Você está na página 1de 5

Tópico: 18.8 Trabalho rural: Lei nº 5889 de 1973 e alterações e NR 3.

1 - EMPREGADO RURAL
1.1 - Legislação aplicável:
 Lei 5.889/73, art. 1º: As relações de trabalho rural serão reguladas por esta Lei e, no
que com ela não colidirem, pelas normas da CLT.

 Portanto, a CLT somente será aplicável aos rurícolas naquilo que não colidir com as regras
próprias da Lei 5.889/1973.

- Previsão constitucional:
 CF/88, art. 7º: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem
à melhoria de sua condição social.

 Dessa forma, apesar da diferenciação entre rurícolas e empregados urbanos no plano


legal, não há distinção entre elas no plano constitucional.

1.2 – Caracterização:
 O empregado rural é enquadrado nesta condição de acordo com seu empregador ser
ou não considerado como empregador rural.

 O tipo de atividade exercida não é determinante para este enquadramento.


 Em outras palavras, o que irá determinar se é rural o trabalhador não é a atividade
exercida por ele, mas pelo seu empregador.

- Conceito de empregado rural da Lei 5.889/73:


 Lei 5.889/73, art. 2º: Empregado rural é toda pessoa física que, em propriedade rural ou
prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob a
dependência deste e mediante salário.

- Elementos fático-jurídicos da relação de emprego rural:


 Pessoa física;
 Pessoalidade;
 Onerosidade;
 Não eventualidade;
 Subordinação;
 Prestação de serviços a empregador rural;
 Labor prestado em propriedade rural ou prédio rústico.
- Definição do empregador rural:
 Lei 5.889/73, art. 3º: Considera-se empregador rural, para os efeitos desta Lei, a pessoa
física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agro-econômica, em
caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de
empregados.

 §1º - Inclui-se na atividade econômica referida no caput deste artigo, além da exploração
industrial em estabelecimento agrário não compreendido na CLT, a exploração do turismo
rural ancilar à exploração agro-econômica.

- Atividade agro-econômica:
 Na expressão atividade agro-econômica podemos incluir atividades agrícolas, pecuárias e
agroindustriais.
 O exame da atividade do estabelecimento pode suscitar controvérsia sobre ser ou não
preponderantemente agrária, o que influenciará na caracterização (ou não) do empregador
como rural.

- Quanto ao local de prestação de serviços:


 Propriedade rural é aquela localizada na área rural, e o prédio rústico pode ser definido
como local onde se exercem atividades agropastoris (e que pode se localizar na área
urbana).

- Dependência do enquadramento como rurícola pela atividade preponderante da empresa


(empregador):
 OJ-SDI1-38 TST: O empregado que trabalha em empresa de reflorestamento, cuja
atividade está diretamente ligada ao manuseio da terra e de matéria-prima, é rurícola e
não industriário, pouco importando que o fruto de seu trabalho seja destinado à
indústria.

* Modalidades de contrato:
1.3 - Contratos a termo no meio rural:
1.3.1 - Contrato de safra:
 Lei 5.889/1973, art. 14, parágrafo único: Considera-se contrato de safra o que tenha
sua duração dependente de variações estacionais da atividade agrária.

 Além da produção e colheita, podem ser abrangidas nas atividades do safrista as


atividades de preparação do solo e plantio.

- Variações estacionais da atividade agrária:


 Podemos verificar, então, que este contrato não necessariamente possuirá data precisa
de término, pois depende do andamento das atividades desenvolvidas (colheita,
desbaste, apanha de frutos, etc.) que, por sua vez, podem ser afetadas pelas condições
gerais em cada safra (excesso de chuvas, seca, etc.).
1.3.2 - Contrato rural por pequeno prazo:
 Lei 5.889/1973, art. 14-A: O produtor rural pessoa física poderá realizar contratação de
trabalhador rural por pequeno prazo para o exercício de atividades de natureza
temporária.

- Limite temporal máximo para contrato por prazo pequeno:


 Lei 5.889/73, art. 14-A, §1º - A contratação de trabalhador rural por pequeno prazo que,
dentro do período de 1 ano, superar 2 meses fica convertida em contrato de trabalho
por prazo indeterminado, observando-se os termos da legislação aplicável.

