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Informe Agropecuário
Uma publicação da EPAMIG
v.29 n.247 nov./dez. 2008
Belo Horizonte-MG

Sumário

Editorial .......................................................................................................................... 3

Entrevista . ...................................................................................................................... 4

Gerenciamento da propriedade cafeeira


Ricardo de Souza Sette ...................................................................................................... 7

Gerenciamento como forma de garantir a competitividade da cafeicultura


Glória Zélia Teixeira Caixeta, Paulo Tácito Gontijo Guimarães e Marcelo Márcio Romaniello .... 14
Apresentação
O lucro do cafeicultor, hoje, tem sido menor, Normas e padrões para a comercialização de sementes e mudas de cafeeiro
devido aos preços e ao aumento da concorrência, em Minas Gerais
da volatilidade desses preços e da concentração vi- Gladyston Rodrigues Carvalho, Paulo Tácito Gontijo Guimarães, Ângela Maria Nogueira e
gente no mercado. É preciso baixar os custos e ter Juliana Costa de Rezende .................................................................................................. 24
uma gestão estruturada em tecnologia.
As propriedades cafeeiras bem-sucedidas pas-
Cultivares de café e suas principais características agronômicas e tecnológicas
saram a ser aquelas que procuram elevar seu nível
César Elias Botelho, Thaís Louise Soares, Antônio Carlos Baião de Oliveira e
de competitividade, por meio do aprimoramento
da qualidade de seu produto e dos serviços, redu- Antônio Alves Pereira . ....................................................................................................... 31
zindo custos e orientando-se para as necessidades
dos clientes, em mercados cada vez mais exigen- Aspectos importantes dos fitonematóides do cafeeiro
tes. Sônia Maria de Lima Salgado, Rosângela D’Arc de Lima Oliveira, Rodrigo V. Silva e
A cafeicultura, para continuar existindo, terá Vicente Paulo Campos ............................................................................................................... 42
que ser eficiente e eficaz. Seus dirigentes devem
administrar bem a propriedade, utilizando ade- Identificação das principais doenças do cafeeiro e uso correto de
quadamente os recursos internos – terra, animais,
produtos fitossanitários
plantas, máquinas e insumos, para que os produ-
Vicente Luiz de Carvalho, Rodrigo Luz da Cunha e Sara Maria Chalfoun . ............................. 51
tos sejam de interesse dos consumidores. Devem
preocupar com o que acontece tanto antes quanto
depois da porteira. Índices e coeficientes técnicos utilizados nas podas para a renovação do cafeeiro
A propriedade cafeeira deve ser reestruturada, Rodrigo Luz da Cunha, Sérgio Parreiras Pereira, Roberto Antônio Thomaziello,
repensada e adaptada às constantes mudanças do Marcelo de Freitas Ribeiro e Vicente Luiz de Carvalho ......................................................... 64
ambiente moderno. O grande desafio está na capa-
cidade da equipe em ajustar a propriedade a esses Manejo de mato em cafeeiro: métodos e coeficientes técnicos utilizados
novos sistemas administrativos, criados para en- Elifas Nunes de Alcântara, Rodrigo Luz da Cunha e Rogério Antônio Silva ............................ 74
frentar estes novos tempos.
É com imensa satisfação que anunciamos este
Colheita e pós-colheita do café: recomendações e coeficientes técnicos
número do Informe Agropecuário, que reúne uma
série importante de informações técnicas que, te- Marcelo Ribeiro Malta, Sílvio Júlio de Rezende Chagas e Sara Maria Chalfoun ..................... 83
mos certeza, será de grande valia para técnicos e
produtores nos atos de planejamento e gerencia- Produtos fitossanitários: precauções na utilização e no manuseio
mento, entre outros, da cultura do cafeeiro. Paulo Rebelles Reis, Rogério Antônio Silva e Júlio César de Souza ........................................ 96

Paulo Tácito Gontijo Guimarães Informações úteis no planejamento e no gerenciamento da atividade cafeeira
Thiago Henrique Pereira Reis, Thaís Louise Soares e Paulo Tácito Gontijo Guimarães ............112

ISSN 0100-3364

Informe Agropecuário Belo Horizonte v.29 n.247 p. 1-128 nov./dez. 2008

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© 1977 EPAMIG Informe Agropecuário é uma publicação da
ISSN 0100-3364 Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais
INPI: 006505007 EPAMIG

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Mairon Martins Mesquita
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COMITÊ EDITORIAL DA REVISTA INFORME AGROPECUÁRIO EPAMIG, por este ou aquele produto comercial. A citação de termos
Mairon Martins Mesquita técnicos seguiu a nomenclatura proposta pelos autores de cada artigo.
Departamento de Transferência e Difusão de Tecnologia

Vânia Lacerda O prazo para divulgação de errata expira seis meses após a data de
Divisão de Publicações publicação da edição.
Maria Lélia Rodriguez Simão
Departamento de Pesquisa
Assinatura anual: 6 exemplares
Gladyston Rodrigues Carvalho
Programa Cafeicultura Aquisição de exemplares
Antônio Álvaro Corsetti Purcino Departamento de Negócios Tecnológicos
Embrapa Divisão de Produção e Comercialização
Trazilbo José de Paula Júnior Av. José Cândido da Silveira, 1.647 - Cidade Nova
Editor-técnico CEP 31170-000 Belo Horizonte - MG
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PRODUÇÃO E-mail: publicacao@epamig.br - Site: www.epamig.br
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TECNOLOGIA
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Informe Agropecuário. - v.3, n.25 - (jan. 1977) - . - Belo
EDITOR-EXECUTIVO Horizonte: EPAMIG, 1977 - .
Vânia Lacerda v.: il.
COORDENAÇÃO TÉCNICA
Paulo Tácito Gontijo Guimarães Cont. de Informe Agropecuário: conjuntura e estatísti-
ca. - v.1, n.1 - (abr.1975).
REVISÃO LINGÜÍSTICA E GRÁFICA ISSN 0100-3364
Marlene A. Ribeiro Gomide e Rosely A. R. Battista Pereira
Normalização 1. Agropecuária - Periódico. 2. Agropecuária - Aspecto
Econômico. I. EPAMIG.
Fátima Rocha Gomes e Maria Lúcia de Melo Silveira
PRODUÇÃO E ARTE CDD 630.5
Diagramação/formatação: Maria Alice Vieira, Fabriciano Chaves
Amaral e Letícia Martinez
Capa: Letícia Martinez
O Informe Agropecuário é indexado na
Foto da capa: Paulo Tácito Gontijo Guimarães AGROBASE, CAB INTERNATIONAL e AGRIS
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PUBLICIDADE Governo do Estado de Minas Gerais


Décio Corrêa Secretaria de Estado de Agricultura,
Av. José Cândido da Silveira, 1.647 - Cidade Nova
Pecuária e Abastecimento
CEP 31170-000 Belo Horizonte-MG
Telefone: (31) 3489-5088 Sistema Estadual de Pesquisa Agropecuária
deciocorrea@epamig.br EPAMIG, UFLA, UFMG, UFV

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Governo do Estado de Minas Gerais
Aécio Neves
Governador

Qualidade do café garante


Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Gilman Viana Rodrigues
Secretário

Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais maior valor de mercado


Conselho de Administração
Gilman Viana Rodrigues
Baldonedo Arthur Napoleão
Silvio Crestana O mercado de café apresenta elevada competição externa,
Adauto Ferreira Barcelos
Osmar Aleixo Rodrigues Filho uma vez que o seu consumo mundial é estável ou de pequeno cres-
Décio Bruxel
Sandra Gesteira Coelho cimento e o produto é uma commodity exportada por um grande nú-
Elifas Nunes de Alcântara
Vicente José Gamarano mero de países. Até a década de 1960, o Brasil era responsável por
Joanito Campos Júnior
Helton Mattana Saturnino
70% do mercado cafeeiro mundial. Atualmente, responde por, apro-
Conselho Fiscal
Carmo Robilota Zeitune ximadamente, 25% do café exportado. Diversos fatores contribuíram
Heli de Oliveira Penido
José Clementino dos Santos
Evandro de Oliveira Neiva para essa perda expressiva, com destaque para a falta de um padrão
Márcia Dias da Cruz
Celso Costa Moreira de qualidade dos cafés produzidos, o que num mercado altamente
Presidência competitivo é extremamente prejudicial.
Baldonedo Arthur Napoleão
Diretoria de Operações Técnicas O preço do café baseia-se em parâmetros qualitativos e varia
Enilson Abrahão
Diretoria de Administração e Finanças significativamente com a qualidade apresentada. A queda no preço,
Luiz Carlos Gomes Guerra
Gabinete da Presidência
por causa do mau preparo do café, pode alcançar um patamar de
Jairo Pereira da Silva Júnior
10% a 20%, quanto ao aspecto do produto, 40% em função da ava-
Assessoria de Comunicação
Roseney Maria de Oliveira liação sensorial (bebida) e até 60% em café de mau aspecto e bebida
Assessoria de Desenvolvimento Organizacional
Thaissa Goulart Bhering Viana ruim.
Assessoria de Informática
Renato Damasceno Netto A cafeicultura é uma atividade cara, de alto custo de implan-
Assessoria Jurídica
Nuno Miguel Branco de Sá Viana Rebelo
tação, com retornos que acontecem três a quatro anos após o plan-
Assessoria de Planejamento e Coordenação tio. Esta cultura no Brasil apresenta, também, competição interna. Em
Bethânia Elisa Amaral Rocha
Assessoria de Relações Institucionais todo o País, há variações nos modelos de produção, que vão desde
Júlia Salles Tavares Mendes
Assessoria de Unidades do Interior as lavouras tradicionais até as propriedades tecnificadas, verdadeiras
Álvaro Sevarolli Capute
Auditoria Interna
empresas que trabalham com técnicas de alto nível, dispondo de fer-
Carlos Roberto Ditadi
ramentas da administração e da informática para estarem ligadas ao
Departamento de Transferência e Difusão de Tecnologia
Mairon Martins Mesquita mercado e às bolsas.
Departamento de Pesquisa
Maria Lélia Rodriguez Simão Diante disso, torna-se imprescindível um melhor planejamento
Departamento de Negócios Tecnológicos
José Roberto Enoque e gerenciamento da propriedade cafeeira como garantia de um pro-
Departamento de Estudos Econômicos e Prospecção
Juliana Carvalho Simões duto adequado às exigências de mercado, bem como a utilização de
Departamento de Recursos Humanos
Flávio Luiz Magela Peixoto tecnologias capazes de proporcionar menores custos, maior produtivi-
Departamento de Patrimônio e Administração Geral
Mary Aparecida Dias dade e, principalmente, produtos com alta qualidade.
Departamento de Obras e Transportes
Luiz Fernando Drummond Alves Esta edição do Informe Agropecuário visa orientar o cafeicultor
Departamento de Contabilidade e Finanças
Celina Maria dos Santos a fazer um bom preparo do café, com tecnologias adequadas e in-
Instituto de Laticínios Cândido Tostes
Gérson Occhi e Nelson Luiz Tenchini de Macedo
formações pertinentes sobre a cultura e seu mercado, para obtenção
Instituto Técnico de Agropecuária e Cooperativismo
Marcílio Valadares
de um produto de boa qualidade e, consequentemente, de melhor
Centro Tecnológico do Sul de Minas preço.
Edson Marques da Silva
Centro Tecnológico do Norte de Minas
Cláudio Manoel Teixeira Vitor
Centro Tecnológico da Zona da Mata Baldonedo Arthur Napoleão
Plínio César Soares
Centro Tecnológico do Centro-Oeste Presidente da EPAMIG
Cláudio Egon Facion
Centro Tecnológico do Triângulo e Alto Paranaíba
Roberto Kazuhiko Zito

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Café de qualidade é fruto de planejamento
e organização
O secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA), Silas Brasileiro, é formado em Administração. Iniciou
suas atividades profissionais na área rural, com o cultivo de grãos, pecuária
leiteira e de corte, cultivo de eucalipto e, principalmente, cafeicultura.
Foi prefeito de Patrocínio, MG, sua terra natal, deputado federal por três
mandatos e diretor-executivo do Conselho Nacional do Café (CNC). Por
seu compromisso e dedicação à agricultura foi nomeado secretário de
Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, de
2004 a 2006, quando se destacou em diversas ações para a excelência da
agricultura mineira, em especial na implantação do Centro de Inteligência
do Café (CIC), em solenidade realizada na Bolsa de Mercadorias & Futuros
(BM&F), em São Paulo, e dos Centros de Excelência do Café nas cidades de
Machado, Patrocínio e Viçosa.

IA - O setor cafeeiro tem apresentado altos pelo menos através de cooperativas ou das atividades na propriedade. O que
custos de produção, desvalorização do associações. O produtor deve evitar poderia ser feito para que um maior
preço do produto, ocasionando grande arriscar-se muito em especulações com número de produtores tivesse acesso a
endividamento dos produtores. Como o mercado, principalmente se, para estes conhecimentos? 
o planejamento e o gerenciamento isso, tiver que recorrer a empréstimos Silas Brasileiro - A cafeicultura é
poderiam contribuir para evitar ou
com juros mais elevados fora das linhas provavelmente o setor agrícola melhor
minimizar esses problemas? 
governamentais especialmente estabele- organizado a partir da base. Praticamen-
Silas Brasileiro - Evitar os problemas cidas para o setor e que costumam ser te, todas as regiões produtoras contam
cíclicos que acontecem com o setor é administradas pelo Conselho Deliberati- com inúmeros seminários técnicos
muito difícil, mas, sem dúvida, pla- vo da Política do Café (CDPC), tendo em organizados por associações, sindicatos
nejamento e gerenciamento eficientes vista o bom andamento da cafeicultura. e cooperativas, assim como por outros
podem minimizar os efeitos das crises. Conhecendo bem seu orçamento, seus setores da iniciativa privada, tais como
A preparação de orçamentos, o efetivo custos e seu fluxo de caixa, o produtor exportadores, indústria, fornecedores
controle dos custos de produção, das pode administrar melhor seu negócio, de insumos, máquinas e equipamentos,
determinar cortes de custos mediante além dos governos federais, estaduais e
despesas gerais de administração e
opções de tratos culturais adequados a municipais. O produtor deve apoiar e
uma boa gestão do fluxo de caixa per-
cada situação, enfim administrar a situ- procurar integrar-se ao sistema de difu-
mitem uma visão mais adequada do
ação e não se deixar levar apenas pelos são de tecnologia e conhecimento, assim
negócio em si e o aproveitamento de
acontecimentos, ficando em situação de como apoiar o desenvolvimento de lide-
oportunidades de preços proporciona-
vulnerabilidade. É verdade também que ranças que colaborem no fortalecimento
das pelos mecanismos mais modernos
mesmo os produtores muito eficientes dessas organizações. O Ministério da
de comercialização, tais como Células Agricultura, Pecuária e Abastecimento
e competentes na gestão podem ser
de Produto Rural (CPRs), cobertura de (MAPA) apóia decisivamente essas ini-
pegos de surpresa em determinadas
riscos em bolsas, compra de insumos ciativas, liberando significativos recur-
situações.  
vinculados a entregas de produto, etc. sos para esse fim, por meio de convênios
Hoje, esses instrumentos estão disponí- IA - O domínio da informação e do conhe- previamente aprovados pelo CDPC. Ao
veis mesmo para produtores de médio e cimento técnico é básico para um per- produtor cabe fortalecer e fazer bom uso
pequeno portes, senão individualmente, feito gerenciamento ou planejamento dessas organizações e iniciativas. 
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IA - O café é uma commodity, cujo preço Silas Brasileiro - O Brasil tem uma e, assim, melhores condições de vida nas
é definido pela oferta e demanda, res- grande diversidade de regiões cafeeiras. diversas regiões brasileiras. 
tando ao produtor a opção de ajustar Essa característica, própria de um país
seus custos a um nível que lhe garanta de dimensões continentais como o nos- IA - A cafeicultura é importantíssima do
a sobrevivência para permanecer so, apresenta vantagens e desvantagens. ponto de vista social. Como podemos
na atividade. Como o produtor pode Possuímos várias qualidades de café incorporar a essa cultura competitiva
garantir maior participação nesta (por isso a expressão “Cafés do Brasil”) e desenvolvida os milhares de produ-
questão?  tores com baixo nível de produtivida-
e competitividades também diferencia-
de, cujas propriedades encontram-se
Silas Brasileiro - Eu diria que cabe das. Temos regiões que apresentam cus-
quase degradadas, por não usar o nível
ao produtor, mais que apenas ajustar tos menores, maiores possibilidades de
tecnológico adequado? 
seus custos, procurar sempre melhorar mecanização; outras em que, obrigato-
sua produtividade (que tem impacto no riamente, se deve investir em irrigação, Silas Brasileiro - Essa é uma situ-
custo) e a qualidade de sua produção, o umas mais e outras menos vulneráveis ação que podemos resolver em parte.
que pode melhorar os preços obtidos. em relação ao clima e tudo isso de certa Incorporar a todos é muito difícil, mas
Evidentemente, que essas sugestões po- forma nos fortalece, pois diversifica- o governo tem tentado. A elevação do
mos nossos riscos, pulverizamos nossa nível tecnológico utilizado e, conse-
dem parecer fora de propósito num mo-
produção gerando desenvolvimento quentemente, da produtividade exige
mento em que a crise já se instalou, dado
e empregos em diversas localidades. investimentos, financiamentos com ta-
que nessa hora pode ser tarde demais.
Por outro lado, temos regiões que se xas de juros baixas, assistência técnica,
Esse esforço deve ser uma constante,
tem mostrado pouco competitivas. No proteção de preços, proteção (seguro)
sempre. Esse tipo de atenção e preo-
contexto geral, cada região compete contra intempéries climáticas, e até
cupação é que distingue os produtores
com as demais, assim como um país políticas de compra de estoques. Uma
uns dos outros. Entendo que o produtor
compete com os outros. Um trabalho parte pequena de cafeicultores familia-
que participa ativamente de órgãos de
bem feito de zoneamento da expansão res é atendida com essas políticas pelo
classe, como associações, sindicatos
da cafeicultura, como o efetuado para a Programa Nacional de Fortalecimento
e cooperativas, tem maior chance de
cana-de-açúcar, poderia nos proporcio- da Agricultura Familiar (Pronaf). Esse
estar sintonizado com as práticas que o
nar a possibilidade de idealizar políticas ainda é um programa muito restrito e
tornarão mais resistente a crises. 
diferenciadas, incentivando, por meio temos dúvidas se tem sido realmente
da alocação de recursos de financia- efetivo, já que contempla apenas uma
IA - Um programa de certificação de pro-
mento, aquelas que apresentassem as pequena parte dos pequenos produto-
priedade assistido poderia melhorar a
características desejadas de competitivi- res, aqueles que não empregam. Talvez
gestão e o planejamento da atividade?
dade. Poderíamos também possibilitar a o objetivo mencionado pudesse ser
Que vantagens este programa traria
para o cafeicultor? 
reconversão de áreas menos propícias ao melhor alcançado ampliando-se a base
café, para atividades mais promissoras de produtores incluídos nesse tipo de
Silas Brasileiro - Não há dúvida a para essas regiões, como por exemplo, política e utilizando-se as cooperativas
esse respeito. Programas de certificação o plantio de eucalipto ou seringueira. É estruturadas para o mercado como ins-
sempre recomendam e incentivam prá- possível que esse tipo de planejamento, trumentos de políticas públicas que per-
ticas que melhoram a gestão adminis- considerando solo, clima, índice pluvio- mitissem difusão de tecnologia, acesso a
trativa e técnica da propriedade. Assim, métrico, topografia, logística e outras mercado, garantia de preços e a adoção
além do produtor ter acesso a melhores características, possa nos dar maior de mecanismos de proteção contra in-
preços, tem também acesso a melhores competitividade como um todo. Sempre tempéries, de forma mais consistente. A
práticas culturais e de administração. É lembrando que nossa Constituição pre- cafeicultura, infelizmente, é vista como
verdade que esses programas também vê a liberdade de empreender, ou seja, uma atividade de grandes produtores,
apresentam custos. Daí a necessidade que não poderíamos proibir a atividade mas na verdade é de pequenos. O café
de o produtor verificar previamente sua nesta ou naquela região, mas apenas apresenta preços considerados elevados
capacidade de, ao aderindo a um desses induzir, por meio de políticas públicas por saca, mas poucos percebem que os
programas, conseguir auferir seus bene- consistentes, o aumento da produção custos são elevadíssimos e, assim, a
fícios com rapidez.  em certas áreas e a diminuição em ou- renda líquida de um produtor que pos-
tras, mediante incentivos a atividades sui uma receita considerada elevada é
IA - Que benefícios poderiam advir de um que ali substituam o café. Nada fácil de muito baixa. E isso os tem excluído de
trabalho de zoneamento da cafeicul- conseguir, mas desejável no campo da programas governamentais que, para
tura brasileira, visando sua maior teoria, visto que estaríamos buscando serem mais justos teriam que abranger
eficiência e competitividade?   maior eficiência na agricultura em geral uma maior parcela da produção.
IInnffoorrmmee AAggrrooppeeccuuáárriioo,, BBeelloo HHoorriizzoonnttee,, vv..2299,, nn..224457,, jnuol .v/.a/ dg eo z. . 2 20 0 08 8

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IA - Como o gerenciamento da propriedade produção, especialmente na cultura do suporte aos produtores não constituem
cafeeira pode diminuir os impactos, café, produto cujo preço teve pífia va- uma defesa “de classe”, mas uma defesa
algumas vezes negativos, advindos da lorização ao longo dos últimos anos?  do setor produtor como um todo, que
legislação e das exigências trabalhistas desempenha importante função social.
e ambientais brasileiras?  Silas Brasileiro - A gestão do Minis-
E, apesar de fortes, têm-se mostrado
tro Reinhold Stephanes se posta como
Silas Brasileiro - Leis devem ser insuficientes.   
de defesa do agricultor. Isso tem sido
cumpridas e para isso devem ser devida- notório. A ação pessoal do ministro na
IA - Sendo também cafeicultor, que men-
mente conhecidas. Esse conhecimento prorrogação das dívidas, na diminui- sagem deixaria aos produtores que
é fundamental e um produtor que gere ção dos juros agrícolas, no combate são responsáveis pelo abastecimento
adequadamente sua propriedade deve- aos excessos dos preços de insumos, de milhões de mesas no Brasil e no
se esforçar para conhecer toda a legis- na criação do fundo de catástrofe para mundo? 
lação a ser aplicada à atividade. Uma proporcionar um seguro agrícola mais
gestão eficiente proporciona controle Silas Brasileiro - Continuo acredi-
efetivo, a criação dos adidos agrícolas
sobre o cumprimento da legislação, pon- tando muito na força do trabalho para
nas principais embaixadas, a adoção do
to a ponto. Por outro lado, algumas leis suplantarmos situações difíceis. A
Prêmio Equalizador pago ao produtor
realmente têm colocado os produtores situação atual exige a continuidade do
(Pepro), na elevação dos volumes de
contra a parede, dada a impossibilidade trabalho intenso que sempre percebi na
financiamento e, agora, na busca de
de seu cumprimento, ainda que o pro- cafeicultura. Reconheço no governo uma
soluções emergenciais para diminuir-
dutor se esforce para cumpri-las. Como atitude muito positiva de apoio ao setor
mos o impacto da crise na cafeicultura,
exemplos, anotamos alguns aspectos da produtivo. E considero a cafeicultura o
com certeza o distingue. O Ministro
legislação ambiental que podem invia- setor agrícola mais organizado a partir
sempre demonstrou preocupação com
bilizar atividades exercidas há muitos da base de produtores. A mensagem que
o comportamento dos preços do café,
anos e que colocam, às vezes, regiões deixo é a de continuarmos persistindo
que, realmente, não tem evoluído como
inteiras na ilegalidade, criminalizando nesse caminho de trabalhar arduamente
no caso de alguns outros produtos
os produtores: Áreas de Preservação Per- e fortalecer as instituições que apóiam
agrícolas. E os custos da cafeicultura nossa organização e que nos valorizam
manente (APPs) que superam áreas de
têm-se comportado de forma diversa, como um importante fator de contri-
reservas legais e inviabilizam a proprie-
subindo constantemente. O empobre- buição para a melhoria da qualidade
dade, atividades em áreas de topografia
cimento do cafeicultor é notório. Te- de vida nas regiões em que atuamos.
que exige APPs, como o café nas mon-
mos nos reunido com frequência para A cafeicultura tem uma importância
tanhas ou o arroz nas áreas alagadas. O
buscar soluções, mas as dificuldades social muito grande em nosso País e
governo tem-se preocupado muito com
têm sido muito grandes. O mercado isso deve nos orgulhar e incentivar a
isso, pois ao mesmo tempo em que lhe
não tem ajudado, apesar do equilíbrio continuar nessa luta e nessa atividade.
cabe exigir o cumprimento da lei, tam-
entre produção e consumo que temos Para isso devemos estar atentos ao que
bém lhe cabe possibilitar a atividade
observado. Os custos devem ser pagos nos compete, quanto à busca de maior
produtiva, que gera desenvolvimento,
pelos consumidores, mas a cafeicultura competitividade. O governo não conse-
empregos e distribui renda. Assim, além
sempre tem dificuldades de repassá-los gue suprir todas as necessidades que o
do papel a ser desempenhado pelo pró-
na medida de suas necessidades. Assim, mercado nos impõe. Aumentar a produ-
prio produtor, temos também o nosso.
o mais lógico seria a produção se retrair, tividade e buscar sempre a adoção de
E no que se refere às leis ambientais
diminuindo a oferta. No entanto, como técnicas que melhorem a qualidade de
nosso Ministério é parte de um grupo
já mencionei, por ser uma atividade nossa produção deve ser uma constante
composto também pelo Ministério do
de longo prazo, em que o produtor e, sem dúvida, nos ajudará muito. Estar
Meio Ambiente e de parlamentares, para
tem dificuldade de alternar para outra atento também aos mais modernos me-
adequar a legislação hoje existente às
cultura, a cafeicultura tem dificuldade canismos de comercialização da safra,
reais possibilidades das diversas regiões
para reagir tempestivamente. E nenhum assim como na compra dos insumos é
agrícolas. Este trabalho encontra-se em
governo conseguiria suprir essa defici- fundamental. A valorização do associati-
curso e é da maior importância. 
ência com medidas específicas, exceto vismo e do cooperativismo ajuda muito
IA - Como a atual gestão do Ministério da se tivesse completo controle da oferta, em todas essas necessidades.
Agricultura pretende agir com respeito o que não é o caso atual. As ações que
ao gradativo incremento dos custos de temos implementado, visando maior Por Vânia Lacerda

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 

Gerenciamento da propriedade cafeeira


Ricardo de Souza Sette 1

Resumo - As empresas, para continuarem existindo, terão que ser eficientes e efica-
zes, e produzir alimentos de qualidade a preços compensadores. Seus dirigentes de-
vem administrar a propriedade rural de acordo com o contexto do setor rural. Em
síntese: o produtor deve utilizar adequadamente os recursos internos - terra, animais,
plantas, máquinas e insumos, para obter produtos que sejam de interesse e adequados
aos consumidores; o produtor deve-se preocupar com o que acontece dentro e fora da
porteira, antes ou depois dela. Hoje, cada vez mais, os produtores rurais questionam
sobre: O que produzir? Quais atividades são mais adequadas à empresa? Quais são as
mais lucrativas? Qual é a combinação ideal dessas atividades na propriedade? Qual
é a vocação da propriedade? São questões cujas respostas podem ser encontradas na
aplicação dos conhecimentos gerados pela tecnologia da administração estratégica. A
empresa deve ser reestruturada, repensada e adaptada às constantes mudanças do am-
biente moderno. O grande desafio está na capacidade da equipe em ajustar a empresa
a esses novos sistemas administrativos, criados para enfrentar esses novos tempos. O
acompanhamento dos custos é uma tarefa indispensável na produção de qualquer bem
ou serviço. A exemplo do café, o preço das commodities é definido pela oferta e deman-
da, em que o produtor não exerce influência, restando apenas a opção de ajustar seus
custos a um nível que lhe garanta a sobrevivência.

Palavras-chave: Café. Administração agrícola. Administração rural. Custo. Eficiência.


Gestão.

INTRODUÇÃO existentes, à disposição do homem, de por meio do processo de troca.


maneira mais racional. Pessoas agrupam-se e organizam-se em
Administrar é uma atividade que está
Os homens, por natureza, na tentativa um espaço físico, uma sala, uma fábrica,
presente em todas as ações do homem.
de satisfazer suas necessidades, interesses uma escola, uma igreja, uma fazenda,
Desde a Idade da Pedra, que o homem, ao
e desejos, agrupam-se e organizam-se com o propósito de produzir, a partir de
se destacar dos demais animais pela sua
em instituições e organizações, cada qual uma matéria-prima, coisas que sejam
inteligência, administra os seus recursos. úteis para os outros ou para prestar ser-
se propondo a produzir algo ou prestar
A princípio o fogo, depois os alimentos serviços que satisfaçam às necessidades, viços. Como vários grupos se propõem a
e, mais tarde, todos os recursos necessá- interesses e desejos entre si. Trata-se de produzir os mesmos produtos ou a prestar
rios para a sua sobrevivência, evolução e necessidades de alimentação, de vestuário, os mesmos serviços, nasce a competição
progresso. Após a Revolução Industrial, de moradia, de locomoção, de educação, entre os diversos grupos, passando a exigir
no século 18, o progresso da ciência e o de lazer, de religiosidade, de solução de competência daquelas pessoas que fazem
aumento populacional dos últimos sécu- problemas, de afeto, estima, etc. Grupos de parte daquele grupo. Competência é, então,
los, o homem se viu obrigado a utilizar os pessoas se organizam das mais diferentes traduzida como agir com conhecimento e
recursos naturais disponíveis de maneira formas e estilos e procuram respeitar as dedicação, exigindo habilidades técnica,
mais racional. Surgiu daí a Ciência da Ad- regras emanadas a partir dos interesses humana e conceitual, tornando o grupo ou
ministração, que é a Ciência que pesquisa, dessas mesmas pessoas para satisfazer organização competitiva.
estuda e se preocupa em utilizar os recursos suas mútuas necessidades, isso acontece Todas as pessoas atuam como consumi-

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Engo Agro, D.Sc., Prof. Tit. UFLA, Caixa Postal 3037, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico: ricsouza@ufla.br

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 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

doras de produtos ou serviços para satisfazer organizações, provocando um desconforto que a empresa deve seguir para sobrevi-
suas necessidades, desejos e interesses e, entre dirigentes e trabalhadores, exigindo ver no ambiente futuro com todas as suas
como consumidoras, todas querem gastar o mais interação, questionamento e desenvol- variações, limitações e conseqüências.
mínimo de recursos (financeiros) possíveis. vimento, gerando, obrigatoriamente, como Pensa-se que os produtores rurais e admi-
Portanto, como consumidores, queremos a resultado, a falência das organizações que nistradores estão sempre preocupados com
nossa disposição produtos e serviços de alta não se adaptaram ao novo ambiente ou ao o futuro de suas organizações, mas traba-
qualidade e de baixo custo. Compraremos progresso das vencedoras. A administração lhos e pesquisas têm mostrado que isto
dos grupos que se organizarem e reunirem estratégica é o estilo de gerência que se nem sempre acontece. Muitos são apenas
condições de nos oferecer esses produtos. preocupa com a adequação das empresas saudosistas, enquanto outros se preocupam
Fatalmente, serão grupos competitivos, ao seu ambiente, como conseguirão agir tão-somente com o imediato. Aqueles
formados por pessoas competentes que de forma pró-ativa, construindo o futuro que estão realmente preocupados com o
buscam o conhecimento, dedicam-se ao do seu setor. É por meio da administração futuro têm que atuar de forma estratégica.
trabalho e utilizam os recursos de maneira estratégica que o empresário rural poderá O futuro será definido pela ação conjunta
eficiente e eficaz. acompanhar o processo de mudanças no das organizações, empresas e sociedade;
As empresas do setor rural não fogem mundo globalizado, sendo este o estilo que então o empresário deverá preocupar-se
a essa regra. Para continuar existindo terão predominará neste milênio. em fazer a sua parte para este futuro e o
que ser eficientes e eficazes, produzindo Hoje em dia, cada vez mais, os produto- que se observa é que a maioria acha mais
alimentos de qualidade a preços compen- res rurais questionam sobre: O que produ- cômodo deixar as coisas acontecerem do
sadores. Para isso, seus dirigentes devem zir? Quais atividades são mais adequadas que fazê-las acontecer. Omitir a definição
administrar a propriedade rural de acordo à empresa? Quais são as mais lucrativas? do futuro pode significar deixar que outras
com o contexto do setor rural. Em síntese: Qual é a combinação ideal dessas ativida- pessoas menos esclarecidas, ou governo,
o produtor deve utilizar adequadamente os des na propriedade? Qual é a vocação da bancos, fornecedores, compradores e
recursos internos - terra, animais, plantas, propriedade? São questões cujas respostas outros, definam o futuro das empresas. A
máquinas e insumos, para obter produtos podem ser encontradas na aplicação dos cadeia do agronegócio do café precisa, com
que sejam de interesse e adequados aos conhecimentos gerados pela tecnologia da urgência, se estruturar e agir de modo que
consumidores; o produtor deve-se preo- administração estratégica. construa o futuro do setor.
cupar com o que acontece dentro e fora da Pesquisas realizadas no Departamento Na cadeia do agronegócio, a análise do
porteira, antes ou depois dela. de Administração e Economia da Uni- ambiente geral deve abordar os aspectos
versidade Federal de Lavras (Ufla) têm políticos, econômicos, sociais e tecnoló-
GERENCIAMENTO NESTE
mostrado que, dentre os fatores que in- gicos do setor. No ambiente operacional
TERCEIRO MILÊNIO
fluenciam o desempenho econômico das deve-se levar em conta todas as organi-
A visão da propriedade rural no contex- empresas rurais, aqueles considerados zações que fazem parte do setor agroin-
to do agronegócio é a tônica do momento. fatores externos ou fatores incontroláveis dustrial, considerando-se sua estrutura de
Uma propriedade não vive isolada, mas - como clima, política, economia, etc., são fornecedores, produtores, distribuidores
sobrevive num contexto formado pelas de- os que têm exercido maior influência nos atacadistas e varejistas e os consumidores
mais propriedades rurais, as empresas for- resultados. atuais e potenciais. Para a compreensão do
necedoras de insumos, energia e serviços, A agricultura, pelas suas várias caracte- mercado e suas tendências deve ser anali-
as compradoras da produção e as empresas rísticas peculiares, a exemplo da terra como sado o comportamento dos consumidores.
e instituições que formam o ambiente em- fator de produção, dependência climática, Sendo o setor do agronegócio um dos mais
presarial. Os gestores devem conduzir caráter biológico da produção, grande nú- tradicionais e antigos, muitas mudanças e
o seu negócio dentro dessa dinâmica de mero de pequenas unidades de produção, adequações estão por acontecer, gerando
interação, levando em consideração todas produção de alimentos, etc., está sempre várias oportunidades para as empresas e
as mudanças que ocorrem e que possam exposta a maiores influências desses fa- organizações que querem fazer parte desse
ocorrer dentro deste contexto. tores. Daí a importância da estratégia na mercado no futuro.
As crises ou turbulências são provoca- administração das empresas rurais e, con- Independente de ser brasileira ou mun-
das pelas ações das organizações na tenta- seqüentemente, da propriedade cafeeira. dial, a verdade é que as mudanças têm ocor-
tiva de adaptarem-se às condições criadas A Administração Estratégica preo- rido cada vez mais rápidas; a convivência
pelas mudanças do ambiente. Este movi- cupa-se principalmente com o futuro da com a incerteza passa a ser uma constante
mento quebra a inércia e a comodidade das organização, procurando definir os rumos no dia-a-dia. A única certeza passa a ser a
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incerteza. Nesse contexto, o sucesso de mação do setor. Em ambientes mutáveis, apenas participar do mercado. Ele afirma
um negócio, inclusive da cafeicultura, ser adaptável não é suficiente. É necessário que, para isso, as empresas têm que pensar
baseia-se na criação de valor e de riqueza criar, ou pelo menos influenciar o setor de em criar padrões e não conseguir os já exis-
para as pessoas, o que significa assumir amanhã, para que este possa existir e a tentes. Para obter posições duradouras no
riscos, abandonar o velho e o ultrapassado empresa ocupar uma posição que lhe dê mercado, primeiro têm que criar relações
e inovar sempre. Estas decisões são as ver- certa vantagem competitiva (HAMEL; fortes com os clientes, fornecedores, distri-
dadeiras tarefas dos gerentes e executivos, PRAHALAD, 1995). buidores, revendedores, pessoas influentes
independentemente de estarem à frente A capacidade de previsão do futuro do no setor e membros da comunidade; têm
de empresas urbanas com tecnologia de setor ajuda os gerentes a definirem quais que tirar proveito da infra-estrutura, pes-
ponta, empresas rurais ou empresas que benefícios os clientes vão exigir, que novas soas e empresas-chave que fazem o setor
compõem o agronegócio. É, também, papel competências as organizações precisarão evoluir.
do administrador rural, ou do agronegócio, desenvolver ou adquirir para oferecer Para conquistar uma posição sólida,
abastecer o setor de informações e conhe- esses benefícios aos clientes e como deve precisam conhecer os participantes da
cimentos sobre as técnicas de gerência e ser configurada a interface com o cliente infra-estrutura do setor: os defensores ini-
propiciar condições para que seja criado o nos próximos anos. Segundo Sette (1999), ciais do produto, as redes de revendedores,
setor do futuro. apenas 46% dos jovens universitários bra- os distribuidores e fornecedores, bem como
sileiros tomam café. Se for um hábito ad-
Em uma economia globalizada e em analistas, expoentes do setor e jornalistas,
quirido nesta idade, como estará o mercado
mercados competitivos como os atuais, que controlam o fluxo de informações e
de café brasileiro daqui a 20 anos?
qualquer ação administrativa tem que as opiniões.
Hamel e Prahalad (1995) ainda dizem
ser conduzida de forma profissional e ser Para Hammer e Champy (1994), a
que a previsão do futuro do setor precisa
eficaz. O domínio de informações e o co- principal característica do ambiente das
ser fundamentada por uma percepção de-
nhecimento técnico, sobre as ações que se empresas que prosperaram e amadurece-
talhada das tendências nos estilos de vida,
pretendem estabelecer, são condições essen- ram nos últimos dois séculos era a de que a
tecnologia, demografia e geopolítica, mas
ciais para o sucesso de qualquer atividade demanda era maior que a oferta. O aumento
se baseia igualmente na imaginação e no
neste início de milênio. Qualidade não será do consumo de café deu-se basicamente
prognóstico. Para criar o futuro, uma or-
mais um diferencial competitivo, mas ape- em função do aumento demográfico, ou
ganização precisa, primeiro, desenvolver
nas o passaporte para entrar no mercado. seja, um crescimento em função do au-
uma representação visual e verbal poderosa
Além de melhorar, as empresas terão que mento da quantidade dos consumidores e
das possibilidades desse futuro. Os mer-
reinventar o seu setor. É preciso regenerar cados amadurecem, mas as competências do seu poder de compra. Em um mercado
as estratégias e reinventar canais, processos evoluem. aberto, propenso à compra e esperando ser
de produção, clientes, critérios de promoção A pesquisa de mercado é excelente para conquistado, não necessitava inteligência e
de gerentes e medidas para avaliar o suces- aprimorar conceitos de produtos existentes, inovação. Disciplina e trabalho árduo eram
so. Será necessário fazer a reengenharia do mas tem uso limitado para ajudar uma necessários para conquistar um mercado
setor onde a empresa atua. A principal tarefa empresa a direcionar melhor seus esforços que estava pronto e carente por produtos
da alta gerência é a reinvenção do setor e de desenvolvimento nos mercados emer- e serviços. Planejamento, controle e disci-
a regeneração da estratégia e não a reen- gentes. Hoje, em função da rapidez que plina eram os ingredientes necessários para
genharia de processos. O desafio principal ocorrem as mudanças, todos os mercados o sucesso empresarial.
é ser o autor da transformação do setor. A devem ser tratados como emergentes. Mudanças no ambiente empresarial,
cafeicultura precisa urgente de fazer isto, As empresas do setor de café devem desencadeadas principalmente pelo adven-
do contrário, vai ficar eternamente neste desenvolver uma estratégia coletiva, na to do consumidor exigente, têm provocado
processo de altas e baixas que se sucede há qual exige que os gerentes adotem uma profundas mudanças nas culturas empre-
mais de 200 anos. postura mais cooperativa e menos compe- sariais. Não interessa ao consumidor a es-
Esta visão reconhece que as empresas titiva em relação aos seus pares. Na visão trutura administrativa e, sim, os resultados
não competem apenas dentro das frontei- de Hamel e Prahalad (1995), a competição do trabalho da organização ou o valor que
ras dos setores existentes, mas competem deve acontecer mais entre os setores do que lhe é oferecido. Quando o foco passa a ser
para criar a estrutura dos setores futuros. entre as organizações. no consumidor, a cultura da organização
O desafio competitivo dentro do novo pa- McKenna (1993), comentando sobre tem de ser adaptada e apoiar na idéia de
radigma está não só na transformação estratégias de mercado, conclui que as transferência de valor para o cliente. O
organizacional, como também na transfor- empresas precisam criar mercados e não acordo obediência e dedicação em troca
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de segurança tem que ser mudado; no novo nos seus aspectos econômicos, tecnológicos, danças do ambiente moderno. O grande
sistema o cliente aciona o comando e todos sociais, políticos, legais e ambientais. desafio está na capacidade de a equipe
da empresa têm que trabalhar em função Cada propriedade tem suas caracterís- ajustar a empresa a esses novos sistemas
dele, ou seja, os próprios clientes decidem ticas próprias, seja no que diz respeito a administrativos, criados para enfrentar
o destino dos funcionários e não mais os terras, clima ou localização, seja no aspecto esses novos tempos.
chefes imediatos. O comando deixa de ser pessoal, em termos de conhecimentos, va-
uma comunicação comum na empresa e lores, hábitos e costumes dos proprietários O DIA-A-DIA DA
cada funcionário, com o seu conhecimento, e funcionários. Aproveitar o potencial e PROPRIEDADE CAFEEIRA
vai a todo o momento procurar atender o dimensionar corretamente as lavouras e
O processo administrativo relaciona-se
cliente. A empresa não terá mais condições estrutura de produção é o primeiro passo
às funções de planejamento, execução e
de dar estabilidade, segurança e continui- para o sucesso. Vale salientar que, nesta controle das tarefas e ações. As coisas só
dade para o funcionário, os clientes é que fase, os aspectos técnicos são decisivos e acontecem por meio de ações e estas devem
farão isto. O novo sistema vai recompensar extremamente importantes. O arranjo dos ser planejadas e controladas.
o dirigente que abrir mão do poder e o fun- campos e das benfeitorias pode definir a O planejamento deve ser executado em
cionário que proteger ou conquistar clien- capacidade competitiva da empresa no duas fases: primeiro a definição das metas
tes e mercados. O novo acordo será dado futuro. A adequação do sistema produ- e depois, do método. As metas devem ser
por iniciativa em troca de oportunidade: a tivo com máquinas apropriadas e bem quantificáveis cronologicamente e defini-
empresa oferece oportunidade e recursos dimensionadas, benfeitorias funcionais das em função da estruturação, das dispo-
educacionais para seus funcionários alcan- e compatíveis com o manejo pretendido, nibilidades da empresa e das tendências
çarem sucesso profissional e estes, por sua variedades produtivas, serão determinantes do mercado e do ambiente. Definidas as
vez, comprometem a exercitar a iniciativa na capacidade produtiva da propriedade. metas, passa-se ao método mais adequado
de oferecer valor ao cliente e lucros para Uma equipe de pessoas preparadas, com para atingi-las. O método é a parte decisiva
a empresa. papéis e funções bem definidas, e um sis- para a efetivação das ações. Um projeto
Esta nova forma de ação exige imagi- tema administrativo e de informações bem técnico ou o procedimento para execução
nação, flexibilidade e comprometimento estruturado complementam a organização de uma tarefa são exemplos da definição
com os resultados; obediência e dedica- e estruturação da propriedade. do método.
ção não são garantias de sucesso, quando Na estruturação da empresa, um fator A execução deve ser efetivada em três
quem manda é o cliente. O funcionário muito questionado hoje em dia, é se esta fases: primeiro, treinar para fazer; segundo,
passa a ser responsável pelo resultado e deve ser especializada ou diversificada. executar por meio de comando, liderança
não apenas pelo esforço que emitiu. Sem Ambas têm vantagens e desvantagens, o e motivação; terceiro, coletar dados para o
garantir sucesso para a organização é quase que mais deve pesar nessa decisão deve ser controle. Ninguém executa bem uma tarefa
impossível ter sucesso pessoal. As organi- a vocação da propriedade. O importante é se não souber executá-la e antes é neces-
zações devem estimular seus funcionários que a empresa deve ser boa naquilo que sário ser treinado ou, pelo menos, saber
a serem mais leais com os clientes do que faz; ser boa em uma atividade é melhor do como fazê-la. A execução, propriamente
com a empresa, pois é a única forma que que ser mais ou menos em três. O ideal é dita, será realizada por meio do comando
têm de prosperarem (HAMMER; CHAM- ser boa nas três, se a propriedade for favo- do superior hierárquico ou da decisão fun-
PY, 1994). rável a isto. Sempre tome cuidado para não damentada no planejamento. Para que uma
ser “pato”. O pato anda, nada, voa e não é ação seja bem executada, quem comanda
ESTRUTURAÇÃO DA
competitivo em nenhuma dessas ações. deve exercer liderança sobre o comandado,
PROPRIEDADE CAFEEIRA
Estruturada a empresa, passa-se à para que haja confiança, segurança e com-
Primeiro passo para uma gerência pro- operacionalização do seu dia a dia, o que, prometimento do executor, e ainda, este
fissional é definir a verdadeira vocação da tecnicamente, deve ser feito pela aplicação executor deve estar motivado para realizar
propriedade e se ela tem competência para do processo administrativo. aquela tarefa, ou seja, deve estar inteirado
explorar aquela atividade. Devem ser anali- Importante lembrar que, geralmente, do significado daquela tarefa para o suces-
sados a empresa, seus recursos de produção, a empresa já está estruturada e em fun- so da empresa. Todos os funcionários de
terra, lavouras, máquinas, seus recursos cionamento, o que torna mais complexa a uma empresa devem-se sentir membros
financeiros, o potencial da sua força de tra- execução dos passos aqui propostos. Mas, de uma equipe e saber o significado e a
balho, seu sistema de informações, seus re- frequentemente, ela deve ser reestruturada, importância do seu trabalho. Isso os ajuda
cursos mercadológicos e analisar o ambiente repensada e adaptada às constantes mu- a se sentirem importantes, satisfazerem às
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suas necessidades de auto-realização como o funcionário mais comprometido com a pósitos: primeiro passo é definir o propó-
trabalhador e serem felizes no seu traba- organização. sito do custo.
lho. Todos os funcionários devem saber a Para o controle e procedimentos das Existem custos econômicos, os quais
missão e as metas da empresa e se sentir ações corretivas, um sistema de coleta de são calculados para tomar a decisão de
membro de uma equipe com propósitos dados efetivo, torna-se fundamental. Dados entrar num negócio, onde devem ser con-
bem definidos. de consumo de matéria-prima, produção, siderados todos os gastos para a produção,
A última fase da execução trata da serviços de máquinas e de mão-de-obra e incluindo depreciações e a oportunidade de
coleta de dados. Precisa-se de dados para de despesas, investimentos e receitas são aplicar os recursos em outras atividades.
analisar e controlar o que foi executado. necessários para fazer um acompanhamen- Esses custos são importantes para a defesa
A coleta de dados faz parte da execução. to, controlar e realizar as devidas ações dos preços e é denominado por algumas
Os dados devem ser coletados de acordo autoridades como custo político.
corretivas dos processos.
com o sistema de informações organizado Existem custos gerenciais, os quais
São instrumentos indispensáveis para
e deve subsidiar a próxima fase, ou seja, são calculados com o objetivo de fornecer
a administração eficaz de uma propriedade
a de controle. informações para tomadas de decisões de
cafeeira:
Executada a tarefa e de posse dos da- quem já está no negócio. Trata-se de um
a) na área financeira: um fluxo de caixa custo por atividade, onde deve ser calcu-
dos, faz-se sua análise, comparando-se os
esperado e realizado, um demonstrati- lado o custo do café em suas várias etapas,
dados reais com as metas estabelecidas.
vo de resultados mensal, um balanço da lavoura até o terreiro, do beneficiamento
Se os dados da execução estão de acordo
patrimonial anual, controles de contas e da comercialização.
com o planejado, continua-se executando a pagar e a receber e um sistema de Para o cálculo do custo gerencial o
as tarefas como antes, porém, se os dados custos de produção; controle deve ser dividido por centros de
não estão de acordo com o planejado, b) na área de produção: um sistema de
responsabilidades: centros de lucro, cen-
passa-se para as ações corretivas. Inicia-se controle de estoques com destinação
tros de custos e centros de investimentos
com a verificação do método de execução, de insumos por lavoura de café, um
(Quadro 1).
detectando falhas, retreinando o funcioná- sistema de controle de máquinas e
Como centro de lucro (Quadro 2) tem
rio, modificando o método e chegando até à equipamentos, tanto para gastos como
a atividade café, como centros de custos
redefinição das metas. O importante é não para serviços prestados por lavoura, e
um controle da produção; (Quadros 3, 4 e 5) podem-se considerar a
perder a missão e buscar constantemente
c) na área de recursos humanos: um bom unidade de produção, a unidade de bene-
o ideal; aquele ideal que torna as pessoas
sistema de controle dos serviços reali- ficiamento, a unidade de comercialização,
competentes e a empresa competitiva no
zados, empregados cadastrados e lega- o trator, a colheita, as despesas gerais
seu setor.
lizados, com planos de cargos, funções administrativas e outras. E como centro
O planejamento trata-se de uma fase
e salários bem definidos. de investimento (Quadro 6), a formação
importante no processo e deve ser realizado
da lavoura, a compra de máquinas e a
com base em dados técnicos reais e confiá-
SISTEMA DEMONSTRATIVO DE construção de benfeitorias.
veis. Dados do passado ou de experiências
RESULTADOS E CUSTOS DO Para a determinação dos custos ge-
técnicas podem ajudar significativamente CAFÉ renciais, os seguintes dados devem ser
no planejamento. O planejamento deve
O acompanhamento dos custos trata-se levantados:
ser realizado de forma que otimizem os
resultados, sejam eles econômicos, sociais de uma tarefa indispensável na produção a) área da lavoura;
ou ambientais. de qualquer bem ou serviço. Na produção b) número de pés;
Para que o comando seja bem executa- de commodities, a exemplo do café, esta c) produção colhida;
do o trabalhador deve estar motivado para a atividade passa a ser primordial, uma vez d) serviços de mão-de-obra;
sua execução. Treinamento adequado, um que o preço das commodities é definido e) serviços de máquinas, tratores e veí-
plano de cargos com descrição clara das pela oferta e demanda, em que o produtor culos;
funções e tarefas são fundamentais para a não exerce influência, restando apenas a f) uso de insumos;
realização destas de forma adequada, sem opção de ajustar seus custos a um nível g) registro dos investimentos.
retrabalho e sem desperdícios. Um plano que lhe garanta a sobrevivência
de salários que contenha regras claras, Várias são as metodologias e sistemá- Os demonstrativos para elaboração dos
também é um instrumento que proporcio- ticas para determinação dos custos. custos do café podem ser observados nos
na mais garantia e segurança, o que torna Diferentes custos para diferentes pro- Quadros de 1 a 6.
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QUADRO 1 - Centros de responsabilidades para o cálculo do custo gerencial

Centros de lucro Café Gado Milho


Centros de custos
Produção, beneficiamento, comercialização
Colheita
Trator, DGA
Centros de investimentos
Máquinas, benfeitorias, lavouras
Depreciações (custos fixos)
NOTA: DGA - Despesa geral administrativa.

QUADRO 2 - Centro de lucro do café para o cálculo gerencial anual QUADRO 3 - Centro de custo do café (produção de café por ano) para
cálculo do custo gerencial
Centro de lucro do café Valor
(ano) Centro de custo de produção Mês Acumulado
Venda Estoque Total de café
(ano)
A - Receita do café
Bebida mole A - Custo variável
Quantidade (sacas) Salário + Encargos – Tratos
Preço Adubos
Bebida Dura Corretivos
Quantidade (sacas) Defensivos
Preço Fretes de terceiros
Bebida Rio Frete próprio
Quantidade Serviços de trator
Preço Despesas de colheita
Bebida Riada Diversos
Quantidade
Preço B - Custo fixo
Escolha Manutenção de cercas
Quantidade Manutenção da lavoura
Preço Depreciação da lavoura
Outras receitas (palha) Parcela DGA

B - Custo variável total C - Custo total


Produção (A + B)
Beneficiamento
Comercialização D - Produção (sacas beneficia-
das)
C - Margem de contribuição
(A – B) E - Custo/saca
(C / D)
D - Custo fixo total
Produção Índices
Beneficiamento Área plantada
Comercialização Número de pés
Quantidade de medida
E - Custo total (70 litros)
(B + D) Litros/Sacas beneficiadas
Produtividade (sacas/ha)
F - Resultado
(C – D) (A – E)
NOTA: DGA – Despesa geral administrativa.

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 13

QUADRO 4 - Centro de custos do café levando em conta as DGAs QUADRO 5 - Centro de custo do café (gastos na comercialização de
para cálculo do custo gerencial por ano café por ano) para cálculo do custo gerencial
Centro de custo: DGA Mês Acumulado Centro de custo: comercialização Mês Acumulado
(ano) de café
A - Custo variável (ano)
Salário administrador + Encargos A - Custo variável
Salário geral + Encargos Fretes próprios
Serviços de trator
Fretes de terceiros
Diversos
Taxa de armazenamento
B - Custo fixo
Taxa e impostos
Fretes de terceiros
Fretes de veículos próprios Diversos
Manutenção de benfeitorias
Materiais de escritório B - Custo fixo
Depreciações gerais Diversos
Taxas e impostos gerais
Depreciações
Depreciações
C - Custo total administrativo
C - Custo total
D - Rateio (A + B)
Café A
Café B
D - Sacas comercializadas
UBC
Gado
Milho E - Custo / saca comercializada
NOTA: DGA - Despesa geral administrativa; UBC - Unidade de be-
neficiamento do café.

QUADRO 6 - Centro de investimento do café por ano, para cálculo de custo gerencial
Centro de investimento
(ano)

Bens Centro Vida útil Depreciação

Máquina de café Beneficiamento


Trator Trator
Camionete DGA
Formação de lavoura Café
NOTA: DGA – Despesa geral administrativa.

