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DOUTO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA DA

COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – RJ.

GABRIEL DIAS DA MOTTA, brasileiro, casado, Bombeiro-Militar,


portador da carteira de identidade CBMERJ N°024281, inscrito no CPF: sob o
n° 076.337.387-74, residente e domiciliado na Estrada do Dendê, n° 1200, aptº
102, Bloco B, Cond. do Conjunto Residencial Jardim Ipitanga, Ilha do
Governador, CEP: 21.920-001, Rio de Janeiro, RJ, endereço eletrônico:
araujoegoz.advogados@gmail.com (e-mail do patrono, pois o autor não possui)
vem, por intermédio de sua advogada e bastante procuradora infra-assinada
(instrumento de procuração anexo), propor a presente

AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE VALORES DO FUNDO DE SAÚDE C/C


TUTELA ANTECIPADA

em face do ESTADO DO RIO DE JANEIRO, Pessoa Jurídica de Direito


Público Interno, presentado por um dos Doutos Procuradores do Estado do Rio
de Janeiro, com endereço à Rua do Carmo, n° 27, Centro, Cidade do Rio de
Janeiro, CEP: 20.011-020, como se verá na exposição fática e de direito, a
seguir delineadas, conforme razões e pedidos a seguir articulados:

DA FALTA DE INTERESSE DA PARTE AUTORA NA DESIGNAÇÃO DA


AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO / MEDIAÇÃO

De acordo com o normatizado no Novo Código de Processo Civil,


informa a parte Autora não haver o interesse na designação de Audiência de
Conciliação / Mediação, pois, como é cediço, as propostas de acordo advindas

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da parte Ré, quando ofertadas, são totalmente inaceitáveis e insuficientes para
que esta demanda tenha seu deslinde finalizado de forma satisfatória.

DO PEDIDO DE GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Faz a parte Autora jus ao benefício da Assistência Judiciária


Gratuita por enquadrar-se no disposto no art. 98 do NCPC e não poder arcar
com as despesas processuais sem que, com isso, ponha em risco seu sustento
e de seus familiares.

No mesmo sentido preconiza a Carta Magna em seu artigo 5º, inciso


LXXIV, o dever do Estado na prestação de assistência jurídica integral e
gratuita, quando comprovada a insuficiência de recursos. No caso em tela, a
parte Autora é bombeiro militar, declara a sua hipossuficiência em documento
acostado nos autos, possui os contracheques anexados onde pode ser
constatado que o mesmo não possui condições de arcar com as despesas
processuais, cabendo ao Estado a prestação da tutela integral e gratuita a fim
de garantir o acesso à justiça.

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem


distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:

LXXIV  - o Estado prestará assistência


jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos;

Ademais, o requerente é Bombeiro Militar, percebendo um soldo R$


1.333,20 (um mil trezentos e trinta e três reais e vinte centavos) mensais, com
inúmeros descontos em seu contracheque, inclusive com empréstimos em
instituições bancárias, para prover o seu sustento e de sua família, podendo
Vossa Excelência verificar de acordo com os documentos anexados nos autos.
Outrossim, o mesmo, não possui nenhuma outra renda para complementar o
seu sustento e de seus familiares, dependendo exclusivamente dos seus
proventos como bombeiro militar.

E caso não seja acatado o pedido pleiteia-se a Vossa Excelência o


benefício do artigo 98, §6° do NCPC:
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“§ 6o Conforme o caso, o juiz poderá
conceder direito ao parcelamento de
despesas processuais que o beneficiário
tiver de adiantar no curso do
procedimento.”

DOS FATOS

A presente ação visa cessar os descontos compulsórios e requer a


restituição dos valores indevidamente deduzidos para o denominado Fundo de
Saúde do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro, incidente
sobre a remuneração da parte Autora e a manutenção da assistência médico
hospitalar do servidor e de seus dependentes, nos termos dos artigos 46 e 79
da Lei Estadual n° 279/79.

A parte Autora requer a devolução do desconto do FUNDO ÚNICO DE


SAÚDE, respeitado o quinquênio legal a contar do ajuizamento da demanda,
corrigidos monetariamente, a partir de cada desembolso e acrescido de juros
moratórios seguindo a Súmula 188 do STJ após o trânsito em julgado da
sentença.

Consoante declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 3.465/2000


pela cobrança da contribuição para custeio de assistência à saúde, efetuada
pelo Estado do Rio de Janeiro, a qual instituiu a dedução obrigatória
direcionada ao Fundo Único de Saúde com efeitos retroativos, faz jus a parte
Autora a cessação de tais deduções, bem como a restituição das parcelas já
retidas, respeitando-se a prescrição quinquenal.

“Processo: 2007.017.00025 - ARGUIÇÃO DE


INCONSTITUCIONALIDADE - DES. MARIA
HENRIQUETA LOBO - Julgamento:
26/11/2007 - ÓRGAO ESPECIAL Incidente de
Inconstitucionalidade. Lei no 3.465/2000.
Policiais militares e bombeiros militares.
Contribuição compulsória para o Fundo
Único de Saúde. A instituição, pelos
Estados, Distrito Federal e Municípios, de
contribuição compulsória a ser descontada
de seus servidores para custeio de
assistência à saúde afronta o disposto no
artigo 149 § 1o da Constituição Federal.

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Permissivo constitucional que se restringe
aos descontos para fins unicamente
previdenciários. Acolhimento da arguição
para declarar a inconstitucionalidade da Lei
no 3.465/2000.”

Após a edição da Emenda Constitucional 41/2003, que introduziu o §1º


ao artigo 149, somente se admite que os Estados, Distrito Federal e Municípios
instituam contribuição compulsória para o custeio do respectivo regime
previdenciário.

No caso, os servidores do Corpo de Bombeiros já possuem uma


contribuição compulsória para o custeio do respectivo regime, o do Fundo
Único de Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro - RIOPREVIDÊNCIA,
com a finalidade de gerir os ativos financeiros, visando o custeio de
pagamentos dos proventos, pensões e outros benefícios previdenciários.

A Súmula nº 344 Ementário da Jurisprudência Predominante do


Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, trata sobre o atendimento no
Sistema de Saúde, Contribuição para o Fundo de Saúde e a Fixação de
Indenização em Regime de Coparticipação para serviços não abrangidos pela
Gratuidade:

“Nº 344 - É assegurada aos Policiais


Militares e Bombeiros Militares, a
assistência médico hospitalar, de natureza
remuneratória e alimentar, na forma do art.
46, caput, e parágrafos 1º e 2º, da Lei
estadual nº 279/79, estendido igual direito
aos dependentes que se encontrarem nas
condições do art. 79, I, II e III, do referido
diploma legal, sendo, no entanto, legítima a
fixação de indenização, em regime de
coparticipação, a ser aportada pelos
destinatários que optarem, voluntariamente,
como condição de acesso aos demais
serviços especializados prestados pelo
nosocômio, para si e seus dependentes, em
relação aos atendimentos não abrangidos
pela gratuidade."
Referência: Incidente de Uniformização nº
0270693 71.2010.8.19.0001 Julgamento em
07/12/2015 - Relator: Desembargador Mauro
Dickstein. Votação unânime.

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Portanto, deverão ser mantidas as normas de utilização do sistema de
saúde do CBMERJ, aprovadas pela Nota GAB/CMDO-GERAL 028/2015,
publicada no Boletim da SEDEC/CBMERJ nº 016/2015, de 28 de janeiro de
2015 divulgados no próprio site da Corporação:

“II - ESCLARECE que, de acordo com as


NORMAS DE UTILIZAÇÃO DO SISTEMA DE
SAÚDE DO CBMERJ:
a) independente de contribuição, o
Bombeiro Militar da ativa terá direito à
hospitalização e tratamento custeados pelo
Estado, a saber:
“Art. 2º - O Bombeiro Militar da ativa,
conforme previsto em lei e em
regulamentos, independente de
contribuição para o Fundo de Saúde do
CBMERJ, terá direito à hospitalização e
tratamento custeados pelo Estado, seja nas
unidades próprias de Saúde do CBMERJ ou
em unidades contratadas ou conveniadas
pela Corporação, em virtude dos seguintes
motivos:
I - Ferimento recebido na manutenção de
ordem pública, no exercício de missão
profissional de bombeiro ou enfermidade
contraída nessas situações, ou que nelas
tenha sua causa eficiente;
II - Acidente em serviço;
III - Doença, moléstia ou enfermidade
adquirida, com relação de causa e efeito a
condições inerentes ao serviço.”
b) o Bombeiro Militar (ativo e inativo),
CONTRIBUINTE PARA O FUNDO DE
SAÚDE terá acesso amplo ao Sistema de
Saúde do CBMERJ, para si e seus
dependentes, observadas as CARÊNCIAS
(§1º art. 4º, das Normas) e os serviços e
procedimentos NÃO CONTEMPLADOS
(art.7º das Normas);
c) o Bombeiro Militar (ativo e inativo), NÃO
CONTRIBUINTE PARA O FUNDO DE
SAÚDE:
1. SOMENTE FARÁ JUS, para si e seus
dependentes, ao atendimento ambulatorial
médico-odontológico em unidades próprias
do CBMERJ (art. 5º das Normas);
2. NÃO FARÁ JUS à realização de exames
complementares, internações hospitalares,
procedimentos clínicos médicos ou
odontológicos, terapêuticos, obstétricos,
oncológicos, quimioterapia, radioterapia,
cirurgias de qualquer porte e demais
serviços e procedimentos mencionados no
art. 7º das Normas. (grifo nosso)”
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DA TUTELA ANTECIPADA

Com base no artigo 273 do código de processo civil e seus incisos


requer o cancelamento de desconto no contracheque da parte Autora, a
título de contribuição para fundo de saúde, por violação do artigo 149, § 1º da
Constituição Federal de 1988:

“Art. 149 Compete exclusivamente à União


instituir contribuições sociais, de
intervenção no domínio econômico e de
interesse das categorias profissionais ou
econômicas, como instrumento de sua
atuação nas respectivas áreas, observado o
disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem
prejuízo do previsto no art. 195, § 6º,
relativamente às contribuições a que alude
o dispositivo.
§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios instituirão contribuição, cobrada
de seus servidores, para o custeio, em
benefício destes, do regime previdenciário
de que trata o art. 40, cuja alíquota não será
inferior à da contribuição dos servidores
titulares de cargos efetivos da União.
(Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 41, 19.12.2003)

A verossimilhança se faz, na medida em que contribuição tem caráter


facultativo e não pode ser descontada automaticamente da remuneração da
parte Autora. Além disso, o Estado não pode criar modalidade de contribuição
compulsória, de seus servidores, diversa da prevista do artigo 149, parágrafo
único, da CF/88, como reiteradamente vem decidindo o Tribunal de Justiça,
como se vê os seguintes julgados: Órgão Especial, ADIn numero
2005.017.00005, Des. BERNARDINO LEITUGA, Ap. Cível número
2003.001.15804, 1 C.C., Des. Maria Augusta Vaz.

O perigo na demora se dá na medida em que aludida verba corresponde


ao percentual de 13% sobre o soldo, percentual que é suprimido dos
vencimentos mensalmente, estes de natureza alimentar, pois vinculada à ideia
de ganhos para subsistência e pagamentos de pensão alimentícia.

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Portanto, requer que seja determinado ao Réu, cancelar imediatamente
o desconto da rubrica "FUNDO DE SAÚDE" do contracheque da parte Autora,
sob pena de multa a ser arbitrada pelo juízo.

DO DIREITO

DA PRESCRIÇÃO

Com a EC. nº 41/03 que deu nova redação ao § 1 do art. 149 da


Constituição Federal de 1988, intensificou o caráter compulsório da
contribuição previdenciária, com a finalidade de custear o regime
previdenciário já existente por força do artigo 14, inciso I, e artigo 18, ambos da
Lei número 3.189/99.

O Fundo de Saúde da Policia e Bombeiros Militares do Estado do Rio de


Janeiro possui NATUREZA COMPLEMENTAR e nesse sentido segue o
julgamento 2008.009.01063:
“2008.009.01063 — DUPLO GRAU
OBRIGATÓRIO DE JURIS. - 1 Emenda DES.
MILTON FERNANDES DE SOUZA —
Julgamento: 10/09/2008 — QUINTA
COMARCA CIVEL DUPLOGRAU
OBRIGATÓRIO. FUNDO DE SAÚDE. A
contribuição para o Fundo de Saúde da
Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro,
como integrante do sistema complementar
de previdência, apresenta caráter
facultativo.”

