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• Férias

Referências

BRASIL. Consolidação das Leis do trabalho. Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.


Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 29 jun. 2020.

BRASIL. Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Disponível em: <https://www.planalto.


gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm>. Acesso em: 08 jul. 2020.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Promulgada em 05 de


outubro de 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso
em: 29 jun. 2020.

BRASIL. Lei nº 40.090, de 13 de julho de 1962. Disponível em:


<https://http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4090.htm>. Acesso em: 09 jul. 2020.

Férias Individuais
As férias individuais são tratadas especificamente nos artigos 129 a 138 da Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT), e, naquilo que lhes for aplicável, também nos artigos 142 a 153
da CLT.

Antes da nova redação do capítulo de férias, feita pelo Decreto-lei n° 1.535/1977, as férias
eram concedidas na contagem de dias úteis. Atualmente, passaram a ser concedidas em
dias corridos, contando-se os domingos, feriados e não úteis.

A concessão de férias individuais tem por objetivo atender algumas necessidades do


empregado, a saber:

• Suprir a necessidade de repouso físico e mental;

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• Direito ao descanso resultante do trabalho contínuo que executa em seu período
aquisitivo, inclusive para aquele que labora em domicílio (teletrabalho);
• Fazer jus a um direito irrenunciável, independentemente da forma de remuneração,
ou seja, por tarefa, por peça, comissão, etc.

Há obrigação de concessão de férias individuais:

• Ao empregado registrado em CTPS (Carteira de Trabalho e Previdência Social), com


contrato de trabalho formalizado perante empresa privada, determinado ou
indeterminado, desde que tenha cumprido o período aquisitivo de 12 meses de
trabalho (artigos 1° e 29 da CLT).
• Aos empregados domésticos (artigo 7°, inciso XVII, da Constituição Federal de
1988);
• Aos funcionários e servidores públicos (artigos 21 e 28 da Lei n° 8.112/90).

Inicialmente, é o empregador quem decide o momento em que o empregado deve sair de


férias. O empregador tomará a decisão com base na sazonalidade da atividade, na
demanda de trabalho e em última instância, em sua avaliação pessoal quanto a
oportunidade e conveniência.

A data da saída independe da solicitação do empregado. Contudo, se eventualmente este


fizer uma solicitação, ficará a critério de o empregador analisar subjetivamente a data
sugerida. A concordância ou discordância por parte do empregado no que tange à data
estipulada para o início das férias é irrelevante para a empresa.

De acordo com a Constituição Federal, são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
além de outros que visem à melhoria de sua condição social, o gozo de férias anuais
remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal.

Após cada período de 12 meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá


direito a 30 dias corridos de férias (artigo 130, inciso I, da CLT). Desde que haja
concordância do empregado, as férias poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo
que um deles não poderá ser inferior a 14 (quatorze) dias corridos e os demais não poderão
ser inferiores a cinco dias corridos, cada um (artigo 134 e § 1° da CLT).

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A Súmula n° 450 do TST expressa ser devido o pagamento em dobro da remuneração de
férias, incluído o terço constitucional, com base no artigo 137 da CLT, quando, ainda, que
gozadas na época própria, o empregador tenha descumprido o prazo previsto no artigo 145
da CLT. Para melhor entendimento, mesmo que o empregado goze o merecido descanso
de suas férias fora dos 12 meses subsequentes à data em que o empregado tiver adquirido
o direito, o empregador se verá obrigado a remunerá-las em dobro (artigos 134 e 137 da
CLT).

A quantidade de faltas injustificadas que o empregado possui durante o curso do seu


período aquisitivo poderá influenciar proporcionalmente na quantidade de dias de férias que
o empregado terá direito a gozar.

Neste sentido, o supracitado artigo expressa em seus incisos que, após cada período de
12 (doze) meses de efeitos do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na
seguinte proporção:

• 30 dias corridos, se tiver até 5 faltas;


• 24 dias corridos, caso tenha de 6 a 14 faltas;
• 18 dias corridos, dentre 15 a 23 faltas, e;
• 12 dias corridos, quando possuir de 24 a 32 faltas.

Por outro lado, caso o empregado tenha faltado de forma injustificada por 33 dias, ou mais,
no curso do seu período aquisitivo, perderá o direito ao gozo das férias.

