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sujeitos da relação de emprego

O Empregado
+ trabalho infantil

Direito do Trabalho - Oferta 2022.2

Prof. Maria Clara Santos


Departamento de Ciências Sociais
mariaclara@ufsj.edu.br
O Empregado

● O conceito legal de empregado está lançado no art. 3º, caput, da


CLT:
“toda pessoa física que prestar serviços de natureza não
eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante
salário”.
● O preceito celetista é incompleto e precisa ser lido em conjunto
com o caput do art. 2º da mesma Consolidação, que esclarece
que a prestação há de ser pessoal.
Operários (1933). Tarsila do Amaral

● Acoplados nos dois preceitos celetistas, encontram-se os cinco


elementos componentes da figura do empregado e,
consequentemente, da relação de emprego.
O Empregado

● Empregado é aquele que presta serviço do modo


típico da relação empregatícia, a despeito do objeto do serviço.
● Não pode haver discriminação em virtude do tipo de trabalho executado, se manual ou
intelectual.
● Empregados intelectuais, manuais e técnicos: art. 7º, XXXII da CR c/c com o art. 3º, §u. da
CLT: foi proibida qualquer distinção entre esses profissionais.
CF/88 Art. 7º, XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou
entre os profissionais respectivos.
CLT, art. 3º, Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à
condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual
Empregado Rural

● Para conceituar empregado rural, devemos nos remeter ao conceito de


empregador rural, definido na Lei 5.889/73 (art. 3º).
■ Art. 3º - Considera-se empregador, rural, para os efeitos desta Lei, a pessoa física ou
jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agro-econômica, em caráter
permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de
empregados

●  Assim, empregador rural é aquele que exerce atividade agroeconômica,


de forma continuada ou temporária, em estabelecimento agrário
(imóvel rural ou prédio rústico).
■ Para os doutrinadores, será rural também aquele que inicia curto processo de
industrialização, sem que se altere a natureza do produto (deve ser somente
matéria-prima). Ex.: Carvão vegetal: a pessoa que trabalha em carvoarias, por
mais rudimentar que seja a atividade, será empregado comum.

● Constituição de 1988 equiparou os direitos dos trabalhadores urbanos


e rurais.
Empregado Rural

● A reboque do conceito de empregador rural, o de empregado, no art. 2º


da Lei 5.889/73:
Art. 2º Empregado rural é toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio

rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob a
dependência deste e mediante salário
● Será empregado rural aquele que reúne os 7 elementos fático-jurídicos
essenciais para configurar a relação.
● Os cinco elementos básicos e mais 2 especiais: imóvel rural ou prédio rústico
🡪 Imóvel rural ou prédio rústico:
○ Imóvel rural: zona rural.
○ Prédio rústico: aquele de vocação rural.
Empregado Rural
🡪 Trabalho prestado a empregador rural:

○ não importa a atividade. Administrador da fazenda, datilógrafo, etc.


○ Excetuam-se as categorias especiais, como o doméstico.

○ Exceção à regra é o enquadramento de empregados de empresas de reflorestamento.Apesar da natureza urbana das empresas, seus
empregados são considerados trabalhadores rurais caso executem atividades de campo, por mero entendimento jurisprudencial (OJ 38).
Vai-se à regra do art. 7º, “b” da CLT para definir com base na atividade.

EMPREGADOR RURAL: pessoa física ou jurídica proprietária ou não proprietária que explore atividade agro-econômica em
caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos, e com auxílio de empregados,

EQUIPARA-SE A EMPREGADOR RURAL: a pessoa física ou jurídica que, habitualmente, em caráter profissional, e por
conta de terceiros, execute serviços de natureza agrária, mediante utilização do trabalho de outrem.
● Toda propriedade rural, que mantenha a seu serviço ou trabalhando em seus limites mais de 50 famílias de
trabalhadores de qualquer natureza, é obrigada a possuir e conservar em funcionamento escola primária,
inteiramente gratuita, para os filhos destes, com tantas classes quantos sejam os grupos de 40 crianças em idade
escolar. (art. 16 da Lei 5.889/73)
Altos Empregados

