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LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E

PREVIDENCIÁRIA
Amanda Cavalcanti Correia

e Elaine Peixoto
3 EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO

A rescisão extingue o contrato de trabalho. Pelo direito do trabalho, ela poderá ser
formalizada de diversas maneiras são elas:

1. Dispensa sem justa causa

2. Pedido de demissão

3. Rescisão por acordo

4. Rescisão por Justa Causa

5. Rescisão por acordo

6. Rescisão do Contrato a Termo, no prazo ou antes do prazo

7. Rescisão por falecimento

Ainda, sobre temos que toda vez que houver dúvidas sobre a finalização ou não do
contrato, sempre devemos aplicar o princípio das presunções favoráveis ao trabalhador,
conforme lição de Delgado (2007), “O princípio das presunções favoráveis ao
trabalhador no contexto da ruptura do contrato empregatício está claramente
incorporado pela jurisprudência trabalhista do país (Súmula 212, TST) ”.

3.1 Dispensa sem justa causa

É um ato do empregador, que por intermédio de notificação escrita ao empregado,


coloca fim ao contrato de trabalho, concedendo ao mesmo um aviso prévio, que poderá
ser:
1. Totalmente trabalhado, com redução de 2h por dia ou 7 dias, com base no art.
488 da CLT, a ser escolhida pelo empregado.
2. Totalmente indenizado, onde o empregado receberá em valor dos dias do aviso
de forma indenizada na rescisão contratual.

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3. Aviso misto, é uma criação do comércio e prática empresarial, é um misto do
aviso trabalhado com o aviso indenizado. Em resumo, é quando o aviso tem uma parte
trabalhada e outra indenizada.

Ainda cabe ressaltar que pela lei n. 12.506/2011, o aviso prévio tem sua forma
proporcional, ou seja, os empregados dispensados sem justa causa, por rescisão por
acordo, rescisão indireta ou por extinção do contrato a termo com vigência maior que
um ano, terão direito a 3 dias a mais por ano de trabalho, além dos 30 dias de aviso.

O prazo de pagamento das verbas rescisórias se dará em até 10 dias, contados da data
da rescisão contratual, com base no art. 477, §6º da CLT, e não sendo o mesmo
respeitado trará ao empregador duas penalidades, uma é o pagamento de mais um
salário a favor do empregado e a outra é o pagamento de 160 Ufirs ao Ministério do
trabalho, nos moldes do que determina o art. 477, §8º da CLT. A essa modalidade de
rescisão são devidas as seguintes verbas:

• saldo de salário;
• férias vencidas e proporcionais mais 1/3;
• 13º salário;
• aviso prévio, indenizado, trabalhado ou misto a escolha do empregador;
• liberação do FGTS, com a multa de 40% a favor do empregador
• seguro-desemprego, desde que cumpridas as regras do art. 3 da Lei n.
7.998/90 e Resolução CODEFAT 467/2005, sendo CODEFAT - Conselho Deliberativo do
Fundo de Amparo ao Trabalhador.

3.1.1. Pedido de Demissão


É o ato em que o empregado põe fim ao contrato de trabalho, comunicado por escrito,
e em regra de próprio punho, sobre o interesse de pôr fim ao contrato de trabalho,
avisando o seu empregado se irá ou não cumprir o aviso prévio.

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O aviso prévio para essa modalidade de rescisão poderá ser:

a) Trabalhado – porém somente 30 dias

b) Descontado – onde o empregado deixar claro, e por escrito, que não irá cumprir
o aviso garantindo ao empregador o direito de fazer a rescisão do contrato de trabalho
e descontar o valor de 30 dias do aviso, com base no art. 487, §2º da CLT.

c) Indenizado – quando o empregado quer cumprir o aviso, mas o seu empregado


se nega a deixar, nesse caso, ele terá que ser indenizado pelo empregador dos dias do
aviso (30 dias), base art. 18 da IN SRT 15/2010.

Verbas devidas no pedido de demissão:


- saldo de salário;
- férias vencidas e proporcionais mais 1/3;
- 13º salário;
- aviso prévio é devido pelo empregado ao empregador, e será sempre de 30 dias,
com base na Nota Técnica 184/2012 do Ministério do Trabalho;
- não há liberação do FGTS em regra, só sendo mesmo liberado para o empregado
que for aposentado;
- não há direito ao seguro-desemprego.

Prazo de pagamento, com a reforma trabalhista também passa a ser de até 10 dias,
contados da extinção do contrato conforme art. 477, §6º da CLT.

