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AO JUÍZO DE DIREITO DA __ VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE IMPERATRIZ, ESTADO

DO MARANHÃO.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO (ART. 114, INCISO III, DA CF).

MARIA DO ESPIRITO SANTO MONTEIRO DOS SANTOS, brasileira, viúva,


aposentada, inscrita no CPF sob nº 973.856.703-34, RG nº 000069876996-1,
residente e domiciliada na Fazenda Riachinho, Zona Rural do Município de Sítio
Novo/MA, CEP 65925-000, vem com o devido respeito e acatamento perante
Vossa Excelência, através dos seus advogados bastante procuradores, com
fundamento no art. 114, inciso III da Constituição Federal, propor

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO c/c REPETIÇÃO DO


INDÉBITO, DANOS MORAIS e TUTELA DE URGÊNCIA

em face de CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES RURAIS


AGRICULTORES E AGRICULTORAS FAMILIARES, entidade Sindical, CNPJ nº
33.683.202/0001-34, com sede no SMPW Quadra 01 Conjunto 02 Lote, 02
Núcleo Bandeirante/DF, CEP 71.735-102, pelos motivos de fato e de direito a
seguir:

PREAMBULARMENTE

a. DA JUSTIÇA GRATUITA: Excelência, a parte autora é lavradora, vivendo


exclusivamente da sua aposentadoria para garantir sua subsistência, de modo
que requer seja concedida o direito a assistência judiciária gratuita, pois a
mesma não possui recursos para pagar custas processuais sem prejuízos ao seu
sustento e de sua família nos termos do art. 790, §3º, da CLT, art. 98 do Código
de Processo Civil e art. 5º LXXIV da Constituição Federal, para todas as fases
processuais, conforme documentos em anexo.
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1. DOS FATOS

A parte autora é pessoa honrada, de bom nome, aposentada por idade sob o
número de benefício (NB) 136.469.130-0, cumpridora de seus direitos e obrigações, que
pauta sua vida sempre na observância de rígidos princípios éticos e morais, história ainda
enriquecida pela experiência de ter vivido sempre no sertão.

Ocorre que, a autora ao verificar a situação de seu benefício previdenciário


percebeu descontos em seus extratos, sendo o mês de 01/2019 com descontos mensais
iniciando no valor R$ 19,96 (dezenove reais e noventa e seis centavos), descontos estes
que foram feitos pela parte requerida sem a autorização da autora e com a descrição de
“CONTRIBUIÇÃO SINDICATO/CONTAG”, conforme extrato do benefício em anexo (doc.
02).

Infelizmente, até o último pagamento realizado pelo INSS (01/2024) já foram


descontados da aposentadoria da autora cerca R$ 1.388,68 (mil, trezentos e oitenta e oito
reais e sessenta e oito centavos), conforme planilha de cálculos em anexo (doc. 03).

Registra-se que, a autora não conhece e nunca ouviu falar, nem sabe dizer onde
fica a sede da parte requerida. Verdade seja, a autora pessoa humilde e de nenhum
conhecimento, ficou surpresa com o que estava acontecendo, pois não autorizou a ser
descontado e nem se filiou a esta Confederação para que gerasse esta contribuição.

Recentemente, a autora requisitou junto a previdência social o cancelamento


da contribuição administrativa e a suspensão do pagamento (doc. 04), não havendo
resposta até o momento:

Veja, Excelência que tal fato, por si só, é capaz também de gerar dano moral,
haja visto a autora teve valores descontados do seu aposento, indevidamente, e sem
qualquer autorização. Ora, para uma pessoa idosa e aposentada, que percebe um só
salário mínimo, que possui contas a pagar, tem-se um verdadeiro transtorno que supera o
limite do psicológico, chegando a afetar o físico, merecendo, reparação condizendo com o
dano causado.

Dessa forma, não existindo autorização da autora para que gerasse este tipo de
desconto CONTRIBUIÇÃO junto ao requerido, não lhe resta alternativa senão recorrer ao
judiciário para ver sanado tamanha irregularidade.
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2. DO DIREITO

É sabido que a apropriação indevida de verba alimentar ofende o direito de


subsistência do benefício. Na situação em tela, trata-se de pessoa idosa, sem
conhecimento prévio, que vem sofrendo descontos indevidos em seu benefício
previdenciário por entidade sem a sua autorização, causando-lhe transtornos emocionais e
financeiros, principalmente por se tratar de benefício previdenciário de natureza alimentar
destinado a manutenção de suas necessidades primárias e de seus familiares.

O artigo 115 da lei 8.213/91 disciplina que:

Art. 115. Podem ser descontados dos benefícios: [..] V –


mensalidades de associações e demais entidades de aposentados
legalmente reconhecidas, desde que autorizadas por seus filiados.

No que tange ao dano material deve haver a restituição em dobro do valor


descontado da conta do benefício da autora conforme o art. 42, § único do CDC, ou seja, o
valor descontado da conta da parte autora de janeiro de 2019 a janeiro de 2024, é de R$
1.388,68 (mil, trezentos e oitenta e oito reais e sessenta e oito centavos), e em dobro, R$
2.777,36 (dois mil, setecentos e setenta e sete reais e trinta e seis centavos).

