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APOSENTADORIAS

RURAIS

Jane Lucia Wilhelm Berwanger


SEGURADOS RURAIS
• COMO SABER QUEM SÃO OS
TRABALHADORES RURAIS A QUE A
CONSTITUIÇÃO SE REFERE AO
ESTABELECER A IDADE PARA
APOSENTADORIA?
• Art. 48 da Lei 8.213/91:
• A aposentadoria por idade será devida ao segurado
que, cumprida a carência exigida nesta Lei,
completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se
homem, e 60 (sessenta), se mulher.
• § 1o Os limites fixados no caput são reduzidos para
sessenta e cinqüenta e cinco anos no caso de
trabalhadores rurais, respectivamente homens e
mulheres, referidos na alínea a do inciso I, na
alínea g do inciso V e nos incisos VI e VII do
SEGURADO EMPREGADO
• Lei 8.212/91 - Art. 12, inc. I
• a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou
rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua
subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor
empregado;
▫ CLT: Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que
prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a
dependência deste e mediante salário.
▫ Estatuto do Trabalhador Rural Lei 5889/73:
 Art. 2º Empregado rural é toda pessoa física que, em
propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de
natureza não eventual a empregador rural, sob a dependência
deste e mediante salário.
 Art. 3º - Considera-se empregador, rural, para os efeitos
desta Lei, a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que
explore atividade agroeconômica, em caráter permanente ou
temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio
de empregados.
SEGURADO EMPREGADO
▫ AÇÃO CIVIL PÚBLICA. APELAÇÃO DO INSS E
RECURSO ADESIVO DA PARTE AUTORA. NÃO-
CONHECIMENTO. SINDICATO. LEGITIMIDADE ATIVA.
UNIÃO FEDERAL. ILEGITIMIDADE PASSIVA.
ATIVIDADES URBANAS/RURAIS. CARACTERIZAÇÃO.
1. Não conhecido o apelo interposto pelo INSS, porquanto
dissociado das razões de decidir. [...]3. O Sindicato, in casu,
a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio
Grande do Sul - FETAG, tem legitimidade ativa para propor
ação civil pública em defesa de direitos e interesses coletivos
ou individuais dos integrantes da categoria que
representam. [..]5. A comprovação do exercício da atividade
urbana ou rural é questão de valoração da prova material
produzida pelo interessado, não decorrendo de prévia
definição ou categorização legal. Via de consequência,
diante da valoração da prova quanto ao exercício da
atividade desenvolvida, pode-se ter trabalho rural na
cidade, bem como trabalho urbano no meio rural. (TRF4,
APELREEX 2005.71.00.044110-9, Quinta Turma, Relator
Artur César de Souza, D.E. 16/02/2009)
SEGURADO EMPREGADO
▫ REsp 1148040 – FETAG (NEGANDO SEGUIMENTO)
▫ Evidentemente que um ato administrativo nao poderia definir
previamente as atividades de capataz e tratorista como sendo
atividades urbanas, sem levar em consideracao a propria
natureza da atividade exercida pelo trabalhador. A previa
definicao da atividade como forma de enquadra-la no ambito
rural ou urbana praticamente tornou letra morta a
regulamentacao legal que estabelece a maneira de comprovar o
tempo de servico do trabalhador rural. O ARTIGO 55, §2º E §3º,
PRESCREVE AS NORMAS SOBRE A FORMA DE
COMPROVACAO DO TEMPO DE SERVICO DO
TRABALHADOR RURAL [...] [...] ASSIM, CONFORME
DETERMINA A NORMATIZACAO PREVISTA NOS §§ 2º E 3º
DA LEI 8.213/91, a comprovacao da atividade rural ocorre
atraves de inicio de prova material do exercicio da atividade
rural e nao pela definicao da atividade exercida conforme
pretende impor a instrucao normativa n. 118/05. A questao da
comprovacao do exercicio da atividade urbana ou rural nao e
uma questao de linguagem conceitual, mas, sim, uma questao
de valoracao de prova material produzida pelo interessado. O
que determina o exercicio ou nao da atividade rural
SEGURADO EMPREGADO
• PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR
TEMPO DE SERVIÇO. EMPREGADO RURAL.
• CTPS. PROVA. CARÊNCIA. EXIGIBILIDADE.
• I – O obreiro enquadrado como empregado rural,
comprovado pela CTPS, conforme art. 16, do
Decreto 2.172/97, e preenchendo os requisitos
legais, tem direito a aposentadoria por tempo de
serviço.
• II – Não há falar-se em carência ou contribuição,
vez que a obrigação de recolher as contribuições
junto ao INSS é do empregador.
• III – Recurso não conhecido.
• (REsp 263.425/SP, Rel. Ministro GILSON DIPP,
QUINTA TURMA, julgado em 21/08/2001, DJ
SEGURADOS ESPECIAIS
▫ Segurado especial (conceito constitucional):
▫ Art. 195, 8º: O produtor, o parceiro, o meeiro
e o arrendatário rurais e o pescador
artesanal, bem como os respectivos cônjuges,
que exerçam suas atividades em regime de
economia familiar, sem empregados
permanentes, contribuirão para a seguridade
social mediante a aplicação de uma alíquota
sobre o resultado da comercialização da
produção e farão jus aos benefícios nos termos
da lei.
– SEGURADO ESPECIAL –
• A PARTIR DA LEI 11.718/08 MUDOU
SIGNIFICATIVAMENTE O CONCEITO,
CRIANDO-SE NOVOS CRITÉRIOS DE
DISTINÇÃO
• ELEMENTO RESIDÊNCIA:
• pessoa física residente no imóvel rural ou em
aglomerado urbano ou rural próximo
• Decreto 3.048/99: Art. 9º § 20. Para os fins deste
artigo, considera-se que o segurado especial reside
em aglomerado urbano ou rural próximo ao imóvel
rural onde desenvolve a atividade quando resida no
mesmo município de situação do imóvel onde
desenvolve a atividade rural, ou em município
contíguo ao em que desenvolve a atividade rural.
– SEGURADO ESPECIAL –
• que, individualmente ou em regime de economia
familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros,
• na condição de:
▫ produtor,
 proprietário,
 usufrutuário,
 possuidor,
 assentado,
 parceiro ou meeiro outorgados,
 comodatário
 arrendatário rurais,
• DE ALGUMA FORMA O SEGURADO DEVE ESTAR
VINCULADO À TERRA: QUEM TRABALHA NA
ATIVIDADE RURAL TRABALHA NA TERRA DE
ALGUÉM
– SEGURADO ESPECIAL –
• Seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas
atividades nos termos do inciso XII do caput do art.
2º da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça
dessas atividades o principal meio de vida;
▫ XII - extrativismo: sistema de exploração baseado
na coleta e extração, de modo sustentável, de
recursos naturais renováveis;
• Floresta plantada inclui-se como produção de
origem vegetal (art. 25, § 3º da Lei 8.212/91):
▫ Integram a produção, para os efeitos deste artigo,
os produtos de origem animal ou vegetal, em
estado natural ou submetidos a processos de
beneficiamento ou industrialização rudimentar....
– SEGURADO ESPECIAL –
• pescador artesanal ou a este assemelhado que faça
da pesca profissão habitual ou principal meio de
vida;
• Conforme o Decreto 3.048/99 (art. 9º § 14), é pescador
artesanal:
• I - não utilize embarcação;
• II - utilize embarcação de até seis toneladas de
arqueação bruta, ainda que com auxílio de parceiro;
• III - na condição, exclusivamente, de parceiro
outorgado, utilize embarcação de até dez toneladas
de arqueação bruta.
– SEGURADO ESPECIAL –
• São segurados especiais:
▫ cônjuge ou companheiro,
▫ filho maior de dezesseis anos de idade ou a este
equiparado
▫ Idade alterada pela Lei 11.718/08
▫ CF – art. 7º: XXXIII - proibição de trabalho
noturno, perigoso ou insalubre a menores de
dezoito e de qualquer trabalho a menores de
dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a
partir de quatorze anos;
▫ Que comprovadamente, tenham participação ativa
nas atividades rurais do grupo familiar.
– SEGURADO ESPECIAL –
• Art. 11. Lei 8.213/91: § 1o Entende-se como regime de economia
familiar a atividade em que o trabalho dos membros da família é
indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento
socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de
mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados
permanentes.
• É uma forma de trabalho e não renda
• Subsistência é contraponto à agricultura empresarial
• Hoje a ciência agrária não utiliza mais o termo “subsistência” , mas
agricultura familiar
• Inclui-se expressamente “ao desenvolvimento socioeconômico do
núcleo familiar”
– SEGURADO ESPECIAL –
• Art. 39. São considerados segurados especiais o produtor rural e
o pescador artesanal ou a este assemelhado, desde que exerçam a
atividade rural individualmente ou em regime de economia
familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros.