Como já é pacificado na jurisprudência pátria em se tratando de


prestações de trato sucessivo, prescrevem as quantias abrangidas pelo
quinquênio anterior ao que antecede o do ajuizamento da Ação. Dessa forma,
recorrendo-se a lei, o Decreto 20.910/32 regulamenta a relação temporal
entre a Fazenda Pública e o cidadão, prevendo o prazo prescricional de 05
anos. Da mesma forma, dispõe o AGRAVO INTERNO NO RECURSO
ESPECIAL AgInt no REsp 1446634 GO 2014/0075542-9 – STJ:

“NOVA NOMENCLATURA DA 


GRATIFICAÇÃO DE REPRESENTAÇÃO
ESPECIAL. LEI DELEGADA ESTADUAL
08/2003. EXTENSÃO AOS INATIVOS. ART.
535 , II , DO CPC /73 E SÚMULA 85/STJ.
RAZÕES DO AGRAVO QUE NÃO
IMPUGNAM, ESPECIFICAMENTE, A
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DECISÃO AGRAVADA. SÚMULA 182/STJ.
ACÓRDÃO COM FUNDAMENTO EM LEI
LOCAL. REVISÃO.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 280/STF.
AGRAVO INTERNO PARCIALMENTE
CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO,
IMPROVIDO. I. Agravo interno aviado contra
decisão monocrática publicada em
16/02/2017, que, por sua vez, julgara recurso
interposto contra decisum publicado na
vigência do CPC /73. II. Interposto Agravo
interno com razões que não impugnam,
especificamente, os fundamentos da
decisão agravada - mormente quanto ao
descabimento do Recurso Especial, com
fundamento em ofensa ao art. 535 , II , do
CPC /73, para aferir a existência de omissão,
no acórdão recorrido acerca de matéria
constitucional, e
à aplicação da Súmula 85/STJ, na hipótese -,
não prospera o inconformismo, quanto ao
ponto, em face da Súmula 182 desta Corte.
III. Na forma da jurisprudência, "o Superior
Tribunal de Justiça firmou compreensão
segundo a qual, nos casos de obrigação de
trato sucessivo, o prazo para ajuizamento
da ação mandamental renova-se mês a mês,
não havendo falar em decadência do direito
à impetração do mandado de segurança. É
também pacífica a orientação
jurisprudencial de que, em demanda
concernente ao direito
a gratificação instituída por lei, não negado
expressamente pela Administração, a
prescrição não alcança o fundo de direito,
mas somente as parcelas anteriores ao
quinquênio pretérito à propositura da ação,
conforme orientação fixada
pela Súmula 85/STJ" (STJ, EDcl no REsp
1.168.762/AM, Rel. Ministro OG
FERNANDES, SEXTA TURMA, DJe de
14/05/2013). IV.”

“ STJ Súmula nº 85 – Relação Jurídica de


Trato Sucessivo – Fazenda Pública
Devedora – Prescrição. Nas relações
jurídicas de trato sucessivo em que a
Fazenda Pública figure como devedora,
quando não tiver sido negado o próprio
direito reclamado, a prescrição atinge
apenas as prestações vencidas antes do
quinquênio anterior a propositura da ação.”

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Dessa forma, conclui-se tratar-se de prestação de trato sucessivo a qual
sofre apenas da prescrição quinquenal conforme a Súmula nº 85 do STJ.
Senão este é o entendimento da totalidade da Jurisprudência do TJ/ RJ :

“PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. MATÉRIA DE


NATUREZA ESTATUTÁRIA. OBJETIVA.
COM REFLEXOS PECUNIÁRIOS DE
CARÁTER ALIMENTAR, DECRETO
20.910/32. NÃO INCIDÊNCIA QUANTO AO
DIREITO NÚCLEO, MAS APENAS NO
TOCANTE AOS DÉBITOS RESULTANTES,
VENCIDOS MÊS A MÊS. PRELIMINAR DE
PRESCRIÇÃO” (DES. D’ ANDREA
FERREIRA. AC 89.0202562-3 –RJ -2°
TURMA, P, NO DJ EM 14/06/91).”