No que cabe aos danos morais, é farta na legislação, dispositivos que abordam
o tema, defendendo a ideia de que é obrigação daquele que causar dano a outrem efetuar
a sua devida reparação, sendo tais princípios insculpidos desde a Carta Magna até
legislações infraconstitucionais, destacando o Código Civil e a Código de Defesa do
Consumidor (art. 5º, V e X, da CF; arts. 186 e 927, do CC; arts. 6º, I, 22, § único, do CDC).

Dessa forma, reconhecida a ilegalidade e irregularidade dos descontos


procedidos no benefício da autora, o seu cancelamento, a repetição do indébito e
indenização por danos morais deve ser a consequência.

3. DA TUTELA DE URGÊNCIA

O art. 300 do Código de Processo Civil determina que a concessão da tutela


provisória de urgência antecipada tem como pressupostos a existência de elementos que
evidenciem a probabilidade do direito, e ainda, o perigo de dano ou risco ao resultado útil
do processo (artigo 300 do CPC), aplicável subsidiariamente ao processo do trabalho, por
força do art. 769 da CLT.

Os fatos narrados demonstram de forma clara a probabilidade do direito da


autora vez que a autora nunca autorizou tais descontos e já realizou a oposição a tais
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descontos (doc. 04), solicitando junto a plataforma da previdência social a exclusão das
mensalidades do sindicato em seu benefício.
O perigo da demora, por sua vez, é evidente no presente caso, dado que a
cobrança indevida é realizada no aposento da autora de apenas um salário mínimo, na qual
impacta a sua qualidade de vida, resultando também em uma verdadeira vulnerabilidade
financeira e dificuldades para cobrir despesas essenciais.

Assim, legítimo e necessário se faz o deferimento, in limine e inaudita altera


pars, da tutela específica ora pleiteada, a fim de que seja determinado a imediata
suspensão dos descontos no benefício de aposentadoria da autora, sob descrição
“Contribuição SINDICATO/CONTAG”, atualmente no valor de R$ 28,24 (vinte e oito reais e
vinte e quatro centavos), no prazo de 05 (cinco) dias, sob pena de multa diária no valor de
R$ 500,00 (quinhentos reais).

4. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

a) A concessão dos benefícios da gratuidade judiciária, nos termos do art. 790,


§3º, da CLT, art. 5º, LXXIV e art. 98, do CPC;

b) concessão, in limine e inaudita altera pars, da tutela específica ora pleiteada,


a fim de que seja determinado a imediata SUSPENSÃO dos descontos no benefício de
aposentadoria da autora, sob descrição “Contribuição SINDICATO/CONTAG”, atualmente
no valor de R$ 28,24 (vinte e oito reais e vinte e quatro centavos), no prazo de 05 (cinco)
dias, sob pena de multa diária no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais).

c) A citação da parte requerida para, querendo, comparecer à audiência


conciliatória e/ou formular defesa, sob pena de revelia e confissão quanto aos fatos aqui
discorridos;

d) A inversão do ônus da prova, bem como as responsabilidades que tratam


conforme o art. Art. 6º, VIII, 14 do CDC e o art. 37, § 6°, da CF;

e) Ao final, que seja JULGADO PROCEDENTE os pedidos iniciais, afim confirmar


a liminar pleiteada e condenar a parte requerida:

e.1 – realize em definitivo a desfiliação da autora e imediato cancelamento dos


descontos em sua aposentada por idade sob o número de benefício (NB)
136.469.130-0, referente a “CONTRIBUIÇÃO SINDICATO/CONTAG” com taxa
atual de R$ 28,24 (vinte e oito e vinte e quatro centavos) em todos os seus
efeitos;
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e.2 – restituir EM DOBRO a autora os valores das prestações que foi pago de
forma indevida, cujo até o momento perfaz o montante de R$ 2.777,36 (dois
mil, setecentos e setenta e sete reais e trinta e seis centavos), a título de
danos materiais, acrescidos de juros e correção monetária desta a data do
primeiro desconto, tendo em vista que a autora jamais contraiu tal contrato
acima, bem como as parcelas que serão descontados no curso do processo caso
não seja deferido a liminar;

e.3 – ao pagamento de indenização por danos morais (in re ipsa) no valor de R$


5.000,00 (cinco mil reais) ou em valor a ser arbitrados por Vossa Excelência,
levando em consideração a natureza pedagógica da reparação civil;

f) A condenação da parte requerida ao pagamento das custas processuais e


honorários advocatícios, estes fixados em 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,


especialmente testemunhal, documental, juntada de novos documentos e tudo mais que
se fizer necessário.

Dá-se à causa o valor de R$ 7.777,36 (sete mil, setecentos e setenta e sete reais
e trinta e seis centavos), para efeitos fiscais.

Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Imperatriz (MA), 04 de fevereiro de 2024.

PABLO DOS SANTOS SILVA


Advogado – OAB/MA nº 21.687

MARISA FREITAS DOS REIS


Advogada – OAB/MA nº 22.107

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