Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
JOÃO PESSOA – PB
2019
1 INTRODUÇÃO
A abordagem acerca da tutela aos trabalhadores rurais implica nos direitos que
lhes são conferidos na legislação pátria. Tais direitos percorrem, sobretudo, duas
grandes áreas jurídicas, a trabalhista e a previdenciária, as quais serão objeto de estudo
nesta oportunidade de maneira resumida. Cabe o destaque ao fato de que, consoante
Benedito Ferreira Marques, a proteção ao trabalhador rural é um dos princípios do
Direito Agrário1, de modo que essa proteção deve ser observada nas demandas que
envolvam esse tipo de trabalhador.
9
GONÇALVES, Adriana. A reforma trabalhista e os empregados e empregadores rurais:As
mudanças significativas para o homem do campo. 2018. Disponível em:
<https://adrianacccc.jusbrasil.com.br/artigos/581868344/a-reforma-trabalhista-e-os-empregados-e-
empregadores-rurais>. Acesso em 19 de Abril de 2019.
10
DIEESE. O mercado de trabalho assalariado rural brasileiro. 2014. Disponível em:
<https://www.dieese.org.br/estudosepesquisas/2014/estpesq74trabalhoRural.pdf >. Acesso em 21 de
Abril de 2019.
do salário mínimo ou inferior ao valor pago para os outros trabalhadores que
desempenham a mesma função.
11
BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Disponível em:
<www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L8213cons.htm>. Acesso em 19 de Abril de 2019.
rural, mesmo que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao
requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição
correspondente à carência do benefício pretendido. Já o Art. 143 prevê que:
Art. 143. O trabalhador rural ora enquadrado como segurado obrigatório no
Regime Geral de Previdência Social, na forma da alínea "a" do inciso I, ou do
inciso IV ou VII do art. 11 desta Lei, pode requerer aposentadoria por idade,
no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contados a partir da data
de vigência desta Lei, desde que comprove o exercício de atividade rural,
ainda que descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento
do benefício, em número de meses idêntico à carência do referido benefício.
Assim, o benefício é devido ao cidadão que tiver a idade mínima de 60 anos para
o homem e 55 anos para a mulher, além de comprovar no mínimo 180 meses (15 anos)
trabalhados em atividade rural. O trabalhador poderá solicitar o benefício com a mesma
idade do trabalhador urbano, somando o tempo de trabalho como segurado especial
rural ao tempo de trabalho urbano, caso não consiga comprovar o tempo mínimo de
trabalho necessário12.
Como mencionado, essa é a previsão atual. Embora esteja em tramitação no
Congresso Nacional o projeto de Reforma da Previdência Social, o qual,
originariamente, trazia uma série de mudanças para a aposentadoria do trabalhador
rural, Rodrigo Maia13 (atual presidente da Câmara dos Deputados) afirmou
recentemente que o governo não seguirá com as mudanças para esses trabalhadores.
Sendo assim, os trabalhadores rurais estão, por hora, excluídos da reforma.
Com isso, podemos entender que para a propriedade ter função social, precisa
além de preservar a natureza, precisa ser produtiva, favorecendo os proprietários e os
trabalhadores. Impossibilitando assim, que o proprietário da terra a tenha apenas para
especulação.
Essa norma foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988, e está no seu
texto no artigo 186:
Art.186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei,
aos seguintes requisitos:
I - Aproveitamento racional e adequado;
II - Utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do
meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - Exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos
trabalhadores.
Para que a propriedade possa atingir a função social precisa atender a cada um
desses requisitos simultaneamente, e não apenas individualmente, pois esvaziaria a
intenção legislativa, de possibilitar a desconcentração de terras e permitir a reforma
agrária. Retirando assim, a antinomia que poderíamos concluir com o Art. 185 da
CRFB/88:
14
The State od Food and Agriculture – Innovation I family farming 20014. Food e and Agriculture
Organization of the United Nations disponível em http://www.fao.org/3/a-i4040e.pdf acessado em:
21/04/2018.
social, conforme estabelecido no próprio artigo 5º, inciso XXIII, da Constituição
Federal de 1988 ao estabelecer que: “a propriedade atenderá a sua função social”.
O que fora acima exposto encontra respaldo nas palavras de Marques (2015, p.
35) que afirma:
Na verdade, o nosso texto constitucional vigente não baniu o direito de
propriedade, que sempre foi consagrado em todas as Constituições, até aqui.
Apenas o contemplou, em inciso próprio, mas, em outro, o condicionou ao
cumprimento da função social.
Assim, destaca-se que a noção de reforma agrária não está adstrita, apenas, a
mudança na estrutura fundiária através da redistribuição de terras. A noção de reforma
agrária também abarca a necessidade de se terem políticas agrárias que garantam uma
estrutura material mínima adequada para que o trabalhador rural possa desenvolver as
suas atividades possibilitando, assim, uma redistribuição, também, da renda gerada
pelas atividades agrárias.
Não outro é o conceito legal de reforma agrária previsto no artigo 1º, §1º, da lei
nº 4.504/1964 (Estatuto da Terra) que assim disciplina, “considera-se Reforma Agrária
o conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante
modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça
social e ao aumento de produtividade”.
Por fim, colaciona-se a definição de reforma agrária realizada por Veiga (1981,
p. 7), citado por Marques (2015, p. 131)
É sabido que o regime constitucional brasileiro, em que pese sua posição acerca
do direito de propriedade, o garante, com a ressalva da garantia de sua função social,
como disposto pelo art. 5°, incisos XXII a XXVI.
O instituto da desapropriação existe, pois, para sanar circunstâncias diversas,
com o denominador comum sendo o descumprimento de sua função social. O processo
de desapropriação é eminentemente administrativo, constituindo forma incisiva de
intervenção do Estado na propriedade privada, sendo a transferência de domínio
compulsória e por meio de indenização, mediante quatro modalidades, quais sejam a
necessidade ou utilidade pública e por interesse social subdividindo-se por
desigualdades sociais, reforma agrária ou plano diretor.
No presente trabalho, será abordada a desapropriação rural com fins de reforma
agrária. Resta prevista no art. 184 da CF/88. Lê-se:
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de
reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social,
mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com
cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos,
a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS