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EXMO. SR.

DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA


COMARCA DE NATAL/RN.

EDNIRA GOMES TEIXEIRA, brasileira, casada, professora estadual aposentada, portadora do


CPF XXXXXXXXXX e RG XXXXXXXX SSP/XX, residente à rua dos Golfinhos, nº 123,
bairro Ponta Negra, Natal/RN, CEP: 59.000-100. Vem a juízo, por intermédio de seu procurador
infra-assinado (procuração em anexo), com base na Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do
Consumidor) e na Lei nº 9.656/98 (Dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à
saúde), além de outros dispositivos legais concernentes à matéria, propor:
AÇÃO DE RESSARCIMENTO DE DESPESAS MÉDICAS CUMULADA COM
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E ANTECIPAÇÃO DE TUTELA.
obedecidas as regras do Procedimento Ordinário, em desfavor da Prestadora de serviços
de Plano Saú de: DR. SAÚDE NACIONAL, pessoa jurídica do direito privado, CNPJ: nº
01.000.111/0001-99, com sede local na rua Açude fundo, nº 2.100, bairro Petró polis,
Natal/RN, CEP: 59.495-594, em razã o do conjunto de fatos e argumentos jurídicos que se
segue:
I - DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA
1. A requerente não possui condições financeiras para arcar com as custas processuais e
honorários advocatícios, sem prejuízo do seu sustento e de sua família, fazendo prova disto,
desde já, em anexo, cópia da carteira de trabalho e holerite; e
2. Por tais razões, pleiteia-se os benefícios da Justiça Gratuita, assegurados pela Constituição
Federal (artigo 5º, LXXIV) e pela Lei 13.105/2015 (CPC) em seus artigos 98 e 99.
II - DOS FATOS:
O autor celebrou no ano de 2000 e mantem em vigor um contrato de Plano de Saúde, onde,
nesse contrato teria o direito a cobertura médico-hospitalar completa em caso de cirurgias de
qualquer espécie. Vale salientar que o autor sempre se manteve adimplente perante as
mensalidades, as quais eram descontadas em débito automático em sua conta bancária, além de, à
época do ocorrido, não estava em período de carência.
Em janeiro/2023, ao sentir fortes dores na barriga, ao ponto de ter dificuldades de locomoção,
precisou fazer uma cirurgia de emergência para retirada do apêndice (apendicectomia via
laparoscopia). Ocorre que a Prestadora de serviços do Plano Saú de negou o procedimento sem
informar os motivos que justificassem.
Devido a emergência do fato, o esposo da autora, através de empréstimos bancários e com
familiares, levantou a quantia de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), os quais foram empregados
da seguinte forma e com os devidos comprovantes em anexo:
1. R$ 40.000,00 para a cirurgia em si;
2. R$ 5.000,00 para honorários do anestesista; e
3. R$ 5.000,00 com medicamentos, alimentação, transporte e gastos diversos para
procedimentos com acompanhamento médico após a cirurgia.
Esse é o resumo dos fatos.

III – DO DIREITO:
1- DO FÓRUM:
O Có digo de Defesa do Consumidor, Lei 8.078/1990, estabelece em seu artigo 6º, inciso
VIII, a facilitaçã o da defesa do consumidor em juízo. Combinado com a norma desse
dispositivo, sobre a competência nas açõ es do consumidor, preconiza o artigo 101, inciso I,
da mesma lei, a faculdade dele em optar pelo seu pró prio domicílio para a defesa de seus
interesses.
In Verbis:
Art. 101. Na açã o de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem
prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste título, serã o observadas as seguintes normas:
I – A açã o pode ser proposta no domicílio do autor;
O legislador facultou ao consumidor o exercício do direito de açã o em seu pró prio
domicílio, caso queira, em homenagem à facilitaçã o da tutela de seus direitos, pois trata-se
de direito bá sico do consumidor.
2- DO DANO MORAL:
Sobre danos morais, cito CLAYTON REIS (Avaliaçã o do Dano Moral, 1998, ed. Forense),
extraídos:
“(...) lesã o que atinge valores físicos e espirituais, a honra, nossas ideologias, a paz íntima, a
vida nos seus mú ltiplos aspectos, a personalidade da pessoa, enfim, aquela que afeta de
forma profunda nã o os bens patrimoniais, mas que causa fissuras no â mago do ser,
perturbando-lhe a paz de que todos nó s necessitamos para nos conduzir de forma
equilibrada nos tortuosos caminhos da existência.”
Salutar mencionar que a obrigatoriedade de reparar o dano moral está consagrada na
Constituiçã o Federal, precisamente em seu art. 5.º, em que a todo cidadã o é "assegurado o
direito de resposta, proporcionalmente ao agravo, além de indenizaçã o por dano material,
moral ou à imagem" (inc. V) e também pelo seu inc. X, donde sã o inviolá veis a intimidade, a
vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenizaçã o pelo dano
material ou moral decorrente de sua violaçã o."
Com efeito, o Có digo de Defesa do Consumidor também prevê o dever de reparaçã o, posto
que ao enunciar os direitos do consumidor, em seu art. 6.º, incisos VI e VII:
VI - A efetiva prevençã o e reparaçã o de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e
difusos;
VII - o acesso aos ó rgã os judiciá rios e administrativos com vistas à prevençã o ou reparaçã o
de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteçã o
Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
O entendimento dos tribunais nesse sentido é pacificado, nada restando a discutir:
(colocar aqui o resumo para escrita a mã o no trabalho. Colocar aqui algum julgado sobre o
caso, onde haja o procedente de dano moral)
DIREITO ADMINISTRATIVO. CONTRATO DE PLANO DE SAÚ DE. CAARJ. CLÁ USULA ABUSIVA
(ART. 51 , IV , CDC). OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA BOA-FÉ DO CONSUMIDOR. DANO MORAL.
DIREITO À INDENIZAÇÃ O. 1 - O Supremo Tribunal Federal afastou a incidência da Lei n.
9.656 /98 a contratos anteriores a sua entrada em vigor (ADIN n. 1.931 - Informativo n.
317, de agosto/2003), nã o se aplicando referida norma legal in casu, porquanto o contrato
foi celebrado em 18/12/1991, devendo a questã o ser analisada à luz do Có digo de Defesa
do Consumidor (Lei n. 8.078 /90). 2 - Ao cuidar do contrato de adesã o, a Lei n. 8.078 /90 o
define como sendo aquele cujas clá usulas tenham sido aprovadas pela autoridade
competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem
que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteú do. Seu art. 54, §
1º, consigna que a inserçã o de clá usula no formulá rio nã o desfigura a natureza de adesã o do
contrato. 3 - Ademais, nos termos do artigo 47, do CDC, como princípio de hermenêutica
nos contratos de adesã o, as clá usulas contratuais serã o interpretadas de maneira mais
favorá vel ao consumidor. 4 - In casu, no decorrer da relaçã o contratual, o Apelado
submeteu-se a tratamento médico, no qual foi constatado o quadro de isquemia miocá rdica.
Informado da necessidade de realizaçã o de ato cirú rgico, o mesmo procedeu ao
requerimento a CAARJ, restando negado por esta, tendo em vista a ausência de cobertura
pelo plano para a colocaçã o do aparelhamento denominado STENT (clá usula 11ª, alínea a).
5 - A existência de uma clá usula contratual que prevê cobertura para a realizaçã o de
cirurgia cardiovascular e uma outra que afasta a cobertura para as conseqü ências geradas
por tal cirurgia, conduzem à convicçã o de que a CAARJ nã o agiu com lealdade contratual,
infringindo direitos bá sicos que, se antes eram reconhecidos no â mbito dos princípios
gerais de direito, hoje se encontram expressos em vá rias normas do CDC (artigo 4º, I, III, IV,
VI, e artigo 6º, II, III, IV, V e VI). 6 - Evidenciado o dano moral causado ao Apelado, diante da
negativa de concessã o do acessó rio STENT, sob a frá gil alegaçã o da ausência de cobertura
pelo plano, diante de um bem maior - a preservaçã o da vida -, merecendo ser mantida a
condenaçã o da CAARJ ao pagamento de indenizaçã o por danos morais, cuja quantia fixada
em 15 (quinze) salá rios mínimos afigura-se justa e compensató ria. 7 - Apelaçã o e remessa
necessá ria conhecidas e improvidas... TRF-2 - APELAÇÃ O CIVEL AC XXXXX RJ XXXXX-0
(TRF-2). Data de publicaçã o: 29/05/2006.
É evidente o sofrimento, ansiedade e transtornos financeiros provocados a demandante e
seus familiares pelo descaso e descumprimento de prestaçã o de serviços de saú de
acordadas em contrato por parte da empresa DR. SAÚ DE NACIONAL.
Novamente, na aferiçã o do quantum indenizató rio, cito CLAYTON REIS (Avaliaçã o do Dano
Moral, 1998, Forense), em suas conclusõ es, assevera que deve ser levado em conta o grau
de compreensã o das pessoas sobre os seus direitos e obrigaçõ es, pois "quanto maior, maior
será a sua responsabilidade no cometimento de atos ilícitos e, por deduçã o ló gica, maior
será o grau de apenamento quando ele romper com o equilíbrio necessá rio na conduçã o de
sua vida social".
O ministro Oscar Correa, aqui do STF (RTJ 108/287), ao falar sobre dano moral, bem
enfatizou que:
nã o se trata de pecú nia doloris, ou pretium doloris, que se nã o pode avaliar e pagar; mas
satisfaçã o de ordem moral, que nã o ressarce prejuízo e danos e abalos e tribulaçõ es
irreversíveis, mas representa a consagraçã o e o reconhecimento pelo direito, do valor da
importâ ncia desse bem, que é a consideraçã o moral, que se deve proteger tanto quanto,
senã o mais do que os bens materiais e interesses que a lei protege." Disso resulta que a toda
injusta ofensa à moral deve existir a devida reparaçã o.
3- DO REEMBOLSO INTEGRAL DAS DESPESAS MÉDICAS:
Inicialmente, é fundamental esclarecer que os contratos celebrados pelos planos de saú de
sã o classificados pela legislaçã o pertinente como contratos de consumo segundo o CDC (
Có digo de Defesa do Consumidor - Lei 8.078/90), conforme Sú mula 608 do STJ.
SÚ MULA 608 DO STJ: “Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano
de saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão. "