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14 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

Gerenciamento como forma de garantir a


competitividade da cafeicultura
Glória Zélia Teixeira Caixeta 1
Paulo Tácito Gontijo Guimarães 2
Marcelo Márcio Romaniello 3

Resumo - Após os anos 90, pelo fato de a economia cafeeira mundial estar vivendo im-
portantes transformações, passaram a protagonistas da atividade cafeeira o empresário
empreendedor e a empresa inovadora. Empresas bem-sucedidas passaram a ser aque-
las que procuraram elevar seu nível de competitividade, por meio do aprimoramento
da qualidade de seu produto e dos serviços, reduzindo custos e orientando-se para as
necessidades dos clientes, em mercados cada vez mais exigentes. Hoje, os lucros dos
cafeicultores têm sido menores, por causa dos preços e do aumento da concorrência,
da volatilidade desses preços e da concentração vigente no mercado. É preciso baixar
custos e ter uma gestão estruturada em tecnologia. O produtor de café é um aceitador
de preços e, ao aceitá-los, precisa ajustar sua produção o mais eficiente possível. O
acirramento da competição exige do cafeicultor maior eficiência e esta será a condição
para se manter na atividade. O cafeicultor de sucesso precisa ser um bom observador,
um grande comerciante e ter a consciência de que a cafeicultura só será uma atividade
lucrativa, se for exercida com competência. O mercado de café é bastante exigente e não
dá margem para o amadorismo.

Palavras-chave: Café. Gestão. Agronegócio. Comercialização. Mercado.

INTRODUÇÃO implantação, com retornos acontecendo excepcionais para a especulação. Há, na


três a quatro anos após o plantio. A ca- atividade, um tempo de desequilíbrio de
O mercado de café apresenta elevada
feicultura brasileira apresenta, também, dois a três anos entre o plantio e a primeira
competição externa, uma vez que seu
competição interna. Nas regiões produtoras produção que faz com que a oferta tenda
consumo mundial é estável ou de pequeno
crescimento, e o produto é uma commodity de estabelecimento mais recente, onde é a responder mais tarde aos estímulos de
exportada por um grande número de países. constante a modernização, são sofisticadas preços. Esses fatores determinam grande
Por isso, os movimentos globalizantes de as técnicas administrativas de algumas variação no volume de produção desejado e
inserção internacional, que proporciona de- propriedades comandadas por executivos. fazem com que a oferta, num determinado
sestatização, desregulamentação, formação São verdadeiras empresas que trabalham momento, não seja adequada ou chegue
de blocos econômicos, com imposição de com técnicas de alto nível, dispondo de ao mercado quando os preços já foram
barreiras sanitárias, questões cambiais e a ferramentas da administração e da infor- alterados ou tornaram-se insatisfatórios.
deficiente estruturação da cadeia, têm inter- mática para estarem ligadas ao mercado Essas características, além de aumentar
ferência e exigem desenvolver estratégias e às bolsas. a concorrência, têm grande efeito sobre o
comerciais e mercadológicas específicas. A cafeicultura tem também variabili- processo de formação dos preços. Estes,
É uma atividade cara, de alto custo de dades de safras que constituem condições então, são determinados pelo mercado sem

1
Economista Rural, M.Sc. Pesq. EPAMIG - CTZM, Caixa Postal 216, CEP 36570-000 Viçosa-MG. Correio eletrônico: gcaixeta@mail.ufv.br
2
Engo Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG - CTSM, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico: paulotgg@ufla.br
Adm. Rural, M.Sc., Doutorando, Bolsista CBP&D-Café/EPAMIG - CTSM, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico:
3

mmr@ufla.br

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que o cafeicultor consiga, individualmente, quadamente cultivados, enquanto a maior Atualmente, ser competitivo é uma questão
controlá-los e, o produtor, ao aceitá-los rentabilidade consegue-se com uma ad- de sobrevivência, pois em ambientes incer-
precisa ajustar a sua produção o mais efi- ministração adequada, uma programação tos, como os de negócios, a organização
ciente possível. empresarial e uma comercialização efi- deve procurar alta performance por meio
A partir do ano 2000, uma nova onda ciente. Garantir competitividade consiste de renovação estratégica (CHIAVENATO;
tecnológica se estabelece na economia em buscar uma cafeicultura rentável por SAPIRO, 2003).
cafeeira brasileira que vem passando por meio de um adequado gerenciamento, que
importantes transformações. As empresas tenha como foco a qualidade, um ambiente AGRONEGÓCIO MUNDIAL DO
têm sido pressionadas a adotar posturas ecológico e que promova uma responsabi- CAFÉ
em um mercado que se preocupa, de lidade social, fatores que não só impactam O comércio mundial de café detém
forma crescente, não apenas com a mer- a empresa, mas que requerem planejamen- agentes com poder de oligopólio, tanto
cadoria que lhe é oferecida, em termos to, organização, direção e controle. Tam- do lado exportador como do importador,
de apresentação, qualidade e garantia de bém, é imprescindível uma administração comercializando produtos diferentes, maus
entrega do produto, mas também com o que promova operar com menores custos, substitutos. Há uma evidente concorrência
processo de produção, o perfil e com os comercializar eficientemente, administrar entre os vários tipos de café com as suas
efeitos sobre o meio ambiente. Hoje, o riscos e que saiba defender-se contra diferenças de qualidade, preços que dão
aumento da concorrência, a volatilidade mudanças bruscas de preços e ganhar em margem à substituição entre os tipos de
dos preços e a concentração no mercado produtividade. cafés concorrentes. A demanda mundial
vigente têm determinado lucros menores pelo café, por sua vez, expande-se a taxas
Investir em qualidade, tipo, bebida e
aos cafeicultores, dados os menores preços. muito baixas em razão da baixa elasticida-
ponto de seca e valorizar essa qualidade
É preciso baixar custos e ter uma gestão
garantida pela sua própria classificação; de da renda e pelo fato de ser consumido
estruturada em tecnologia. O acirramento
ter bom conhecimento da atividade e não por países ricos de pequeno crescimento
da competição está a exigir do cafeicultor
tentar adivinhar preços, são fatores deter- populacional. A expansão das vendas
maior eficiência como condição para se
minantes de competitividade. internacionalmente, diante das caracte-
manter na atividade. Na atual conjuntura,
Atenção também precisa ser dada ao rísticas da oferta e da demanda, tem sido
está sujeito a maiores riscos, o produtor
fato de que o mercado mundial tornou-se em função da substituição de produtos
com menor possibilidade de investir em
altamente competitivo. É preciso ter em concorrentes por meio da procura por um
tecnologia e com menor capacidade de
mente que o Brasil não é mais o único café que depende não só do seu respectivo
elevar a sua produtividade.
exportador do produto. Novos países preço, mas também do preço de outros
Para conviver e sobreviver nesse am-
entraram, investindo na qualidade e na tipos existentes no mercado. Além disso,
biente, o cafeicultor necessita dar ao seu
produtividade. É conveniente também estar há a utilização de estoques como forma de
negócio um caráter empresarial, produzir
atento para o fato de que é economicamente pressão sobre os preços. Existem também,
com eficiência técnica e econômica e,
inviável produzir café com produtividade no mercado, perturbações de natureza legal
com qualidade, atentando para o fato de
de 15 sacas por hectare e de que o produtor e comercial.
que o seu limite não é mais a porteira da
precisa ter um tamanho mínimo de lavoura, A partir da globalização, observaram-se
fazenda, mas um conjunto muito mais
para organizar o seu investimento. algumas tendências:
amplo de atividades e setores de toda a
cadeia produtiva. Precisa incorporar ações Deve-se organizar e fazer parte de um a) a nova ordem econômica mun-
e atitudes, em que a produtividade, o custo grupo, principalmente em se tratando de dial, que se impôs ao promover
e a eficiência, dentre outros, impõem-se pequenos cafeicultores. Não há mais lugar o crescimento da concorrência, a
como regras básicas de sobrevivência. Para para um indivíduo sozinho. Nas regiões desregulamentação generalizada
se adequar é preciso que o cafeicultor seja brasileiras mais dinâmicas, os cafeicultores dos mercados, as novas tendências
um empresário empreendedor. Empresas têm associações que buscam o seu merca- de consumo e a busca de produtos
bem-sucedidas são aquelas que procuram do, diferenciam e garantem a qualidade e diferenciados, saudáveis, que elimi-
elevar o seu nível de competitividade, o fornecimento do seu produto. na o trabalho doméstico, têm feito
aprimorar a qualidade de seu produto e Em resumo, a natureza da competitivi- com que o setor café, se adapte às
serviços, reduzindo custos e orientando-se dade mudou drasticamente nesses últimos contingências e exigências de um
para as necessidades dos clientes cada vez anos e continua a mudar de forma intensa. novo mercado;
mais exigentes. Não é mais possível utilizar velhas ferra- b) a rapidez da disseminação das infor-
A competitividade pode ser obtida mentas ou raciocínios ultrapassados na mações de mercado, das intempéries
pela alta produtividade de cafezais ade- busca da competitividade organizacional. climáticas, dos conflitos ou greves
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nos países produtores tem promovi- focadas em cafés tipo gourmet, orgânicos, muitas vezes, a melhor oportuni-
do efeitos imediatos. O dinamismo certificados ou de grãos para expresso. A dade, para regiões como a Zona da
das operações eletrônicas de compra Europa deteve 28% das importações desse Mata de Minas Gerais;
e venda torna maior a competição tipo de café em 2005. Nesse continente, e) é uma atividade que proporciona
e a competência dos segmentos a Itália detém 77% das exportações e a significativa melhoria nas condições
envolvidos, aumentando a instabili- França 14%. de vida da população brasileira, em
dade dos preços. Essa instabilidade, Historicamente, o País só exportava o conseqüência da grande capacidade
aliada à intensificação da relação café verde e o solúvel, entretanto, a indús- de gerar empregos;
produtor/cliente, influencia a for- tria do café está renascendo, com bons ca- f) permite processos diversificados
mação, o controle e a manutenção fés expressos de marcas brasileiras. Esses, de produção (café natural, cereja
de estoques; além de abrir novos mercados para uma descascado, orgânico, especiais,
c) concentração do setor industrial em atividade que era incipiente na pauta das robusta), além de diferentes origens,
conglomerados com grande influên- exportações brasileiras, permitem maior com cafés de características diferen-
cia nos países consumidores (grande agregação de valor e comprovam ganho ciadas;
concentração de indústrias com cada vez maior de espaço no segmento dos
g) requer melhor gerenciamento, que
intermediação da comercialização cafés de alta qualidade.
exige, até mesmo, planejamento
de café, inclusive com diminuição Grande parte das 1,1 mil torrefadoras
estratégico ou um posicionamento,
do número de grandes empresas do pulverizado mercado brasileiro, em
que visa à vantagem competitiva em
torrefadoras); 2005, com quase 2 mil marcas em todo o
relação ao concorrente;
d) incorporação ao mercado de países País, está procurando ampliar os negócios
com cafés de qualidade superior como h) é uma atividade cara, de alto custo
produtores com grande potencial de
forma de elevar as margens de lucro. As de implantação, com retornos em
produção e custos competitivos;
que investem em cafés especiais podem três a quatro anos após o plantio
e) desenvolvimento do mercado de e com atividades previstas durante
cafés especiais com ênfase na quali- obter melhores margens.
todo o ano;
dade e no respeito ao consumidor; Varejistas do mundo inteiro contatam,
via internet, com fabricantes brasileiros, i) tem grande instabilidade de preços e
f) interligação dos mercados finan- requer persistência por ser uma cul-
para diversificar seus fornecedores.
ceiros e de commodities, com a tura perene e não poder ser deixada
introdução do mercado de opções e de uma hora para outra;
AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
derivativos em seu comércio; DO CAFÉ j) é uma atividade na qual há grande
g) criação dos fundos de pensão como competição externa por parte dos
Apesar de ter características instáveis,
novo agente no mercado; vários países produtores, uma vez
a cafeicultura é uma atividade econômica
h) mudanças nos hábitos de consumo, que o consumo mundial é estável
no País, pois:
aparecimento de consumidores mais ou de pequeno crescimento.
a) apresenta alta densidade financeira
exigentes com formação de seg- Internamente, a cafeicultura vem
ou grande volume de dinheiro. En-
mentos de mercado voltados para o apresentando, nas regiões produtoras,
quanto o preço do arroz e do milho
consumo de cafés diferenciados. como Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro,
é de, respectivamente, R$ 15,00 e
O que vem acontecendo é que o setor R$ 25,00 a saca, o de café varia de Oeste baiano, uma constante modernização
café, por apresentar alto grau de interna- R$ 190,00 a R$ 260,00, às vezes com sofisticadas técnicas administrativas.
cionalização, com competição acirrada, chegando a R$ 300,00 a saca; As fazendas de café tornaram-se, muitas
especulação em torno dos preços e níveis vezes, verdadeiras empresas comandadas
b) é uma atividade rentável em peque-
crescentes de exigência, passou a exigir por executivos que trabalham com técnicas
na escala;
novas estratégias de atuação. de alto nível, dispondo de ferramentas de
A partir de 2004, o Brasil passou a ex- c) gera maior renda e emprego por administração e de informática para esta-
portar também café torrado e moído, sendo unidade de área. O número de em- rem ligadas, por exemplo, ao mercado e às
freqüente a estratégia de trazer profissio- pregos, em torno de 3,5 milhões, bolsas. Hoje, é intensa a profissionalização
nais de compra de diversos países, para um torna um dos setores com maior das grandes fazendas de café. No acompa-
contato direto com as indústrias torrefado- capacidade no País; nhamento dessa nova onda tecnológica que
ras brasileiras. Essas vendas centradas em d) é uma atividade adequada às topo- se estabelece, passam a atores protagonis-
encomendas de grandes redes varejistas são grafias acidentadas, constituindo, tas, o empresário empreendedor e a em-
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presa inovadora. Empresas bem-sucedidas empreendimentos, conhecer o mercado o custo, com a qualidade, com atenção à
são aquelas que procuraram elevar o seu global, buscar melhores oportunidades prioridade no atendimento ao consumidor
nível de competitividade, aprimorando a comerciais e esforçar-se para tornar a sua e competitividade em todos os segmentos
qualidade de seus produtos e serviços, propriedade mais produtiva, rentável e do setor. Houve crescimento do mercado
reduzindo custos e orientando-­se para lucrativa. interno que duplicou seu consumo para
atender às necessidades dos clientes em Essas ações de gerenciamento são cerca de 16 milhões de sacas anuais. Há
mercados cada vez mais exigentes. Mister típicas dos grandes produtores que, por algum avanço para um produto ecologi-
se faz, então, a reestruturação produtiva, a natureza, são mais empreendedores. Tanto camente correto, diferenciado e certificado
permanente inovação tecnológica com pro- o médio quanto o pequeno produtor, cultu- por origem. Mas, apesar do crescimento
dutividade, qualidade, tecnologia e recur- ralmente, desconhecem essas técnicas de do mercado de café com denominação
sos humanos qualificados, que constituem gestão da atividade de acompanhamento e de origem, da certificação, da crescente
novos parâmetros de competitividade. interpretação dos resultados obtidos e, por importância do mercado de café gourmet e
Atuar no mercado de café requer, portanto, isso, grande atenção deve ser dada a eles, do café expresso estar bastante difundido,
competência, eficácia e profissionalismo de no intuito de aumentar a sua eficiência. a exportação de grandes volumes é ainda
seus participantes. O café arábica brasileiro, que nos uma determinante do mercado brasileiro.
O aumento da concorrência, a vola- últimos trinta anos representou 30% das As novas oportunidades são ainda pouco
tilidade dos preços e a concentração no importações mundiais, passou a uma parti- aproveitadas no País.
mercado vigente têm determinado, hoje, cipação média de 24,1%, entre 1990/1998, A cafeicultura no Brasil tem grandes
lucros menores aos cafeicultores, dado os retomando para 30,1%, em 2006, enquanto perspectivas, pois nenhum país concorren-
menores preços. É preciso baixar custos e os outros cafés suaves chegaram a participar te tem um acervo tecnológico comparável
ter uma gestão estruturada em tecnologia. com 28,5% e os robustas, com 31,7%. Entre ao brasileiro. Há necessidade de divulgar o
O acirramento da competição está exigindo 1990/1998 e 2006 tiveram participação de produto. Hoje não se pode falar de “Café
do cafeicultor maior eficiência e esta será 31,74% e 26,27%, respectivamente. do Brasil” e sim de “Cafés do Brasil”,
a condição para se manter na atividade. A A competitividade da exportação bra- porque há texturas, sabores e aromas di-
competitividade pode ser obtida pela alta sileira de café está ainda condicionada à versos nos nossos cafés. O Brasil tem um
produtividade de cafezais adequadamente comercialização de uma matéria-prima grande potencial junto aos mercados em
cultivados e em maior rentabilidade, com pouco diferenciada, vendida em grandes crescimento, como os de cafés especiais.
administração adequada, programação volumes, diante de mercados globalizados Existem nichos de mercado que o Brasil
empresarial e comercialização eficiente. exigentes, de crescente segmentação por pode conquistar, desde que mostre, divul-
Na atual conjuntura, correm maiores riscos bebida, origens, formas e qualidade, con- gue e ofereça o produto brasileiro.
os produtores com menor possibilidade de fiabilidade e estabilidade do fornecimento Para acelerar o processo de mudanças
investir em tecnologia capaz de elevar a do produto. Até 1990 o setor (café brasi- devem-se definir melhor os canais de
produtividade. leiro) era totalmente controlado. comercialização, dar ênfase à qualidade e
Há, também, a necessidade de estar O setor brasileiro de exportação, apesar segmentar o mercado. O marketing deve ser
organizado, de fazer parte de um grupo. de ter a vantagem de deter uma rede comer- um processo de constituição sólida e não
Não há mais lugar para um indivíduo cial montada, que lida com grandes quanti- um processo promocional, pois a publici-
sozinho. Nas regiões mais dinâmicas, os dades, atua ainda com o rótulo de “vender dade e a promoção constituem apenas uma
cafeicultores têm associações, tais como defeitos” no café. Compete ao segmento pequena parte da estratégia de marketing.
o Conselho das Associações do Café do resgatar a imagem do produto brasileiro no A publicidade pode reforçar posições no
Cerrado (CACCER); Associação de Co- mercado externo para obter novas fatias, mercado, mas não criá-lo.
operativas do Sul de Minas; Associação seja em quantidade seja em qualidade. No- Para a constituição de posições dura-
Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) e As- vas oportunidades de comércio, entretanto, douras devem-se construir relações sólidas
sociações de Produtores de Café Orgânico. surgem para o café brasileiro, caracterizado com os fornecedores, os distribuidores e
Essas associações buscam o seu mercado, por ser mais encorpado, de menor acidez e os varejistas. A integração entre os forne-
diferenciam e garantem a qualidade e o próprio para as máquinas de café expresso, cedores e clientes poderá ensejar vendas
fornecimento do seu produto. disseminadas nos Estados Unidos, o maior para um determinado grupo de países
Para garantir competência e perma- consumidor mundial. consumidores e estimular a produção de
nência na atividade, deve-se ter um bom A reorganização da economia cafeeira qualidade.
conhecimento econômico e tecnológico da brasileira vem incentivando a certificação, Há que se considerar também que o
atividade. O cafeicultor do século 21 tem a regionalização e despertando o asso- potencial produtivo brasileiro somente
que buscar novos conhecimentos, realizar ciativismo. Hoje há a preocupação com poderá traduzir-se em riqueza se acompa-
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nhado de um crescimento no consumo. É trazendo também a experiência do prazer Brasil são exportados, ficando os grãos de
necessário que se conquistem mercados que apenas um café de qualidade oferece segunda classe para o consumo interno,
externo e interno e não apenas que se para quem o degusta. vem-se dissipando. Acredita-se no avanço
persista em exportar matéria-prima para Milhares de cafeterias foram abertas em do consumo de cafés finos no mercado
geração de renda e emprego em outros todo o País. Supermercados e delicatéssen interno e, apesar da baixa renda dos consu-
países. Precisam-se agregar ao produto estão dando mais espaço e destaque ao midores, o café conquista o mercado inter-
brasileiro valores relativos à tecnologia, produto. Esses fatos, bem como, cursos de no, tendo sido a motivação para qualidade
à pesquisa aqui desenvolvida e promover preparação, clubes goumerts, fizeram com fundamental para seu crescimento.
ações de marketing para mostrar ao mundo que o café se tornasse moda. As empresas Contudo, é preciso que o Brasil tam-
que o Brasil tem condições de oferecer os passaram a fornecer cafés para algumas bém zele pela proteção do mercado do café
melhores e os mais variados tipos de cafés. redes de supermercados com a marca do tradicional. Assumir, por exemplo, uma po-
Este ganho de motivação para qualidade é distribuidor ou um blend especial. sição de liderança para coordenar esforços
fundamental. As mudanças também ocorrem no que evitem grandes oscilações de preços,
O hábito do consumo de café no Brasil varejo, pois quanto mais específico o que é uma constância nesse mercado,
também passa por modificações. Os con- produto (matéria-prima), mais se estimula constitui ação propícia à sustentabilidade
sumidores brasileiros estão descobrindo as a qualidade que passa a ser um atributo da atividade cafeeira, ainda tão importante
qualidades do café especial e a preferência fundamental do mercado. e expressiva para o País.
pela bebida na forma de expresso vem O perfil dos consumidores de café mu-
constituindo oportunidades de negócio. dou nos últimos anos, no País. Essa mudan- GERENCIAMENTO COMO FORMA
A indústria torrefadora brasileira está-se ça tem favorecido as indústrias, sobretudo DE GARANTIR A COMPETITIVIDADE
modernizando e voltando para as novas as que investem em qualidade. Em 2003, NA ATIVIDADE CAFEEIRA
demandas do mercado consumidor, ofe- uma pesquisa semelhante apontou que 9% Todas as análises apresentadas deixam
recendo cafés diferenciados de melhor das pessoas consumiam café em cafeterias, claro que a competitividade do agronegó-
qualidade e maior valor agregado. A co- enquanto 91% consumiam o produto em cio brasileiro somente poderá ser alcan-
mercialização interna mudou de perfil com casa. Em 2005, os porcentuais mudaram çada, em bases sustentáveis, por meio de
a diferenciação do produto torrado e moído para 29% e 71%, respectivamente. Em práticas que promovam a eficiência e a
e a segmentação do mercado sendo explo- 2003, 17% dos pesquisados também con- eficácia em todos os segmentos, especial-
rada como estratégia concorrencial entre as sumiam café no trabalho, fatia que saltou mente as práticas gerenciais. É unânime
empresas torradoras, que vêm procurando para 27%, em 2005. também para a comunidade acadêmica e
abastecer o mercado com um produto de O Brasil, há mais de um século o maior empresarial a necessidade de adotarem
qualidade peculiar. Ao utilizarem-se da produtor e exportador de café do mundo, comportamentos menos adversos entre os
estratégia de aquisição da matéria-prima está expandindo seus negócios de café em agentes do sistema entre si e entre estes e
diretamente de cafeicultores ou de suas todas as direções. Aumentou a produção os poderes governamentais (BATALHA,
cooperativas, diferentemente de quando média anual, dobrou a produtividade, tor- 2001).
articulavam com corretores e intermediá- nou-se o maior vendedor de grãos de alta Os esforços devem-se juntar na busca
rios, poderão, dessa forma, ser oferecidos qualidade no mundo, ampliou o consumo da melhor coordenação do sistema, de
produtos diferenciados com garantia de interno, criou programas inovadores como modo que aumente sua capacidade de re-
manutenção do padrão da bebida. o Selo de Pureza e o Programa de Quali- agir às mudanças, que são cada vez mais
No mercado interno, tem ocorrido uma dade do Café, que estão sendo copiados rápidas no ambiente competitivo. Encon-
revolução que movimenta consumidores, em outras regiões produtoras do planeta. trar soluções e mecanismos que viabilizem
varejistas e empreendedores, com reper- Iniciaram-se as exportações de café torrado o alcance de resultados benéficos para
cussão em toda a mídia, para a formação e moído, com sucesso especial na oferta de todos os sistemas em geral e para todos os
de uma moderna cultura para o consumo cafés tipo goumert. O café em grãos, cujas segmentos em particular, é tarefa de todos.
do café. O consumo interno continua em exportações lideravam a pauta comercial O importante é compreender que a compe-
crescimento motivando desde os produto- brasileira até a década de 60, hoje divide titividade de cada segmento está relacio-
res até as indústrias, passando por comer- sua importância com inúmeros produtos nada com a competitividade do sistema
ciantes do grão, varejistas, distribuidores e do agronegócio e da indústria de trans- como um todo e que esta postura requer
clientes do food-service e da gastronomia. formação. mudanças gerenciais, para implementar
O café está enobrecendo-se novamente Também o cenário para o consumidor com eficiência e eficácia principalmente
como produto e hábito, junto com a arte, interno brasileiro está mudando. O concei- as decisões estratégicas e táticas. O que
a cultura, a política e o convívio social, to de que os melhores cafés produzidos no todos já entenderam é que não se podem
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utilizar hoje, neste ambiente altamente lógico, uma forte intuição, um faro sensível grande utilidade, pois isto ajudará em um
competitivo e dinâmico, os velhos modos para as oportunidades que exigem vontade posicionamento mais eficiente nas decisões
de gerenciamento. É preciso que as organi- de mudar e coragem para assumir riscos e de investimento na atividade, na alocação
zações renovem-se, à medida que o mundo responsabilidades. Estas são característi- de recursos na produção, bem como na
muda, os concorrentes inovam e os clientes cas do espírito empreendedor de todos os comercialização do produto.
exigem (CHIAVENATO; SAPIRO, 2003). gerentes do agronegócio do café. Há, no mercado de café, períodos de
Isso implica em mudanças que devem de- A despeito das adversidades conjun- preços altos e baixos durante o ano, o que
finir novas regras de gestão estratégica e turais do setor, deve-se tratar a questão caracteriza uma variação estacional ou
de inovação, tanto em relação ao ambiente como um problema gerencial. Sua solução sazonal bastante marcante.
interno quanto ao externo, sem perder de individual consiste numa análise do siste- O padrão estacional é um índice que
vista o sistema como um todo. ma de produção, para descobrir a natureza mostra, em porcentagem, a variação da
A Cooperativa Regional de Cafeicul- do problema, identificar suas causas e ir média dos preços anuais no período con-
tores em Guaxupé Ltda. (Cooxupé), numa em busca da solução. A identificação do siderado. Se o movimento real dos preços
forma de organizar melhor sua atuação, se- problema implica numa tomada de dados. concorda perfeitamente com a média do
lecionou e entrevistou seus cooperados que Solucionar um problema significa inves- período, isso seria mostrado por índices
eram empreendedores e que têm ganhado tigar as causas, tendo em conta dados e 100 para cada mês.
dinheiro com a cultura do cafeeiro. Estes fatos. O problema mencionado deve ser Outro desafio relaciona-se à comercia-
empreendedores relacionaram dez itens analisado: O cafeicultor da região tem alta lização do produto, pois dela depende em
importantes naquilo que consideravam ter produtividade, mas não está tendo lucro?” grande parte o sucesso do empreendimento
contribuído para seu sucesso na atividade, Vejamos: na cafeicultura. A comercialização é uma
a saber: etapa trabalhosa e arriscada pela incom-
a) ter o domínio das melhores técnicas Lucratividade = (Produtividade x preço) – preensão dos preços na hora da venda. É
para o cultivo do cafeeiro; custo conveniente, então, que a administração
dos riscos seja feita com eficiência. Ao
b) empregar rigorosamente todas as
Analise esta identidade ao longo de definir sua venda, o cafeicultor pode es-
técnicas necessárias;
uma série de anos. Determine, por exem- tar buscando rentabilidade, liquidez ou
c) ter o controle da produção e planejar plo, a amplitude de variação (diferença segurança.
a renovação do cafezal; entre o valor mais alto e o mais baixo da O gerenciamento, como forma de
d) ter rígido controle financeiro do série), a média e a relação destas. Compare garantir a rentabilidade na atividade cafe-
negócio; esses valores com o de um ano que tenha eira, deve ser realizado seguindo critérios
e) explorar ao máximo sua capacidade tido lucratividade. Verifique e explicite o eficazes para obter bons resultados.
de investimento e naquilo que foi que foi diferente. Verifique se realmente
existe o problema mencionado e qual Eficiência
investido;
das variáveis teve maior interferência no A eficiência é necessária para obter
f) trabalhar com equipes enxutas e de
problema. A confecção de gráficos ajuda uma cafeicultura rentável, que permita bom
menor custo fixo;
muito nesta visualização. Se o problema nível de vida para o cafeicultor com boa
g) planejar suas compras com antece- é produtividade procure uma orientação renda ao final da comercialização.
dência; técnica. Oriente-se pelos resultados de
h) acreditar na cafeicultura, trabalhan- pesquisa isentos de interesse comercial. Gerenciamento
do sempre focado nesta atividade; Se a maior discrepância relaciona-se ao
O gerenciamento hoje tem como foco
i) estar muito bem informado sobre custo, desdobre-o. Liste seus componentes.
a qualidade, ou seja, um menor número de
todos os aspectos do negócio; Verifique a amplitude da variação, a média
pessoas, em um ambiente ecológico e com
e suas relações. Compare o ano de menor
j) zelar sempre pelo meio ambiente, justiça social, fatores estes que impactam
custo e descubra de onde provém o seu
fator fundamental para a sustenta- a empresa e requerem:
problema. Descoberta a causa, arme uma
bilidade do negócio. a) planejamento: definição do futuro
estratégia de ação e aja no sentido de resol-
A tomada de decisão, que é o cerne da ver o problema. Se este refere-se ao preço, desejado e dos meios e recursos ne-
administração de qualquer organização, provavelmente não há como interferir. Há cessários para atingir os objetivos;
exige um conhecimento profundo da situ- que se conviver com a instabilidade de b) organização: divisão e alocação de
ação atual e de seus desdobramentos, uma preços vigentes na atividade. Nesse caso, o recursos (humanos principalmente)
maior capacidade de análise, um raciocínio conhecimento de seu comportamento é de existentes na empresa;
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c) direção: que lidera e motiva os comprar. Utilizar produtos mais baratos ou que se faz no mercado de ações. Os preços
subordinados para executarem com substitutos. Ao invés de comprar um Tria- podem ser preferidos considerando-se:
sucesso as atividades e tarefas que zol, comprar um Oxicloreto de Cobre, se rentabilidade, liquidez e segurança. Se o
lhe forem atribuídas; for o caso, para o controle da ferrugem. cafeicultor visa alta rentabilidade e quer
d) controle: verificar se tudo ocorreu obter o valor máximo pelo seu produto,
Comercialização do produto
como planejado. Verificar as ocor- deve preferir o preço no “pico”. Sua opção
rências, tanto as favoráveis quanto Para comercializar bem o seu produto, seria vender pelo maior pico, onde estaria
as desfavoráveis. informe-se sobre os preços vigentes. Não perseguindo a rentabilidade. Os preços
entregue o seu produto para o primeiro de venda que visam liquidez são aqueles
Alta produtividade comprador. Se o seu volume de produção é pelos quais se pode vender o produto em
Só se consegue alta produtividade pequeno, associe-se a um grupo de produ- qualquer tempo, desde que necessária a
com a utilização de tecnologia adequada tores ou filie-se a uma cooperativa. Solicite venda. Aquelas feitas visando segurança
ou tecnologia determinada por meio da à cooperativa que prove o seu café de modo são as que garantem o recebimento do seu
pesquisa. que saiba qual o tipo que está vendendo, valor combinado.
não precisando aceitar a classificação do Cada cafeicultor é um caso particular,
Meios de produção comprador. quanto à preferência por rentabilidade,
Acompanhe o mercado e espere o liquidez e garantia. Alguns podem acom-
Fazer com que a terra, a mão-de-obra,
os adubos, os fungicidas, os inseticidas, momento de maior preço. Em estudo feito panhar o mercado e esperar o momento de
etc. sejam bem aproveitados ou usados da pela EPAMIG (CAIXETA, 1990), utili- obter maior preço. Outros precisam vender
melhor maneira possível ou, ainda, tenham zando médias de preços de café em vinte imediatamente após a colheita, pois têm
alta produtividade. Dar a terra maior uso anos, constatou-se que os maiores preços que saldar compromissos de pagamento
(maior densidade de plantio). Observar ocorrem de dezembro a maio e os menores, relativos a custeio. Para estes o interesse é a
como trabalham os empregados. Aplicar entre junho e novembro. liquidez, ou seja, encontrar o comprador no
os adubos, fungicidas, inseticidas etc. na O sucesso do empreendimento na momento em que necessite do dinheiro.
quantidade certa, na hora certa. Orientar-se cafeicultura depende, em grande parte, da
por resultados de pesquisas e não por apelo comercialização do produto gerado. Há Época de venda
comercial de vendedores. sempre na comercialização a incerteza
Se o cafeicultor quer obter maior renta-
quanto ao preço que o produto atingirá ao
bilidade terá que vender o seu produto na
Menor custo fim do processo de produção. No Brasil,
época de “pico” de preço.
Obter menor custo pelo bom gerencia- há mais de 300 mil cafeicultores que todo
Tomando-se por base a experiência de
mento dos meios de produção, pela compra ano têm que vender seu café. Há sempre,
venda do cafeicultor e analisando-se as
correta dos fatores de produção e pela pes- por parte destes, a pergunta aos técnicos
tendências do mercado, pode-se dividir o
quisa do mercado desses fatores. Pesquisa que estudam a cafeicultura sobre época de
ano cafeeiro em períodos. Estes períodos
realizada pela EPAMIG (CAIXETA, 1980) venda do café ou se o preço está bom.
seriam:
comprovou, por meio de dados de dez anos, A comercialização do café, do ponto de
vista do cafeicultor, significa a última ope- a) agosto a novembro: período após
que o fertilizante usado na cafeicultura tem
ração da produção. É uma etapa incômoda, a colheita, quando acontecem as
menores preços entre dezembro e julho,
trabalhosa e arriscada, principalmente maiores vendas de café. O cafei-
sendo o mês de julho, o de menor preço.
pela incompreensão do sistema de preços cultor vende para saldar seus com-
Entre setembro e dezembro alcançaram
na hora da venda. Diversas firmas, com promissos e resolver o problema de
os maiores preços, porque este período
finalidades diferentes, negociam com o necessidade de dinheiro. É a época
corresponde ao plantio das culturas anuais
café. São exportadores, cooperativas, tor- de grande liquidez, mas os preços
para as quais se compra adubo. Portanto, o
refações, cafeicultores que comercializam são os mais baixos do ano. O mer-
cafeicultor deve evitar a compra de adubos
na época de sua aplicação, como a maioria diretamente ou por meio de corretores. Os cado é firme e comprador;
faz (entre outubro-dezembro) e comprá-los cafeicultores vendem para maquinistas, b) dezembro a abril: período em que a
logo após a colheita do café (junho-julho), torrefações, indústrias de solúvel e para maioria dos cafeicultores já vendeu
quando os preços são mais baixos. firmas exportadoras. Devido à complexi- seu produto. Restaram os de melhor
Boa política é, também, consultar dade do mercado de café, é conveniente condição econômico-financeira.
os preços dos insumos em várias lojas. que se faça a administração dos riscos Neste período acontecem os “picos”
Pesquise e questione os preços na hora de deste mercado de maneira semelhante ao de preços, mas o mercado é instável
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e, às vezes, “fica comprador” algu- c) ganho na produtividade e no custo deverá estar pronta e em boas condições,
mas horas, um dia ou uma semana, de produção: em anos de preços quando os preços voltarem à normalidade.
logo não tem liquidez. É nessa época baixos só os cafeicultores que têm
que os países importadores estão alta produtividade não se descapita- Certificação da propriedade
repondo estoques. Nesses países é lizam. Maior produtividade resulta Fazer a certificação em atendimento
inverno, ocasião de maior consumo em menor custo unitário do produto, às novas exigências do mercado, como
de café; o que permite maior ganho; rastreabilidade e modelo de produção.
c) maio a julho: o número de negócios d) investimento em qualidade, tipo, As certificações ganharão impulso com
é menor e a liquidez é pequena. bebida, ponto de seca: esses fato- suas exigibilidades quanto a aspectos que
O mercado apresenta-se nervoso. res chegam a representar até 25% envolvem a segurança alimentar e proce-
Ocorrem geadas e secas. O conhe- do preço do café; dimentos de produção, origem geográfica
cimento das safras futuras é im- e qualidade. Os produtos certificados têm
e) planejamento da comercialização:
atraído um número cada vez maior de con-
preciso, bem como o balanço dos ajuda na administração das ven-
sumidores em todo o mundo, o que abre
estoques nas mãos de particulares, das;
possibilidade de melhoria da imagem do
torrefadores e firmas exportadoras,
f) advinhações relativas a preços: empreendimento entre os consumidores
etc. Os produtores que vendem nesta
não fazer advinhações quanto aos e a sociedade.
época procedem como se estivessem preços; procurar informações. Para a certificação, alguns requisitos
em um jogo. Se acontece uma geada
básicos são exigidos, como a não contra-
forte e a época é de escassez, o pre-
Atividade tação de mão-de-obra infantil; ausência de
ço sobe e o cafeicultor tem grande
trabalho escravo; um sistema adequado de
rentabilidade. Conhecer bem a sua atividade. O cafe-
uso da água nos processos de irrigação ou
eiro tem um ciclo bienal, ou seja, produz
de lavagem e preparo do café, para evitar
Riscos de preços muito em um ano e menos no outro. Todos
a devolução aos rios e lençóis freáticos
conhecem o ditado que diz que o “cafeeiro
Administrar riscos de preços conside- desta água residuária sem ser tratada; trei-
um ano veste o seu dono, no outro ele se
rando os aspectos: namento específico para os funcionários
veste”. O cafeicultor precisa estar atento a
a) venda de maneira parcelada : das fazendas sobre todas as atividades,
esta característica. É preciso reservar di-
como o mercado de café tem grande principalmente para os que aplicam agro-
nheiro, obtido no ano de alta, para custear a tóxicos, além de especificações quanto à
variação de preços e de número de lavoura no ano de baixa produção, quando reserva ambiental e condições sociais dos
negócios no ano, é necessário deter- a receita do café é pequena e os tratos cul- trabalhadores.
minar a melhor estratégia para sua turais precisam ser realizados, da mesma Adotar um sistema de certificação, con-
comercialização. É conveniente fa- forma que em um ano de alta produção, tudo, demanda investimentos para adequar
zer uma diversificação nas vendas de para que se mantenha esta produtividade a propriedade às normas exigidas pelo
acordo com a situação do cafeicultor alta no ano seguinte. certificador. O negócio compensa, uma
e do mercado para, no final, obter
vez que se trata de um nicho de mercado.
um preço médio vantajoso. É pos- Manejo nos momentos de
Agricultores obtêm prêmios em relação ao
sível organizar as vendas de modo baixo preço
produto certificado comparado ao produto
que estas apresentem, em média, Procure influir ou alterar nestes mo- convencional.
certo grau de rentabilidade, liquidez mentos, desde que possível ou em deter-
e segurança compatíveis com o caso minadas condições, quando o preço do Regionalização por tipos
particular de cada cafeicultor; café estiver muito baixo, efetue certas de cafés
b) defesa contra as mudanças brus- práticas de manejo para reduzir seu custo. Agilizar a regionalização como fizeram
cas de preços por meio de finan- Por exemplo, quando os preços estiverem os produtores de vinho na Europa, o qual
ciamento de safra: a obtenção de baixo, faça as podas nos talhões que neces- é identificado de acordo com a região de
financiamento pode ser interessante sitarem e, com isso, vai haver redução das origem. Minas Gerais já tem legislação
por possibilitar a venda do produto outras práticas, como controle de doenças, sobre certificados de origem de café. O go-
em época mais propícia. Observe, menores adubações ou um aproveitamento verno de Minas criou o Programa Mineiro
entretanto, os juros. Veja se o que residual das adubações, etc. Nunca deixar de Incentivo à Certificação de Origens e
vai ganhar no preço é mais do que o de aplicar as práticas normais, quando os Qualidade do Café (Certicafé). O Cerrado
que vai pagar pelo financiamento; preços estiverem baixos, pois a lavoura de Minas já criou a sua marca (Café do
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Cerrado), transformando qualidade em de um valor adicional pela satisfação de de energia, em evitar fertilizantes solúveis
diferença de preço e criando história que desejos dos consumidores. industrializados e agrotóxicos, etc.
pudesse ser útil ao seu marketing (800 a Este mercado pode ser atendido por Em resumo, cabe ao produtor de café,
1.200 m de altitude e ausência de chuvas participações em Feiras e Congressos buscar maior eficiência, profissionalismo,
na colheita). Também os cafés do Sul de de Cafés Especiais nos Estados Unidos, adequada administração e comercialização
Minas, das Matas de Minas, etc. contam Europa e Japão, onde se podem fazer os na condução da cafeicultura. Ações em
com o certificado. contatos com os clientes. grupo, melhoria da imagem do produto
A internet poderá permitir uma redução e da região, diversificação por tipo de
Intensificação da produção desta intermediação ao oferecer a informa- produto e segmentação do mercado (qua-
de cafés especiais lidades diferentes nos diversos mercados)
ção detalhada e a rastreabilidade que este
Cada vez mais consumidores trocam o mercado demanda, o que nos faz supor um são imprescindíveis. Ações pertinentes à
chamado café commodity (matéria-prima), grande potencial para um novo sistema de sustentabilidade podem consistir em:
pelo café fino ou gourmet. Os mercados comercialização. Por meio da internet, o a) organização dos produtores: para
consumidores desse tipo de café crescem comprador pode ter acesso a um banco de compra e comercialização coletivas
a uma velocidade superior à do merca- dados que mostra como foram produzidos por promover maior retorno econô-
do produtor e a sua maior procura tem os lotes ofertados, com informações sobre mico e oferecer condições de avanço
determinado um sensível diferencial de o produtor e sobre sua fazenda, localização na melhoria da produtividade e qua-
preço. A despeito disso, apenas cerca de com altitude e dados da ecologia da região, lidade do café e, consequentemente,
7% da produção mundial é destinado para referenciais a fotos e mapas, descrição do maior renda;
atender a este mercado, tendo o Brasil sistema de produção, além da avaliação b) venda no momento certo: dire-
condições para o seu cultivo. Não existe, qualitativa do produto. tamente a exportadores, evitando
mundialmente, disponibilidade para o seu Para o desenvolvimento sustentado do especulações;
amplo cultivo. comércio eletrônico de café, é necessário c) valorização da qualidade: garanti-
Cafés especiais, entretanto, requerem desenvolver uma certificação de qualidade da pela sua própria classificação;
mais cuidados, seja na seleção dos grãos, diferente da que tradicionalmente se faz. d) diminuição de custos das opera-
na maneira como são preparados, nos A maneira correta de agregar valor a uma ções de venda: particularmente de
métodos de cultivo e na associação com sa- commodity, comercializada pela internet, transporte;
bores. Atingir o mercado de cafés especiais deve ser a diferenciação por meio da garan- e) ter acesso às informações e às
(gourmet) tem parte da resposta passando tia de um padrão de qualidade, com base análises de mercado: quando for
pela produção de um café de boa qualidade em uma certificação independente. vender seu café.
organoléptica, em termos de aroma e sabor, O mercado de cafés especiais é, portan-
O cafeicultor de sucesso precisa ser um
com características sensoriais únicas que to, uma opção para o produtor que estiver
bom observador, um grande comerciante
permitem que seja identificado pelo que capacitado a produzir uma qualidade su-
e ter consciência de que a cafeicultura só
é. Para a produção de cafés especiais, ne- perior, diferenciada.
é uma atividade lucrativa se for exercida
cessita-se de um melhor conhecimento das
Mercado de café orgânico com competência. O mercado de café é
exigências dos consumidores e contatos
bastante exigente e não dá margem para
diretos, por meio de relacionamentos mais Deve-se entrar neste mercado, pois o amadorismo.
modernos. Suas ações devem-se basear, a agricultura orgânica cresce nos EUA,
principalmente, na garantia de oferecer Europa e mesmo no Brasil. REFERÊNCIAS
um produto vindo diretamente do produtor, Os aspectos econômicos da agricultura
BATALHA, M.O. (Coord.). Gestão agroin-
com atendimento personalizado ao cliente, orgânica são considerados no contexto
dustrial. São Paulo: Atlas, 2001.
seja ele um torrador ou um importador, de medidas destinadas a não agredir o
CAIXETA, G.Z.T. Tendências de preços, sa-
nos países consumidores. Esse conceito meio ambiente, no uso de defensivos
zonalidade e relação de trocas no mercado
oferece a garantia de consistência do pro- alternativos, em manter a fertilidade do
cafeeiro de Minas Gerais, 1979-1988. Revis-
duto, além de facilitar a sua rastreabilidade, solo, no uso de técnicas apropriadas para ta de Economia e Sociologia Rural, Brasí-
cada vez mais importante nos mercados empregar intensivamente a mão-de-obra, lia, v.28, n.1, p.123-142, jan./mar. 1990.
desenvolvidos de produtos alimentícios. A na utilização do fator capital de forma CHIAVENATO, I.; SAPIRO, A. Planejamen-
certificação, a garantia de origem e a qua- menos intensiva que nas estruturas mais to estratégico: fundamentos e aplicações.
lidade do café estão associadas à obtenção mecanizadas, que requerem uso intensivo Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ABIC. Brasil será maior consumidor mundial


de café até 2010. Rio de Janeiro, 2007. Dispo-
nível em: <http://www.abic.com.br/noticias/
nota_consumo_150507.html>. Acesso em:
5 maio 2007.
CAIXETA, G.Z.T. Café: como conviver com
a instabilidade. Lavras: EPAMIG-CRSM,
1996. 4p. (EPAMIG-CRSM. Circular Técni-
ca, 70).
______. Como ter uma cafeicultura rentável.
Lavras: EPAMIG-CTSM, 1998. 4p. (EPAMIG-
CTSM. Circular Técnica, 90).
______. Competitividade do café brasilei-
ro no mercado internacional. Viçosa, MG:
EPAMIG-CTZM, 1999. Palestra apresentada
na UFLA.
______. Comportamento atual do mercado
de café. Informe Agropecuário. Cafeicultu-
ra: tecnologia para produção, Belo Horizon-
te, v.19, n.193, p.9-13, 1998.
______. Economia cafeeira, mercado de
café, tendências. In: ENCONTRO SOBRE
PRODUÇÃO DE CAFÉ COM QUALIDADE,
1., 1999, Viçosa, MG. Livro de palestras. Vi-
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aspectos econômicos atuais da atividade
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época de crise. In: ZAMBOLIM, Z. (Ed.).
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lidade. Viçosa, MG: UFV, 2001, p.1-24.
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cadeia agroindustrial de café no Brasil na dé-
cada de 90. In: GOMES, M.F.M.; COSTA, F.A.
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cio. Viçosa, MG: UFV, 1999. p. 177-187.
______; ROSADO, P.L.; LIMA, J.E. de, GO-
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o mercado mundial do café. Informe Agro-
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Normas e padrões para a comercialização


de sementes e mudas de cafeeiro em Minas Gerais
Gladyston Rodrigues Carvalho 1
Paulo Tácito Gontijo Guimarães 2
Ângela Maria Nogueira 3
Juliana Costa de Rezende 4

Resumo - As normas e padrões do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimen-


to (MAPA) para a comercialização de sementes e mudas de cafeeiro em Minas Gerais
iniciam uma nova fase da legislação de sementes e mudas no Brasil. Serão apresenta-
das informações sobre inspeção para a produção de sementes e mudas de cafeeiros,
normas e padrões para a produção de sementes básicas e fiscalizadas de cafeeiros, nor-
mas para coleta de raízes em mudas e avaliações de nematóides.

Palavras-chave: Café. Legislação. Semente básica. Semente fiscalizada. Muda.

INTRODUÇÃO reflexos negativos durante toda a vida da ração de propostas de mudanças. Nesse
cultura. Devido a essa importância, vários sentido, a Lei no 10.711, de 5 de agosto de
O aumento da produção e a melhor
trabalhos e programas foram e têm sido 2003 (BRASIL, 2003), que dispõe sobre
qualidade do produto agrícola representam
desenvolvidos com o objetivo de produzir o Sistema Nacional de Sementes e Mudas
requisitos básicos esperados e solicitados
mudas bem nutridas, sadias e vigorosas. (SNSM), o Decreto no 5.153, de 23 de
pela sociedade. À medida que a população
aumenta, cresce a necessidade de produção A estruturação do Programa Nacional julho de 2004 (BRASIL, 2004a), que a
de maior quantidade de alimentos. Em mui- de Produção de Sementes e Mudas no regulamentou, e as Normas para Produção,
tos países, a expansão das áreas de plantio País teve seu início com a criação da Lei Comercialização e Utilização de Sementes
é inviável e a alternativa que se apresenta Federal no 6.507, de 19 de dezembro de aprovadas pela Instrução Normativa no 9,
é a elevação dos índices de produtividade. 1977 (BRASIL, 1977), regulamentada pelo de 2 de junho de 2005 (BRASIL, 2005a),
Em vista disso, deve-se ressaltar a sig- Decreto no 81.771, de 7 de junho de 1978 do Ministério da Agricultura, Pecuária e
nificativa parcela de contribuição que o (BRASIL, 1978), que instituiu os Sistemas Abastecimento (MAPA) deram início a
uso de sementes e de mudas melhoradas de Produção de Sementes e Mudas Certifi- uma nova fase da legislação de sementes
pode oferecer em termos de qualidade cadas e Fiscalizadas. no Brasil. A Instrução Normativa no 24
e acréscimos de produção, constituindo O novo cenário econômico, as mudan- do MAPA, de 16 de dezembro de 2005
novos fatores de sucesso da produção, ças tecnológicas ocorridas nas últimas dé- (BRASIL, 2005b) dispõe sobre as normas
que expressam benefícios na utilização de cadas e a adoção da Lei Federal de Proteção para a produção, comercialização e utili-
tecnologias (REIS et al., 2005). de Cultivares – Lei no 9.456, de 25 de abril de zação de mudas e o Decreto no 33.859, de
Dentre os fatores que contribuem para o 1997, e Decreto no 2.366, de 5 de novembro 21 de agosto de 1992 (MINAS GERAIS,
sucesso da cultura do cafeeiro, a formação de 1997 (BRASIL, 2007ab) –, dentre outros 1992a), viabiliza as atividades de inspeção
de mudas tem papel preponderante, pois fatores, determinaram a necessidade de da produção de sementes e mudas fiscali-
qualquer erro cometido nesta fase trará discussão do modelo existente e da elabo- zadas de cafeeiro.

1
Engo Agro, D.Sc., Pesq.EPAMIG-CTSM/Bolsista FAPEMIG, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico: carvalho@epamig.ufla.br
2
Engo Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTSM, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico: paulotgg@ufla.br
3
Enga Agra, D.Sc., Bolsista CBP&D-Café/EPAMIG-CTSM, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico: fardim02@yahoo.com.br
4
Enga Agra, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTSM, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico: julianacosta@epamig.br

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INSPEÇÃO PARA A PRODUÇÃO res familiares, os assentados da reforma As categorias, semente genética, básica
DE SEMENTES E MUDAS agrária e os indígenas que multipliquem e certificadas de primeira e segunda gera-
sementes ou mudas para distribuição, troca ções poderão originar as duas categorias
Os produtores registrados e creden-
ou comercialização entre si, ficam dispen- da classe não certificada (sementes S1
ciados para a produção de sementes e/ou
sados da inscrição no Renasem. e S2). Nesse caso, a multiplicação das
mudas fiscalizadas têm suas lavouras e/ou
O produtor que estiver inscrito no Re- sementes poderá ser feita no máximo por
viveiros inspecionados pelo órgão respon-
nasem terá responsabilidade na produção, duas gerações.
sável pela inspeção da produção, objeti- zelando pelo controle de identidade e quali- De acordo com a Portaria no 863 do
vando a verificação do estado de sanidade, dade das sementes e mudas. Estas deverão Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA),
pureza varietal e demais fatores constantes ser identificadas como “Semente de” ou de 29 de agosto de 2007 (IMA, 2007a),
dos padrões de lavouras e mudas. “Muda de”, acrescida do nome comum da que disciplina a produção, a entrada, o
A Lei Federal no 10.711 (BRASIL, espécie e cultivar/clone. comércio e o trânsito de mudas de cafeei-
2003), que instituiu o SNSM, que tem No processo de certificação, as semen- ros no estado de Minas Gerais, e o art. 13,
como objetivo garantir a identidade e a tes e as mudas poderão ser produzidas, inciso X, do Regulamento baixado pelo
qualidade do material de multiplicação e conforme as seguintes categorias: Decreto no 43.415, de 4 de julho de 2003
de reprodução vegetal produzido, comer-
a) semente genética: material de repro- (MINAS GERAIS, 2003), é obrigatório o
cializado e utilizado em todo o território
dução obtido a partir de processo cadastro dos viveiros de produção de mu-
nacional. O SNSM possui várias funções,
de melhoramento de plantas, sob a das de cafeeiros do Estado, identificando o
tais como Registro Nacional de Sementes
responsabilidade e controle direto do destino das mudas, se para plantio próprio
e Mudas (Renasem); Registro Nacional de
seu obtentor ou introdutor, mantidas ou para o comércio. No caso de mudas
Cultivares (RNC); produção, certificação,
as suas características de identidade produzidas para plantio próprio, o produ-
análise, comercialização e utilização de
e pureza genéticas; tor deverá apresentar ao IMA declaração
sementes e mudas, como também fisca-
b) semente básica: material obtido da comprobatória.
lização de todas estas etapas, cabendo ao reprodução de semente genética, Para a entrada, o comércio e o trânsito
próprio MAPA fixar valores e formas de realizada de forma que garanta em território mineiro de mudas de cafeei-
arrecadação. sua identidade genética e pureza ros é necessária a Permissão de Trânsito
De acordo com o art. 37 desta mesma varietal; Vegetal (PTV). Essa PTV é fundamentada
Lei, estão sujeitas à fiscalização, pelo c) semente certificada de primeira ge- no Certificado Fitossanitário de Origem
MAPA, as pessoas físicas e jurídicas que ração (C1): material de reprodução (CFO), com relação ao Meloidogyne spp.,
produzam, beneficiem, analisem, embalem, vegetal resultante de semente básica ou seja, deverá constar na declaração
reembalem, amostrem, certifiquem, arma- ou de semente genética; adicional do CFO e da PTV que as mudas
zenem, transportem, importem, exportem, d) semente certificada de segunda ge- estão isentas de nematóides do gênero
utilizem ou comercializem sementes ou ração (C2): material de reprodução Meloidogyne.
mudas. A fiscalização de que trata este vegetal resultante de semente genéti- Para isso, o engenheiro agrônomo res-
artigo é da competência do MAPA e será ca, de semente básica ou de semente ponsável pelo viveiro e pela emissão do
exercida por um fiscal capacitado, de aná- certificada de primeira geração; CFO deve fazer a coleta de amostras de
lise de sementes ou de mudas, amostrador e) planta básica: material de reprodu- raízes das mudas de cafeeiros e remetê-las
e responsável técnico. ção obtido a partir de processo de para análise em laboratório credenciado
melhoramento de plantas, sob a
O próprio MAPA credencia, junto ao pelo IMA.
responsabilidade e controle direto do
Renasem, pessoas físicas e jurídicas que A metodologia para a coleta das amos-
seu obtentor ou introdutor, mantidas
atendam aos requisitos exigidos no regula- tras de raízes das mudas de cafeeiros para
as suas características de identidade
mento desta Lei, para exercer as atividades análise laboratorial deverá seguir, obriga-
e pureza genéticas;
de responsável técnico; entidade de certifi- toriamente, os seguintes passos:
f) planta-matriz: planta fornecedora de
cação de sementes e mudas; certificador de material de propagação que mantém a) a totalidade das mudas do viveiro é
sementes ou mudas de produção própria; as características da planta básica da dividida em lotes de, no máximo,
laboratório de análise de sementes e de qual seja proveniente; 200 mil mudas e cada lote é subdi-
mudas; amostrador de sementes e mudas. g) muda certificada: muda que tenha vidido em quatro parcelas;
As pessoas físicas ou jurídicas, que sido submetida ao processo de certi- b) cada parcela é amostrada, individu-
importem sementes ou mudas para uso ficação, proveniente de planta básica almente, para análise de fitonema-
próprio em sua propriedade, os agriculto- ou de planta-matriz. tóides do gênero Meloidogyne. Em
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26 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

cada parcela é retirado um mínimo QUADRO 1 - Padrão de sementes básicas e fiscalizadas de café
de 0,1% do total das mudas. A amos- Fatores Índice de tolerância
tra mínima a ser analisada é de 30 Pureza 98% (mínimo)
mudas para cada parcela.
Germinação ou sementes viáveis (teste de tetrazólio) 70% (mínimo)
A coleta da amostra é realizada nos Sementes cultivadas
canteiros e a parcela que tiver mais de
Outras espécies (no máximo em 400 g) 2
cinco canteiros terá os seus amostrados
alternadamente. O canteiro a ser amostrado Sementes silvestres
deve ser dividido, em seu comprimento, Nocivas toleradas (no máximo em 500 g) 2
em cinco setores; do setor central serão Broca viva (em 400 g) 0
retiradas quatro mudas e dos demais seto-
Grão brocado (em 400 g) 3% (máximo)
res serão retiradas duas mudas de cada. A
Sementes provenientes de uma só loja (moca) (em 400 g) 12% (máximo)
parcela que tiver apenas um ou dois cantei-
Caruncho da tulha (em 400 g) 0
ros terá aumentada, proporcionalmente, a
retirada do número de mudas de cada setor Peso de amostra a ser remetida ao LAS 2.000 g

do canteiro, até atingir o mínimo de 0,1% Tamanho máximo do lote 2t


das mudas (nunca inferior a 30 mudas). NOTA: LAS - Laboratório de Análise de Sementes.

