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Direito do Trabalho

Prof. Me. Uerlei Magalhaes de Morais

uerlei.morais@saolucas.edu.br
(69) 98115-1614
EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO

NORMAL: Contrato a termo. Termino em data prevista.

Anormais:
Contrato a termo: findado antes da data prevista;

Contrato por período indeterminado:


1. Força Maior: art. 501, CLT
2. Factum Principis: art. 486, CLT
3. Morte:
4. Extinção da Empresa
5. Aposentadoria
6. Resilição (sem culpa);
7. Resolução (com culpa).
RESILIÇÃO:

1. Distrato: Art. 484-A, CLT;


2.Dispensa ou Despedida (imotivada): termino
da relação de forma unilateral por parte do
empregador, sem justo motivo.
3. Pedido de Demissão.

RESOLUÇÃO

1. JUSTA CAUSA: Art. 482, a, CLT


2. DESPEDIDA INDIRETA: Art. 483, CLT
3. CULPA RECÍPROCA: Art. 484, CLT.
Força Maior: art. 501, CLT. Ocorre a extinção do
contrato quando a força maior importa de sua
execução, porque a empresa encerrou as atividades
por motivo de força maior, sendo equiparada como se
fosse por iniciativa do empregador sem justo motivo,
excluindo-se o aviso prévio e pagando apenas 20% da
multa do FGTS. (ex. desmoronamento de uma
empresa).

Factum Principis: art. 486, CLT. paralização


temporária ou definitiva do trabalho em razão de ato
de autoridade municipal, estadual ou federal, sendo
equiparada como se fosse por iniciativa do empregador
sem justo motivo, no entanto a Administração Pública
arcará com o pagamento da multa do 40% FGTS, não
sendo pago aviso prévio, pois o empregador não tinha
conhecimento do que ocorreria.
Morte: torna impossível a continuidade
da relação, ocorrendo a extinção do
contrato sem o pagamento do aviso
prévio e multa do 40% FGTS;

Extinção da Empresa: acarreta a


extinção do contrato, sendo
considerado que o mesmo ocorreu por
iniciativa o empregador, dando direito a
receber inclusive os valores do aviso
prévio e multa dos 40%.
Aposentadoria:

Invalidez: (SUMULA 160 TST): suspende o contrato de


trabalho, não ensejando sua extinção, sendo a aposentadoria
provisória. Se tornando esta definitiva haverá o rompimento
do contrato por iniciativa do empregador.

Espontânea: A corrente minoritária entende que para se


aposentar o empregado deve requerer a extinção do contrato
(pedido de demissão), não sendo paga qualquer multa pelo
empregador. Outra corrente, majoritária, entende que não há
rompimento de contrato de trabalho se o empregado
continua trabalhando após a concessão do benefício. Se o
empregador demitiu o empregado após tomar conhecimento
de que este se aposentou terá que pagar a indenização
adicional de 40% FGTS.
RESILIÇÃO:

Distrato: é o acordo bilateral entre as partes para


extinção do contrato de trabalho sem que haja prejuízo.
Art. 484-A, CLT.

Dispensa ou Despedida (imotivada): termino da relação


de forma unilateral por parte do empregador, sem justo
motivo. Deve ser expresso (escrito ou oral).

Pedido de Demissão: termino unilateral do contrato de


trabalho indeterminado, cuja iniciativa é do empregado,
sem justa causa. Independente da concordância do
empregador. Deve ser expressa (oral ou escrita), sendo o
ideal de forma escrita para não caracterizar o abandono
de emprego.
Resolução do Contrato de Trabalho

Demissão por Justa Causa

Com base no artigo 482 da CLT, são os seguintes atos que


constituem justa causa para a resolução do contrato de
trabalho pelo empregador:

1. Ato de Improbidade (art. 482, “a”, CLT)


A improbidade é toda ação ou omissão desonesta do
empregado, que revelam desonestidade, abuso de confiança,
fraude ou má-fé, visando a uma vantagem para si ou para
outrem. Ex.: furto, adulteração de documentos (certidão
nascimento, comprovante residência) pessoais ou
pertencentes ao empregador, etc.
2. Incontinência de Conduta ou Mau Procedimento
(art. 482, “b”, CLT)
São duas justas causas semelhantes, mas não são sinônimas. Mau
procedimento é gênero do qual incontinência é espécie.

