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Tópicos: 18 - Regimes especiais de trabalho previstos na CLT: 18.3 - Trabalho esportivo.

18.4 - Trabalho em atividades petrolíferas: NR 37 (Norma regulamentadora de segurança e saúde


em plataformas de petróleo) e suas atualizações. 18.5 Trabalho do artista e do técnico em
espetáculos de diversões. 18.6 - Trabalho da pessoa com deficiência e reabilitada.
1 - TRABALHO EM ATIVIDADES PETROLÍFERAS (LEI 5.811/1972)
 A Lei 5.811/1972 regula o trabalho dos petroleiros, que são os empregados nas atividades
de exploração, perfuração, produção e refinação de petróleo, industrialização do xisto,
indústria petroquímica e transporte de petróleo e seus derivados por meio de dutos.

1.1 - Regime de revezamento:


 Lei nº 5.811/72, art. 2º: Sempre que for imprescindível à continuidade operacional, o
empregado será mantido em seu posto de trabalho em regime de revezamento.

 §1º - O regime de revezamento em turno de 8 horas será adotado nas atividades


previstas no art. 1º, ficando a utilização do turno de 12 horas restrita às seguintes
situações especiais:
 a) Atividades de exploração, perfuração, produção e transferência de petróleo do mar;
 b) Atividades de exploração, perfuração e produção de petróleo em áreas terrestres
distantes ou de difícil acesso.

 Em resumo, há dois regimes de revezamento possíveis:


 a) Turnos de trabalho de 8 horas (regra);
 b) Turnos de trabalho de 12 horas (situações especiais).

- Pagamento pelas variações de horários:


 Lei 5.811, art. 10: A variação de horários, em escalas de revezamento diurno, noturno ou
misto, será estabelecida pelo empregador com obediência aos preceitos desta lei.

 Parágrafo único: Não constituirá alteração ilícita a exclusão do empregado do


regime de revezamento, cabendo-lhe exclusivamente, nesta hipótese o pagamento
previsto no art. 9º [um só pagamento igual à média das vantagens previstas nesta lei,
percebidas nos últimos 12 meses anteriores à mudança, para cada ano ou fração igual ou
superior a 6 meses de permanência do regime de revezamento ou de sobreaviso.].

1.1.1 - Regime de revezamento – turno de 8 horas:


- Direitos do regime de 8 horas (e 12 horas):
 Lei 5.811. art. 3º:
 I - Pagamento do adicional de trabalho noturno na forma do art. 73 da CLT [20% de
adicional];
 II - Pagamento em dobro da hora de repouso e alimentação suprimida nos termos do
§2º do art. 2º [intervalo de descanso suprimido para garantir a normalidade das operações
ou atender imperativos de segurança industrial];
 III - Alimentação gratuita, no posto de trabalho, durante o turno em que estiver em
serviço;
 IV - Transporte gratuito para o local de trabalho;
 V - Direito a um repouso de 24 horas consecutivas para cada 3 turnos trabalhados.
- Regra de transição: previsão da lei para os empregados que já venham percebendo
pagamento à conta de horas de repouso e alimentação ou de trabalho noturno:
 Art. 3º, parágrafo único: Para os empregados que já venham percebendo
habitualmente da empresa pagamento à conta de horas de repouso e alimentação ou
de trabalho noturno, os respectivos valores serão compensados nos direitos a que se
referem os itens I e II deste artigo.

1.1.2 - Regime de revezamento – turno de 12 horas:


 Art. 2º, §1º: O regime de revezamento em turno de 8 horas será adotado nas atividades
previstas no art. 1º, ficando a utilização do turno de 12 horas restrita às seguintes
situações especiais:
 a) Atividades de exploração, perfuração, produção e transferência de petróleo do mar;
 b) Atividades de exploração, perfuração e produção de petróleo em áreas terrestres
distantes ou de difícil acesso.
- Direitos adicionais no turno de 12 horas:
 Art. 4º: Ao empregado que trabalhe no regime de revezamento em turno de 12 horas,
ficam assegurados, além dos já previstos nos itens I, II, III e IV do art. 3º, os seguintes
direitos: art. 4º,
 I - Alojamento coletivo gratuito e adequado ao seu descanso e higiene;
 II - Repouso de 24 horas consecutivas para cada turno trabalhado.

- Limite temporal para turno de 12 horas:


 Art. 8º: O empregado não poderá permanecer em serviço, no regime de revezamento
previsto para as situações especiais de que tratam as alíneas "a" e "b" do § 1º do art. 2º
[de turnos de 12 horas], nem no regime estabelecido no art. 5º, por período superior a 15
dias consecutivos.

1.2 – Sobreaviso:
 Art. 5º: Sempre que for imprescindível à continuidade operacional durante as 24 horas
do dia, o empregado com responsabilidade de supervisão das operações previstas no
art. 1º, ou engajado em trabalhos de geologia de poço, ou, ainda, em trabalhos de apoio
operacional às atividades enumeradas nas alíneas "a" e "b" do §1º do art. 2º, poderá ser
mantido no regime de sobreaviso.

 §1º - Entende-se por regime de sobreaviso aquele que o empregado permanece à


disposição do empregador por um período de 24 horas para prestar assistência aos
trabalhos normais ou atender as necessidades ocasionais de operação.

 §2º - Em cada jornada de sobreaviso, o trabalho efetivo não excederá de 12 horas.


- Direitos adicionais no regime de sobreaviso:
 Art. 6º: Durante o período em que permanecer no regime de sobreaviso, serão
assegurados ao empregado, além dos já previstos nos itens III e IV do art. 3º e I do art. 4º,
os seguintes direitos:
 I - Repouso de 24 horas consecutivas para cada período de 24 horas em que
permanecer de sobreaviso;
 II - Remuneração adicional correspondente a, no mínimo, 20% do respectivo salário-
básico, para compensar a eventualidade de trabalho noturno ou a variação de horário para
repouso e alimentação.

- Definição de salário-básico:
 Art. 6º, parágrafo único: Considera-se salário-básico a importância fixa mensal
correspondente à retribuição do trabalho prestado pelo empregado na jornada normal de
trabalho, antes do acréscimo de vantagens, incentivos ou benefícios, a qualquer título.

1.3 - Exceção permitida em lei:


 Art. 2º, §2º: Para garantir a normalidade das operações ou para atender a imperativos
de segurança industrial, poderá ser exigida, mediante o pagamento previsto no item II
do art. 3º [pagamento em dobro da hora de repouso e alimentação suprimida], a
disponibilidade do empregado no local de trabalho ou nas suas proximidades,
durante o intervalo destinado a repouso e alimentação.

1.4 - Perda de direitos:


 Art. 9º: Sempre que, por iniciativa do empregador, for alterado o regime de trabalho do
empregado, com redução ou supressão das vantagens inerentes aos regimes instituídos
nesta lei, ser-lhe-á assegurado o direito à percepção de uma indenização.

 Parágrafo único: A indenização de que trata o presente artigo corresponderá a um só


pagamento igual à média das vantagens previstas nesta lei, percebidas nos últimos 12
meses anteriores à mudança, para cada ano ou fração igual ou superior a 6 meses de
permanência do regime de revezamento ou de sobreaviso.

 Portanto, se o empregado deixou o turno de 12 horas e perdeu o direito ao repouso de 24


horas para cada turno trabalhado, por exemplo, deve-se calcular:
 a) Qual era o valor mensal dessa vantagem perdida (nos últimos 12 meses);
 b) Quantos anos (ou fração superior a 6 meses) ele permaneceu naquele turno.
*** resumo na aula 19 pg 9
2 - TRABALHO ESPORTIVO (LEI GERAL DO ESPORTE)
 A Lei 14.597/2023 estabelece normas sobre direitos e deveres dos atletas, treinadores,
árbitros, clubes, federações esportivas e confederações. No que interessa ao direito
do trabalho, ela regulamenta questões importantes sobre os contratos de trabalho, além de
transferências de jogadores e formação de atletas.

- Definição de esporte:
 Toda forma de atividade predominantemente física que, de modo informal ou organizado,
tenha por objetivo a prática de atividades recreativas, a promoção da saúde, o alto
rendimento esportivo ou o entretenimento (Lei 14.597/23 art. 1º, §1º).

2.1 - Trabalhador esportivo:


- A Lei divide a prática esportiva em 3 níveis (art. 4º):
 Formação esportiva
 Excelência esportiva
 Esporte para toda a vida

- O nível de excelência esportiva:


 A legislação prevê de modo abrangente que as relações econômicas que advêm da
prática do esporte devem basear-se nas premissas do (art. 70):
 Desenvolvimento social e econômico
 No primado da proteção do trabalho
 Garantia dos direitos sociais do trabalhador esportivo
 Valorização da organização esportiva empregadora.

- O trabalhador da área do esporte:

 É aquele que desempenha atividades laborais permeadas por várias peculiaridades e


especificidades (como a necessidade de viajar para competir ou se concentrar, o horário
das competições, o encerramento da carreira enquanto ainda jovem, o risco de lesões,
etc), estabelecendo relações laborais com as organizações esportivas (como um clube
de futebol), por meio das formas de contratação previstas na legislação civil ou
trabalhista, independentemente de sua natureza jurídica (Art. 71):
- Sobre o contrato de trabalho:

 Para ser considerado um trabalhador esportivo profissional, o esporte deve ser sua
principal atividade remunerada.
 No entanto, o art. 82 da LGE estabelece que a atividade assalariada (isto é, o vínculo
empregatício) não é a única forma de caracterização desta profissionalização do
trabalhador, sendo possível também definir como profissional quem é remunerado por
meio de contratos de natureza cível (Art. 82).
 Esta regra permite, em tese, a terceirização ou "pejotização" do atleta, visto que não
necessariamente ele seria um empregado da organização esportiva.

 Outro ponto importante é que a LGE veda que o trabalhador seja sócio ou acionista da
própria organização esportiva "tomadora" dos seus serviços.

 Além disso, a atividade profissional do atleta, do treinador e do árbitro esportivo não


constitui por si relação de emprego com a organização com a qual ele mantenha
vínculo de natureza meramente esportiva, caracterizado pela liberdade de contratação
(art. 82, parágrafo único). Reforça esta regra a previsão de que o contrato de trabalho não
se confundirá com o vínculo esportivo (art. 82, §8º).

- Vínculo trabalhista e vínculo esportivo:

 A LGE diferencia o "vínculo trabalhista" do "vínculo esportivo" e, deixa claro que o vínculo
esportivo não caracteriza o vínculo de emprego. Exemplo disso é a possibilidade de
existir vínculo meramente esportivo entre a organização esportiva e o menor de 12 anos (o
qual é proibido de trabalhar, por força da Constituição Federal) - art. 5º, §1º, parte final.

 Enquanto o "vínculo de emprego" representa a relação onerosa e subordinada entre o


trabalhador e a organização profissional, o "vínculo esportivo" é a relação jurídica entre a
organização esportiva e o atleta, por exemplo, que dá condições para que ele jogue como
parte de sua equipe.

- As 3 principais categorias de trabalhadores esportivos:

 1- Atleta
 2 - Treinador
 3 – Árbitro

1 – Atletas:

 A profissão de atleta é reconhecida e regulada pela Lei 14.597/2023 (além de outras


normas que não colidirem com a legislação vigente), pelas regras do respectivo contrato
de trabalho ou em acordos ou convenções coletivas (Art. 72).
 Diferentemente do que temos em relação aos empregados em geral, qualquer cessão ou
transferência do atleta, seja profissional ou não, depende de sua formal e expressa
anuência (art. 73).
 Dentro da categoria dos "atletas", considera-se "atleta profissional" o praticante de
esporte de alto nível que se dedica à atividade esportiva de forma remunerada e
permanente e que tem nessa atividade sua principal fonte de renda, independentemente
da forma como recebe sua remuneração (art. 72, p.u.).
 Portanto, atleta de qualquer modalidade esportiva poderá ser profissional, desde que o
vínculo atenda a estes requisitos.

- Deveres do atleta profissional:

 Art. 74, I - Participar dos jogos, dos treinos, dos estágios e de outras sessões
preparatórias de competições com aplicação e dedicação correspondentes às suas
condições psicofísicas e técnicas;
 II - Preservar as condições físicas que lhe permitam participar das competições
esportivas, submetendo-se às intervenções médicas e assistências especializadas
necessárias à prática esportiva;
 III - Exercitar a atividade esportiva profissional de acordo com as regras da respectiva
modalidade esportiva e as normas que regem a disciplina e a ética esportivas.

2 - Treinadores:

 O treinador também é considerado trabalhador esportivo, tendo sua profissão reconhecida


e regulada pela Lei, sem prejuízo das disposições não colidentes constantes da legislação
vigente, do respectivo contrato de trabalho ou de acordos ou convenções coletivas (assim
como ocorre em relação ao atleta).

 No universo dos "treinadores", existe a categoria do "treinador esportivo profissional",


que é aquele que possui como principal atividade remunerada a preparação e a
supervisão da atividade esportiva de um ou vários atletas profissionais (art. 75, §1º).

- O exercício da profissão de treinador esportivo em organização de prática esportiva


profissional fica assegurado exclusivamente (art. 75, §2º):

 I - Aos portadores de diploma de educação física;


 II - Aos portadores de diploma de formação profissional em nível superior em curso de
formação profissional oficial de treinador esportivo, devidamente reconhecido pelo
Ministério da Educação, ou em curso de formação profissional ministrado pela organização
nacional que administra e regula a respectiva modalidade esportiva;
 III - Aos que, na data da publicação da Lei 14.597/2023 [15/6/2023], estejam exercendo,
comprovadamente, há mais de 3 anos, a profissão de treinador esportivo em
organização de prática esportiva profissional.

 Estes requisitos, entretanto, não se aplicam aos profissionais que exerçam trabalho
voluntário e aos que atuem em organização esportiva de pequeno porte.
- Os ex-atletas também podem exercer a atividade de treinador esportivo, desde que (art.
75, §3º):

 I - Comprovem ter exercido a atividade de atleta por 3 anos consecutivos ou por 5 anos
alternados, devidamente comprovados pela respectiva organização que administra e
regula a modalidade esportiva; e
 II - Participem de curso de formação de treinadores, reconhecido pela respectiva
organização que administra e regula a modalidade esportiva.

 Além disso, é permitido o exercício da profissão a treinadores estrangeiros, desde que


comprovem ter licença de sua associação nacional de origem.

- Direitos do treinador esportivo profissional (art. 76):

 Ter ampla e total liberdade na orientação técnica e tática esportiva.


 Ter apoio e assistência moral e material assegurada pelo contratante, para que possa
desempenhar bem suas atividades.
 Exigir do contratante o cumprimento das determinações dos organismos esportivos
atinentes à sua profissão.

- Deveres do treinador esportivo profissional (art. 77):

 Zelar pela disciplina dos atletas sob sua orientação, ministrando os treinamentos no
intuito de dotar os atletas da máxima eficiência tática e técnica em favor do contratante.
 Manter o sigilo profissional.

3 – Árbitros:

 São também trabalhadores esportivos os árbitros, que exercem atividade reconhecida e


regulada pela Lei 14.597/2023, sem prejuízo das disposições não colidentes constantes da
legislação vigente (Art. 78).

 Considera-se árbitro esportivo profissional a pessoa que possui como principal


atividade remunerada a direção de disciplina e conformidade com as regras esportivas
durante uma prova ou partida de prática esportiva (art. 78, §1º).

- Remuneração dos árbitros:

 O árbitro (e seus auxiliares) serão remunerados pela entidade que organiza o evento,
sendo que tal remuneração deve ser paga antes do início da partida (art. 194). Além
disso, o trabalho do árbitro esportivo é regulado pelas organizações esportivas
responsáveis pela atividade de arbitragem (como a Fifa, em âmbito internacional).
- Relação de trabalho:

 Todavia, dada a independência e a imparcialidade do árbitro, é importante salientar que


não há relação de subordinação de natureza laboral entre os árbitros e a
organização esportiva que o contrata ou que regula seu trabalho (art. 78, §2º).
 Em outras palavras, o árbitro se sujeita às regras da organização responsável pela
arbitragem, mas não é seu empregado.
 Ele recebe a remuneração da entidade que organiza o evento, mas tampouco é seu
empregado.

- Atribuições e organização em associações ou sindicais dos árbitros:

 O árbitro esportivo exercerá atribuições relacionadas às atividades esportivas, destacando-


se aquelas inerentes ao árbitro de partidas e as de seus auxiliares (Art. 79).

 A lei salienta a possibilidade de os árbitros esportivos organizar-se em associações


profissionais e em sindicatos (Art. 80).

- Prestação de serviços as organizações esportivas:

 É facultado aos árbitros esportivos prestarem serviços às organizações esportivas,


qualquer que seja sua natureza jurídica ou forma de estruturação.
 Todavia, para evitar o conflito de interesses, o árbitro fica impedido de atuar em
campeonato, em partida ou em prova de organização de prática esportiva à qual tenha
vinculado os seus serviços, ou que a beneficie direta ou indiretamente na disputa da
competição (Art. 81).

2.2 - Organizações Esportivas Direcionadas à Prática Profissional:


- Definição:

 Considera-se direcionada à prática esportiva profissional a organização esportiva que


mantenha atletas profissionais em seus quadros, independentemente de sua natureza
jurídica (art. 83).

- Deveres da organização esportiva direcionada à prática esportiva profissional:

 Art. 84, I - Registrar o atleta profissional na organização esportiva que regula a


respectiva modalidade para fins de vínculo esportivo;
 II - Proporcionar aos atletas profissionais as condições necessárias à participação nas
competições esportivas, nos treinos e em outras atividades preparatórias ou
instrumentais;
 III - Submeter os atletas profissionais aos exames médicos e clínicos necessários à
prática esportiva;
 IV - Proporcionar condições de trabalho dignas aos demais profissionais esportivos
que componham seus quadros ou que a ela prestem serviços, incluídos os treinadores e,
quando pertinente, os árbitros;
 V - Promover obrigatoriamente exames periódicos para avaliar a saúde dos atletas, nos
termos da regulamentação;
 VI - Contratar seguro de vida e de acidentes pessoais, com o objetivo de cobrir os
riscos aos quais os atletas e os treinadores estão sujeitos, inclusive a organização
esportiva que o convoque para seleção;
 VII - Assegurar que a importância segurada garanta ao atleta profissional ou ao
beneficiário por ele indicado no contrato de seguro o direito a indenização mínima
correspondente ao valor anual da remuneração pactuada.

- Responsabilização da organização por despesas médicas:

 A organização esportiva contratante é responsável pelas despesas médico-


hospitalares, fisioterapêuticas e de medicamentos necessárias ao restabelecimento
do atleta ou do treinador enquanto a seguradora não fizer o pagamento da
indenização a que se refere o inciso VI acima, independentemente do pagamento de
salário (art. 84, §1º).
 Em outras palavras, o custo final do tratamento será arcado pela seguradora, mas até que
ocorra o efetivo pagamento por ela, quem deverá custear será o próprio clube
(organização esportiva).

- Despesas com seguro:

 As despesas com o seguro a que se refere o inciso VI acima serão custeadas, conforme
a hipótese, com recursos oriundos da exploração de loteria destinados ao COB
(Comitê Olímpico Brasileiro) e ao CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro).

- Convocação e seguro do atleta pela CBDE e CBDU:

 Quando a CBDE (Confederação Brasileira do Desporto Escolar) ou a CBDU


(Confederação Brasileira do Desporto Universitário) convocarem atletas para seleção,
elas é quem serão obrigadas a contratar o seguro a que se refere o inciso VI acima, e
podem utilizar-se, para o custeamento das despesas, de recursos oriundos da
exploração de loteria que lhes são destinados.

- Vedação aos atletas não profissionais:

 Em geral, torneios profissionais serão disputados por atletas profissionais. Nesse sentido,
a Lei veda que de atletas não profissionais com idade superior a 21 anos participem
de competições esportivas profissionais (art. 84, §4º).
2.3 - Contrato de Trabalho:
2.3.1 - Características do Contrato de Trabalho Esportivo:

 O vínculo do atleta profissional com seu empregador esportivo regula-se pelas normas da
Lei do Esporte, pelos acordos e pelas convenções coletivas, pelas cláusulas
estabelecidas no contrato de trabalho e, subsidiariamente, pelas disposições da
legislação trabalhista e da seguridade social (Art. 85).

- Relação de emprego do atleta com a organização:

 O atleta profissional poderá manter relação de emprego com organização que se


dedique à prática esportiva, com remuneração pactuada em contrato especial de
trabalho esportivo, escrito e com prazo determinado, cuja vigência não poderá ser
inferior a 3 meses nem superior a 5 anos, firmado com a respectiva organização
esportiva (Art. 86, caput).

 O contrato de trabalho esportivo vigerá independentemente de registro em organização


esportiva e não se confundirá com o vínculo esportivo (art. 86, §8º).
 Portanto, ainda que o contrato de trabalho não seja registrado em organização esportiva, o
contrato de trabalho entre o atleta e a entidade contratante o torna profissional.

- Características que devem constar no contrato:

 a) Ser celebrado por escrito;


 b) ter prazo determinado, com vigência entre 3 meses e 5 anos.
 Já se sabe que não se aplicam a estes contratos os arts. 445 e 451 da CLT ou seus arts.
479 e 480, visto que o contrato de trabalho esportivo tem regras específicas para tal
categoria.

- Cláusulas obrigatórias no contrato:

 Art. 86, I - Cláusula indenizatória esportiva, devida exclusivamente à organização


esportiva empregadora à qual está vinculado o atleta, nas seguintes hipóteses:
 a) Transferência do atleta para outra organização, nacional ou estrangeira, durante a
vigência do contrato especial de trabalho esportivo;
 b) Retorno do atleta às atividades profissionais em outra organização esportiva, no prazo
de até 30 meses; ou
 Valor a ser pago pelo atleta à organização esportiva.

 II - Cláusula compensatória esportiva, devida pela organização que promova prática


esportiva ao atleta, nas hipóteses dos incisos III [rescisão decorrente do inadimplemento
salarial ou do contrato de direito de imagem a ele vinculado], IV [rescisão indireta, nas
demais hipóteses previstas na legislação trabalhista] e V [dispensa imotivada do atleta] do
caput do art. 90 desta Lei.
 Valor a ser pago ao atleta pela organização esportiva empregadora.
- Valor da cláusula indenizatória esportiva:

 Seu valor será livremente pactuado pelas partes e expressamente quantificado no


instrumento contratual, desde que:
 I - Até o limite máximo de 2.000 vezes o valor médio do salário contratual, para as
transferências nacionais;
 II - Sem qualquer limitação, para as transferências internacionais.
 O efetivo pagamento da cláusula indenizatória esportiva será de responsabilidade
solidária entre o atleta e a nova organização esportiva empregadora (§2º).

- Valor da cláusula compensatória esportiva:

 Seu valor será livremente pactuado entre as partes e formalizado no contrato especial de
trabalho esportivo, observando-se, como limite máximo, 400 vezes o valor do salário
mensal no momento da rescisão e, como limite mínimo, o valor total de salários
mensais a que teria direito o atleta até o término do referido contrato.
 Se ocorrer o atraso no pagamento das parcelas da cláusula compensatória esportiva
superior a 2 meses, vencer-se-á automaticamente toda a dívida (§6º).

- Não constituição de vínculo por remuneração eventual:

 Não constituirá vínculo de emprego a remuneração eventual de atleta de qualquer


modalidade por participação em prova ou partida, inclusive as premiações por resultado
alcançado, concedidas eventualmente e em razão de desempenho superior ao
ordinariamente esperado no exercício de suas atividades, bem como a percepção de
auxílios na forma de bolsas ou de remuneração não permanente por meio de
patrocínios ou direito sobre a exploração comercial de sua imagem (§9º).

2.3.1.1 - Natureza dos prêmios, luvas e direito de imagem:

 Os prêmios por performance ou resultado (como o 'bicho' pago em razão de uma


vitória), o direito de imagem e o valor das luvas, caso ajustadas, não possuem
natureza salarial. Caso existam, estas devem constar de contrato avulso de natureza
exclusivamente civil (art. 85, §1º).
- Prêmios por performance:

 Lei do Esporte considera prêmios por performance as liberalidades concedidas pela


organização que se dedique à prática esportiva empregadora em dinheiro a atleta, a
grupo de atletas, a treinadores e a demais integrantes de comissões técnicas e
delegações, em razão do seu desempenho individual ou do desempenho coletivo da
equipe da organização que se dedique à prática esportiva, previstas em contrato especial
de trabalho esportivo ou não (art. 85, §2º).
- Direito de imagem:

 O atleta pode ceder o uso de seu direito de imagem para a organização esportiva. No
entanto, o pagamento desta cessão do direito de imagem não substitui o pagamento da
remuneração do atleta, devido pela organização esportiva empregadora (art. 164, §1º).
 Além disso, o valor pago ao atleta pela organização esportiva, pelo direito de imagem,
não poderá ser superior a 50% de sua remuneração (art. 164, §2º).

2.3.1.2 - Proteção ao atleta menor e à mulher:

 Convenção ou acordo coletivo de trabalho disporá sobre a regulação do trabalho do


atleta profissional, mantido o respeito às peculiaridades de cada modalidade esportiva e do
trabalho das mulheres, bem como à proteção ao trabalho do menor (Art. 87).

- Prevalência do negociado sobre o legislado:

 O poder público, especialmente os órgãos do Poder Judiciário, atenderão à


prevalência das normas convencionadas ou acordadas sobre as disposições legais,
inclusive quanto às disposições da Lei do Esporte e das normas que se aplicarem
subsidiariamente a ela, respeitados os direitos sociais de caráter heterônomo
constantes da Constituição Federal (art. 87, Parágrafo único).
 Em síntese, respeitados os direitos fundamentais do trabalhador, deve-se respeitar a
prevalência do negociado sobre o legislado.

- Proteção o direito à maternidade:

 O legislador explicitou que os contratos celebrados com atletas mulheres, ainda que de
natureza cível, não poderão ter qualquer tipo de condicionante relativo à gravidez, a
licença-maternidade ou a questões referentes a maternidade em geral (art. 86, §10).

2.3.1.3 - Suspensão do contrato de trabalho:

 A organização que promove prática esportiva poderá suspender o contrato de trabalho


esportivo do atleta profissional, ficando dispensada do pagamento da remuneração
nesse período, quando o atleta for impedido de atuar, por prazo ininterrupto superior
a 90 dias, em decorrência de ato ou evento de sua exclusiva responsabilidade,
desvinculado da atividade profissional, conforme previsto no referido contrato (Art. 88).
 Ou seja, somente haverá a suspensão contratual após 90 dias e desde que a causa seja
de exclusiva responsabilidade do atleta.
 Mesmo que o ato seja de responsabilidade exclusiva do atleta, durante os primeiros 90
dias deste afastamento, a remuneração do atleta é paga pela organização esportiva.

- Cláusula de prorrogação automática:

 O contrato de trabalho deverá conter cláusula expressa reguladora de sua prorrogação


automática na ocorrência desta de suspensão contratual.
- Contrato especial de trabalho esportivo com prazo inferior a 12 meses:

 Quando o contrato especial de trabalho esportivo possuir prazo inferior a 12 meses, o


atleta profissional terá direito a saldo proporcional aos meses trabalhados durante a
vigência do contrato, referente a férias, a abono de férias e a décimo terceiro salário
(Art. 89).

2.3.1.4 - Término do Contrato de Trabalho:

 O vínculo de emprego e o vínculo esportivo do atleta profissional com a organização


esportiva empregadora cessam para todos os efeitos legais com:

 Art. 90, I - O término da vigência do contrato ou o seu distrato;


 III - A rescisão decorrente do inadimplemento salarial ou do contrato de direito de
imagem a ele vinculado, de responsabilidade da organização esportiva empregadora,
nos termos desta Lei;
 IV - A rescisão indireta, nas demais hipóteses previstas na legislação trabalhista;
 V - A dispensa imotivada do atleta.

2.3.2 - Mora salarial:


- Direito de recusar a competir:

 É lícito ao atleta profissional recusar-se a competir por organização esportiva quando


seus salários, no todo ou em parte, estiverem atrasados em 2 meses ou mais (§5º).

- Rescisão indireta por inadimplência:

 É hipótese de rescisão indireta do contrato de trabalho a inadimplência da organização


esportiva empregadora com as obrigações contratuais referentes à remuneração do atleta
profissional ou ao contrato de direito de imagem, por período igual ou superior a 2
meses, ficando o atleta livre para transferir-se a qualquer outra organização esportiva,
nacional ou estrangeira, e exigir a cláusula compensatória esportiva e os haveres
devidos (art. 90, §1º).

- Verbas caracterizadas como salário para fins de proteção contra a inadimplência:

 Consideram-se salário, para fins de proteção contra a inadimplência, o abono de férias,


o décimo terceiro salário, as gratificações e as demais verbas inclusas no contrato
de trabalho (§2º).

 Caracteriza também mora contumaz o não recolhimento do FGTS e das contribuições


previdenciárias (§3º).
 O atleta com contrato rescindido em razão da inadimplência salarial por período
superior a 2 meses fica autorizado a transferir-se para outra organização esportiva,
independentemente do número de partidas das quais tenha participado na
competição, bem como a disputar a competição que estiver em andamento por ocasião
da rescisão contratual, respeitada a data-limite de inscrições prevista nos
regulamentos de cada modalidade esportiva (§4º).

2.3.3 - Atleta estrangeiro:

 Para atuar profissionalmente, o atleta estrangeiro precisa ter visto de trabalho (Lei
13.445/2017, art. 14).
- Concessão de visto de trabalho e prazo:

 Ao atleta não nacional, poderá ser concedida autorização de trabalho, pelo Ministério
do Trabalho, observadas as exigências da legislação específica, pelo máximo de 5
anos e correspondente à duração fixada no respectivo contrato especial de trabalho
esportivo, permitida a renovação (art. 90, §7º).

- Exigência da autorização de trabalho:

 A organização que administra e regula o esporte na respectiva modalidade (como por


exemplo a CBF - Confederação Brasileira de Futebol) será obrigada a exigir da
organização esportiva contratante a comprovação da autorização de trabalho
concedida ao atleta não nacional emitida pelo Ministério do Trabalho e Emprego, sob
pena de cancelamento da inscrição esportiva (§8º).

- Exceção ao atleta refugiado:

 Ao atleta classificado como refugiado pelos órgãos competentes e que participe de


competições esportivas.
 Ele será equiparado ao nacional, sem necessidade de se submeter ao processo de
concessão de autorização de trabalho (Art. 209).

2.3.4 - Cessão de Atletas a Outra Organização Esportiva:

 A cessão do atleta representa sua disponibilização temporária pelo empregador (isto é,


o "cedente") para prestar trabalho a outra organização esportiva (chamado de
"cessionário").
 Durante a cessão, o poder de direção passará ao novo clube (cessionário) e o vínculo
contratual inicial ficará suspenso (art. 91, §1º).

 É possível a cessão do atleta, durante a vigência de seu contrato, desde que o atleta
concorde (art. 91).
- Remuneração do atleta cedido:

 Durante a cessão, quem paga a remuneração do atleta é o clube cessionário, como


regra geral.
 Assim, se o atleta cedido que estiver com sua remuneração ou valores em atraso, no
todo ou em parte, por mais de 2 meses, notificará a organização esportiva cedente para,
se quiser, purgar a mora (isto é, realizar o pagamento da remuneração atrasada,
regularizando a situação), no prazo de 15 dias, sendo que neste caso não se aplica a
rescisão indireta do contrato (art. 90, §2º).

- Inadimplência por parte da organização cessionária:

 O não pagamento ao atleta de salário e de contribuições previstas em lei por parte da


organização esportiva cessionária, por 2 meses, implicará a rescisão do contrato de
cessão e a incidência da cláusula compensatória esportiva nele prevista, a ser paga ao
atleta pela organização esportiva cessionária (art. 90, §3º).
 Havendo esta rescisão da cessão, o atleta deverá retornar à organização esportiva
cedente para cumprir o antigo contrato especial de trabalho esportivo.

- Cessão de contrato entre organizações:

 Assim como nos contratos em geral, o contrato de cessão, celebrado entre organizações
esportivas, poderá prever multa a ser paga pela organização esportiva que descumprir
os termos ajustados (§5º).

2.3.4.1 - Convocação do atleta cedido pela seleção:

 Se o atleta estiver cedido, sua participação em seleções será estabelecida na forma


como acordarem a organização esportiva convocadora e a cedente, e não o
cessionário (art. 92).

 Neste caso, a organização esportiva convocadora indenizará a cedente dos encargos


previstos no contrato de trabalho, pelo período em que durar a convocação do atleta, sem
prejuízo de eventuais ajustes celebrados entre este e a organização convocadora (art. 92,
§1º).

 Além disso, o período de convocação estender-se-á até a reintegração do atleta, apto a


exercer sua atividade, à organização esportiva que o cedeu (§2º).

2.3.5 - Transferências e Cessões Internacionais:

 Na cessão ou na transferência de atleta profissional para organização esportiva


estrangeira, serão observadas as normas regulatórias da modalidade esportiva no
Brasil a qual se vincula a organização transferente ou cedente (Art. 93).
- Condições para transferência para o exterior:

 As condições para transferência do atleta profissional para o exterior deverão integrar


obrigatoriamente os contratos de trabalho entre o atleta e a organização esportiva
brasileira que o contratou (art. 93, §1º).

- Cláusula indenizatória esportiva internacional:

 O valor da cláusula indenizatória esportiva internacional originalmente pactuada


entre o atleta e a organização cedente (independentemente do pagamento da cláusula
indenizatória esportiva nacional) será devido à organização cedente pela cessionária
caso esta venha a concretizar transferência internacional do mesmo atleta, em prazo
inferior a 3 meses, caracterizando o conluio com a congênere estrangeira (art. 93, §2º).

2.3.6 - Direitos Econômicos dos atletas profissionais:

 Direitos Econômicos representam os valores ou qualquer proveito econômico oriundo da


transferência (temporária ou definitiva) do vínculo esportivo de atleta profissional entre
organizações esportivas empregadoras.
 Inserem-se, também, nos direitos econômicos, o pagamento de cláusula indenizatória
esportiva prevista em contrato especial de trabalho esportivo ou de cláusula de
compensação por rescisão de contrato fixada por órgão ou tribunal competente (Art.
94).

 A cessão de direitos econômicos dos atletas ou sua negociação submetem-se às regras e


aos regulamentos próprios de cada organização de administração esportiva e à legislação
internacional das federações internacionais esportivas (art. 94, Parágrafo único).

2.3.7 - Agente esportivo:

 De modo abrangente, a Lei define o Agente esportivo como sendo a pessoa, natural ou
jurídica, que "exerce a atividade de intermediação na celebração de contratos
esportivos e no agenciamento de carreiras de atletas" (art. 95).
 Esta figura é popularmente conhecida como "empresário" do atleta.

- Registro do agente esportivo:

 Em geral, a atividade de agenciamento do atleta exige registro/licenciamento da


entidade responsável pela modalidade.

 No entanto, a LGE faculta aos parentes em 1º grau, ao cônjuge e ao advogado do


atleta representar, quando outorgados expressamente, os interesses do atleta na
condição de intermediadores do contrato esportivo ou de agenciadores de sua
carreira, sem necessidade de registro ou de licenciamento pela organização esportiva
de abrangência nacional que administra e regula a respectiva modalidade esportiva em
que pretende atuar ou pela federação internacional respectiva (art. 95, §1º).
 Em outras palavras, o pai de um jogador de futebol (parente de 1º grau), por exemplo,
poderia atuar como seu agente, sem necessidade de estar registrado/licenciado na CBF
e/ou na FIFA.

- Fiscalização do agente esportivo:

 A organização de administração do esporte da respectiva modalidade fiscalizará o


exercício da profissão de agente esportivo, de modo a coibir a prática de suas funções
por pessoas não autorizadas, e informará à Receita Federal todos os valores
envolvidos e pagos na cessão e na transferência dos atletas (art. 95, §3º).

2.4 - Disposições Específicas ao Futebol:


2.4.1 - Atleta profissional de futebol:
- Regras específicas aos atletas profissionais de futebol:

 Art. 97, I - Não poderá a concentração, se conveniente à organização esportiva


contratante, ser superior a 3 dias consecutivos por semana, desde que esteja
programada qualquer partida, prova ou equivalente, amistosa ou oficial, e deverá o
atleta ficar à disposição do empregador por ocasião da realização de competição fora da
localidade onde tenha sua sede;

 II - Poderá ser ampliado o prazo de concentração, independentemente de qualquer


pagamento adicional, quando o atleta estiver à disposição da organização que regula
a modalidade;

 III - Não serão devidos acréscimos remuneratórios em razão de períodos de


concentração, de viagens, de pré-temporada fora da sede e de participação do atleta
em partida, em prova ou equivalente, salvo previsão contratual diversa;

 V - Serão devidas férias anuais remuneradas de 30 dias, acrescidas do abono de


férias, ficando a critério da entidade de prática de futebol conceder as férias
coincidindo ou não com o recesso das atividades esportivas, admitido ajuste
individual entre as partes de forma diversa;

 VI - Deverá ser observado período de trabalho semanal regular de 44 horas; (incluindo


horas de treino e de jogo)

 VII - Será assegurada, no caso de participação em jogos e em competições realizados


em período noturno, remuneração com acréscimo de pelo menos 20% sobre a hora
diurna, salvo condições mais benéficas previstas em convenção ou acordo coletivo;

 VIII - Será caracterizada a atividade do atleta profissional da modalidade futebol por


remuneração pactuada em contrato especial de trabalho esportivo firmado com
organização que se dedique à prática esportiva.
- Repouso semanal remunerado:

 Em relação ao repouso semanal remunerado, de 24 horas consecutivas, a Lei Pelé


estabelece que será "preferentemente em dia subsequente à participação do atleta na
partida, prova ou equivalente, quando realizada no final de semana" (Lei 9.615/1998,
art. 28, §4º, IV).

 Estas são regras gerais, o que não impede que Convenção ou acordo coletivo disponham
de forma diversa (art. 97, §1º), em respeito à autonomia da vontade dos entes coletivos.
 São regras específicas para os atletas do futebol. No entanto, estas regras poderão ser
estendidas a atletas profissionais de outras modalidades por meio de contrato ou de
convenção ou acordo coletivo (§2º).

2.4.1.1 - Trabalho noturno do atleta de futebol:

 O atleta terá direito ao adicional noturno de pelo menos 20% sobre a hora diurna, como
os trabalhadores em geral.
 No entanto, para estes trabalhadores considera-se trabalho noturno a participação em
jogos e em competições realizados entre as 23h59 de um dia e as 6h59 do dia
seguinte (§3º).

- Hora ficta noturna:

 A hora do trabalho noturno será calculada como de 52 minutos e 30 segundos (§ 4º),


assim como ocorre com os trabalhadores celetistas.

2.4.2 - Treinadores profissionais de futebol:


- Em relação aos treinadores profissionais de futebol, considera-se (Art. 98):
I - Empregadora:

 A organização esportiva que, mediante qualquer modalidade de remuneração, utiliza os


serviços de treinador profissional de futebol, na forma definida nesta Lei;
II - Empregado:

 O treinador profissional de futebol especificamente contratado por organização


esportiva que promove a prática profissional de futebol, com a finalidade de treinar atletas
da modalidade, ministrando-lhes técnicas e regras de futebol, com o objetivo de assegurar-
lhes conhecimentos táticos e técnicos suficientes para a prática desse esporte.
 O contrato de trabalho do treinador, também por prazo determinado, não poderá ser
inferior a 6 meses ou superior a 2 anos.
- Anotações na CPTS do treinador:

 Ao anotar o contrato de trabalho na CTPS do treinador, o empregador deverá registrar:


 I - O prazo de vigência;
 II - O salário, as gratificações e as bonificações.

- Prêmios, luvas e direito de imagem:

 Assim como no caso dos atletas, os prêmios por performance ou resultado, o direito de
imagem e o valor das luvas do treinador, caso ajustadas, não possuem natureza
salarial e constarão de contrato avulso de natureza exclusivamente civil (§2º).

- Registro do contrato de trabalho:

 O contrato de trabalho será registrado no prazo improrrogável de 10 dias na


organização que regula o futebol, não constituindo o registro, contudo, condição de
validade do referido contrato (§3º).

- Início da atuação do treinador:

 O treinador profissional de futebol somente poderá atuar pela organização esportiva


empregadora após registro e publicação de seu nome em boletim informativo ou em
documento similar por parte da organização que administra e regula a modalidade
esportiva (§4º).

- Legislação aplicada ao treinador:

 Aplica-se ao treinador profissional de futebol a legislação do trabalho em geral e da


previdência social, ressalvadas as incompatibilidades com as disposições da Lei do
Esporte (§5º).

2.5 - Formação Esportiva:

 A "formação esportiva" é um dos 3 níveis da prática esportiva (ao lado da "excelência


esportiva" e do "esporte para toda a vida" - art. 4º).
 Basicamente, trata-se de um conjunto de medidas que buscam o acesso à prática de
esportes, desde os primeiros anos de idade (art. 5º).

2.6 - Entidade formadora:

 Para proteger os interesses dos jovens e fomentar a formação esportiva, o legislador


estabeleceu os seguintes requisitos para que a organização esportiva possa ser
considerada formadora de atleta:
 art. 99, §1º, I - Forneça aos atletas programas de treinamento nas categorias de base e
complementação educacional; e
 II - Satisfaça cumulativamente os seguintes requisitos:

a) Tenha inscrito o atleta em formação na respectiva organização esportiva que administra e


regula a modalidade há, pelo menos, 1 ano;
b) Comprove que, efetivamente, o atleta em formação está inscrito em competições oficiais;
c) Garanta ao atleta em formação assistência educacional, psicológica, médica,
fisioterapêutica e odontológica, bem como alimentação, transporte e convivência familiar;
d) Mantenha, quando tiver alojamento de atletas, instalações de moradia adequadas,
sobretudo quanto a alimentação, higiene, segurança e salubridade;
e) Mantenha corpo de profissionais especializados em formação técnico-esportiva;
f) Ajuste o tempo destinado à efetiva atividade de formação do atleta, não superior a 4 horas
por dia, aos horários do currículo escolar ou de curso profissionalizante e propicie a ele a
matrícula escolar, com exigência de frequência e de satisfatório aproveitamento;
g) Assegure a formação gratuita do atleta, a expensas da organização esportiva contratante;
h) Comprove que participa anualmente de competições organizadas por organização
esportiva que administra e regula o esporte em, pelo menos, 2 categorias da respectiva
modalidade esportiva; [apenas para modalidade de futebol]
i) Garanta que o período de seleção não coincida com os horários escolares;
j) Realize exames médicos admissionais e periódicos, com resultados arquivados em
prontuário médico;
k) Proporcione ao atleta em formação convivência familiar, com visitas regulares à sua
família;
l) Ofereça programa contínuo de orientação e suporte contra o abuso e a exploração
sexual;
m) Qualifique os profissionais que atuam no treinamento esportivo para a atuação preventiva
e de proteção aos direitos da criança e do adolescente;
n) Institua ouvidoria para receber denúncia de maus-tratos a crianças e adolescentes e de
exploração sexual deles;
o) Propicie ao atleta em formação a participação em atividades culturais e de lazer, nos
horários livres; e [apenas para modalidade de futebol]
p) Apresente ao Ministério Público dos Estados e do Distrito Federal, anualmente, os laudos
técnicos expedidos pelos órgãos e pelas autoridades competentes pela vistoria das
condições de segurança dos alojamentos que mantenha para atletas em formação.

- Fiscalização do cumprimento dos requisitos do art. 99, §1º:

 A fiscalização quanto ao cumprimento destes requisitos será realizada de forma


contínua e ficará a cargo do conselho tutelar (Estatuto da Criança e do Adolescente), da
organização que administra e regula a modalidade esportiva e do Ministério Público
do Trabalho, sem prejuízo das atribuições dos demais órgãos e instituições
fiscalizadores, no que lhes couber (art. 100).

- Alíneas do art. 99, II exclusivas do futebol:

 Da lista acima, as seguintes comprovações são exigidas exclusivamente para o futebol


(art. 99, §17):
 h) Participação anualmente de competições em, pelo menos, 2 categorias
 o) Propiciar a participação em atividades culturais e de lazer, nos horários livres

2.6.1.1 – Alojamentos:

 Em relação aos atletas que residirem em alojamentos dos clubes de formação (alíneas
'd' e 'p' acima), a Lei exige ainda que sejam proporcionadas ao atleta:

 Art. 101, §1º, I - Instalações físicas certificadas pelos órgãos e pelas autoridades
competentes com relação à habitabilidade, à higiene, à salubridade e às medidas de
prevenção e combate a incêndio e a desastres;
 II - Assistência de monitor responsável durante todo o dia;
 III - Convivência familiar;
 IV - Participação em atividades culturais e de lazer, nos horários livres;
 V - Assistência religiosa àqueles que a desejarem, de acordo com suas crenças.

- Exigência para manter alojamentos:

 A Lei também estabelece que somente organização esportiva formadora certificada


poderá manter alojamento para os atletas em formação (art. 99, §14).

- Apresentação de laudos técnicos às autoridades:

 A organização esportiva formadora apresentará ao Ministério Público dos Estados e do


Distrito Federal e à organização que administra e regula a modalidade esportiva,
anualmente, os laudos técnicos expedidos pelos órgãos e pelas autoridades
competentes pela vistoria das condições de segurança dos alojamentos que mantiver
para atletas em formação (art. 101, §2º).

 Caso descumpra o dever de enviar, anualmente, estes laudos, a organização terá


suspensa imediatamente sua certificação como organização esportiva formadora (art.
101, §3º).

- Certificado para atuação da organização esportiva formadora:

 Para atuar como "organização esportiva formadora", o clube deverá receber um


certificado da organização esportiva nacional que administra e regula o esporte, a
qual irá examinar os requisitos por meio de laudos de vistoria e de documentos,
preencha os requisitos estabelecidos nesta Lei (art. 99, §2º

2.6.2 - Contrato com atleta em formação:

 A Lei faculta à organização formadora celebrar com o atleta não profissional em


formação, maior de 14 e menor de 20 anos de idade, contrato com a organização
esportiva formadora, não empregatício. Neste caso específico, o atleta receberá da
organização um auxílio financeiro, sob a forma de bolsa de aprendizagem livremente
pactuada mediante contrato formal, sem que seja gerado vínculo empregatício entre
as partes (art. 99, §3º).

- No caso de menores de 12 a 14 anos:

 Se o jovem tiver entre 12 e 14 anos, será possível que seja estabelecido vínculo de
natureza meramente esportiva com a entidade formadora (art. 5º, §1º).

 Neste caso, a organização formadora deve respeitar os mesmos requisitos listados acima
(art. 99, §1º), não se exigindo que ela atenda ao seguinte (art. 99, §4º):
 b) Comprove que, efetivamente, o atleta em formação está inscrito em competições
oficiais;
 d) Mantenha, quando tiver alojamento de atletas, instalações de moradia adequadas,
sobretudo quanto a alimentação, higiene, segurança e salubridade;
 h) Comprove que participa anualmente de competições organizadas por organização
esportiva que administra e regula o esporte em, pelo menos, 2 categorias da respectiva
modalidade esportiva;

2.6.2.1 - Celebração do primeiro contrato profissional:

 Art. 99: A organização esportiva formadora de atleta terá o direito de assinar com ele,
a partir de 16 anos de idade, o primeiro contrato especial de trabalho esportivo, cujo
prazo não poderá ser superior a 3 anos para a prática do futebol e a 5 anos para
outros esportes.

- Requisitos do contrato de formação esportiva:

 Assim como ocorre com os contratos de trabalho esportivo em geral, o contrato de


formação esportiva sempre será firmado na forma escrita.

 Além disso, deverá obrigatoriamente incluir:


 Art. 99, §6º, I - identificação das partes e dos seus representantes legais;
 II - Duração do contrato;
 III - Direitos e deveres das partes contratantes, inclusive garantia de seguro de vida e
de acidentes pessoais para cobrir as atividades do atleta contratado; e
 IV - Especificação da natureza das despesas individuais ou coletivas com o atleta em
formação, para fins de cálculo da indenização com a formação esportiva.

- Caso a organização esportiva formadora ficar impossibilitada de assinar o primeiro


contrato:

 Se a organização esportiva formadora ficar impossibilitada de assinar o primeiro


contrato de trabalho esportivo por
 (I) Oposição do atleta ou quando ele
 (II) Se vincular a outra organização esportiva, sem autorização expressa da
organização esportiva formadora, naturalmente a organização formadora fará jus a uma
indenização.

 O pagamento desta indenização somente poderá ser efetuado por outra organização
esportiva, devendo-se observar o seguinte:
 Art. 99, § 5º, I - O atleta deverá estar regularmente registrado e não poderá ter sido
desligado da organização esportiva formadora;
 II - A indenização será limitada ao montante correspondente a 200 vezes os gastos
comprovadamente efetuados com a formação do atleta;
 III - O pagamento do valor indenizatório somente poderá ser efetuado por outra
organização esportiva e deverá ser efetivado diretamente à organização esportiva
formadora no prazo máximo de 15 dias, contado da data da vinculação do atleta à
nova organização esportiva, para efeito de permitir novo registro em organização
esportiva que administra e regula o esporte.

2.6.2.2 - Renovação do primeiro contrato profissional:

 A organização esportiva formadora e detentora do primeiro contrato especial de


trabalho esportivo com o atleta por ela profissionalizado terá o direito de preferência
também para a primeira renovação desse contrato, cujo prazo não poderá ser superior
a 3 anos, salvo para equiparação de proposta de terceiro (§7º).

 Para assegurar seu direito de preferência, a organização esportiva formadora e


detentora do primeiro contrato especial de trabalho esportivo deverá apresentar uma
proposta ao atleta, até 45 dias antes do término do contrato em curso, de cujo teor
deverá ser cientificada a organização que administra e regula a respectiva
modalidade.

 Recebida a proposta, o atleta deve apresentar resposta à organização esportiva


formadora no prazo de 15 dias, contado da data do recebimento da proposta, sob pena
de aceitação tácita (§8º).

- Caso outra organização esportiva oferecer proposta mais vantajosa ao atleta:


 Art. 99, § 9º, I - A organização proponente deverá apresentar à organização esportiva
formadora proposta da qual deverão constar todas as condições remuneratórias;
 II - A organização proponente deverá dar conhecimento da proposta à organização
que regula o respectivo esporte;
 III - A organização esportiva formadora poderá, no prazo máximo de 15 dias, contado do
recebimento da proposta, comunicar se exercerá o direito de preferência de que trata o
§8º deste artigo, nas mesmas condições oferecidas.
- Publicação das propostas recebidas:

 As propostas recebidas (e enviadas à organização que regula o esporte) deverão ser


publicadas pela própria organização que regula o esporte nos seus meios oficiais de
divulgação no prazo de 5 dias, contado da data do recebimento (art. 99, §10).

- Caso a organização esportiva formadora oferte as mesmas condições:

 E, mesmo assim, o atleta se opuser à renovação do primeiro contrato especial de


trabalho esportivo, ela poderá exigir da nova organização esportiva contratante o
pagamento de indenização no valor correspondente a 200 vezes o valor do salário
mensal constante da proposta (art. 99, §11).

- Vedação da contratação por terceiros:

 A contratação do atleta em formação será feita diretamente pela organização esportiva


formadora, vedada a realização por meio de terceiros (art. 99, §12).
 Além disso, a organização esportiva formadora deverá registrar o contrato de
formação esportiva do atleta em formação na organização esportiva que administra e
regula a respectiva modalidade (art. 99, §13).

- Exceção ao pagamento de indenização:

 Diz respeito ao atleta em formação menor de 14 anos, o qual poderá desligar-se a


qualquer tempo da organização esportiva formadora, mesmo que se vincule a outra
organização esportiva, sem que haja a cobrança de qualquer tipo de multa ou outros
valores a título de indenização (art. 99, §16).

2.6.2.3 - Direitos do atleta em formação: (além dos garantidos no ECA)

 Art. 101, I - Participação em programas de treinamento nas categorias de base;


 II - Treinamento com corpo de profissionais especializados em formação técnico-
esportiva;
 III - Segurança nos locais de treinamento;
 IV - Assistência educacional, complementação educacional e auxílio com material
didático-escolar;
 V - Tempo, não superior a 4 horas diárias, destinado à efetiva atividade de formação
do atleta;
 VI - Matrícula escolar;
 VII - Assistência psicológica, médica, odontológica, farmacêutica e fisioterapêutica;
 VIII - Alimentação suficiente, saudável e adequada à faixa etária;
 IX - Garantia de transporte adequado para o deslocamento de ida e volta entre sua
residência e o local de treinamento.

- O não cumprimento destas garantias (art. 101) aos atletas em formação implicará a
aplicação de penalidades progressivas, na seguinte forma:

 Art. 101, §4º, I - advertência para promover a regularização no prazo de 60 dias;


 II - Perda da certificação como organização esportiva formadora, não fazendo jus ao
percentual estipulado no art. 102 desta Lei referente a todos os atletas que estejam em seu
quadro de formação no momento do descumprimento, de forma definitiva, com
averbação da penalidade no respectivo registro perante a organização que administra e
regula a modalidade esportiva;
 III - Suspensão da organização esportiva formadora de participação em competições
oficiais a partir da temporada seguinte.

2.6.2.4 - Responsabilidade da organização formadora:


- Por prejuízos por falha de segurança:

 A organização esportiva formadora e seus dirigentes respondem pelos prejuízos


causados a atleta em formação que decorram de falhas de segurança nos locais de
treinamento e nos alojamentos (art. 101, §5º).

- Responsabilização por segurança e integridade física:

 A organização esportiva formadora oferecerá à família do atleta em formação


documento no qual se responsabiliza por sua segurança e integridade física, durante
o período em que o atleta estiver sob sua responsabilidade, em suas instalações ou
em outro local (art. 101, §6º).
 Segundo parte da doutrina, trata-se de responsabilidade "contratual e objetiva e
solidária entre a organização esportiva formadora e seus dirigentes".

2.6.2.5 - Transferência do atleta:

 Para dar incentivos financeiros às entidades de formação esportiva, o legislador previu


um valor que deve ser pago a elas sempre que houver a transferência nacional de
atleta.
 Este valor a ser recolhido às organizações de formação é um percentual do valor das
transferências.
 Além disso, se a formação do atleta ocorreu em mais de uma organização esportiva, o
valor total será distribuído entre elas, solidariamente, de acordo com o período de
formação do atleta.

- Porcentagem do valor a ser distribuído em caso de transferência nacional:

 Sempre que ocorrer transferência nacional de atleta profissional, definitiva ou


temporária, até 6% do valor pago pela nova organização esportiva serão
obrigatoriamente distribuídos entre as organizações esportivas que contribuíram para
a formação do atleta, na proporção de (Art. 102):

 I - 0,5% para cada ano de formação, dos 12 aos 13 anos de idade


 II - 1% para cada ano de formação, dos 14 aos 17 anos de idade, inclusive
 III - 0,5% para cada ano de formação, dos 18 aos 19 anos de idade, inclusive

- No caso de cessão:

 Caberá à cessionária reter do valor a ser pago à organização cedente 6% do valor


acordado para a transferência e distribuí-los às organizações esportivas que
contribuíram para a formação do atleta, como regra geral (§1º).

- Desvinculação unilateral pelo atleta:

 No entanto, caso o atleta se desvincule da organização esportiva de forma unilateral,


mediante pagamento da cláusula indenizatória, caberá à organização esportiva que
recebeu a cláusula indenizatória distribuir 6% de tal montante às organizações
esportivas responsáveis pela formação do atleta (§2º).

- Prazo para a distribuição dos valores:

 Estes valores deverão ser distribuídos em até 30 dias da efetiva transferência (art. 102,
§3º).
*** resumo da lei geral do esporte na aula 19 pg 35 – único

3 - ATLETA PROFISSIONAL (LEI PELÉ):

 Além das regras sobre o trabalho esportivo de modo geral, por prudência comentaremos
também os preceitos da Lei 9.615/1998, a famosa “Lei Pelé”, que dispõe a respeito do
"atleta profissional".
 Com a publicação da LGE (Lei Geral do Esporte), a "Lei Pelé" regulamenta o trabalho do
atleta, naquilo que não contrariar a Lei Geral.
 Em primeiro lugar, a lei define que o atleta profissional deve necessariamente ter contrato
de trabalho celebrado com a entidade de prática desportiva, o que não se verifica para o
atleta não profissional.
3.1.1 - Contrato de Trabalho:

 Lei 9.615/1998, art. 3º, I - De modo profissional, caracterizado pela remuneração


pactuada em contrato formal de trabalho entre o atleta e a entidade de prática
desportiva;

- Prazo do contrato:

 Lei 9.615/1998, art. 30: O contrato de trabalho do atleta profissional terá prazo
determinado, com vigência nunca inferior a 3 meses nem superior a 5 anos.

- A cláusula indenizatória e a compensatória:

 Lei 9.615/1998, art. 28: A atividade do atleta profissional é caracterizada por remuneração
pactuada em contrato especial de trabalho desportivo, firmado com entidade de prática
desportiva, no qual deverá constar, obrigatoriamente:

 I - Cláusula indenizatória desportiva, devida exclusivamente à entidade de prática


desportiva à qual está vinculado o atleta, nas seguintes hipóteses:
 a) Transferência do atleta para outra entidade, nacional ou estrangeira, durante a
vigência do contrato especial de trabalho desportivo; ou
 b) Por ocasião do retorno do atleta às atividades profissionais em outra entidade de
prática desportiva, no prazo de até 30 meses; e

 II - Cláusula compensatória desportiva, devida pela entidade de prática desportiva ao


atleta, nas hipóteses dos incisos III a V do §5º.

 §2º - São solidariamente responsáveis pelo pagamento da cláusula indenizatória


desportiva de que trata o inciso I do caput deste artigo o atleta e a nova entidade de
prática desportiva empregadora.

 §3º - O valor da cláusula compensatória desportiva a que se refere o inciso II do caput


deste artigo será livremente pactuado entre as partes e formalizado no contrato especial
de trabalho desportivo, observando-se, como limite máximo, 400 vezes o valor do
salário mensal no momento da rescisão e, como limite mínimo, o valor total de salários
mensais a que teria direito o atleta até o término do referido contrato.

3.1.2 - Jornada e demais direitos do atleta:

 Lei 9.615/1998, art. 28, §4º - Aplicam-se ao atleta profissional as normas gerais da
legislação trabalhista e da Seguridade Social, ressalvadas as peculiaridades
constantes desta Lei, especialmente as seguintes:
 I - Se conveniente à entidade de prática desportiva, a concentração não poderá ser
superior a 3 dias consecutivos por semana, desde que esteja programada qualquer
partida, prova ou equivalente, amistosa ou oficial, devendo o atleta ficar à disposição
do empregador por ocasião da realização de competição fora da localidade onde tenha
sua sede;

II - O prazo de concentração poderá ser ampliado, independentemente de qualquer


pagamento adicional, quando o atleta estiver à disposição da entidade de
administração do desporto;

 III - Acréscimos remuneratórios em razão de períodos de concentração, viagens, pré-


temporada e participação do atleta em partida, prova ou equivalente, conforme
previsão contratual;

 IV - Repouso semanal remunerado de 24 horas ininterruptas, preferentemente em dia


subsequente à participação do atleta na partida, prova ou equivalente, quando
realizada no final de semana;

 V - Férias anuais remuneradas de 30 dias, acrescidas do abono de férias,


coincidentes com o recesso das atividades desportivas;

 VI - Jornada de trabalho desportiva normal de 44 horas semanais.

 Por força da Lei 8.036/1990, o FGTS também é devido ao atleta.

3.1.3 - Extinção contratual:

 Aplicam-se ao atleta profissional as regras gerais quanto à extinção do contrato de


trabalho.
 Considerando que são contratos por prazo determinado, a Lei Pelé dispõe que sua
rescisão antecipada não seguirá o regime dos arts. 479 e 480 da CLT:

 Lei 9.615/1998, art. 28, §10: Não se aplicam ao contrato especial de trabalho desportivo
os arts. 479 e 480 da CLT.

- Rescisão promovida pelo empregador, antes de completar 12 meses de contrato:

 Lei 9.615/1998, art. 28, §9º: Quando o contrato especial de trabalho desportivo for por
prazo inferior a 12 meses, o atleta profissional terá direito, por ocasião da rescisão
contratual por culpa da entidade de prática desportiva empregadora, a tantos 1/12 da
remuneração mensal quantos forem os meses da vigência do contrato, referentes a
férias, abono de férias e 13º salário.

- A diferenciação entre vínculo desportivo e vínculo empregatício:


 Lei 9.615/1998, art. 28, §5º: O vínculo desportivo do atleta com a entidade de prática
desportiva contratante constitui-se com o registro do contrato especial de trabalho
desportivo na entidade de administração do desporto, tendo natureza acessória ao
respectivo vínculo empregatício, dissolvendo-se, para todos os efeitos legais:

 I - Com o término da vigência do contrato ou o seu distrato;


 II - Com o pagamento da cláusula indenizatória desportiva ou da cláusula
compensatória desportiva;
 III - Com a rescisão decorrente do inadimplemento salarial, de responsabilidade da
entidade de prática desportiva empregadora, nos termos desta Lei;
 IV - Com a rescisão indireta, nas demais hipóteses previstas na legislação trabalhista;
 V - Com a dispensa imotivada do atleta.
 Ou seja, O primeiro (desportivo) é acessório e consequência do segundo (trabalhista).

3.1.4 – Salário:

 Lei 9.615/1998, art. 31, §1º - São entendidos como salário, para efeitos do previsto no
caput, o abono de férias, o décimo terceiro salário, as gratificações, os prêmios e
demais verbas inclusas no contrato de trabalho.
- Luvas:

 As luvas representam uma importância paga ao atleta pelo clube em virtude da celebração
do contrato de trabalho, constituindo, portanto, reconhecimento pelo desempenho e pelos
resultados alcançados pelo atleta profissional em sua carreira.
 A jurisprudência tem entendido que possuem caráter salarial, integrando a remuneração
para os efeitos legais.

- Bicho:

 Conforme Alice Monteiro de Barros, a importância intitulada "bicho", pela linguagem


futebolística, é paga ao atleta, em geral, por ocasião das vitórias ou empates, possuindo
natureza de prêmio individual, resultante de trabalho coletivo, pois visa, não só a
compensar os atletas, mas também a estimulá-los.
 A autora leciona ainda que a verba se funda em uma valorização objetiva, por
conseguinte, dado o seu pagamento habitual e periódico, tem feição retributiva (art.
31, §1°, da Lei 9.615/98).

- Direito de arena:

 Este direito representa a possibilidade que o clube tem de negociar o direito de


transmissão e captação da partida.
 Assim sendo, a Lei assegura o pagamento ao atleta (por meio do respectivo sindicato) de
parte da receita proveniente da exploração de direitos desportivos audiovisuais.
 Aprimorando as regras aplicáveis, foi aprovada em 2021 a chamada "Lei do clube
mandante" (Lei 14.205/2021), que passou a assegurar ao clube de futebol que detém o
mando de jogo o direito de arena sobre o jogo:

 Art. 42-A: Pertence à entidade de prática desportiva de futebol mandante o direito de


arena sobre o espetáculo desportivo.
 §1º - Para fins do disposto no caput deste artigo, o direito de arena consiste na
prerrogativa exclusiva de negociar, de autorizar ou de proibir a captação, a fixação, a
emissão, a transmissão, a retransmissão ou a reprodução de imagens do espetáculo
desportivo, por qualquer meio ou processo.

- Distribuição da receita proveniente do direito de arena aos atletas:

 Art. 42-A, §2º - Serão distribuídos aos atletas profissionais, em partes iguais, 5% da
receita proveniente da exploração de direitos desportivos audiovisuais do espetáculo
desportivo de que trata o caput deste artigo.
 §4º - O pagamento da verba de que trata o §2º deste artigo será realizado por
intermédio dos sindicatos das respectivas categorias, que serão responsáveis pelo
recebimento e pela logística de repasse aos participantes do espetáculo, no prazo de
até 72 horas, contado do recebimento das verbas pelo sindicato.

 §5º - Para fins do disposto no §2º deste artigo, quanto aos campeonatos de futebol,
consideram-se atletas profissionais todos os jogadores escalados para a partida,
titulares e reservas.

- Natureza dos valores distribuídos proveniente do direito de arena:

 A distribuição deste direito de arena, em regra, é uma parcela não salarial, apesar de
uma convenção coletiva poder dispor em sentido contrário, isto é, que se trata de parcela
salarial:

 Art. 42-A, §3º - A distribuição da receita de que trata o §2º deste artigo terá caráter de
pagamento de natureza civil, exceto se houver disposição em contrário constante de
convenção coletiva de trabalho. (Incluído pela Lei nº 14.205, de 2021)

- Concordância entre clubes, caso não houver definição de mando:

 Art. 42-A, §6º - Na hipótese de realização de eventos desportivos sem definição do


mando de jogo, a captação, a fixação, a emissão, a transmissão, a retransmissão ou a
reprodução de imagens, por qualquer meio ou processo, dependerão da anuência das
entidades de prática desportiva de futebol participantes.

- Direito de imagem:

 Tal direito possui fundamento direito no texto constitucional:


 CF, art. 5º, XXVIII: São assegurados, nos termos da lei:
 a) A proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução de imagem
e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;

- Recusa do atleta em competir, quando entidade inadimplente:

 Lei 9.615/1998, art. 32: É lícito ao atleta profissional recusar competir por entidade de
prática desportiva quando seus salários, no todo ou em parte, estiverem atrasados em 2
ou mais meses;

 Lei 9.615/1998, art. 31: A entidade de prática desportiva empregadora que estiver com
pagamento de salário ou de contrato de direito de imagem de atleta profissional em
atraso, no todo ou em parte, por período igual ou superior a 3 meses, terá o contrato
especial de trabalho desportivo daquele atleta rescindido, ficando o atleta livre para
transferir-se para qualquer outra entidade de prática desportiva de mesma modalidade,
nacional ou internacional, e exigir a cláusula compensatória desportiva e os haveres
devidos.
 §1º - São entendidos como salário, para efeitos do previsto no caput, o abono de férias, o
décimo terceiro salário, as gratificações, os prêmios e demais verbas inclusas no contrato
de trabalho.
 §2º - A mora contumaz será considerada também pelo não recolhimento do FGTS e das
contribuições previdenciárias.

4 - TRABALHO DO ARTISTA E DO TÉCNICO EM ESPETÁCULOS DE DIVERSÕES


- Definição de artista:

 Lei 6.533/1978, art. 2º, I - Artista, o profissional que cria, interpreta ou executa obra de
caráter cultural de qualquer natureza, para efeito de exibição ou divulgação pública,
através de meios de comunicação de massa ou em locais onde se realizam
espetáculos de diversão pública;

- Definição de Técnico em Espetáculos de Diversões:

 Lei 6.533/1978, art. 2º, II - Técnico em Espetáculos de Diversões, o profissional que,


mesmo em caráter auxiliar, participa, individualmente ou em grupo, de atividade
profissional ligada diretamente à elaboração, registro, apresentação ou conservação
de programas, espetáculos e produções.

- Requisitos para exercício da função do técnico ou artista:

 O exercício destas profissões, segundo a Lei, depende de prévio registro do profissional


no Ministério do Trabalho (Lei 6.533/78, art. 6º).

 Lei 6.533/78, art. 7º - Para registro do Artista ou do Técnico em Espetáculos de


Diversões, é necessário a apresentação de:
 I - Diploma de curso superior de Diretor de Teatro, Coreógrafo, Professor de Arte
Dramática, ou outros cursos semelhantes, reconhecidos na forma da Lei; ou
 II - Diploma ou certificado correspondentes às habilitações profissionais de 2º Grau de
Ator, Contra-regra, Cenotécnico, Sonoplasta, ou outras semelhantes, reconhecidas na
forma da Lei; ou
 III - Atestado de capacitação profissional fornecido pelo Sindicato representativo das
categorias profissionais e, subsidiariamente, pela Federação respectiva.

 Para o exercício da profissão de artista, faz-se mister a celebração de contrato de trabalho


padronizado, que deverá ser por escrito e visado pelo Sindicato representativo da
categoria e, subsidiariamente, pela respectiva Federação, ou até mesmo, pelo Ministério
do Trabalho.

4.1.1 - Jornada de trabalho:


- Limites de acordo com a natureza da função:

 Lei 6.533/78, art. 21: A jornada normal de trabalho dos profissionais de que trata esta
Lei, terá nos setores e atividades respectivos, as seguintes durações:
 I - Radiodifusão, fotografia e gravação: 6 horas diárias, com limitação de 30 horas
semanais;
 II - Cinema, inclusive publicitário, quando em estúdio: 6 horas diárias;
 III - Teatro: a partir de estreia do espetáculo terá a duração das sessões, com 8 sessões
semanais;
 IV - Circo e variedades: 6 horas diárias, com limitação de 36 horas semanais;
 V - Dublagem: 6 horas diárias, com limitação de 40 horas semanais.

 §1º - O trabalho prestado além das limitações diárias ou das sessões semanais
previstas neste artigo será considerado extraordinário, aplicando-se-lhe o disposto nos
artigos 59 a 61 da CLT.

 §2º - A jornada normal será dividida em 2 turnos, nenhum dos quais poderá exceder
de 4 horas, respeitado o intervalo previsto na CLT.

 §3º - Nos espetáculos teatrais e circenses, desde que sua natureza ou tradição o
exijam, o intervalo poderá, em benefício do rendimento artístico, ser superior a 2
horas.

 §4º - Será computado como trabalho efetivo o tempo em que o empregado estiver à
disposição do empregador, a contar de sua apresentação no local de trabalho,
inclusive o período destinado a ensaios, gravações, dublagem, fotografias,
caracterização, e todo àquele que exija a presença do Artista, assim como o destinado
a preparação do ambiente, em termos de cenografia, iluminação e montagem de
equipamento.

 §5º - Para o Artista, integrante de elenco teatral, a jornada de trabalho poderá ser de 8
horas, durante o período de ensaio, respeitado o intervalo previsto na CLT.