As parcelas para serem amostradas


deverão ter as mudas com, no mínimo,
dois pares de folhas. As mudas de cafeei- estado de Minas Gerais, designa que todo c) relação das espécies: que trabalha;
ros existentes nos talhões positivos para comerciante de sementes e mudas em d) cópia do contrato social registrado
o nematóide Meloidogyne spp. devem ser Minas Gerais, pessoa física ou jurídica, na Junta Comercial: quando pessoa
destruídas pelo produtor na presença do fica obrigado à inscrição no Renasem, caso jurídica, constando, dentre as ativi-
responsável técnico que comunicará o fato contrário, implicará na interdição do estabe- dades da empresa, aquelas para as
ao IMA, em laudo circunstanciado, acom- lecimento ou suspensão da comercialização quais requer a inscrição;
panhado da cópia do boletim da análise das sementes e mudas nele existentes. e) cópia do CNPJ ou CPF e da Inscrição
laboratorial. Esta inscrição terá a validade de três Estadual.
De acordo com o Anexo I da Portaria anos e poderá ser renovada, por igual
O comerciante de sementes deve-se
no 482, de 29 de novembro de 2001 (IMA, período, desde que solicitada e atendidas
inscrever no Renasem e manter-se à dis-
2001), que dispõe sobre as normas e pa- as exigências estabelecidas nesta Porta-
posição do órgão fiscalizador. Tem como
drões para a produção de sementes básicas ria. Contudo, se não for solicitada sua responsabilidades manter as Notas Fiscais
e fiscalizadas de cafeeiros, é determinado renovação em até 60 dias da data de seu que permitam estabelecer a correlação
o índice de tolerância do padrão de se- vencimento, esta inscrição será automati- entre as entradas, as saídas e os estoques
mentes básicas e fiscalizadas de cafeeiros camente cancelada. de sementes e mudas; a cópia do Termo de
(Quadro 1). Para a inscrição no Renasem, o in- Conformidade e Certificado de Sementes,
A transação comercial é feita com teressado deverá apresentar a seguinte conforme o caso, e a PTV para mudas,
Nota Fiscal, onde deverá constar o nome documentação: quando a legislação o determinar.
do produtor, local de produção CNPJ ou Também é responsabilidade do co-
a) requerimento: em formulário pró-
CPF, número de registro do produtor de merciante manter as sementes em condi-
prio, assinado pelo interessado ou
sementes, número de credenciamento no ções adequadas de armazenamento, com
pelo seu representante legal, no qual
IMA, nome da espécie/cultivar/linhagem, identificação original e os padrões de
constem as atividades para as quais
classe da semente, identificação do lote, qualidade das mudas, garantindo o índice
número do atestado de garantia, germina- requer a inscrição;
de germinação, conforme estabelecido na
ção e pureza reais, data da validade do teste b) cópia do Documento Estadual de legislação.
de germinação ou de tetrazólio. Arrecadação (DAE): comprovando Os lotes de sementes devem ser man-
A Portaria no 865, de 29 de agosto de o pagamento do valor da respectiva tidos dispostos de forma que possuam, no
2007 (IMA, 2007b), que dispõe sobre o taxa fixado pela Instrução Normativa mínimo, duas faces expostas, com espaça-
comércio de sementes e mudas e inscrições no 36 do MAPA, de 28 de dezembro mentos entre pilhas e entre pilhas e pare-
de comerciantes de sementes e mudas do de 2004 (BRASIL, 2004b); des, que permitam realizar amostragem.
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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 27

As sementes devem ser comercializadas c) a responsabilidade pela coleta e 4 - Dispor de proteção contra enxur-
em embalagens invioláveis, originais do envio de amostras para análise de radas, com valas profundas ou
fitonematóides em laboratório cre- cordões altos;
produtor ou do reembalador e armazenadas
de forma que mantenha a individualidade denciado é do produtor das mudas e 5 - Recomenda-se realizar o expurgo
do substrato para a produção de
dos lotes, em local adequado à manutenção de seu responsável técnico, sendo a
mudas;
de seus padrões de qualidade e à preserva- desobediência à norma passível de
6 - Identificar os canteiros com:
ção de sua identificação original. autuação.
a) numeração seqüencial e,
Qualquer pessoa física ou jurídica, de O IMA, de acordo com a Portaria no b) caracterização das linhagens.
direito público ou privado, que produza, 388, de 22 de maio de 2000 (IMA, 2000),
comercialize ou transporte mudas de cafe- fixa normas e padrões para a produção de III - DO PADRÃO DE MUDAS:
eiros está sujeita à fiscalização sanitária. Se sementes básicas e fiscalizadas e de mudas 1 - As sementes para utilização na
durante a fiscalização, o estabelecimento fiscalizadas de cafeeiros no Estado, e o formação das mudas devem ser,
não estiver de acordo com a Lei Federal no que lhe confere o art. 19, incisos I e XI, do comprovadamente, oriundas de pro-
10.711 (BRASIL, 2003), ou com as Porta- Decreto no 33.859, de 21 de agosto de 1992 dutores credenciados na Entidade
rias nos 863 e 865, de 29 de agosto de 2007 (MINAS GERAIS, 1992a), para atender o Fiscalizadora;
(IMA, 2007ab), ou ainda com o Anexo I disposto no art. 2o, inciso VIII, do mesmo 2 - As mudas devem ser, obrigatoria-
da Portaria no 482, de 29 de novembro de diploma legal e dar cumprimento ao que mente, oriundas do processo de
semeadura direta;
2001 (IMA, 2001), poderão ser adotadas prescreve o art. 2o da Lei no 10.594, de 7 de
como medidas cautelares a suspensão da 3 - Por ocasião da comercialização, as
janeiro de 1992 (MINAS GERAIS, 1992b),
mudas devem ter, no mínimo, 3 (três)
comercialização ou interdição de estabe- viabilizando, assim, as atividades de inspe-
e no máximo 7 (sete) pares de folhas
lecimento ou mesmo advertência, multa, ção da produção de sementes e mudas fis- definitivas para mudas de 1/2 (meio)
apreensão e/ou condenação das sementes calizadas de cafeeiros, considerando o que ano, e, no máximo, 13 (treze) pares
ou mudas, suspensão e/ou cassação da estabelece o art. 3o e seu § 3o; art. 19, inciso de folhas para mudas de 1 (um) ano;
inscrição no Renasem. I; e art. 28, inciso I; do Decreto Federal no 4 - Será, também, permitida a comer-
De acordo com a legislação em vigor, 81.771 (BRASIL, 1978), e o que estabele- cialização de mudas podadas, desde
a produção de mudas de cafeeiros, mesmo ce a Lei no 13.430, de 28 de dezembro de que apresentem vigor e crescimento
1999 (MINAS GERAIS, 1999): semelhantes ao de uma muda nor-
para uso próprio, está sujeita à fiscalização.
mal;
No processo de produção deverão ser
I - DO CREDENCIAMENTO 5 - As mudas devem estar totalmente
observados os padrões de viveiro e de mu- DAS MUDAS: aclimatadas à luz solar e isentas
das, conforme estabelece a Lei no 10.711 de pragas e moléstias consideradas
1 - O credenciamento das mudas de-
(BRASIL, 2003) pelo Decreto no 5.153 impeditivas pelo regulamento da
verá ser solicitado pelo produtor
(BRASIL, 2004) e pela Instrução Norma- Defesa Sanitária Vegetal;
ao IMA, anualmente, até a época
tiva no 24 do MAPA (BRASIL, 2005b). O da semeadura; 6 - As mudas devem ser produzidas em
MAPA fiscaliza a produção de sementes saquinhos de polietileno perfurados
2 - Dos viveiros implantados no perí-
e mudas em Minas Gerais por meio da na sua metade inferior, com, no míni-
metro urbano será exigido o alvará
mo, 10 (dez) centímetros de largura
Superintendência Federal de Agricultura, da Prefeitura Municipal. e 20 (vinte) centímetros de altura;
Pecuária e Abastecimento em Minas Gerais
II - DO PADRÃO DE VIVEIRO: 7 - Permite-se o comércio de mudas
(SFA-MG), de forma rotineira e exige a produzidas em tubetes, desde que
análise para nematóides, como consta na 1 - Localização em área bem ensola- apresentem vigor semelhante ao do
Norma Estadual5: rada e bem drenada. É vedada a sistema tradicional;
instalação em baixadas úmidas; 8 - Na inspeção serão coletadas amos-
a) adquirir sementes do produtor cre-
2 - Cercado para evitar a entrada de tras definitivas no viveiro de cada
denciado (Nota Fiscal);
animais; produtor:
b) ter um responsável técnico (en- 3 - Apresentar faixa lateral de, no a) a totalidade das mudas do vivei-
genheiro agrônomo) pelo viveiro mínimo, 5 (cinco) metros além do ro será dividida em lotes de, no
que fará o croqui, projeto técnico viveiro, livre de qualquer vegetação máximo, 200.000 (duzentas mil)
e laudos; e/ou entulho; mudas;

5
Informação concedida por Silvana Rizza, fiscal agropecuária do MAPA-SFA-MG em 2007.

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b) cada lote será subdividido em 4 V – DA EMISSÃO DO CONTROLE providências. Diário Oficial [da] República
(quatro) parcelas; DE PRODUÇÃO: Federativa do Brasil, Brasília, 8 jun. 1978.
c) cada parcela será amostrada, Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
1 - O produtor receberá do IMA o
individualmente, para verificação ccivil_03/decreto/D81771.htm>. Acesso em:
Controle de Produção mediante o
do sistema radicular e para aná- 25 set. 2007.
recebimento do resultado negativo
lise de fitonematóides do gênero da análise de nematóide e do paga- _______. Decreto no 2.366, de 5 de novem-
Meloidogyne spp.; mento da taxa de 5 (cinco) UFIR por bro de 1997. Regulamenta a Lei no 9.456, de
d) em cada parcela será retirado um milheiro de muda produzida. 25 de abril de 1997, que institui a proteção
mínimo de 0,1% (zero um por de Cultivares, dispõe sobre o Serviço Na-
cento) do total das mudas, nunca VI – DA EMISSÃO DO ATESTADO cional de Proteção de Cultivares - SNPC, e
DE GARANTIA: dá outras providências. Diário Oficial [da]
inferior a 30 (trinta) mudas, consti-
tuindo a amostra a ser analisada; 1 - O responsável técnico emitirá o República Federativa do Brasil, Brasília, 6
nov. 1997a. Disponível em: <http://www.
e) a coleta da amostra será realizada atestado de garantia, em formulário
planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1997/
nos canteiros dentro dos seguintes próprio numerado sob controle do
D2366.htm>. Acesso em: 25 set. 2007.
critérios: IMA, para os lotes de mudas discri-
• a parcela que tiver mais de cinco minados no controle de produção, _______. Decreto no 5.153, de 23 de julho
canteiros terá os seus canteiros liberando o comércio das mudas. de 2004. Aprova o Regulamento da Lei no
amostrados alternadamente; 10.711, de 5 de agosto de 2003, que dispõe
VII – DO COMÉRCIO DAS sobre o Sistema Nacional de Sementes e
• o canteiro a ser amostrado será
MUDAS: Mudas - SNSM, e dá outras providências.
dividido, em seu comprimento,
Diário Oficial [da] República Federativa
em 5 (cinco) setores; 1 - As mudas de cafeeiros serão co-
mercializadas com a emissão de do Brasil, Brasília, 26 jul. 2004a. Disponí-
• do setor central serão retiradas vel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_
nota fiscal ou de produtor, na qual
4 (quatro) mudas e dos demais 03/Ato2004-2006/Decreto/_quadro.htm>.
conste:
setores serão retiradas 2 (duas) Acesso em: 26 set. 2007.
mudas de cada; • nome do viveirista;
• número de registro de produtor _______. Lei no 6.507, de 19 de dezembro de
• a parcela que tiver apenas 1 (um) 1977. Dispõe sobre a inspeção e a fiscaliza-
de mudas;
ou 2 (dois) canteiros, terá aumen- ção da produção e do comércio de sementes
• localidade do viveiro, município
tada proporcionalmente a retirada e mudas, e dá outras providências. Diário
e estado;
do número de mudas de cada setor Oficial [da] República Federativa do Bra-
• nome e endereço do comprador;
do canteiro, até atingir o mínimo sil, Poder Legislativo, Brasília, 20 dez. 1977.
de 0,1 % (zero um por cento) das • quantidade de mudas por culti- Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/
var/linhagem; sicon/ListaReferencias.action?codigoBase=
mudas, nunca inferior a 30 (trinta)
mudas. • número do certificado fitossani- 2&codigoDocumento=124474>. Acesso em:
tário. 25 set. 2007.
9 - A parcela do viveiro que apre-
sentar fitonematóides do gênero 2 - No trânsito de mudas de cafeeiros _______. Lei no 9.456, de 25 de abril de 1997.
Meloidogyne spp. será elimina- haverá necessidade de permissão Institui a Lei de Proteção de Cultivares, e
da; de trânsito. dá outras providências. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, 28
10 - Para comercialização, permite-se o Se todo o viveiro estiver de acordo com abr. 2007b. Disponível em: <http://www.
máximo de 5% (cinco por cento) as normas, o responsável técnico emitirá o planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/QUADRO/
de mudas com o sistema radicular
atestado de garantia, em formulário próprio 1997.htm>. Acesso em: 25 set. 2007.
defeituoso.
numerado sob controle do IMA, para os BRASIL. Lei no 10.711, de 5 de agosto de
IV – DA INSPEÇÃO PELO lotes de mudas discriminados no controle 2003. Dispõe sobre o Sistema Nacional de
RESPONSÁVEL TÉCNICO: de produção, liberando o comércio das Sementes e Mudas e dá outras providências.
mudas. Diário Oficial [da] República Federativa
1 - O responsável técnico assistirá a do Brasil, Brasília, 6 ago. 2003. Disponível
produção durante todas as fases em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
REFERÊNCIAS
e emitirá laudos, em modelo pró- Leis/2003/_Quadro-2003.htm>. Acesso em:
prio, que serão entregues ao IMA BRASIL. Decreto no 81.771, de 7 de junho 26 set. 2007.
nas seguintes épocas: o primeiro 2 de 1978. Regulamenta a Lei no 6.507, de 19
_______. Ministério da Agricultura, Pecuá-
(dois) meses após a semeadura e o de dezembro de 1977, que dispõe sobre a ria e Abastecimento. Instrução Normativa
segundo por ocasião da aclimatação inspeção e a fiscalização da produção e do no 36, de 28 de dezembro de 2004. Aprova
(pré-comercialização) das mudas. comércio de sementes e mudas e dá outras a tabela anexa, que fixa os valores dos ser-

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30 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

viços públicos de que trata a Lei no 10.711, de mudas fiscalizadas de café. Belo Horizon- almg.gov.br>. Acesso em: 27 set. 2007.
de 5 de agosto de 2003. Diário Oficial [da] te, 2000. Disponível em: <http://www.ima.
_______. Decreto no 43.415, de 4 de julho
República Federativa do Brasil, Brasí- mg.gov.br/site_ima/legislacao/portarias_
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lia, 29 dez. 2004b. Seção 1, p.7. Disponí- pdf/0388.pdf>. Acesso em: 27 abr.2008.
e codifica os cargos de provimento em co-
vel em: <http://extranet.agricultura.gov. ________. Portaria no 482, de 29 de novem- missão do Instituto Mineiro de Agropecuá-
br/sislegis-consulta/consultarLegislacao. bro de 2001. Dispõe sobre normas e pa- ria – IMA e dá outras providências. Minas
do?operacao=visualizar&id=10554>. drões para a produção de sementes bási- Gerais, Belo Horizonte, 5 jul. 2003. Diário
Acesso em: 27 set. 2007. cas e fiscalizadas e de mudas fiscalizadas do Executivo, p.1. Disponível em: <http://
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuá- de café. Belo Horizonte, 2001. Disponível www.almg.gov.br>. Acesso em: 27 set.
ria e Abastecimento. Instrução Normativa em: <http://www.ima.mg.gov.br/site_ima/ 2007.
no 9, de junho de 2005. Aprova as Normas legislacao/portarias_pdf/0482%20.pdf>.
Acesso em: 25 set. 2007. _______. Lei no 13.430, de 28 de dezembro de
para Produção, Comercialização e Utilização
1999. Altera dispositivos das Leis nos 6.763,
de Sementes. Diário Oficial [da] República _______. Portaria no 863, de 29 de agosto de
de 26 de dezembro de 1975; 12.425, de 27 de
Federativa do Brasil, Brasília, 10 jun. 2005a. 2007. Disciplina a produção, a entrada, o
dezembro de 1996, e 12.730, de 30 de dezem-
Seção 1, p.4. Disponível em: <http://extranet. comércio e o trânsito de mudas de café no
bro de 1997, e dá outras providências. Minas
agricultura.gov.br/sislegis-consultarLegislacao. estado de Minas Gerais. Belo Horizonte,
Gerais, Belo Horizonte, 22 dez. 1999. Diário
do?operacao=visualizar&id=12492>. Acesso 2007a. Disponível em: <http://www.ima.
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Abastecimento. Instrução Normativa no 24, de ______. Lei no 10.594, de 7 de janeiro de
_______. Portaria no 865, de 29 de agosto de
16 de dezembro de 2005. Aprova as Normas 1992. Cria o Instituto Mineiro de Agrope-
2007. Dispõe sobre o comércio de semen-
para Produção, Comercialização e Utilização tes e mudas e inscrição de comerciantes cuária – IMA e dá outras providências. Mi-
de Mudas. Diário Oficial [da] República Fe- de sementes e mudas do estado de Minas nas Gerais, Belo Horizonte, 8 jan. 1992b.
derativa do Brasil, Brasília, 20 dez. 2005b. Gerais. Disponível em <http://www.ima. Diário do Executivo, p.6. Disponível em:
Seção 1, p.5. Disponível em: <http://extranet. mg.gov.br/site_ima/legislacao/portarias_ <http://www.almg.gov.br>. Acesso em: 27
agricultura.gov.br/sislegis-consultarLegislacao. pdf/0865.pdf>. Acesso em: 25 set. 2007. set. 2007.
do?operacao=visualizar&id=15074>. Acesso REIS, M.S.; CAMPOS, S.R.F.; BORÉM, A.;
MINAS GERAIS. Decreto no 33.859, de 21 de
em: 26 set. 2007. GIÚDICE, M.P.del. Produção e comercia-
agosto de 1992. Baixa o Regulamento do Ins-
IMA. Portaria no 388, de 22 de maio de 2000. tituto Mineiro de Agropecuária. Minas Ge- lização de sementes. In: BORÉM, A. (Ed.).
Dispõe sobre normas e padrões para a pro- rais, Belo Horizonte, 22 ago. 1992a. Diário do Melhoramento de espécies cultivadas. Vi-
dução de sementes básicas e fiscalizadas e Executivo, p.1. Disponível em: <http://www. çosa, MG: UFV, 2005. p.897-930.

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 31

Cultivares de café e suas principais características


agronômicas e tecnológicas
César Elias Botelho 1
Thaís Louise Soares 2
Antônio Carlos Baião de Oliveira 3
Antônio Alves Pereira 4

Resumo - Na escolha de uma cultivar para plantio, deve-se levar em conta suas princi-
pais características agronômicas, como: produtividade, vigor, adaptação à região, ma-
turação, tamanho de grãos, resistência a pragas e a doenças, porte e qualidade da bebida.
Essas características devem estar relacionadas com as condições em que vai ser feito o
plantio, com ênfase para temperatura média da região, altitude do local, fertilidade do
solo, exposição a ventos, topografia da área, espaçamento a ser utilizado, ocorrência de
pragas e doenças e possibilidade de mecanização do processo produtivo.

Palavras-chave: Cultivar. Variedade. Linhagem. Melhoramento genético. Genótipo.


Característica agronômica. Recomendação de plantio.

INTRODUÇÃO dos cafeeiros por vários anos consecutivos. ESCOLHA DA VARIEDADE


No desenvolvimento de cultivares de café, Na escolha da variedade ou linhagem a
O melhoramento genético do cafeeiro
o conhecimento profundo da espécie, do ser plantada, o produtor deverá estar certo
é uma das áreas de pesquisa que vêm pro-
ambiente e das tecnologias de cultivo, das condições e características edafocli-
porcionando grandes contribuições para o
do processamento, da comercialização máticas da sua propriedade, das exigências
aumento da produtividade e da qualidade
e das exigências dos consumidores é de das cultivares, do manejo a ser adotado ou
e redução de custo de produção da cultura. já existente, da possibilidade de mecaniza-
O principal objetivo da maioria dos pro- fundamental importância (FERRÃO et
ção, da necessidade de escalonamento da
gramas de melhoramento é desenvolver al., 2007).
colheita, etc.
cultivares superiores, quando são utilizadas Os Programas de Melhoramento Ge- Sabe-se que a semente é o insumo mais
tecnologias de custos relativamente baixos nético do Cafeeiro visam, sobretudo, o au- barato utilizado na cultura e, sendo uma
e de fácil adoção pelos produtores. Sendo o mento da produtividade e da rentabilidade planta perene, qualquer erro na sua escolha
cafeeiro uma planta perene, o seu melhora- e a estabilidade econômica do cafeicultor, perdurará por muitos anos ou pelo tempo
por meio da eficiência produtiva na pro- da existência do cultivo.
mento genético para produtividade e outras
No Quadro 1, são apresentadas caracte-
características agronômicas de interesse priedade. A eficiência produtiva pode ser
rísticas importantes das cultivares existen-
demanda período experimental longo, o alcançada por meio da melhoria dos com-
tes e, no Quadro 2, como distingui-las no
que constitui uma série de dificuldades ponentes do rendimento ou da produção campo. As características e indicações das
para os melhoristas, devido aos proble- da planta, redução do custo de produção, cultivares baseiam-se em experimentos,
mas bióticos, abióticos, de recursos, entre melhoria da qualidade do produto e esta- em trabalhos publicados e em observações
outros, que ocorrem durante as avaliações bilidade de produção. de lavouras comerciais.

1
Eng o Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTSM, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico: cesarbotelho@epamig.br
2
Bióloga, M.Sc., Bolsista CBP&D-Café, EPAMIG-CTSM, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico: thaisufla@yahoo.com.br
3
Eng o Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTZM, Caixa Postal 216,CEP 36570-000 Viçosa-MG. Correio eletrônico: baiao@epamig.br
4
Eng o Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTZM, Caixa Postal 216, CEP 36570-000 Viçosa-MG. Correio eletrônico: pereira@epamig.ufv.br

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QUADRO 1 - Principais características das cultivares de cafeeiros e recomendações para orientar a sua melhor escolha e modo de plantio (continua)
Características
Vegetativas Produtivas
Linhagem
Cultivar Origem Arquitetura/ Cor das Reação a Recomendação
indicada Diâmetro Frutos e Produtivi-
Porte Formato da folhas Vigor fatores bióticos Maturação
de copa sementes dade
copa jovens e abióticos
Mundo IAC IAC 379/19, Alto Copa cilíndrica 2,30 m Verde ou Alto Baixa tolerân- Média Frutos verme- Elevada Indicada para espaçamentos largos,
Novo Cruzamento entre IAC 376/4, com diâmetro bronze cia à ferrugem, lhos, sementes solos férteis ou para áreas de altitude
Sumatra e Bourbom IAC 388/17, grande à seca e à defi- de tamanho mé- média a alta e onde se pratica o controle
Vermelho IAC 515/20, ciência de zin- dio. Apresenta, químico da ferrugem. Ótima qualidade
IAC 464/12, co e magnésio em média, 90% da bebida. Muito responsiva à poda
IAC 515/11 de grãos tipo
chato

Acaiá IAC IAC 474/19, Alto Copa cônica 2,10 m Bronze Alto Baixa tolerân- Média para Frutos verme- Elevada Indicada para espaçamentos reduzidos
Cruzamento entre IAC 474/4, com menor di- cia à ferrugem, p r e c o c e , lhos, sementes e solos férteis ou para áreas sujeitas
Sumatra e Bourbon IAC 474/6, âmetro (infe- à seca e à defi- muito uni- graúdas a geadas e onde se pratica o controle
Vermelho (seleção IAC 474/1, rior ao Mundo ciência de zin- forme químico da ferrugem. Excelente para
em Mundo Novo) IAC 474/7 Novo) co e magnésio colheita mecânica

Catuaí IAC IAC 15, Baixo C i l í n d r i c a , 2,00 m Verde Alto Menos afetada Ta r d i a e Frutos verme- Elevada Adaptada a áreas secas, quentes e a
Vermelho Cruzamento entre IAC 24, compacta e que Mundo d e s u n i - lhos, sementes regiões montanhosas, onde os tratos
Mundo Novo e Ca- IAC 44, internódios Novo pela fer- forme de tamanho mé- culturais e a colheita são manuais e para
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turra IAC 51, curtos rugem, ácaro e dio produtores com menor nível tecnológico.
IAC 81, seca. Baixa tole- Indicada para o plantio adensado ou
IAC 99, rância à defici- em renque
IAC 144 ência de boro

Catuaí IAC IAC 17, Baixo C o m p a c t a , 2,00 m Verde Alto Menos afetada Ta r d i a e Frutos amarelos, Elevada Indicada para áreas secas, quentes e
Amarelo Cruzamento entre IAC 32, internódios que a Mundo d e s u n i - sementes de ta- para regiões montanhosas, onde os tra-
Mundo Novo e Ca- IAC 39, curtos Novo pela fer- forme manho médio tos culturais e a colheita são realizados
turra IAC 47, rugem, ácaro e manualmente e para produtores com
IAC 62, seca. Baixa tole- menor nível tecnológico. Indicada para

Planejamento e gerenciamento da cafeicultura


IAC 66, rância à defici- o plantio adensado ou em renque
IAC 74, ência de boro
IAC 86

Bourbon IAC IAC J2, Alto Copa cilíndri- 2,30 m Verde Médio Muito atacada P r e c o c e Frutos amarelos, Média Indicada para regiões frias (acima de
Amarelo Mutação de Bourbon IAC J 10, ca com menor por ferrugem e ( 2 0 a 3 0 sementes de ta- 1.000 m), onde a maturação é muito
Vermelho ou cruza- IAC J19, diâmetro cercosporiose dias antes manho médio e tardia e para produtores de cafés espe-
mento entre Bourbon IAC J 22, de Mundo bebida de quali- ciais, por apresentar excelente qualidade
Vermelho e Amarelo IAC J 24 Novo) dade superior. de bebida
de Botucatu

Tupi IAC IAC 1669-33 Baixo Cônica e com- 2,00 m Bronze- Baixo Re s i s t e n t e à Média Frutos verme- Elevada nas Indicada para plantios adensados, em
Cruzamento entre pacta escuro ferrugem, sus- l h o s , e l e v a d a p r i m e i r a s solos férteis e clima ameno. É exigente
Vila Sarchi e Híbri- cetível à cer- porcentagem de colheitas em nutrição
do de Timor cosporiose. sementes do tipo
concha
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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura


(continuação)
Características
Vegetativas Produtivas
Linhagem
Cultivar Origem Recomendação
indicada Arquitetura/ Cor das Reação a
Diâmetro Frutos e Produtivi-
Porte Formato da folhas Vigor fatores bióticos Maturação
de copa sementes dade
copa jovens e abióticos
Tupi RN IAC IAC 1669-13 Baixo Cônica e com- 2,00 m Bronze- Médio Re s i s t e n t e à Média Frutos de colora- Elevada nas Indicada para plantios adensados, em
Cruzamento entre pacta escuro ferrugem e ao ção vinho p r i m e i r a s solos férteis e clima ameno. É exigente
Vila Sarchi e Híbri- nematóide-das- colheitas em nutrição. Tem apresentado excelente
do de Timor galhas (Meloi- desempenho em algumas regiões do Alto
dogyne exigua) Paranaíba

Obatã IAC IAC 1669-20 Baixo Copa cônica 2,00 m Verde Médio Resistente à fer- Tardia Frutos vermelhos Elevada Indicada para plantios adensados ou em
Vermelho e Cruzamento entre (vermelho) com diâmetro rugem. e amarelos renque. Não indicada para as regiões
Amarelo S a r c h i m o r ( Vi l a IAC 4739 médio Baixa tolerân- com déficit hídrico. Exigente em nutri-
Sarchi x Híbrido de (amarelo) cia à seca ção e sensível à seca. Adaptada a solos
Timor) e Catuaí leves e férteis

Icatu IAC IAC 4040, Alto Copa cilíndri- 2,50 m Verde e Alto Moderada tole- Tardia Frutos verme- Média a ele- Indicadas para espaçamento largo. Não
Vermelho Cruzamento inte- IAC 4041, ca, com diâ- bronze rância à ferru- lhos, semente vada. indicadas para áreas com problemas de
respecífico entre IAC 4045, metro muito gem. Sensível mais arredonda- Baixa pro- déficit hídrico, porém é bem adaptada
Coffea arabica e C. IAC 2941, grande à seca, à defici- da na IAC 2944 dução ini- a regiões de baixas altitudes e quentes.
canephora IAC 2942, ência de mag- cial Pouco adequada à colheita mecânica pela
IAC 2945 nésio e potás- dificuldade de derriça dos frutos. Exige
sio. Tolerante adequada correção do solo e nutrição
ao frio equilibrada em K. Excelente qualidade
de bebida para café espresso

Icatu IAC IAC 2944-6, Alto Copa cilíndri- 2,50 m Verde e Alto Moderada tole- Tardia Frutos amarelos Média a ele- Mesmas indicações para a Icatu Ver-
Amarelo Cruzamento inte- IAC 2944, ca, com diâ- bronze rância à ferru- e sementes arre- vada. melho
respecífico entre IAC 3686, metro muito gem. Sensível dondadas na Baixa pro-
Coffea arabica e C. IAC 2944, grande à seca, à defici- IAC 2944 dução ini-
canephora IAC 2907 ência de mag- cial
nésio e potás-
sio. Tolerante
ao frio

Icatu Precoce IAC IAC 3282 Alto Copa cilíndri- 2,40 m Verde e Médio Moderada tole- Precoce Frutos amarelos Média a ele- Colheita antecipada. Excelente qua-
Cruzamento inte- ca, com diâme- bronze rância à ferru- menores que os vada. lidade de bebida. Recomendada para
respecífico entre tro médio gem. Sensível à demais Baixa pro- escalonamento da colheita. É exigente
Coffea arabica e C. seca, à deficiên- Icatus dução ini- em nutrição e indicada para plantio em
canephora cia de magnésio cial regiões de altitudes elevadas (acima de
e potássio. Tole- 1.000 m)
rante ao frio

Apoatã IAC IAC 2258 Alto M u l t i c a u l e , Planta de Bronze Alto To l e r â n c i a a Tardia Frutos verme- Média a Indicada como porta-enxerto para plan-
Seleção em C. característico copa mui- Meloidogyne lhos. Pouca mu- elevada tio em áreas infestadas por M. incognita,
canephora cv a ‘Robusta’ to aberta incognita; sen- cilagem, maior especialmente em solos arenosos
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Robusta sível à seca rendimento

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(continuação)
Características
Vegetativas Produtivas
Linhagem
Cultivar Origem Recomendação
indicada Arquitetura/ Cor das Reação a
Diâmetro Frutos e Produtivi-
Porte Formato da folhas Vigor fatores bióticos Maturação
de copa sementes dade
copa jovens e abióticos
Ouro Bronze; IAC IAC 4925 Baixo C i l í n d r i c a , 2,00 m B r o n z e Alto Suscetibilida- Média Ouro Verde e Elevada Indicadas para as mesmas condições de
Ouro Verde e Cruzamento entre (Ouro Bronze); com internó- (Ouro de à ferrugem Ouro Bronze (fru- plantio da Catuaí
Ouro Catuaí Amarelo e IAC H 5010-5 dios curtos Bronze) semelhante ao tos vermelhos)
Amarelo Mundo Novo (Ouro Verde) e verde Mundo Novo e Ouro Amarelo
e IAC 4397 (Ouro (frutos amarelos)
(Ouro Amarelo) Amarelo
e Ouro
Verde)

Acaiá EPAMIG MG 1474 Alto Copa cilíndri- 1,80 m Bronze Alto Baixa tolerân- Média para Frutos verme- Elevada Indicada para espaçamentos reduzidos;
Cerrado Cruzamento entre ca com diâme- cia à ferrugem, precoce, lhos, sementes apresenta uniformidade de maturação
Sumatra e Bourbon tro médio à seca e à defi- muito uni- graúdas com dos frutos; apesar do porte alto esta se-
Vermelho. Oriunda ciência de zin- forme cerca de 90% leção presta-se para o plantio adensado,
de progênies segre- co e magnésio de grãos do tipo devido às suas características de arqui-
gantes provenien- chato com predo- tetura. Permite o cultivo em 2,50 m entre
tes do IAC que a minância de pe- fileiras por 0,5 a 1,0 m entre plantas.
EPAMIG selecio - neira 17 acima É bem adaptada à colheita mecânica e
nou no Cerrado apresenta qualidade superior de bebida
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Rubi EPAMIG Cruzamen- MG 1192 Baixo Cilíndrica 2,20 m Verde e Alto Suscetibilida- Média en- Frutos Elevada Indicada para as mesmas condições da
to entre Catuaí e predo- de à ferrugem tre Mundo vermelhos Catuaí
Mundo Novo minan- semelhante à Novo e Ca-
temente Mundo Novo tuaí
bronze o
que a dis-
tingue da
Catuaí

Planejamento e gerenciamento da cafeicultura


Topázio E PA M I G C r u z a - MG 1190 e MG Baixo Cilíndrica 2,20 m Bronze, o M u i t o Suscetibilida- Média en- Frutos Alta Indicada para as mesmas condições da
mento entre Catuaí 1194 que a dis- alto de à ferrugem tre Mundo amarelos Catuaí. Frutos de maturação mais uni-
e Mundo Novo tingue da semelhante à Novo e Ca- forme que a Catuaí
Catuaí Mundo Novo tuaí

Oeiras EPAMIG/UFV MG 6851 Baixo Compacta, me- 1,60 m Bronze Médio Moderada re- Precoce e Frutos vermelhos Média a ele- Indicada para as mesmas condições
Cruzamento entre nor diâmetro sistência à fer- uniforme e graúdos vada da Catuaí, especialmente para plantios
Caturra Vermelho de saia rugem adensados e cultivo orgânico
e Híbrido de Timor
CIFC 832/1

Paraíso EPAMIG/UFV MG H 419-1 Baixo Formato côni- 1,92 m Verde Alto Resistente à fer- Média Frutos amarelos, Alta Indicada para as mesmas condições
Cruzamento entre co e compacto, rugem sementes graú- da Catuaí, especialmente para plantios
Catuaí Amarelo IAC menor diâme- das adensados e cultivo orgânico
30 e Híbrido de Ti- tro de saia que
mor UFV 445-46 a Catuaí
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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura


Características
Vegetativas Produtivas
Linhagem
Cultivar Origem Recomendação
indicada Arquitetura/ Cor das Reação a
Diâmetro Frutos e Produtivi-
Porte Formato da folhas Vigor fatores bióticos Maturação
de copa sementes dade
copa jovens e abióticos
Araponga EPAMIG/UFV Araponga MG1 Baixo Plantas côni- 1,90 m Verde Alto Resistente às ra- Média Frutos vermelhos Semelhante Indicada para plantios adensados e sis-
Cruzamento entre cas, ramifica- ças de ferrugem à da Catuaí temas orgânicos de cultivo
Catuaí Amarelo IAC ção secundária predominantes
86 e H. Timor UFV abundante no campo
446-08

Catiguá EPAMIG/UFV Catiguá MG1, Baixo Plantas côni- 2,00 m Bronze Alto Resistente às Média Frutos vermelhos Elevada Excelente qualidade de bebida. Cultiva-
Cruzamento entre Catiguá MG2, cas, ramifica- (Catiguá raças de fer- e graúdos das nas mesmas condições da Catuaí, em
Catuaí Amarelo IAC Catiguá MG3 ção secundária MG1) e rugem predo- plantios adensados e sistemas orgânicos.
86 e H. Timor UFV abundante bronze- minantes no A Catiguá MG3 é indicada para plantio
440-10 claro campo. Catiguá em áreas infestadas com nematóide-das-
(Catiguá MG3 apresenta galhas (Meloidogyne exigua)
MG2 e resistência a M.
Catiguá exigua
MG3)

Sacramento EPAMIG/UFV Sacramento Baixo a Plantas côni- 2,00 m Verde Muito Resistente às ra- Média Frutos vermelhos Alta, prin- Ótima qualidade de bebida, adaptação
Cruzamento entre MG1 médio cas, ramifica- alto ças de ferrugem cipalmente semelhante à Catuaí. Indicada para o
Catuaí Vermelho ção secundária predominantes nas primei- sistema tradicional de plantio
IAC 81 e H. Timor abundante no campo ras colhei-
UFV 438-52 tas

Pau-Brasil EPAMIG/UFV Pau-Brasil Baixo Plantas côni- 2,00 m Verde Alto Resistente às ra- Média Frutos vermelhos Elevada Ótima qualidade de bebida. Adaptação
Cruzamento entre MG1 cas, ramifica- ças de ferrugem semelhante à Catuaí. Indicada para o
Catuaí Vermelho ção secundária predominantes sistema convencional ou adensado de
IAC 141 e H. Timor abundante no campo plantio
UFV 442-34

Travessia EPAMIG MGS Travessia Baixo Formato côni- 2,25 m Verde Alto S u s c e t í v e l à Média Frutos amarelos Elevada Excelente produtividade e vigor vege-
Resultante do cruza- co. Apresenta ferrugem, de tativo. Sem demonstrar esgotamento
mento entre Catuaí e internódios forma seme- de ramos produtivos em anos de alta
Mundo Novo curtos com lhante a Catuaí produção. Excelente resposta à poda do
ramificações e Mundo Novo tipo esqueletamento
secundárias
abundantes

IAPAR 59 IAPAR IAPAR 59 Baixo Cilíndrica 2,00 m Verde e Baixo Re s i s t e n t e à Precoce Frutos vermelhos E l e v a d a , Indicada para plantios adensados, re-
Oriunda do cruza- bronze ferrugem e ao principal- giões de clima ameno e com nutrição
mento entre Vila nematóide M. mente nas adequada
Sarchi e H. Timor exigua, menor primeiras
tolerância à colheitas
cercosporiose
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(continuação)
Características
Vegetativas Produtivas
Linhagem
Cultivar Origem Recomendação
indicada Arquitetura/ Cor das Reação a
Diâmetro Frutos e Produtivi-
Porte Formato da folhas Vigor fatores bióticos Maturação
de copa sementes dade
copa jovens e abióticos

IPR-98 IAPAR IPR-98 Baixo Cilíndrica, ra- 2,00 m Verde Alto Apresenta re- Média Frutos vermelhos Elevada Indicada para plantios adensados
Seleção de Sarchimor mificação abun- sistência à fer-
dante rugem

Catucaí PROCAFÉ 24/137, 20/15, Baixo a Plantas cônicas 1,90 m Verde ou Alto Resistente à fer- Média Frutos amarelos, E l e v a d a , Recomendadas para condições seme-
Amarelo Cruzamento natural 2SL, 3SM e médio com menor diâ- bronze rugem. A linha- semente média a principal- lhantes àquelas para a Catuaí, porém
entre Icatu e Catuaí multilinha F5 metro de copa gem 2SL apre- grande. mente nas apresenta resistência à ferrugem e
senta tolerância primeiras exigência em nutrição, principalmente
à Phoma colheitas em nitrogênio

Catucaí PROCAFÉ 36/6, 20/15, Baixo a Copa cilíndri- 1,90 m Verde ou Alto Re s i s t e n t e à Precoce Frutos verme- Elevada, Indicadas para condições semelhantes
Vermelho Cruzamento entre 19/8 e 785/15 médio ca com diâme- bronze ferrugem. A li- (785/15) a lhos, semente principal- àquelas para a Catuaí, porém apresenta
Icatu e Catuaí tro médio nhagem 785/15 média média a grande mente nas resistência à ferrugem. A Catucaí 785-15
apresenta re- primeiras é pouco tolerante à seca
sistência ao M. colheitas
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exigua

Acauã PROCAFÉ P 363 Baixo Cilíndrica e 2,00 m Verde ou Alto Re s i s t e n t e à Tardia Fruto vermelho- Elevada Indicada para regiões mais quentes e
Cruzamento entre muito com- bronze ferrugem e to- escuro, semente secas e para áreas infestadas com M.
Sarchimor e Mundo pacta lerante ao M. alongada, com exigua
Novo exigua e à seca elevada taxa de
moca

Planejamento e gerenciamento da cafeicultura


Sabiá PROCAFÉ P 398 Baixo Cilíndrica 2,00 m Verde Alto Resistente à fer- Tardia Frutos verme- Elevada Indicada para áreas com solos de baixa
Cruzamento entre rugem. Sensível lhos, sementes acidez e nutrição adequada
Catimor e Acaiá a solos ácidos miúdas
e exigente em
nutrição

Canário PROCAFÉ P 500 Alto Cilíndrica com 2,00 m Verde Alto Resistente Precoce Frutos amarelos, Média a Indicada para regiões com baixas tem-
Cruzamento entre maior diâme- à ferrugem sementes médias, boa peraturas, pela sua precocidade de ma-
Híbrido de Timor e tro de copa bebida de quali- turação e como alternativa para a Icatu
Catuaí Amarelo dade superior 3282, para cafés especiais

IBC - Palma PROCAFÉ Palma I Baixo Cilíndrica no 2,00 m Verde Alto Resistente à fer- Tardia Frutos vermelhos Elevada Indicada para todas as regiões cafeeiras,
I e II Cruzamento entre Palma II Palma I,cônica (Palma I) rugem e tole- especialmente para áreas mais sujeitas
Catimor e Catuaí e menor diâ- e bronze rante à seca a secas e altas temperaturas. A Palma II
metro de saia (Palma II) adapta-se bem aos plantios adensados
no Palma II
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(conclusão)
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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura


Características
Vegetativas Produtivas
Linhagem
Cultivar Origem Recomendação
indicada Arquitetura/ Cor das Reação a
Diâmetro Frutos e Produtivi-
Porte Formato da folhas Vigor fatores bióticos Maturação
de copa sementes dade
copa jovens e abióticos

Eparrey PROCAFÉ Eparrey Alto Cônica, seme- 2,00 m Bronze Alto Tolerante Precoce a Frutos verme- Média a Indicações similares às da cultivar Acaiá,
Cruzamento entre lhante à Acaiá à ferrugem média lhos, sementes alta porém, não requer controle sistemático
Icatu e Acaiá graúdas da ferrugem

Katipó PROCAFÉ Katipó Baixo Cilíndrica 2,00 m Verde Médio a Re s i s t e n t e à Precoce Frutos verme- Elevada nas Indicada para plantios em regiões com
Catimor baixo ferrugem, mas lhos, sementes p r i m e i r a s baixas temperaturas e sombreadas,
suscetível à graúdas colheitas como algumas áreas da Zona da Mata
cercosporiose de Minas Gerais

Bem-te-vi PROCAFÉ Bem-te-vi Ama- Baixo Cilíndrica 2,00 m Verde Alto Resistente Tardia Frutos Elevada Esta cultivar ainda está em processo
Cruzamento entre relo e Bem-te-vi à ferrugem vermelhos ou de seleção
Catimor e Catuaí Vermelho amarelos
Amarelo IAC 74

Siriema PROCAFÉ C l o n e A m a - Baixo a Cônica 2,00 m Verde Alto Re s i s t e n t e à Precoce a Frutos Média a Em fase de desenvolvimento via semente
Cruzamento interes- relo e Clone alto ferrugem, ao média vermelhos ou alta e clonagem na geração F5
pecífico envolvendo Vermelho bicho mineiro amarelos
C. racemosa, Blue e tolerante à
Montain e Catimor seca

Conilon INCAPER Clones: Alto Multicaule, P l a n t a Bronze Alto Alguns clones Precoces: Ve r m e l h o s a Elevada, Indicada para regiões quentes e de baixas
Introdução de ger- EMCAPA característico m u l t i - apresentam to- EMCAPA rosa, com ou com baixa altitudes. Alguns clones podem produzir
moplasma de Coffea 8111, 8121, da espécie C. caule lerância a M. 8111 e sem estrias. variação bem em áreas próprias para C. arabica. O
canephora da África, 8131, 8141 canephora incognita, ao EMCAPER Sementes de ta- bienal Robustão Capixaba apresenta tolerância
seguido de seleções, (Robustão bicho mineiro 8151 manhos varia- a doenças foliares e à seca, com alto vigor
hibridações e clo- Capixaba), e resistência à dos, com maio- vegetativo e baixa desfolha. O Robusta
nagens Conilon ferrugem. Al- Médias: res teores de Tropical, propagado por semente, apre-
Vitória guns são tole- EMCAPA sólidos solúveis senta alta rusticidade, ampla adaptação
(INCAPER rantes à seca, 8121 e cafeína do que e arquitetura média, possibilitando o
8142) em particular o o café Arábica plantio de populações de 2,3 a 3,3 mil
Robustão Capi- Tardias: plantas/ha. O Vitória INCAPER 8142
Variedades: xaba. EMCAPA apresenta reprodução assexuada (clo-
EMCAPER São suscetíveis 8131 nal), alto vigor vegetativo; diâmetro de
8151 (Robusta ao ácaro ver- copa 2,79 m; altura 2,32 m; maturação
Tropical) melho, broca e dos frutos uniforme e tolerante à ferru-
cochonilha de gem e déficit hídrico
fruto
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FONTE: Dados básicos: Guerreiro Filho et al. (2003), Matiello et al. (2005) e Fazuolli et al. (2007).

37
38 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

QUADRO 2 - Identificação de cultivares por meio das características qualitativas identificadas como as mais eficientes para caracterização
de genótipos de Coffea arabica em testes de distinguibilidade

Altura Resistência a Cor dos Ciclo de Cor das Grupo de


Cultivar
das plantas Hemileia vastatrix frutos maturação folhas jovens cultivares

Baixa ou média Resistente Vermelha (Xc Xc) Precoce Bronze (Br Br) Tupi IAC 1669-33 Tupi
(Ct Ct)
Tardio Verde (br br) Obatã IAC 1669-20 Obatã

Suscetível Vermelha (Xc Xc) Tardio Bronze (Br Br) Ouro Verde IAC H5010-5 Ouro Verde
Verde (br br) Catuaí Vermelho IAC 44, Ca- Catuaí Vermelho
tuaí Vermelho IAC 46, Catu-
aí Vermelho IAC 81, Catuaí
Vermelho IAC 99 e Catuaí
IAC 144
Amarela (xc xc) Tardio Verde (br br) Catuaí Amarelo IAC 47, Ca- Catuaí Amarelo
tuaí Amarelo IAC 62, Catuaí
Amarelo IAC74, Catuaí Ama-
relo IAC 86 e Catuaí Amarelo
IAC 100

Alta ou muito alta Resistente Vermelha (Xc Xc) Tardio Verde e bronze Icatu Vermelho IAC 2945, Ica- Icatu Vermelho
(ct ct) (br br) (Br Br) tu Vermelho IAC 4040, Icatu
Vermelho IAC 4042, Icatu
Vermelho IAC 4045 e Icatu
Vermelho IAC 4046
Amarela (Xc Xc) Precoce Verde e bronze Icatu precoce IAC 3282 Icatu precoce
(br br) (Br Br)
Tardio Verde e bronze Icatu Amarelo IAC 2944-6 Icatu Amarelo
(br br) (Br Br)

Suscetível Vermelha (Xc Xc) Precoce Bronze (Br Br) Acaiá IAC 474-4 Acaiá
Acaiá IAC 474-16 e Acaiá IAC
474-19
Tardio Verde (br br) Mundo Novo IAC 376-4 e Mundo Novo
Mundo Novo IAC 388-17
Bronze (Br Br) Mundo Novo IAC 379-19, Mundo Novo
Mundo Novo IAC 501 e Mun-
do Novo IAC 515
Amarela (xc xc) Precoce Verde (br br) Bourboun Amarelo IAC J18 Bourboun Ama-
relo
FONTE: Guerreiro Filho et al. (2003) e Aguiar et al. (2004).

Os materiais genéticos mais recentes sistentes a pragas e a doenças, em razão que plantas de porte alto são de colheita
ainda estão recebendo seleções e melho- da dificuldade na aplicação de defensivos mais difícil que de porte baixo. Deve-se
rias, não se conhecendo perfeitamente nessas áreas. procurar conhecer a adaptabilidade das
todas suas características. Neste contexto, Em solos menos férteis, devem-se cultivares na região, onde se vai fazer o
em terrenos declivosos, por exemplo, escolher cultivares menos exigentes em plantio. Estas informações são obtidas
poder-se-ão utilizar espaçamentos mais nutrientes. Para melhor escalonamento por meio de recomendações regionais
adensados, dada a impossibilidade de da colheita, deve-se ter na propriedade das cultivares fornecidas pelos órgãos
mecanização. Nesses locais, deve-se dar cultivares de maturações precoces, médias de pesquisa, pois sabe-se que existem
preferência ao plantio de cultivares re- e tardias. É fundamental ter conhecimento cultivares bastante produtivas em deter-

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 39

minada região, o mesmo não acontecendo mercado. Assim, se a cultivar a ser plan- bitola do trator + 0,30 m livre entre as rodas
em outras localidades. Outras cultivares tada apresenta diâmetro médio de copa de e as plantas.
apresentam adaptabilidade mais ampla a 2,20 m e se a máquina apresenta bitola de No Quadro 3, são apresentadas as prin-
várias regiões. 1,20 m, deixando um espaço de 15 cm de cipais cultivares e linhagens para diferentes
O conhecimento do diâmetro da copa cada lado, para as rodas não tocarem nas regiões de Minas Gerais e, no Quadro 4,
é importante, para se ter idéia do espaça- folhas, o espaçamento mínimo entrelinhas observa-se o comportamento de algumas
mento a ser adotado no plantio e, dessa de plantio a ser utilizado será de 3,70 m. cultivares quanto à produção, em condi-
forma, se este espaçamento irá adequar- Essa conta fecha da seguinte forma: 2,20 m ções de cultivo comercial e submetidas a
se às máquinas agrícolas existentes na diâmetro de copa da cultivar escolhida diversos espaçamentos, na região de São
propriedade ou àquelas disponíveis no (1,10 m de cada lado da rua) + 1,20 m da Sebastião do Paraíso.