A incontinência revela-se pelos excessos ou imoderações,


entendendo-se a inconveniência de hábitos e costumes, pela
imoderação de linguagem ou de gestos. Ocorre quando o
empregado comete ofensa ao pudor, pornografia ou obscenidade,
desrespeito aos colegas de trabalho e à empresa, instalar câmara
no banheiro feminino.

Mau procedimento caracteriza-se com o comportamento incorreto,


irregular do empregado, através da prática de atos que firam a
discrição pessoal, o respeito, que ofendam a dignidade, infringir
dever social de polidez, paciência e educação, tornando
impossível ou sobremaneira onerosa a manutenção do vínculo
empregatício, e que não se enquadre na definição das demais justas
causas.
3. Negociação Habitual (art. 482, “c”, CLT)

Ocorre justa causa se o empregado, sem


autorização expressa do empregador, por
escrito ou verbalmente, exerce, de forma
habitual, atividade concorrente, explorando o
mesmo ramo de negócio, ou exerce outra
atividade que, embora não concorrente,
prejudique o exercício de sua função na
empresa.
4. Condenação Criminal (art. 482, “d”, CLT)

O despedimento do empregado
justificadamente é viável pela impossibilidade
material de subsistência do vínculo
empregatício, uma vez que, cumprindo pena
criminal, o empregado não poderá exercer
atividade na empresa.

A condenação criminal deve ter passado


(transitado) em julgado, ou seja, não pode ser
recorrível.
5. Desídia (art. 482, “e”, CLT)

A desídia é o tipo de falta grave que, na maioria das vezes,


consiste na repetição de pequenas faltas leves, que se vão
acumulando até culminar na dispensa do empregado. Isto
não quer dizer que uma só falta não possa configurar
desídia.

Os elementos caracterizadores são o descumprimento pelo


empregado da obrigação de maneira diligente e sob horário
o serviço que lhe está afeito. São elementos materiais como
a pouca produção, os atrasos frequentes, as
faltas injustificadas ao serviço, a produção imperfeita e
outros fatos que prejudicam a empresa e demonstram o
desinteresse do empregado pelas suas funções.
6. Embriaguez Habitual ou em Serviço (art. 482, “f”, CLT)

A embriaguez deve ser habitual. Só haverá embriaguez habitual quando o trabalhador


substituir a normalidade pela anormalidade, tornando-se um alcoólatra, patológico ou
não.

Para a configuração da justa causa, é irrelevante o grau de embriaguez e tampouco a


sua causa, sendo bastante que o indivíduo se apresente embriagado no serviço ou se
embebede no decorrer dele.

O álcool é a causa mais frequente da embriaguez. Nada obsta, porém, que esta seja
provocada por substâncias de efeitos análogos (psicotrópicos).

Entretanto, a jurisprudência trabalhista vem considerando a embriaguez contínua como


uma doença, e não como um fato para a justa causa. É preferível que o empregador
enseje esforços no sentido de encaminhar o empregado nesta situação a
acompanhamento clínico e psicológico, com o afastamento por auxílio-doença.
7. Violação de Segredo da
Empresa (art. 482, “g”, CLT)

A revelação só caracterizará violação se


for feita a terceiro interessado, capaz
de causar prejuízo à empresa, ou a
possibilidade de causá-lo de maneira
apreciável.
8. Ato de Indisciplina ou de
Insubordinação (art. 482, “h”, CLT)

Tanto na indisciplina como na insubordinação


existe atentado a deveres jurídicos assumidos
pelo empregado pelo simples fato de sua
condição de empregado subordinado.

A desobediência a uma ordem específica,


verbal ou escrita, constitui ato típico de
insubordinação. A desobediência a uma norma
genérica constitui ato típico de indisciplina.
9. Abandono de Emprego (art. 482, “i”, CLT)

A falta injustificada ao serviço por mais de trinta dias


faz presumir o abandono de emprego, conforme
entendimento jurisprudencial.

Existem, no entanto, circunstâncias que fazem


caracterizar o abandono antes dos trinta dias. É o caso
do empregado que demonstra intenção de não mais
voltar ao serviço.

Por exemplo, o empregado é surpreendido trabalhando


em outra empresa durante o período em que deveria
estar prestando serviços na primeira empresa.
10. Ofensas Físicas (art. 482, “j”, CLT)

As ofensas físicas constituem falta grave quando têm relação


com o vínculo empregatício, praticadas em serviço ou contra
superiores hierárquicos, mesmo fora da empresa.

As agressões contra terceiros, estranhos à relação


empregatícia, por razões alheias à vida empresarial, constituirá
justa causa quando se relacionarem ao fato de ocorrerem em
serviço.

A legítima defesa exclui a justa causa. Considera-se legítima


defesa, quem, usando moderadamente os meios necessários,
repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de
outrem.
11. Lesões à Honra e à Boa Fama (art. 482, “k”,
CLT)

São considerados lesivos à honra e à boa fama gestos


ou palavras que importem em expor outrem ao
desprezo de terceiros ou por qualquer meio magoá-
lo em sua dignidade pessoal.

Na aplicação da justa causa devem ser observados os


hábitos de linguagem no local de trabalho, origem
territorial do empregado, ambiente onde a expressão
é usada, a forma e o modo em que as palavras foram
pronunciadas, grau de educação do empregado e
outros elementos que se fizerem necessários.
12. Jogos de Azar (art. 482, “l”, CLT)

Jogo de azar é aquele em que o ganho e a


perda dependem exclusiva ou principalmente
de sorte.

Para que o jogo de azar constitua justa causa,


é imprescindível que o jogador tenha intuito
de lucro, de ganhar um bem economicamente
apreciável.
13. Perda de habilitação ou requisitos
estabelecidos em lei para exercício da profissão
(art. 482, “m”, CLT)

Se a perda da habilitação foi decorrente de


“conduta dolosa”, aquela onde o ato é praticado
de forma intencional, o empregado, poderá ser
dispensado por justa causa. Há uma série de
categorias profissionais que o empregado precisa
ter habilitação profissional para exercer a sua
atividade, tais como o médico, advogado,
contador, e o motorista.
14. Atos Atentatórios à Segurança
Nacional (art. 482, parágrafo
único, CLT)

A prática de atos atentatórios


contra a segurança nacional,
desde que apurados pelas
autoridades administrativas, é
motivo justificado para a rescisão
contratual.
Rescisão indireta

a) Serviços superiores às forças do empregado, àqueles


defesos por lei, contrário aos bons costumes, ou
alheios ao contrato. (art. 483, “a”, CLT)

Por primeiro, a aliena “a” do art. prevê que haverá a


rescisão quando forem exigidos serviços superiores às forças
do empregado. Por serviços superiores, tem-se que a
questão física (biológica) é o norte a ser seguido, ou seja,
que por ela se baseará o empregado ou mesmo o julgador,
para que no caso concreto se verifique quais seriam as
condições de trabalho. Porém, é possível, que em casos
extremos exista o excesso de serviços intelectuais ou de
habilidades exclusivas do empregado, ensejando também a
ruptura o contrato.
b) quando o empregado for tratado pelo empregador ou
por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo. (art.
483, “b”, CLT)

O caso da aliena “b” do artigo prevê uma limitação tanto


pessoal quanto material, pois ninguém está obrigado a
proceder ou deixar de fazer algo se contrário à previsão
contratual normal, ou ainda legal.

Configura o rigor excessivo, repreensões ou medidas


disciplinares inundáveis, atos ou repetições dessas medidas
que configurem perseguição ou intolerância, ou ainda,
implicância nas ordens e exigências anormais nas execuções
dos serviços pelo empregado. (discriminação, assédio moral
e punição desproporcional)
c) quando o empregado correr perigo manifesto de
mal considerável. (art. 483, “c”, CLT)

A empresa ou empregadora, como pessoa de direitos e


obrigações, deve cumprir um mínimo previsto em lei
para o exercício regular do seu direito de empregar.

