Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PREVIDENCIÁRIA
Amanda Cavalcanti Correia
e Elaine Peixoto
3 EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
A rescisão extingue o contrato de trabalho. Pelo direito do trabalho, ela poderá ser
formalizada de diversas maneiras são elas:
2. Pedido de demissão
Ainda, sobre temos que toda vez que houver dúvidas sobre a finalização ou não do
contrato, sempre devemos aplicar o princípio das presunções favoráveis ao trabalhador,
conforme lição de Delgado (2007), “O princípio das presunções favoráveis ao
trabalhador no contexto da ruptura do contrato empregatício está claramente
incorporado pela jurisprudência trabalhista do país (Súmula 212, TST) ”.
2
3. Aviso misto, é uma criação do comércio e prática empresarial, é um misto do
aviso trabalhado com o aviso indenizado. Em resumo, é quando o aviso tem uma parte
trabalhada e outra indenizada.
Ainda cabe ressaltar que pela lei n. 12.506/2011, o aviso prévio tem sua forma
proporcional, ou seja, os empregados dispensados sem justa causa, por rescisão por
acordo, rescisão indireta ou por extinção do contrato a termo com vigência maior que
um ano, terão direito a 3 dias a mais por ano de trabalho, além dos 30 dias de aviso.
O prazo de pagamento das verbas rescisórias se dará em até 10 dias, contados da data
da rescisão contratual, com base no art. 477, §6º da CLT, e não sendo o mesmo
respeitado trará ao empregador duas penalidades, uma é o pagamento de mais um
salário a favor do empregado e a outra é o pagamento de 160 Ufirs ao Ministério do
trabalho, nos moldes do que determina o art. 477, §8º da CLT. A essa modalidade de
rescisão são devidas as seguintes verbas:
• saldo de salário;
• férias vencidas e proporcionais mais 1/3;
• 13º salário;
• aviso prévio, indenizado, trabalhado ou misto a escolha do empregador;
• liberação do FGTS, com a multa de 40% a favor do empregador
• seguro-desemprego, desde que cumpridas as regras do art. 3 da Lei n.
7.998/90 e Resolução CODEFAT 467/2005, sendo CODEFAT - Conselho Deliberativo do
Fundo de Amparo ao Trabalhador.
3
O aviso prévio para essa modalidade de rescisão poderá ser:
b) Descontado – onde o empregado deixar claro, e por escrito, que não irá cumprir
o aviso garantindo ao empregador o direito de fazer a rescisão do contrato de trabalho
e descontar o valor de 30 dias do aviso, com base no art. 487, §2º da CLT.
Prazo de pagamento, com a reforma trabalhista também passa a ser de até 10 dias,
contados da extinção do contrato conforme art. 477, §6º da CLT.
4
a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei,
contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato;
b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com
rigor excessivo;
c) correr perigo manifesto de mal considerável;
d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;
e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua
família, ato lesivo da honra e boa fama;
f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em
caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa,
de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários.
§ 1º - O empregado poderá suspender a prestação dos serviços ou rescindir o
contrato, quando tiver de desempenhar obrigações legais, incompatíveis com
a continuação do serviço.
§ 2º - No caso de morte do empregador constituído em empresa individual, é
facultado ao empregado rescindir o contrato de trabalho.
§ 3º - Nas hipóteses das letras "d" e "g", poderá o empregado pleitear a
rescisão de seu contrato de trabalho e o pagamento das respectivas
indenizações, permanecendo ou não no serviço até final decisão do processo.
(Incluído pela Lei nº 4.825, de 5.11.1965)
Essa modalidade de rescisão para ter validade, deverá ser processada junto ao judiciário,
ou seja, depende de decisão judicial para que seja considerada válida.
Prazo de pagamento nesse caso é a critério do que for determinado pelo juiz.
Verbas devidas, conforme uma rescisão sem justa causa, veja item 1 deste material.
Observação, o tipo de aviso prévio para essa modalidade rescisão também deverá ser
definido pelo juiz da causa.