QUADRO 3 - Algumas cultivares e linhagens de Coffea arabica recomendadas para diferentes regiões do estado de Minas Gerais
(continua)
Região do Sul de
(1) (2)
Região dos Cerrados de Região das Montanhas
(3)
Cultivar Região do Jequitinhonha
(4)
Minas Minas de Minas
Catuaí Vermelho IAC 15 IAC 15 IAC 15 IAC 15
IAC 44 IAC 44 IAC 24 IAC 44
IAC 51 IAC 99 IAC 44 IAC 99
IAC 81 IAC 144 IAC 99
IAC 99
IAC 144
Catuaí Amarelo IAC 17 IAC 17 IAC 17 IAC 47
IAC 30 IAC 47 IAC 28 IAC 62
IAC 47 IAC 62 IAC 47
IAC 62 IAC 86 IAC 62
IAC 86 IAC 86
Rubi MG 1192 MG 1192

Topázio MG 1190 MG 1190 MG 1190 MG 1190


MG 1194 MG 1194 MG 1194 MG 1194
Novo Mundo IAC 376-4 IAC 376-4 IAC 376-4 IAC 379-19
IAC 379-19 IAC 379-19 IAC 379-19
IAC 388-17 IAC 388-17 IAC 464-18
IAC 515-3 IAC 515-3 IAC 515-3
Acaiá Cerrado MG 1474 MG 1474 MG 1474 MG 1474

Icatu Vermelho
(5)
IAC 2942 IAC 2942 IAC 2942 IAC 2942
IAC 4045
IAC 4042-114 IAC 4042-114
IAC 4040-315 IAC 4040-315
IAC 4040-181 IAC 4040-181
Icatu Amarelo
(5)
IAC 2944 IAC 2944 IAC 2944 IAC 2944
IAC 3282
(6)
IAC 3282
(6)
IAC 3282
(6)

Oeiras
(5)
MG 6851 MG 6851 MG 6851 MG 6851

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40 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

(conclusão)
Região do Sul de
(1)
Região dos Cerrados de
(2) (3)
Região das Montanhas
Cultivar (4)
Região do Jequitinhonha
Minas Minas de Minas
(5)
Paraíso MG H419-1 MG H419-1
(5)
Catiguá MG1 MG1 MG1 MG2
MG2 MG2 MG2
MG3 MG3 MG3
(5)
Catucaí Amarelo 2 SL 2 SL 2 SL 2 SL
24/137 24/137 24/137
20/15 20/15 20/15
35 M 35 M
(5)
Catucaí Vermelho 36/6 36/6
19/8 19/8
785/15 785/15 785/15
24/137 24/137 24/137
(1)Sul de Minas, Sudoeste de Minas e Campo das Vertentes. (2) Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro, Noroeste de Minas e Alto São Francisco.
(3) Zona da Mata e Rio Doce. (4) Vale do Jequitinhonha e Vale do Mucuri. (5) Resistente à ferrugem. (6) Maturação precoce, com antecipação da co-
lheita em cerca de 30 dias em relação às cultivares Catuaí e Mundo Novo. Indicada, também, para plantios em espaçamentos mais reduzidos.

QUADRO 4 - Produtividade de algumas cultivares e progênies de café - Fazenda Experimental de São Sebastião do Paraíso (FESP) da
EPAMIG
Produtividade
Data de Espaçamento (sc/ha) Média
Cultivar/Linhagem
plantio (m) (sc/ha)
2002 2003 2004 2005 2006

Paraíso MG H 419-1
(1)
fev./2000 3,50 x 0,50 45,7 36,4 85,0 68,8 83,0 63,7

Catuaí Vermelho IAC 99


(2)
fev./2000 3,50 x 0,50 35,3 25,8 63,0 34,5 91,6 50,0

Catuaí Vermelho IAC 99 fev./2001 3,00 x 0,70 - - - 41,0 67,5 54,2

Catuaí Vermelho IAC 144 fev./2001 3,00 x 0,70 - 29,0 39,0 38,4 78,2 46,2

Topázio MG 1190 dez./2001 3,20 x 0,80 - - 48,8 49,5 85,2 61,2

Pau-Brasil MG 1190 fev./2001 3,00 x 0,70 - 42,8 46,0 58 1 62,8 52,4

Araponga MG 1 dez./2001 3,20 x 0,70 - - 36,6 61,0 48,1 48,6

Catiguá MG 3 (H 514-11-5-5-1) dez./2001 3,20 x 0,70 - - 29,8 71,4 85,6 62,2

H 518-2-10-13-10 fev./2001 3,00 x 0,70 - 37,6 36,0 18,5 83,3 43,9

H 518-2-10-13-9 fev./2001 3,00 x 0,70 - - - 33,6 - 33,6

H 514-7-10-3 fev./2001 3,00 x 0,70 - 44,6 50,5 33,1 50,6 44,7

H 514-7-10-9-1 fev./2001 3,00 x 0,70 - 25,0 64,0 49,6 69,6 52,1

H 514-7-10-9-2 fev./2001 3,00 x 0,70 - 39,7 50,3 44,4 65,3 49,9

H 514-7-10-9-3 fev./2001 3,00 x 0,70 - 34,5 71,4 37,1 62,5 51,4

H 514-7-8-2-4 fev./2001 3,00 x 0,70 - 46,0 39,5 30,2 - 38,6

H 436-1-4-2-14 fev./2001 3,00 x 0,70 - 18,3 37,3 25,2 59,7 35,1

H 505-9-2-2 fev./2001 3,00 x 0,70 - 25,6 44,1 22,6 79,7 43,0

H 419-5-5-5-4-1 dez./2001 3,20 x 0,70 - - 31,2 23,6 94,4 49,7


NOTA: A produtividade refere-se a algumas cultivares e progênies de café em processo de melhoramento, conduzidas na forma de lavouras
comerciais e submetidas a tratos culturais recomendados, exceto controle de ferrugem nas cultivares resistentes.
(1)Sem controle fitossanitário. (2) Com controle de ferrugem e bicho-mineiro, exceto no ano 2004.

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 41

CONSIDERAÇÕES FINAIS esteja no Registro Nacional de Cultivares arabica selecionadas pelo IAC: característi-
(RNC) do Ministério da Agricultura, Pecu- cas botânicas, tecnológicas, agronômicas e
A recomendação de cultivares de cafe- descritores mínimos. O Agronômico, Cam-
ária e Abastecimento (MAPA).
eiros para determinada região e o sistema pinas, v.55, n.2, p.34-37, 2003.
de cultivo são decisões difíceis, em razão
REFERÊNCIAS MATIELLO, J.B.; SANTINATO, R.; GARCIA,
da carência de experimentação local, para A.W.R.; ALMEIDA, S.R.; FERNANDES, D.R.
AGUIAR, A.T. da E.; GUERREIRO-FILHO,
determinação do comportamento regional Variedades de café. In: ______. Cultura de
O.; MALUF, M.P.; GALLO, P.B.; FAZUOLI,
de cada material genético. café no Brasil: novo manual de recomen-
L.C. Caracterização de cultivares de Coffea
Em regiões onde os tratos fitossani- arábica mediante utilização de descritores dações. Varginha: MAPA: PROCAFE, 2005.
tários são dificultados por problemas de mínimos. Bragantia, Campinas, v.63, n.2, cap. 3, p.57-88.
topografia acidentada e ausência de mão- p.179-192, maio/ago. 2004.
de-obra especializada, deve-se dar prefe- FAZUOLLI, L.C.; SILVAROLLA, M.B.; SAL- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
rência ao plantio de cultivares de porte VA, T. de J.G.; GUERREIRO FILHO, O.; ME-
BARTHOLO, G.F.; CARVALHO, G.R. Infor-
baixo e portadores de fatores de resistência DINA FILHO, H.P.; GONÇALVES, W. Culti-
me sobre a venda de sementes de café. La-
à ferrugem. vares de café arábica do IAC: um patrimônio
vras: EPAMIG-CTSM, 1998. 4p. (EPAMIG-
da cafeicultura brasileira. O Agronômico,
Em áreas com grande infestação por ne- CTSM. Circular Técnica, 81).
Campinas, v.59, n.1, p.12-15, 2007.
matóides-das-galhas (Meloidogyne exigua)
FERRÃO, R.G.; FONSECA, A.F.A. da; FER- _______; MENDES, A.N.G. Cultivares de
deve-se optar pelo plantio de cultivares que cafeeiros recomendadas para Minas Ge-
RÃO, M.A.G.; BRAGANÇA, S.M.; VERDIN
apresentem genes de resistência a esses rais. Lavras: EPAMIG-CTSM, 1998. 4p.
FILHO, A.C.; VOLPI, P.S. Cultivares de café
nematóides, pela grande dificuldade de Conilon. In: _______; _______; BRAGAN- (EPAMIG-CTSM. Circular Técnica, 89).
controle desse parasito e pelos danos que ÇA, S.M.; FERRÃO, M.A.G.; MUNER, L.H. MATIELLO, J.B.; ALMEIRA, S.R. As varie-
causa à cultura do cafeeiro. de Café Conilon. Vitória: INCAPER, 2007. dades de café: características para escolher
Outro fator que deve ser levado em p.203-225. e modo de plantio. Coffea: Revista Brasilei-
consideração, no momento da escolha da GUERREIRO FILHO, O.; FAZUOLI, L.C.; ra de Tecnologia Cafeeira, Varginha, ano 1,
cultivar de café a ser plantada, é que esta AGUIAR, A.T. da E. Cultivares de Coffea n.2, p.27-29, jul./ago. 2004.

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42 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

Aspectos importantes dos fitonematóides do cafeeiro


Sônia Maria de Lima Salgado 1
Rosângela D’Arc de Lima Oliveira 2
Rodrigo V. Silva 3
Vicente Paulo Campos 4

Resumo - Os nematóides constituem um dos fatores limitantes à produção cafeeira. As


perdas podem ser mais severas, dependendo da espécie e da densidade populacional
dos nematóides, da suscetibilidade da cultivar e do manejo empregado no cafezal, que,
por sua vez, pode interferir na distribuição desses nematóides na área. Além desses
fatores, a bienalidade, característica do cafeeiro, dificulta a análise de perdas causadas
pelos nematóides no ano de baixa produção. As espécies mais prejudiciais ao cafeei-
ro pertencem aos gêneros Meloidogyne e Pratylenchus. Nos últimos anos, a constatação
da ocorrência de Meloidogyne paranaensis em cafezais de Minas Gerais deve servir de
alerta à cafeicultura mineira, pois, essa espécie causa danos mais severos. A escolha da
estratégia mais adequada para o controle dos nematóides depende da diagnose correta
das espécies e/ou raças de nematóides presentes no cafezal. Nesse contexto, para que
a identificação e a quantificação dos nematóides sejam confiáveis, torna-se necessário
o emprego de um bom plano de amostragem de solo e raízes, seguindo as recomen-
dações e cuidados na coleta das amostras. Portanto, é importante que os produtores
procurem informar-se e tomem conhecimento sobre os nematóides do cafeeiro, para
que medidas preventivas sejam tomadas, evitando risco de prejuízos maiores, caso a
área já esteja infestada, ou mesmo a introdução desses parasitos em áreas isentas.

Palavras-chave: Cafeicultura. Nematóide. Meloidogyne spp. Amostragem. Perda. Manejo.

INTRODUÇÃO vido à severidade dos danos que causa às em função de encontrar-se amplamente
plantas e a sua ocorrência em muitas áreas disseminado nas lavouras das principais
Muitos fatores prejudicam o processo
cafeeiras. A destruição de plantas severa- regiões produtoras de café, mesmo naque-
de produção do café, os quais podem variar mente atacadas, o plantio em local isento las emergentes e promissoras (GONÇAL-
de acordo com a região ou a propriedade de fitonematóides, uso de mudas sadias, de VES; SILVAROLLA, 2007). Estima-se
cafeeira. Os nematóides representam um porta-enxerto e cultivares resistentes estão uma redução de 20% a 25% na produção
dos principais fatores prejudiciais ao entre as táticas indicadas para o controle de cafeeira pelo parasitismo do nematóide-
desenvolvimento e produção do cafeei- nematóides no cafeeiro. das-galhas (KOENNING et al., 1999). No
ro, pois parasitam as raízes das plantas Brasil, tem-se constatado que a redução na
dificultando a absorção e translocação NÍVEL DE DANO ECONÔMICO produção cafeeira pode ser de 30% a 45%
de água e nutrientes. Várias espécies de DO NEMATÓIDE-DAS-GALHAS (CAMPOS; VILLAIN, 2005; BARBOSA
nematóides parasitam o cafeeiro sendo EM CAFEEIRO
et al., 2004b). Quando a população de
que Meloidogyne sp., conhecido como Meloidogyne exigua é responsável fitonematóide é baixa, a cultura sustenta
nematóide-das-galhas, é o principal, de- pelas maiores perdas na cafeicultura, altas produções até determinado limite

Eng a Agr a, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTSM-EcoCentro/Bolsista FAPEMIG, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico:
1

soniamaria@epamig.ufla.br
2
Eng a Agr a, D.Sc.,Prof. Associado UFV - Depto Fitopatologia, CEP 36570-000 Viçosa-MG. Correio eletrônico: rdlima@ufv.br
3
Eng o Agro, Doutorando UFV, CEP 36570-000 Viçosa-MG. Correio eletrônico: rvs@vicosa.ufv.br
4
Eng o Agro, Pós-Doc., Prof. Tit. UFLA - Depto Fitopatologia, Caixa Postal 3037, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico: vpcampos@ufla.br

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 43

populacional, quando então a produção QUADRO 1 - Produtividade média (saca de 60 kg/ha) de lavouras cafeeiras adequadamente
começa a declinar, iniciando o nível limiar tecnificadas e infestadas por Meloidogyne exigua comparadas com lavouras sem
infestação localizadas no noroeste do estado do Rio de Janeiro
de prejuízo (CAMPOS, 1999).
Estudos entre níveis populacionais do Lavouras infestadas por Lavouras isentas de
Idade dos cafeeiros
M. exigua M. exigua
nematóide, teor de nutrientes nas folhas
Até cinco anos 29,5 40,7
e produtividade das lavouras evidencia-
Acima de cinco anos 32,8 62,8
ram correlações negativas entre o nível
FONTE: Barbosa et al. (2004b).
populacional de M. exigua no solo, a
produtividade e os teores de N, Mn, Zn e
Fe dos cafezais (BARBOSA et al., 2004a).
Portanto, quanto maior a população de NLP
M. exigua menor o teor de nutrientes nas
folhas, confirmando que o parasitismo nas 40
raízes dificulta a absorção e/ou transloca-
35
Produtividade (saca de 60 kg/ha)

ção de nutrientes.
30
O parasitismo de M. exigua é o prin-
cipal fator de redução na produtividade 25

do cafeeiro (Quadro 1), até cinco anos 20


de idade, em lavouras tecnificadas, com
15
adequada adubação, controle de pragas,
10
doenças e plantas daninhas (BARBOSA
et al., 2004b). Nesse estudo, os níveis po- 5

pulacionais de 10 a 15 juvenis do segundo 0


estádio (J2)/100 cm3 de solo causaram 13% 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
3
Nível populacional de M. exigua (J2/100 cm de solo)
de perda na produção do cafeeiro arábica,
podendo atingir 30% de perda na ocorrên- Gráfico 1 - Produtividade de cafeeiros com até cinco anos de idade infectados por
cia de mais de 40 J2 de M. exigua/100 cm3 Meloidogyne exigua em lavoura com adequado nível tecnológico
de solo (Gráfico 1). FONTE: Dados básicos: Barbosa et al. (2004b).
De acordo com as estimativas de Bar- NOTA: NLP - Nível limiar de prejuízo = 30 Juvenis do segundo estádio (J2)/100 cm3 de
bosa et al. (2004b), o cafeeiro arábica com solo, corresponde à produtividade de 35 sacas beneficiadas por hectare para uma
lavoura de café arábica de cinco anos de idade, com adequado nível tecnológico.
cinco anos de idade, cultivado com alto
manejo tecnológico tem sua produtividade
no limite mínimo de 30 sacas/ha, quando PRINCIPAIS ESPÉCIES DE pécies, por causa dos danos causados e da
a população de M. exigua no solo esteve NEMATÓIDES PARASITAS DO ampla ocorrência nas áreas produtoras de
próxima de 40 J2/100 cm3. Analisando CAFEEIRO café (Quadro 2).
os resultados obtidos por Barbosa et al. No Brasil, os nematóides mais prejudi-
(2004b), estima-se que o nível limiar de ciais ao cafeeiro são endoparasitas (para- DISTRIBUIÇÃO DOS NEMATÓIDES
prejuízo (NLP) da infestação de M. exigua NA LAVOURA CAFEEIRA
sitam internamente as raízes do cafeeiro)
no cafezal pesquisado seja de 30 J2/100 e pertencem aos gêneros Meloidogyne Os fitonematóides são organismos mi-
cm3 de solo, o que corresponde à produti- spp., chamados nematóide-das-galhas, e croscópicos que passam pelo menos parte
vidade média estimada em 35 sacas/hectare Pratylenchus spp., nematóide-das-lesões- de seu ciclo de vida ao longo do perfil
(Gráfico 1). radiculares (GONÇALVES; SILVA- do solo, onde se encontram distribuídos.
A infestação por Meloidogyne exigua ROLLA, 2001). No gênero Meloidogyne Entretanto, maior concentração de nema-
reduziu consideravelmente a produtividade spp. existem mais de 80 espécies descritas, tóides fitoparasitas ocorre nas camadas
nas duas idades dos cafeeiros. Em média, das quais 17 podem atacar o cafeeiro superficiais, onde há maior volume de
essa redução foi de 11 sacas/ha em cafe- (CAMPOS; VILLAIN, 2005), mas M. raízes disponíveis para a sua alimentação,
eiros com até cinco anos e de 30 sacas/ha coffeicola, M. incognita, M. paranaensis porém há um decréscimo no número de ne-
em lavouras adultas (Quadro 1). e M. exigua constituem as principais es- matóides com o aumento da profundidade
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44 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

QUADRO 2 - Distribuição das espécies de Meloidogyne nos cafezais brasileiros


Espécies de Meloidogyne Estados
M. exigua Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Espírito Santo, Bahia, Distrito Federal
M. coffeicola Paraná, São Paulo, Minas Gerais
M. incognita Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro
M. javanica Distrito Federal, São Paulo
M. hapla São Paulo
M. paranaensis Paraná, Minas Gerais, São Paulo
FONTE: Campos e Villain (2005).

do solo. Meloidogyne exigua é encontrado Norte do Paraná e Oeste de São Paulo, extração no laboratório e as fêmeas serão
em alta população nos primeiros 40 cm a proporcionando uma redução no plantio selecionadas para identificação da espécie.
partir da superfície, mas sua densidade de cafeeiros nessas regiões (CAMPOS; Além da identificação, a quantificação dos
populacional reduz-se a partir de 80 cm VILLAIN, 2005). A preocupação é que nematóides nas amostras é imprescindível,
até cerca de 120 cm de profundidade (AL- nos últimos anos M. paranaensis foi cons- pois irá auxiliar na definição de medidas
MEIDA et al., 1987). Da mesma forma, são tatada no Sul de Minas, em Piumhi, e no adequadas de manejo.
encontrados em altas populações até 80 cm Alto Paranaíba, em Coromandel e Serra do
distantes do tronco do cafeeiro, caindo esse Salitre (CASTRO et al., 2004; CAMPOS et Sintomas que auxiliam na
diagnose de Meloidogyne
número à distância de 120 cm. O manejo al., 2005). A disseminação dos nematóides,
no cafeeiro
da lavoura pode alterar as características especialmente M. paranaensis, a partir
químicas, físicas, mineralógicas e bioló- dessas lavouras cafeeiras pode alcançar No campo, os cafeeiros podem apre-
gicas das camadas superficiais do solo, o vários outros municípios do parque cafe- sentar alguns aspectos sintomatológicos
que afeta a produção e a distribuição das eiro mineiro e levar lavouras à dizimação, mais relacionados com algumas espécies
raízes e, conseqüentemente, a infestação e pois torna o cafezal improdutivo, chegando de Meloidogyne do que com outras. M.
a distribuição dos nematóides na lavoura à morte (CAMPOS; VILLAIN, 2005). A exigua, por exemplo, causa galhas tipi-
cafeeira. amostragem nos cafezais pode evidenciar camente arredondadas e pequenas (em
o problema desses nematóides em cada torno de 0,3 a 1 cm de diâmetro), tanto em
DISSEMINAÇÃO DOS município produtor de café. A constatação raízes de mudas, como de plantas adultas
NEMATÓIDES NO CAFEZAL de infestação de M. paranaensis em um e, preferencialmente, em radicelas e raízes
município deve servir de alerta para os finas (Fig. 1). M. coffeicola é incapaz de
As enxurradas e as mudas infestadas
parasitar mudas e, em plantas adultas,
destacam-se como os mais importantes demais produtores circunvizinhos.
instala-se em raízes primárias, secundárias,
meios de disseminação dos nematóides terciárias, etc., causando engrossamentos
no campo. A contenção das enxurradas DIAGNOSE DE FITONEMATÓIDES
NA LAVOURA CAFEEIRA associados a rachaduras e perda de córtex
de áreas infestadas por nematóides e a (descorticamento), sem formar galhas típi-
proibição do plantio de mudas infestadas O modo de vida dos nematóides, cas (Fig. 2A). M. incognita e M. paranaensis
pelos nematóides-das-galhas podem con- associado ao seu tamanho microscópico, causam sintomas semelhantes em plantas
ter a disseminação desses nematóides no dificulta a diagnose das doenças causa- adultas (Fig. 2B), mas é possível observar
parque cafeeiro de Minas Gerais. Cerca das por esses patógenos em condições galhas arredondadas em mudas.
de 22% das lavouras cafeeiras do Sul de campo. A diferenciação de espécies Os sintomas reflexos do parasitismo de
de Minas estão infestadas por M. exigua de nematóides parasitas do cafeeiro só fitonematóides na parte aérea do cafeeiro
(CAMPOS et al., 2005). Essas lavouras é confiável, se tiver como base caracte- correspondem ao amarelecimento, queda
estão perdendo, aproximadamente, 30% a rísticas morfológicas e bioquímicas do de folhas, crescimento reduzido, podendo
45% da produção, devido aos nematóides próprio nematóide. O primeiro passo para chegar à morte da planta. Contudo, fica
(CAMPOS; VILLAIN, 2005; BARBO- correta diagnose do parasitismo desses praticamente impossível identificar com
SA et al., 2004b). O problema torna-se patógenos nos cafeeiros é a realização de segurança qual espécie do nematóide-das-
mais grave, quando a lavoura é infestada uma boa amostragem do cafezal ou da área galhas ou das lesões está ocorrendo na
por Meloidogyne paranaensis, espécie que será utilizada para nova implantação área, quando se toma por base somente a
de nematóide considerada mais danosa da lavoura. As amostras de solo e raízes sintomatologia apresentada pelas plantas
ao cafeeiro. Ocorre, principalmente, no serão submetidas aos procedimentos de atacadas.
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Dentre as espécies de Pratylenchus que Amostragem para diagnose recomendações contidas no Quadro 3.
parasitam o cafeeiro têm-se P. coffeae e P. de nematóides em lavoura Os nematóides estão distribuídos de
brachyurus, como as mais importantes no cafeeira maneira desuniforme no campo e, fre-
Brasil. Entretanto, é difícil separar essas qüentemente, encontram-se aglomerados
A diagnose de nematóides na lavoura,
duas espécies, de ocorrência mais freqüen- em áreas comumente chamadas reboleiras.
para uma segura identificação e quantifi-
te nas lavouras brasileiras, com base nos Essa é uma importante informação que vai
sintomas induzidos nas plantas atacadas. cação, depende de uma correta amostra-
direcionar a coleta das amostras na área de
Em ambos os casos, as raízes infectadas gem de solo e raízes. Segundo Freitas et
interesse. Devem-se retirar amostras na
apresentam lesões necróticas, com redução al. (2007), antes de realizar a coleta das
periferia das reboleiras, pois, nessa região,
do sistema radicular, e a parte aérea da amostras, quatro perguntas devem ser
a quantidade de nematóides ativos é maior,
planta exibe poucas folhas, de tamanho respondidas: o que coletar; quando coletar; o que facilita a sua detecção. Uma detecção
menor e de aspecto clorótico (CAMPOS; onde coletar e como coletar. Para responder negativa, na qual as amostras analisadas
VILLAIN, 2005). essas questões, o produtor deve seguir as não apresentam nematóides fitoparasitas,
não indica, necessariamente, a ausência
do patógeno, mas somente informa que
a população do nematóide está abaixo do
nível de detecção (HAFEZ, 2007).
Aspectos que influenciam a amos-
tragem e a diagnose dos nematóides na
lavoura cafeeira:
a) modelo de distribuição do nema-
tóide no campo: na cultura do cafe-
eiro, a distribuição dos nematóides,
geralmente, se dá em reboleiras, isto
é, concentrada em áreas localizadas,
devido à baixa migração dos nema-
tóides no solo;
b) uso de máquinas e implementos
agrícolas: a distribuição ao longo das
linhas de plantio é decorrente de mu-
A B
das infectadas e/ou da movimentação
Figura 1 - Raízes de cafeeiro Catuaí IAC 144 das máquinas e implementos, que
FONTE: Salgado et al. (2003). podem disseminar os nematóides;
NOTA: A - Exibindo galhas de Meloidogyne exigua; B - Constatação dos juvenis dentro
da galha.
c) manejo da lavoura: o efeito da
rotação de cultura e de práticas
culturais, bem como das caracterís-
ticas físico-químicas do solo, pode
contribuir para uma maior ou menor
distribuição dos nematóides;
d) condições edafoclimáticas: fatores
como tipo de solo, especialmente os
arenosos, a topografia acidentada,
os altos níveis de precipitação plu-
viométrica, dentre outros, podem
A B aumentar a disseminação desses
organismos na área infestada;
Figura 2 - Sintomas do parasitismo de Meloidogyne coffeicola e M. paranaensis nas
raízes de Coffea arabica e) presença de plantas hospedeiras:
FONTE: Castro et al. (2004) e Campos et al. (2005). algumas plantas daninhas são boas
NOTA: Figura 2A - M. coffeicola. Figura 2B - M. paranaensis. hospedeiras de nematóides e a
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QUADRO 3 - Recomendações técnicas de amostragem de solo e raízes para análise de nematóides em lavoura cafeeira

Critério Recomendação

Época de amostragem Preferencialmente, no período da floração e frutificação da cultura, quando o solo


apresentar umidade em torno de 40% a 60% da capacidade de campo.
Ferramentas e materiais necessários Enxadão, enxada ou trado de 2,5 cm de diâmetro para a retirada das amostras; balde;
sacos plásticos; etiquetas ou outro material para identificação da amostra; caneta e
formulário ou folha para anotação de informações adicionais.
Medidas prévias à amostragem Dividir a área em talhões de acordo com a cultivar de cafeeiro, tipo de solo e topografia do
terreno.
Profundidade e local de coleta Remover a camada superficial do solo antes de retirar as amostras. As amostras simples
são retiradas numa profundidade de 20 a 30 cm, em pontos ligeiramente internos à área
de projeção da copa.
Tamanho da amostra simples Aproximadamente, 150 g de solo e 10 g de raízes.
(subamostras)
Preparo e tamanho da amostra composta Reunir 10 a 12 amostras simples dentro de um balde, misturar bem e retirar no mínimo
500 g de solo e 100 g de raízes.
Número de amostras compostas por área Uma amostra composta por hectare.
Recomenda-se usar o bom senso e, se houver necessidade, coletar maior número de
amostras para boa representatividade da área.
Cuidados com as amostras Acondicionar as amostras em sacos plásticos fechados e mantê-los à sombra, para evitar
perda de umidade e ressecamento durante a amostragem na lavoura. Armazená-las à
temperatura de 8°C até o envio ao laboratório, onde as amostras devem ser extraídas
dentro de um período de até 8 a 10 dias da coleta.
Identificação da amostra Deve conter informações como: ponto de coleta na lavoura ou talhão, data da coleta, idade
e cultivar de cafeeiro.
Informações adicionais que devem ser Nome e endereço do produtor e da propriedade, histórico de uso da área, data da última
enviadas ao laboratório junto com as aplicação de produtos químicos no solo, tamanho da lavoura, plantas daninhas presentes
amostras na área, presença de sintomas, de pragas e de outras doenças.
FONTE: Salgado et al. (2007).

manutenção dessas plantas na área


de cultivo pode acarretar aumento
da densidade populacional, favo-
recendo a distribuição agregada do
nematóide.

Considerações a serem
observadas antes da coleta
de amostras
Observar e coletar informações a res-
peito da topografia do terreno, histórico de
uso da área, idade da lavoura, manejo da
cultura, sintomas de deficiência mineral ou
presença de plantas anormais, reboleiras
de plantas amarelecidas ou com cresci-
mento reduzido. Caminhar em ziguezague
(Fig. 3) e tomar amostras de plantas amare-
lecidas ou com crescimento retardado, com A B
sintomas moderados, mas não mortas. Em Figura 3 - Plano de amostragem em lavoura cafeeira
plantas mortas, a população de nematóides NOTA: A - Caminhamento em ziguezague; B - Coleta de solo e raízes na projeção da
é muito baixa e de difícil detecção. copa com alternância dos lados da linha de plantio do cafeeiro.

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Plano de amostragem para Quadrante I Quadrante II


viveiro
C1 C2 C3 C4 C5 C... C1 C2 C3 C4 C5 C...
A amostragem em viveiros para análise
de nematóides em mudas de café é essen-
cial para constatação da infectividade de
nematóides danosos à cafeicultura. De
acordo com a metodologia de amostragem C
adotada pelo Instituto Mineiro de Agro- O
R
pecuária (IMA, 2007) os procedimentos R
e pontos de coleta (Fig. 4) de raízes das E
D
mudas de cafeeiros para análise labora- O
torial são: R

a) dividir o viveiro em lotes de, no


máximo, 200 mil mudas;
b) dividir cada lote em quatro quadran-
tes;
c) em cada quadrante, selecionar
alternativamente os canteiros para Quadrante III Quadrante IV

a amostragem e avaliar 0,1% das C1 C2 C3 C4 C5 C... C1 C2 C3 C4 C5 C...


mudas, com mínimo de 30 mudas;
d) o quadrante que tiver mais de cinco
canteiros terá os seus amostrados
alternadamente. Dividir cada can-
teiro em cinco setores numerados de
C
1 a 5, a partir das extremidades do O
canteiro. No setor central, deve-se R
R
retirar quatro mudas e dos setores E
1, 2, 4 e 5 retirar duas mudas de D
O
cada; R
e) o quadrante que tiver apenas um
ou dois canteiros terá aumentada,
proporcionalmente, a retirada de
mudas de cada setor do canteiro, até
atingir o mínimo de 0,1% das mudas
e nunca menos que trinta; Figura 4 - Representação esquemática de viveiro ou lote (máximo de 200 mil mudas)
com os pontos de coleta dentro dos canteiros (C) de cada quadrante
f) as mudas amostradas deverão ter, no
mínimo, dois pares de folhas;
g) formar uma amostra composta com matóides na área. Além disso, a estratégia evitar a infestação de fitonematóides no
todas as mudas de cada quadrante, de manejo dependerá também da análise cafezal. Antes da implantação da lavoura
as quais devem ser acondicionadas crítica de sua aplicabilidade, em função ou mesmo durante a condução do cafezal,
em saco plástico e identificadas do nível tecnológico e econômico do ca- o uso de máquinas e implementos limpos
corretamente. feicultor, do modo de condução da lavoura, (sem risco de solo infestado aderido) e o
da possibilidade de mudança de atividade desvio de enxurradas, que possam veicular
ALTERNATIVAS DE MANEJO agrícola em parte da propriedade ou mes- nematóides de áreas infestadas ou áreas
DOS FITONEMATÓIDES EM mo da perda periódica de receita (GON- suspeitas para áreas isentas, são medidas
ÁREA CAFEEIRA ÇALVES; SILVAROLLA, 2007). importantes para evitar a disseminação
A adoção e o êxito de qualquer estra- Medidas preventivas como o plantio dos parasitos.
tégia de manejo dependerão do correto de mudas sadias e o uso de cultivares Após a detecção de alta infestação
diagnóstico quanto à presença dos fitone- resistentes estão entre as principais, para de fitonematóides na lavoura cafeeira ou
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48 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

em alguns locais da área, recomenda-se o vel. Por isso, o monitoramento da lavoura 2 - UFLA - Departamento de Fitopa-
alqueive por cinco a seis meses, como me- cafeeira, com amostragens periódicas tologia
dida de controle do Meloidogyne exigua. para detecção de nematóides ou mesmo Clínica Fitossanitária
Essa medida consiste no arranquio das acompanhamento da população desses or- Campus Universitário
plantas atacadas e destruição do sistema ganismos na lavoura cafeeira, possibilita ao Caixa Postal 3037
radicular no local (destocar o cafezal) com produtor prevenir ou mesmo evitar perdas CEP 37200-000 Lavras-MG
o revolvimento do solo feito pela aração e maiores provocadas pelo parasitismo dos Telefone: (35) 3829-1278
gradagem do terreno para expor a camada nematóides no cafezal, além de acompa- Correio eletrônico: epidem@ufla.br
de 20 a 30 cm de solo aos raios solares. nhar a distribuição na área e a possível
3 - UFV – Departamento de Fitopa-
Com o solo revolvido, os ovos e juvenis do disseminação dentro da lavoura e/ou para
tologia
nematóide ficam expostos à radiação solar lavouras vizinhas. Qualquer desconfiança
Clínica de Doenças de Plantas
e ao ressecamento, reduzindo a população por parte do produtor, quanto à ocorrência
Vila Gianetti, Casa 36
dos nematóides. Para garantir a eficiência de nematóides na área de produção de café,
CEP 36570-000 Viçosa-MG
do alqueive é importante manter a área sem deve ser tratada com critério e rapidez,
Telefone: (31) 3899-2623; (31)
planta hospedeira, inclusive de algumas pois, quanto mais rápida a detecção e iden-
3899-1084
plantas invasoras como o amendoim-bravo tificação do problema, mais fácil intervir
e maior será o sucesso na implementação 4 - IMA - Instituto Mineiro de Agro-
(Euphorbia heterophylla), a corda-de-viola
de medidas de controle. Como nematóides pecuária
(Ipomea acuminata) e o esopo (Leonorus
são muito difíceis de ser erradicados da Laboratório de Diagnóstico Fitos-
sibiricus), comuns nas lavouras cafeeiras
área, impedir a sua entrada na propriedade sanitário
e boas hospedeiras de Meloidogyne exigua BR 040, km 527 - Bairro Kenedy,
e a sua disseminação a partir dos focos de
(ALMEIDA, 1990) e o capim-pé-de-galinha Anexo a Ceasa
infestação pode significar o sucesso da
(Eleusine indica), boa hospedeira de M. CEP 32145-900 Contagem - MG
implantação de uma lavoura nova ou evitar
incognita e M. paranaensis (CARNEIRO Telefone: (31) 3394-2466, ramal 40
grandes perdas de produtividade.
et al., 2006). Na ausência do cafeeiro, FAX: (31) 3394-1902
O produtor não deve em hipótese
essas plantas permitem a reprodução do Correio eletrônico:
alguma plantar mudas infectadas por es-
nematóide em suas raízes, garantindo a fito@ima.mg.gov.br
pécies de Meloidogyne ou Pratylenchus,
sobrevivência do nematóide na área.
sejam elas mudas do próprio cafeeiro ou de 5 - UFU - Universidade Federal de
O uso de cultivares resistentes é a Uberlândia
plantas utilizadas para arborização/quebra-
melhor opção no controle dos nematói- Instituto de Ciências Agrárias
ventos nas lavouras. Para isso, procure os
des, porém, a resistência do cafeeiro ao viveiristas credenciados, os quais são obri- Laboratório de Nematologia Agrí-
nematóide-das-galhas (Meloidogyne sp.) é gados a apresentar o certificado de sanidade cola
específica à espécie ou raça. A utilização de das mudas, atestando a ausência de espécies Campus Umuarama - Bloco 2E -
porta-enxerto resistente permitiu o plantio de nematóides nocivas ao cafeeiro. sala 18B
de cafeeiros em áreas infestadas do esta- CEP 38400-902 Uberlândia-MG.
do de São Paulo, onde a cultivar Mundo LABORATÓRIOS PARA Telefones/Fax: (34) 3218-2225;
Novo enxertada em plantas resistentes a ANÁLISE DE NEMATÓIDES EM (34) 3218-2226; (034) 3212-4957
M. exigua, M. incognita e M. paranaensis MINAS GERAIS Correio eletrônico:
produziu em média 37%; 442% e 590% amelias@umuarama.ufu.br
a mais que os cafeeiros de pé franco, 1 - EPAMIG – Empresa de Pesquisa
Agropecuária de Minas Gerais REFERÊNCIAS
respectivamente (GONÇALVES; SILVA-
Centro Tecnológico do Sul de Mi-
ROLLA, 2007). ALMEIDA, V.F. de. Reprodutividade e so-
nas - CTSM (em implantação)
brevivência de Meloidogyne exigua em
Fazenda Experimental de Lavras
CONSIDERAÇÕES FINAIS (Subestação) km 4 da Estrada La- áreas de cafezal infestadas e submetidas
à alternância de culturas. 1990. 75p. Dis-
Os nematóides ainda têm sua impor- vras - Ijaci
Laboratório de Nematologia sertação (Mestrado em Solos e Nutrição de
tância subestimada como fatores limitantes Plantas) - Escola Superior de Agricultura de
CEP 37200-000 Lavras - MG
no processo produtivo do café por desco- Telefax (35) 3821-2231; (35) Lavras, Lavras.
nhecimento desse organismo por parte dos 38291974/1975 _______; CAMPOS, V.P.; LIMA, R.D. de. Flu-
produtores e dos técnicos. O controle dos Correio eletrônico: tuação populacional de Meloidogyne exigua
nematóides é difícil e sua erradicação da fela@epamig.ufla.br ou na rizosfera do cafeeiro. Nematologia Bra-
área contaminada é praticamente impossí- soniamaria@epamig.br sileira, Piracicaba, v.11, p.159-175, 1987.

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50 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 51

Identificação das principais doenças do cafeeiro e uso


correto de produtos fitossanitários
Vicente Luiz de Carvalho 1
Rodrigo Luz da Cunha 2
Sara Maria Chalfoun 3

Resumo - O sucesso no controle das doenças não se resume ao ato de aplicar o produto,
mas sim à interação entre vários fatores, entre eles, diagnóstico correto e detalhado do
problema na lavoura; produto a ser aplicado; uso correto e seguro do produto fitossa-
nitário e o uso adequado dos equipamentos. Esses cuidados resultarão em um controle
eficiente, com custo baixo e mínima contaminação ambiental e humana. Não se conse-
gue a máxima eficiência de um produto, se não for identificado corretamente o patóge-
no envolvido no problema, se os equipamentos não forem adequados, e se for feito o
cálculo errado das dosagens; momento inadequado de aplicação e muitos outros fatores
que não são considerados. Os prejuízos causados pela aplicação incorreta do produto
podem ser: econômicos, pelo desperdício, que leva à maior freqüência e quantidade de
aplicação; ambiental, agravado pelo uso desnecessário em freqüência e em quantidade;
sanitário, devido aos resíduos que permanecem nos alimentos e as condições de riscos
às quais se submete o trabalhador rural, direto ou indiretamente envolvido.

Palavras-chave: Café. Doença. Controle. Produto fitossanitário. Coeficiente técnico.

INTRODUÇÃO tos, e de outros fatores. a diluição, a agitação e a necessidade da


Em relação à tecnologia de aplicação, adição de adjuvantes devem ser verificados
Na cafeicultura, a integração de várias
os insumos são aspergidos sobre as plantas cuidadosamente.
práticas de manejo pode ser empregada,
ou no solo, podendo também ser incorpora- O produtor deve sempre consultar um
com a possibilidade de reduzir o número
dos no solo. Para garantir que o ingrediente engenheiro agrônomo, para saber quais
de aplicações e/ou doses de produtos
ativo atinja toda a superfície alvo é neces- medidas de controle devem ser tomadas
químicos, para o controle das doenças, ou
sário que o equipamento esteja distribuído e, no caso de aplicação de agroquímicos,
mesmo evitar o seu uso, sem causar preju- uniformemente na quantidade correta do
ízo à produção, com redução de risco para para se orientar na regulagem do equi-
produto por área. A quantidade de ingre-
o ambiente e para o homem (CARVALHO; pamento e definir, por exemplo, o tipo
diente ativo aplicado deve ser correta para
CHALFOUN, 1998). de bico a ser usado, com o objetivo de
evitar falha de controle ou danos à cultura.
Desse modo, o sucesso no controle das distribuir uniformemente, na área, a dose
Para isso, antes de iniciar a aplicação é
doenças depende de um conjunto de medi- correta do produto, evitando desperdício
necessário revisar cuidadosamente os equi-
das que vão desde a correta identificação pamentos a serem usados. Os bicos devem e perdas no rendimento pela toxicidade
do patógeno, do nível de dano econômico, ser examinados individualmente, a fim de causada à cultura. A ocorrência de erros
da análise da lavoura quanto à expectativa avaliar o desgaste e o alinhamento. Além na dose aplicada normalmente apresenta
de produção, da escolha dos produtos, do disso, o volume de calda a ser aplicado, o reduzida possibilidade de correção e são
uso seguro dos produtos fitossanitários, da número e o tamanho das gotas, a pressão os principais responsáveis pela maioria das
regulagem e manutenção dos equipamen- de funcionamento dos bicos, a dosagem, aplicações fracassadas.

1
Engo Agro, M.Sc., Pesq. EPAMIG-CTSM-EcoCentro, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico: vicentelc@epamig.ufla.br
2
Engo Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTSM-EcoCentro, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico: rodrigo@epamig.ufla.br
3
Enga Agra, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTSM-EcoCentro, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico: chalfoun@epamig.ufla.br

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FERRUGEM-DO-CAFEEIRO c) no sistema de cultivo adensado, o médio da planta, perfazendo um to-


microclima é plenamente favorável tal de 100 a 300 folhas por talhão;
A ferrugem-do-cafeeiro, causada pelo
ao desenvolvimento da ferrugem- c) contar o número de folhas com fer-
fungo Hemileia vastatrix Berk e Br., é a
do-cafeeiro. rugem e determinar a porcentagem
doença mais importante, por causar gran-
des prejuízos para a cafeicultura. Ocorre Além desses fatores que orientam na to- de infecção, conforme a fórmula a
em todas as regiões produtoras de café no mada de decisões, ao programar o esquema seguir:
Brasil. Este fungo ataca todas as variedades de controle da ferrugem, o cafeicultor pode no de folhas com
de café, porém, dentro do gênero Coffea, usar uma técnica que permite conhecer a ferrugem x 100­
são observadas diferenças quanto à patoge- evolução da doença na lavoura, ou seja, o % de infecção (I) =
no total de folhas
nicidade. A espécie Coffea canephora apre- monitoramento ou o acompanhamento do
senta cultivares com resistência, enquanto índice de infecção da ferrugem. d) a porcentagem de infecção (I)
que a maioria das cultivares comerciais Ao conhecer a evolução da doença na mostra a evolução da doença na
dentro da espécie C. arabica é suscetível lavoura é possível fazer um programa de lavoura;
à doença. controle eficiente, utilizando-se fungicidas e) este levantamento deve ser realizado
O principal dano causado pela ferru- de contato e/ou sistêmicos. Com isso, serão pelo menos uma vez por mês a partir
gem-do-cafeeiro é a desfolha e, consequen- evitados desperdícios com insumos, mão- de dezembro.
temente, a perda na produção que pode de-obra e danos causados pela ocorrência
chegar a até 50%. Além disso, indiretamen- de índices elevados da doença, bem como Conhecendo a porcentagem da infec-
te, após anos de ataque, a ferrugem pode ção, por meio do monitoramento, pode-se
menor agressão ao meio ambiente.
causar perdas de ramos laterais e menor definir qual grupo de fungicida deverá ser
Fazer monitoramento por meio de
longevidade das plantas. usado, uma vez que no uso de produtos de
amostragens como na Figura 2.
Os primeiros sintomas da enfermidade contato como os cúpricos, as aplicações
são pequenas manchas circulares de cor A seqüência de trabalho deve ser:
devem-se iniciar, quando ainda não foi
amarelo-alaranjada, com diâmetro de a) dividir as lavouras em talhões uni- constatada a ferrugem nas lavouras, ou
0,5 cm, que aparecem na face inferior formes, caminhar em ziguezague quando o índice está próximo de 0% de
da folha. Sobre a mancha forma-se uma coletando folhas; folhas com ferrugem.
massa pulverulenta de uredosporos. No b) coletar cinco a dez folhas por planta Com o monitoramento da lavoura,
estádio mais avançado, algumas partes do (do terceiro ou quarto par), no terço pode-se também retardar ao máximo o
tecido foliar são destruídas e necrosadas
(Fig. 1).
A ocorrência da doença é favorecida
por fatores ligados ao hospedeiro (cafeei-
ro), ao patógeno (fungo) e aos relacionados
com o ambiente. Entre os fatores relacio-
nados com a planta e com o ambiente,
que permitem inferir sobre a ocorrência
e a intensidade do ataque, estão: o enfo-
lhamento, a carga pendente (produção)
e a densidade de plantas por área. Esses
fatores são importantes na hora de definir
o controle da doença.

Monitoramento e controle
Ao programar o controle, convém
Vicente Luiz de Carvalho

lembrar que:
a) quanto maior o enfolhamento, maior
será o inóculo residual para o próxi-
mo ciclo da ferrugem;
b) quanto maior a carga pendente,
maior será a intensidade da doença; Figura 1 - Folhas de cafeeiro apresentando sintomas de ferrugem

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 53

Terço médio
do pé de café Terceiro ou quarto
par de folhas

Figura 2 - Amostragem de folhas para avaliação da ferrugem

início do controle com o uso de fungicida às melhores cultivares de Mundo Novo e - no solo (fungicida + inseticida),
sistêmico foliar. Isto evitará a evolução Catuaí. Em sistemas de cultivo adensado - no solo (fungicida).
tardia da doença com índices altos no final e/ou orgânico, cultivares resistentes/to-
Os produtos via solo devem ser aplica-
do ciclo, como vem ocorrendo nos últimos lerantes tornam-se a melhor opção. As
dos com datas pré-fixadas. Normalmente,
anos em áreas onde é feito o controle com principais cultivares resistentes/tolerantes
estas aplicações devem ser realizadas até,
datas pré-fixadas ou com aplicações ante- disponíveis no mercado são: Arapongas,
no máximo, no mês de dezembro, pois é
cipadas desses sistêmicos. Catiguá, Catucaí, Iapar 59, IBC Palma, preciso muita umidade no solo para que
O controle com fungicida sistêmico Icatu, Obatã, Oeiras, Paraíso, Pau Brasil, o produto seja absorvido pelas raízes das
deve ser feito com índices inferiores a 5%. Sacramento e Tupi. plantas.
Acima deste valor o fungicida pode ser
A aplicação via foliar faz-se com fun-
usado, desde que haja orientação técnica Controle químico
gicidas de contato e sistêmicos.
quanto a sua conveniência ou não. O ideal é fazer um programa de con-
Existem dois grandes grupos de pro-
dutos usados no controle da ferrugem-do- trole envolvendo um produto de contato
Medidas gerais de controle
cafeeiro: (cúprico) e um sistêmico. Pode-se iniciar
Para um controle efetivo da doença, com cúprico e intercalar com sistêmico ou
a) contato (preventivo): maiores repre-
o cafeicultior deve-se ater aos seguintes ao contrário. A melhor combinação depen-
itens: sentantes são os fungicidas à base de
derá das condições da lavoura (idade, carga
cobre, chamados cúpricos. As apli- pendente, espaçamento, enfolhamento e
a) fazer sempre adubação equilibrada;
cações devem-se iniciar quando ain- outros fatores).
b) plantar linhagens resistentes ou da não foi constatada ferrugem nas Em anos de carga pendente alta ou
tolerantes; lavouras ou com índices da doença em lavouras adensadas, a incidência da
c) fazer desbrotas, evitando o excesso próximos de zero. Os intervalos de ferrugem é maior. Dessa forma, deve-se ter
de hastes e, conseqüentemente, o aplicações devem ser seguidos rigo- mais cuidado nas médias de controle. Em
auto-sombreamento; rosamente, assim como o número de anos de carga pendente baixa, o controle
d) fazer podas periódicas; aplicações recomendadas, as quais pode ser simplificado com a redução do
e) adotar espaçamentos mais largos na são normalmente maiores que nos número de pulverizações. Outro aspecto
entrelinha; sistêmicos; a ser considerado é a possibilidade de
controlar simultaneamente a ferrugem e
f) evitar o cultivo sombreado. b) sistêmico: atuam curando ou mes-
a cercosporiose. Os fungicidas cúpricos e
mo erradicando a doença depois de
Controle genético outras formulações são recomendados para
instalada, pois translocam-se dentro
o controle simultâneo.
O uso de cultivares resistentes ou da planta. Esses produtos permitem A eficiência do controle químico vai
tolerantes à ferrugem é, sem dúvida, a iniciar as aplicações com índices de depender do uso correto e seguro do fun-
melhor opção de controle da doença, por incidência da ferrugem de até 5% ou gicida. Doses elevadas ou subdosagens
apresentar menor custo, sem causar danos mais, dependendo de uma avaliação não implicam em melhoria na eficácia ou
ao meio ambiente e ao homem. Hoje, já e recomendação de um técnico. economia e ainda podem acarretar toxidez
existem no mercado várias cultivares dis- Esses produtos podem ser aplicados à planta e riscos à saúde do aplicador e ao
poníveis com produtividade semelhante no solo ou via foliar: ambiente.
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MANCHA-DE-PHOMA doença. Durante o ano, essas condições CERCOSPORIOSE DO


ocorrem geralmente nos meses de agosto CAFEEIRO
A mancha-de-Phoma é uma doença
a outubro e março a maio. Nessas épocas, A cercosporiose é uma das doenças mais
do cafeeiro causada pelo fungo Phoma
podem ocorrer surtos da doença, porém, antigas do cafeeiro. O agente causal dessa
costarricensis Ech. Foi identificada pela
dependendo da região e condições de cli-
primeira vez na Costa Rica como doença doença é o fungo Cercospora coffeicola
ma específico, ela pode evoluir em outros
que necessita de ferimentos prévios na Berk & Cook, que, dependendo da região
meses. Os sintomas nas folhas novas são
planta, para que ocorram as infecções onde incide, recebe várias denominações,
manchas circulares de coloração escura e
(ECHANDI, 1957). Entretanto, trabalhos como cercosporiose, mancha-de-olho-
de tamanho variado que podem chegar a
realizados na Colômbia demonstraram que pardo, olho-de-pomba e olho-pardo. Os
2 cm de diâmetro. Quando as lesões atin-
o fungo Phoma spp. é capaz de penetrar e sintomas característicos nas folhas são
gem as bordas das folhas, estas encurvam-
causar infecções nos brotos, frutos e folhas manchas circulares de coloração castanho-
se, podendo apresentar rachaduras. Podem
na presença ou ausência de ferimentos clara a escura, com o centro branco-acin-
ocorrer nos ramos, iniciando-se a partir
(FERNÁNDEZ,1961). zentado, quase sempre envolvidas por um
dos folíolos ou do ponto de abscisão das
No Brasil, além da Phoma costarricensis, halo amarelado. Nos frutos, ocorrem lesões
folhas. Nos ramos atacados, observam-se
deprimidas de coloração escura, as quais
estudos mais recentes confirmam a ocorrên- lesões deprimidas e escuras. Estas lesões
se desenvolvem no sentido polar. Podem
cia de outras espécies do fungo (SALGADO; podem ocorrer também nos botões florais,
ocorrer em frutos verdes, causando matu-
PFENNING, 2000). flores e frutos no estádio de chumbinho ração precoce da casca ao redor da mancha
A doença foi constatada no País inicial- e causar a morte e mumificação desses (Fig. 4). Nos últimos anos, têm sido ob-
mente em cafezais localizados em altitudes órgãos atacados (Fig. 3). servados sintomas diferentes nas folhas,
elevadas (acima de 900 m) no estado do Entre as medidas de controle estão: caracterizados por manchas escuras sem
Espírito Santo e em regiões do Triângulo halo amarelado que, em algumas regiões,
a) evitar a instalação de lavouras em
Mineiro e Alto Paranaíba, no estado de têm sido denominadas cercóspora-negra.
áreas sujeitas a ventos frios;
Minas Gerais. No entanto, a doença tem
b) programar a instalação de quebra- Os principais danos provocados são:
sido encontrada em outras regiões, em
lavouras expostas a ventos fortes e frios,
ventos provisórios e/ou definitivos a) em viveiros: queda de folhas e ra-
desde a implantação da lavoura; quitismo das mudas;
como as faces voltadas para o sul, sudeste
e leste. c) fazer adubações equilibradas e em b) em pós-plantio: desfolhamento e
A penetração do fungo é facilitada por quantidades adequadas; atraso no crescimento das plantas;
danos mecânicos nos tecidos da planta, d) fazer o controle com fungicidas c) em lavouras novas: queda de folhas,
produzidos por insetos ou pelo roçar de específicos durante os períodos frutos e, conseqüentemente, seca de
folhas tenras, causado pelos ventos. A favoráveis à doença; ramos produtivos, após as primeiras
temperatura tem grande influência, pois o e) fazer o controle preventivo, prin- produções;
micélio é infectivo a 24ºC e os picnidiós- cipalmente nas fases pós-florada d) em lavouras adultas: queda de
poros a 18ºC -19ºC. Períodos intermitentes (chumbinho), nas áreas onde a folhas, amadurecimento precoce,
de frio, ventos frios e chuva favorecem a doença ocorre sistematicamente. queda prematura e chochamento dos

Fotos: Vicente Luiz de Carvalho

A B C
Figura 3 - Sintomas de incidência de Phoma spp.
NOTA: A - Nas folhas novas; B - No ramo; C - Na roseta.

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 55

frutos. As lesões funcionam como sistema radicular influenciam diretamente c) encher os saquinhos com solo de
uma porta de entrada para outros a nutrição da planta. Inúmeros trabalhos boa textura, a fim de proporcionar
fungos e bactérias, que depreciam indicam que a nutrição deficiente ou dese- um substrato com boa porosidade;
a qualidade do café. quilibrada tem efeito direto na intensidade d) preparar o substrato com esterco
Em geral, o fungo necessita de umidade de ataque da Cercospora. Doses maiores de puro e bem curtido;
relativa alta, temperatura baixa e excesso de N diminuem a incidência da cercosporiose, e) manter as mudas com umidade
insolação, para o seu desenvolvimento. enquanto que o K interage negativamente adequada, evitando o excesso ou a
Nos viveiros e na fase pós-plantio, com N, diminuindo o efeito deste. Os sua falta;
além das condições climáticas já citadas, desequilíbrios da relação N/K favorecem f) adicionar nutrientes em quantidades
os substratos pobres em matéria orgânica o desenvolvimento da doença, onde la- adequadas.
ou sem as devidas correções químicas, com vouras com deficiência de N ou excesso
de K apresentarão maior incidência da Práticas culturais nas fases de plantio
relações desequilibradas dos nutrientes
e pós-plantio:
e solos com textura inadequada (muito enfermidade.
argilosos ou muito arenosos) são fatores Ao contrário do que ocorre com a ferru- a) evitar o plantio em solos arenosos
que podem predispor as mudas a uma gem, a incidência da cercosporiose é menor e/ou pobres;
incidência da cercosporiose. Nos plantios nos plantios adensados. O auto-sombrea- b) fazer um bom preparo do solo,
realizados no final do período chuvoso mento, a maior disponibilidade de água e livre de compactações e adensa-
(início da seca), é comum ocorrerem ata- de minerais desfavorecem a doença. mentos para proporcionar um bom
ques severos do fungo, promovendo uma arejamento e desenvolvimento das
desfolha acentuada das plantas. O déficit Controle cultural raízes;
hídrico, os ventos frios ou quaisquer con- Sob o ponto de vista do manejo in- c) fazer, com certa antecedência, a
dições adversas após o plantio predispõem tegrado, a cercosporiose é uma doença, análise de solo e as correções neces-
as mudas à incidência de ataque da cer- com maior possibilidade de ser controlada sárias, um bom preparo das covas
cosporiose, que é ainda mais severa, se o pelo manejo e práticas culturais, podendo ou dos sulcos de plantio. Seguir um
preparo das covas ou dos sulcos de plantio dispensar o uso de agroquímicos. plano de adubação e nutrição ade-
for inadequado. quado, incluindo sempre a utilização
Práticas culturais em viveiros:
Em lavouras adultas, além das condi- de compostos orgânicos;
ções climáticas, a nutrição deficiente e/ou a) instalar os viveiros em lugares secos
d) estar atento ao controle dirigido,
desequilibrada em solos muito argilosos, e arejados; principalmente se o plantio for feito
muito arenosos ou compactados, as plantas b) controlar o ambiente do viveiro, no final do período chuvoso, pois o
com sistemas radiculares deficientes ou evitando alta umidade, baixas tem- excesso de insolação, ventos e a de-
pião torto, são fatores que predispõem as peraturas, ventos frios ou excesso ficiência hídrica predispõem as plan-
plantas à doença. As condições do solo e do de insolação; tas à incidência da cercosporiose.

