidade dos materiais utilizados, sendo bastante aceito no ramo industrial.
O Steel Frame, diferentemente dos tipos de sistemas construtivos convencionais, não
está dentro da cultura habitacional da sociedade no Brasil. Santiago (2010) analisa que ele é
um sistema que possui maior vantagem de aplicabilidade no ramo industrializado, com pouca
aderência, ainda, em espaços coletivos e públicos como em programas habitacionais.

4 METODOLOGIA
O método de abordagem do artigo é qualitativo, caracterizando-se como uma pesquisa
bibliográfica, pesquisa documental, descritiva e aplicada sob a perspectiva do estudo de caso.
O levantamento bibliográfico será realizado por meio do acesso a pesquisas realizadas em
bases de dados da área de Engenharia Civil localizadas no Portal de Periódicos da CAPES. A
pesquisa documental será realizada por meio do acesso às plantas do projeto do condomínio
residencial, das tabelas de custos e da análise realizada no Sistema Nacional de Pesquisa de
Custo e Índices da Caixa Econômica Federal (SINAPI).
A área de estudo compreende um empreendimento que cobre um espaço de uma área
residencial de 100.946,63 m² com uma área verde de 29.124,84m². O planejamento de
construção elaborado pela empresa está com previsão para o início das obras a partir de
fevereiro de 2022 (Figura 1).

Figura 1 – Planta (Residência Tipo I)

Fonte: Incorporadora (2020)

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O tipo de abordagem realizado no estudo de caso será de caráter observacional. Esse


tipo de abordagem de campo visa identificar os elementos e os fenômenos da pesquisa sem
realizar qualquer interferência. A escolha desse método foi necessária por dois aspectos:
a) O condomínio residencial ainda está na fase de projeto e planificação das etapas
da obra – logo, não houve a necessidade de visitar o local para registrar fotos ou coletar dados
da construção. O acesso aos dados foi realizado pelo projeto.
b) O cenário atual de pandemia do novo coronavírus (Covid-19). A dinâmica de
coleta do estudo priorizou o acesso remoto: bibliográfico e técnico-documental, a fim de evitar
maiores exposições durante a realização do estudo.
c) Os dados coletados são oriundos da Tabela do SINAPI, acessado remotamente
pelo site da Caixa Econômica Federal.
A coleta dos dados será realizada com base na construção total do imóvel, levando em
consideração o valor de mercado atual e os itens básicos de construção (insumos e
componentes).
A análise dos dados compreende os aspectos da Relação Custo-Benefício (RCB)
coletada nas tabelas de custos SINAPI 2019/2010 – Relatório das referências em insumos e
composições de serviços em construção civil. Os parâmetros de análise para comparação dos
insumos técnicos de componentes do steel frame e alvenaria foram observados por meio do
Catálogo de Composições Analíticas (atualizada em fevereiro de 2021 – última versão).

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A análise dos dados sobre a precificação dos insumos e componentes foi realizada a
partir das Tabelas SINAPI 2020 – Manaus (Catálogo e Composição Analítica e o Catálogo de
Insumos – sem encargos). Observam-se logo abaixo as listagens dos itens de composição para
a construção com base na alvenaria estrutural e Steel Frame. Os itens que compõem o
levantamento dos insumos e componentes estão de acordo com os dados do projeto de
construção repassados pela incorporadora. Optou-se por apresentar as tabelas analíticas na
modalidade agrupada, tendo em vista se referem aos principais insumos e componentes para
o tipo da obra.
A Tabela 1 apresenta a planilha analítica de insumos da composição da alvenaria
convencional:

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Tabela 1 - Planilha analítica de insumos e composição – Alvenaria convencional (SINAPI 2021)

Fonte: Caixa Econômica Federal – Tabela SINAPI (2021)

Observa-se que os insumos para a obra possuem um agrupamento mais específico para
uma construção padrão do Tipo Casa Padrão Alto (Alto Padrão) estabelecido pela NBR 15575
(2013). As especificações levantadas nos relatórios do SINAPI levaram em consideração o
BDI a 0,00% (sem custos adicionais) com a precificação de mercado atualizado diretamente
pelo sistema.
A Tabela 2 apresenta a planilha dos custos diretos referentes à alvenaria convencional:

Tabela 2 - Planilha de custos direitos – Alvenaria convencional (SINAPI 2021)

Fonte: Caixa Econômica Federal – Tabela SINAPI (2021)

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Observa-se na Tabela 2 a planilha referente aos custos direitos para a obra. A relação
dos custos diretos leva em consideração os insumos e componentes da obra tabelados
conforme os registros de precificação atual do SINAPI para o estado do Amazonas. Nota-se
que o BDI está a 0,00% (sem custos adicionais), o que significa que não foi incluso nenhuma
taxa extra referente a juros ou impostos sob o valor dos componentes.
A Tabela 3 apresenta a planilha analítica de insumos da composição da obra para o
steel frame:

Tabela 3 - Planilha analítica de insumos e composição – Steel Frame (SINAPI 2021)

Fonte: Caixa Econômica Federal – Tabela SINAPI (2021)

A Tabela 3 apresenta os dados específicos referentes aos componentes e insumos da


construção do empreendimento para o steel frame. Observa-se que o BDI também foi
estabelecido em 0,00% (sem custos adicionais). Alguns componentes pesquisados no SINAPI
são apresentados como sendo “componentes para exportação”, visto que no mercado regional
há a falta de alguns insumos específicos.
A Tabela 4 apresenta a planilha dos custos diretos referentes à construção em steel
frame:

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Tabela 4 - Planilha de custos direitos – Steel Frame (SINAPI 2020)

Fonte: Caixa Econômica Federal – Tabela SINAPI (2021)

Observa-se na Tabela 4 a relação dos custos diretos na obra com o uso dos
componentes e insumos para steel frame. Nota-se que o custo parcial é mais alto e a faixa de
componentes, apesar da relação incluir somente o agrupamento básico de materiais, é
relativamente mais baixa em comparação com a tabela de alvenaria convencional. Essa
diferença pode ser explicada pela baixa demanda dos materiais no mercado regional, além do
maior custo por unidade no comparativo com os componentes da alvenaria convencional e
também com outros tipos de sistemas de construção.
A análise de durabilidade foi realizada com base na avaliação na relação de
desempenho do material (De) x vida útil (VU) para os tipos de sistemas de construção. No
cálculo de durabilidade foi levada em consideração a capacidade de duração das estruturas a
partir dos tipos de componentes apresentadas para cada um a partir da tabela SINAPI. O
conceito de durabilidade, do ponto de vista de resistência do material, está diretamente
relacionado ao tempo útil da construção: requisitos de desempenho, tempo de manutenção,
resistência ao ambiente, envelhecimento natural e decomposição de materiais, etc.
Para o cálculo do desempenho foi realizada a análise sobre os Indicadores de
desempenho (iDP) por meio da fórmula:

iDP (nota) = {(Ic x Pc) + (IQ x PQ) + (IQ + PQ) + (IA x PA) + (Is x Ps)

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Onde:

Ic = Nota da categoria Custo (0-10)


Pc = Peso da categoria Custo (%)
Ip = Nota da categoria Prazo (0-10)
Pp = Peso da categoria Prazo (%)
IQ = Nota da categoria Qualidade (0-10)
PQ = Peso da Qualidade (%)
IA = Nota da categoria Meio Ambiente (%)
PA = Peso da categoria Meio Ambiente (%)
Is = Nota da categoria Segurança do Trabalho (0-10)
Ps = Peso da categoria Segurança do Trabalho (%)

As categorias são definidas de acordo com os indicadores de avaliação de


produtividade da obra fornecida pela operação de obra da imobiliária. Cada avaliação é
medida a partir dos critérios específicos para cada tipo de material. Os critérios para o steel
frame foram estabelecidos de acordo com a NBR 15575. As análises seguem de acordo com
a Tabela 5 e a Tabela 6:

Tabela 5 – Cálculo do iDP (Alvenaria convencional)


Categoria Indicador iDP
Nota associada ao
Nota associada a
indicador
Código Nome Peso* categoria