Devemos lembrar, pela lição de Delgado (2007), que
5
Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo
empregador:
a) ato de improbidade;
b) incontinência de conduta ou mau procedimento;
c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do
empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual
trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço;
d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não
tenha havido suspensão da execução da pena;
e) desídia no desempenho das respectivas funções;
f) embriaguez habitual ou em serviço;
g) violação de segredo da empresa;
h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
i) abandono de emprego;
j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra
qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de
legítima defesa, própria ou de outrem;
k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra
o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa,
própria ou de outrem;
l) prática constante de jogos de azar.
m) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o
exercício da profissão, em decorrência de conduta dolosa do empregado.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
Parágrafo único - Constitui igualmente justa causa para dispensa de
empregado a prática, devidamente comprovada em inquérito
administrativo, de atos atentatórios à segurança nacional. (Incluído pelo
Decreto-lei nº 3, de 27.1.1966)
Prazo para pagamento das verbas será também de 10 dias contados na extinção do
contrato, conforme determina o art. 477, §6º da CLT, modificado pela lei da Reforma
Trabalhista – lei n. 13.467/2017.
6
Não existirá rescisão por acordo, se as partes divergirem de algum ponto, para que ela
seja aplicada é necessária a plena aceitação de todas as condições de ambas as partes.
Sua formalização será feita por escrito, deixando claro que as partes no ato concordam
em finalizar o contrato por acordo. Observe que não se trata de uma dispensa pelo
empregador e nem um pedido de demissão, e sim uma modalidade onde ambos têm o
interesse na finalização do contrato de trabalho.
O prazo de pagamento das verbas também será de até 10 dias contados da data da
extinção do contrato, art. 477, §6º da CLT.
As verbas devidas serão as que constam do art. 484-A da CLT, quais sejam:
• saldo de salário;
• férias vencidas e proporcionais mais 1/3 Constitucional;
• 13º salário;
• Aviso prévio indenizado, com direito aos 3 dias a mais por ano, porém devido
pela metade;
• Liberação de 80% dos valores depositados no FGTS; sendo a multa de 20%;
• não terá direito a seguro desemprego.
7
Na rescisão antecipada por iniciativa do empregado, será devido: saldo de salário, férias
vencidas e proporcionais mais o 1/3, 13º salário, e, não haverá liberação do FGTS, salvo
para os empregados aposentados. E provado pelo empregador que o empregado causou
prejuízo, poderá o mesmo ser descontado de metade dos dias que faltavam para
completar o contrato com base no art. 480 da CLT.
Ainda, no caso de rescisão antecipada, quer por iniciativa do empregador ou do
empregado nos contratos que tiverem cláusula assecuratória de direito recíproca a
rescisão antecipada, caberá à parte que notificou pelo fim antecipado do contrato o
pagamento de aviso prévio ou até mesmo seu cumprimento, com base no art. 481 da
CLT, sendo devidas ao empregados as demais verbas rescisórias como saldo de salário,
férias vencidas e proporcionais mais 1/3 e 13º salário. Com relação ao FGTS, o mesmo
será devido com a multa se a rescisão se der por iniciativa do empregador.
Prazo de pagamento, também é de 10 dias contados da data da extinção o contrato,
com base no art. 477, §6º da CLT.
8
Verbas devidas, equivalente a um pedido de demissão, só que sem direito a multa do
FGTS e aviso prévio.
Vejamos o que dispõe a Súmula 14 do TST: “Súmula TST nº 14, Reconhecida a culpa
recíproca na rescisão do contrato de trabalho (art. 484 da CLT), o empregado tem direito
a 50% (cinquenta por cento) do valor do aviso prévio, do décimo terceiro salário e das
férias proporcionais”.
Sabe-se pela doutrina que sua prática tem muitos detalhes, e por muitos é desconhecida
o que inviabiliza a sua utilização devido ao rigor que é exigido para sua comprovação.
REFERÊNCIAS
9
MARTINES, L. Curso de Direito do Trabalho: relações individuais, sindicais e coletivas
do trabalho. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2016.
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 6.ed. São Paulo: LTr,
2007.
GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. CLT: Comentada. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
Metódo, 2015a.
_______. Curso de Direito do Trabalho. 9. ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro:
Forense, 2015b.
10