4.1.2 – Menor:

 Vale comentar a necessidade de autorização judicial para que o menor trabalhe em


atividade de artista, a qual é considerada prejudicial à sua moralidade:

 CLT, Art. 406: O Juiz de Menores poderá autorizar ao menor o trabalho a que se
referem as letras "a" [prestado de qualquer modo, em teatros de revista, cinemas, boates,
cassinos, cabarés, dancings e estabelecimentos análogos] e "b" [em empresas circenses,
em funções de acróbata, saltimbanco, ginasta e outras semelhantes] do §3º do art. 405:
 I - Desde que a representação tenha fim educativo ou a peça de que participe não
possa ser prejudicial à sua formação moral;
 II - Desde que se certifique ser a ocupação do menor indispensável à própria
subsistência ou à de seus pais, avós ou irmãos e não advir nenhum prejuízo à sua
formação moral.
4.1.3 - Infrações à Lei do Artista:

 Se o empregador descumprir as regras específicas da Lei que regulamenta o trabalho


dos artistas, será punido com multa de 2 a 20 vezes o maior valor de referência previsto
no artigo 2º, parágrafo único da Lei 6.205, de 29.04.1975, calculada à razão de um valor
de referência por empregado em situação irregular (art. 33).
- No caso de reincidência:

 Havendo reincidência, embaraço ou resistência à fiscalização, emprego de artifício


ou simulação com o objetivo de fraudar a Lei, a multa será aplicada em seu valor
máximo.

- Quando o empregador não regularizar situação da autuação:

 Outra sanção aplicável ao empregador pelo descumprimento desta Lei é que, enquanto
não regularizar a situação que deu causa à autuação, e não recolher a multa aplicada
(após esgotados os recursos cabíveis), ele não poderá (Lei 6.533/1978, art. 34):
 I - Receber qualquer benefício, incentivo ou subvenção concedidos por órgãos
públicos;
 II - Obter liberação para exibição de programa, espetáculo, ou produção, pelo órgão ou
autoridade competente.

4.1.4 - Outros pontos relevantes:


a) Para contratação de estrangeiro domiciliado no exterior, exigir-se-á prévio recolhimento
de importância equivalente a 10% do valor total do contrato à Caixa Econômica Federal em
nome da entidade sindical (Art. 25);
b) O empregador é obrigado a fornecer guarda-roupa ao artista (e demais recursos
indispensáveis ao cumprimento das tarefas contratuais) - Art. 26;
c) Se o artista for trabalhar fora do local constante do contrato de trabalho, correrão à conta
do empregador, além do salário, as despesas de transporte e de alimentação e
hospedagem, até o respectivo retorno (Art. 23);
d) É vedado ao artista acumular mais de 2 funções em decorrência do mesmo contrato de
trabalho (art. 22, Parágrafo único);
e) havendo o exercício concomitante de mais de uma função dentro de uma mesma atividade,
será assegurado ao profissional um adicional mínimo de 40%, pela função acumulada,
tomando-se por base a função melhor remunerada (Art. 22).
*** Resumo da lei dos artistas na aula 19 pg 51 – único

5 - TRABALHO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA E REABILITADA:


- Definição de pessoa com deficiência:

 Lei 13.146/2015, art. 2º: Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem
impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o
qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena
e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

- Definição de reabilitação profissional:

 Decreto 3.298/1999, art. 17: É beneficiária do processo de reabilitação a pessoa que


apresenta deficiência, qualquer que seja sua natureza, agente causal ou grau de
severidade.

 §1º - Considera-se reabilitação o processo de duração limitada e com objetivo


definido, destinado a permitir que a pessoa com deficiência alcance o nível físico,
mental ou social funcional ótimo, proporcionando-lhe os meios de modificar sua
própria vida, podendo compreender medidas visando a compensar a perda de uma
função ou uma limitação funcional e facilitar ajustes ou reajustes sociais.
- Definição de habilitação profissional:

 Lei 13.146/2015, art. 36, §2º - A habilitação profissional corresponde ao processo


destinado a propiciar à pessoa com deficiência aquisição de conhecimentos,
habilidades e aptidões para exercício de profissão ou de ocupação, permitindo nível
suficiente de desenvolvimento profissional para ingresso no campo de trabalho.

- Garantias de acesso ao PCD:

 No Estatuto da Pessoa com Deficiência (EPCD) encontramos algumas disposições


atinentes à inclusão e à habilitação\reabilitação profissional da pessoa com deficiência.
 As políticas públicas de trabalho devem garantir condições de acesso às pessoas
com deficiência:

 Lei 13.146/2015, art. 35: É finalidade primordial das políticas públicas de trabalho e
emprego promover e garantir condições de acesso e de permanência da pessoa com
deficiência no campo de trabalho.

 Parágrafo único: Os programas de estímulo ao empreendedorismo e ao trabalho


autônomo, incluídos o cooperativismo e o associativismo, devem prever a
participação da pessoa com deficiência e a disponibilização de linhas de crédito,
quando necessárias.

- Regras para coibir a discriminação do PCD:

 Lei 13.146/2015, art. 34: A pessoa com deficiência tem direito ao trabalho de sua livre
escolha e aceitação, em ambiente acessível e inclusivo, em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas.

 §1º - As pessoas jurídicas de direito público, privado ou de qualquer natureza são


obrigadas a garantir ambientes de trabalho acessíveis e inclusivos.

 § 2º - A pessoa com deficiência tem direito, em igualdade de oportunidades com as


demais pessoas, a condições justas e favoráveis de trabalho, incluindo igual
remuneração por trabalho de igual valor.

 §3º - É vedada restrição ao trabalho da pessoa com deficiência e qualquer


discriminação em razão de sua condição, inclusive nas etapas de recrutamento,
seleção, contratação, admissão, exames admissional e periódico, permanência no
emprego, ascensão profissional e reabilitação profissional, bem como exigência de
aptidão plena.

 §4º - A pessoa com deficiência tem direito à participação e ao acesso a cursos,


treinamentos, educação continuada, planos de carreira, promoções, bonificações e
incentivos profissionais oferecidos pelo empregador, em igualdade de oportunidades
com os demais empregados.

 §5º - É garantida aos trabalhadores com deficiência acessibilidade em cursos de


formação e de capacitação.

5.1 - Da Inclusão da Pessoa com Deficiência no Trabalho:

 Lei 13.146/2015, art. 37. Constitui modo de inclusão da pessoa com deficiência no
trabalho a colocação competitiva, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas,
nos termos da legislação trabalhista e previdenciária, na qual devem ser atendidas as
regras de acessibilidade, o fornecimento de recursos de tecnologia assistiva e a adaptação
razoável no ambiente de trabalho.
 Parágrafo único. A colocação competitiva da pessoa com deficiência pode ocorrer por
meio de trabalho com apoio, observadas as seguintes diretrizes:
I - Prioridade no atendimento à pessoa com deficiência com maior dificuldade de inserção no
campo de trabalho;
II - Provisão de suportes individualizados que atendam a necessidades específicas da
pessoa com deficiência, inclusive a disponibilização de recursos de tecnologia assistiva, de
agente facilitador e de apoio no ambiente de trabalho;
III - Respeito ao perfil vocacional e ao interesse da pessoa com deficiência apoiada;
IV - Oferta de aconselhamento e de apoio aos empregadores, com vistas à definição de
estratégias de inclusão e de superação de barreiras, inclusive atitudinais;
V - Realização de avaliações periódicas;
VI - Articulação intersetorial das políticas públicas;
VII - Possibilidade de participação de organizações da sociedade civil.

 Lei 13.146/2015, art. 38: A entidade contratada para a realização de processo seletivo
público ou privado para cargo, função ou emprego está obrigada à observância do
disposto nesta Lei e em outras normas de acessibilidade vigentes.

- Cotas mínimas para contratação de PCD:

 Lei 8.213/1991, art. 93: A empresa com 100 ou mais empregados está obrigada a
preencher de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas
portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:

- Sobre o contrato do PCD:


 Lei 8.213/1991, art. 93, §1º - A dispensa de pessoa com deficiência ou de beneficiário
reabilitado da Previdência Social ao final de contrato por prazo determinado de mais
de 90 dias e a dispensa imotivada em contrato por prazo indeterminado somente
poderão ocorrer após a contratação de outro trabalhador com deficiência ou
beneficiário reabilitado da Previdência Social.

 §2º - Ao Ministério do Trabalho e Emprego incumbe estabelecer a sistemática de


fiscalização, bem como gerar dados e estatísticas sobre o total de empregados e as
vagas preenchidas por pessoas com deficiência e por beneficiários reabilitados da
Previdência Social, fornecendo-os, quando solicitados, aos sindicatos, às entidades
representativas dos empregados ou aos cidadãos interessados.

 § 3º - Para a reserva de cargos será considerada somente a contratação direta de


pessoa com deficiência, excluído o aprendiz com deficiência de que trata a CLT.

5.2 - Da Habilitação Profissional e Reabilitação Profissional:

 A habilitação e reabilitação profissional devem, desde que respeitados a livre escolha, a


vocação do trabalhador e seu interesse, objetivar que a pessoa ingresse, continue ou
retorne ao mercado de trabalho, por meio das seguintes ações:

 Lei 13.146/2015, art. 36: O poder público deve implementar serviços e programas
completos de habilitação profissional e de reabilitação profissional para que a pessoa
com deficiência possa ingressar, continuar ou retornar ao campo do trabalho, respeitados
sua livre escolha, sua vocação e seu interesse.

 §1º - Equipe multidisciplinar indicará, com base em critérios previstos no §1º do art. 2º
desta Lei, programa de habilitação ou de reabilitação que possibilite à pessoa com
deficiência restaurar sua capacidade e habilidade profissional ou adquirir novas
capacidades e habilidades de trabalho.

 §3º - Os serviços de habilitação profissional, de reabilitação profissional e de educação


profissional devem ser dotados de recursos necessários para atender a toda pessoa com
deficiência, independentemente de sua característica específica, a fim de que ela possa
ser capacitada para trabalho que lhe seja adequado e ter perspectivas de obtê-lo, de
conservá-lo e de nele progredir.

 §4º - Os serviços de habilitação profissional, de reabilitação profissional e de educação


profissional deverão ser oferecidos em ambientes acessíveis e inclusivos.

 §5º - A habilitação profissional e a reabilitação profissional devem ocorrer articuladas com


as redes públicas e privadas, especialmente de saúde, de ensino e de assistência social,
em todos os níveis e modalidades, em entidades de formação profissional ou diretamente
com o empregador.

 §6º - A habilitação profissional pode ocorrer em empresas por meio de prévia formalização
do contrato de emprego da pessoa com deficiência, que será considerada para o
cumprimento da reserva de vagas prevista em lei, desde que por tempo determinado e
concomitante com a inclusão profissional na empresa, observado o disposto em
regulamento.

 §7º - A habilitação profissional e a reabilitação profissional atenderão à pessoa com


deficiência.

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