Ic Custo 17,01% 7,5 7,1


Ip Prazo 16,01% 7,2 7,0 6,7
IQ Qualidade 13,04% 6,1 5,5
IA Meio Ambiente 11,89% 6,8 8,0
Is Segurança do 14,13% 8,0 2,2
Trabalho
*Peso estimado em 100%

Tabela 6 – Cálculo do iDP (Steel Frame)


Categoria Indicador iDP
Nota associada ao
Nota associada a
indicador
Código Nome Peso* categoria

Ic Custo 17,01% 8,0 8,2


Ip Prazo 16,01% 8,4 8,8 8,8
IQ Qualidade 13,04% 9,2 8,1
IA Meio Ambiente 11,89% 8,8 8,0
Is Segurança do 14,13% 8,6 8,8
Trabalho
*Peso estimado em 100%

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Observa-se, de acordo com os cálculos do iDP, que a durabilidade dos componentes


do steel frame é maior em relação aos componentes da alvenaria convencional. Essa relação
pode ser observada pelos seguintes fatores: maior resistência do aço em relação à alvenaria
tradicional, estrutura anticorrosiva com uma membrana mais durável na região interna e
externa e a substituição pela madeira comum por uma estrutura de placa OBS (Oriented Strand
Board) – garantindo maior resistência mecânica na estrutura e na fundição.
O Gráfico 1 e o Gráfico 2 apresentam uma análise sobre a Vida Útil (VU) com base
no cálculo do iDP, tanto para a alvenaria convencional quanto para o steel frame,
respectivamente:

Gráfico 1 – Vida útil (VU) para a alvenaria convencional

Gráfico 2 – Vida útil (VU) para o steel frame

Observa-se nos gráficos 1 e 2 uma análise sobre a VU dos sistemas de construção de


acordo com as análises anteriormente observadas com o cálculo iDP. Notou-se que o nível de

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desempenho para o modelo steel frame possui um tempo maior de VU como pode ser
analisado no tempo (T2) para a realização das ações de incremento, enquanto que no (T1) .
As ações de incremento, no caso, são os reparos e ajustes eventuais ao longo do tempo que
deverão ser realizadas na obra. Quanto ao gráfico de VU da alvenaria convencional pode-se
observar que a necessidade de reparo é bem mais curta em comparação ao steel frame, logo,
a necessidade de reparo é bem mais rápida. Entende-se então que o VU > Steel Frame / VU <
Alvenaria convencional – observando a relação de VU com manutenção e a VU sem
manutenção – conclui-se que a durabilidade do steel frame é maior em relação ao tempo de
reparo necessário na alvenaria convencional.
De acordo com os valores analisados nas planilhas analíticas de insumos e composição
para a alvenaria convencional e para o steel frame, observa-se que há uma diferença entre
ambos os sistemas quanto ao aspecto da economicidade. O cálculo do iDP apresentou que o
aspecto de durabilidade é maior para o steel frame, sendo então viável para a construção um
maior tempo de uso (VU > Necessidade manutenção). Já para a alvenaria convencional o
cálculo do iDP apresentou uma necessidade menor de desempenho em relação ao tempo de
uso, sendo então necessário uma manutenção mais breve (VU < Necessidade manutenção).
Com base no levantamento da precificação de materiais e insumos de construção
realizada meio de uma pesquisa de mercado na cidade de Manaus, constatou-se que a alvenaria
convencional tem o melhor custo-benefício. Essa constatação pode ser observada pelos
seguintes fatores:
a) A alvenaria convencional é mais viável sob o ponto de vista do acesso aos insumos e
componentes: tem maior abrangência de mercado;
b) O steel frame ainda é pouco comercializado na cidade de Manaus. Boa parte dos seus
insumos é importada da região Sul e Sudeste do país, tornando então mais oneroso
para o consumidor;
c) As condições do mercado local ainda estão bastante inclinadas para o uso da alvenaria
convencional, tendo em vista a facilidade de desenvolver a obra com poucos
imprevistos;
d) Mão de obra qualificada: o steel frame requer uma equipe mais especializada para
desenvolver projetos de construção. Algo que ainda não está tão presente no mercado
da construção civil em Manaus.