• § 1º A atividade é desenvolvida em regime de economia familiar


quando o trabalho dos membros do grupo familiar é indispensável
à sua subsistência e desenvolvimento socioeconômico, sendo
exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem
a utilização de empregados permanentes, independentemente do
valor auferido pelo segurado especial com a comercialização da
sua produção, quando houver, observado que:
– SEGURADO ESPECIAL –
• Art. 12. § 10. Não é segurado especial o membro de grupo
familiar que possuir outra fonte de rendimento, exceto se
decorrente de:
• CONSTAVA NA IN 45 – art. 7º. § 5º Não é segurado especial o
membro de grupo familiar (somente ele) que possuir outra fonte
de rendimento, exceto se decorrente de:
• NÃO CONSTA NA IN 77/15
• SÚMULA 41 TNU: A circunstância de um dos integrantes do
núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por
si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado
especial, condição que deve ser analisada no caso concreto.
– SEGURADO ESPECIAL –
• Exceções (rendas permitidas):
▫ Benefício (pensão, auxílio-acidente ou auxílio-
reclusão) que não supere o salário mínimo:
 Pensão deve ser considerada apenas a cota-
parte de cada um e nao o total to benefício
 Da mesma forma o auxílio-reclusão
 Auxílio-acidente pode ter origem rural ou
urbana
 Com relação aos demais benefícios deve-se
aplicar o disposto no art. 15, inc. I da Lei
8.213/91
▫ Benefício previdenciário decorrente de
previdência complementar
– SEGURADO ESPECIAL –
• Exceções (rendas permitidas):
 exercício de atividade remunerada em período não
superior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou
intercalados, no ano civil, observado o disposto no §
13 deste artigo;
 Período de entressafra (termo que foi excluído pela
Lei 12.873/13) era de difícil de caracterizar em
algumas atividades como hortifrutigranjeiros, leite…
 A atividade essencial continua sendo a
agrícola/pesca
 Esses 120 dias são computados junto com o período
de atividade rural, como se esta fosse
– SEGURADO ESPECIAL –
• Exceções (rendas permitidas):
▫ Exercício de mandato eletivo de dirigente sindical
 No mesmo sentido do disposto no art. 12, 5º da Lei
8.212/91:
 § 5º O dirigente sindical mantém, durante o exercício do
mandato eletivo, o mesmo enquadramento no Regime
Geral de Previdência Social-RGPS de antes da
investidura.
 Para não deixar dúvidas quanto à possibilidade de
remuneração o INSS e a Receita Federal editaram a
Portaria Conjunta 01/10.
▫ Exercício de mandato de vereador ou de dirigente de
cooperativa rural composta de segurados especiais, desde
que continuem exercendo a atividade rural
 Art. 12. § 13. O disposto nos incisos III e V do § 10
deste artigo não dispensa o recolhimento da
contribuição devida em relação ao exercício das
atividades de que tratam os referidos incisos.
– SEGURADO ESPECIAL –
• Exceções (rendas permitidas):
▫ Parceria ou meação (até 50% da área), desde que
outorgante e outorgado continuem segurados
especiais
 Nao é permitido arrendamento
▫ Atividade artesanal
 Diferença entre artesanato e beneficiamento
ou industrialização artesanal de produto
agrícola (esta sem limite de valor)
 Com matéria prima própria e adquirida
 Artesanto e Até salário mínimo
▫ Atividade artística até salário mínimo
– SEGURADO ESPECIAL –
• Fatos que não descaracterizam a condição de
segurado especial:
 Parceria, meação ou comodato: até 50% da
propriedade
 No entendimento do INSS a área cedida nao é
deduzida da área dos 4 módulos fiscais
 Exploração da atividade turística, inclusive com
hospedagem por até 120 dias no ano
 A atividade turística é ampla e incentivada pelo
Governo Federal
 É fundamental para preservação do meio
ambiente e educação ambiental
– SEGURADO ESPECIAL –
• Fatos que não descaracterizam a condição de
segurado especial:
• A participação em plano de previdência
complementar instituído por entidade classista a que
seja associado, em razão da condição de trabalhador
rural ou de produtor rural em regime de economia
familiar
• Nem a renda, nem o fato de participar de plano de
previdência complementar implica na
descaracterização da condição de segurado especial
• Nao há entidades constituídas dessa forma
– SEGURADO ESPECIAL –
• Fatos que não descaracterizam a condição de segurado
especial:
• A utilização de processo de beneficiamento ou
industrialização artesanal –
▫ O art. 25, § 3º - produção agrícola
▫ Há forte incentivo estatal para a constituição de
agroindústrias
▫ Os agricultores familiares comercializam muitos
produtos de agroindústrias em feiras
▫ Ver mais em http://www.mda.gov.br/portal/saf/
programas/agroindustrias
▫ Atualmente há obrigação de aquisição de 30% da
merenda escolar da agricultura familiar conforme Lei
11.947/09
– SEGURADO ESPECIAL –
• Fatos que não descaracterizam a condição de segurado
especial:
• A participação em programas assistenciais
▫ O Brasil vem desenvolvimento vários programas de