Por essa ó tica, a Demandante/Autor é classificado como consumidor nos moldes dos art.
2º do CDC e a empresa de saú de Demandada/Requerida, o fornecedor pelo que dispõ e o art.
3º do mesmo dispositivo.
Em se tratando de relaçã o de consumo, a Demandante poderá propor a açã o no seu
domicílio, de acordo com o art. 101, I do CDC.
A Lei nº 9.656/98 ( Lei dos Planos de Saú de), no inciso V do artigo 12, estabelece que
haverá reembolso das despesas efetuadas pelo beneficiá rio de assistência à saú de, nos
casos de urgência ou emergência, quando nã o for possível o uso dos serviços contratados,
de acordo com a relaçã o de preços praticados para o referido produto, a serem pagos no
prazo má ximo de trinta dias apó s a entrega dos documentos exigidos.
O pró prio Có digo do Consumo em seu art. 51, preceitua que as clá usulas contratuais
referentes ao fornecimento de produtos e serviços que subtraiam ao consumidor a opçã o de
reembolso da quantia já pagam sã o consideradas nulas de pleno direito.
In verbis:
Art. 51. Sã o nulas de pleno direito, entre outras, as clá usulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de
qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renú ncia ou disposiçã o de
direitos. Nas relaçõ es de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a
indenizaçã o poderá ser limitada, em situaçõ es justificá veis;
II - subtraiam ao consumidor a opçã o de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos
neste có digo;
Configura caso de Urgência quando há uma situaçã o que nã o pode ser adiada, que deve ser
resolvida rapidamente, havendo premência ou insistência de soluçã o, pois se houver
demora no tratamento necessá rio, corre-se o risco de agravamento irreversível e até
mesmo de morte.
Apó s esse breve resumo sobre o transtorno do espectro autista e o necessá rio tratamento,
fica evidentemente demonstrada a urgência das medidas a ser tomadas, no sentido de
fornecer ao paciente, o quanto antes, através das terapias específicas, as ferramentas que o
auxiliarã o a superar suas limitaçõ es e dificuldades. Se tardias, as terapias restarã o
ineficazes e os danos causados se constituirã o nas esferas atingidas e serã o irreversíveis.
Além de urgente, o tratamento deve ser continuado, impondo ao paciente portador de TEA
despesas médicas renovadas continuamente. Nesse sentido, os tribunais têm reconhecido
que as seguradoras, operadoras de planos de saú de, devem reembolsar integralmente as
despesas contraídas com os atendimentos/tratamentos de urgência:

(colocar aqui o resumo para escrita a mã o no trabalho. Colocar aqui algum julgado sobre o
caso, onde haja o procedente de dano moral)

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CONSUMIDOR. PLANO DE SAÚ DE. ATENDIMENTO DE


EMERGÊ NCIA/URGÊ NCIA. UTI. CARDIOPATIA GRAVE COM RISCO DE MORTE. REEMBOLSO
PARCIAL. DESCABIMENTO. OBRIGAÇÃ O DE CUSTEAR A TOTALIDADE DAS DESPESAS.
CLÁ USULA RESTRITIVA DE DIREITO. DEVER DE CLARA INFORMAÇÃ O. DIREITO VIOLADO.
1. O direito à saú de é de índole constitucional e deve ser interpretado de forma a garantir o
direito à saú de física e mental, estando intrinsecamente ligado à dignidade da pessoa
humana. 2. Aquele que contrata um plano de saú de o faz acreditando que quando
necessá rio receberá o tratamento adequado, assegurando-se quanto a eventuais
intempéries relacionadas à sua saú de, mormente quando o Manual do Segurado” fornecido
ao consumidor o faz acreditar, gerando legítima expectativa, que receberia o devido
tratamento médico quando necessá rio. 3. Nã o pode o segurado ser frustrado na legítima
expectativa de que todas as despesas seriam abrangidas pelo plano de saú de, quando nã o é
alertado pela seguradora sobre clá usula contratual que restringe seu direito ao reembolso
total das despesas médico-hospitalares, sendo esta contraditó ria com o estabelecido no
“Manual do Segurado”. 4. Recurso conhecido e desprovido. TJ-DF - Apelaçã o Cível APC
XXXXX (TJ-DF). Data de publicaçã o: 19/06/2015
APELAÇÃ O CÍVEL. PLANO DE SAÚ DE. REEMBOLSO DE DESPESAS MÉ DICO-HOSPITALARES.
NEGATIVA DE ATENDIMENTO. PRAZO DE CARÊ NCIA. ATENDIMENTO DE URGÊ NCIA E
EMERGÊ NCIA. ENQUADRAMENTO DO FEITO NA SUBCLASSE ‘SEGUROS’. 1. Preliminar de
ilegitimidade ativa afastada. Sendo a parte autora beneficiá ria do plano de saú de, de ser
reconhecida a sua legitimidade ativa. 2. Os contratos de planos de saú de estã o submetidos
ao Có digo de Defesa do Consumidor, nos termos do artigo 35 da Lei 9.656/98, pois
envolvem típica relaçã o de consumo. Sú mula 469 do STJ. Assim, incide, na espécie, o
artigo 47 do CDC, que determina a interpretação das cláusulas contratuais de
maneira mais favorável ao consumidor. Além disso, segundo o previsto no art. 51, inciso
IV, do Có digo de Defesa do Consumidor . TJ-RS - Apelaçã o Cível : AC XXXXX RS.
No processo XXXXX-75.2013.8.17.0001/TJPE, impetrado por menor portador de TEA,
representado por seus pais, a ora Demandada foi condenada pela 2ª Vara Cível do Recife a
ressarcir um total de R$ 63.377,04 por nã o oferecer cobertura e reembolso total nos custos
referentes ao tratamento médico do menor. Os pais do menor irã o receber R$ 43.377,04
por danos materiais e R$ 20 mil por danos morais. Os valores da indenizaçã o serã o
atualizados com juros e correçã o monetá ria. A sentença proferida pelo juiz Rogério Lins e
Silva foi publicada na ediçã o do Diá rio de Justiça Eletrô nico desta terça-feira (3).
Baseado em jurisprudência de instâ ncias superiores, o magistrado considerou nulas as
clá usulas que limitavam o valor da cobertura e do reembolso referentes ao tratamento de
saú de no contrato firmado entre a seguradora e os pais da criança. “É entendimento pacífico
no Superior Tribunal de Justiça que a clá usula que limita o valor de cobertura de
tratamento de saú de é abusiva”, citou o juiz Rogério Lins. Por esse motivo, foi determinada
na sentença a restituiçã o de R$ 43.377,04, valor gasto pelos pais e que nã o foi reembolsado
pela seguradora, sob a alegaçã o de clá usulas contratuais que só permitiam a restituiçã o
parcial.
Na mesma decisã o, o magistrado também determina que a Sul América autorize a realizaçã o
de todos os procedimentos necessá rios ao tratamento da criança com autismo, desde que
requeridos por profissional médico devidamente habilitado, inclusive no tocante à sessõ es
de psicologia, fonoaudiologia, psicoterapia, terapia ocupacional, psiquiatria e tratamentos
reconhecidos pelo Conselho Federal de Medicina. “Destaco que nã o havendo médicos
especialistas conveniados, o plano demandado deverá arcar com as despesas realizadas por
médicos de confiança do autor”, descreve o juiz na sentença. Em caso de descumprimento
da decisã o, a Seguradora pagará multa diá ria de R$ 500.
A jurisprudência de outros tribunais e o que está previsto na Constituiçã o Federal basearam
a decisã o de condenar a seguradora por danos morais. “Com base no artigo 5º, inciso X, da
Constituiçã o Federal, condeno a seguradora demandada a pagar uma indenizaçã o ao autor
por lhe ocasionar danos morais, consistentes em negar o reembolso de despesas que lhe
eram devidas, causando-lhe abalos psíquicos, problemas financeiros e angú stia”, escreveu o
magistrado. Fonte: TJPE[3].
O plano de saú de nã o pode se eximir das suas obrigaçõ es, já que a limitaçã o baseada no
contrato do plano de saú de viola o Có digo de Defesa do Consumidor porque colocam o
contratante em desvantagem exagerada, incompatíveis com a boa-fé.
APELAÇÃ O CIVEL AC XXXXX RJ XXXXX-5 (TRF-2) Desembargadora Federal VERA LUCIA
LIMA. Ementa: da compra de pró teses ou ó rteses essenciais à sua saú de e necessá rias ao
sucesso da realizaçã o de cirurgia constitui restriçã o contrá ria ao direito à vida. - O fato é
que o plano contratado entre as partes cobre a realizaçã o da cirurgia e esta somente pode
ser realizada mediante a utilizaçã o do STENT farmacoló gico cujo fornecimento foi negado
pela CAARJ. Deste raciocínio infere-se que tal negativa, fundamentada em clá usula
contratual, vem de encontro à s normas de proteçã o do consumidor. - Nã o prospera a
alegaçã o da ré de que nã o se submete aos ditames da Lei nº 9.656 /98 que trata dos planos
privados de assistência à saú de, por ser pessoa jurídica de direito pú blico, eis que, em se
tratando de relaçã o consumeirista, deve a mesma observar o disposto nos arts. 5º e 3º , §
2º , ambos da Lei. 8.078 /90 ( Có digo de Defesa do Consumidor). - No tocante à clá usula
quinta contratual, alínea e (fls. 29), que limita o alcance do procedimento cirú rgico
necessá rio, deve ser a mesma considerada nula, nos termos do art. 51 , do CDC , eis que
impõ e restriçã o manifestamente abusiva, principalmente na hipó tese em que a utilizaçã o
dos materiais solicitados pelo médico especializado revela-se indispensá vel à prá tica e
sucesso do ato cirú rgico coberto pelo aludido plano de saú de. - Recurso desprovido. TRF-2 -
APELAÇÃ O CIVEL AC XXXXX RJ XXXXX-5 (TRF-2). Data de publicaçã o: 16/12/2008
O Supremo Tribunal Federal também se posicionou, visto a restriçã o contratual ferir tema
constitucional por ir contra a garantia a dignidade da pessoa humana:
PROCESSO: ARE XXXXX BA, RELATOR (A): MIN. GILMAR MENDES, PUBLICAÇÃ O: DJE-098
DIVULG 18/05/2012 PUBLIC 21/05/2012, PARTE (S): CASSI - CAIXA DE ASSISTÊ NCIA DOS
FUNCIONÁ RIOS DO BANCO DO BRASIL, DANNIEL ALLISSON DA SILVA COSTA, CÉ LIA
CONCEIÇÃ O BARRETO BOVE, ANTÔ NIO ROBERTO VALENÇA BOVE