Fotos: Vicente Luiz de Carvalho

A B C
Figura 4 - Sintomas de cercosporiose
NOTA: A - Folhas; B - Frutos maduros; C - Frutos verdes apresentando amadurecimento precoce.

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Práticas culturais em lavouras adul- (Gráfico 1), período que coincide com a c) uma alternativa que tem sido utiliza-
tas: fase de maturação dos frutos, podendo da e que pode ser um bom sistema
a) fazer o planejamento das adubações, causar sérios prejuízos. Deve-se seguir de controle é o uso combinado de
principalmente durante as primeiras rigorosamente o intervalo de 30 dias entre cúpricos (preventivo de contato)
produções dos cafeeiros, a fim de as aplicações. com sistêmicos, tanto em misturas
evitar o desequilíbrio da relação par- Podem ser usados dois grupos de pré-formuladas como em aplicações
te aérea/sistema radicular, condição produtos: separadas em épocas distintas. De
essa que favorece a doença; a) preventivos (contato): os defensi- modo geral, essas combinações em
b) fazer o acompanhamento periódico vos, quando aplicados na superfície um programa de controle aliam os
do estado nutricional das plantas, das folhas e frutos, constituem uma benefícios dos cúpricos com os dos
por meio de análises foliares e de barreira tóxica capaz de evitar a sistêmicos dando um eficiente con-
solo; penetração do fungo, mediante a trole, tanto da cercosporiose como
c) manter o equilíbrio da relação dos inibição de germinação dos esporos. da ferrugem.
teores foliares de N/K em lavouras Nesse grupo de fungicidas estão os
adultas, principalmente em anos de cúpricos (produtos à base de cobre), MANCHA-AUREOLADA DO
carga pendente alta, visando dimi- que apresentam algumas vantagens CAFEEIRO
nuir a incidência da cercosporiose; como: atuam bem sobre outros
patógenos como a ferrugem, que é A mancha-aureolada do cafeeiro é uma
d) manter os cafeeiros sombreados ou doença causada pela bactéria Pseudomonas
considerada a principal doença do
em sistemas de plantio adensado, syringae pv. garcae e pode ocorrer tanto
cafeeiro; são fontes de cobre como
a fim de reduzir a incidência da em mudas no viveiro, onde causa maiores
nutriente para a planta; têm efeitos
doença. prejuízos, como em plantas adultas.
benéficos na qualidade, na retenção
de folhas e frutos com reflexos po- A denominação mancha-aureolada é
Controle dirigido em decorrência da formação de um halo
sitivos na produção e adaptáveis a
Quando o controle cultural não for vários programas de controle; amarelo circundando as lesões. As áreas
suficiente para reduzir a doença, tanto nas b) curativos e erradicantes (sistêmi- lesionadas normalmente desprendem-se
mudas no viveiro, no pós-plantio ou em cos): os defensivos atuam prote- dos bordos das folhas dando um aspecto
cafeeiros em produção, a doença deve ser gendo as folhas, curando ou mesmo rendilhado (Fig. 5).
controlada com a aplicação de fungicidas erradicando a doença depois de As lavouras instaladas em locais de
específicos, logo após o aparecimento dos instalada, pois translocam dentro da maiores altitudes e desprotegidas da ação
primeiros sintomas. O apoio de um técnico planta. Nesses grupos os principais dos ventos estão mais sujeitas à doença. Os
poderá auxiliar na escolha do defensivo. fungicidas são os triazóis, estrobiru- ventos promovem ferimentos nas folhas e
As aplicações podem ser feitas de de- linas, benzimidazóis, ditiocarbama- ramos novos, abrindo portas para a pene-
zembro/janeiro a março/abril. A época de tos, misturas pré-formuladas desses tração da bactéria. A ocorrência de chuvas
maior incidência da doença é março/abril fungicidas e outros; de granizo e o frio intenso podem provocar
lesões nas plantas, o que também facilita a
entrada da bactéria. As condições de tem-
40 peratura, umidade relativa e precipitação
35
Folhas com cercóspora (%)

30
Período de
25
controle
20
Vicente Luiz de Carvalho

15
10
5
0
nov. dez. jan. fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov.
Período de controle
Figura 5 - Folha de café com sintomas
Gráfico 1 - Curva de evolução da cercosporiose do cafeeiro na Fazenda Experimental de de incidência de mancha-
São Sebastião do Paraíso, MG aureolada

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que favorecem a ocorrência da doença vão mesmo dia e fazer pequenos furos QUEBRA-VENTOS PERMANENTES
de outubro a dezembro. na embalagem;
Muitas doenças (Cercosporiose, mancha-
O controle da bactéria normalmente d) evitar o transporte do material no de-Phoma, mancha-aureolada etc.) podem
é feito por meio de antibióticos, que são porta-malas do veículo por causa
ser minimizadas pelo uso de quebra-ventos.
uma boa opção para muda e lavoura nova. do calor;
Estes são barreiras constituídas de renques
Mohan e Cardoso (1977) sugerem que a
e) embalar as amostras separadamente de árvores ou arbustos dispostos em direção
mistura de antibióticos com cúpricos (oxi-
e identificá-las; perpendicular aos ventos dominantes (Fig. 7).
cloreto de cobre) aumenta a eficiência de
f) não congelar as amostras; Para proteção provisória de cafezais
controle e que mudas atacadas a pleno sol
recuperam-se mais rapidamente. g) evitar a remessa do material em dias em formação, enquanto os quebra-ventos
que antecedem fins de semana ou fe- arbóreos estão em desenvolvimento, po-
Entre as medidas de controle estão:
riados, pois o atraso no recebimento dem-se utilizar quebra-ventos temporários,
a) fazer o controle preventivo;
poderá comprometer as condições os quais, quando devidamente adubados
b) construir viveiros protegidos de do material; e cuidados, pouco concorrem com o ca-
ventos frios; feeiro.
h) remeter, junto ao material para a
c) evitar a formação de lavouras em análise, ficha de informações que Para oferecer máxima eficiência, com
áreas sujeitas a ventos frios e for- ajudarão na identificação do proble- o mínimo de concorrência e prejuízos aos
tes; ma (Fig. 6). cafeeiros mais próximos (Fig. 8), os que-
d) programar a formação de quebra-
ventos junto à implantação da
lavoura; FICHA PARA DIAGNÓSTICO DE DOENÇAS - VEGETAL
e) fazer o estudo econômico da via-
1 - Nome do interessado: ..............................................................................................................
bilidade do controle em lavouras
Endereço para correspondência: .............................................................................................
adultas.
..................................................................................................................................................
Procedência do material (local e município): ...........................................................................
COLETA E ENVIO DE MATERIAL ..................................................................................................................................................
PARA DIAGNÓSTICO
2 - Cultura: .................................................. Cultivar: ..................................................................
Para a coleta, o cafeicultor deve estar Data de coleta do material: ......./....../.........
ciente dos seguintes propósitos: Parte atacada: .........................................................................................................................

a) coletar plantas inteiras, sempre que Idade da planta: ................................. Área cultivada: ..........................................................

possível, com raízes e solo a ela Vegetação circunvizinha : .......................................................................................................

aderidos; 3 - Textura do solo: arenoso ......... argiloso ......... misto ......... turfoso .......... rocha...............
b) coletar plantas ou partes com sin- Fertilidade do solo: fértil .................. medianamente fértil .................... fraca .......................
tomas iniciais e intermediários da Localização da cultura: espigão ................. encosta .................. baixada ...........................
doença, não totalmente mortas; Foi feita adubação? ............................... Fórmula e quantidade ...........................................

c) coletar mais de uma planta ou partes Foi feita a calagem? ...............................................................................................................

das plantas (ramos, folhas, raízes ou 4 - Sintomas aparentes: ..............................................................................................................


frutos) com o problema; Quando foram notados: .........................................................................................................
d) plantas adultas, seccionar em partes. Qual a intensidade do ataque: ...............................................................................................
Os sintomas aparecem em: pés isolados ............... reboleiras ............. uniforme ................
Para embalagem e remessa das amos- Defensivos usados na cultura: ..............................................................................................
tras, deve-se: Houve algum distúrbio climático no período?.........................................................................

a) embalar as amostras em sacos de pa- ................................................................................................................................................

pel, caixa de papelão ou isopor, quan-


5 - Observações: ...............................................................................................................
do a remessa for feita pelo correio;
b) nunca adicionar água; Data:...../....../.......

c) acondicionar em sacos plásticos so- Figura 6 - Modelo de ficha para diagnóstico de doenças de plantas
mente quando a remessa for feita no NOTA: Adaptação da ficha do Instituto Biológico de São Paulo.

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58 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

bra-ventos devem ter as seguintes caracte-


rísticas segundo Camargo (1985):
a) formar um renque estreito e bastante
permeável, de forma que permita
a passagem da metade do fluxo
do vento pela folhagem e desvie a
outra metade para cima do renque.
Um bom quebra-vento pode pro-
teger bem uma faixa com largura
correspondente a cerca de 10 a 15
vezes a sua altura. Se a altura for,
por exemplo, de 10 m acima da copa
dos cafeeiros, os renques podem ser
distanciados de 100 m entre si;
b) os renques devem ser constituídos
SE
de uma única linha de árvores eretas
e flexíveis espaçadas entre si de 2 a
5 m, conforme a largura das copas.
Grevílea Linhas de café
As árvores do quebra-vento devem ser:
Figura 7 - Esquema de localização dos renques de quebra-vento em cafezal plantado não caducifólias, bastante resistentes ao
em curvas de nível vento, pouco sujeitas a pragas e doenças,
FONTE: Camargo (1985). não exigir podas de condução especiais e
NOTA: Os renques devem ficar na direção perpendicular ao vento dominante do sudeste (SE). não produzir frutos semelhantes aos do
café.
O tronco das árvores do quebra-vento
deve ficar livre de galhos até cerca de 1 m
acima da copa dos cafeeiros, para permitir
o fácil escoamento da brisa descendente
noturna para fora do terreno e reduzir
a incidência das geadas do cafezal. As
árvores devem ser plantadas na linha dos
cafeeiros, próxima às covas, não no meio
A das ruas para não dificultar a mecanização.
As espécies e espaçamentos entre plantas
recomendáveis são:
a) grevílea (Grevillea robusta): 2 a 4 m;
b) abacate (Persea americana): 3 a 6 m;
c) aralea ou cortina-de-pobre (Polyscias
paniculata): 1,5 a 3 m;
d) álamo ou choupo (Populus deltóides):
B
1 a 2 m;
Figura 8 - Esquema de quebra-vento arbóreo, renques rarefeitos com base aberta - corretos
FONTE: Camargo (1985). e) hibisco (Hibiscus rosasinesis) varie-
NOTA: Renques de uma fileira de árvores eretas flexíveis de copa rala, para permitir dades eretas: 1 a 2 m;
a passagem de 50% do fluxo do vento e de tronco livre até 2 a 3 m para deixar
escorrer a brisa fria descendente em noites de geadas. f) banana-prata ou outra de porte alto:
A - Dia; B - Noite. 2 a 4 m.
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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 59

QUEBRA-VENTOS TEMPORÁRIOS maticidas, existindo também produtos ou modo de ação não deve ser utilizado
misturas que reúnem mais de uma função, em aplicações consecutivas do mes-
Os quebra-ventos temporários são
podendo ter ação fungicida-inseticida, mo patógeno, no ciclo da cultura;
recomendados somente para cafezais em
inseticida-nematicida (MATIELLO et al., b) utilizar o fungicida somente na épo-
formação; podem ser usados milho, sorgo,
2002). ca, na dose e nos intervalos de apli-
arroz, mandioca, mamona, etc. Adubar
Existem várias formulações de produtos cação recomendados no rótulo/bula.
bem, especialmente com nitrogênio, para
disponíveis no mercado. Do ponto de vista Sempre consultar um engenheiro
reduzir a concorrência em nutrientes com o
técnico, formulação é a forma pela qual um agrônomo para orientação sobre as
cafeeiro; deixar o quebra-vento temporário
ingrediente ativo (i.a.) é preparado para recomendações locais para o manejo
em pé (caso do milho), para continuidade
permitir sua aplicação controlada e unifor- de resistência.
da proteção após a colheita.
me, facilitando sua absorção/translocação
na planta, mantendo suas características
TECNOLOGIA DE Equipamentos para
físico-químicas durante o transporte e ar- aplicação de agroquímicos
APLICAÇÃO DE PRODUTOS
FITOSSANITÁRIOS mazenamento. Podem ser apresentados em
variadas formulações, sendo mais usuais, Existem vários equipamentos para
A aplicação dos produtos fitossanitá- na forma líquida: concentrado emusionável aplicação de agroquímicos. Os mais usuais,
rios no solo ou nas plantas é realizada por (CE), suspensão concentrada (SC), emul- conforme a via ou o veículo empregado na
máquinas agrícolas, visando à máxima efi- são aquosa (EW); e na forma sólida: pó aplicação, podem ser os pulverizadores ou
ciência do insumo, respeitando o ambiente molhável (PM), grânulos (GR), grânulos atomizadores, para caldas líquidas na folha-
e as pessoas que de forma direta ou indireta dispersíveis em água (GRDA). gem, e as granuladeiras, para formulações
estejam envolvidas. A aplicação desses in- Os produtos indicados para o controle granuladas no solo. Há também aplicadores
sumos, no estado sólido ou líquido, requer de uma determinada doença devem apre- via líquida, para solo e tronco. Os equipa-
diferentes tipos de equipamentos com um sentar as seguintes características: nome mentos, de acordo com sua fonte motora e
objetivo comum de distribuí-los de ma- comercial, nome técnico, grupo químico, sua forma de operação, estão relacionados
neira uniforme e nas dosagens requeridas, formulação, concentração do ingrediente no Quadro 1.
propiciando o controle desejado. ativo, classe toxicológica e ambiental,
O controle racional de uma doença Condições ambientais no
modo de ação, técnica de aplicação e momento da aplicação
vai depender do uso correto dos equipa- fabricante.
mentos de aplicação. Não se consegue a Outros métodos de controle de doenças Em geral, as condições de clima no mo-
máxima eficiência de um produto, se os (ex. resistência genética, controle cultural, mento da aplicação devem ser as seguintes:
equipamentos não forem adequados, se biológico, etc.) são incluídos dentro do a temperatura ideal de 20°C a 30°C; a
houver um cálculo errado nas dosagens ou programa de Manejo Integrado de Doenças umidade relativa do ar acima de 65%. Não
um momento inadequado de aplicação ou, (MID), quando disponíveis e apropriados; realizar aplicações na presença de ventos
ainda, outros fatores não considerados. Os sempre que houver indicação de uso de com velocidade superior a 9,6 km/h e em
prejuízos causados pela aplicação incorreta agroquímico devem-se observar: doença caso de chuva iminente, sob pena de perda
podem ser: econômicos, pelo desperdício, a controlar, dose do produto comercial, da eficiência do tratamento.
representado pela inadequada aplicação época e modo de aplicação (equipamento, Cuidados com os
do produto, o que leva à maior freqüência volume de calda), intervalo de aplicação, equipamentos de aplicação
e maior quantidade de aplicação; ambien- período de carência, equipamento de pro-
Antes de iniciar a aplicação, é neces-
tal, agravada pelo uso desnecessário em teção individual.
sário revisar cuidadosamente o equipa-
freqüência e quantidade; sanitária, pelos Qualquer agente de controle de doen-
mento a ser usado. Os bicos devem ser
resíduos que permanecem nos alimentos ças pode ficar menos efetivo ao longo do
examinados individualmente, a fim de
e pelas condições de riscos, aos quais se tempo, por causa do desenvolvimento de
avaliar o desgaste e o alinhamento. Tam-
submetem os trabalhadores rurais, direta resistência. O Comitê Brasileiro de Ação à
bém o volume de calda a ser aplicado, o
ou indiretamente envolvidos. Resistência a Fungicidas (FRAC-BR) reco-
número e o tamanho das gotas, a pressão
menda as seguintes estratégias de manejo
Produtos e formulações de funcionamento dos bicos, a dosagem,
de resistência, visando prolongar a vida útil
a diluição, a agitação e a necessidade da
Os produtos empregados no controle dos fungicidas (BRASIL, 2007):
adição de adjuvantes devem ser verificados
de doenças do cafeeiro são agrupados em a) qualquer produto para controle de cuidadosamente. O produtor deve sempre
categorias: fungicidas, bactericidas e ne- doenças da mesma classe ou mesmo consultar um engenheiro agrônomo para
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QUADRO 1 - Equipamentos utilizados na cafeicultura, descrição e coeficientes técnicos 60

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Equipamento Descrição Coeficientes técnicos

Pulverizador Indicado para pequenas áreas, em lavouras em formação e em áreas montanhosas. É, normalmente, composto Capacidade do tanque: 15 - 20 L
costal manual por depósitos plásticos, que contém uma bomba de pistão que promove a subdivisão do líquido por pressão. Este Volume de calda: 300-400 L/ha
equipamento pode ser usado para aplicação de calda no solo na forma de esguicho (Drench). Pressão de trabalho (p/bico cônico): 20-40 Ibs
Rendimento: 8 a 10 bombas/d/H
Outro tipo de pulverizador costal é o de pressão retida, recarregado por um sistema de válvula, construída ou 20 a 25 bombas/ha
na forma cilíndrica em aço inox, bastando, ao operador, manejar somente a lança aplicadora. Rendimento na forma Drench: 8 a 9 bombas/d/H
ou 6 a 7 mil covas/d/H
Rendimento no tipo pressão retida: 10 a 12
bombas/d/H ou 20 a 25 bombas/ha

Pulverizador Indicado para pequenas áreas, onde não há condições de usar equipamentos tratorizados. O equipamento Capacidade do tanque: 12 - 20 L
costal motorizado produz, em sua turbina, ar sob pressão, que quebra o líquido em partículas (gotas) e, ao mesmo tempo, esse Potência do motor: 2,5 – 3,0 cv.
ar dirige o fluxo de gotas até a folhagem do cafeeiro. Apresenta um bom alcance em altura (desde que seja Volume de calda: média (200-300 L/ha) e
munido de bomba centrífuga). Pode ser utilizado como polvilhadeira (para aplicação de pós secos). baixo volume (40-60 L/ha com adição de óleo).
Rendimento: 1,5 a 2,0 ha/d
ou 2 mil a 6 mil covas/d

Turbo – Indicado para propriedades com mais de 10 ha de café mecanizáveis. É um pulverizador dotado de ventilador Capacidade do tanque: 400, 1.000, 2.000 L
pulverizador que forma uma “cortina de ar,” também conhecido como turbo. É composto por um tanque (de polietileno Volume de calda: 300-400 L/ha
ou fibra de vidro) e a bomba é acionada pela TDF do trator, que apresenta uma seqüência de 8-9 bicos de Rendimento: 6 a 10 ha/d
cerâmica de cada lado (total de 16-18 bicos), os quais distribuem o líquido sob pressão.

Pulverizador de Indicado para operação em áreas montanhosas e em lavouras adensadas. Composto por um tanque (de Capacidade do tanque: 400, 1.000, 2.000 L
mangueira polietileno ou fibra de vidro) e a bomba é acionada pela TDF do trator, semelhante ao modelo anterior. Volume de calda: 300-400 L/ha
Apresenta dois carretéis, na parte posterior, que contêm as mangueiras (2-4), para realizar a pulverização Rendimento: 4-8 ha/d, 8-12 ha/d ou 4 mil
na lavoura. No terminal da mangueira existe uma lança com os bicos (1-3 por lança). a 6 mil covas/d

Pulverizador Pouco utilizado. Indicado para lavouras adensadas ou áreas montanhosas, onde não há opção de outros Capacidade do tanque: 400 a 2.000 L
canhão de ar processos de pulverização, atingindo, de forma irregular, a parte superior dos cafeeiros. O pulverizador é Volume de calda: 400-500 L/ha
composto de um tanque acoplado ao trator, com a bomba que aciona, também, uma turbina que produz um Rendimento: 8 a 12 ha/d
grande volume de ar. O líquido e o ar saem por um canhão superior, direcionável, sendo impulsionado
sobre os cafeeiros, atingindo uma faixa larga (20-40 m). Essa faixa depende da direção e da intensidade
do vento.
Granuladeiras Podem ser de operação mecanizada (granuladeiras), de tração animal ou manual (matraca e outros aparelhos Capacidade do reservatório: L
em desenvolvimento). São equipamentos acopláveis ao trator, acionados pela TDF ou por uma roda guia. Rendimento: Mecanizado: 6-8 ha/d
Na aplicação, deve-se ter o cuidado de passar o sistema sulcador o mais próximo possível da linha dos Manual: 2-4 ha/d/H
cafeeiros, para atingir a área onde se concentra maior quantidade de raízes finas das plantas. Deve-se, ainda,
prestar atenção na regulagem exata da dosagem e no manuseio do produto. No caso de matraca, esta deve
ser de plástico, com disco regulável que permita dosar os grânulos com maior precisão. O operador deve
realizar de duas a três batidas no solo, de cada lado do cafeeiro, próximo à saia deste.
NOTA: ha/d - hectare/dia; d/H - dia/homem.
Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 61

definir a regulagem do equipamento ou, a água aspergida em tempo igual àquele c) dose incorreta, sub ou superdosa-
por exemplo, o tipo de bico a ser usado, gasto para percorrer a distância. Repetir gens;
com objetivo de distribuir uniformemente esta operação em vários bicos. Obter a mé- d) momento da aplicação incorreto;
a dose correta do produto na lavoura, evi- dia e calcular a vazão. O volume de calda
tando desperdício e perdas do produto. e) aplicação com condições climáticas
adequado varia entre produtos e o usuário
inadequadas;
deve estar atento para isso, seguindo as
Limpeza dos bicos f) água utilizada para mistura do agro-
recomendações do fabricante e volume de
Não se devem utilizar instrumentos para aplicações de cada produto. Além disso, é químico no tanque de má qualidade
desentupir bicos, tais como: agulhas, arames, importante que seja obtida boa cobertura (excesso de partículas em suspen-
canivetes, gravetos de madeira. O correto é foliar de acordo com o produto que está são, pH incompatível com produtos,
usar um instrumento que não danifique o entre outros);
sendo aplicado.
orifício do bico, como por exemplo, uma g) paradas com equipamento ligado;
escova com cerdas de nylon (escova de den- Principais erros cometidos
h) escorrimento e gotejamento;
tes), um fio de nylon ou ar comprimido. na aplicação de defensivos
i) sobreposição de aplicação.
Troca de bicos Para um controle eficiente, com custo
baixo e mínima contaminação ambiental,
Recomenda-se trocar os bicos, quando a RELAÇÃO EQUIPAMENTOS E
são listadas a seguir algumas situações que
média da vazão ultrapassar em 10% a vazão NÚMERO DE CAFEEIROS
causam insucesso dos produtos no controle
de um bico novo. Quando isso acontece,
de doenças. O número de equipamentos necessários
todo o conjunto deve ser substituído. Ao
na aplicação de defensivos em função
atingir mais de 10% de desgaste suas ca- a) uso do produto inadequado;
do número de cafeeiro está descrito no
racterísticas podem prejudicar a aplicação
b) equipamento desregulado; Quadro 2.
resultando em controle deficiente à cultura.
Não se deve esquecer que o custo do des-
perdício de defensivos e de uma eventual QUADRO 2 - Número de equipamentos necessários em função do número de cafeeiro da
toxicidade à cultura poderá ser muito maior propriedade
que o custo da substituição dos bicos. Cafeeiro Unidade
Equipamento
(no) (no)
Regulagem do pulverizador Até 5.000 Costal manual 2
Costal motorizado 1
A calibração do pulverizador deve ser
realizada periodicamente, por causa do des- 10.000 Costal manual 3
Costal motorizado 2
gaste natural de alguns componentes, como
25.000 Costal manual 6
os bicos, ou em função de perda da calibra-
Costal motorizado 3
ção pelo uso sob condições de campo. Na Turbo - pulverizador tratorizado 1
calibração, os passos a serem seguidos são: 50.000 Costal motorizado 4
a) utilizar equipamentos de proteção Turbo - pulverizador tratorizado 1
individual (EPI); 100.000 Turbo - pulverizador tratorizado 2
b) abastecer o pulverizador com água Pulverizador de mangueira 2
limpa; 500.000 Turbo - pulverizador tratorizado 6
Pulverizador de mangueira 8
c) acionar o conjunto de pulverização e
avaliar a existência de vazamentos;
d) determinar a velocidade de trabalho CONSIDERAÇÕES FINAIS reto e seguro dos produtos fitossanitários,
em um terreno, conforme caracterís- adoção de tecnologias na sua aplicação, até
ticas semelhantes às condições de A busca constante de altas produtivida-
medidas culturais a serem adotadas e con-
pulverização na lavoura. des leva o agricultor a usar intensivamente
trole químico. Nesse contexto, a aplicação
Para determinar a velocidade, deve-se os produtos fitossanitários para erradicar de fungicidas deve ser encarada como parte
medir uma distância, preferencialmente as doenças nos cafeeiros. Por outro lado, de um conjunto de medidas e não como a
igual ou maior que 50 m. Percorrer a dis- o sucesso do controle das doenças depende única forma de controlar doenças e só deve
tância medida e anotar o tempo gasto (em de um conjunto de medidas que vão desde a ser adotada quando as demais medidas não
segundos). Acionar o aspersor e coletar identificação correta do patógeno, uso cor- forem eficientes.
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62 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

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Índices e coeficientes técnicos utilizados nas podas


para a renovação do cafeeiro
Rodrigo Luz da Cunha 1
Sérgio Parreiras Pereira 2
Roberto Antônio Thomaziello 3
Marcelo de Freitas Ribeiro 4
Vicente Luiz de Carvalho 5

Resumo - As podas e desbrotas são operações realizadas na lavoura cafeeira para elimi-
nar partes das plantas afetadas por fenômenos físicos, como chuvas de granizo, geadas,
ou mesmo para a correção de sua arquitetura, tendo como objetivo sua recuperação, por
não atenderem técnica e economicamente ao padrão da cultura. Alguns aspectos devem
ser analisados antes de decidir pela poda. O produtor, com um técnico em cafeicultura,
deve verificar o estado geral da lavoura, quanto ao grau de depauperamento e de enfo-
lhamento, o espaçamento, a idade, a cultivar, a ocorrência de pragas e doenças, princi-
palmente as cigarras e os nematóides, e as condições do sistema radicular. Devem ser
analisados também o mercado e as tendências das cotações do café para se definir o tipo
de poda a ser realizado, verificar o tamanho da lavoura e a declividade do terreno, visan-
do à escolha adequada do equipamento a ser utilizado. Atualmente, o produtor dispõe
de várias opções em equipamentos e ferramentas de podas. Os rendimentos das opera-
ções para os diferentes tipos de podas, seja manual, seja mecanizado, são apresentados,
visando à escolha apropriada do equipamento no auxílio ao cafeicultor e à quantidade
de serviços ou horas máquinas necessárias nessas operações.

Palavras-chave: Café. Poda manual. Poda mecanizada. Coeficiente técnico. Equipamento.

INTRODUÇÃO realizada apenas para resolver problemas plantios mais adensados, aumentando o
de fechamento das lavouras, para recupe- número de plantas por área e, conseqüen-
Nos últimos 40 anos, a cafeicultura
ração dos cafeeiros ou então, podas para temente, a produtividade, exigiu-se o de-
passou por grandes modificações, quando
atender aos acidentes climáticos como senvolvimento de novas tecnologias para
várias tecnologias foram introduzidas e
geadas e chuvas de granizo, além das des- o manejo das lavouras. Com isso, foram
melhoradas. Os espaçamentos adotados brotas comumente realizadas anualmente. realizados inúmeros trabalhos de pesquisa
neste período passaram por alterações. Os instrumentos utilizados restringiam-se que estudaram as podas para renovação em
Anteriormente, predominavam lavouras ao machado, foices, serrotes de poda e atendimento a estas demandas.
em livre crescimento, com espaçamentos motosserras. A pesquisa e a literatura sobre podas
largos como 4,0 x 2,5 m, com duas a quatro No final da década de 1970, com o são extensas. A abordagem dos trabalhos
plantas por cova. A adoção de podas era advento dos plantios em renque ou dos é muitas vezes empírica, com base em ex-

1
Engo Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTSM-EcoCentro, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico: rodrigo@epamig.ufla.br
2
Engo Agro, M.Sc., Pesq. IAC, Caixa Postal 28, CEP 13020-902 Campinas-SP.Correio eletrônico: sergiopereira@iac.sp.gov.br
3
Engo Agro, Bolsista CBP&D-Café/IAC, Caixa Postal 28, CEP 13020-902 Campinas-SP. Correio eletrônico: rthom@iac.sp.gov.br
4
Engo Agro, M.Sc., Pesq. EPAMIG-CTZM, Caixa Postal 216, CEP 36570-000 Viçosa-MG. Correio eletrônico:mribeiro@epamig.br
5
Engo Agro, M.Sc., Pesq. EPAMIG-CTSM-EcoCentro, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico: vicentelc@epamig.ufla.br

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 65

periências que, em geral, se medem apenas ventos frios, secas, doenças ou deficiências
produções após a poda. De maneira geral, minerais causam, com freqüência, a morte
as pesquisas com podas do cafeeiro não têm de gemas, tanto nos ramos verticais como
demonstrado aumento de produtividade nos laterais. Com a poda, outras gemas
(INSTITUTO BRASILEIRO DO CAFÉ, são induzidas a sair do repouso, o que
1981; CARVAJAL, 1984; MELLES; GUI- permite a formação de novos caules ou
MARÃES, 1985; MELLES et al. 1989; de novas ramificações laterais nos ramos
MIGUEL et al., 1986; SEGURA-MONGE,
produtivos.
1996; RENA et al., 1998; MATIELLO et
al., 2002; PEREIRA, 2004). ASPECTOS GERAIS A SEREM
Paralelamente aos novos resultados ANALISADOS ANTES DA PODA
de pesquisa com podas, a indústria de
máquinas e implementos específicos para A decisão de podar ou não a lavoura
esta prática também acompanhou esta passa por uma série de análises que de-
demanda. Hoje o cafeicultor conta com vem ser feitas em conjunto pelo técnico
várias opções de implementos, para os di- e pelo cafeicultor. Para tanto, alguns fa-
ferentes tipos de podas do cafeeiro, tanto os tores devem ser analisados. É importante
Figura 1 - Representação de um cafeeiro verificar a necessidade real da poda ou se
acoplados ao trator, como os equipamentos com ramos plagiotrópicos com
manuais motorizados. áreas em diferentes fases de outras práticas de manejo, por exemplo,
desenvolvimento como adubações, seriam suficientes para
FONTE: Adaptado de: Henríquez CH (1981).
CARACTERÍSTICAS DE CRESCI- amenizar o problema.
MENTO VEGETATIVO E REPRO- Em cafeeiros cultivados em sistemas
DUTIVO DO CAFEEIRO adensados, o fechamento das plantas causa
produção do ano seguinte.
O conhecimento dos padrões de cresci- Além desta característica de produção, perda de ramos produtivos inferiores ou
mento vegetativo e reprodutivo do cafeeiro o cafeeiro apresenta uma grande predispo- perda de saia, o que determina necessidade
é fundamental para otimizar as podas e as de podas (Fig. 2).
sição à bienalidade, em conseqüência de
demais práticas culturais. Além do espaçamento, devem-se veri-
grandes produções. Nos anos de carga alta,
Os ramos laterais produtivos primários ficar também a idade, a cultivar, o grau de
a demanda por carboidratos e minerais,
ou de ordem superior, quando jovens, depauperamento por altas produções ou por
que são drenados com intensidade para os
apresentam elevada taxa de crescimento ataque de pragas e doenças (principalmente
frutos, principalmente durante as fases de
com a formação de um grande número de nematóides, cigarras e berne-da-raiz), as
granação e maturação, limita o crescimento
nós produtivos. Desse modo, a produção condições do sistema radicular, presença de
vegetativo e, conseqüentemente, a forma-
do cafeeiro apresenta uma curva bem falhas na lavoura, entre outros fatores.
ção dos ramos produtivos a serem colhidos
característica, com progresso acentuado O fator econômico deve ser considera-
no próximo ano. O ano seguinte, ano de
nas primeiras produções e, com o passar do. Em épocas de altas cotações de preços,
baixa produção, conseqüentemente havendo
do tempo, tende a cair gradativamente, até mesmo lavouras com baixa ou média
um menor dreno para os frutos possibilitará eficiência produtiva são rentáveis e, por
por causa da menor taxa de crescimento
um maior crescimento vegetativo, que de- outro lado, em épocas de baixos preços,
vegetativo. Com isso, tem-se uma con-
siderável redução no vigor, não havendo terminará uma grande colheita subseqüente, a opção pelo revigoramento das lavouras
renovação nessas áreas que proporcione estabelecendo-se, assim, os ciclos bienais de com podas torna-se interessante pelo me-
altas produções. produção (RENA et al., 1998). nor custo de manutenção da lavoura.
Podem-se observar na Figura 1, nos Assim, a recuperação do cafeeiro via A erradicação deve ser realizada em
ramos plagiotrópicos ou laterais, três even- poda torna-se um bom artifício para ele- cultivares pouco produtivas, idade muito
tos de ocorrência simultânea, sendo uma var e estabilizar a produção. Baseia-se na elevada, número elevado de falhas, acima
área esgotada na base do ramo, com nós existência de várias gemas em repouso, de 20% e na ocorrência de nematóides.
que já produziram e, portanto, não voltam localizadas junto aos nós ao longo das Entretanto, não se recomenda erradicar ou
a frutificar; uma área na região mediana, hastes verticais e dos ramos laterais que podar lavouras que sofreram geadas leves
com nós em plena produção e na extremi- podem formar novas brotações. com queima superficial das folhas ou chuva
dade, a formação de nós, responsáveis pela De certo modo, eventos como geadas, de granizo de baixa intensidade. Neste
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Recepa

A recepa é a mais drástica das podas,


também conhecida como poda de renova-
ção. Elimina, praticamente, toda a parte
aérea do cafeeiro e provoca a morte de mais
de 80% de raízes absorventes (Quadro 1).
É a poda que exige maior tempo de recupe-
ração do cafeeiro em termos de produção,
além de aumentar as operações de desbrota.
Deve ser recomendada somente quando
não existe a possibilidade de aplicar uma
outra poda.
A intensidade dos danos causados na
parte aérea das plantas determina a altura
necessária do corte. Lavouras que per-
deram muitos ramos produtivos da parte
Figura 2 - Lavoura com perdas de ramos plagiotrópicos inferiores mediana para a base da copa, com perda
FONTE: Thomaziello e Pereira (2008). de “saia” (Fig. 3A) ou nos cafezais muito
NOTA: Houve atraso na tomada de decisão de eliminar uma linha de plantas.
fechados pelo adensamento de plantio, o
corte deve ser realizado a uma altura de
contexto, as lavouras que precisam de dimento e fazem as operações de recepa, 30 a 40 cm do solo. Nos casos em que há
poda devem ser criteriosamente estudadas, decote e esqueletamento. No mercado, há a possibilidade de deixar alguns ramos
verificando-se o tipo de poda necessário vários modelos, sendo mais comuns as de laterais ou ramos “pulmão” (Fig. 3B e 4),
mais adequado. discos. Um equipamento de introdução o corte pode ser executado de 50 a 80 cm
O rendimento nas operações de poda mais recente executa a poda e, simulta- de altura. Estes ramos proporcionam uma
é variável dependendo do tamanho da neamente, os restos dessa operação são recuperação mais rápida e mais vigorosa
lavoura, do tipo de poda a ser realizado, triturados em um triturador acoplado num do crescimento vegetativo, resultando em
do número de manobras realizado pela mesmo chassi do implemento de poda, maiores produções, quando comparadas
máquina, da declividade do terreno, do fazendo a operação subseqüente e otimi- com a recepa sem pulmão (Fig. 5). Depois
equipamento utilizado, da eficiência do
zando o manejo da lavoura. da recepa, é fundamental na condução das
operador, entre outros fatores.
São apresentados os coeficientes téc- brotações eliminar o excesso de brotos,
As operações manuais incluem foices,
nicos para os diferentes tipos de poda deixando dois por tronco, dependendo do
machados, serrotes, motosserras e poda-
nas operações manual e mecanizada. Os espaçamento, dando-se preferência pelos
doras motorizadas laterais ou costais. O
rendimentos variam de acordo com o mais vigorosos e aqueles que estiverem no
rendimento nas operações de podas com
equipamento utilizado e existem diversas sentido do alinhamento das ruas.
equipamentos manuais é satisfatório, sendo
opções de equipamentos e acessórios no A primeira definição a ser feita é se a
indicado para pequenas áreas.
As podadeiras motorizadas lateral ou mercado. operação será realizada de forma manual
costal apresentam um bom rendimento ou mecânica.
TIPOS DE PODA COMUMENTE No caso de a operação ser feita de for-
nos trabalhos de decote, desponte e es-
UTILIZADOS
queletamento de cafeeiros e há modelos ma manual, deve-se realizar, inicialmente,
versáteis para outras aplicações por meio As podas são adotadas de acordo com o desgalhamento ou palitamento dos ramos
de acessórios que se adaptam à máquina, as alterações ocorridas na parte aérea do laterais (plagiotrópicos) bem rente ao
à derriçadeira, à roçadeira e para efetuar cafeeiro e foram resumidas por Melles e tronco do cafeeiro, para facilitar a retirada
podas com discos de corte. Guimarães (1985); Miguel et al.(1984, da lenha, dentro da lavoura, ou deixar os
Nas operações mecanizadas, as má- 1986); Matiello (1991); Mendes et al. resíduos da poda no próprio local e fazer
quinas acopladas ao trator são de alto ren- (1995) e Thomaziello e Pereira (2008). sua incorporação com trincha ou roçadeira.
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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 67

QUADRO 1 - Mortalidade em raízes de cafeeiros em relação a vários tipos de poda - Alfenas, MG É uma operação em que se utilizam foices
Raízes vivas (Fig. 6) ou mesmo uma esqueletadeira ou
Tipo de poda (%)
roçadeira costal motorizada. Posteriormen-
Aos 30 dias Aos 60 dias Aos 90 dias
te, realiza-se o corte do tronco com uma
Recepa 87 32 16
motosserra, fazendo-se o corte inclinado
Esqueletamento 75 37 17
ou em “bisel”, para evitar o acúmulo de
Decote 90 55 77
água e, conseqüentemente, a infecção por
Testemunha 100 100 100
doenças e a perda de alguns tocos.
FONTE: Miguel et al. (1984).
Na recepa alta, deve-se realizar, quando
necessário, o desponte dos ramos plagiotró-
picos remanescentes que porventura estejam
muito longos. Na ausência destes ramos
laterais até a altura de corte (50 cm), deve-se

Fotos: Rodrigo Luz da Cunha


optar pela recepa baixa, pois, a nova planta
brotará mais próxima do chão.
No caso de a operação ser feita de for-
ma mecanizada, a altura de corte do tronco
deverá ser a mesma para todas as plantas
a b de uma lavoura ou de um talhão.
Figura 3 - Lavoura de café O trabalho necessário para a execução
NOTA: Figura 3A - Lavoura depauperada com danos em toda parte aérea. Figura 3B - Re- das operações de recepa varia de acordo
cepa com “pulmão” sendo realizada com podadeira motorizada.
com o sistema de plantio, o espaçamento,
a declividade, se a modalidade é mecânica
ou manual e uma série de outros fatores que
podem influenciar no rendimento da poda.
No Quadro 2, observam-se os rendimentos
médios das operações de desgalhamento,
recepa e desbrota manual e mecanizada.

Decote

O decote é um tipo de poda alta que


a b elimina a parte superior do cafeeiro. Tem
Figura 4 - Representação de recepa com suas respectivas brotações
como objetivo reduzir a altura para facilitar
FONTE: Toledo Filho et al. (2001).
NOTA: A - Recepa baixa (sem ramos “pulmão”); B - Recepa alta (com ramos “pulmão”). os tratos culturais, a colheita ou recuperar o
terço superior das plantas, desde que ainda
se encontrem com a arquitetura das partes
inferiores de forma satisfatória (Fig. 7). É
utilizado também no caso em que os cafe-
eiros foram atingidos por geadas de capote
dos ponteiros, chuvas de granizos ou faíscas
elétricas.
A altura do corte determina os dois ti-
pos de decote: alto e baixo. O decote alto de
2,0 a 2,2 m é aplicado, geralmente, quando
se tem a necessidade de manter os cafeeiros
a uma altura constante, por exemplo, para
Figura 5 - Lavoura recepada baixa, dois anos após a poda adequá-los à irrigação por pivô. O decote
FONTE: Thomaziello e Pereira (2008). baixo de 1,2 a 1,8 m é aplicado em lavouras
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Rodrigo Luz da Cunha

Rodrigo Luz da Cunha


Figura 6 - Operação de desgalhamento manual com uso de foice para posterior Figura 7 - Cafeeiro apresentando cintura-
recepa mento no terço superior, apto
ao decote

QUADRO 2 - Coeficientes técnicos relacionados com as operações de recepa de cafeeiros


Operação Descrição da Modalidade de recepa/ Unidade Rendimento Observações
operação instrumento utilizado (no de plantas/dia)

Desgalhamen- Limpeza da planta Manual com foice d/H 200 a 500 Rendimento variável em fun-
to lateral ou para recepa ção da altura das plantas
palitamento

Esqueletadeira ou derriçadeira la- d/H 1.500 a 2.500 Cafeeiros com menos de 10


teral motorizada, acessório acopla- anos
do funcionando de forma lateral
à planta ou com roçadeira costal
motorizada com lâmina de serra
para corte lateral à planta

Machado d/H 50 a 80 Recepa baixa


d/H 80 a 100 Recepa alta

Recepa Corte no tronco a uma Motosserra d/H 400 a 1.000 Rendimento variável em fun-
altura de 30 a 40 cm ção do diâmetro do caule
do solo para recepa
baixa e 50 a 80 cm
para recepa alta

Roçadeira costal motorizada com d/H 1.000 a 1.500 Disco com 80 dentes para tron-
lâmina de serra co com até 5 cm de diâmetro

Roçadeira costal motorizada de d/H 1.200 a 1.800 Disco tornado para tronco com
maior potência até 15 cm de diâmetro

Recepadeira mecanizada d/m 4.000 a 8.000 Implemento acoplado ao trator


e acionado pelo eixo da tomada
de força
NOTA: d/H - dia/homem; d/m - dia/máquina, considerando em ambos 8 horas trabalhadas.

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 69

onde se faz necessária a recomposição da


parte superior dos cafeeiros. As deformi-
dades ou “cinturamentos” são eliminados
com a condução de um a dois brotos por
planta, renovando, portanto, a lavoura.
O decote pode ainda ser classificado de
acordo com a idade e, conseqüentemente,
com o teor de lignina ou a rigidez do ramo
ortotrópico que está sendo podado em
decote lenhoso ou decote herbáceo. No
decote lenhoso, existe uma maior dificul-
dade na operação sendo executado com
ferramentas manuais (serrote, tesoura) ou
implementos mecanizados (decotadeira).
Já o decote herbáceo é feito manualmente
Figura 8 - Representação de cafeeiro decotado com e sem condução de brotos
com um canivete, no ápice de plantas jo-
FONTE: Toledo Filho et al. (2001).
vens com quatro a seis anos, com o intuito
de regular a altura destas.
Dependendo do objetivo e da forma QUADRO 3 - Coeficientes técnicos relacionados com as operações de decote de cafeeiros
de manejo, as desbrotas podem ser ou não Operação Descrição de Modalidade do Unidade Rendimento Observações
realizadas; a condução é classificada em operação decote/ Instru- (no de plantas/
desbrota total, ou seja, periodicamente, mento utilizado dia)
de forma constante, mantendo a planta Decote Corte da planta Manual com d/H 500 a 1.000 Rendimento
sem brotação. A condução com livre cres- a uma altura de foice variável de
acordo com
cimento dos brotos realiza-se um ou dois 1,20 a 2,20 m
o porte da
anos após, com um novo decote abaixo planta
destas brotações e com condução dos bro-
Roçadeira late- d/H 1.500 a 1.700 Disco com 80
tos. Nesta última, realiza-se a eliminação ral motorizada dentes para
de brotos, quando atingirem em torno de com lâmina de tronco com
até 5 cm de
20 cm, deixando-se dois brotos por planta serra diâmetro
(Fig. 8).
O decote é uma operação mais sim- Decotadeira d/m 5.000 a 9.000
ples do que a recepa e não provoca perda mecanizada
significativa de produção. No Quadro 3,
NOTA: d/H - dia/homem; d/m - dia/máquina, considerando em ambos 8 horas trabalhadas.
são apresentados os rendimentos médios
das operações de decote manual e meca-
nizado.
áreas logo após uma safra alta e outras “ramos ladrões” ao longo da haste vertical,
Esqueletamento em sistema de “safra zero”. O esqueleta- que devem ser eliminados sob o risco de
mento não deve ser aplicado a plantas que ter um fechamento excessivo da planta,
Esqueletamento é uma poda drástica perderam muitos ramos laterais e a saia dificultando a penetração de luz, o controle
que consiste na associação de um decote (Fig. 9 e 10). fitossanitário e nutricional, levando rapida-
alto (1,6 a 2,0 m) com o corte acentuado É importante que o corte dos ramos
mente à queda da produção.
dos ramos produtivos. Indicado para la- laterais primários seja realizado de maneira
vouras em vias de fechamento, lavouras O corte é feito manualmente, com
que a planta fique, aproximadamente, com
desgastadas pela idade com perda de foice ou roçadeira costal motorizada, ou
uma forma cônica, fazendo-se o corte dos
produção, lavouras atingidas por geada de ramos laterais a uma distância de 20 a 30 mecanicamente, com esqueletadeira mo-
“capote”, lavouras em sistema adensado cm do tronco, na parte superior e terminando torizada (Fig. 12). O Quadro 4 apresenta
mecanizável, onde são necessários ciclo com 40 a 50 cm na base da planta (Fig. 11). o rendimento das operações de poda com
de podas a cada quatro a cinco anos em Essa poda estimula o desenvolvimento de esqueletamento e desponte.
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Rodrigo Luz da Cunha


Figura 11 - Representação de cafeeiro após
esqueletamento e após brotação
FONTE: Toledo Filho et al. (2001).
Figura 9 - Lavoura esqueletada com três meses após a poda

Figura 10 - Lavouras esqueletadas um ano após a poda


FONTE: Thomaziello e Pereira (2008).

QUADRO 4 - Coeficientes técnicos relacionados com as operações de esqueletamento e


desponte lateral de cafeeiros Arábica
Operação Descrição de Modalidade Unidade Rendimento Observações
operação do esque- (no de plantas/dia)
letamento /
Instrumento
utilizado
E s q u e l e - Poda dos ra- Manual com d/H 100 a 300 Rendimento variável
tamento e mos laterais foice de acordo com o porte
desponte deixando 20 da planta
a 30 cm no Roçadeira d/H 1.500 a 2.500 Com acessório esque-
esqueleta- lateral mo- letadeira
mento e 50 torizada
d/H 1.200 a 2.000 Com disco de 80 den-
a 60 cm no tes para tronco com até
desponte e 5 cm de diâmetro
corte a uma
Po d a d e i r a d/m 4.000 a 7.000 Realiza poda nos ra- b
altura de 1,60 lateral e de- Figura 12 - Dois modelos de esqueletadei-
mos laterais e verticais
a 2,00 m cotadeira simultaneamente ras motorizadas
mecanizada FONTE: Thomaziello e Pereira (2008).
NOTA: A - Esqueletadora de disco; B - Es-
NOTA: d/H - dia/homem; d/m - dia/máquina, considerando em ambos 8 horas trabalhadas. queletadora de facas.

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 71

Desponte QUADRO 5 - Coeficientes técnicos para a operação de desbrota do cafeeiro


Operação Descrição da Modalidade de Unidade Rendimento Observações
Desponte ou desbaste dos ramos pro-
operação desbrota/Instru- (no de plantas/dia)
dutivos em sua extensão, assim como o mento utilizado
esqueletamento, é aplicado na restauração
Desbrota Eliminação Manual com d/H 300 a 500 Broto
do crescimento dos ramos laterais, quando de ramos serrote herbáceo
eles atingem um comprimento acima de “ladrões” ou
1,20 m e começam a mostrar sinais de verticais d/H 180 a 200 Broto le-
esgotamento, como falta de vigor, com nhoso
crescimento vegetativo insatisfatório e ro- NOTA: d/H - dias/homem, considerando 8 horas trabalhadas.
setas ralas. O desponte estimula a formação
de ramos laterais secundários e terciários.
Consiste no corte das extremidades dos ra- Na maior parte das lavouras que recebe- Em resumo tem-se a seguinte situação:
mos produtivos, a cerca de 50 cm de distân- ram algum tipo de poda (recepa, esqueleta-
a) lavoura em bom estado: logo após
cia do tronco, no topo, e 90 cm na base do mento ou decote), a desbrota é uma atividade
a colheita;
cafeeiro. Em síntese, é um esqueletamento essencial que define o sucesso ou não da
b) lavoura com geada severa: após
suave, que pode ser realizado mesmo na poda. Deve ser feita após o desenvolvimento
primeiras brotações;
ausência de decotes, principalmente em inicial das primeiras brotações, escolhen-
c) lavoura com geada leve: não podar.
do-se aquelas que melhor se encaixam na
cultivares de porte baixo. Os coeficientes
nova arquitetura das plantas. Em apenas
desta operação aproximam-se muito dos CUIDADOS OBSERVADOS
alguns casos de podas feitas regularmente,
utilizados nas operações de esqueletamen- DURANTE E APÓS A PODA
como o esqueletamento sucessivo, pode-se
to, conforme citado no Quadro 4. As lavouras podadas merecem alguns
dispensar a desbrota (RONCA, 2007).
cuidados durante e após a poda, o que visa
Poda seletiva
SISTEMAS DE PODAS EM proteger as novas brotações, facilitando seu
Uma variante é a poda seletiva ou LAVOURAS ADENSADAS crescimento vegetativo e resultando em
por apreciação. A poda é executada após uma recuperação mais adequada.
a análise individual de cada planta, pre- Em lavouras adensadas, as podas tor-
Os ramos podados devem ser colocados
nam-se uma prática absolutamente neces-
servando todo o potencial produtivo da no meio das ruas da lavoura e triturados
sária, podendo ser realizada dentro de uma
lavoura, que vai desde uma recepa baixa pela trincha ou roçadeira. Isso promove a
programação preestabelecida, permitindo
até um decote. Requer pessoal treinado, ciclagem de nutrientes e a conservação do
associação de mais de um tipo de poda.
sendo recomendado principalmente para Esses tipos podem ser implementados com solo pela cobertura do material podado,
pequenos produtores, ou quando houver vários esquemas de condução da lavoura, deixado sobre o terreno, evitando também
mão-de-obra familiar. O rendimento dessa como recepa em linhas alternadas, recepa a erosão (Fig. 13 e 14). No Quadro 6, é
prática depende dos diferentes tipos de e decote em linhas alternadas e outras. Na apresentado o acúmulo de nutrientes das
podas que serão realizadas. prática, é melhor utilizar a recepa de todo partes dos cafeeiros que sofreram dife-
o talhão, proporcionando uma nova lavoura rentes tipos de podas, que, se deixadas na
Desbrota DAS PLANTAS após dois anos, com a vantagem de utilizar lavoura e incorporadas ao solo, serão mine-
A desbrota consiste na retirada de bro- a mesma prática uniformemente no talhão, ralizadas e os nutrientes dali provenientes
tações que nascem no ramo ortotrópico do mantendo quase constante o volume de estarão disponíveis às plantas, reduzindo
cafeeiro. Esses brotos, conhecidos como produção na propriedade. gastos com adubações futuras.
ramos “ladrões”, aparecem geralmente esti- O corte dos ramos laterais e do caule
mulados pela insolação que incide no tronco ÉPOCA APROPRIADA PARA
pode facilitar a incidência de fungos e bac-
PODAR O CAFEEIRO
ou qualquer anomalia que interfira na do- térias, sendo que o uso de fungicidas cúpri-
minância apical. A retirada pode ser fácil e A época da poda influencia o cresci- cos e outros específicos traz benefícios na
realizada manualmente, quando a brotação é mento vegetativo e terá reflexos na safra proteção e cicatrização dos ferimentos.
nova, mas, quando esta se desenvolve, ganha futura. Desse modo, a época mais apro- As podas proporcionam aumento con-
espessura e tamanho e a retirada torna-se priada para a poda é logo após a colheita, siderável de plantas daninhas, principal-
mais trabalhosa, dependendo da utilização no início da elevação da temperatura e do mente nas podas mais drásticas, requeren-
de serrotes manuais de poda (Quadro 5). período chuvoso (julho/agosto). do maior número de capinas.
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72 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

Apesar da redução das adubações


para alguns tipos de podas, o produtor, na
maioria das vezes, não pode dispensá-las.

Adubação de cafeeiros poda-


dos

Recepa e esqueletamento
No primeiro ano após as podas, devem-
se seguir as recomendações de adubação
para o segundo ano. No caso de as brota-
ções serem vigorosas, dispensam-se novas
adubações por causa do resíduo deixado no
solo pelas adubações anteriores. A partir do
Figura 13 - Restos vegetais de lavoura recepada segundo ano após estas podas, devem-se
FONTE: Thomaziello e Pereira (2008). seguir as recomendações para cafeeiros
em produção, pelo fato de as plantas já
apresentarem perspectivas de colheita
(GUIMARÃES et al., 1999).

Demais tipos de podas


Devem-se seguir as recomendações de
adubação para cafeeiros em produção. Ao
fazer a poda, as brotações novas, geralmen-
te, surgem deficientes em zinco, necessi-
tando, portanto, de adubações foliares para
seu bom desenvolvimento (GUIMARÃES
et al., 1999).
As culturas intercalares tornam-se
Figura 14 - Restos vegetais de lavouras recepadas e trituradas com trincha
uma opção e promove renda adicional
FONTE: Thomaziello e Pereira (2008).
para o produtor no período de renova-
ção da lavoura. É importante adequar o
QUADRO 6 - Quantidade de macro e micronutrientes contidos em ramos de cafeeiros em número de linhas da cultura anual para
diferentes tipos de podas e que devem ser incorporadas à cultura que não concorra com o cafeeiro. Tanto
Elemento Recepa Decote Decote + esqueletamento o cafeeiro, quanto a cultura anual devem
0,4 m 1,0 m 1,5 m 2,0 m 1,5 m ser adubados.
Macronutrientes kg/ha Algumas causas de insucesso de podas
N 320 294 162 80 261 estão associadas ao desconhecimento da
P 18,3 15 10,1 4,4 16,2 fisiologia do cafeeiro e dos tipos de podas,
K 286 266 168 78 273 à poda realizada em ano e época errados,
Ca 149 139 63 33,3 101 à condução errada após a poda; ao estado
Mg 30,2 32,7 15,7 7,7 26,2
nutricional da planta deficiente e às pragas
S 10,0 6,8 5,7 2,9 10,0
que infestam as raízes (THOMAZIELLO;
Micronutrientes g/ha
PEREIRA, 2008).
B 306 339 163 83 268
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cu 229 219 121 51 191
Fe 2.783 2.378 1.367 544 2.088 As podas são práticas importantes na
Mn 437 779 264 142 412 condução dos cafeeiros que não atendem
Zn 174 152 74 28 121 técnica e economicamente ao padrão da
FONTE: Garcia et al. (1986). cultura, permitindo exercer um melhor
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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 73

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Manejo de mato em cafeeiro: métodos e


coeficientes técnicos utilizados
Elifas Nunes de Alcântara 1
Rodrigo Luz da Cunha 2
Rogério Antônio Silva 3

Resumo - As plantas daninhas afetam o desenvolvimento e o rendimento do cafeeiro,


por meio, principalmente, da competição por água, nutrientes e luz. Além das perdas
em produção ocasionadas à cultura na ordem de 50% a 70%, as plantas daninhas hos-
pedam pragas e doenças, por outro lado, podem ser úteis ao abrigarem predadores de
inimigos naturais de algumas pragas do cafeeiro. A presença dessas plantas exige a
adoção de algumas técnicas de controle que visam eliminar ou diminuir os diferentes
tipos de competição, inclusive por água, no período seco. O grau de controle desejado
depende da topografia, das espécies infestantes e do método empregado. Muitas vezes,
faz-se a associação de dois ou mais métodos de controle do mato para atingir o grau
desejado, o que constitui o chamado controle integrado. Ao escolher o método de ma-
nejo a ser realizado, o produtor deve verificar o tamanho da lavoura, o espaçamento
e a declividade do terreno, visando adequar o equipamento a ser utilizado. Existem
várias opções de máquinas e equipamentos a ser empregados no controle das plantas
daninhas. São apresentados alguns métodos de controle, implicações no solo e na la-
voura e os rendimentos médios dos implementos e máquinas nas operações de controle
das plantas daninhas, seja manual ou mecanizado, visando à escolha apropriada do
equipamento.

Palavras-chave: Café. Planta daninha. Planta invasora. Erva daninha. Controle. Manejo.
Equipamento. Coeficiente técnico.

INTRODUÇÃO O banco natural de sementes do solo porque possuem um sistema radicular


constitui uma fonte inesgotável das fasciculado ou em forma de cabeleira (su-
A presença de plantas daninhas em
diferentes espécies de plantas que são perficial) e são mais agressivas em solos
lavouras cafeeiras ocorre em quantidade
armazenadas em camadas no perfil do com disponibilidade superficial de água, o
e qualidade variáveis durante o ano, em
solo, podendo descrever um histórico de que ocorre durante a época de chuvas e em
função da época e do clima. A germinação
manejo do terreno de acordo com a ca- maiores temperaturas. Em conseqüência,
das sementes dessas plantas, oriundas na mada exposta, pois aparecem, segundo as dominam facilmente toda a área.
sua maioria do banco natural de sementes operações executadas nas áreas, da mesma As antigas dicotiledôneas, também
do solo, ocorre, porque são colocadas na forma que os propágulos das plantas que chamadas folhas largas, hoje denominadas
superfície ou próximas desta, em condições se reproduzem vegetativamente. magnoliopsidas, são mais numerosas em
de germinação. São trazidas para as áreas de Durante o período chuvoso, nas regiões condições de menor disponibilidade super-
cultivos nos pêlos de animais silvestres, por cafeeiras de Minas Gerais, predominam as ficial de água. Devido a não-concorrência
besouros, insetos, aves, ventos, tratores e im- poáceas (gramíneas, antigamente denomi- das poáceas, podem retirar água em maio-
plementos ou na roupa dos trabalhadores. nadas monocotiledôneas, hoje liliopsidas), res profundidades, com seu sistema radicu-

1
Engo Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTSM-EcoCentro, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico: elifas@epamig.ufla.br
2
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Engo Agro, D.Sc., EPAMIG-CTSM-EcoCentro/Bolsista FAPEMIG, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico:
3

rogeriosilva@epamig.ufla.br

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lar pivotante, não impedindo que também invasoras são comuns em quase todas as Portanto, os resultados apresentados
vegetem durante o período chuvoso, em- lavouras, sendo extremamente sensíveis por Garcia Blanco et al. (1982) seriam
bora as outras (liliopsidas) dominem. Em à competição com as plantas daninhas. diferentes, se a infestação fosse composta
geral as plantas daninhas acompanham as Garcia Blanco et al. (1982) mostraram que de plantas perenes, como, por exemplo,
civilizações; poucas são as encontradas uma população de mato, durante os meses capim-braquiária (Brachiaria decumbens
onde não vive o ser humano. de outubro a abril (época de florescimento Stapf), que permanece vegetando inclu-
e frutificação), reduziu a produção de sive durante o período mais seco do ano,
As plantas daninhas são caracterís-
café de 56% a 77%; no período de maio a competindo principalmente por água com
ticas de locais onde o homem substituiu
setembro, a produção não foi prejudicada o cafeeiro, ou se a infestação demons-
a vegetação nativa por lavouras ou por
pelo mato que infestava as áreas durante trada pelo autor mostrasse efeito sobre a
sistemas de manejo de cultivo ou alteram
o estudo. produção. No período chuvoso, ao deixar
a vegetação por outros motivos. A inter-
Gallo et al. (1958) demonstraram que a a lavoura infestada, verifica-se que a prin-
venção humana na ecologia natural de competição do mato com o cafeeiro ocorre
uma área rompe radicalmente o equilíbrio cipal competição das plantas daninhas
pela habilidade das invasoras em retirar
mutuamente dependente do sistema de com o cafeeiro é por nutrientes. As plantas
mais nutrientes do solo do que as plantas
daninhas extraem muitos nutrientes, cres-
inter-relação planta e vida animal da área. cultivadas, o que evidentemente ocorre,
cem vigorosamente, sombream o cafeeiro,
Freqüentemente, espécies de plantas origi- quando há disponibilidade de água. A flora
principalmente quando novo. Quanto ao
nais desaparecem ou são substituídas por infestante relacionada no estudo conduzido
sombreamento, observa-se que o cafeeiro
outras, que se adaptam ao novo ambiente. por Garcia Blanco et al. (1982) compu-
é parcialmente tolerante à luminosidade,
A população animal nativa correspondente nha-se de picão-preto (Bidens pilosa L.),
que não é tão limitante para sua produção,
da área também muda em outras espécies, capim-colchão [Digitaria sanguinalis (L)
como tem sido observado. De acordo com
mais adaptadas à mudança do ambiente. Scop], beldroega (Portulaca oleracea L.),
caruru-de-mancha (Amaranthus viridis L.), experimentos conduzidos por Alcântara
Esta seqüência de sucessão de plantas da-
quebra-pedra (Phyllanthus corcovadensis (2003a), o déficit de água em períodos
ninhas ocorre com o aumento do potencial
Muell. Arg.), capim-pé-de-galinha secos, além de afetar o desenvolvimento
produtivo do solo e desaparece, quando
[Eleusine indica (L.)] e falsa-serralha e o crescimento do cafeeiro, acentua-se,
as áreas agrícolas são abandonadas, o que
(Emilia sonchifolia D.C.), que são plantas devido à deficiência de boro e zinco, nesse
permite o retorno da vegetação nativa
anuais (LORENZI, 2006) e normalmente período (Fig. 2 e 3).
(ANDERSON,1983). A implantação de cafeeiros com capim-
não vegetam durante o período seco. Por
outro lado, tem sido observado que, con- braquiária nas entrelinhas tem sido uma
EFEITOS DA COMPETIÇÃO DO prática utilizada por alguns cafeicultores,
forme Figura 1A e 1B, o cafeeiro mantido
MATO COM O CAFEEIRO
livre de competição por água, durante o com o objetivo de ciclar nutrientes das
Muitas espécies de plantas daninhas período seco, apresenta um maior cresci- camadas mais profundas, proteger o solo
também acompanham o tipo de explo- mento e desenvolvimento e maior produ- contra erosão, incorporar matéria orgâni-
ração agrícola. Em cafeeiros, as plantas ção (ALCÂNTARA et al., 2003ab). ca dando ao solo maior sustentabilidade,

Fotos: Elifas Nunes de Alcântara

A B
Figura 1 - Crescimento de cafeeiros - Patrocínio, MG
NOTA: Figura 1A - Mantidos sempre em solo limpo em primeiro plano com cafeeiros capinados temporariamente ao fundo; Figura 1B -
Cafeeiros capinados temporariamente em primeiro plano com menor crescimento em relação ao mantido sempre no limpo ao
fundo, ou em segundo plano.

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proteção contra isolação etc. Os resultados fazendo com que o sistema radicular do cafeeiro livre da concorrência do mato, pro-
desta prática têm sido um manejo, embora cafeeiro e do capim-braquiária se aprofun- tegendo o solo durante o período chuvoso,
ainda sem respaldo científico, em que a dasse no perfil do solo, evitando ou mini- devido à possibilidade de erosão, mas sem
viabilidade técnica parece satisfazer os mizando a falta de água e a competição deixar que a infestação prejudique a colheita
objetivos, como relatado e apresentado por exercida pelo capim-braquiária. e a qualidade do produto. Pode-se, ainda,
cafeicultores e demonstrados na Figura 4. Dentro desse enfoque, um melhor ma- tirar proveito da infestação das plantas
Esses plantios procederam com a aplicação nejo de mato pode ser obtido por meio da daninhas acrescentando matéria orgânica e
de elevadas quantidades de gesso (20 t), combinação de técnicas capazes de manter o nutrientes ao solo, conforme Figura 5.

Elifas Nunes de Alcântara

Elifas Nunes de Alcântara


Figura 2 - Umidade no período seco sob
o tapete feito de papel recicla-
do, utilizado para o controle de
plantas daninhas Figura 3 - Diferencial de crescimento por causa da umidade sob o tapete

Fotos: Elifas Nunes de Alcântara

A B
Figura 4 - Implantação de cafeeiro com capim-braquiária na entrelinha e aplicação de gesso agrícola
NOTA: A - Raízes de cafeeiros onde se aplicou gesso agrícola; B - Carga pendente dos cafeeiros na mesma área com gesso agrícola
e com o plantio de capim-braquiária na entrelinha.

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Fotos: Elifas Nunes de Alcântara


A B
Figura 5 - Aplicação de herbicida de pós-emergência nas entrelinhas
NOTA: A - Cafeeiro trilhado apresentando entrelinhas com herbicida de pós-emergência; B - Entrelinhas controladas com herbicida
de pós-emergência.

OUTRAS CONSIDERAÇÕES roçadeiras, cortam superficialmente o Trabalho conduzido por Araujo et al.
SOBRE O MANEJO DO MATO mato, deixando-o sobre o solo, distribuído (2007) demonstrou que o tráfego de trato-
nas entrelinhas (Fig. 7B). As trinchas são res e máquinas, com solo úmido, promoveu
Toda lavoura tem um aspecto particular
equipamentos com grande poder de corte, uma compactação na linha de tráfego, no
a ser considerado, tal como topografia,
bastante eficientes, quando o mato é mais local onde fica grande parte das raízes dos
densidade de plantas, tipo de solo etc., além
arbustivo. Deve-se ter em mente, também, cafeeiros, o que explica a interferência na
da disponibilidade de implementos, da
que a trincha, embora pareça ser mais produção pela roçadeira como constatado
economicidade de uma ou de outra prática
efetiva que as roçadeiras, não elimina o por Alcântara e Ferreira (2007).
cultural. Assim, durante o período chuvoso,
sistema radicular das invasoras cortadas. Outras máquinas ainda utilizadas para
o uso de roçadeira (Fig. 6) ou a aplicação
Por isso, as plantas cortadas podem sofrer controle do mato em cafeeiros são as enxa-
de herbicidas de pós-emergência nas
nova brotação, dependendo da sua nature- das rotativas e as grades de discos (Fig. 8).
entrelinhas, combinada com a aplicação
za, se perene ou anual, ou das condições A enxada rotativa é um implemento que
de herbicidas de pré-emergência na linha
climáticas. O design desse equipamento tem sido evitado, pelo inconveniente de
ou saia do cafeeiro, pode ser uma opção
não foi concebido para atingir o solo. triturar e expor o solo em demasia, além de
econômica. Isto porque, se a la­voura está formar uma camada adensada e endurecida
Os marteletes que executam o corte das
instalada em terrenos arenosos e de topo- aproximadamente a 20 cm de profundi-
plantas não devem tocar a superfície do
grafia inclinada, além de controlar a erosão, solo, pois danificam o implemento ou pro- dade. Esse implemento, quando utilizado
permite reduzir o volume de herbicidas de movem um espelhamento do solo, quando em áreas infestadas por tiririca (Cyperus
um terço à metade do gasto total. úmido. A velocidade de trabalho também é rotundus L.), promove a disseminação
A largura da faixa deixada com mato, menor que a utilizada nas roçadeiras, para dessas plantas ao desagregarem os tubér-
para posterior controle com roçadeira ou que o material fique bem triturado. culos, que são interligados por estolões,
herbicidas de pós-emergência, vai depen- Ao utilizar roçadeiras em cafeeiros quebrando a sua dormência (Fig. 9). Cada
der do espaçamento utilizado no plantio. para o manejo do mato, deve-se considerar tubérculo dará origem a uma nova planta. A
Atualmente, as roçadeiras dotadas de o período chuvoso, quando a rebrota e o grade apresenta o inconveniente de formar
duplo sistema de facas com dois sentidos crescimento são mais intensos, justamen- o denominado “pé de grade” nas entreli-
de acoplamento permitem a roçagem com te porque o sistema radicular das plantas nhas e como a enxada rotativa, também
um enleiramento do mato cortado no centro permanece intacto e o brotamento das promove a propagação e disseminação
da entrelinha ou distribuindo na superfície poáceas (gramíneas) sempre ocorre, pela principalmente da grama-seda (Cynodon
os restos vegetais ceifados, promovendo existência de inúmeros brotos na interface dactylon), (Fig. 8B) e de outras plantas de
mecanicamente a esparrama (Fig. 6B). do solo, os quais perdem a dormência ao propagação vegetativa, como a trapoeraba
Outras máquinas utilizadas para o ter a parte aérea cortada. Essa rebrota exige (Commelina benghalensis L.). Cada pedaço
manejo do mato em cafeeiros são os tri- um repasse de roçadeira a cada 20 ou 25 do estolão da grama-seda, com apenas um
turadores, também denominados trincha dias. Outro aspecto é que estas operações broto vegetativo, originará uma nova planta,
(Fig. 7A). Este equipamento, como as ocorrem quase sempre com o solo úmido. devido à quebra da dormência desses brotos.
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Fotos: Elifas Nunes de Alcântara


A B
Figura 6 - Roçadeiras
NOTA: Figura 6A - Roçadeira tradicional; Figura 6B - Roçadeira dupla ou ecológica.

Fotos: Elifas Nunes de Alcântara


A B
Figura 7 - Manejo mecanizado da crotalária
NOTA: Figura 7A - Trincha cortando crotalária. Figura 7B - Resíduos de crotalária na superfície do solo após o uso de trincha.

Fotos: Elifas Nunes de Alcântara

A B
Figura 8 - Cafeeiros manejados com grade
NOTA: Figura 8A - Grade cafeeira. Figura 8B - Propagação e a grande infestação da área por grama-seda.

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Outros meios de controle do mato em e interpretado pelo vigor das plantas mostra- Assim, a combinação técnica e eco-
cafeeiros, como o uso de enxadas manuais, das na Figura 10. Esse maior suprimento de nômica dos diferentes métodos poderá
ainda são utilizados principalmente em água, principalmente em período de maior levar a um bom manejo das invasoras nos
pequenas lavouras. O uso de enxadas é a déficit hídrico, tem fornecido proteção extra cafeeiros. No Quadro 1, observa-se o ren-
solução em pequenas propriedades, prin- dimento de operações de manejo do mato
ao cafeeiro, por não apresentar concorrência
cipalmente na limpeza do mato que ocorre em cafeeiros com alguns implementos e,
de plantas daninhas perenes, no período seco,
na linha (trilha). A limpeza do mato das en- no Quadro 2, estão as covas capinadas em
resultando em maior crescimento e produtivi- diferentes populações por hectare.
trelinhas, nas pequenas propriedades, hoje
pode ser feita com roçadeiras manuais, que dade, como observado em estudo do efeito do No Quadro 3, são apresentadas as ne-
fazem um trabalho eficiente, sem causar a manejo do mato conduzido por Alcântara et cessidades para o controle de mato em duas
compactação do solo. al. (2003b) e Alcântara e Ferreira (2007). lavouras nas diferentes épocas de cultivo.
Qualquer sistema de manejo de mato
deve ser revisto e analisado anualmente,
verificando sempre os avanços que vêm
sendo colocados à disposição dos cafeicul-
tores. Devem-se ter em mente os possíveis
efeitos a longo prazo, pois o uso contínuo
de um único sistema pode favorecer a
predominância de plantas de difícil con-
trole ou afetar as condições produtivas da
lavoura, além de trazer outros problemas
para a qualidade do solo.
Resultados de um estudo conduzido por
20 anos, comparando diferentes métodos

Elifas Nunes de Alcântara


de manejo de mato em cafeeiros, em São
Sebastião do Paraíso, MG, mostraram que
as condições físicas do solo foram alteradas
de acordo com o tipo de manejo, no decor-
rer dos anos (ALCÂNTARA,1997). Foram
observados nesse estudo, um aumento na Figura 9 - Propagação e disseminação de tiririca (Cyperus rotundus L.) pelo uso constan-
densidade do solo, diminuição da porosi- te de enxada rotativa
dade e do teor de matéria orgânica, altera-
ção na estrutura do solo e encrostamento
superficial do solo (Fig. 10), ao contrário
das áreas com entrelinhas mantidas com
mato todo o tempo.
Independente do método de controle de
plantas daninhas utilizado, quando a superfí-
cie do solo fica totalmente livre de vegetação,
forma-se o encrostamento superficial, que
é uma camada que impede a infiltração de
água. Se a lavoura possui algum declive, esse
encrostamento promove durante as chuvas
Elifas Nunes de Alcântara

um escorrimento superficial, carregando


solo, adubos etc. Em regiões planas, a água
leva os demais componentes para a linha do
cafeeiro, os quais penetram nessa região, e
contribuem para fornecer à lavoura maior
vigor, melhor crescimento e, conseqüente- Figura 10 - Aspecto de um cafezal com mato controlado com herbicida de pré-emergên-
mente, maior produção, como já constatado cia, deixando o solo durante todo o ano livre de vegetação

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QUADRO 1 - Rendimento das operações de manejo do mato

Operação Equipamento/Instrumento Observação Unidade Rendimento

d/H
Manual Enxada em área total Capina nas linhas e entrelinhas da lavoura 180 a 200 covas/d
d/H
Enxada na trilha Capinas na linha de plantio (trilha) 300 a 500 covas/d
d/H
Com lâmina faca, limpeza na linha de plantio. 1.500 a 2.000 covas/d
Roçadeira, motorizada (lateral
d/H
ou costal) Com lâmina três facas 1.200 a 1.800 covas/d
Pulverizador costal manual Aplicação de herbicidas d/H 800 a 1.000 covas/d

Mecanizado Grade de 12 a 16 discos de 14 a Largura de corte 1,10 a 1,45 ha/d 4 a 8 ha/d


18 polegadas
Enxada rotativa Profundidade 2 - 4 cm ha/d 4 a 6 ha/d

Trincha Trituradora (0,3 - 0,8 ha/h) ha/d 2 a 6 ha/d

Roçadeira Vários modelos – lateral e central ha/d 8 a 10 ha/d

Pulverizador de herbicidas PH 400 e similares ha/d 6 a 8 ha/d

NOTA: d/H - dia/homem; ha/d - hectare/dia; covas/d - covas/dia; ha/h - hectare/hora, considerando 8 horas trabalhadas por dia.

QUADRO 2 - Número de covas capinadas por dia/homem (d/H) na forma de trilha e em área total, para lavouras com diferentes populações
por hectare nas fases de formação e produção
Número de covas capinadas
(d/H)
População de lavoura
(covas/ha) Lavoura em formação Lavoura em produção

Trilha Total Trilha Total

1.400 218 137 209 147

1.600 244 154 237 166

1.800 269 170 245 185

2.000 294 185 293 204

2.200 318 201 321 223

2.400 343 216 348 242

2.600 267 231 376 260

3.000 414 260 430 297

3.300 448 282 471 324

3.600 482 303 512 351

4.000 527 331 566 387

5.000 635 399 699 476

6.000 741 465 - -

7.000 843 529 - -

8.000 943 592 - -


FONTE: Alcântara et al. (1988).
NOTA: Dados médios para plantas daninhas de 25 a 30 cm em alta infestação.

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 81

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82 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

QUADRO 3 - Necessidade de controle do mato em 1 ha de lavoura nas diferentes fases da cultura


Plantio 1o ano 2o ano Produção
Serviço/Insumo No de No de No de No de
Necessidade Necessidade Necessidade Necessidade
atividade atividade atividade atividade
Lavoura 2,0 x 0,5 m na Zona da Mata
Capina do tipo trilha 3 10 a 15 H/d 3 20 a 30 H/d 3 5 a 7 H/d - -
Aplicação herbicida no meio da mata 1 2 H/d 2 4 H/d - - 3 6 H/d
Repasse com enxada - - - - 1 6 a 8 H/d - -
Herbicida de pós-emergência - 3L - 4L - 6L - 4,5 L
Lavoura 3,8 x 0,5 m no Cerrado no Sul de Minas
Capinas do tipo trilha 3 15 H/d 2 16 H/d - - - -
Aplicação de herbicida pré-emergência na linha - - 1 2 H/d - - - -
Uso de roçadeira - - 2 5 h/t 2 5 h/t 2 7,0 h/t
Aplicação de herbicida de pós-emergência na rua - - 1 2 h/t 2 4 h/t 2 5,0 h/t
Repasse com enxada - - - - 2 10 H/d 1 5 H/d
Herbicida de pós-emergência - - - 1,5 L - 4L - 4L
Herbicida de pré-emergência - - - 2,0 L - 2L - -
FONTE: Dados básicos: Matiello et al. (2005).
NOTA: H/d - homem/dia; h/t - hora/trator, considerando 8 horas trabalhadas por dia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS vegetais triturados, que, ao entrarem em _______; SILVA, E.M. da; MERCER, J.R. Ava-
decomposição, atrasam a rebrota de outras liação de novo sistema de controle de plan-
A intensidade de infestação de plantas tas daninhas em cafeeiros em formação. In:
invasoras. Isto também ocorre, quando se
daninhas num cafezal depende de fatores SIMPÓSIO DE PESQUISA DOS CAFÉS DO
usa um herbicida de pós-emergência, como BRASIL, 3., 2003, Porto Seguro. Anais...
como clima, fertilidade do solo, uso an-
o Glyphosate com mato desenvolvido. Brasília: Embrapa Café, 2003b. p.278-279.
terior da área, época do ano e topografia
ANDERSON, W.P. Weed science principles.
da lavoura.
REFERÊNCIAS 2.ed. Minnesota: West Publishing, 1983. �����
655p.
Os períodos de florescimento e fruti-
ARAUJO JÚNIOR, C.F.; DIAS JUNIOR, M.
ficação são os de maior concorrência das ALCÂNTARA, E.N. de. Efeito de diferentes
de.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALCÂNTARA,
plantas daninhas por nutrientes, ou seja, métodos de controle de plantas daninhas
E.N. Suscetibilidade à compactação de um
na cultura do cafeeiro (Coffea arábica L.)
de outubro a abril, durante as chuvas. Latossolo cultivado com cafeeiros subme-
sobre a qualidade de um Latossolo Roxo
Entretanto, a presença dessas plantas no distrófico. 1997. 133p. Tese (Doutorado em
tido a diferentes sistemas de manejos das
período de maior déficit hídrico também plantas daninhas. In: CONGRESSO BRA-
Agronomia) - Universidade Federal de La-
SILEIRO DE PESQUISAS CAFEEIRAS, 33.,
afeta o desenvolvimento e a produção das vras, Lavras.
2007, Lavras. Anais... Lavras, 2007. p.204.
lavouras, embora nem sempre seja obser- _______; BÁRTHOLO, G.F.; CHEBABI, GALLO, R.; MORAES, F.R.P. de; LOTT, W.L.;
vado naquelas lavouras já adultas. Por isso, M.A.A. O manejo de mato em cafeeiros. lNFORZATO, R. Absorção de nutrientes pe-
a lavoura deve ser mantida trilhada durante Informe Agropecuário. Café: normas e co- las ervas daninhas e sua competição com o
todo o ano, porque é na região próxima à eficientes técnicos, Belo Horizonte, ano 14, cafeeiro. Campinas: IAC, 1958. 13p. (IAC.
n.162, p.25-28, 1988. Boletim, 104).
linha do cafeeiro, ou seja, principalmente
debaixo da copa do cafeeiro onde se aduba. _______; FERREIRA, M.M. Efeito sobre a GARCIA BLANCO, H.; OLIVEIRA, D.P.;
produção de cafeeiros após 30 anos de apli- PUPO, E.I.H. Período de competição de uma
O mato na entrelinha pode ser controlado
cação na entrelinhas de diversos métodos de comunidade natural de mato em uma cul-
em qualquer época nas regiões declivosas, controle de plantas daninhas. In: SIMPÓSIO tura de café em formação. O Biológico, São
preferencialmente com herbicidas de pós- INTERNACIONAL SOBRE GLYPHOSATE, Paulo, v.48, n.1, p.9-20. 1982.
emergência, como o Glyphosate. Mas, 1., 2007, Botucatu. Trabalhos científicos... LORENZI, H. Manual de identificação e
quando for feito com roçadeiras, deve-se Botucatu: [UNESP-FCA], 2007. p.304-306. controle de plantas daninhas: plantio dire-
diminuir a intensidade dos repasses e tentar _______; _______; CARVALHO, G.R.; MERCER, to e convencional. 6.ed. Nova Odessa: Plan-
J.R. Efeito de métodos de controle de plantas tarum, 2006. 361p.
trabalhar com o solo menos úmido. O uso
daninhas sobre o solo no desenvolvimento MATIELLO, J.B.; SANTINATO, R.; GARCIA,
de trincha permite um espaço maior entre
e rendimento de cafeeiros em formação. In: A.W.R.; ALMEIDA, S.R.; FERNANDES, D.R.
as operações, quando se usa esta máquina SIMPÓSIO DE PESQUISA DOS CAFÉS DO Cultura de Café no Brasil: novo manual
com mato crescido, por causa do depósito BRASIL, 3., 2003, Porto Seguro. Anais... Bra- de recomendações. Rio de Janeiro: MAPA-
sobre o solo de uma camada densa de sília: Embrapa Café, 2003a. p.292. PROCAFÉ, 2005. 434p.

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 83

Colheita e pós-colheita do café: recomendações e


coeficientes técnicos
Marcelo Ribeiro Malta 1
Sílvio Júlio de Rezende Chagas 2
Sara Maria Chalfoun 3

Resumo - O café é um produto agrícola cujo preço baseia-se em parâmetros qualita-


tivos e varia significativamente em função da qualidade apresentada. Cuidados e téc-
nicas adequadas de colheita e pós-colheita são fundamentais, para que os produtores
consigam obter um produto de boa qualidade e melhor rentabilidade. Observa-se uma
tendência atual de mecanização da operação da colheita em áreas cujos relevos per-
mitam a sua adoção, visando reduzir o seu custo, já que a colheita manual demanda
grande quantidade de mão-de-obra. Por outro lado, o advento da tecnologia de prepa-
ro via úmida, no qual a etapa de fermentação foi substituída pela remoção mecânica da
mucilagem, obtendo-se o café cereja descascado ou desmucilado, promoveu, por meio
de sua adoção, ganhos sobre a qualidade do produto, mas impôs a preocupação com
o tratamento e deposição dos resíduos sólidos e água gerados pelo processo, a fim de
minimizar possíveis impactos sobre o meio ambiente. Dessa forma, são apresentadas,
além dos coeficientes técnicos associados às operações realizadas nas fases pré-colheita,
colheita e pós-colheita, considerações sobre as implicações devidas à adoção das dife-
rentes tecnologias.

Palavras-chave: Qualidade. Preparo. Secagem. Beneficiamento. Armazenamento. Coefi-


ciente técnico. Custo de produção.

INTRODUÇÃO da menor qualidade do nosso produto. patamar de 10% a 20%, quanto ao aspecto
Por isso, deve-se orientar o cafeicultor a do produto; 40% em função da avaliação
Até a década de 1960, o Brasil era
fazer um bom preparo do café, a fim de sensorial (bebida) e até 60% em café de
responsável por 70% do mercado cafeeiro
obter um produto de melhor qualidade e, mau aspecto e bebida ruim.
mundial. Atualmente, responde por apro-
conseqüentemente, melhor preço. Ainda, Dessa forma, o conhecimento dos coe-
ximadamente 25% do café exportado. Di- concentrar esforços na iniciativa privada
versos fatores contribuíram para esta perda ficientes técnicos, bem como das técnicas
e governamental, com o intuito de me-
expressiva de mercado, como ausência de adequadas de colheita e pós-colheita do
lhorar a performance brasileira na área de
políticas econômicas, marketing pouco café, é fundamental para que os produtores
comércio exterior, por meio de técnicas
expressivo, dentre outros fatores. Mas o consigam obter um produto de boa quali-
de marketing e programas competentes
fator que mais contribuiu para essa perda dade e com melhor rentabilidade.
de exportação.
de mercado foi a falta de um padrão de O café é um produto agrícola cujo
qualidade dos cafés produzidos. preço baseia-se em parâmetros qualitati- ETAPAS DA PRÉ-COLHEITA
A menor participação do Brasil no vos, sendo que o preço do produto varia
Arruação
mercado internacional deve-se, principal- significativamente com a qualidade apre-
mente, à falta de agressividade comercial sentada. A queda no preço, por causa do A arruação, também chamada coroação,
de exportadores brasileiros, bem como mau preparo do café, pode alcançar um é a operação de limpeza da terra solta, das

1
Eng o Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTSM, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico: marcelomalta@epamig.br
2
Engo Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTSM, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico: silviojrc@epamig.br
3
Enga Agra, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTSM-EcoCentro, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico: chalfoun@epamig.ufla.br

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84 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

plantas daninhas e dos detritos que estão d) maior absorção de calor durante o CUIDADOS NA COLHEITA
embaixo e nas proximidades do cafeeiro, dia, o que proporciona uma tempe-
e a colocação deste material em leiras ou ratura mais elevada para a planta à Prejuízos causados pela
montes, no centro das entrelinhas. noite, que, por sua vez, fica menos colheita de café verde
A arruação é a operação feita antes da exposta aos riscos de geadas;
O café verde causa prejuízos quanto ao
colheita, para evitar que o café se perca em e) maior facilidade e economicidade na tipo e à qualidade da bebida e, como conse-
mistura com a terra e restos de vegetais. esparramação do cisco (operação in- qüência, interfere no valor do produto.
Facilita, também, a varrição do café seco versa da arruação), dada a ausência
A seguir estão relacionados outros
caído após a derriça na colheita e possi- do mato.
problemas com a colheita do café ainda
bilita um maior rendimento dos trabalhos No Quadro 1, são apresentadas as van-
verde:
de colheita. tagens e desvantagens da arruação manual,
mecânica e química. a) perda de peso: é expressada pela
As vantagens de uma arruação bem-
feita são: porcentagem de perda de peso
Esparramação em relação a um fruto colhido no
a) melhoria das condições para o ras-
É a operação inversa à arruação, ou estádio cereja. Assim, essa perda
telamento e varrição dos grãos que
caírem ao chão, antes e durante a seja, logo após a colheita desfazem-se as será a porcentagem que o grão teria
colheita; leiras ou coroas formadas, esparramando- que ganhar, para chegar ao estádio
as por igual no terreno. Esta operação é cereja, ou que já teria perdido, no
b) melhor qualidade dos frutos varri-
feita manualmente, com enxadas ou por caso do grão já seco;
dos, em função da sua não exposição
meio de esparramadores de ciscos tracio-
à umidade e por não permanecerem b) prejuízos à bebida: à medida que
nados a trator.
no meio do mato; Alguns coeficientes técnicos utilizados aumenta a porcentagem de frutos
c) menor permanência de frutos na nas operações de arruação e de esparra- colhidos verdes, aumenta também
lavoura para a multiplicação da mação são apresentados no Quadro 2. No o aparecimento dos defeitos verde
broca-do-café, dada a sua retirada Quadro 3, estão os custos de produção da e preto-verde que prejudicam a
pela varrição; arruação e da esparramação por hectare. qualidade da bebida;

QUADRO 1 - Vantagens e desvantagens das diferentes formas de arruação

Forma de arruação Vantagem Desvantagem


Manual Fixação da mão-de-obra Baixo rendimento
Retira ciscos e grãos com defeitos Corte de radicelas
Necessita esparramação
Maior custo
Mecânica Grande rendimento Compactação do solo
Baixo custo Corte de radicelas
Necessita esparramação
Química Necessita pouca mão-de-obra Necessita de mão-de-obra especializada
Não há corte de radicelas
Dispensa esparramação
Baixo custo
FONTE: Colheita... (2007).

QUADRO 2 - Coeficientes técnicos médios utilizados na pré-colheita do café


Rendimento
Operação Unidade
(covas)
Arruação manual d/H 140 a 180
Esparramação manual d/H 140 a 170
Arruador/Esparramador com duas lâminas em V d/m 4.000 a 6.000
FONTE: Bártholo e Guimarães (1997).
NOTA: d/H - dia/homem; d/m - dia/máquina.

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 85

QUADRO 3 - Custo de arruação e esparramação por hectare


Quantidade Custo Custo total
Operação Unidade
Renque Adensado unitário Renque Adensado

Arruação manual d/H 12 10 14,00 168,00 112,00

Esparramação d/H 12 10 14,00 168,00 112,00

Total 336,00 224,00

Arruação mecanizada h/t 1,25 - 35,00 43,75 -

Esparramação h/t 1,25 - 35,00 43,75 -

Total 87,50 -

Aplicação de herbicida h/t 1,00 - 35,00 35,00 -

Aplicação de herbicida d/H - 2 20,00 - 40,00

Herbicida L 3 3 13,00 39,00 39,00

Rastelação d/H 3 2 14,00 42,00 28,00

Total 116,00 107,00


FONTE: Colheita... (2007).
NOTA: d/H - dia/homem; h/t - hora/trator; L - litro.
Índices utilizados: Renque - 2.857 plantas/ha; Adensado - 5.000 plantas/ha; Arruação manual-renque - 250 plantas/dia; Arruação
manual-adensado - 500 plantas/dia; Rastelação - 1.000 plantas/dia.
Os preços utilizados no custo unitário são apenas referenciais.

c) rendimento: quando a colheita é feita liza derriçadeiras portáteis ou tracionadas, área mais de uma vez, ou mecanicamente,
com grande porcentagem de frutos desprovidas de recolhedores e a mecani- por meio da retirada de parte das hastes
verdes, são necessários mais litros zada é feita com colheitadeiras completas vibratórias ou regulagem da velocidade
de café colhido, o que gera menor automotrizes ou tracionadas por trator. da colheitadeira.
rendimento do que quando se colhe
Colheita manual seletiva Colheita por derriça
o café já maduro. Isto implica em
ou colheita “a dedo”
maior utilização de mão-de-obra, No Brasil, basicamente, a colheita
mais gastos com transporte e maior É a colheita realizada manualmente, é feita por derriça, ou seja, colhendo-se
necessidade de área de terreiro para na qual apenas os frutos maduros são uma mistura de frutos de diferentes carac-
secagem, aumentando os custos; colhidos. É um sistema pouco usado no terísticas com relação a maturação, cor,
Brasil, sendo predominante na cafeicultura densidade e teor de umidade, identificados
d) desgaste da planta: a colheita de
do resto do mundo, principalmente onde pelas seguintes denominações:
um fruto verde necessita de maior
esforço em relação a um maduro, o se utiliza o despolpamento, em função da a) verde: 60% a 70% de umidade;
maturação desigual dos frutos, sendo o b) cereja: 45% a 55% de umidade;
que provoca um grande arranquio
exemplo típico o que ocorre na Colômbia,
de folhas e galhos, causando injúrias c) passa: 35% a 50% de umidade;
América Central, Etiópia e Quênia, onde
ao cafeeiro. d) bóia: 25% a 35 % de umidade;
apenas os frutos maduros são coletados
“a dedo”. e) coco: < de 25% de umidade.
TIPOS DE COLHEITA
Esta mistura acontece, por causa do
A colheita do café pode ser realizada Colheita escalonada ou
amadurecimento desuniforme dos frutos
parcelada
de forma manual, semi-mecanizada e me- em conseqüência de várias floradas em
canizada. A colheita manual pode ser do É um processo que pode compensar, se diferentes épocas.
tipo seletiva, catando-se “a dedo” somente o café receber um prêmio pela qualidade Neste tipo de colheita todos os frutos
os frutos maduros, ou do tipo concentrada, do produto final. É aplicável, quando existe são derriçados da árvore ao mesmo tempo,
derriçando-se todos os frutos de cada ramo uma grande desuniformidade de maturação manualmente ou com o auxílio de ferra-
no chão, em panos ou em peneiras. Por dos frutos nas plantas. Pode ser realizada mentas ou máquinas. A derriça manual
outro lado, a colheita semi-mecanizada uti- manualmente, passando-se na mesma pode ser feita no pano ou no chão.
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A colheita pelo método de derriça A demanda de serviços necessários metros comparativos de diferentes sistemas
manual, em que as diversas operações da para a colheita de café, em função da carga de colheita e, no Quadro 7, o desempenho
colheita, com exceção do transporte, são pendente, é apresentada no Quadro 4. operacional de algumas máquinas e imple-
realizadas a partir do serviço humano, de- No Quadro 5, são apresentados alguns mentos. Nos Quadros 8, 9 e 10, destaca-se
manda grande quantidade de mão-de-obra coeficientes técnicos médios utilizados no o desempenho operacional de alguns sis-
em relação ao método de derriça mecânico, processo de colheita do café. temas de colheita em comparação com a
conforme se pode observar nos coeficientes No Quadro 6, são apresentados parâ- colheita manual.
técnicos apresentados neste artigo.

Cuidados na derriça QUADRO 4 - Demanda de serviços necessários para a colheita de café na forma de derriça
no pano em função da carga pendente
a) fiscalizar bem, para evitar o exces-
sivo arranquio de folhas ou quebra
(2)
Demanda de serviço
Carga pendente
(1)
(d/H)
de ramos e a permanência de frutos
nas árvores; 2,5 17
b) proceder ao repasse, ou seja, coletar 5,0 21
os frutos remanescentes nas árvores
7,5 24
ou no solo após a colheita. Dessa
forma, melhora-se o rendimento 10,0 28
obtido com a operação de colheita e 12,5 32
evita-se, no ano seguinte, a reinfes-
15,0 36
tação da broca, causadora de gran-
des prejuízos, uma vez que os grãos 17,5 39
brocados têm seu peso reduzido; 20,0 43
c) transportar sempre o café para o
22,5 47
terreiro no mesmo dia da colheita,
lavar e esparramar, não o deixando 25,0 50
no pano ou no solo, amontoado ou 30,0 58
ensacado, pois isto facilita a ocor- FONTE: Bártholo e Guimarães (1997).
rência de fermentações. Deve-se (1) Sacas de 60 kg de café beneficiado/1.000 covas. (2) d/H - dia/homem obtido pela equa-
evitar também o uso de sacos plásti- ção de regressão (Y = 13,43 + 1,5 x) ajustada em função de médias reais de uma fazenda
cos para transportar o café colhido. comercial, onde: Y = d/H e X = Sacas beneficiadas 1.000 covas.

QUADRO 5 - Coeficientes técnicos médios utilizados na colheita do café

Operação Unidade Rendimento

Derriça manual
(1)

No pano d/H 180 a 200 L de café da roça

No chão d/H 250 a 300 L de café da roça

Derriça mecânica
(1) d/m 16.000 a 40.000 L de café da roça

Varrição manual d/H 500 covas

Rastelação manual d/H 250 covas

Abanação manual d/H 700 a 1.000 covas

Transporte do café da roça da lavoura ao terreiro d/H 2.500 a 3.000 L de café

Colheita mecânica com colheitadeira “a cavaleiro” nas linhas de café d/m 2 a 3 ha

Colheita mecânica com derriçadeira lateral d/m 0,8 a 1,2 ha


FONTE: Bártholo e Guimarães (1997).
NOTA: d/H – dia/homem; d/m – dia/máquina.
(1)Rendimento médio do início ao fim da colheita.

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QUADRO 6 - Parâmetros comparativos de sistemas de colheita


Derriçadeira Derriçadeira Colheitadeira
Parâmetro Manual
portátil tradicional automotriz

Uso de mão-de-obra (%) 100 60 a 70 50 a 60 30 a 40

Eficiência de colheita (%) 100 80 a 90 60 a 70 80 a 90

Repasse (%) 0 10 a 20 30 a 40 10 a 20
(1)
Produção média (medida/H/d) 4a6 8 a 10 15 25
FONTE: Silva et al. (2001).
NOTA: H/d – homem/dia.
(1) Café abanado.

QUADRO 7 - Desempenho operacional de máquinas e implementos agrícolas


Máquinas e implementos Desempenho

Arruador-soprador 0,75 ha/h

Abanadora 40 a 50 alqueire/h

Recolhedora/Abanadora 40 a 80 alqueire/h

Derriçadeira Koplex 0,7 ha/h

Derriçadeira Kokinha 0,4 ha/h

Colheitadeira 0,7 ha/h


FONTE: Colheita... (2007).
NOTA: ha/h – hectare/hora.

QUADRO 8 - Avaliação da derriça manual e mecânica (derriçadeiras portáteis) em três lavouras cafeeiras
Lavoura
Parâmetro avaliado A B C
Manual Mecânica Manual Mecânica Manual Mecânica
N de plantas avaliadas
o
30 29 28 28 19 19
N de derriçadores
o
2 2 2 2 2 2
Tempo efetivo de derriça (min) 64 17,26 49,50 21 31,40 11,43
Tempo efetivo de repasse (min) 0 10 0 15 - 9,90
Tempo efetivo total (min) 64 27,26 49,50 36 31,40 21,33
Produção na derriça (L) 132 90 50 45 75 80
Produção no repasse (L) 0 2 0 2 - 4
Produção total (L) 132 92 50 47 75 84
Porcentagem de repasse (%) 0 2,17 0 4,25 0 4,76
Desfolha (g/planta) 198 277 121 457 397 800
Tempo de derriça (min/planta/H) 4,26 1,88 3,53 2,57 3,30 2,26
Tempo de derriça (h/ha) 254 112 221 161 157 107
Uso de mão-de-obra (%) 100 44 100 73 100 68
Produção média da lavoura (medida/ha) 225 225 108 108 199 199
Mão-de-obra (H/ha) 32 14 28 20 20 13
Rendimento derriça (medida/H/d) 7,10 16 3,92 5,40 9,69 14,15
FONTE: Silva et al. (2001).
NOTA: H - homem; d - dia; L - litro; min - minuto; h - hora; ha - hectare.

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QUADRO 9 - Resultados médios da operação de derriça manual e derriçadeiras tracionadas


Derriçadeira tracionada
Parâmetro avaliado Colheita manual
Kokinha Koplex
Tempo de derriça (min) 1,98 ida/1,93 volta 1,78 50
Distância percorrida (m) 20 20 20
Velocidade operacional (m/h) 615 674 -
Volume derriçado (L) 80 92 103
Desempenho operacional (medida/h) 20,5 57,7 2
Repasse (L) 16 9 0
Repasse (%) 20 10 0
Tempo de repasse (min/H) 33 30 -
Número médio de plantas por trecho 28 28 28
Operador/colhedor (H) 1 2 2
Número de homens para o repasse (H/h) 8,6 18,8 0
Derriça + repasse (medida/h) 24,6 63,5 -
Rendimento com repasse (medida/H/h) 2,56 3,05 1
FONTE: Silva et al. (2001).
NOTA: min - minuto; m - metro; L - litro; h - hora; H - homem.

QUADRO 10 - Resultados máximos, mínimos e médios obtidos nas avaliações de desempenho partes constituintes são mantidas, o que
das colheitadeiras automotrizes possibilita a obtenção da bebida que tor-
Parâmetro avaliado Desempenho nou o café internacionalmente conhecido.
Velocidade máxima (m/h) 900 Além disso, é o processo que menos agri-
Velocidade mínima (m/h) 300
de o meio ambiente, pois produz poucos
resíduos sólidos e líquidos, não havendo a
Velocidade média (m/h) 550
produção de efluentes com elevado teor de
Vibração máxima (ciclo/min) 970
matéria orgânica.
Vibração mínima (ciclo/min) 650
Vibração média (ciclo/min) 850 Lavagem do café
Produção máxima (medida/h) 120
O lavador é uma das estruturas mais
Produção mínima (medida/h) 30
importantes na fase de preparo do café,
Produção média (medida/h) 55
uma vez que proporciona a separação
Repasse (%)
(1)
15
não só das impurezas, mas também dos
Pessoal de apoio
(2)
2a3
frutos nos seus diferentes estádios de
FONTE: Silva et al. (2001).
maturação.
NOTA: m - metro; h - hora; min - minuto.
(1) Repasse, incluindo o café derrubado no chão. (2) Jornada de trabalho de 8 horas. A lavagem proporciona uma pré-lim-
peza do produto ao separar as impurezas.
Aumenta, conseqüentemente, a vida útil
PROCESSAMENTO OU onde há uma estação seca característica du- dos secadores e máquinas de beneficiar
PREPARO DO CAFÉ rante o período de colheita, sendo o método por diminuir a abrasão, excluindo pedras,
predominante no processamento do café terras, folhas e paus, que vêm da lavoura
Processamento do café do Brasil. Apesar de ser conhecido como com os frutos colhidos.
natural “via seca”
“via seca”, a terminologia mais adequada A lavagem deve ocorrer no mesmo dia
A produção de café natural é o modo deveria ser “café natural”, pois, além de da colheita do café. É importante nunca
mais antigo e mais simples de processar o evitar a imagem pejorativa para o café deixar o café amontoado para ser lavado
café recém-colhido e consiste em subme- brasileiro, usada no exterior de “café não no dia seguinte.
tê-lo à secagem na sua forma integral. É lavado”, trata-se do processo que menos A separação dos frutos é feita pela
largamente usado nas condições tropicais, afeta a condição natural do produto. Suas densidade durante o processo de lavagem,
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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 89

dependendo dos diferentes estádios de b) tempo para a pré-secagem (utiliza- Desmucilamento


desenvolvimento, ou dos diferentes teores ção do sistema misto): o período
A operação de desmucilamento é
de umidade. Os frutos verdes e cerejas, médio é em torno de dois a três
realizada em desmuciladores mecânicos
por serem mais pesados, são separados dias. logo após o descascamento do café, com o
dos frutos “bóia”, que são mais leves. Por
objetivo de retirar a mucilagem que ainda
apresentarem tempos de secagem diferen- Descascamento permanece aderida aos grãos. A remoção
tes, estas duas frações deverão ser secadas
O descascamento consiste na retirada é mecânica e ocorre por meio do atrito dos
separadamente, para que se obtenha um
da casca do fruto do café e é uma operação grãos com um cilindro metálico.
produto final mais uniforme e de melhor
qualidade. realizada nos descascadores de cereja.
Despolpamento
Para os produtores que não possuem A operação baseia-se na diferença de
lavador, o café vai direto para a secagem resistência à pressão do fruto verde e do O despolpamento poderá ocorrer logo
em terreiro ou para a pré-secagem antes de fruto cereja. Como a mucilagem dos frutos após o descascamento do café cereja, sendo
ir para o secador. verdes ainda está rígida, estes resistem à uma opção a remoção mecânica da mucila-
pressão, sendo transportados às laterais gem. Geralmente, o despolpamento ocorre
Processamento do café por do equipamento; os frutos cereja, com a por fermentação espontânea em tanques
“via úmida” de concreto, removendo-se a mucilagem
mucilagem menos resistente à pressão,
É o processo pelo qual, após a passa- remanescente aderida ao pergaminho,
separam-se em duas sementes que passam
gem pelo lavador, haverá a remoção da substrato adequado para o desenvolvimen-
em peneiras de perfuração alongada. Nesta
casca e/ou da mucilagem, o que reduz os to de microrganismos, que podem provocar
operação, a casca e parte da mucilagem
riscos de fermentações e possibilita uma a ocorrência de fermentações prejudiciais
são removidas mecanicamente. Durante
secagem mais rápida, resultando em cafés à qualidade final do produto. O café per-
o descascamento, grande quantidade de
de boa qualidade. Entretanto, as atividades manecerá nesses tanques com água por um
água é utilizada, resultando em elevado período de 12 a 24 horas, visando eliminar
de lavagem ou separação hidráulica, des-
potencial poluidor. Entretanto, algumas a mucilagem. Depois desse período, os
cascamento e despolpamento dos frutos do
empresas já oferecem equipamentos com grãos são lavados, até que não se perceba
cafeeiro, geram grandes volumes de águas
menor consumo de água, minimizando os qualquer sinal desta mucilagem, e condu-
residuárias, ricas em matéria orgânica em
impactos desta operação. zidos para secagem.
suspensão e outros constituintes orgânicos
Entre os produtores brasileiros, ob-
e inorgânicos em solução, com grande po-
der poluente, além de grande quantidade de serva-se uma crescente utilização do SECAGEM DO CAFÉ
resíduos sólidos que, se lançados ao meio descascamento do café, pelas vantagens
O processo de secagem pode ser feito
ambiente, sem o devido tratamento, podem apresentadas a seguir: em terreiros ou com auxílio de secadores.
causar degradação ambiental e trazer danos a) separação dos frutos verdes; Pode-se obter, em ambos os casos, um pro-
à flora, à fauna e aos cursos d’água. duto final de qualidade semelhante, contan-
b) redução do volume do café pela
Dessa forma, a adoção do processa- to que se observem alguns cuidados.
remoção da casca dos frutos, dimi-
mento do café por “via úmida” envolve No processo de secagem, é aconse-
nuindo, assim, a área ocupada no
também a instalação de sistemas de tra- lhável trabalhar com lotes homogêneos,
terreiro e aumentando a capacidade
tamento das águas residuárias resultantes considerando-se tanto a época de colheita,
do secador;
desse processo. quanto o estádio de maturação ou teor
Algumas características que dife- c) menor tempo de secagem; de umidade dos frutos, para obtenção
renciam o café preparado “via úmida”, d) menor chance de ocorrer fermenta- de um produto final uniforme e de boa
do café obtido por “via seca” devem ser qualidade.
ções que depreciam a qualidade do
observadas:
café.
a) tempo para secagem (secagem com- Secagem do café em
Recomenda-se que a secagem inicial terreiro
pleta no terreiro): o café preparado
“via úmida” seca mais rapidamente do cereja descascado seja feita ao sol, em O tempo médio para a secagem com-
que o café da roça. O tempo de camadas finas revolvidas com freqüência. pleta do café em terreiro é de, aproxima-
secagem do café é de 1/3 do tempo Este processo apresenta a vantagem de damente, 15 dias, para as condições do
gasto com o café da roça, variando facilitar a secagem em regiões de clima Sul de Minas, Alto Paranaíba e Triângulo
de acordo com as condições climáti- desfavorável, preservando a qualidade do Mineiro, e de 20 a 30 dias para a Zona
cas durante o período de secagem; produto final. da Mata de Minas Gerais. Vale ressaltar
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que o tempo de secagem em terreiros, O volume total de café por ano pode lama asfáltica e telado suspenso. Prefe-
além das condições climáticas, também é ser estimado pelas equações: rencialmente, a secagem deve ser feita
influenciado pelo tipo de processamento em terreiros concretados, que são mais
(natural, descascado ou despolpado), tipo L = NS x C eficientes e apresentam menores riscos
de revestimento do terreiro, bem como o de comprometimento da qualidade. No
em que:
manejo empregado. entanto, o alto custo de construção torna o
NS = número de sacas de café benefi- terreiro de concreto inacessível para muitos
Escolha do local, ciadas por ano; cafeicultores. Deve-se ressaltar que poucos
dimensionamento e C = constante que depende do tipo terreiros de concreto são construídos de
construção dos terreiros acordo com as recomendações técnicas,
de processamento (café da roça:
Sempre que possível, o terreiro deve es- 480; verde e cereja: 500; cereja para obter uma adequada pavimentação.
tar localizado em área plana, bem drenada, descascado: 280). No Quadro 11, é apresentado o custo
ensolarada, ventilada, em nível inferior às de produção de terreiro de concreto.
instalações de recepção e preparo inicial e L = NC x P O elevado custo da pavimentação com
superior às instalações de armazenamento concreto pode inviabilizar o revestimento
em que: de terreiros. Entretanto, alternativas de
e beneficiamento.
A área do terreiro a ser construído NC = número de plantas em produ- baixo custo têm sido usadas com sucesso.
pode ser calculada levando-se em conta ção; Segundo Abrahão et al. (2002), o terreiro
a produção média da lavoura, do número P = produtividade/planta (L). de lama asfáltica (Quadro 12), com custo
de cafeeiros, das condições climáticas da dez vezes menor que os terreiros conven-
região, dentre outros fatores. Uma alternativa muito utilizada na se- cionais, apresenta-se como uma boa alter-
No caso de utilizar exclusivamente o cagem de café é o sistema combinado que nativa, do ponto de vista econômico, sem
terreiro para a secagem do café, pode-se utiliza pré-secagem com energia solar em comprometimento da qualidade.
terreiro, até o produto atingir a “meia-seca” Com o aumento da demanda por cafés
adotar uma das seguintes equações:
(umidade entre 30% e 35%), e a secagem de melhor qualidade, novos sistemas de
Equação 1 (INSTITUTO BRASILEIRO complementar em secadores mecânicos, secagem com ventilação natural têm sido
DO CAFÉ, 1985) o que pode reduzir a área construída de propostos, como é o caso da secagem do
terreiros em até 1/3. café em terreiro de leito suspenso. Nesse
S = 0,02 x Q x T terreiro, o café deverá ser espalhado em
Tipos de terreiro de camadas finas e revolvido continuamente.
N
secagem
Apresenta as vantagens de proporcionar
em que: Basicamente, os terreiros podem ser um produto limpo e de preservar sua quali-
S = área de terreiro necessária, em construídos de terra, concreto, tijolos, dade. Todavia, a movimentação do produto
m2;
Q = quantidade média de café, em
litros, colhida anualmente; QUADRO 11 - Custo de produção de 1.000 m2 de terreiro de concreto(1)
T = tempo médio para a secagem em Preço
(2)
Descrição Unidade Quantidade
dias; (R$)
N = número de dias de colheita. Areia m3 73 1.095,00
Cimento saco 355 9.230,00
Equação 2 (BORÉM, 2004) Brita m3 73 2.964,00
Cascalho m3 55 1.089,00
Área do terreiro (m ) = 1/10 (L x T/E x TC)
2
Sarrafo m 500 600,00
Pedreiro d/H 108 4.360,00
em que: Servente d/H 205 4.100,00
E = espessura da camada de café Total com brita - - 22.349,00
(cm); Total com cascalho - - 19.379,00
L = volume total de café por ano (L); FONTE: Borém (2004).
NOTA: d/H - dia/homem.
T = Tempo de secagem (dias); (1) Terreiro com brita no 1 ou cascalho, respectivamente, nos traços 1:4:6 e 1:10, com 5 cm
TC = tempo de colheita (dias). de espessura, construído em placas. (2) Preços no comércio de Lavras, MG, em abril 2004.

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 91

QUADRO 12 - Custo de produção de 1.000 m2 de terreiro de lama asfáltica b) os secadores só podem ser carre-
Preço
(1) gados com a fornalha apagada. Só
Descrição Unidade Quantidade
(R$) depois de cheios e em movimento é
Emulsão asfáltica RL L 1.400 1.155,00 que a fornalha é acesa;
Pó de brita peneirado L 3.500 129,50 c) quanto mais lenta a secagem, maior
Vasilhame para transporte do RL Ud 07 105,00 será a uniformidade do produto;
Baldes de 20 L Ud 04 62,00 d) a massa de café nunca deve ter uma
temperatura superior a 45ºC;
Areia L 812 12,80
e) lotes de café com alta porcentagem
Vergalhão de ¼ de 3 m Ud 02 8,00
de frutos verdes devem receber
Tambor de 200 L Ud 07 210,00
cuidados especiais, trabalhando a
Cimento saco 02 60,00 massa de café com temperaturas
Vassourão Ud 02 20,00 mais baixas (30ºC) na secagem;
Pedreiro d/H 04 160,00 f) deve-se preferir a fornalha de fogo
Servente d/H 12 240,00 indireto. A lenha deverá estar bem
Total - - 2.162,30
seca, para não produzir fumaça
FONTE: Abrahão et al. (2002) e Borém (2004). e não conferir cheiro à massa de
NOTA: L - litro; Ud - unidade; d/H - dia/homem. café.
(1) Preço no comércio de Lavras, MG, em abril 2004.
O final da secagem deve ser obtido por
determinadores de umidade. Na prática,
nas telas suspensas é mais trabalhosa do e) fazer leiras grandes com o café, no ela é estabelecida por métodos empíricos
que no terreiro tradicional, sendo conside- sentido da maior declividade do que podem levar a erros de 1% a 2%, que
rada pouco ergonômica. Nesses terreiros, terreiro, em caso de chuvas. Essas correspondem a uma perda de peso de 0,6
podem ser adaptados lençóis plásticos que leiras devem ser trocadas de lugar a 1,2 kg por saca.
serão usados para cobrir o café, em caso de o maior número de vezes possível, Existem, basicamente, três tipos de
chuva, e, mais usualmente, durante a noite, para promover a aeração da massa secadores com sistemas distintos de opera-
para cobrir o café após a “meia-seca”. de café, evitando-se fermentações; ção: secadores horizontais rotativos inter-
f) só amontoar café cereja (úmido), mitentes, secadores verticais com câmara
Manejo do café secado em depois da perda de umidade externa de repouso e secadores de camada fixa,
terreiros (“meia-seca”); com os quais são obtidos produtos finais
g) amontoar o café por volta das 15 com qualidades semelhantes.
Alguns cuidados no processo de se-
cagem do café em terreiros devem ser horas, horário em que se tem a me-
Secadores horizontais rotativos
observados: nor porcentagem de umidade do ar
intermitentes
e cobrir com lona;
a) não misturar lotes diferentes de Os secadores horizontais rotativos in-
h) esparramar o café no dia seguinte,
café; termitentes podem ser utilizados também
por volta das 9 horas, quando a
b) esparramar o café lavado ou não, no umidade do ar é adequada e no- como pré-secadores, podendo receber café
mesmo dia da colheita, em camadas vamente movimentá-lo até as 15 com qualquer grau de umidade. Nunca
finas de 3 a 5 cm durante os primei- horas, quando deve ser novamente devem trabalhar totalmente cheios, deve
ros dias de secagem; amontoado; ser deixado sempre um espaço livre de
c) revolver o café, pelo menos oito 20 a 30 cm, para que o produto se movi-
i) continuar com o processo até a se-
vezes ao dia, de acordo com a posi- mente. Algumas observações devem ser
cagem final, recolhendo o café frio,
ção do sol. A sombra do trabalhador consideradas:
pela manhã, para a tulha, com 11%
deve ficar a sua frente ou atrás; de umidade. a) quando o café vem direto da lavoura
d) fazer com o café, após o segundo ou do lavador para o secador, deve-
Secagem em secadores se carregá-lo e colocá-lo em movi-
dia de seca, pequenas leiras de 15
mecânicos mento por, aproximadamente, duas
a 20 cm de altura, no final da tarde,
e esparramar no dia seguinte bem Para a secagem em secadores mecâ- horas antes de acender a fornalha;
cedo, o que acelera a secagem, nicos, as seguintes considerações devem b) a temperatura do termômetro de ar
impedindo que o sereno umedeça ser observadas: quente deve ser no máximo de 60ºC
muito o café; a) formação de lotes homogêneos; até a condição de “meia-seca”;
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c) quando atingir a “meia-seca”, o café pré-secagem, seja ela em terreiro, em d) baixar a temperatura para 50ºC,
pode ser passado para secadores secadores horizontais ou de camada fixa. quando a massa de café atingir cerca
verticais ou continuar secando no Para a utilização destes secadores, algumas de 17% de umidade.
secador horizontal. Nesse caso, considerações devem ser observadas:
Deve-se retirar o café do secador,
deve-se controlar a temperatura da
a) fazer primeiramente a pré-secagem quando o teor de umidade estiver en-
massa em 45ºC, temperatura que
ou meia-secagem, que corresponde tre 12% e 14%. Ao retirar o café ainda
não deve ser ultrapassada;
a uma umidade de, aproximadamen- quente do secador e colocá-lo nas tulhas,
d) quando a massa do café estiver com
te, 30%; este ainda continua a perder umidade por
17% de umidade, deve-se baixar a
b) carregar o secador ao máximo, para alguns dias.
temperatura para 60ºC e prosseguir,
O teor de umidade final para o armaze-
assim, até o final da seca; que não haja perda de calor. Acender
namento deve ser de 10% a 12%.
e) quando o café sofrer a meia seca no a fornalha e trabalhar as primeiras
No Quadro 13, são apresentados os
terreiro, carregar o secador e proce- cinco horas com a temperatura má-
teores de umidade para os diferentes ti-
der como se o produto já tivesse sido xima de 60ºC;
pos de café colhido, e no Quadro 14, os
pré-secado no secador. c) a seguir, elevar a temperatura para coeficientes técnicos médios utilizados na
70ºC; secagem.
Secadores de camada fixa
Os secadores de camada fixa podem
QUADRO 13 - Teores de umidade nos diversos tipos de café colhido
receber café com qualquer teor de umidade.
Teor de umidade
Não possuem mecanismo para o revolvi- Tipos de café
(%)
mento da massa, sendo essa operação feita
Verde 60 a 70
manualmente. As observações relativas a
este tipo de secador são: Cereja 45 a 55

a) a camada de café não deverá ter uma Passa 30 a 40


altura superior a 50 cm; Coco 20 a 30
b) após carregar a barcaça, acender a
Ao ser despolpado 50 a 55
fornalha, não deixando a tempera-
tura ultrapassar a 50ºC; Teor de umidade do café para o benefício 10 a 12 (ideal 11 a 11,5)

c) revolver a massa de café no máximo Café em coco, seco em terreiro, antes de ser levado à tulha 11 a 12
a cada duas horas. Este intervalo Café em coco, seco em secador, antes de ser levado à tulha 13 a 14
deve ser tanto menor quanto maior
Café de terreiro após pré-secagem de 5 a 6 dias antes de ir ao 30 (25 a 35)
for a umidade dos frutos.
secador (“meia-seca”)

Secadores verticais Dez litros de café em coco pesando 4,2 kg (ou 1 L = 0,42 kg) 11 a 12

Os secadores verticais com câmara de Umidade de armazenamento de café despolpado já beneficiado 12 a 13


repouso exigem que o café receba uma FONTE: Bártholo e Guimarães (1997).

QUADRO 14 - Coeficientes técnicos médios utilizados na secagem do café (continua)


Operação Unidade Coeficiente
Tempo para secagem total de café cereja em terreiro
Sul de Minas d 15
Alto Paranaíba d 15
Triângulo Mineiro d 15
Zona da Mata d 25 a 30
Tempo para secagem total de café bóia em terreiro d 5 a 10
Tempo para a pré-secagem ou “meia-seca” em terreiro
café cereja d 5 - 10 (5 a 6)
café bóia d 2a5

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 93

(conclusão)
Operação Unidade Coeficiente

Tempo para a pré-secagem ou “meia-seca” em pré-secadores

café cereja h 80

café bóia h 50

Tempo para secar café com “meia-seca” (25% a 35% de umidade) em secador mecânico h 24 a 36

Tempo para secar café com “meia-seca” (25% a 35% de umidade) em secador de camada fixa (barcaça
h 20
ou modelo Viçosa)

Tempo para secagem total de café da roça em secadores horizontais rotativos intermitentes h 35 a 40

Quantidade de café da roça para secagem em terreiro por dia/homem L 2.500 a 3.000

Tempo gasto para carregar um secador de 15 mil litros h/H 2,6

Mão-de-obra para secagem em terreiro (o equivalente a 1 saco de café beneficiado) d/H 0,75

Temperatura da massa de café, para secagem mecânica convencional ºC 45

Temperatura da massa de café, para café despolpado ºC 40

Tempo para secagem de café despolpado em relação ao tempo gasto para o café cereja - 1/3

Tempo mínimo de descanso para igualação da umidade na tulha, para um café secado em terreiro d 4

Tempo mínimo de descanso para igualação da umidade na tulha, para um café secado em secador d 6

Tempo para secagem em terreiro de café despolpado com umidade inicial de 50% h 19 a 23
FONTE: Bártholo e Guimarães (1997).
NOTA: d - dia; h - hora; L - litro; h/H - hora/homem; d/H – dia/homem; ºC - graus centígrados.

USO DAS TULHAS Os coeficientes técnicos utilizados da secagem. O tempo mínimo é de


no dimensionamento das tulhas para o quatro dias para café proveniente de
O café com casca (coco), estocado em
armazenamento de café são apresentados terreiro e seis dias para café prove-
local inadequado perde qualidade muito
a seguir (BÁRTHOLO et al., 1989): niente de secadores;
rapidamente. Uma tulha simples, embora
a) volume total da tulha para receber b) os lotes, antes ou após o benefício,
bem construída, resolve o problema. A
café em coco (m3) = litros de café não devem ser misturados;
construção deve ser de madeira, um ma-
da roça produzidos/1.500; c) a umidade, para benefício, é de 10%
terial que isola melhor o café do ambiente
externo, permitindo maiores perdas de b) volume total da tulha para receber a 12%, estando a ideal entre 11% e
café em coco (m3) = sacas de café 11,5%;
umidade, em local bem ensolarado, drena-
do e com temperatura ambiente em torno beneficiadas a serem produzi- d) a máquina de beneficiar o café deve
das/3,33; ser regulada antes de usada, a fim de
de 20ºC. O período mínimo de permanên-
cia do café na tulha é de 30 dias. c) 1 m3 de tulha corresponde a 10 sacas evitar a quebra de grãos, a saída de
O armazenamento nas tulhas é feito (de 100 L) de café em coco; grãos juntamente com a palha ou a
a granel, portanto, o tamanho de seus d) 1 m3 de tulha armazena 12,5 sacas saída de palhas juntamente com os
compartimentos utilizados para armaze- de café em pergaminho ou despol- grãos.
nar o café em coco é o que não permite pado.
a mistura de lotes distintos de café: lotes ARMAZENAMENTO
BENEFICIAMENTO DO CAFÉ
diferenciados vão para tulhas diferentes. O armazenamento do café pode ser
As tulhas devem, portanto, ser menores, Para o beneficiamento do café, alguns feito tanto na propriedade, como em ar-
mas em maior número. A capacidade das cuidados devem ser tomados, como a mazéns-padrão.
tulhas deve ser compatível com a produ- seguir: Os armazéns-padrão são utilizados
ção, sabendo-se que 1m3 comporta dez a) o café, antes de ser beneficiado, para o café já beneficiado, uma vez que
sacas de café em coco ou 12 sacas de café necessita descansar em tulhas, para permitem uma boa conservação do pro-
despolpado. que ocorra uma maior igualdade duto a uma temperatura máxima de 21ºC,
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umidade relativa do ar máxima de 70%, b) altura do pé direito do armazém: 6 m; REFERÊNCIAS


ventilação adequada, proteção contra a c) temperatura máxima no interior dos ABRAHÃO, E.J.; FERREIRA, L.F.; FELIPE, M.P.
incidência de luz solar diretamente sobre
armazéns: 21ºC; Terreiro pavimentado com lama asfáltica.
o produto, evitando-se seu branqueamento. Belo Horizonte: EMATER - MG, 2002. 16p.
Estes armazéns seguem todas as normas de d) umidade relativa máxima no interior
BÁRTHOLO, G.F.; GUIMARÃES, P.T.G. Cui-
segurança e possuem um seguro a custo do armazém: 70%;
dados na colheita e preparo do café. Infor-
compensatório. e) boa ventilação no interior; me Agropecuário. Qualidade do café, Belo
De acordo com Bártholo et al. (1989), Horizonte, v.18, n.187, p.33-42, 1997.
f) ausência de incidência de luz sobre
os armazéns devem ter as características _______; MAGALHÃES FILHO, A.A.R. de;
o produto;
a seguir: GUIMARÃES, P.T.G.; CHALFOUN, S.M.
g) corredores e ruas ocupam 20% da Cuidados na colheita, no preparo e no arma-
a) altura da pilha de sacas de café be-
área do armazém. zenamento do café. Informe Agropecuário.
neficiado: Café: normas e coeficientes técnicos, Belo
- 20 sacas no empilhamento manual, No Quadro 15, são apresentados alguns Horizonte, ano 14, n.162, p.33-44, 1989.
- 25 sacas no empilhamento mecâ- dados médios de conversão utilizados para BORÉM, F.M. Pós-colheita do café. Lavras:
nico; as diferentes formas ou medidas do café. UFLA-FAEPE, 2004. 103p.
COLHEITA do café. Folha Rural, Cooxupé,
maio 2007. Circular, 24.
QUADRO 15 - Dados médios de conversões utilizados para as diferentes formas ou medidas
de café INSTITUTO BRASILEIRO DO CAFÉ. Cultu-
ra do café no Brasil: manual de recomenda-
Formas ou medidas de café Formas ou medidas correspondentes
ções. 5.ed. ampl. Rio de Janeiro, 1985. 580p.
2 kg de café da roça 1 kg de café coco
SILVA, F.M. da; SALVADOR, N.; PÁDUA,
40 kg de café coco 20 kg de café beneficiado
T.S.; QUEIROZ, D.P. Colheita do café meca-
120 kg de café coco (3 sacas) 60 kg de café beneficiado (1 saca) nizada e semimecanizada. Lavras: UFLA,
450 a 500 L de café cereja 60 kg de café beneficiado 2001. 88p. (UFLA. Boletim de Extensão).
370 L de café passa 60 kg de café beneficiado
330 L de café coco 60 kg de café beneficiado
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1 arroba de café coco 30 kg de café coco CARVALHO, V.D. de; CHALFOUN, S.M. As-
pectos qualitativos do café. Informe Agro-
1 arroba de café coco 15 kg de café beneficiado
pecuário. Café, Belo Horizonte, ano 11,
110 a 120 L de café da roça 1 arroba de café coco n.126, p.79-92, jun. 1985.
7,5 a 8,5 L de café cereja 1 kg de café beneficiado
CHALFOUN, S.M.; CARVALHO, V.D. de.
1 L de café cereja 580 g Colheita e preparo do café. Lavras: UFLA-
100 a 110 L de café coco (1 saca) 40 kg de café coco FAEPE, 1997. 49p.
Proporção peso da palha : peso café beneficiado 1:1 SILVA, J. de S. e. Colheita, secagem e arma-
25 sacas de café beneficiado 1 caminhão de palha (6m ) 3 zenagem do café. In: ENCONTRO SOBRE
PRODUÇÃO DE CAFÉ COM QUALIDADE,
1 kg de café beneficiado 2 kg de café coco
1., 1999, Viçosa, MG. [Anais...] Viçosa, MG:
Peso de 1 L de café coco 420 g UFV, 1999. p.39-80.
5,5 L de café coco 1 kg de café beneficiado _______; DONZELES, S.M.L.; LACERDA
Proporção café beneficiado : pergaminho (palha) 4:1 FILHO, A.F. de; PRECCI, R.L.; MACHADO,
3,5 L de café despolpado ou café em pergaminho 1 kg de café beneficiado M.C.; AFONSO, A.L.D. Manual de constru-
ção e manejo de terreiros para secagem de
210 L de café despolpado 60 kg de café beneficiado
café. Viçosa, MG: UFV, 2000. 29p. (Boletim
80 a 85 kg de café despolpado 60 kg de café beneficiado
Técnico. Engenharia na Agricultura, 1).
Peso de grãos despolpados 40 % do peso do fruto maduro
VILELA, E.R. Secagem e qualidade do café.
1 L de café despolpado 290 g Informe Agropecuário. Qualidade do café,
Dimensões da saca vazia de café 90-100 cm de altura por 60-70 cm largura Belo Horizonte, v.18, n.187, p.55-63, 1997.
Peso de 1 saco vazio 480 a 520 g _______; PEREIRA, R.G.F.A. Armazenamen-
Peso da saca de café beneficiado (café + saco) 60,5 kg to e processamento de produtos agrícolas:
pós-colheita e qualidade do café. In: CON-
1 saco de café da roça 100 a 110 L
GRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA
1 balaio de café (variável com a região) 40, 50, 60 ou 80 L de café da roça AGRÍCOLA, 27., 1998, Poços de Caldas.
1 alqueire de café da roça 1 balaio Anais... Poços de Caldas: Sociedade Brasi-
FONTE: Bártholo et al. (1989). leira de Engenharia, 1998. p.219-274.

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Produtos fitossanitários: precauções na


utilização e no manuseio
Paulo Rebelles Reis 1
Rogério Antônio Silva 2
Júlio César de Souza 3

Resumo - Algumas informações importantes quanto aos produtos fitossanitários


serão abordadas, assim como aquisição, transporte, armazenamento, cuidados na
aplicação, uso de equipamentos de proteção individual (EPI), segurança na aplica-
ção, destino final de embalagens vazias, período de carência, cuidados com a higie-
ne e primeiros socorros. Estão listados os principais Centros de Informação Toxico-
lógica do Brasil, que visam informar o modo mais eficiente de evitar acidentes com
produtos fitossanitários. A utilização de tais produtos deve ser feita por pessoas
adultas, alfabetizadas e bem informadas sobre os riscos que existem. O uso de EPI
é de importância fundamental para evitar e reduzir riscos de absorção de produ-
tos considerados tóxicos ao ser humano, protegendo a saúde do trabalhador rural.

Palavras-chave: EPI. Embalagem. Aquisição. Cuidados. Segurança. Carência. Primei-


ros socorros.

INTRODUÇÃO pação por parte dos diversos segmentos da Para o correto uso do defensivo agrí-
sociedade. A utilização correta e criteriosa cola, uma série de quesitos deve ser res-
Na tecnificação da exploração agrope-
desse insumo é objetivo cada vez mais pondida, como: o porquê, o quê, quando,
cuária, o emprego de defensivos agrícolas
almejado, não só por aqueles diretamente onde e como usar. A resposta ao primeiro
ocupa posição de grande importância, não
ligados à produção agrícola, mas também quesito requer amplas considerações sobre
só no aumento da produtividade como na
pela sociedade como um todo. as diferentes alternativas de controle exis-
preservação do excesso de produção que,
O uso inadequado dos defensivos agrí- tentes; ao segundo, conhecimentos sobre
não encontrando consumo imediato, neces- colas acarreta conseqüências de variadas a natureza e o modo de ação dos diversos
sita de um armazenamento adequado para naturezas: econômica, pelo desperdício, produtos; ao terceiro, conhecimentos sobre
preservar a qualidade do produto, manter representado pela incorreta aplicação do a biologia do organismo a ser controlado,
estoques sadios na entressafra e evitar a produto, o que leva à maior freqüência principalmente sobre os fatores que con-
elevação dos preços no mercado. e quantidade de aplicação; ecológica, dicionam a severidade de seus danos. As
Em que pese o fato de os defensivos agravada pelo seu uso desnecessário, em respostas aos demais quesitos estão, em
agrícolas desempenharem papel de funda- freqüência e quantidade; sanitária, devido a sua maior parte, contidas no domínio da
mental importância dentro do sistema de resíduos que permanecem nos alimentos e tecnologia da aplicação dos defensivos
produção agrícola vigente, esse grupo de às condições de riscos às quais se submete agrícolas.
produtos químicos, pelo seu potencial de o trabalhador rural, direta ou indiretamente Portanto, uma vez decidido pelo con-
risco, tem sido alvo de crescente preocu- envolvido. trole químico, dentre os vários métodos

Engo Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTSM-EcoCentro/Bolsista CNPq, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico:
1

paulo.rebelles@epamig.ufla.br
2
Engo Agro, D.Sc., EPAMIG-CTSM-EcoCentro/Bolsista FAPEMIG, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico:
rogeriosilva@epamig.ufla.br
Engo Agro, D.Sc., EPAMIG-CTSM-EcoCentro/Bolsista FAPEMIG, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico:
3

jcsouza@navinet.com.br

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existentes, e escolhido o produto mais Dentre as diversas categorias de defen- O desrespeito às normas de transporte
conveniente e a época correta de seu uso, sivos agrícolas, os inseticidas são aqueles pode gerar multas para quem vende e para
cabe garantir que os objetivos visados que maiores riscos apresentam na sua quem transporta o produto.
sejam alcançados com eficácia, economia utilização e manuseio e com os quais se Para o transporte de produtos fitossa-
e segurança, para o que é importante con- devem tomar os maiores cuidados. nitários recomendam-se os procedimentos
siderar o processo de aplicação. a seguir:
USO CORRETO E SEGURO DE a) o veículo recomendado é do tipo
PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS caminhonete e deve estar em perfei-
Produtos fitossanitários ou defensivos A Associação Nacional de Defensivos tas condições de uso (freios, pneus,
agrícolas são: Agrícolas (ANDEF, 2007) faz considera- luzes, amortecedores, extintores,
ções sobre a aquisição, transporte, armaze- etc.);
substâncias ou mistura de substâncias
namento etc, de defensivos agrícolas. b) as embalagens devem estar organi-
de natureza química ou biológica, e
zadas de forma segura no veículo e
os organismos vivos, destinados a Aquisição
cobertas por uma lona impermeável,
prevenir, controlar, destruir ou repelir
Antes de comprar um produto fitossa- presa à carroceria;
qualquer forma de agente patogênico
de vida animal ou vegetal que seja
nitário, é fundamental consultar um enge- c) é proibido o transporte de produtos
nociva às plantas úteis e seus produtos nheiro agrônomo para fazer uma avaliação fitossanitários dentro das cabines
(BRASIL, 1982). correta dos problemas da lavoura, como ou na carroceria, quando esta trans-
o ataque de pragas, doenças e plantas portar pessoas, animais, alimentos,
Mais recentemente a Lei Federal 7.802 daninhas. rações ou medicamentos;
de 11/7/1989 (BRASIL, 1989) definiu Na hora da compra deve-se proceder
d) o transporte de produtos fitossani-
agrotóxicos e afins como: da seguinte forma:
tários deve ser feito sempre com a
a) os produtos e os agentes de processos a) só compre o produto com a receita Nota Fiscal do produto e o envelope
físicos, químicos ou biológicos, desti- agronômica e guarde uma via; de transporte;
nados ao uso nos setores de produção,
b) exija e guarde a Nota Fiscal, pois é e) o transportador deverá receber do ex-
no armazenamento e beneficiamento a sua garantia diante do Código de pedidor (revendedor) as informações
de produtos agrícolas, nas pastagens, Defesa do Consumidor; sobre o produto, o envelope e a ficha
na proteção de florestas, nativas ou
c) certifique-se de que a quantidade do de emergência para transporte;
implantadas, e de outros ecossistemas e
produto comprado seja suficiente f) quando o produto for classificado
também de ambientes urbanos, hídricos
para tratar a área desejada, evitando como perigoso para o transporte
e industriais, cuja finalidade seja alterar
comprar produto em excesso; (ficha de emergência com tarja
a composição da flora ou da fauna, a fim
d) examine o prazo de validade dos vermelha), a Nota Fiscal deve ter
de preservá-las da ação danosa de seres
produtos adquiridos e não aceite informações, como o número da
vivos considerados nocivos;
produtos vencidos; Organização das Nações Unidas
b) substâncias e produtos, empregados
e) não aceite embalagens danificadas; (ONU), nome próprio para embar-
como desfolhantes, dessecantes, estimu-
que, classe ou subclasse do produto,
ladores e inibidores de crescimento. f) verifique se as informações do rótulo
além do grupo de embalagens;
e bula estão legíveis;
Os produtos fitossanitários são impor- g) dependendo da sua classificação,
tantes para a agricultura, todavia, exigem g) aproveite para comprar os equi-
cada grupo de embalagem pode
precaução no seu uso, visando à proteção pamentos de proteção individual
(EPI); apresentar uma quantidade isenta (li-
dos operários que os manipulam e os mite de isenção) para o transporte.
aplicam, dos consumidores, dos animais h) certifique-se de que o revendedor in-
formou o local onde as embalagens Para transportar produtos perigosos
de criação, de abelhas, de peixes, de orga-
em quantidades acima dos limites de
nismos predadores e parasitas, enfim, do vazias devem ser devolvidas.
isenção, devem-se verificar as seguintes
meio ambiente.
Transporte exigências:
Podem ser classificados como: inseti-
cidas, acaricidas, fungicidas, nematicidas, O transporte de produtos fitossanitários a) o motorista deve ter habilitação
moluscicidas e herbicidas. Outros defen- exige medidas de prevenção, para diminuir especial;
sivos são os carrapaticidas, sarnicidas e os riscos de acidentes e cumprir a legisla- b) o veículo deverá portar rótulos de
raticidas. ção de transporte de produtos perigosos. riscos e painéis de segurança;
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c) o kit de emergência deve conter g) os produtos devem estar armazena- Equipamento de Proteção
EPI, cones e placas de sinalização, dos de forma organizada, separados Individual (EPI)
lanterna, pá, ferramentas, etc. de alimentos, rações animais, medi-
O uso dos EPIs é fundamental para
camentos e sementes;
reduzir o risco de absorção do produto
Armazenamento h) não é recomendável estocar produ-
tos além das quantidades para uso tóxico pelo organismo, protegendo a saúde
São procedimentos para armazenar do trabalhador (Fig. 1 e 2).
em curto prazo (no máximo para
produtos fitossanitários na propriedade:
uma safra); A legislação trabalhista prevê que é
a) o depósito deve ficar num local livre i) nunca armazene restos de produtos obrigação do empregador:
de inundações e separado de outras em embalagens sem tampa ou com
construções, como residências e a) fornecer os EPIs adequados ao tra-
vazamentos;
instalações para animais; balhador;
j) mantenha sempre os produtos ou
b) a construção deve ser de alvenaria, restos destes em suas embalagens b) instruir e treinar quanto ao uso dos
com boa ventilação e iluminação originais. EPIs;
natural; Para armazenar produtos fitossanitá- c) fiscalizar e exigir o uso dos EPIs;
c) o piso deve ser cimentado e o telha- rios em armazéns comerciais, consulte o d) manter e substituir os EPIs.
do não deve ter goteiras, permitindo Manual de Armazenamento da ANDEF
(2005) e siga a NBR 9843 (ASSOCIAÇÃO É obrigação do trabalhador usar e con-
que o depósito fique sempre seco;
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, servar os EPIs.
d) as instalações elétricas devem estar
2004). Quem falhar nestas obrigações poderá
em bom estado de conservação, a fim
de evitar curto-circuito e incêndios; ser responsabilizado da seguinte forma:
Cuidados no manuseio
e) o depósito deve estar sinalizado com a) o empregador poderá responder
O manuseio de produtos fitossanitários
uma placa “cuidado veneno”; ação na justiça, além de ser multado
deve ser realizado por pessoas adultas,
f) as portas devem permanecer tranca- pelo Ministério do Trabalho;
alfabetizadas e bem informadas sobre os
das para evitar a entrada de crianças, riscos. A melhor fonte de informação sobre b) o funcionário poderá até ser demiti-
animais e pessoas não autorizadas; o produto é o rótulo e a bula. do por justa causa.

Máquinas Agrícolas Jacto

Figura 1 - Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)


FONTE: ANDEF (2008a). Figura 2 - Uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 99

O uso dos EPIs, no vestir, deve seguir (chamados descartáveis) e os de preparo da calda. Nunca utilize esses
as recomendações: baixa manutenção, que possuem mesmos equipamentos para outras
a) vestimentas (calça e jaleco): filtros especiais para reposição, atividades;
- devem ser tratados com hidrorre- - os respiradores devem sempre c) faça a lavagem da embalagem vazia
pelentes, possuir carvão ativado, logo após o seu esvaziamento;
- para aplicações com equipamento - o aplicador deve estar barbeado d) após o preparo da calda, lave os
de pulverização costal ou man- para permitir que o respirador utensílios e seque-os ao sol;
gueira, fique encaixado perfeitamente na e) use apenas o agitador do pulveriza-
- a calça deverá ter um reforço extra face; dor para misturar a calda;
na perna com material imperme- e) viseira: f) utilize sempre água limpa para pre-
ável (perneira), para aumentar a - deve ser utilizada para proteger os parar a calda e evitar o entupimento
proteção, olhos e o rosto das gotas ou névoa dos bicos do pulverizador;
- vestir sobre a roupa comum (ber- da pulverização, g) verifique se todas as embalagens
muda e camisa de algodão), para - deve ser de acetato com boa usadas estão fechadas e guarde-as
aumentar o conforto e permitir a transparência para não distorcer no depósito;
retirada em locais abertos, a imagem; forrada com espuma h) manuseie os produtos longe de
- os cordões da calça e do jaleco na testa e revestida com viés para crianças, animais e pessoas despro-
devem estar bem ajustados e evitar cortes; tegidas.
guardados para dentro da roupa; f) boné árabe:
- feito em tecido de algodão tratado PRECAUÇÕES QUANTO
b) botas:
para se tornar hidrorrepelente, AO USO DE PRODUTOS
- devem ser de PVC, de preferência FITOSSANITÁRIOS
brancas. Botinas de couro não - protege o couro cabeludo e o
pescoço contra respingos; Manter-se atualizado quanto aos assun-
são recomendadas, pois não são
tos sobre defensivos. Todo produtor rural
impermeáveis e encharcam-se g) luvas:
deve manter estreito contato com enge-
facilmente, - as luvas protegem a parte do corpo
nheiros agrônomos, médicos-veterinários e
- a bota deve ser usada com meia com maior risco de exposição: as
técnicos especializados em defesa sanitária
e a barra da calça deve ficar fora mãos,
vegetal e animal, para atualizar-se sobre os
do cano, para que o produto não - as luvas mais recomendadas são defensivos agrícolas. Os órgãos de pesqui-
escorra para os pés; as de borracha nitrílica ou neo- sa em níveis federal e estadual, o Ministério
c) avental: prene, pois servem para todos os
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
tipos de formulação.
- tem o objetivo de proteger o corpo (MAPA), bem como os profissionais que
durante o preparo da calda e du- É importante saber que todo EPI trabalham na assistência técnica oficial,
rante a pulverização com equipa- (exceto botas) deve ter o certificado de das cooperativas e de firmas autônomas
mento de pulverização costal ou aprovação (CA), emitido pelo Ministério estão aptos a esclarecer ao produtor rural
mangueira, do Trabalho e Emprego (MTE). sobre qualquer dúvida com relação aos
- deve ser de material impermeável defensivos agrícolas.
Segurança no preparo da
e de fácil fixação nos ombros, calda Ler cuidadosamente o rótulo das emba-
lagens e folhetos dos produtos a serem uti-
- o comprimento deve ser até os O preparo da calda exige muito cuida- lizados. As fábricas de defensivos agrícolas
joelhos, na altura da perneira da do, pois é o momento quando o trabalhador são obrigadas a colocar nas embalagens
calça; está manuseando o produto concentrado. de seus produtos rótulos com explicação
d) respiradores (máscara): Os cuidados no preparo da calda devem clara e precisa do tipo de produto, da
- tem o objetivo de evitar a inalação ser os seguintes: substância química ativa, sua toxicidade,
de vapores orgânicos, névoas e a) a embalagem deve ser aberta com seus principais usos e dosagens, além da
partículas finas através das vias cuidado, para evitar derramamento data de fabricação e período de validade,
respiratórias, do produto; período de carência, precauções que devem
- existem basicamente dois tipos b) utilize balanças, copos graduados, ser tomadas no seu manuseio, antídoto e
de respiradores: sem manutenção baldes e funis específicos para o primeiros socorros em caso de intoxicação.
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100 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

Os rótulos não são meros adornos das em- Abrir as embalagens cuidadosamente, Não utilizar sementes tratadas com
balagens. Eles existem obrigatoriamente para evitar derramamento do produto. defensivos agrícolas para fins de alimen-
para ser lidos e entendidos e seguidas com Manusear as embalagens abertas com tação.
rigor, suas instruções. o mesmo cuidado. Não deixar a roupa tornar-se encharcada
Ter depósito especial para armazenar Ao abastecer o tanque, colocar a aber- com defensivos: à primeira contaminação
os defensivos agrícolas, com ventilação, tura da embalagem bem dentro da “boca” da roupa, tomar as precauções necessárias
separado das habitações e dos locais des- do tanque para evitar derramamento. para evitar contaminação dermal. Trocar a
tinados aos animais domésticos. Manter as mãos, os braços e o rosto roupa, se necessário.
distantes das aberturas das embalagens e Ao aplicar produtos fitossanitários, usar
Precauções durante o
manuseio de produtos dos tanques, para evitar contato acidental roupa adequada: chapéu de aba, macacão
fitossanitários no depósito com os produtos concentrados. ou camisa de mangas compridas, botas e,
Nunca usar a boca para sifonar (retirar) se necessário, luvas e máscara (EPI).
Abrir a porta e/ou janela do depósito
líquidos das embalagens. Antes de se alimentar ou beber, lavar
pelo menos 30 minutos antes de manu-
Ao preparar diluições, usar uma pá de abundantemente, com água fria e sabão,
sear os defensivos. A abertura prévia das
madeira para agitar a calda, nunca as mãos todas as partes expostas do corpo, espe-
portas e janelas destina-se a renovar o ar
diretamente. cialmente rosto, mãos e braços.
no interior do depósito e eliminar gases
Não comer, beber ou fumar durante o Não trabalhar ininterruptamente com
emanados pelos produtos. O ideal seria o
depósito conter lanternim na sua cobertura manuseio dos produtos fitossanitários. defensivos tóxicos. Organizar equipes
ou janelas que funcionassem como tal. Jamais colocar alimentos ou bebidas para revezamento a cada quatro horas de
Usar roupa adequada, com mangas próximos das áreas de manuseio dos trabalho.
compridas, botas ou botinas impermeáveis, produtos. Nas aplicações aéreas, redobrar as
luvas de látex ventiladas (evitar as luvas Fazer uma verificação completa do precauções:
cirúrgicas) e chapéu. equipamento, para assegurar que está em
a) proibir o piloto de manusear os
Quando manipular inseticidas muito boas condições de trabalho e sem vaza-
produtos;
voláteis e tóxicos, usar também máscara mentos.
b) evitar contato do piloto com os
adequada. Não desentupir com a boca encanamen-
Não manusear produtos concentrados produtos;
tos ou bicos entupidos.
em ambientes fechados, confinados com Manter fora da área de manuseio de c) os pilotos devem ter o cuidado de
vapores de inseticidas. produtos todas as pessoas desnecessárias, não voar dentro da faixa de partícu-
Se o inseticida ou qualquer outro curiosas e, especialmente, as crianças. las à deriva da aplicação anterior.
defensivo concentrado cair sobre a pele, Nunca jogar os restos de pulverização e
lavar imediatamente a parte atingida com Precauções durante a lavagem de pulverizadores nos córregos ou
bastante água e sabão. aplicação de produtos
rios. Esses restos deverão ser despejados
Se a roupa também for atingida, trocá- fitossanitários
numa vala a ser feita em local próprio,
la por outra limpa e lavar a parte do corpo Retirar, da área a ser tratada, todos os juntamente com calcário ou cal virgem.
afetada com água e sabão.
animais domésticos e pessoas desnecessá-
Após o manuseio de defensivos, lavar Precauções após a
rias, especialmente crianças.
bem as mãos, especialmente antes de co- aplicação de produtos
Nunca trabalhar sozinho.
mer, beber ou fumar. fitossanitários
Nunca pulverizar ou polvilhar contra
Não permitir a entrada de animais
o vento. Proibir a entrada de pessoas desneces-
domésticos, pessoas desavisadas ou irres-
Não fazer aplicação com vento mui- sárias, especialmente crianças, nas áreas
ponsáveis, principalmente crianças.
to forte, pois a deriva pode contaminar tratadas, onde a folhagem é densa, no
Precauções durante o áreas ocupadas por pessoas ou animais mesmo dia do tratamento.
manuseio de produtos domésticos. Quanto maior for a deriva, Lavar cuidadosamente todos os equi-
fitossanitários, antes da menos eficiente será o controle, já que pamentos com água e sabão, enxaguando
aplicação no campo um grande número de gotas não atingirá com bastante água limpa. Entretanto,
Além das precauções já mencionadas o alvo desejado. deve-se tomar o cuidado de não fazê-lo em
antes da aplicação do produto fitossanitário Os produtos na formulação granulada, cursos d’água de qualquer natureza.
no campo deve-se também observar as que para serem aplicados no solo, devem ser Descontaminar e lavar abundantemente
se seguem. sempre incorporados. as áreas de manuseio dos produtos.
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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 101

Acondicionar sobras de material feridos para outras embalagens, que não DESTINAÇÃO FINAL DE
nas embalagens originais, muito bem sejam confundidas com recipientes para EMBALAGENS VAZIAS DE
fechadas e armazenadas no depósito de alimentos ou rações. Deve ser aplicada AGROTÓXICOS
defensivos. etiqueta que identifique o produto, a classe O destino das embalagens vazias, se-
Tomar banho com água fria e sabão, toxicológica e as dosagens a serem usadas gundo a ANDEF (2007), segue uma série
após as aplicações, trocando toda a roupa e o período de carência para cada cultura.
de observações.
de serviço. Nunca usar novamente a roupa Essas embalagens de emergência não de-
O principal objetivo em dar uma des-
de serviço que não tenha sido lavada. vem ser usadas para outra finalidade.
tinação final correta para as embalagens
Lavar separadamente toda a roupa de Em relação aos depósitos onde serão
vazias dos agrotóxicos é diminuir o risco
serviço usada nas aplicações. guardados os defensivos, cabe dizer que
para a saúde das pessoas e de contaminação
Lavar com água e sabão os equipamen- devem permanecer como descrito a se-
do meio ambiente.
tos de proteção. guir.
Durante vários anos, a iniciativa priva-
Nunca tomar leite após as aplicações Ser cobertos de maneira que protejam
da e órgãos do governo vêm trabalhando
de defensivos, visando prevenir intoxi- os produtos das intempéries.
em conjunto num programa nacional para
cações. Ter boa ventilação e ser isolados de
o destino final das embalagens e, hoje,
Respeitar rigorosamente o período de qualquer forma de calor, gases corrosivos
sabemos que os principais ensinamentos
carência dos defensivos usados, para me- e umidade.
sobre o tema abordado têm surgido por
lhor segurança do consumidor. Ser internamente bem preparados, para
iniciativas da indústria e da participação
que os diferentes produtos fiquem dispostos
voluntária de diversos segmentos da
ARMAZENAGEM DE separadamente, evitando-se contaminação
sociedade. As parcerias estabelecidas e
PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS cruzada, como por exemplo: inseticidas ou
os convênios firmados com empresas,
NA FAZENDA fungicidas com herbicidas.
entidades, revendedores e cooperativas
Ser protegidos contra risco de incêndio:
Na fazenda, em geral, a tendência é produtos inflamáveis separados de produ- permitiram a implantação de uma rede
armazenar menores quantidades de de- tos não-inflamáveis. de Unidades Centrais de Recebimento de
fensivos. Porém, algumas regras também Possuir sistema apropriado de combate Embalagens no Brasil, que hoje ajuda a
devem ser observadas. de incêndio (nas grandes propriedades reduzir o número de embalagens abando-
Não guardar defensivos agrícolas ou agrícolas). nadas na lavoura, estradas e às margens de
remédios veterinários dentro de residências Ter piso impermeável e um sistema mananciais d’água.
ou de alojamento de pessoal. adequado de contenção de resíduos prove- Com a experiência adquirida nesses
Não armazenar defensivos nos mesmos nientes de vazamento ou de limpeza. anos e a necessidade de atender às exi-
ambientes onde são guardados alimentos, Ser aparelhados com chuveiro de emer- gências estabelecidas pela Lei Federal
rações ou safras. gência, ducha para os olhos, sabão e leite, no 9.974 de 6/6/2000 (BRASIL, 2000) e
Se os defensivos forem guardados num para os primeiros socorros. Nas pequenas Decreto no 4.074 de 4/1/2002, o Instituto
galpão de máquinas, a área deve ser isolada propriedades, é imprescindível que se Nacional de Processamento de Embalagens
com tela ou parede e mantida sob chave. tenha pelo menos uma pia com torneira Vazias (inpEV), entidade que centraliza e
Não fazer estoque de produtos além das anexa ao depósito. coordena o recolhimento e o destino final
quantidades previstas para um uso a curto Ter a porta permanentemente trancada. das embalagens vazias, redigiu um manual
prazo, como uma safra agrícola. Deve-se acrescentar ainda que é importante de orientação (INSTITUTO..., 2008), a
Manter todos os produtos nas embala- elaborar e manter atualizada uma relação fim de facilitar o entendimento da nova
gens originais. Após uma remoção parcial dos defensivos existentes no depósito legislação.
dos conteúdos, as embalagens devem ser contendo: produto, nome comercial, nome A nova legislação federal disciplina a
novamente fechadas. técnico, grupo químico, embalagem, destinação final de embalagens vazias de
No caso de rompimento de embalagens, culturas abrangidas, quantidade, data de agrotóxicos e determina as responsabilida-
estas devem receber uma sobrecapa, pre- validade. O original da relação deve ficar des para o agricultor, o revendedor, o fabri-
ferivelmente de plástico transparente (se no depósito, para controle, e uma cópia, no cante e o governo na questão de educação
adequado), para evitar a contaminação escritório da fazenda. Por último, após a e comunicação. O não cumprimento dessas
do ambiente. Deve permanecer visível o lavagem do armazém ou depósito, as águas responsabilidades poderá implicar em pena-
rótulo do produto. contaminadas não podem retornar à fonte lidades previstas na legislação específica e
Na impossibilidade de manutenção de abastecimento, devendo ser conduzidas na lei de crimes ambientais - Lei no 9.605 de
na embalagem original, por estar muito a um reservatório especial de inativação 13/2/1998 (BRASIL, 1998) - como multas
danificada, os produtos devem ser trans- dos produtos. e até pena de reclusão.
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A destinação final das embalagens - embalagens rígidas laváveis: e) implementar, em colaboração com
vazias de agrotóxicos é um procedimen- efetuar a lavagem das embalagens o Poder Público e empresas regis-
to complexo que requer a participação (tríplice lavagem ou lavagem sob trantes, programas educativos e
efetiva de todos os agentes envolvidos na pressão), mecanismos de controle e estímulo
fabricação, comercialização, utilização, - embalagens rígidas não laváveis: à lavagem (tríplice ou sob pressão) e
licenciamento, fiscalização e monitora- mantê-las intactas, adequadamen- à devolução das embalagens vazias
mento das atividades relacionadas com o te tampadas e sem vazamento, por parte dos usuários.
manuseio, transporte, armazenamento e - embalagens flexíveis contami- Os revendedores podem formar parce-
processamento dessas embalagens. nadas: acondicioná-las em sacos rias entre si ou com outras entidades, para a
Considerando a grande diversifica- plásticos padronizados; implantação e gerenciamento de Unidades
ção de embalagens e de formulações de de Recebimento com o intuito de otimizar
b) armazenar na propriedade, em local
agrotóxicos com características físicas e custos e facilitar para os agricultores, tendo
apropriado, as embalagens vazias
composições químicas diversas e as exi- um só endereço para a região.
até a sua devolução;
gências estabelecidas pela Lei Federal no
c) transportar e devolver as embala- Os fabricantes deverão:
9.974 (BRASIL, 2000) e Decreto no 4.074
(BRASIL, 2002), o manual do inpEV gens vazias, com suas respectivas a) providenciar o recolhimento e a des-
(INSTITUTO..., 2008) contém procedi- tampas e rótulos, para a unidade de truição final adequada às embala-
mentos, mínimos e necessários, para a recebimento indicada na Nota Fiscal gens vazias devolvidas às unidades
destinação final segura das embalagens pelo canal de distribuição, no prazo de recebimento em, no máximo, um
vazias de agrotóxicos, com a preocupação de até um ano, contado da data de ano, a contar da data de devolução
de que os eventuais riscos decorrentes de sua compra. Se, após esse prazo, pelos usuários/agricultores;
sua manipulação sejam minimizados em remanescer produto na embalagem, b) implementar, em colaboração com
níveis compatíveis com a proteção da é facultada sua devolução em até o Poder Público, programas edu-
saúde humana e meio ambiente. seis meses após o término do prazo cativos e mecanismos de controle
Todos os pormenores dos procedimen- de validade; e estímulo à lavagem (tríplice e
tos desse manual foram elaborados com o d) manter em seu poder, para fins de sob pressão) e à devolução das
intuito de orientar os canais de distribuição fiscalização, os comprovantes de embalagens vazias por parte dos
na fase de estruturação para as operações entrega das embalagens (um ano), usuários/agricultores;
de recebimento e armazenamento das a receita agronômica (dois anos) e a c) alterar os modelos de rótulos e bulas
embalagens vazias. Dessa forma, evitam- Nota Fiscal de compra do produto. para que constem informações sobre
se ações isoladas de recepção inadequada os procedimentos de lavagem, arma-
Os canais de distribuição (revendedo-
(sem critérios preestabelecidos para emba- zenamento, transporte, devolução
res) deverão:
lagens lavadas e não lavadas) das embala- e destinação final das embalagens
gens vazias nas lojas e, conseqüentemente, a) disponibilizar e gerenciar unidades
vazias.
o manuseio e armazenagem irregulares de de recebimento para a devolução de
embalagens contaminadas (não laváveis) embalagens vazias pelos usuários/ Preparação das embalagens
em áreas urbanas. Com a colaboração de agricultores; para devolução
todos os envolvidos, haverá uma estrutu- b) no ato da venda do produto, in-
ra para atuar de forma padronizada nas formar aos usuários/agricultores Embalagens laváveis
unidades de recebimento em todo o Brasil sobre os procedimentos de lavagem,
São aquelas embalagens rígidas
e, conseqüentemente, contribuir para a acondicionamento, armazenamento,
(plásticas, metálicas e de vidro), que
adequação e uniformidade das atividades transporte e devolução das embala-
acondicionam formulações líquidas
relacionadas com o manuseio de embala- gens vazias; de agrotóxicos para serem diluídas em
gens vazias à nova legislação. c) informar o endereço da sua unidade água (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
As responsabilidades sobre destinação de recebimento de embalagens va- DE NORMAS TÉCNICAS, 1997).
final de embalagens são do usuário, do zias para o usuário, fazendo constar
revendedor e do fabricante. esta informação no corpo da Nota Lavagem das embalagens
Os usuários deverão: Fiscal de venda do produto; rígidas (plásticas, metálicas
e de vidro)
a) preparar as embalagens vazias para d) fazer constar dos receituários que
devolvê-las nas unidades de recebi- emitirem as informações sobre Para fazer a tríplice lavagem (Fig. 3) –
mento: destino final das embalagens; esvazie completamente o conteúdo da
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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 103

embalagem no tanque do pulverizador, Cuidado ao perfurar o fundo das emba- deve-se verificar o período/calendário de
adicione água limpa à embalagem, até 1/4 lagens para não danificar seu rótulo, o que funcionamento daquela Unidade ou, em
do seu volume, tampe-a bem e agite-a por facilita sua identificação posterior. caso de dúvida, entrar em contato com o
30 segundos, despeje a água de lavagem no seu distribuidor.
tanque do pulverizador. Faça esta operação Armazenamento na Nunca transportar as embalagens junto
por três vezes e inutilize a embalagem plás- propriedade rural com pessoas, animais, alimentos, medica-
tica ou metálica, perfurando o seu fundo. Mesmo para guardar as embalagens mentos ou ração animal.
Para fazer a lavagem sob pressão – vazias lavadas, algumas regras básicas Nunca transportar embalagens dentro
(Fig. 4), somente poderá ser realizada em devem ser observadas para garantir o ar- das cabines dos veículos automotores.
pulverizadores com acessórios adaptados mazenamento seguro: Indicações para o transporte seguro de
para esta finalidade. Encaixe a embalagem embalagens lavadas: embalagens vazias
a) as embalagens lavadas deverão ser
vazia no local apropriado do funil instalado lavadas estão isentas das exigências legais
armazenadas com as suas respecti-
no pulverizador, acione o mecanismo para e técnicas para o transporte de produtos
vas tampas e rótulos e, preferencial-
liberar o jato d’água, direcionando-o para perigosos; o veículo recomendado é do tipo
mente, acondicionadas na caixa de
todas as paredes internas da embalagem, caminhonete, onde as embalagens devem
papelão original, em local coberto,
por 30 segundos, transferir a água de estar, preferencialmente, presas à carroce-
ao abrigo de chuva, ventilado ou no
lavagem para o interior do tanque do pul- ria do veículo e cobertas; as embalagens
próprio depósito das embalagens
verizador e inutilizar a embalagem plástica de vidro deverão ser acondicionadas,
cheias;
ou metálica, perfurando o seu fundo. preferencialmente, nas caixas de papelão
b) não armazenar as embalagens dentro originais, evitando-se, assim, eventuais
As operações de tríplice lavagem ou
de residências ou de alojamentos de acidentes durante o transporte e descarga
lavagem sob pressão devem ser realiza-
pessoas ou animais; do material.
das pelo usuário na ocasião do preparo de
calda, imediatamente após o esvaziamento c) não armazenar as embalagens junto Indicações para o transporte seguro
da embalagem, para evitar que o produto com alimentos ou rações; de embalagens não lavadas: embalagens
resseque e fique aderido à parede interna d) certificar-se de que as embalagens vazias não lavadas devem ser transportadas
da embalagem, dificultando assim a sua estejam adequadamente lavadas e separadamente, obedecendo as Normas
remoção. com o fundo perfurado, evitando da Legislação de Transporte de Produtos
Somente utilize água limpa para reali- assim a sua reutilização. Perigosos.
zar a lavagem das embalagens.
Embalagens não laváveis
Este procedimento não se aplica às em- Transporte das embalagens
balagens flexíveis como: sacos plásticos, lavadas da propriedade São todas as embalagens flexíveis e
sacos aluminizados e sacos multifoliados rural para a unidade de aquelas embalagens rígidas que não utili-
recebimento zam água como veículo de pulverização.
e embalagens rígidas com formulações não
miscíveis em água, tais como formulações Os usuários/agricultores devem tentar Incluem-se, nesta definição, as embalagens
oleosas, Ultra Baixo Volume (UBV), trata- acumular (observando sempre o prazo secundárias não contaminadas rígidas ou
mento de sementes. máximo de um ano da data da compra para flexíveis:
Na execução das operações de lavagem a devolução ou de seis meses após o ven- a) embalagens flexíveis: sacos ou
das embalagens devem-se utilizar sempre cimento) uma quantidade de embalagens saquinhos plásticos, de papel, meta-
os mesmos EPIs exigidos para o preparo que justifique seu transporte (carga de um lizados, mistos ou de outro material
da calda. veículo) à Unidade de Recebimento. Antes flexível;

Figura 3 - Etapas da tríplice lavagem Figura 4 - Etapas da lavagem sob pressão


FONTE: ANDEF (2008b). FONTE: ANDEF (2008b).