combate à pobreza (25% da população rural encontra-
se em situação de pobreza)
▫ Programas assistenciais fundamentais: Bolsa-
Família; Luz para Todos; acesso à água, e outros.
• Associação em cooperativa agropecuária:
▫ No Brasil há 1.548 cooperativas agropecuárias, com
mais de 940 mil associados
▫ 37% do PIB Agrícola e , 5,4% do PIB
– SEGURADO ESPECIAL –
• Fatos que não descaracterizam a condição de segurado
especial:
• A incidência do Imposto Sobre Produtos Industrializados -
IPI sobre o produto das atividades desenvolvidas como
empresário, firma individual, sócio de empresa (produção
de efeito a partir de janeiro de 2014)
 IN 77: Art. 42. Não descaracteriza a condição de segurado
especial:
 V - a utilização pelo próprio grupo familiar, na exploração
da atividade de processo de beneficiamento ou
industrialização artesanal, assim entendido aquele
realizado diretamente pelo próprio produtor rural pessoa
física, observado o disposto no § 5º do art. 200 do RPS, desde
que não sujeito à incidência do Imposto sobre Produtos
Industrializados - IPI;
– SEGURADO ESPECIAL –
• Fatos que não descaracterizam a condição de segurado
especial:
• A participação do segurado especial em:
• sociedade empresária,
• sociedade simples,
• como empresário individual ou
• como titular de empresa individual de responsabilidade
limitada
• de objeto ou âmbito agrícola, agroindustrial ou
agroturístico, considerada microempresa nos termos da Lei
Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006, não o
exclui de tal categoria previdenciária,
• desde que,
• mantido o exercício da sua atividade rural,
• a pessoa jurídica componha-se apenas de segurados de
igual natureza e
• sedie-se no mesmo Município ou em Município limítrofe
àquele em que eles desenvolvam suas atividades.
– SEGURADO ESPECIAL –
 Art. 195, 8º: O produtor, o parceiro, o meeiro e o
arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como
os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades
em regime de economia familiar, sem empregados
permanentes, contribuirão para a seguridade social
mediante a aplicação de uma alíquota sobre o
resultado da comercialização da produção e farão jus
aos benefícios nos termos da lei.
– SEGURADO ESPECIAL –
 Redação anterior: O grupo familiar poderá utilizar-se de
empregados contratados por prazo determinado ou
trabalhador de que trata a alínea g do inciso V
do caput deste artigo, em épocas de safra, à razão de no
máximo 120 (cento e vinte) pessoas/dia no ano civil, em
períodos corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo
equivalente em horas de trabalho.
 Redação dada pela Lei 12.873: O grupo familiar poderá
utilizar-se de empregados contratados por prazo
determinado ou trabalhador de que trata a alínea “g” do
inciso V do caput, à razão de no máximo cento e vinte
pessoas/dia no ano civil, em períodos corridos ou
intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em horas de
trabalho, não sendo computado nesse prazo o período de
afastamento em decorrência da percepção de auxílio-
doença.
– CONTRIBUINTE INDIVIDUAL
• Art. 12, inc. V (contribuinte individual) alínea “g”:
 quem presta serviço de natureza urbana ou rural,
em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem
relação de emprego;
• Quem trabalha em caráter eventual para uma ou
mais empresas
 Diarista
 Bóia-fria
 Eventual
• RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E
RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSO REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA. SEGURADO ESPECIAL. TRABALHO RURAL.
INFORMALIDADE. BOIAS-FRIAS. PROVA EXCLUSIVAMENTE
TESTEMUNHAL. ART. 55, § 3º, DA LEI 8.213/1991. SÚMULA 149/STJ.
IMPOSSIBILIDADE. PROVA MATERIAL QUE NÃO ABRANGE TODO O
PERÍODO PRETENDIDO. IDÔNEA E ROBUSTA PROVA
TESTEMUNHAL. EXTENSÃO DA EFICÁCIA PROBATÓRIA. NÃO
VIOLAÇÃO DA PRECITADA SÚMULA.
• 1. Trata-se de Recurso Especial do INSS com o escopo de combater o
abrandamento da exigência de produção de prova material, adotado pelo
acórdão recorrido, para os denominados trabalhadores rurais boias-frias.
• 2. A solução integral da controvérsia, com fundamento suficiente, não
caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC.
• 3. Aplica-se a Súmula 149/STJ ("A prova exclusivamente testemunhal não
basta à comprovação da atividade rurícola, para efeitos da obtenção de
benefício previdenciário") aos trabalhadores rurais denominados "boias-
frias", sendo imprescindível a apresentação de início de prova material.
• 4. Por outro lado, considerando a inerente dificuldade probatória da condição
de trabalhador campesino, o STJ sedimentou o entendimento de que a
apresentação de prova material somente sobre parte do lapso temporal
pretendido não implica violação da Súmula 149/STJ, cuja aplicação é
mitigada se a reduzida prova material for complementada por idônea e
robusta prova testemunhal.
• 5. No caso concreto, o Tribunal a quo, não obstante tenha pressuposto o