Quando se almeja empregar terceiro, coordenar a força


de trabalho de alguém e para com ela obter lucro
(finalidade da empresa) ou se valer do seu serviço, não
se deve oferecer riscos anormais, pela prática (ação ou
omissão) de medidas ou normas de higiene e
segurança do trabalho não previstas. (trabalho em
locais insalubres sem fornecimento de EPI)
d) Quando o empregador não cumprir as
disposições contratuais. (art. 483, “d”, CLT)

O contrato de trabalho possui as mesmas


características e é regido por princípios dos
contratos em gerais. E por essa razão os termos
pactuados devem ser cumpridos. O empregador deve
fidelidade absoluta ao texto dos compromissos
assumidos por ocasião da assinatura do contrato,
tanto pelas normas trabalhistas quanto das do
direito comum (art. 8º da C.L.T.).
e) por pratica do empregador ou de seus prepostos, de
atos lesivos a honra e boa fama do empregado ou de
seus familiares. (art. 483, “e”, CLT)

O que se impõe de imediato é buscar um conceito para


atos lesivos a honra e boa fama. Utilizando-se de
conceitos do direito penal, tem-se que a palavra oral,
escrita, símbolos ou outros meios, podem provocar a
alguém fato danoso, seja verdadeiro ou não, podendo
estes a configurar calúnia, injúria ou difamação. O bem
jurídico que se está protegendo é a honra subjetiva, os
atributos morais (como a dignidade) ou ainda os físicos,
intelectuais, sociais (como o decoro) do homem médio.
(calúnia, injúria, difamação)
f) quando o empregador ou seus prepostos
ofenderem fisicamente, salvo o caso de legitima
defesa, própria ou de outrem, o empregado. (art.
483, “f”, CLT)

O contrato de trabalho não pode prever que uma


pessoa se sujeite a outra que fique agindo com
ofensas físicas, pois a “dignidade da pessoa
humana” se exterioriza ao corpo do agente. Essa foi
a ratio da norma, proteger não só o indivíduo
moral, mas também seu aspecto objetivo, físico,
pois dele depende o empregado para obter o seu
sustendo e viver.
h) Suspensão por mais de trinta dias

Fora o rol do art. 483 da CLT, há ainda o acaso de suspensão


disciplinar do empregado por mais de trinta dias, pelo
empregador, que nos termos do art. 474 da C.L.T. ter-se-á a
“rescisão injusta”.
Culpa Recíproca

A culpa recíproca ocorre quando ambas as partes, empregado e empregador, dão causa à
rescisão do contrato de trabalho. Está prevista no artigo 484 da CLT. É a existência de
duas faltas graves, que devem ser concomitantes, não devendo haver lapso temporal
entre elas.

A falta do empregado seria a prevista em uma das alíneas do artigo 482 da CLT e a falta do
empregador, a prevista em uma das alíneas do artigo 483 da CLT. Na prática, muito
improvável a sua ocorrência por se tratar de duas condutas que devem ocorrer ao mesmo
tempo e que são de difícil prova.

A Súmula nº 14 do Tribunal Superior do Trabalho estabelece que reconhecida a culpa


recíproca na rescisão do contrato de trabalho, o empregado terá direito a 50% do valor
do aviso-prévio, do 13º salário e das férias proporcionais.

O entendimento jurisprudencial é reforçado pelo disposto no artigo 18, § 2º da Lei 8.036


/90 que regulamenta o FGTS, que dispõe que ocorrendo a rescisão por culpa recíproca ou
força maior, reconhecida pela Justiça do Trabalho, o percentual da multa rescisória será
de 20%.
Tipos de Dispensas

Direitos Sem Justa Causa / A pedido / Por Justa Mútuo Acordo Culpa
Causa recíproca
rescisão indireta / morte do empregado
morte empregador
Saldo salário Sim Sim Sim Sim Sim

Aviso Prévio Sim Não Não 50% 50%

Férias Vencidas + 1/3 Sim Sim Sim Sim Sim

Férias Proporcionais + 1/3 Sim Sim Não Sim 50%

13º Salário Sim Sim Não Sim 50%


40% FGTS Sim Não Não 20% 20%

Liberação FGTS Sim Não não 80% do valor Não


depositado

Seguro Desemprego Sim não não não Não

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