1.4 - Jornada de Trabalho:

 3 particularidades do regime de trabalho rural:

1.4.1 - Tempo de efetivo exercício no serviço intermitente:

 Art. 6º: Nos serviços, caracteristicamente intermitentes, não serão computados, como
de efeito exercício, os intervalos entre uma e outra parte da execução da tarefa
diária, desde que tal hipótese seja expressamente ressalvada na CTPS.

 Exemplo: se o trabalhador faz a ordenha das vacas entre as 7 e 9 horas da manhã e


depois só vai trabalhar novamente apartando o gado entre 16 e 18 horas, em tese o
período entre 9 e 16 horas não é de efetivo exercício, atendidas as condições do art. 6º
acima.

1.4.2 - Intervalo intrajornada:

 Art. 5º: Em qualquer trabalho contínuo de duração superior a 6 horas, será obrigatória
a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação observados os usos e
costumes da região, não se computando este intervalo na duração do trabalho. Entre
2 jornadas de trabalho haverá um período mínimo de 11 horas consecutivas para
descanso.

 Decreto 10.854/2021, art. 87: Os contratos de trabalho rural, individuais ou coletivos,


estabelecerão, conforme os usos, as praxes e os costumes de cada região, o início e o
término normal da jornada de trabalho, cuja duração não poderá exceder a 8 horas
diárias.
 §1º - Será obrigatória, em qualquer trabalho contínuo de duração superior a 6 horas, a
concessão de intervalo mínimo de 1 hora para repouso ou alimentação, observados os
usos e os costumes da região.
 §2º - Os intervalos para repouso ou alimentação não serão computados na duração da
jornada de trabalho.
1.4.3 - Trabalho noturno:

 Lei 5.889/73, art. 7º: Para os efeitos desta Lei, considera-se trabalho noturno o
executado entre as 21 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte, na lavoura, e
entre as 20 horas de um dia e as 4 horas do dia seguinte, na atividade pecuária.

- Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno:

 Lei 5.889/73, art. 7º, parágrafo único: Todo trabalho noturno será acrescido de 25%
sobre a remuneração normal.
 Não possui direito a hora ficta noturna.

1.5 - Concessão de moradia e alimentação: valor das utilidades:

 Lei 5.889/73, art. 9º: Salvo as hipóteses de autorização legal ou decisão judiciária, só
poderão ser descontadas do empregado rural as seguintes parcelas, calculadas sobre
o salário-mínimo:
 a) Até o limite de 20% pela ocupação da morada;
 b) Até o limite de 25% pelo fornecimento de alimentação sadia e farta, atendidos os
preços vigentes na região;

- Autorização do desconto:

 Lei 5.889/1973, art. 9º, §1º: As deduções acima especificadas deverão ser previamente
autorizadas, sem o que serão nulas de pleno direito.

1.6 - Aviso prévio:

 Art. 15: Durante o prazo do aviso prévio, se a rescisão tiver sido promovida pelo
empregador, o empregado rural terá direito a 1 dia por semana, sem prejuízo do
salário integral, para procurar outro trabalho.

1.7 - Cultura intercalar:

 Se relaciona ao trabalho rural, que se contrapõe à monocultura.


 Exemplo: Suponha uma fazenda especializada na produção de café. Esta será, portanto,
sua cultura principal. Além da principal, muitas vezes, existirá uma plantação secundária,
como de feijão (plantada por exemplo entre as fileiras dos pés de café).

- Deverá ter um contrato em separado:


 Art. 12: Nas regiões em que se adota a plantação subsidiária ou intercalar (cultura
secundária), a cargo do empregado rural, quando autorizada ou permitida, será objeto
de contrato em separado.

- O lucro obtido do empregador não poderá ser garantia do salário-mínimo:

 Art. 12, parágrafo único: Embora devendo integrar o resultado anual a que tiver direito o
empregado rural, a plantação subsidiária ou intercalar não poderá compor a parte
correspondente ao salário-mínimo na remuneração geral do empregado, durante o
ano agrícola.

- Contratação da safreiros:

 Decreto 10.854/2021, art. 101, §1º - Se houver necessidade de contratação de safreiros


nas hipóteses previstas no caput, os encargos dela decorrentes serão de
responsabilidade do empregador.

1.8 - Salário Família:

 Súmula 344 TST: O salário-família é devido aos trabalhadores rurais somente após a
vigência da Lei nº 8.213, de 24.07.1991. (que regulamenta este benefício)

*** Resumo na aula 20 pg 13 - original

Você também pode gostar