afastamento da Súmula 149/STJ para os "boias-frias", apontou diminuta
prova material e assentou a produção de robusta prova testemunhal para
configurar a recorrida como segurada especial, o que está em consonância
com os parâmetros aqui fixados.
• 6. Recurso Especial do INSS não provido. Acórdão submetido ao regime do
art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.
• (REsp 1321493/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 10/10/2012, DJe 19/12/2012)
PROVA MATERIAL
• art. 55. O tempo de serviço será comprovado na forma
estabelecida no Regulamento, compreendendo, além do
correspondente às atividades de qualquer das categorias de
segurados de que trata o art. 11 desta Lei, mesmo que
anterior à perda da qualidade de segurado:
• § 3º A comprovação do tempo de serviço para os efeitos
desta Lei, inclusive mediante justificação administrativa
ou judicial, conforme o disposto no art. 108, só produzirá
efeito quando baseada em início de prova material, não
sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo
na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito,
conforme disposto no Regulamento.
• Súmula
149 STJ: A PROVA
EXCLUSIVAMENTE
TESTEMUNHAL NÃO BASTA
A COMPROVAÇÃO DA
ATIVIDADE RURICOLA,
PARA EFEITO DA
OBTENÇÃO DE BENEFICIO
PREVIDENCIÁRIO.
EFETIVO EXERCICIO DA
ATIVIDADE RURAL
• O GRANDE ELEMENTO QUE
CARACTERIZA O SEGURADO ESPECIAL É
O EFETIVO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE
• PROCEDIMENTOS:
 Entrevista
 Oitiva de testemunhas
 Pesquisa
 Análise do CNIS e confrontação de dados
(módulos, etc)
APOSENTADORIAS
APOSENTADORIA POR
IDADE
• Aposentadorias na Constituição Federal
▫ Art. 7º, inc. XXIV;
• Art. 201:
 I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e
idade avançada;
 § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de
previdência social, nos termos da lei, obedecidas as
seguintes condições:
 II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e
sessenta anos de idade, se mulher, reduzido em cinco
anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os
sexos e para os que exerçam suas atividades em regime
de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural,
o garimpeiro e o pescador artesanal.
Aposentadoria por idade rural
• SEGURADO ESPECIAL
• PARECER CJ/MPS 39/2006:
• 8. A aposentadoria por idade do segurado especial no valor de 1
(um) salário mínimo, após a expiração do prazo relativo ao benefício
transitório - 24 de julho de 2006 -, continuará sendo devida nos
termos do inciso I do art. 39 da Lei nº 8.213/91, ou seja, o segurado
especial deverá comprovar, para obter aposentadoria por idade no
valor de 1 (um) salário mínimo, o exercício de atividade rural, ainda
que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao
requerimento do benefício, igual ao número de meses
correspondentes à carência do benefício.
• ....
APOSENTADORIA POR
IDADE
• PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE.
REQUISITOS: IDADE E COMPROVAÇÃO DA ATIVIDADE
AGRÍCOLA NO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO
REQUERIMENTO. ARTS. 26, I, 39, I, E 143, TODOS DA LEI N.
8.213/1991. DISSOCIAÇÃO PREVISTA NO § 1º DO ART.
• 3º DA LEI N. 10.666/2003 DIRIGIDA AOS TRABALHADORES
URBANOS. PRECEDENTE DA TERCEIRA SEÇÃO.
• 1. A Lei n. 8.213/1991, ao regulamentar o disposto no inc. I do art.
202 da redação original de nossa Carta Política, assegurou ao
trabalhador rural denominado segurado especial o direito à
aposentadoria quando atingida a idade de 60 anos, se homem, e 55
anos, se mulher (art. 48, § 1º).
• 2. Os rurícolas em atividade por ocasião da Lei de Benefícios, em
24 de julho de 1991, foram dispensados do recolhimento das
contribuições relativas ao exercício do trabalho no campo,
substituindo a carência pela comprovação do efetivo desempenho
do labor agrícola (arts. 26, I e 39, I).
APOSENTADORIA POR IDADE
• 3. Se ao alcançar a faixa etária exigida no art. 48, § 1º, da Lei n.
8.213/91, o segurado especial deixar de exercer atividade como
rurícola sem ter atendido a regra de carência, não fará jus à
aposentação rural pelo descumprimento de um dos dois únicos
critérios legalmente previstos para a aquisição do direito.
• 4. Caso os trabalhadores rurais não atendam à carência na forma
especificada pelo art. 143, mas satisfaçam essa condição mediante o
cômputo de períodos de contribuição em outras categorias, farão jus
ao benefício ao completarem 65 anos de idade, se homem, e 60 anos,
se mulher, conforme preceitua o § 3º do art. 48 da Lei de Benefícios,
incluído pela Lei nº 11.718, de 2008.
APOSENTADORIA POR IDADE
• 5. Não se mostra possível conjugar de modo favorável ao trabalhador
rural a norma do § 1º do art. 3º da Lei n. 10.666/2003, que permitiu a
dissociação da comprovação dos requisitos para os benefícios que
especificou: aposentadoria por contribuição, especial e por idade
urbana, os quais pressupõem contribuição.

• 6. Incidente de uniformização desprovido.

• PETIÇÃO 7.476/PR
Aposentadoria por idade rural
• Art. 159. Observado o disposto no inciso II do art.
158, para fins de benefícios de aposentadoria por
invalidez, auxílio-doença, auxílio-acidente, pensão
por morte, auxílio-reclusão e salário-maternidade, o
segurado especial deverá estar em atividade ou em
prazo de manutenção desta qualidade na data da
entrada do requerimento - DER ou na data em que
implementar todas as condições exigidas para o
benefício requerido.
Aposentadoria por idade rural
• § 1º Será devido o benefício, ainda que a atividade exercida na
DER seja de natureza urbana, desde que preenchidos todos os
requisitos para a concessão do benefício requerido até a
expiração do prazo para manutenção da qualidade de segurado
na categoria de segurado especial e não tenha adquirido a
carência necessária na atividade urbana.
• § 2º Na hipótese do § 1º deste artigo, não será permitido somar,
para fins de carência, o tempo de efetivo exercício de atividade
rural com as contribuições vertidas para o RGPS na atividade
urbana.
Aposentadoria por idade rural
• Art. 231. Para fins de aposentadoria por idade prevista no
inciso I do art. 39 e caput e § 2º do art. 48, ambos da Lei nº
8.213, de 1991 dos segurados empregados, contribuintes
individuais e especiais, referidos na alínea "a" do inciso I, na
alínea "g" do inciso V e no inciso VII do art. 11, todos do
mesmo diploma legal, não será considerada a perda da
qualidade de segurado nos intervalos entre as atividades
rurícolas, devendo, entretanto, estar o segurado exercendo a
atividade rural ou em período de graça na DER ou na data em
que implementou todas as condições exigidas para o benefício.
• § 1º A atividade rural exercida até 31 de dezembro de 2010
pelos trabalhadores rurais de que trata o caput enquadrados
como empregado e contribuinte individual, para fins de
aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo,
observará as regras de comprovação relativas ao segurado
especial, mesmo que a implementação das condições para o
benefício seja posterior à respectiva data.
Aposentadoria por idade rural
• § 2º O trabalhador enquadrado como segurado especial poderá
requerer a aposentadoria por idade sem observância à data
limite prevista no § 1º, em razão do disposto no inciso I do art.
39 da Lei nº 8.213, de 1991.
• Art. 232. Na hipótese do art. 231, será devido o benefício ao
segurado empregado, contribuinte individual e segurado
especial, ainda que a atividade exercida na DER seja de
natureza urbana, desde que o segurado tenha preenchido
todos os requisitos para a concessão do benefício rural até a
expiração do prazo de manutenção da qualidade na condição
de segurado rural.
• Parágrafo único. Será concedido o benefício de natureza
urbana se, dentro do período de manutenção da qualidade
decorrente da atividade rural, o segurado exercer atividade
urbana e preencher os requisitos à concessão de benefício
nessa categoria.
Aposentadoria por idade rural
• Art. 156. Para o segurado especial que não contribui
facultativamente, o período de carência de que trata o § 1º do
art. 26 do RPS é contado a partir do efetivo exercício da
atividade rural, mediante comprovação, na forma do disposto
no art. 47 a 54.
• Art. 157. No caso de comprovação de desempenho de atividade
urbana entre períodos de atividade rural, com ou sem perda da
qualidade de segurado, poderá ser concedido benefício previsto
no inciso I do art. 39 e caput e § 2º do art. 48, ambos da Lei nº
8.213, de 1991, desde que cumpra o número de meses de
trabalho idêntico à carência relativa ao benefício,
exclusivamente em atividade rural.
• Parágrafo único. Na hipótese de períodos intercalados de
exercício de atividade rural e urbana, observado o disposto nos
arts. 159 e 233, o requerente deverá apresentar um documento
de início de prova material do exercício de atividade rural após
cada período de atividade urbana.
Aposentadoria por idade rural
• Art. 158. Para fins de concessão dos benefícios devidos ao
trabalhador rural previstos no inciso I do art. 39 e caput § 2º do
art. 48 ambos da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991,
considera-se como período de carência o tempo de efetivo
exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua,
correspondente ao número de meses necessários à concessão do
benefício requerido, computados os períodos a que se referem
as alíneas "d" e "i" do inciso VIII do art. 42 observando-se que:
• I - para a aposentadoria por idade prevista no art. 230 do
trabalhador rural empregado, contribuinte individual e
especial será apurada mediante a comprovação de atividade
rural no período imediatamente anterior ao requerimento do
benefício ou, conforme o caso, no mês em que cumprir o
requisito etário, computando-se exclusivamente, o período de
natureza rural; e
Aposentadoria por idade rural
• II - para o segurado especial e seus dependentes, para os
benefícios de aposentadoria por invalidez, auxílio-doença,
auxílio acidente, pensão por morte, auxílio-reclusão e salário-
maternidade, o período de atividade rural
deve ser apurado em relação aos últimos doze ou 24 (vinte e
quatro) meses, sem prejuízo da necessária manutenção da
qualidade de segurado e do preenchimento da respectiva
carência, comprovado na forma do art. 47.
• Parágrafo único. Entendem-se como forma descontínua os
períodos intercalados de exercício de atividades rurais, ou
urbana e rural, com ou sem a ocorrência da perda da qualidade
de segurado, observado o disposto no art. 157.
• DIREITO PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO.
APOSENTADORIA POR IDADE. RURÍCOLA. EXERCÍCIO
IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO REQUERIMENTO.
• 1. O acórdão recorrido encontra-se em consonância com a
jurisprudência desta Corte, segundo a qual, para fins de
aposentadoria por idade, deve ser comprovada a atividade
rural, ainda que descontínua, no período imediatamente
anterior ao requerimento (administrativo ou judicial), pelo
prazo de carência
• legalmente exigido.
• 2. A alegação de ter a autora retornado às atividades rurais no
momento anterior ao requerimento, quando o acórdão recorrido
consigna não estar comprovado esse fato, encontra óbice no enunciado
sumular nº 07/STJ.
• 3. Agravo regimental a que se nega provimento.
• (AgRg no REsp n. 1.217.521/GO, Ministro Adilson Vieira Macabu -
• Desembargador convocado do TJ/RJ, Quinta Turma, DJe 12/5/2011)

• No Recurso Especial n. 1.269.297 – RS, fica ainda mais clara a


possibilidade da soma de períodos intercalados de atividade rural:
• O período de carência exigido para a concessão da aposentadoria rural por
idade está previsto no art. 142 da Lei de Benefícios. Atendido o requisito
etário em 2007, exige-se a comprovação do trabalho no campo por pelo
menos 156 meses.
• Da leitura do art. 143, que regulamenta a aposentadoria pugnada na
inicial, verifica-se que a legislação exige que seja comprovado o exercício
de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamente
anterior ao requerimento, em número de meses idêntico à carência. Ou
seja, da literalidade do dispositivo, infere-se que não se exige a
comprovação desse período de trabalho rural de forma ininterrupta, desde
que devidamente demonstrado o retorno à atividade campesina, a qual
deve estar sendo desempenhada quando do requerimento do benefício.
• Somando-se os períodos de atividade em meio rural, verifica-se
que o prazo de 156 meses foi devidamente observado.
Aposentadoria híbrida
• Aposentadoria por idade urbana - 180 contribuições
mensais – não se exige qualidade de segurado no
momento em que completa a idade ou quando do
requerimento

• Aposentadoria por idade rural – 180 meses de atividade


rural (atividade descontínua?) – qualidade de segurado
na DER ou quando completa a idade
Aposentadoria híbrida
• Aposentadoria híbrida: soma de períodos urbanos e
rurais

• Hipótese 1: primeiro período urbano e segurado período


rural

• Hipótese 2: primeiro período rural recente e segurado


período urbano

• Hipótese 3: primeiro período rural antigo e segurado


período urbano
Aposentadoria híbrida
• Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que,
cumprida a carência exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e
cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher

• 1ºOs limites fixados no caput são reduzidos para sessenta e


cinqüenta e cinco anos no caso de trabalhadores rurais,
respectivamente homens e mulheres, referidos na alínea a do
inciso I, na alínea g do inciso V e nos incisos VI e VII do art. 11.

• § 2º Para os efeitos do disposto no § 1o deste artigo, o trabalhador


rural deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda
que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao
requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses
de contribuição correspondente à carência do benefício
pretendido, computado o período a que se referem os incisos III a
VIII do § 9o do art. 11 desta Lei.
Aposentadoria híbrida
• Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que,
cumprida a carência exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e
cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher

• § 3o Os trabalhadores rurais de que trata o § 1o deste artigo que


não atendam ao disposto no § 2o deste artigo, mas que satisfaçam
essa condição, se forem considerados períodos de contribuição sob
outras categorias do segurado, farão jus ao benefício ao
completarem 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60
(sessenta) anos, se mulher.
Aposentadoria híbrida
• Decreto 3.048/99: Art. 51. A aposentadoria por idade, uma vez cumprida
a carência exigida, será devida ao segurado que completar sessenta e
cinco anos de idade, se homem, ou sessenta, se mulher, reduzidos esses
limites para sessenta e cinqüenta e cinco anos de idade para os
trabalhadores rurais, respectivamente homens e mulheres, referidos na
alínea "a" do inciso I, na alínea "j" do inciso V e nos incisos VI e VII
do caput do art. 9º, bem como para os segurados garimpeiros que
trabalhem, comprovadamente, em regime de economia familiar,
conforme definido no § 5º do art. 9º.

• § 1o Para os efeitos do disposto no caput, o trabalhador rural deve


comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma
descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do
benefício ou, conforme o caso, ao mês em que cumpriu o requisito etário,
por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à
carência do benefício pretendido, computado o período a que se referem
os incisos III a VIII do § 8o do art. 9o.
Aposentadoria híbrida
• § 2o Os trabalhadores rurais de que trata o caput que não
atendam ao disposto no § 1o, mas que satisfaçam essa condição, se
forem considerados períodos de contribuição sob outras categorias
do segurado, farão jus ao benefício ao completarem sessenta e
cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos, se mulher.

• § 3o Para efeito do § 2o, o cálculo da renda mensal do benefício


será apurado na forma do disposto no inciso II do caput do art.
32, considerando-se como salário-de-contribuição mensal do
período como segurado especial o limite mínimo do salário-de-
contribuição da previdência social.

• § 4o Aplica-se o disposto nos §§ 2o e 3o ainda que na oportunidade


do requerimento da aposentadoria o segurado não se enquadre
como trabalhador rural.
Aposentadoria híbrida
• Entendimento do INSS

• Parecer da Consultoria Jurídica n. 616

• Enunciado n. 35 do CRPS – impossibilidade de julgar contra os


pareces da Consultoria

• Dificuldade de mudar posicionamento na via administrativa

• Principais fundamentos:
 Restritividade dos benefícios rurais
 Carência
 Interpretação expressa da lei
Aposentadoria híbrida
• TRIBUNAIS REGIONAIS:
• PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA HÍBRIDA POR IDADE.
INTEGRAÇÃO DE PERÍODO DE TRABALHO RURAL AO DE CATEGORIA
DIVERSA. LEI Nº 11.718/08. CONCESSÃO. CONSECTÁRIOS. TUTELA
ESPECÍFICA
• Os trabalhadores rurais que não atendam ao disposto no art. 48, § 2º, da Lei nº
8.213/01, mas que satisfaçam as demais condições, considerando-se períodos de
contribuição sob outras categorias do segurado, farão jus ao benefício de
aposentadoria por idade ao completarem 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se
homem, e 60 (sessenta) anos, se mulher.
• Preenchendo a parte autora o requisito etário e carência exigida, tem direito a
concessão da aposentadoria por idade, a contar da data do requerimento
administrativo.
• A RMI do benefício será calculada conforme a média aritmética simples dos
maiores salários-de-contribuição, correspondentes a 80% de todo o período
contributivo, considerando-se como salário-de-contribuição mensal do período
como segurado especial o limite mínimo de salário-de-contribuição da
Previdência Social. AC Nº 0014935-23.2010.404.9999/RS; RELATOR Des.
Federal ROGERIO FAVRETO
Aposentadoria híbrida
• PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. RECURSO
ESPECIAL. APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA.
VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535 DO CPC. NÃO
CARACTERIZAÇÃO. JULGAMENTO EXTRA PETITA. NÃO
OCORRÊNCIA. ARTIGO 48, §§ 3º E 4º DA LEI 8.213/1991, COM
A REDAÇÃO DADA PELA LEI 11.718/2008. OBSERVÂNCIA.
RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E NÃO PROVIDO.

• 1. A Lei 11.718/2008 introduziu no sistema previdenciário


brasileiro uma nova modalidade de aposentadoria por idade
denominada aposentadoria por idade híbrida.

• 2. Neste caso, permite-se ao segurado mesclar o período urbano ao


período rural e vice-versa, para implementar a carência mínima
necessária e obter o benefício etário híbrido.
Aposentadoria híbrida
• 3. Não atendendo o segurado rural à regra básica para
aposentadoria rural por idade com comprovação de atividade rural,
segundo a regra de transição prevista no artigo 142 da Lei
8.213/1991, o § 3º do artigo 48 da Lei 8.213/1991, introduzido pela
Lei 11.718/2008, permite que aos 65 anos, se homem e 60 anos,
mulher, o segurado preencha o período de carência faltante com
períodos de contribuição de outra qualidade de segurado,
calculando-se o benefício de acordo com o § 4º do artigo 48.
• 4. Considerando que a intenção do legislador foi a de permitir aos
trabalhadores rurais, que se enquadrem nas categorias de segurado
empregado, contribuinte individual, trabalhador avulso e segurado
especial, o aproveitamento do tempo rural mesclado ao tempo
urbano, preenchendo inclusive carência, o direito à
aposentadoria por idade híbrida deve ser reconhecido.
• 5. Recurso especial conhecido e não provido.
• (REsp 1367479/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 04/09/2014, DJe 10/09/2014)
Aposentadoria híbrida
• REsp 1367479/RS