Para ratificar nosso posicionamento quanto ao prazo prescricional


segue recente jurisprudência do TJ-PA - Apelação Cível
AC00131642120128140301 BELÉM (TJ-PA):

“Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA


TURMA, julgado em 09/05/2017, DJe
17/05/2017) PROCESSUAL CIVIL E
ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL
EM RECURSO ESPECIAL. CONCESSÃO DE
PENSÃO POR MORTE. NÃO OCORRÊNCIA
DE PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE DIREITO.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 85/STJ. O TERMO
INICIAL DO PRAZO PRESCRICIONAL É A
DATA DA NEGATIVA DO REQUERIMENTO
ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL
DA UNIÃO DESPROVIDO. 1. Os benefícios
previdenciários envolvem relações de trato
sucessivo e atendem necessidades de
caráter alimentar, razão pela qual a
pretensão à obtenção de um benefício é
imprescritível. 2. As prestações
previdenciárias tem características de
direitos indisponíveis, daí porque o
benefício previdenciário, em si, não
prescreve, somente as prestações não
reclamadas no lapso de cinco anos é que
prescreverão, uma a uma, em razão da
inércia do beneficiário, nos exatos termos
do art. 3o . do Decreto 20.910 /32. 3. É firme
a orientação desta Corte Superior de que
não ocorre a prescrição do fundo de direito
enquanto não existir manifestação expressa
da Administração negando o direito
reclamado, estando prescritas apenas as
prestações vencidas no quinquênio que
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precedeu à propositura daa7 ação, nos
termos da Súmula 85/STJ. Precedentes:
AgRg no AREsp. 395.373/RJ, Rel. Min.
SÉRGIO KUKINA, DJe 16.5.2014; AgRg no
AREsp. 463.663/RJ, Rel. Min. MAURO
CAMPBELL MARQUES, DJe 26.3.2014). 4.
Uma vez negado formalmente pela
Administração o direito pleiteado, flui o
prazo prescricional cujo termo inicial é a
data do conhecimento pelo administrado do
indeferimento do pedido. Precedente: AgRg
no AREsp. 749.479/RJ, Rel. Min. HUMBERTO
MARTINS, DJe 30.9.2015. 5. Agravo
Regimental da UNIÃO desprovido. (AgRg no
REsp 1327454/ES, Rel. Ministro NAPOLEÃO
NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 12/04/2016, DJe 19/04/2016)
ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL
NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
MANDADO DE
SEGURANÇA. GRATIFICAÇÃO DE
PRODUTIVIDADE. VIÚVA DE EX-
SEGURADO. DECADÊNCIA. NÃO
OCORRÊNCIA..”

Conforme conceitua JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO em sua


obra Manual de Direito Administrativo, 3ª edição, editora Lúmen Júris, págs.
356/357:

“Há casos, porém, em que ocorre apenas a


prescrição das prestações, ou seja, dos
efeitos do ato originário. Em outras
palavras, o direito decorrente do ato
permanece intocado. Em compensação,
tornam-se prescritas as parcelas dele
decorrentes anteriores a cinco anos,
resguardando-se as que nos cinco anos
anteriores ao fato interruptivo. Por exemplo:
se o direito nasceu há oito anos, e o
interessado pleiteia judicialmente os efeitos
dele, as prestações relativas aos três
primeiros anos estarão prescritas, mas as
dos últimos cinco anos não o estariam. O
tema reclama que se considere a natureza
do ato que deu origem à lesão. Nesse caso,
é importante distinguir as condutas
comissivas e as condutas omissivas do
Estado. Quando é comissiva, isto é quando
o Estado se manifestou expressamente, a
contagem do prazo prescricional se dá a
partir dessa expressão da vontade estatal.
Aqui a prescrição alcança o próprio direito,
ou, como preferem alguns, o próprio fundo
de direito. Quando ao contrário o Estado se

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mantém inerte, embora devesse ter
reconhecido o direito do interessado, a
conduta é omissiva, isto é, o Estado não se
manifestou quando deveria fazê-lo. Nesse
caso, a contagem se dá a partir de cada
uma das prestações decorrentes do ato que
o Estado deveria praticar para reconhecer
o direito e não o fez. A prescrição, aqui
alcança apenas as prestações, mas não
afeta o direito em si.”