3.1.2. Rescisão Indireta


Também conhecida como a justa causa do empregador no empregado, terá como
motivação uma das hipóteses previstas no art. 483 da CLT, que segue na íntegra:

Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a


devida indenização quando:

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a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei,
contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato;
b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com
rigor excessivo;
c) correr perigo manifesto de mal considerável;
d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;
e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua
família, ato lesivo da honra e boa fama;
f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em
caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa,
de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários.
§ 1º - O empregado poderá suspender a prestação dos serviços ou rescindir o
contrato, quando tiver de desempenhar obrigações legais, incompatíveis com
a continuação do serviço.
§ 2º - No caso de morte do empregador constituído em empresa individual, é
facultado ao empregado rescindir o contrato de trabalho.
§ 3º - Nas hipóteses das letras "d" e "g", poderá o empregado pleitear a
rescisão de seu contrato de trabalho e o pagamento das respectivas
indenizações, permanecendo ou não no serviço até final decisão do processo.
(Incluído pela Lei nº 4.825, de 5.11.1965)

Essa modalidade de rescisão para ter validade, deverá ser processada junto ao judiciário,
ou seja, depende de decisão judicial para que seja considerada válida.
Prazo de pagamento nesse caso é a critério do que for determinado pelo juiz.
Verbas devidas, conforme uma rescisão sem justa causa, veja item 1 deste material.
Observação, o tipo de aviso prévio para essa modalidade rescisão também deverá ser
definido pelo juiz da causa.
Devemos lembrar, pela lição de Delgado (2007), que

a ordem justrabalhista não autoriza, regra geral, a transferência do risco do


empreendimento e do labor prestado para o próprio obreiro (alteridade): isso
significa que motivos poderosos para o reiterado e grave inadimplemento
contratual (recessão, mudança da política econômica, etc.), os quais,
supostamente, poderiam reduzir a culpa do empregador, não têm esse
efetivo poder, não sendo bastantes para afastar o tipo jurídico do art. 483,
“d”, da CLT, por exemplo.

3.2. Rescisão por Justa Causa

É o ato do empregador que põem fim ao contrato de trabalho do empregado, por


incompatibilidade da sua continuidade por motivo de falta grave. As faltas consideradas
grave são contidas na CLT, art. 482:

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Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo
empregador:
a) ato de improbidade;
b) incontinência de conduta ou mau procedimento;
c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do
empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual
trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço;
d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não
tenha havido suspensão da execução da pena;
e) desídia no desempenho das respectivas funções;
f) embriaguez habitual ou em serviço;
g) violação de segredo da empresa;
h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
i) abandono de emprego;
j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra
qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de
legítima defesa, própria ou de outrem;
k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra
o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa,
própria ou de outrem;
l) prática constante de jogos de azar.
m) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o
exercício da profissão, em decorrência de conduta dolosa do empregado.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
Parágrafo único - Constitui igualmente justa causa para dispensa de
empregado a prática, devidamente comprovada em inquérito
administrativo, de atos atentatórios à segurança nacional. (Incluído pelo
Decreto-lei nº 3, de 27.1.1966)

Prazo para pagamento das verbas será também de 10 dias contados na extinção do
contrato, conforme determina o art. 477, §6º da CLT, modificado pela lei da Reforma
Trabalhista – lei n. 13.467/2017.

3.2.1. Verbas Devidas na rescisão por justa causa:


• saldo de salário;
• férias vencidas mais 1/3;
• não tem direito a liberação do FGTS e nem da multa, porém se for
aposentado o empregado terá direito ao saque do FGTS.

3.3. Rescisão por acordo

Trata-se de nova modalidade de rescisão contratual, inserida pela Reforma Trabalhista,


nesta modalidade de rescisão, tanto empregado quanto empregador, poderão propor a
finalização do contrato se assim for interessante e do querer de ambos.

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Não existirá rescisão por acordo, se as partes divergirem de algum ponto, para que ela
seja aplicada é necessária a plena aceitação de todas as condições de ambas as partes.
Sua formalização será feita por escrito, deixando claro que as partes no ato concordam
em finalizar o contrato por acordo. Observe que não se trata de uma dispensa pelo
empregador e nem um pedido de demissão, e sim uma modalidade onde ambos têm o
interesse na finalização do contrato de trabalho.
O prazo de pagamento das verbas também será de até 10 dias contados da data da
extinção do contrato, art. 477, §6º da CLT.
As verbas devidas serão as que constam do art. 484-A da CLT, quais sejam:

• saldo de salário;
• férias vencidas e proporcionais mais 1/3 Constitucional;
• 13º salário;
• Aviso prévio indenizado, com direito aos 3 dias a mais por ano, porém devido
pela metade;
• Liberação de 80% dos valores depositados no FGTS; sendo a multa de 20%;
• não terá direito a seguro desemprego.