Com base no cálculo do iDP e a análise da VU (Gráficos 1 e 2) observou-se que:

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- A manutenibilidade para o empreendimento com alvenaria convencional necessita


ser realizado com maior tempo de periodicidade. Logo, o nível de desempenho é menor e o
grau de manutenção é maior (>Man);

- A manutenibilidade para o empreendimento com steel frame necessita ser realizado


com menor tempo de periodicidade. Logo, o nível de desempenho é maior e o grau de
manutenção é menor (<Man).
Sendo assim:

iDP steel frame > iDP alvenaria convencional / Man alvenaria convencional > Man steel frame

Essa relação do iDP com o grau de Man demonstra que o gasto com manutenção na
obra, sendo ela em alvenaria convencional, será maior do que com o uso do steel frame.
Entretanto, no que diz respeito ao custo, o steel frame será mais caro e apresentaria uma menor
relação de custo-benefício, apesar de apresentar uma maior durabilidade e uma menor
necessidade de manutenções periódicas.

6 CONCLUSÃO
Os estudos sobre a análise de custos e rentabilidade na construção civil vêm sendo
cada vez mais importante para a tomada de decisões ao realizar um investimento imobiliário
ou decidir por qual estratégia aderir em relação ao custo-benefício de uma determinada obra.
Para tanto, analisar o custo-benefício de uma obra envolve um conjunto de fatores que,
associados ao conhecimento sobre o mercado imobiliário e da construção civil, pode ajudar a
decidir por qual método adotar na escolha de um sistema construtivo e se vale a pena adquirir
um determinado bem patrimonial.
O estudo analisou a relação custo-benefício em um projeto residencial unifamiliar de
Manaus, observando os aspectos de manutenibilidade, durabilidade e economicidade no uso
de alvenaria convencional e steel frame com base nos dados do mercado local e nas
informações contidas na Tabela SINAPI. Concluiu-se então que há uma diferenciação
considerável nesses aspectos de escolha, tanto para o steel frame, como para a alvenaria
convencional. Observou-se que, para o mercado local, ainda é mais vantajoso – sob o ponto
de vista da rentabilidade e do custo-benefício – construir um empreendimento residencial com
insumos e componentes da alvenaria convencional.

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Essa análise pode ser observada como uma tendência ainda recorrente no mercado da
construção civil. O uso da alvenaria convencional (modelo de construção tradicional) ainda é
mais acessível para o cliente, pois pode ser mais facilmente encontrado nas lojas de construção
e é economicamente mais rentável para o custo total da obra. Também deve ser observado que
o cenário local ainda não é receptível para o steel frame: alto custo dos insumos, exportações,
mão de obra especializada, estrutura do solo diferente, custo de manutenção, etc. São fatores
que ainda não permitiram uma imersão do steel frame no mercado imobiliário na construção
civil em Manaus, sendo ele somente presente em alguns nichos do ramo industrial.

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REFERÊNCIAS

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NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO, X., 2004, São Paulo.
Anais... São Paulo: CLACS; ENTAC, 2004

CORTEZ, L. A. R. et al. Uso das estruturas de aço no Brasil. Ciências exatas e tecnológicas,
Alagoas, v.4, n.2, p.217-228, 2017.

FERRAZ, H. O aço na construção civil. Revista Eletrônica de Ciências, São Carlos, n.22,
2003.

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acobrasil.org.br/site/noticias-detalhes.php?cod=7072. Acesso em: 11 set. 2021.

GRASSIOTTO, J. de A.; GRASSIOTO, M. L. F.; Habitação social em São Paulo: Alternativa


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LINCK, Fernanda et. al,. Alvenaria Estrutural: Eficiência construtiva nas habitações de
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MONTEIRO FILHA, D. C. et. al. Construção Civil no Brasil: investimentos e desafios. In:
Perspectiva do Investimento 2010-2013. Rio de Janeiro: BNDES, 2010.

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Financiamento de edifícios em alvenaria estrutural junto à caixa econômica federal. 2012.

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Arlene Maria Sarmanho Freitas, Renata Cristina Moraes de Crasto. Rio de Janeiro: Instituto
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