Corroborando com o nosso entendimento sobre relação jurídica de trato


sucessivo e prescrição entre a Administração e a parte Autora, envolvendo o
pagamento da remuneração desta, segue AGRAVO REGIMENTAL NO
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL em julgado em 06/08/2015:

“ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL


NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
SERVIDOR PÚBLICO. PRESCRIÇÃO
CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. PRAZO DE
CINCO ANOS. ENTENDIMENTO
JURISPRUDENCIAL CONSOLIDADO NO
RESP N.1.205.626/AC, SUBMETIDO AO
RITO DO ART. 543-C DO CPC.
PROMOÇÃO.DIFERENÇAS SALARIAIS
ATRASADAS. PRESCRIÇÃO. PARCELAS
VENCIDAS HÁ MAIS DE CINCO ANOS DA
PROPOSITURA DA AÇÃO. SÚMULA N.
85/STJ. AGRAVO REGIMENTAL NÃO
PROVIDO. O Superior Tribunal de Justiça,
no julgado do REsp n. 1.205.626/AC,
sedimento o entendimento jurisprudencial
segundo o qual toda ação contra a Fazenda
Pública, seja federal, estadual ou municipal,
é de cinco anos. A orientação
jurisprudencial do Superior Tribunal de
Justiça já se manifestou no sentido de que
o pagamento de diferenças salariais
atrasadas forma típica relação de trato
sucessivo entre o servidor e a
Administração, de tal modo que somente as
prestações vencidas há mais de cinco da
propositura da ação podem ser
consideradas prescritas. Agravo regimental
não provido. (AgRg no AREsp 704.798/AP,
Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em
06/08/2015, DJe 18/08/2015).”

Conforme recente Apelação Cível sobre relação jurídica de trato


sucessivo e prescrição:
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“Apelação Cível/Remessa Necessária no
0028307-38.2014.8.19.0011
Apelante: Estado do Rio de Janeiro
Apelado: Luiz Gustavo Mello das Neves
Juízo de Origem: 1a Vara Cível da Comarca
de Cabo Frio Relatora: Desembargadora
Mônica Feldman de Mattos

APELAÇÃO CÍVEL/REMESSA NECESSÁRIA.


ADMINISTRATIVO.FUNDO DE SAÚDE DA
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO
DEJANEIRO. PLEITO DE CESSAÇÃO DOS
DESCONTOSCOMPULSÓRIOS,
RESTITUIÇÃO DOS VALORES
INDEVIDAMENTEDEDUZIDOS E
MANUTENÇÃO DA ASSISTÊNCIA MÉDICO-
HOSPITALAR. APÓS A EDIÇÃO DA
EMENDA CONSTITUCIONAL 41/2003, QUE
INTRODUZIU O §1o AO ART. 149, SOMENTE
SE ADMITE
QUE OS ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E
MUNICÍPIOS INSTITUAM CONTRIBUIÇÃO
COMPULSÓRIA PARA O CUSTEIO DO
RESPECTIVO REGIME PREVIDENCIÁRIO.
ASSIM, EM INTERPRETAÇÃO A TAL
DISPOSITIVO, A JURISPRUDÊNCIA DESTE
TRIBUNAL DE JUSTIÇA FOI SE
POSICIONANDO NO SENTIDO DE NÃO SER
CONSTITUCIONAL A COBRANÇA PELO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO DE
CONTRIBUIÇÃO
PARA CUSTEIO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE,
CULMINANDO NA DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI No
3.465/2000, A QUAL INSTITUIU A DEDUÇÃO
OBRIGATÓRIA DIRECIONADA AO FUNDO
DE SAÚDE DA PMERJ. NESTES TERMOS,
DIANTE DA
DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI QUE
INSTITUIU OS REFERIDOS DESCONTOS,
COM EFEITOS EX TUNC, CORRETA A
CESSAÇÃO DE TAIS DEDUÇÕES, BEM
COMO A RESTITUIÇÃO DAS PARCELAS JÁ
RETIDAS, RESPEITANDO-SE A
PRESCRIÇÃO QUINQUENAL, CONFORME
CORRETAMENTE DETERMINADO NA
SENTENÇA APELADA. SÚMULA 231 DESTE
TJERJ. PRESTAÇÃO DOS
SERVIÇOS GRATUITOS DE ASSISTÊNCIA
MÉDICO HOSPITALAR QUE NÃO ESTÁ
CONDICIONADA AO RECOLHIMENTO DA
CONTRIBUIÇÃO DECLARADA
INCONSTITUCIONAL, O QUE RESULTOU NA
EDIÇÃO DA SÚMULA No 344 DESTE TJERJ.
CONTUDO, ASSISTE RAZÃO AO