● A organização interna do sistema de trabalho, na empresa, leva à elaboração de minuciosa e


abrangente hierarquia entre setores e, particularmente, cargos e funções.
● Concentração em alguns empregados de prerrogativas de direção e gestão próprias ao
empregador.
● Poderes de gestão, chefia, cargos de fidúcia, mandatários, representantes que, recebem da
legislação obreira um tratamento relativamente diferenciado.
● São quatro grupos principais de altos empregados especificamente regulamentados pela
legislação trabalhista.
🡪 Cargos ou funções de confiança ou gestão; 🡪 Segmento bancário;
🡪 Empregados diretores; 🡪 Sócio empregado.
Cargos ou Funções de Confiança ou Gestão
● Têm posição de destaque, poder de mando na empresa, apesar de serem subordinados.
● De La Cueva: funções cujo o exercício colocam em jogo a própria existência da empresa,
seus interesses fundamentais, sua segurança e ordem essencial.
● Não têm controle, via de regra, de jornada de trabalho.
● Tratados no art. 62 da CLT.
■ Antes da reforma do art. 62 da CLT: interpretação restritiva vinculada a volume de poder de mando e exercício de
representação da empresa.

● Lei 8.966/94 c/c Art. 62 da CLT. Elevadas atribuições e poderes de gestão – até o nível de
chefe de departamento ou filial; distinção remuneratória, à base de, no mínimo, 40% a mais
do salário do cargo efetivo.
Cargos ou Funções de Confiança ou Gestão

● Critérios: elevadas atribuições e poderes de gestão / distinção remuneratória.


● Eliminou-se a necessidade de poder de representação.
● Podem sofrer reversão (art. 468, CLT);
Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e
ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente
desta garantia.
§ 1o Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo,
anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de confiança. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 2o A alteração de que trata o § 1o deste artigo, com ou sem justo motivo, não assegura ao empregado o direito à manutenção do
pagamento da gratificação correspondente, que não será incorporada, independentemente do tempo de exercício da respectiva
função. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

Redução dos efeitos danosos da reversão na jurisprudência. Súmula nº 372 – TST;


Não têm direito a hora-extra (art. 62, CLT): presunção relativa - presente o controle rigoroso, será ela
devida;
Passíveis de transferência: Art. 469, CLT + Súmula 43 TST (restrição à necessidade real).
Altos Cargos no Segmento Bancário

● Os cargos ou funções de confiança têm especificidades no ambiente bancário.


● Tratados pelo art. 224, pár. 2º da CLT.
● Tipificação mais atenuada e poderes de mando diferentes.
● Funções como de fiscalização entram no conceito.
● A diferenciação salarial é também menor.
● Não se aplica a jornada bancária de 6 horas (art. 224, par. 2º CLT).
● Entendimento jurisprudencial é que se aplicam às 8 horas celetistas comuns (Súmula 102, IV)
● Quanto aos demais efeitos (transferibilidade e reversibilidade) aplica-se a regra geral da CLT
para os cargos de confiança (arts. 468 e 469).
Sócio Empregado

● A compatibilidade de figuras decorrerá da natureza da


sociedade e do regime de responsabilidades dos sócios.
○ Se for ilimitada, não poderá ser empregado.
○ Se for limitada, poderá ser empregado.
• Exemplo: sociedade informais (art. 990, CC/02)
Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do
benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade.
TRT3 - Sócio de empresa também pode ser empregado
Trabalho infantil
Trabalho infantil