As férias devem ser comunicadas aos empregados sempre por escrito, a fim de constituir
prova do ato formal, com 30 dias de antecedência ao da saída em férias.

A antecedência mínima de 30 dias serve para que o trabalhador possa organizar-se com
viagens, ou até mesmo com seu cotidiano citadino se não desejar deslocar-se para outros
lugares.

Marcada a data das férias, não podem ser alteradas sem o consentimento do empregado,
que poderá sair na data marcada sem que se caracterize a prática de insubordinação,
prevista no artigo 482 da CLT.

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Conforme o artigo 145 da CLT, o pagamento da remuneração das férias (e, se for o caso,
o do abono referido no artigo 143 da CLT - conversão de 1/3 do período de férias em
dinheiro) será efetuado até dois dias antes do início do respectivo período de descanso.

Pagamento do INSS:

O INSS descontado dos empregados deve ser até o dia 20 do mês seguinte ao do fato
gerador.

Pagamento do FGTS

O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) deve ser recolhido até o dia 07 de todo
os meses subsequentes ao pagamento das férias dos empregados, de acordo com o artigo
15 da Lei n° 8.036/90.

Pagamento do IRRF

O recolhimento do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) deve ser efetuado por meio
de Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF). O pagamento deverá será
efetuado até o último dia útil do segundo decêndio do mês subsequente ao mês de
ocorrência dos fatos geradores, conforme o artigo 70 da Lei n° 11.196/2005.

Abono Pecuniário:

O artigo 143 da CLT permite que o empregado converta 1/3 das férias a que tem direito em
abono pecuniário, prestando serviço durante o citado período.

Vale enfatizar que o referido abono é um direito do empregado e deve ser solicitado por
esse, ou seja, o empregador não tem o poder de determinar a venda das férias. Logo, se o
abono for requerido dentro do prazo legal, o empregador deve aceitar.

Apenas para fins de informação, o gozo das férias é definido pelo empregador (artigo 136
da CLT), mas o abono pecuniário é uma opção inerente apenas ao empregado.

Não haverá incidências de INSS e FGTS sobre as férias indenizadas com o terço
constitucional, a dobra das férias e o abono pecuniário, conforme previsto no artigo 214,

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§9°, incisos IV e V, do Decreto n° 3.048/99. Em resumo, o abono pecuniário de férias não
possui natureza salarial, não integrando a remuneração do empregado.

Aspectos Familiares:

Os membros de uma mesma família que trabalharem no mesmo estabelecimento ou


empresa terão direito a gozar férias individuais no mesmo período, se assim o desejarem,
desde que essa opção não resulte em prejuízo para o andamento do serviço (artigo 136 e
§ 1° da CLT). Para que os membros de uma mesma família possam gozar férias em um
mesmo período, é necessário o preenchimento dos seguintes requisitos:

a) devem trabalhar no mesmo estabelecimento ou empresa;

b) expressar concordância, preferencialmente por escrito;

c) não resultar em prejuízo para o serviço.

Cálculos:

Empregados que recebem salário fixo devem ter como remuneração das férias o salário
que estiverem recebendo no momento da sua concessão (artigo 142 da CLT).

Para os empregados que recebem comissões, a remuneração para o cálculo das férias
individuais será obtida pela média aritmética dos valores recebidos nos 12 meses anteriores
à concessão das férias, conforme o artigo 142, § 3°, da CLT. É imprescindível a verificação
das normas coletivas a respeito do tema, que podem trazer procedimento diferenciado e
mais benéfico, vez que podem prever a correção das comissões, conforme inclusive
expressa a OJ-SDI1-181 do TST.

Quando o salário for pago por hora com jornadas variáveis, apura-se a média de horas do
período aquisitivo, aplicando-se o valor do salário-hora da data da concessão das férias
individuais (artigo 142 e § 1° da CLT).

Os adicionais por trabalho extraordinário ou noturno serão computados no salário que


servirá de base ao cálculo da remuneração das férias individuais.

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Se, no momento das férias, o empregado não estiver percebendo o mesmo adicional do
período aquisitivo, ou quando o valor deste não tiver sido uniforme, será feita a média do
período aquisitivo de férias, dividindo-se por 12 (artigo 142 e § 6° da CLT).

Quando o empregado recebe salário fixo mais comissões, deve-se apurar a média das
comissões em separado do valor do salário fixo.

O valor final será obtido com a soma das remunerações (fixo + média de comissões),
sempre acrescido de 1/3 constitucional.

Não é feita média em relação a adicionais de insalubridade, periculosidade, quebra de caixa


e outros que, por força do contrato de trabalho, tenham valores fixos. São somados ao valor
do salário básico, tomando-se por base seus valores no momento da concessão das férias.

Exemplos:

• Empregado em gozo de férias com salário de R$ 1.800,00.


• Data da Concessão: 02/01/2020
• Período (30 dias).
• O emprego tem 1 dependente.

Valor das férias = R$ 2.400,00

1/3 constitucional = R$ 800,00

Total bruto = R$ 3.200,00

Dedução INSS: R$ 301,39 - Dedução IRRF: R$ 60,38

Total líquido das férias = R$ 2.838,23

FGTS sobre férias = R$ 3.200,00 x 8% = R$ 256,00

• Empregado entra em gozo de férias com salário de R$ 4.000,00.


• Data da Concessão: 02/03/2020 (30 dias)
• O empregado faltou 7 (sete) dias injustificadamente no período aquisitivo de férias.

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Valor das férias = (4.000,00/30) = 120,00 * 24 = R$ 3.200,00

1/3 constitucional = R$ 1.066,67

Total bruto = R$ 4.266,67

Dedução INSS: R$ 448,62

Dedução IRRF: R$ 222,94

Total líquido das férias = R$ 3.595,11

FGTS sobre férias = R$ 4.266,67 x 8% = R$ 341,33

• Empregado entra em gozo de férias com salário de R$ 2.200,00.


• Data da Concessão: 01/04/2020
• Período (30 dias)
• Média Hora extra + DSR: 142,59

Valor das férias: R$ 2.200,00 + 142,59 = 2.342,59

1/3 constitucional = R$ 780,86

Total bruto = R$ 3.123,45

Dedução INSS: R$ 292,20

Dedução IRRF: R$ 69,89

Total líquido das férias = R$ 2.761,36

FGTS sobre férias = R$ 3.123,45 x 8% = R$ 249,87

• Empregado entra em gozo de férias com salário de R$ 2.600,00


• Data da Concessão: 01/03/2020
• Período (20 dias)
• Abono Pecuniário: 10 dias

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Valor das férias: (2.600,00/30) = 86,66 * 20 = 1.733,20

1/3 constitucional = R$ 577,73

Abono Pecuniário: (2.600,00/30) = 86,66 * 10 = R$ 866,66

1/3 Abono Pecuniário: R$ 288,88

Total bruto = R$ 3.466,47

Base cálculo INSS/IRRF/FGTS: 1.733,20 + 577,73 = 2.310,93

Dedução INSS: R$ 194,70

Dedução IRRF: R$ 15,92

Total líquido das férias = R$ 3.255,85

FGTS sobre férias = R$ 2.310,93 x 8% = R$ 184,87

Férias coletivas
Não há obrigação de concessão das férias coletivas pelo empregador. Em geral, que pode
comportar exceções, a concessão de férias coletivas tem por objetivo atender a uma
necessidade do empregador, podendo ser:

a) economia de custos: período de baixa produção, vendas, ou prestação de serviços que


não compensa a manutenção da empresa em funcionamento;

b) reprimir o absenteísmo: evitar faltas injustificadas ao serviço entre datas festivas, por
exemplo, entre o Natal e o Ano Novo, no final do ano.

A empresa deve formalizar comunicado das férias coletivas à Superintendência Regional


do Trabalho e sindicatos representativos da respectiva categoria profissional com
antecedência mínima de 15 dias (artigo 139 da CLT).

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Os empregados também devem ser comunicados com antecedência de 15 dias, por
afixação de notícia no quadro de avisos nos locais de trabalho (artigo 139 e § 3° da CLT).

Convém esclarecer que o abono pecuniário em férias coletivas só pode ocorrer se for
formalizado no acordo coletivo com a devida autorização do sindicato representativo da
categoria profissional.

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