3.4. Rescisão do Contrato a Termo


A grande maioria dos contratos por prazo determinado, poderá ser rescindido na sua
data fim (combinada entre as partes no início da contratação) ou até mesmo antes da
data combinada entre as partes, quer por iniciativa do empregado ou do empregador.
A rescisão será dada no término quando não houver continuidade do contrato, ocasião
em que será devido ao empregado os valores de saldo de salário, férias vencidas e
proporcionais mais o 1/3, 13º salário e liberação do FGTS sem a multa. Observe que essa
modalidade de rescisão não garante o direito ao seguro-desemprego.
Na rescisão antecipada por iniciativa do empregador, este deverá ao empregado: saldo
de salário, férias vencidas e proporcionais mais o 1/3, 13º salário, multa de 50% do
tempo que falta para completar o contrato, com base no art. 479 da CLT e liberação do
FGTS com a multa 40%. E também não será garantido o seguro-desemprego.

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Na rescisão antecipada por iniciativa do empregado, será devido: saldo de salário, férias
vencidas e proporcionais mais o 1/3, 13º salário, e, não haverá liberação do FGTS, salvo
para os empregados aposentados. E provado pelo empregador que o empregado causou
prejuízo, poderá o mesmo ser descontado de metade dos dias que faltavam para
completar o contrato com base no art. 480 da CLT.
Ainda, no caso de rescisão antecipada, quer por iniciativa do empregador ou do
empregado nos contratos que tiverem cláusula assecuratória de direito recíproca a
rescisão antecipada, caberá à parte que notificou pelo fim antecipado do contrato o
pagamento de aviso prévio ou até mesmo seu cumprimento, com base no art. 481 da
CLT, sendo devidas ao empregados as demais verbas rescisórias como saldo de salário,
férias vencidas e proporcionais mais 1/3 e 13º salário. Com relação ao FGTS, o mesmo
será devido com a multa se a rescisão se der por iniciativa do empregador.
Prazo de pagamento, também é de 10 dias contados da data da extinção o contrato,
com base no art. 477, §6º da CLT.

3.5. Rescisão por falecimento


Ocorre quando do óbito do empregado, sendo esta data, do óbito, a data que deverá
ser considerada pela finalização do contrato para todos os efeitos.
As verbas devidas são equivalentes a um pedido de demissão, e deverão ser paga aos
familiares/dependentes habilitados de acordo com alvará judicial, escritura pública
(testamento) validada em cartório ou declaração de dependência do INSS.
Os valores devidos, em regra são divididos em partes iguais, quando da existência de
mais de um dependente, e sendo ele menor de idade, ao empregador cabe o depósito
em conta poupança em nome do menor do valor da sua cota parte.
Prazo de pagamento é de 10 dias contados da extinção do contrato, porém se não for
respeitado por conta de falta de documentação a ser entregue pelo dependente do
empregado morto, não caberá ao empregado nenhum pagamento de multa, base art.
477, §8º da CLT.

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Verbas devidas, equivalente a um pedido de demissão, só que sem direito a multa do
FGTS e aviso prévio.

3.6. Rescisão por culpa recíproca


Sua existência depende de falta grave cometida simultaneamente pelo empregador e
empregador, de modo a inviabilizar a continuidade do vínculo.
Sua fundamentação encontra-se no art. 484 da CLT, e só terá existência por decisão
judicial, os valores devidos na rescisão serão devidos pela metade.

Vejamos o que dispõe a Súmula 14 do TST: “Súmula TST nº 14, Reconhecida a culpa
recíproca na rescisão do contrato de trabalho (art. 484 da CLT), o empregado tem direito
a 50% (cinquenta por cento) do valor do aviso prévio, do décimo terceiro salário e das
férias proporcionais”.
Sabe-se pela doutrina que sua prática tem muitos detalhes, e por muitos é desconhecida
o que inviabiliza a sua utilização devido ao rigor que é exigido para sua comprovação.

Para Delgado (2007),


este tipo de término contratual, bastante raro, supõe decisão judicial a
respeito, no quadro de um processo trabalhista. A concorrência de culpas nos
fatos envolventes À extinção do contrato deve conduzir a uma resposta
jurídica equânime e equilibrada, com justa distribuição de vantagens e
desvantagens rescisórias.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho: aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1º


de maio de 1943. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1943. Disponível em:
<https://goo.gl/cxHjb>. Acesso em: 7 mar. 2019.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Senado


Federal, 1988. Disponível em: <https://goo.gl/zaRrL>. Acesso em: 5 fev. 2019.

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MARTINES, L. Curso de Direito do Trabalho: relações individuais, sindicais e coletivas
do trabalho. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2016.

DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 6.ed. São Paulo: LTr,
2007.

GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. CLT: Comentada. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
Metódo, 2015a.

_______. Curso de Direito do Trabalho. 9. ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro:
Forense, 2015b.

MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação


Constitucional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2013.

RESENDE, Ricardo. Direito do trabalho [recurso eletrônico]. 8. ed. Rio de Janeiro:


Forense; São Paulo: Método, 2020.

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