O trabalho infantil, segundo a legislação brasileira, se refere às


atividades econômicas e/ou atividades de sobrevivência, com ou sem
finalidade de lucro, remuneradas ou não, realizadas por crianças ou
adolescentes em idade inferior a 16 anos, ressalvada a condição de
aprendiz a partir dos 14 anos, independentemente da sua condição
ocupacional. (OIT)

a) até 13 anos – proibição total;


b) entre 14 a 16 anos – Admite-se uma exceção: trabalho na condição de
aprendiz;
c) entre 16 e 17 anos – permissão parcial. São proibidas as atividades
noturnas, insalubres, perigosas e penosas, nelas incluídas as 93
atividades relacionadas no Decreto n° 6.481/2008 (lista das piores
formas de trabalho infantil), haja vista que tais atividades são
prejudiciais à formação intelectual, psicológica, social e/ou moral do
adolescente.
Trabalho infantil
No artigo 227, a Constituição garante que “é dever da família, da
sociedade e do Estado assegu- rar à criança, ao adolescente e ao jovem,
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de
colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão”.
No entanto, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (PNAD Contínua) sobre Trabalho de Crianças e
Adolescentes, em 2019, havia 1,768 milhão de crianças e adolescentes
de cinco a 17 anos em situação de trabalho infantil, o que representa
4,5% da população (40,1 milhões) nesta faixa etária.
A maior concentração de trabalho infantil está na faixa etária entre 14
e 17 anos, representando 78,7% do total. Já a faixa de cinco a 13 anos
representa 21,3% das crianças exploradas pelo trabalho infantil.
Segundo o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho
Infantil (FNPETI), o número de crianças e adolescentes negros em
situação de trabalho é maior do que o de não negros. Os pretos ou
pardos representam 66,1% das vítimas do trabalho infantil no país.
Trabalho infantil

LEGISLAÇÃO NACIONAL QUE TRATA DE REGULAMENTAÇÃO DAS DIVERSAS FORMAS DE TRABALHO INFANTIL
Programa de erradicação e exceções permitidas pela legislação
https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/areas-de-atuacao
/erradicacao-do-trabalho-infantil

Artigo: A exceção à proibição do trabalho da criança e do adolescente

GUIA DE PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE TRABALHO INFANTIL


https://crianca.mppr.mp.br/pagina-1692.html
Programa Jovem Aprendiz

É um programa federal que visa integrar o estudo e a prática por meio da regulação prevista na Lei da Aprendizagem (10.097/00)
● Jornada diária do aprendiz não deve superar seis horas diárias, salvo em casos em que o jovem já tenha completado o ensino
fundamental, quando, então, poderá trabalhar até oito horas diárias.
● A carga horária deve levar em conta o tempo destinado aos estudos.
● O jovem contratado recebe salário e outros direitos trabalhistas e previdenciários, como vale-transporte, 13° salário, férias e
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)
● O contrato não deve durar mais que dois anos – exceção aos casos de portadores de necessidades especiais.
● Os jovens entre 14 a 24 anos devem ser matriculados por seus empregadores em cursos oferecidos por entidades de
aprendizagem qualificada, tais como as que formam o Sistema S, ou por escolas técnicas e agrotécnicas e entidades sem fins
lucrativos registradas nos conselhos dos direitos da criança e do adolescente dos municípios onde atuem.
Art. 429. Os estabelecimentos de qualquer natureza são obrigados a empregar e matricular nos cursos dos Serviços Nacionais de
Aprendizagem número de aprendizes equivalente a cinco por cento, no mínimo, e quinze por cento, no máximo, dos trabalhadores existentes
em cada estabelecimento, cujas funções demandem formação profissional.
Programa Jovem Aprendiz

Além do reconhecimento pela inclusão social da instituição, os benefícios para as empresas que contratam
jovens aprendizes são:
● Pagamento de apenas 2% do FGTS;
● Isenção de multa rescisória;
● Dispensa de aviso prévio remunerado;
● Oferta de aprendizado aos candidatos;
● Formação do perfil profissional do jovem, sendo
possível alinhá-lo mais facilmente à cultura da empresa;
● Promoção de oportunidades aos novos profissionais do mercado
Documentário completo disponível em:

https://estudio.r7.com/a-escravidao-do-seculo-xxi-10082020
fim do módulo

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