Decisã o: Trata-se de agravo interposto contra decisã o de inadmissibilidade de recurso
extraordiná rio que impugna acó rdã o assim do: ”RECURSO. PLANO DE SAÚ DE.
PROCEDIMENTO SEM COBERTURA CONTRATUAL. NEGATIVA DE COBERTURA. CONDUTA
ABUSIVA. CÓ DIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. PRINCÍPIOS DA TRANSPARÊ NCIA E
INFORMAÇÃ O. INTELIGÊ NCIA DOS ARTS. 4º, 6º, INCISO III, 31, 46 E 47, TODOS DO CDC.1.
CONFIGURADA RELAÇÃ O DE CONSUMO, O CONTRATO FIRMADO DEVE-SE PAUTAR PELOS
PRINCÍPIOS DA TRANSPARÊ NCIA E INFORMAÇÃ O. ASSIM, AS CLÁ USULAS LIMITATIVAS
DISPOSTAS NOS CONTRATOS DE PLANO DE SAÚ DE DEVEM SER CLARAS, PRECISAS E
OSTENSIVAS. 2. CLÁ USULA CONTRATUAL COM RESTRIÇÃ O ABUSIVA. SEGURO SAÚ DE.
INTERPRETAÇÃ O DA CLÁ USULA DE MANEIRA MAIS FAVORÁ VEL AO CONSUMIDOR. O
PRINCÍPIO DO PACTA SUNT SERVANDA ESTÁ RELATIVIZADO PELO ADVENTO DA LEI Nº
8.078/90, QUE ADMIITE EXPLICITAMENTE A INTERFERÊ NCIA DO PODER JUDICIÁ RIO NAS
RELAÇÕ ES CONTRATUAIS DE CONSUMO (ART. 60, IV E V), VISANDO PRESERVAR OS
PRINCÍPIOS DA BOA-FÉ E DO EQUILÍBRIO ENTRE AS PARTES. CLÁ USULA RESTRITIVA DE
DIREITO IMPLÍCITO DO CONSUMIDOR REDIGIDA SEM DESTAQUE. NULIDADE DE PLENO
DIREITO NA FORMA DOS ARTS. 51, I E IV E 54, § 4º DO CDC. 3. DANO MORAL
CONFIGURADO. RAZOABILIDADE DA FIXAÇÃ O. 4. SENTENÇA CONFIRMADA. RECURSO
CONHECIDO E NÃ O PROVIDO”.
IV- DOS PEDIDOS:
Por todo aqui exposto, o autor vem requerer que Vossa Excelência se digne a:
1. Conceder a demandante os benefícios da Assistência Judiciá ria Gratuita, nos termos da
Constituição Federal (artigo 5º, LXXIV) e pela Lei 13.105/2015 (CPC) em seus artigos 98 e 99.
2. Conceder a antecipaçã o de tutela, inaldita altera pars, determinando o imediato
reembolso das despesas médicas apresentadas e comprovadas, no valor de R$ 50.000,00
(cinquenta mil reais), devidamente corrigidas com o acréscimo de 2% de juros a.m.;
3. Determinar a citaçã o da Demandada, para querendo, contestar a açã o no prazo legal,
sob pena de revelia conforme artigo 319 do CPC em caso do nã o comparecimento,
concedendo ao final, a procedência integral dos pedidos;
4. Julgar totalmente procedentes os pedidos confirmando a obrigaçã o da Demandada de
ressarcir a Demandante no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), corrigidos e
atualizados até a data do pagamento;
5. Condenar a Demandada a indenizar a demandante a título de danos morais, e arbitrar
em valor nã o a inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais);
6. Deferir a juntada de documentos;
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em Direito admitidos, inclusive
oitiva de testemunhas e documentais.
Dá -se a causa o valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais).
Nesses termos,
Pede deferimento.

Natal/RN, 19 de setembro de 2023.

LA-THUR DERNÓ TICO ALMEIDA DE MORAIS


Advogado - OAB nº XX.XXX.
Note: exemplo de prioridade de tramitaçã o processual
I-PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃ O-IDOSO:

Nos termos do artigo 71 do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003), considerando que o


Requerente Nome, nascido em 27/11/1949, atualmente com 71 (setenta e um) anos de
idade, portanto pessoa idosa, o presente processo deve ter prioridade de tramitaçã o.

"Art. 71. É assegurada prioridade na tramitaçã o dos processos e procedimentos e na


execuçã o dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa
com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instâ ncia".

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