• Com efeito, computando-se o período de atividade


rural, de 01-01-1990 a 30-03-1995, e os intervalos
de atividade urbana, de 01-04-1995 a 30-04-1995, 01-
06-1995 a 31-12-2003, 01-04-2004 a 31-07-2004 e de
01-09-2004 a 31-12-2004,
Aposentadoria híbrida
• PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA. ART.
48, §§ 3º e 4º, DA LEI 8.213/1991. TRABALHO URBANO E RURAL NO
PERÍODO DE CARÊNCIA. REQUISITO. LABOR CAMPESINO NO
MOMENTO DO IMPLEMENTO DO REQUISITO ETÁRIO OU DO
REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. EXIGÊNCIA AFASTADO.
CONTRIBUIÇÕES. TRABALHO RURAL. CONTRIBUIÇÕES.
DESNECESSIDADE.
• PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA. ART.
48, §§ 3º e 4º, DA LEI 8.213/1991. TRABALHO URBANO E RURAL NO
PERÍODO DE CARÊNCIA. REQUISITO. LABOR CAMPESINO NO
MOMENTO DO IMPLEMENTO DO REQUISITO ETÁRIO OU DO
REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. EXIGÊNCIA AFASTADO.
CONTRIBUIÇÕES. TRABALHO RURAL. CONTRIBUIÇÕES.
DESNECESSIDADE.
• 1. O INSS interpôs Recurso Especial aduzindo que a parte ora recorrida
não se enquadra na aposentadoria por idade prevista no art. 48, § 3º, da
Lei 8.213/1991, pois no momento do implemento do requisito etário ou
do requerimento administrativo era trabalhadora urbana, sendo a
citada norma dirigida a trabalhadores rurais. Aduz ainda que o
tempo de serviço rural anterior à Lei 8.213/1991 não pode ser
computado como carência.
• 6. Sob o ponto de vista do princípio da dignidade da pessoa
humana, a inovação trazida pela Lei 11.718/2008 consubstancia
a correção de distorção da cobertura previdenciária: a
situação daqueles segurados rurais que, com a crescente
absorção da força de trabalho campesina pela cidade, passam a
exercer atividade laborais diferentes das lides do campo,
especialmente quanto ao tratamento previdenciário.
• 7. Assim, a denominada aposentadoria por idade híbrida ou
mista (art. 48, §§ 3º e 4º, da Lei 8.213/1991) aponta para um
horizonte de equilíbrio entre as evolução das relações
sociais e o Direito, o que ampara aqueles que
efetivamente trabalharam e repercute, por conseguinte,
na redução dos conflitos submetidos ao Poder Judiciário.
• 8. Essa nova possibilidade de aposentadoria por idade não
representa desequilíbrio atuarial, pois, além de exigir idade
mínima equivalente à aposentadoria por idade urbana (superior
em cinco anos à aposentadoria rural), conta com lapsos de
contribuição direta do segurado que a aposentadoria por idade
rural não exige.
• 9. Para o sistema previdenciário, o retorno contributivo
é maior na aposentadoria por idade híbrida do que
se o mesmo segurado permanecesse exercendo
atividade exclusivamente rural, em vez de migrar para
o meio urbano, o que representará, por certo, expressão
jurídica de amparo das situações de êxodo rural, já que,
até então, esse fenômeno culminava em severa restrição de
direitos previdenciários aos trabalhadores rurais.
• 10. Tal constatação é fortalecida pela conclusão de que o
disposto no art. 48, §§ 3º e 4º, da Lei 8.213/1991
materializa a previsão constitucional da uniformidade e
equivalência entre os benefícios destinados às populações
rurais e urbanas (art. 194, II, da CF), o que torna
irrelevante a preponderância de atividade urbana ou rural
para definir a aplicabilidade da inovação legal aqui
analisada.
• 11. Assim, seja qual for a predominância do labor misto no
período de carência ou o tipo de trabalho exercido no
momento do implemento do requisito etário ou do
requerimento administrativo, o trabalhador tem direito a
se aposentar com as idades citadas no § 3º do art. 48 da
Lei 8.213/1991, desde que cumprida a carência com a
utilização de labor urbano ou rural. Por outro lado, se a
carência foi cumprida exclusivamente como trabalhador urbano,
sob esse regime o segurado será aposentado (caput do art. 48), o
que vale também para o labor exclusivamente rurícola (§§1º e 2º
da Lei 8.213/1991).
• (REsp 1407613/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 14/10/2014, DJe 28/11/2014)
Aposentadoria híbrida
• REsp 1407613/RS

• Assim, para fins de preenchimento da carência prevista no art.


142 da Lei nº 8.213/1991, o período rural reconhecido (01/01/1982
e 30/06/1992) corresponde a 126 meses. Em relação ao tempo
urbano reconhecido administrativamente pelo INSS até a data do
requerimento administrativo (fl. 19), qual seja, de 14/07/1992 a
18/08/1993, 13/10/1993 a 10/05/1995, 14/03/1996 a 09/04/1996 e
01/09/2008 a 28/02/2010, corresponde a 54 contribuições.
Aposentadoria híbrida
• AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.450.748

• No caso dos autos, como já referido, foi demonstrado o


desempenho de atividade rural no período de 05/06/1959 a
31/12/1984. Além disso, está também comprovado, até porque
reconhecido pelo INSS, o desempenho de atividade urbana de
01/09/1995 a 12/06/1996 e de 01/10/1998 a 29/04/2009.
Aposentadoria híbrida
• TNU:
• PEDILEF 50009573320124047214
• APOSENTADORIA MISTA OU HÍBRIDA. CONTAGEM DE
TEMPO RURAL PARA APOSENTADORIA URBANA.
APLICAÇÃO EXTENSIVA DO ATUAL DO ARTIGO 48, § 3º E
4O. DA LEI DE BENEFÍCIOS. DIRETRIZ FIXADA PELA
SEGUNDA TURMA DO SUPERIOR TRIBUNA DE JUSTIÇA NO
RECURSO ESPECIAL 1.407.613. ISONOMIA DO
TRABALHADOR RURAL COM O
URBANO. APOSENTADORIA POR IDADE NA
FORMA HÍBRIDA PERMITIDA TAMBÉM PARA O URBANO
QUANDO HOUVER, ALÉM DA IDADE, CUMPRIDO A
CARÊNCIA EXIGIDA COM CONSIDERAÇÃO DOS PERÍODOS
DE TRABALHO RURAL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO
CONHECIDO E PROVIDO.
Aposentadoria híbrida
• .... requereu a Autora o reconhecimento do trabalho rural
prestado nos regimes de economia individual e economia familiar
em relação ao período compreendido entre maio de 2002 a
julho de 2008; ato contínuo, que esse período seja acrescido
ao tempo comprovado de trabalho urbano (1983, 2002 a 2010).

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