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ESTADO, APENAS NO TOCANTE AO
TERMO INICIAL DA INCIDÊNCIA DE JUROS
DE MORA, QUE DEVE CORRESPONDER À
DATA DO
TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA, À
LUZ DO VERBETE
SUMULAR No 188 DO STJ. MERECE
REPARO A SENTENÇA, DE OFÍCIO, COM
RELAÇÃO À CORREÇÃO MONETÁRIA E
AOS JUROS DE
MORA, QUE DEVEM INCIDIR SEGUNDO OS
MESMOS ÍNDICES UTILIZADOS PELO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO NA
REMUNERAÇÃO DAS DÍVIDAS
TRIBUTÁRIAS EM ATRASO, CONFORME A
TESE FIXADA PELA 1a SEÇÃO DO STJ, NO
JULGAMENTO RESP No 11521.495.146-MG,
SUBMETIDO AO REGIME DOS RECURSOS
REPETITIVOS, E, BEM AINDA, QUANTO À
FIXAÇÃO DO PERCENTUAL DOS
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS APLICÁVEL
NA HIPÓTESE, QUE
SÓ DEVE OCORRER NA FASE DE
LIQUIDAÇÃO DO JULGADO, CONSOANTE O
DISPOSTO NO ART. 85, § 4o, II, DO CPC.
PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO DO
ESTADO E PEQUENA MODIFICAÇÃO DA
SENTENÇA EM REMESSA NECESSÁRIA.”

DOS PEDIDOS

Isto posto, requer sejam determinados:

I - A citação da parte Ré, ESTADO DO RIO DE JANEIRO, Pessoa Jurídica de


Direito Público Interno, presentado por um dos Doutos Procuradores do Estado
do Rio de Janeiro, com endereço à Rua do Carmo, n° 27, Centro, Cidade do
Rio de Janeiro, CEP: 20.011-020, para, querendo, contestar a presente ação
sob pena de revelia e de confissão quanto à matéria de fato;

II- A concessão de TUTELA ANTECIPADA para que seja determinado ao Réu,


cancelar imediatamente o desconto da rubrica "Fundo de Saúde" do
contracheque da parte Autora, sob pena de multa a ser arbitrada pelo juízo;

III - Os benefícios da ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA, de acordo com


o disposto no art. 98 do NCPC, não podendo arcar a parte Autora com as
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despesas processuais sem que, com isso, ponha em risco seu sustento e de
seus familiares;

IV - A condenação do ESTADO DO RIO DE JANEIRO a RESTITUIR A PARTE


AUTORA, a devolução de todos os valores mensais descontados
indevidamente referentes ao Fundo de Saúde observando a prescrição
quinquenal pelos fatos e fundamentos acima explanados, acrescidos de
correção monetária no valor de R$ 9.088,20 (nove mil oitenta e oito reais e
vinte centavos) demonstrado em planilha de cálculos anexada nos autos desde
cada desembolso a serem acrescidos os juros na apuração a se realizar em
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA, salvo a PRESCRIÇÃO QUINQUENAL, devendo
ser cominada multa diária por descumprimento de tal ordem conforme
determina o art. 537 do Novo Código de Processo Civil;

V - Seja a parte Requerida condenada em custas e honorários advocatícios em


20% (vinte por cento), sobre o valor da condenação na forma dos (art. 85 c/c
art. 322 §1° do NCPC).

Protesta apenas pela modalidade de prova documental; segue em


anexo aos autos os contracheques da parte Autora correspondentes aos
meses de setembro de 2014 até setembro de 2019 e planilha de cálculos do
montante retido mensalmente descontados de forma indevida, observando a
prescrição quinquenal referente ao Fundo de Saúde, pelos fatos e fundamentos
acima explanados, acrescidos de correção monetária.

Dá-se o valor da presente no importe de R$ 9.088,20 (nove mil oitenta e


oito reais e vinte centavos).

Nestes termos,
Pede deferimento.

Rio de Janeiro, 01 de Novembro de 2019.

(Assinado digitalmente)
Simone de Góz Poli
OAB/RJ 200.643
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