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b) embalagens rígidas que não utilizam márias, estas deverão estar comple- bas podem ser subdivididas em local ou
água como veículo de pulveriza- tamente esgotadas, adequadamente sistêmica.
ção: embalagens de produtos para tampadas e sem sinais visíveis de A toxicidade aguda local é decorrente
tratamento de sementes, UBV e contaminação externa; da exposição única da pele ou mucosa aos
formulações oleosas; d) todas as embalagens não laváveis defensivos, já a aguda sistêmica é decor-
c) embalagens secundárias: são em- deverão ser armazenadas em local rente da inalação, ingestão ou contato com
balagens rígidas ou flexíveis que isolado, identificado com placas de a pele de uma dose única do defensivo.
acondicionam embalagens primá- advertência, ao abrigo das intempé- A toxicidade crônica local é decorrente
rias, não entram em contato direto ries, com piso pavimentado, venti- da exposição contínua ou repetida (efeito
com as formulações de agrotóxicos, lado, fechado e de acesso restrito; cumulativo) da pele ou mucosa aos defen-
sendo consideradas embalagens não e) as embalagens não laváveis poderão sivos; a crônica sistêmica, da inalação, in-
contaminadas e não perigosas, tais ser armazenadas no próprio depósito gestão ou contato com a pele por períodos
como caixas coletivas de papelão, das embalagens cheias, desde que contínuos ou alternados.
cartuchos de cartolina, fibrolatas e as devidamente identificadas e sepa- Na toxicidade aguda o organismo
embalagens termomoldáveis. Elas radas das embalagens lavadas; reage imediatamente, mostrando logo os
também devem ser devolvidas. sintomas de intoxicação, ao contrário da
f) nunca armazenar as embalagens,
São procedimentos para o preparo das lavadas ou não, dentro de residên- crônica, em que os sintomas demoram mais
embalagens não laváveis, em armazena- cias ou de alojamentos de pessoas e a aparecer por serem resultantes do efeito
mento na propriedade rural: animais; cumulativo dos defensivos no organismo,
g) não armazenar as embalagens junto sendo, por esse motivo, irreversível.
a) embalagens flexíveis primárias (que
com pessoas, animais, medicamen- A toxicidade aguda dos defensivos
entram em contato direto com as
tos, alimentos ou rações. é indicada pela dose letal (DL50), capaz
formulações de agrotóxicos) como:
sacos ou saquinhos plásticos, de de matar 50% dos indivíduos de uma
Os usuários/agricultores devem arma-
papel, metalizados ou mistos deve- população de ratos ou outros animais de
zenar as embalagens nas suas propriedades
rão ser acondicionados em embala- laboratório. É expressa em miligrama por
temporariamente, até no máximo um ano, a
gens padronizadas (sacos plásticos quilograma de peso vivo (mg/kg).
partir da data de sua aquisição, obedecidas
transparentes), todas devidamente A toxicidade de um defensivo pode
as condições citadas anteriormente.
fechadas e identificadas, que de- variar com a espécie, sexo, idade, estado
verão ser adquiridas pelos usuários nutricional dos animais e concentração.
CARÊNCIA OU INTERVALO DE
nos canais de comercialização de SEGURANÇA A DL50 pode ser usada para comparações
agrotóxicos; entre diversos defensivos, entretanto, deve
Período de carência ou intervalo de se-
b) embalagens flexíveis secundárias, haver certas limitações no seu uso. Como
gurança vem a ser o intervalo de tempo (em
não contaminadas, como caixas esses valores são obtidos para animais,
dias) entre a última aplicação do defensivo
coletivas de papelão, cartuchos de eles devem ser aplicados com reservas ao
agrícola e a colheita do produto, ordenha
cartolina e fibrolatas, deverão ser homem.
ou abate do animal, para que os resíduos
armazenadas separadamente das estejam dentro dos limites máximos permi- Como medida de segurança à saúde hu-
embalagens contaminadas e poderão tidos. Assim, defensivos de menor carência mana, os defensivos podem ser agrupados
ser utilizadas para o acondiciona- podem ser aplicados próximo da colheita e em função da (DL50) e, atualmente, a clas-
mento das embalagens lavadas ao aqueles de maior carência, não. sificação dos defensivos é feita em quatro
serem encaminhadas para as Uni- O período de carência para as culturas classes, conforme o grau de toxicidade para
dades de Recebimento; abrangidas encontra-se obrigatoriamente o ser humano (Quadro 1).
c) embalagens rígidas primárias (cujos no rótulo da embalagem e também no Outra classificação dos produtos é
produtos não utilizam água como folheto técnico de cada produto. quanto ao potencial de periculosidade
veículo de pulverização) deverão ambiental e baseia-se nos parâmetros bio-
ser acondicionadas em caixas cole- TOXICIDADE DOS PRODUTOS acumulação, persistência, transporte, to-
FITOSSANITÁRIOS xicidade a diversos organismos, potencial
tivas de papelão todas devidamente
fechadas e identificadas. Ao acon- Os defensivos produzem dois tipos mutagênico, teratogênico, carcinogênico
dicionar as embalagens rígidas pri- de toxicidade: a aguda e a crônica. Am- (Quadro 2).
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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 105

QUADRO 1 - Classificação toxicológica dos produtos fitossanitários em função da Dose Mé- Absorção via digestiva (oral)
dia Letal (DL50), por via oral, representada por miligramas do produto tóxico
por quilo de peso vivo, necessários para matar 50% de ratos brancos ou outros A absorção de uma substância ingerida
animais-testes em laboratório varia de acordo com alguns fatores, como,
Classe toxicológica Descrição Tarja indicativa de cor
por exemplo, a sua lipossolubilidade, o
seu grau de ionização, sua capacidade
I DL50<50 mg/kg de peso vivo Vermelho vivo
de causar irritação na mucosa e provocar
(extremamente tóxico)
vômitos.
II DL50 entre 50 e 500 mg/kg de peso vivo Amarelo intenso
(muito tóxico)
Absorção via cutânea
III DL50 entre 500 e 5.000 mg/kg de peso vivo Azul intenso (dérmica)
(moderadamente tóxico)
IV DL50>5.000 mg/kg de peso vivo Verde intenso A absorção via cutânea ou dérmica é
(pouco tóxico) a principal via de penetração do produto,
NOTA: Tarja: faixa presente obrigatoriamente na extremidade inferior do rótulo da embalagem. principalmente para os indivíduos que o
A cor da tarja varia segundo a toxicidade do produto (é facultada a sua colocação aplicam sob a forma de pulverização. Sabe-
na bula). se que 97% dos defensivos são depositados
sobre a pele, especialmente nestes casos.
QUADRO 2 - Potencial de periculosidade ambiental dos produtos fitossanitários Portanto, formulações dos tipos soluções,
emulsões e UBV são mais facilmente ab-
Classe toxicológica Potencial de periculosidade
sorvíveis pela pele que as formulações do
I Altamente perigoso tipo pó, pó molhável e granulado.
II Muito perigoso
Absorção via respiratória
III Perigoso
(pulmões)
IV Pouco perigoso
FONTE: IBAMA (1996).
Os gases tóxicos penetram na circu-
lação, pelos pulmões, com muita rapidez
e exercem seus efeitos em nível dos dife-
INTOXICAÇÃO dos defensivos agrícolas ou é resultado do rentes órgãos e, principalmente, em nível
acontecimento de acidentes. do sistema nervoso central (SNC). Um
É a manifestação patológica, obser-
defensivo que entra pela via respiratória é
vada por meio de sinais e sintomas, que Absorção praticamente 100% absorvido.
os organismos vivos desenvolvem após a
É a passagem do agente químico atra-
exposição a um agente químico estranho. Distribuição do agente
vés de barreiras orgânicas (representadas
Como pode ocorrer uma intoxicação tóxico no organismo
pela pele, mucosas, alvéolos pulmonares)
com defensivos químicos? à corrente sanguínea, por meio dos meca- Após a entrada na circulação sanguí-
As estatísticas, aliadas às experiências nismos de difusão. nea, a substância química será distribuída
de especialistas na área de toxicologia, As vias de exposição mais freqüentes para os demais tecidos. A ação tóxica pode
têm demonstrado que a maioria das in- são: oral (digestiva), dérmica (cutânea), ser observada no próprio sangue, que sofre
toxicações ou ocorre por negligência aos respiratória (pulmões) e ocular (olhos) alterações como diminuição de glóbulos,
cuidados necessários no uso adequado (Fig. 5). do pH, da taxa de colinesterase, etc.

Figura 5 - Principais vias de contaminação


FONTE: ANDEF (2008a).

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Depósito do agente tóxico no f) falhas dos equipamentos de aplica- d) fraqueza, mal-estar, dor de cabeça,
organismo ção: vazamentos, por exemplo; vertigem, visão turva;
Agente tóxico é armazenado normal- g) condições orgânicas adversas: des- e) ânsia, vômitos, dor de barriga e
mente em órgãos ou tecidos afins. Os nutrição, alimentação hipoprotéica, diarréia;
principais locais de depósito são: proteínas deficiência renal, exposições repeti- f) fala sem nexo e tremores no cor-
das, anemia, insuficiência hepática, po;
plasmáticas, fígado, rins, tecido adiposo
exaustão;
e ossos. g) alterações na urina: cor, consistência
h) indivíduos menores de idade com
e quantidade;
Redistribuição do agente trabalhos perigosos;
tóxico no organismo h) irritação de olhos, nariz e garganta,
i) trabalhos em condições climáticas e
provocando tosse e lágrimas.
É a passagem do agente nocivo de um topográficas adversas: calor intenso,
tipo de tecido para outros, como por meio vento, aclives;
Primeiros socorros
das gorduras para proteínas plasmáticas e j) manipulação de produtos altamente
perigosos sem as precauções devi- O trabalhador pode-se intoxicar por três
vice-versa.
das; vias: oral, nasal e dermal. Dependendo da
Biotransformação do agente via, o trabalhador apresentará algum sinal
k) pilotos agrícolas que efetuam as
tóxico que auxiliará na prestação dos primeiros
operações de carga e descarga dos
aviões e que voam sem observar os socorros, cuja orientação encontra-se no
Uma substância química pode-se trans-
requisitos de segurança; rótulo do produto utilizado.
formar, pelo processo de conversão, em
Para o atendimento correto, é importan-
outro derivado, que geralmente é menos l) contaminação de alimentos por pro-
te observar se o trabalhador está consciente
ativo. Essas reações ocorrem naturalmente dutos altamente tóxicos, por estarem
ou inconsciente e seguir as orientações:
no fígado. Esses derivados são mais ioni- armazenados juntos;
a) manter a calma, afastar os curiosos
zados, menos lipossolúveis e, logo, mais m) venda parcelada de defensivos em
e agir com rapidez;
facilmente excretáveis. embalagens não-adequadas, em
locais onde também são vendidos b) nunca dar bebida alcoólica a alguém
Excreção alimentos; com suspeita de intoxicação;

As substâncias químicas são elimina- n) transporte de embalagens de de- c) acalmá-lo, deitando-o no chão;
das por diferentes vias, dependendo de fensivos agrícolas e alimentos em d) se estiver vomitando, deixá-lo senta-
suas propriedades físico-químicas: via um mesmo veículo (podendo haver do para que não engula o vômito;
renal (urina), via digestiva (eliminadas contaminação dos alimentos);
e) se estiver inconsciente, retirar a
pelas vias biliares e excretadas pelo tubo o) contato posterior de pessoas despro- comida ou saliva da boca e a denta-
digestivo), fezes, pelo suor e por outras tegidas com área onde se aplicaram dura, quando for o caso;
menos representativas. defensivos agrícolas.
f) colocar um pano dobrado na nuca
para facilitar a respiração;
Causas mais freqüentes de Sintomas de intoxicação
intoxicação aguda g) não dar nenhum tipo de líquido para
O trabalhador que se intoxica com beber;
São causas mais freqüentes de into- defensivos agrícolas tem a sensação de
h) providenciar uma condução para
xicação aguda a falta de observação das estar doente. Geralmente, há um conjunto
de sintomas característicos, muito embora levá-lo até o hospital ou chamar um
medidas necessárias como:
possa haver a predominância de um sinto- médico;
a) lavagem das mãos e do rosto antes
ma sobre outros, o que depende do produto i) mostrar ao médico o rótulo do pro-
de alimentar-se;
químico e do organismo envolvido. duto, sempre que possível.
b) abstenção de bebida e fumo durante
Os sintomas em geral, são:
o trabalho com defensivos; Intoxicação pela boca
a) ansiedade e angústia;
c) banho diário após o trabalho; a) consciente:
b) desmaios, perda de consciência;
d) uso de roupas limpas após o banho, c) convulsões ou “ataques” durante - levar o intoxicado para um local
bem como no dia seguinte para os quais o indivíduo cai, babando e fresco e arejado,
voltar ao trabalho; com muita saliva, mexendo braços - provocar vômito, se não for con-
e) ausência de EPl; e pernas; tra-indicado no rótulo do produto
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utilizado, colocando um dedo na - ministrar o antídoto por injeção de cabeça, opressão no peito, visão
garganta ou dando água morna, se for recomendado, turva, pupilas não-reativas, sali-
repetir até que saia um líquido - cuidar da parte respiratória, im- vação abundante, suores, náuseas,
claro, pendindo uma possível parada vômitos e cólicas abdominais;
- ministrar o antídoto indicado no cardíaca. c) tratamento: sulfato de atropina por
rótulo, na dose certa e por via via intramuscular ou intravenosa
recomendada, Intoxicação pela pele 1 a 6 mg cada 5 a 30 minutos até
- cuidar da parte respiratória, atropinização leve;
a) consciente:
prevenindo-se contra uma possível
- levar o intoxicado para um local d) contra-indicação: oximas (contra-
parada respiratória.
fresco e arejado, thion), morfina, aninofilina, tranqui-
Deve-se observar que não se lizantes.
- retirar toda a roupa dele e lavá-
deve provocar vômito nos seguintes
lo com bastante água corrente e
casos: ingestão de produtos cáusti- Ditiocarbamatos
sabão,
cos; ingestão de derivados de petró-
- ministrar o antídoto recomendado a) antídoto e tratamento: esvaziamen-
leo (neste caso, a lavagem gástrica é
na dose certa e pela via indicada to estomacal com carvão ativado.
a mais indicada); intensa depressão
(boca ou injeção), Para a irritação cutânea-mucosa,
do sistema nervoso e atendimento
tratamento sintomático. No caso de
após o tempo útil: duas a quatro - não provocar vômito,
risco de colapso, utilizar oxigeno-
horas após a ingestão. - não colocar a mesma roupa de tra-
terapia e vasoconstritores por via
b) inconsciente: balho, devido à contaminação,
parenteral;
- levar o intoxicado para um local - cuidar da parte respiratória, impe-
b) observação: não usar atropina ou
fresco e arejado, dindo uma parada respiratória;
contrathion.
- não provocar vômito ou tentar dar b) inconsciente:
qualquer líquido, - levar o intoxicado para um local Fosforados
- ministrar o antídoto por injeção, fresco e arejado, a) antídoto e tratamento: oximas
se for recomendado, - tirar toda a roupa dele e lavá-lo (contrathion) 1 a 2 mg/dia, nos três
- cuidar da parte respiratória, com bastante água corrente fria e primeiros dias. Sulfato de atropina
impedindo uma possível parada sabão, por via intramuscular ou intraveno-
respiratória. - dar o antídoto por injeção, se for sa, 1 a 6 mg cada 5 a 30 minutos até
recomendado, atropinização total;
Intoxicação pelo nariz b) contra-indicação: morfina, amino-
- não colocar a mesma roupa de
a) consciente: trabalho, devido à contaninação, filina, tranquilizantes;
- levar o intoxicado para um local - cuidar da parte respiratória, c) sintomas de alarme: fraqueza, dor
fresco e arejado, evitando uma provável parada de cabeça, opressão no peito, visão
- não provocar vômito, cardíaca. turva, pupilas não-reativas, sali-
vação abundante, suores, náuseas,
- ministrar o antídoto recomendado
Contato dos defensivos com vômitos, diarréia e cólicas abdomi-
no rótulo do produto utilizado
os olhos nais.
na dose certa e pela via indicada
(boca ou injeção), Lavá-los com água corrente durante
Clorados orgânicos
- cuidar da parte respiratória, 15 minutos.
impedindo uma possível parada a) antídoto e tratamento: barbitúricos
respiratória; Intoxicação: sintomas, por via oral, intramuscular ou in-
antídotos, tratamento e travenosa, nos casos de excitação
b) inconsciente: informação médica do sistema nervoso. Meprobamatos
- levar o intoxicado para um local ou diazepóxidos também são indica-
Carbamatos
fresco e arejado, dos. Antibióticos e corticosteróides
- não provocar vômito e não dar a) antídoto: atropina; são usados nos casos de pneumonite
líquido para beber, b) sintomas de alarme: fraqueza, dor química;
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b) sintomas de alarme: estimulação SGAN Quadra 601 Lotes “O e P”


icterícia, anúria, pneumonite quí- CEP 70830-010 Brasília-DF
do sistema nervoso central, com
mica, febre, excitações do sistema Telefone: (61) 3225-6512/0800-6446774
hipersensibilidade, convulsões e E-mail: ciatdf@saude.gov.br
nervoso central seguidas de depres-
coma.
são, lesões necróticas nos contatos Belém
prolongados com a pele e mucosas. Centro de Informações Toxicológicas de
Piretróides
Se não houver vômitos, há absorção Belém
a) sintoma de alarme: confusão gradual e intoxicação sistemática, Hospital Universitário João de Barros Barreto
Rua dos Mundurucus, 4.487 - Bairro Guamá
mental, irritabilidade, cefaléia, pa- podendo ocorrer a morte em poucos
CEP 66073-000 Belém-PA
restesias de lábio e língua, náuseas, dias; Telefone: (91) 3249-6370/3259-3748
vômitos, diarréia, depressão e para- b) antídoto e tratamento: lavagem Fax: (91) 3249-5365 (Diretoria)
da respiratória, bronco-espasmo; E-mail: cithujbb@ufpa.br
gástrica com ferrocianeto de potás-
b) antídoto e tratamento: não há antí- sio ou suspensão de carvão ativado. Belo Horizonte
doto específico; Penicilamina nos casos agudos e nos Serviço de Toxicologia de Minas Gerais
crônicos. Transfusão de sangue nos Hospital João XXIII
c) tratamento sintomático:
Av. Professor Alfredo Balena, 400 - 1o andar -
casos graves. Tratamento sintomá-
- distúrbios alérgicos: anti-histamí- Santa Efigênia
tico. CEP 30130-100 Belo Horizonte-MG
nicos, corticosteróides tópicos,
Telefone: (31) 3224-4000/3239-9308/3239-
- anafilaxia: corticosteróides, efine- REDE NACIONAL DE CENTROS 9224
frina, anti-histamínicos, DE INFORMAÇÃO E ASSISTÊNCIA Fax: (31) 3239-9260(CIT)
TOXICOLÓGICA - RENACIAT E-mail: servitoxmg@hotmail.com ou
- distúrbios neurológicos: dizapíni-
(ANVISA, 2007) dcampolina@uol.com.br
cos, analgésico,
Agência Nacional de Vigilância Sanitária Botucatu
- distúrbios digestivos: medidas
Gerência Geral de Toxicologia Centro de Assistência Toxicológica de
dietéticas hidratar, se necessário. SEPN 511 Edifício Bittar II - Bloco A - 2o Botucatu
andar Unesp - Instituto de Biociências
Triazinas Brasília-DF Campus de Botucatu, Distrito de Rubião Junior
Telefone: (61) 3448-6203/3448-6194 Caixa Postal 510
a) sintomas de alarme: não há relatos Fax: (61) 3448-6287 CEP 18618-000 Botucatu-SP
de sintomas de intoxicação na espé- Site: www.anvisa.gov.br Telefone: (14) 3815-3048/3811-6017/3811-
cie humana; E-mail: toxicologia@anvisa.gov.br 6034
Fax: (14) 6822-1385
b) em animais de laboratório: distúr- SINITOX/CICT/FIOCRUZ Site: laser.com.br/ceatox
bios de equilíbrio, espasmos, fasci- Av. Brasil, 4.635 - Prédio Haity Moussatche - E-mail: ceatox@ibb.unesp.br;
culações musculares, convulsões; sala 128 cordelli@ibb.unesp.br
CEP 21040-360 Rio de Janeiro-RJ
c) antídoto e tratamento: apenas me- Telefone: (21) 2573-3244 Campina Grande
didas sintomáticas. Fax: (21) 2578-7079 Centro de Assistência Toxicológica de
Site: www.fiocruz.br/sinitox Campina Grande
Dinitrofenóis E-mail: sinitox@fiocruz.br Hospital Regional de Urgência e Emergência
Av. Floriano Peixoto, 1.045
a) sintomas de alarme: ardor e con- CEP 58100-001 Campina Grande-PB
CENTROS DE INFORMAÇÃO E
gestão da boca, vômitos, náuseas e Telefone: (83) 310-9238
ASSISTÊNCIA TOXICOLÓGICA E-mail: sayonarafook@hotmail.com
dor efigástrica, cãimbras muscula-
res, diarréia sanguinolenta, sudore- Aracaju Campinas
se, urina escura; Centro de Informação Toxicológica Centro de Controle de Intoxicações de
Av. Tancredo Neves, s/n - Hospital Campinas
b) antídoto e tratamento: esvaziamen- Governador João Alves Filho Unicamp - Hospital das Clínicas
to gástrico, controle da hipertermia Anexo: Oncologia, Ala 700, sala 704 Faculdade de Ciências Médicas - Cidade
com medidas físicas. Não há antí- CEP 49000-000 Aracaju-SE Universitária Zeferino Vaz
Telefone: (79) 3259-3645/3216-2600 CEP 13083-970 Campinas-SP
doto específico.
ramal 2677 Telefone: (19) 3788-7555/3788-6700
E-mail: sescit@hgjaf.se.gov.br (atendimento 24 horas)/3788-
Sais de cobre 7573 (supervisão)/3788-7373
Brasília (laboratório)
a) sintomas de alarme: náuseas e vô- Centro de Informação e Assistência Fax: (19) 3788-7232
mitos, diarréia, colapso, convulsões, Toxicológica E-mail: cci@fcm.unicamp.br

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Campo Grande Rua Barão do Rio Branco, 1.816 - Centro Maringá


Centro de Informações Toxicológicas de CEP 60016-061 Fortaleza-CE Centro de Informação Toxicológica de
Campo Grande Telefone: (85) 3255-5050/3255-5012 Maringá
Av. Engenheiro Luthero Lopes, 36 - Aero Fax: (85) 3255-5048 (CIT) Hospital Universitário Regional de Maringá
Rancho E-mail: ceatox@ijf.ce.gov.br; Av. Mandacaru, 1.590
CEP 79084-180 Campo Grande-MS joseguim@ig.com.br CEP 87080-000 Maringá-PR
Telefone: (67) 386-8655/378-2558 Telefone: (44) 2101-9127 ou (44) 3262-1131
Fax: (67) 381-2996(CIT) Goiânia Fone/Fax: (44) 262-1131 (CIT)
E-mail: civitoxms@bol.com.br Centro de Informações Tóxico-Farmacológicas E-mail: sec-cci@uem.br
de Goiás
Cascavel Superintendência de Vigilância Sanitária Natal
Centro de Assistência Toxicológica de Av. Anhanguera, 5.195 - Setor Coimbra Centro de Informação Toxicológica de Natal
Cascavel CEP 74043-001 Goiânia-GO Hospital Giselda Trigueiro
Hospital Universitário do Oeste do Paraná Telefone: (62) 201-4113 Rua Cônego Montes, 110 - Quintas
(HUOP) Fax: (62) 291-4350 CEP 59035-000 Natal-RN
Av. Tancredo Neves, 3.224 - Bairro Santo Atendimento: 0800-6464350 Telefone: (84) 3232-7969
Onofre E-mail: cit@visa.goias.gov.br Fax: (84) 3232-7909
CEP 85806-470 Cascavel-PR E-mail: cithgt@rn.gov.br; mmg7@bol.com.br
Telefone: (45) 3226-0808/3226-6138 - ramal João Pessoa
2261 Centro de Assistência Toxicológica da Niterói
Fax: (45) 3220-3213 Paraíba Centro de Controle de Intoxicações de Niterói
Atendimento: 0800-6451148 Hospital Universitário Lauro Wanderley Hospital Universitário Antonio Pedro
E-mail: itinoseanamaria@uol.com.br Cidade Universitária - Campus I Av. Marques do Paraná, 303 - Centro
CEP 58059-900 João Pessoa-PB Prédio da emergência do HUAP - 2o andar
Cuiabá CEP 24033-900 Niterói-RJ
Telefone: (83) 3216-7007
Centro de Informação Anti-Veneno de Fax: (83) 3216-6688 Telefone: (21) 2717-0148/(21)2717-0521
Mato Grosso Site: www.ufpb.br/ceatox E-mail: anamoraes@predialnet.com.br
Hospital Municipal e Pronto Socorro de E-mail: ednilza@terra.com.br
Cuiabá Porto Alegre
Rua General Valle, 192 - Bairro Bandeirantes Londrina Centro de Informações Toxicológicas do
CEP 78010-100 Cuiabá-MT Centro de Controle de Intoxicações de Rio Grande do Sul
Telefone/Fax: (65) 617-1700 (Hospital) Londrina Rua Domingos Crescêncio, 132 - 8o andar -
Telefone: (65) 617-1715 (CIT) Hospital Universitário/Hospital Universidade Santana
E-mail: laineas@hotmail.com CEP 90650-090 Porto Alegre-RS
Federal de Londrina
Telefone: (51) 2139-9200 e Fax: 2139-9201
Curitiba Av. Robert Kock, 60 – Vila Operária
Atendimento: 0800-780200
CEP 86038-440 Londrina-PR
Centro de Informações Toxicológicas de Celular: (51) 9725-2667
Telefone: (43) 3371-2244/3371-2668/3371-
Curitiba Site: www.cit.rs.gov.br
2669
Hospital de Clínicas E-mail: cit@fepps.rs.gov.br
Fax: (43) 3371-2422
Rua General Carneiro, 180 - Centro
E-mail: cci@uel.br Presidente Prudente
CEP 80060-000 Curitiba-PR
Telefone: (41) 3264-8290/3363-7820 Manaus Centro de Atendimento Toxicológico de
Fax: (41) 360-1800 - ramal 6619 Presidente Prudente
Atendimento: 0800-410148 Centro de Informações Toxicológicas de
Hospital Estadual Odilon Antunes de Siqueira
E-mail: entres@terra.com.br Manaus Av. Coronel José Soares Marcondes, 3.758 -
Hospital Universitário Getúlio Vargas, Jardim Bongiovani
Florianópolis Serviço de Farmácia do HUGV CEP 19050-230 Presidente Prudente-SP
Centro de Informações Toxicológicas de Av. Apurinã, 4 - Praça 14 Fone/Fax: (18) 231-4422
Santa Catarina CEP 69020-170 Manaus-AM Telefone: (18) 9771-2286/
Universidade Federal de Santa Catarina - Telefone: (92) 3622-1972 (18) 229-1500 (Plantão)
Hospital Universitário Fax: (92) 3621-6532 Site: www.unoeste.br/ceatox
Bairro Trindade, Caixa Postal 5199 E-mail: citmanaus@ufam.edu.br E-mail: ceatox@apec.unoeste.br
CEP 88040-970 Florianópolis-SC
Marília Recife
Telefone: (48) 331-9535/331-9173 (CIT)
Atendimento: 0800-6435252 Centro de Informação Toxicológica de Centro de Assistência Toxicológica de
Fax: (48) 331-9083 (CIT) Marília Pernambuco
E-mail: cit@ccs.ufsc.br; cit@hu.ufsc.br Rua Aziz Atalah s/n Hospital da Restauração - 1o andar
CEP 17500-000 Marília-SP Av. Agamenon Magalhães s/no - Bairro Derby
Fortaleza Telefone: (14) 3433-8795 ou (14) 3421-1744 - CEP 52010-040 Recife-PE
Centro de Assistência Toxicológica de ramal 1008 Telefone: (81) 3421-5444 – ramal 151
Fortaleza Fax: (14) 433-1888/422-5457 Fax: (81) 3421.5927/3423-8263
Instituto Dr. José Frota E-mail: mcshadow@terra.com.br E-mail: americojr@uol.com.br

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110 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

Ribeirão Preto Hospital Guilherme Álvaro Atendimento: 0800-2839904


Centro de Controle de Intoxicações de Rua Dr. Oswaldo Cruz, 197 - sala 134 - E-mail: sonytho@saude.gov.br
Ribeirão Preto Boqueirão
Hospital das Clínicas da Faculdade de CEP 11045-904 Santos-SP REFERÊNCIAS
Medicina de Ribeirão Preto da USP Telefone: (13) 3222-2878
Av. Bernardino de Campos, 1000 - Bairro Fax: (13) 3222-2654 ANDEF. Destinação final de embalagens de
Higienópolis E-mail: cci.santos@gmail.com agrotóxicos. São Paulo, [2007?]. Disponível
CEP 14015-130 Ribeirão Preto-SP em: < http://www.andef.com.br/ dest_ final/>.
Telefone: (16) 3602-1000/3602-1190 São Paulo
Acesso em: 25 maio 2007.
Fax: (16) 3610-1375 Centro de Controle de Intoxicações de São
E-mail: citrp@hcrp.fmrp.usp.br Paulo _______. Manual de armazenamento de
Hospital Municipal Dr. Artur Ribeiro de Saboya produtos fitossanitários. São Paulo, 2005.
Rio de Janeiro Av. Francisco de Paula Quintanilha Ribeiro, Disponível em: <http://andef.com.br/arma-
Centro de Controle de Intoxicações do Rio 860 - 4o andar - Jabaquara zenamento>. Acesso em: 25 maio 2007.
de Janeiro CEP 04330-020 São Paulo-SP
Telefone/Fax: (11) 5012/2399 _______. Manual de uso correto de equipa-
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho
Av. Brigadeiro Trompovski, s/n CIT Fone: (11) 5012-5311 mentos de proteção individual. São Paulo,
UFRJ - 8o andar, sala E-01 - Ilha do Fundão - Atendimento médico Fone: (11) 5011-5111 - 2008. Disponível em: <http://www.andef.
Cidade Universitária ramais: 250 - Laboratório 251 - Atendimento com.br/epi/>. Acesso em: out. 2008a.
CEP 21941-590 Rio de Janeiro-RJ Médico 252 - Administração 253/254
_______. Manual de uso correto e sguro de
Telefone: (21) 2573-3244 Atendimento: 0800-7713733
Fax: (21) 2573-7079 produtos fitossanitários/agrotóxicos. São
E-mail: smscci@prefeitura.sp.gov.br
E-mail: robertohbelo@yahoo.com.br Paulo, 2008. Disponível em: <http://www.
Centro de Assistência Toxicológica do andef.com.br/uso_seguro/>. Acesso em: out.
São José do Rio Preto Hospital das Clínicas da Faculdade de 2008b.
Centro de Informação Toxicológica de São Medicina da Universidade de São Paulo
Hospital das Clínicas-Faculdade de Medicina ANVISA. Agrotóxicos e toxicologia: Rede
José do Rio Preto
Hospital de Base - Fundação Faculdade da USP – Instituto da Criança Nacional de Centros de Informação e Assis-
Regional de Medicina - (Funfarme) Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 647 - tência Toxicológica – RENACIAT. Brasília,
Av. Brigadeiro Faria Lima, 5416 - Bairro São 2 o andar - Cerqueira César 2008. Disponível em: <http://www.anvisa.
Pedro CEP 05403-900 São Paulo-SP gov.br/toxicologia/centros.htm>. Acesso em:
CEP 15090-000 São José do Rio Preto-SP Telefone: (11) 3069-8571
25 maio 2007.
Telefone: (17) 3201-5000 – ramal 1380 Fax: (11) 3069-8800
Fax: (17) 210-5000 – ramal 1560 Atendimento: 0800-148110 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
E-mail: ceatox.hbase@famep.br Site: www.icr.hcnet.usp.br/ceatox TÉCNICAS. NBR 9843: agrotóxicos e afins –
E-mail: ceatox@icr.hcnet.usp.br armazenamento, movimentação e gerencia-
São José dos Campos mento em armazéns, depósitos e laborató-
Instituto Butantan
Centro de Informação Toxicológica de São rios. Rio de Janeiro, 2004.
José dos Campos Hospital Vital Brazil
Hospital Municipal “Dr. José de Carvalho Av. Vital Brazil, 1500 _______. NBR 13968: embalagem rígida va-
Florence” CEP 055303-900 São Paulo-SP zia de agrotóxico – procedimentos de lava-
Rua Saigiro Nakamura, 800 - Vila Industrial Telefone: (11) 3726-7222 gens. Rio de Janeiro, 1997.
CEP 12220-280 São José dos Campos-SP Fax: (11) 3726-1505
E-mail: fanhui@butantan.gov.br BRASIL. Decreto no 4.074, de 4 de janeiro de
Telefone: (12) 3901-3400 - ramal 3431 ou 3449
Fax: (12) 3912-1232 2002. Regulamenta a Lei no 7.802, de 11 de
Taubaté julho de 1989, que dispõe sobre a pesquisa,
E-mail: hmjcf@iconet.com.br
Centro de Controle de Intoxicações de a experimentação, a produção, a embalagem
Salvador Taubaté e rotulagem, o transporte, o armazenamento,
Centro de Informações Anti-Veneno da Fundação Universitária de Saúde de Taubaté a comercialização, a propaganda comercial,
Bahia - Ciave Universidade de Taubaté - Hospital Escola
a utilização, a importação, a exportação, o
Hospital Geral Roberto Santos Av. Granadeiro Guimarães, 270 - Centro
destino final dos resídulos e embalagens,
Rua Direta do saboeiro, Estrada velha do CEP 12020-130 Taubaté-SP
Telefone: (12) 3632-6565 o registro, a classificação, o controle, a
saboeiro, s/n - Cabula
CEP 41150-000 Salvador-BA Fax: (12) 3232-6565 inspeção e a fiscalização de agrotóxicos,
Telefone: (71) 387-3414/387-4343/ E-mail: crisfugliene@ig.com.br seus componentes e afins, e dá outras
0800-2844343 providências. Diário Oficial [da] República
Fax: (71) 387-3414 Vitória Federativa do Brasil, Brasília, 8 jan. 2002.
Site: www.ciave.hpg.com.br Centro de Atendimento Toxicológico do Disponível em: <http://www.planalto.gov.
E-mail: ciave@saude.ba.gov.br Espírito Santo (Toxcen-ES) br/ccivel_03/decreto/2002/Quadro_2002.
Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória htm>. Acesso em: 25 maio 2007.
Santos Alameda Mary Ubirajara, 205 - Santa Lúcia
Centro de Controle de Intoxicações de Santos CEP 29056-030 Vitória/ES _______. Lei no 7.802, de 11 de julho de
Responsável: Eunice Prieto Telefone/Fax: (27) 3137-2400/3137-2406 1989. Dispõe sobre a pesquisa, a experi-

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v. 2 9 , n . 2 4 7 , p . 9 6 - 111 , n o v. / d e z . 2 0 0 8

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 111

mentação, a produção, a embalagem e ro-


tulagem, o transporte, o armazenamento, a
comercialização, a propaganda comercial,
a utilização, a importação, a exportação, o
destino final dos resíduos e embalagens, o
registro, a classificação, o controle, a ins-
peção e a fiscalização de agrotóxicos, seus
componentes e afins, e dá outras provi-
dências. Diário Oficial [da] República Fe-
derativa do Brasil, Brasília, 12 jul. 1989.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivel_03/Leis/L7802.htm>. Acesso em:
25 maio 2007.
_______. Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de
1998. Dispõe sobre as sanções penais e ad-
ministrativas derivadas de condutas e ativi-
dades lesivas ao meio ambiente, e dá outras
providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, 13 fev. 1998.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivel_03/Leis/QUADRO/1998.htm>.
Acesso em: 25 maio 2007.
_______. Lei no 9.974, de 6 de junho de
2000. Altera a Lei no 7.802, de 11 de julho
de 1989, que dispõe sobre a pesquisa, a ex-
perimentação, a produção a embalagem e
rotulagem, o transporte, o armazenamento,
a comercialização, a propaganda comercial,
a utilização, a importação, a exportação, o
destino final dos resídulos e embalagens,
o registro, a classificação, o controle, a
inspeção e a fiscalização de agrotóxicos,
seus componentes e afins, e dá outras pro-
vidências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, 7 jun. 2000.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivel_03/Leis/L9974.htm>. Acesso em:
25 maio 2007.
_______. Ministério da Agricultura. Secre-
taria de Defesa Sanitária Vegetal. Portaria
no 11 de 26 abr. 1982. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, 29
abr. 1982. Seção 1, p.7615-7618.
IBAMA. Portaria Normativa no 04, de 15 de
outubro de 1996. Estabelece critérios para
avaliar inclusões e exclusões de indicações
de usos nos registros dos agrotóxicos. Bra-
sília, 1996. Disponível em: <http://www.
pragas.com.br/poscolheita/legislacao/arqui-
vos/portnorm_84de15-10-1996.pdf>. Aces-
so em: 25 maio 2007.
INSTITUTO NACIONAL DE PROCES-
SAMENTO DE EMBALAGENS VAZIAS.
Disponível em: <http://www.inpev.org.br/
institucional/historico/historico.asp>.
Acesso em: 24 out. 2008.

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112 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

Informações úteis no planejamento


e no gerenciamento da atividade cafeeira
Thiago Henrique Pereira Reis 1
Thais Louise Soares 2
Paulo Tácito Gontijo Guimarães 3

Resumo - A atividade cafeeira, como exploração econômica, deve ser norteada


pelo lucro. Para que esta atividade seja planejada ou avaliada, faz-se necessário
um perfeito acompanhamento e gerenciamento. O somatório das atividades na
cultura determina a sua produtividade e o custo da produção. É possível conse-
guir, por meio do gerenciamento, uma administração eficiente da propriedade,
uma utilização ou avaliação adequada dos recursos e, conseqüentemente, maior
lucratividade. Para tanto, a utilização de coeficientes técnicos permite auxiliar o
técnico ou o cafeicultor no seu planejamento ou no gerenciamento de sua lavoura,
orientando-o quanto à demanda dos fatores de produção.

Palavras-chave: Café. Administração agrícola. Administração rural. Unidades de


medida. Conversão de medida. Máquina. Equipamento. Depreciação.

INTRODUÇÃO e o possível uso das várias unidades de permanente (Quadros 19 a 22).


medida adotadas em diferentes regiões
A contribuição do setor agropecu-
procurou-se, neste estudo, reunir as DEPRECIAÇÃO DE MÁQUINAS
ário para o desenvolvimento rural e
diversas unidades de medidas de área,
socioeconômico tem sido a base usada Depreciação é a perda de valor que
para definir as metas prioritárias a esse volume, peso, comprimento e suas
um bem (trator, arado, grade, etc.) sofre,
desenvolvimento. respectivas transformações em outras
à medida que vai sendo utilizado. Esse
Ao enfocar os coeficientes técnicos equivalentes.
custo é muito alto e nunca deve ser deixa-
para a cultura do cafeeiro, procurou-se
UNIDADES DE MEDIDA do de lado. Os técnicos em agropecuária
reunir todos os conhecimentos e infor-
são as pessoas mais indicadas para prever
mações relevantes e atualizadas sobre Nos Quadros 1 a 18, são apresentadas
várias unidades de medida e suas equiva- a depreciação dos bens, considerando o
o assunto, com a finalidade de orientar
o técnico ou o cafeicultor na condução lências, além da depreciação de máqui- clima, o solo, o tipo de manejo etc., que
de uma atividade dentro dos padrões nas, consumo de energia elétrica, áreas variam de região para região. O Quadro
desejáveis. de algumas figuras geométricas (Fig. 1), 19 apresenta os índices utilizados como
Com o intuito de facilitar a adoção distância entre cidades e um calendário depreciação na propriedade.

Engo Agro, Mestrando em Ciência do Solo, Bolsista CNPq/UFLA-Depto Ciência do Solo, Caixa Postal 3037, CEP 37200-000 Lavras-MG.
1

Correio eletrônico: thiagohpreis@yahoo.com.br


Bióloga, M.Sc., Bolsista CBP&D-Café/EPAMIG-CTSM, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico: thaisufla@yahoo.
2

com.br
3
Engo Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTSM, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico: paulotgg@ufla.br

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 113

QUADRO 1 - Unidade e suas grandezas


Grandeza Unidade Símbolo
Comprimento Metro m
Massa Quilograma kg
Tempo Segundo s
Corrente elétrica Ampère A
Temperatura Kelvin K
Quantidade de substância Mole mol
Intensidade luminosa Candela cd
Área Metro quadrado m²
Volume Metro cúbico m³
Número de onda Unidade/metro 1/m
Densidade de massa Quilograma/metro cúbico kg/m³
Concentração Mol/metro cúbico mol/m³
Volume específico Metro cúbico/quilograma m³/kg
Velocidade Metro/segundo m/s
Aceleração Metro/segundo/segundo m/s²
Densidade de corrente Ampère/metro ao quadrado A/m²
Campo magnético Ampère/metro A/m
FONTE: Dados básicos: Sistema Internacional de Unidades (2008).

QUADRO 2 - Unidades equivalentes no Sistema Internacional (SI)


Grandeza Unidade Símbolo Relação com o SI
Tempo Minuto min 1 min = 60 s
Tempo Hora h 1 h = 60 min = 3600 s
Tempo Dia d 1 d = 24 h = 86 400 s
Ângulo plano Grau ° 1° = p/180 rad
Ângulo plano Minuto ‘ 1’ = (1/60)° = p/10 800 rad
Ângulo plano Segundo “ 1” = (1/60)’ = p/648 000 rad
Volume Litro L 1 L = 0,001 m³
Massa Tonelada t 1 t = 1000 kg
Argumento logarítmico ou Ângulo Neper Np 1 Np = 1
hiperbólico
Argumento logarítmico ou Ângulo Bel B 1B=1
hiperbólico
Comprimento Milha marítima - 1 milha marítima = 1852 m
Velocidade Nó - 1 nó = 1 milha marítima por hora = 1852/3600 m/s

Área Are a 1 a = 100 m²


Área Hectare ha 1 ha = 10 000 m²
Área Barn b 1 b = 10-28 m²
Comprimento ångström Å 1 Å = 10-10 m
Pressão bar bar 1 bar = 100 000 Pa (Pascal)
FONTE: Dados básicos: Sistema Internacional de Unidades (2008).

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114 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

QUADRO 3 - Origem das unidades e suas grandezas


Grandeza Unidade Símbolo Derivação Derivação
alternativa
Ângulo plano Radiano rad 1 m/m

Ângulo sólido Esferorradiano sr 1 m²/m²

Freqüência Hertz Hz 1/s -

Força newton N kg·m/s² -

Pressão pascal Pa kg/(m·s²) N/m²

Energia Joule J kg·m²/s² N·m

Potência Watt W kg·m²/s³ J/s

Carga elétrica Coulomb C A·s -

Tensão elétrica Volt V kg·m²/(s³·A) W/A

Resistência elétrica Ohm O kg·m²/(s³·A²) V/A

Capacitância Farad F A²·s²·s²/(kg·m²) A·s/V

Condutância Siemens S A²·s³/(kg·m²) A/V

Indutância Henry H kg·m²/(s²·A²) Wb/A

Fluxo magnético Weber Wb kg·m²/(s²·A) V·s

Densidade de fluxo magnético Tesla T kg/(s²·A) Wb/m²

Temperatura em Celsius Grau Celsius °C K -

Fluxo luminoso Lúmen lm cd cd·sr

Luminosidade Lux lx cd/m² lm/m²

Atividade radioativa Becquerel Bq 1/s -

Dose absorvida Gray Gy m²/s² J/kg

Dose equivalente Sievert Sv m²/s² J/kg

Atividade catalítica Katal kat mol/s -

Velocidade angular Radiano/segundo rad/s 1/s Hz

Aceleração angular Radiano/segundo rad/s² 1/s² Hz²

Momento de força Newton metro N·m kg·m²/s² -

Densidade de carga Coulomb/metro cúbico C/m³ A·s/m³ -

Campo elétrico Volt/metro V/m kg·m/(s³·A) W/(A·m)

Entropia Joule/kelvin J/K kg·m²/(s²·K) N·m/K

Calor específico Joule/quilograma/kelvin J/(kg·K) m²/(s²·K) N·m/(K·kg)

Condutividade térmica Watt/metro/kelvin W/(m·K) kg·m/(s³·K) J/(s·m·K)

Intensidade de radiação Watt/esferorradiano W/sr kg·m²/(s³·sr) J/(s·sr)


FONTE: Dados básicos: Sistema Internacional de Unidades (2008).

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 115

QUADRO 4 - Unidades de peso e equivalências


Unidade de peso Equivalência Unidade de peso Equivalência

Miligrama (mg) 0,001 g Libra/peso 132 kg

Centigrama (cg) 0,01 g Libra (Russia) 409,5 kg

Decigrama (dg) 0,1 g Libra (troy imperial) 0,373 kg

Grama 1g Libra 16 onças 0,453 kg

Decagrama (dag) 10 g Miligrama por litro 1 ppm

Hectograma (hg) 100 g Net t (2.000 lb) 907,2 kg

Quilograma (kg) 1.000 g Net t (2.000 lb) Oitava = 3 escrópulos

Miriagrama (Mg) 10.000 g Onça 28,35 g

Acre (pé de solo) 1.800.000 kg Onça (1/12 da libra troy) 0,03109 kg

Ardame (3 tomim) 1,80 g Onça (1/16 parte da libra) 0,02833 kg

Arratel 0,459 kg Onça (16 ardames) 28,76 g

Arratel alemão 0,502 kg Onça (8 oitavos) 29,628 g

Arratel inglês 0,453 kg Onça-troy 31,104 g

Arroba 14,689 kg Partes por milhão (ppm) 0,001 g/L

Arroba (25 lb) 11,50 kg Penny weight (1/20 onça) 0,00155 kg

Carga (Colômbia) 125 kg de café maduro Picul (China) 60,453 kg

Carro 1.500 kg Pood (Russia) 16,38 kg

Carro de milho 12 cargas Quilate 0,205 g

CWT (Inglaterra) - 112 lb 50,80 kg Quilograma 35,27 onças

CWT (USA) - 100 lb 45,36 kg Quilograma 2,2 libras

Escrópulo (6 quilates) 1,2345 g Quilograma (kg) 564 dracmas

Grama 15,43 granos Quilograma/ha (kg/ha) 0,89 libras/acre

Grama (g) 0,56 dracma Quilogrâmetro 7,23 libras-pé

Grama 0,022 libras Quintal (Q) 100 libras espanholas ou 46kg

Grama/litro (g/L) 1.000 ppm Quintais curtos 45,36 kg

Grão 0,0648 g Quintais longos 50,80 kg

Gross t (2.240 lb) 1 016 kg Quintal 58,76 kg

Kin (Japão) 0,60 kg Quintal (4 arrobas) 46,01 kg

Libra/pé 1,49 kg/m Tomin (12 grãos) 0,60 g

Libra/pé2 4,88 kg/m2 Tonelada (20 quintais) 920,18 kg

Libra (Pound) 453,6 g Tonelada curta 0,907 t métricas

Libra (lb) 0,45 kg Tonelada larga 1,0165 t métricas

FONTE: Dados básicos: Romero e Romero (1997).


NOTA: Libra (lb) - Pound; Polegada (pol) - Inch; Jarda - Yard; Pés - Feet; CWT - HundredWeight.

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116 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

QUADRO 5 - Conversões de unidades de peso QUADRO 6 - Unidades de volume e equivalências


Multiplique Por Para obter o Unidade de volume Equivalência
o no de equivalente em
Milímetro cúbico (mm3) 0,000000001 m3
g 2,205 x10-3 Libras (lb) Centímetro cúbico (cm3) 0,000001 m3
Decímetro cúbico (dm ) 3
0,001 m3
g 0,0352740 Onças
Decâmetro cúbico (dam3) 1000 m3
g 0,0321507 Onças troys Hectômetro cúbico (hm3) 1 000 000 m3

1,21528 Libras troys Quilômetro cúbico (km3) 1 000 000 000 m3


Libras (lb)
Miríametro cubo (Mm3) 1 000 000 000 000 m3
Libras 16,0 Onças
1 jacá 120 espigas
Libras 14,5833 Onças troys 15 atilhos 1 mão
2 mãos 1 jacá
Libras 0,45359237 kg
4 espigas 1 atilho
Onças 28,349523125 grama (g) 40 jacás 1 carro

Onças 6,25 x 10-2 Libras Acre (pé de água) 1,214 m3


Acre (pé de água) 43,560 pé3
Onças 0,911458 Onças troys
Acre (polegada) 3,630 pé3
Onças 0,02834952312 kg Acre (polegada) 101,2 m3

Onças troys 31,1034768 g Botelha (América Central) 0,67 L


Cajuela (América Central) 20 L
Onças troys 1,09714 Onças
Centímetro cúbico (cm3) 0,061 pol3
kg 2,20462 Libras Cuatos (quarts) 57,75 pol3
CWT/acre (Hundredweight/acre) 125,5 kg/ha
kg 2,205 Libras
Fanega (América Central) 400 L de café cereja ou 105 L
kg 35,2740 Onças de café limpo ou 255 kg
Jarda3 0,765 m3
kg 0,0220462 Quintais curtos
Litro (L) 61,03 pol3
kg 0,0196841 Quintais longos Metro cúbico (m3) 35,3145 pés3
Onça fluida 28,413 cm3
kg 0,00110231 t americanas
Onça líquida 29,5735 cm3
kg 0,000984207 t britânicas Pé3 28,32 dm3

Quintais curtos (Q) 45,359237 kg Pé3 7,48 galões


Pé3 (1728 pol3) 21,63 dm3
Quintais curtos 0,45359237 Quintais métricos
Pol3 (1728 linha3) 12,51 cm3
Quintais longos 50,80234544 kg pol3 16,39 cm3
Quartos 946,3529 cm3
Quintais longos 0,5080234544 Quintais métricos
Quintal (Q) / Acre (ac) 113,6 kg/ha
Quintais métricos 2,20462 Quintais (curtos)
Quintal (Q) / Manzana (mz) 65,8 kg/ha
Quintais métricos 1,96841 Quintais (longos) Quintal-46 kg (América Central) 100 L
Tonelada de arqueação 1,113 cm3
t americanas 907,18474 kg
Vara3 (27 pés3) 0,5841 m3
t britânicas 1016,0469088 kg Volume de café cereja 10 L ou 1 kg de café limpo
FONTE: Dados básicos: Fatores... (2008). FONTE: Dados básicos: Romero e Romero (1997).

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 117

QUADRO 7 - Conversão de unidades de volume QUADRO 8 - Conversão de unidades de distância


Multiplique o no de Por Para obter o equivalente em Multiplique o no de Por Para obter o equivalente em
Barril de petróleo 0,15898728482 m 3
Braças 1,8288 m
cm3 0,000264172 Galões americanos
Braças 6,0 Pés (ft)
cm3 0,000219969 Galões britânicos
cm3 0,351951 Onças fluidas Cadeias 20,1168 m
cm 3
0,0338140 Onças líquidas Cadeias 0,0201168 km
cm3 0,0610237 pol3
cm 1 x 10-2 m
cm3 0,00105669 Quartos (americano)
cm3 0,000879877 Quartos (britânico) cm 10 mm
dm 3
0,264172 Galões americanos
cm 0,0328084 Pés
dm3 0,219969 Galões britânicos
dm3 0,999972 L cm 0,393701 Pol

dm3 0,0353147 Pés3 cm 1 x 105 km


dm 3
61,0237 pol 3
Jardas 0,9144 m
dm3 1,05669 Quartos (americano)
dm3 0,879877 Quartos (britânico) m 0,546807 Braças
Galões americanos 3785,411784 cm3 m 0,0497097 Cadeias
Galões americanos 3,785411784 dm3
m 100 cm
Galões americanos 0,00378541178 m3
Galões americanos 0,133681 pés3 m 1,09361 Jardas
Galões britânicos 4546,09188 cm
m 5,396 x 10 Milhas náuticas
Galões britânicos 4,54609188 dm3
Galões britânicos 0,00454609188 m3 m 6,214 x 10 Milhas estatutárias
Galões britânicos 0,160544 Pés 3
m 1.000 mm
Galões britânicos 277,420 pol 3
m 39,3701 pol
Jardas3 0,764554857984 m3
Milhas náuticas 1852 m
L 1000 cm3
L 1,000028 dm3 Milhas náuticas 1,1516 Milhas estatutárias
L 0,2642 Galões americanos Milhas náuticas 6080,27 Pés
L 61,02 Pol3
Milhas náuticas 1,852 km
m3 6,28981 Barris de petróleo
mm 0,0393701 pol
m3 264,172 Galões americanos
m3 219,969 Galões britânicos Pés 30,48 cm
m3 1,30795 Jardas3 Pés 0,3048 m
m 3
35,3147 Pés3
Pés 1,645 x 10 Milhas náuticas
Onças fluidas 28,4131 cm3
Pés 304,8 mm
Onças fluidas 1,73387 pol3
Onças líquidas 29,5735 cm3 pol 2,54 cm
pés 3
28,316846592 dm 3
pol 0,0254 m
pés3 7,48052 Galões americanos
pol 25,4 mm
pés3 6,22883 Galões britânicos
pés3 0,028316846592 m3
km 49,7087 Cadeias

pol3 16,387064 cm3 km 1.000 m


pol3 0,016387064 dm3 km 0,621371 Milhas
Quartos (líquidos) 946,352946 cm3
km 0,539957 Milhas náuticas
Quartos (líquidos) 0,946352946 dm3
Quartos (líquidos) 0,9463 L km 3.281,0 Pés
FONTE: Dados básicos: Fatores... (2008). FONTE: Dados básicos: Fatores... (2008).

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118 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

QUADRO 9 - Unidades de distância e equivalências


Unidade de distância Equivalência Unidade de distância Equivalência
Angstrom (Å) 0,0000001 mm Metro (m) 39,37 pol
Milímetro (mm) 0,001 m Metro 3,28 pés
Micron (µm) 0,001 m Metro quadrado (m2) 0,000248 acres
Centímetro 0,01 m Milha marítima 1.853 km
Decímetro (dm) 0,1 m Milha marítima (6.080 pés) 10.000 m
Metro 1m Milha Sueca 1852 m
Decâmetro (dam) 10 m Milha terrestre 1.60 km
Hectômetro (hm) 100 m Milha terrestre (5.280 pés) 1609 m
km 1.000 m Micra 0,001 mm
Miríametro (Mm) 10.000 m Mill 0,0254 mm
Megâmetro 1.000.000 m Mill 0,001 polegada
Angstrom (energia nuclear) 0,001 u Nó (1 milha horária) 1,852 m
Atmosfera (atm) 76,39 cm de mercúrio Palmo 22 cm
Braça marítima 1,83 m Passo 0,70 m
Cadeias 20,1168 m Pé 30,48 cm
Centímetro(cm) 0,3937 pol Pé (12 pol) 27,864 cm
Covado 0,66m Pé (ft) 0,305 m
Grau (60 milhas marítimas) 111,1111,1 m Pé inglês h(12 pol) 0,3048 m
Jarda (yd) 0,914 m pol 2,54 cm
km 0,62137 milhas terrestre pol (12 linhas) 2,322 cm
km 0,53950 milhas marítimas Ponto 0,1625 cm
km 0,621 milhas Quilômetro quadrado (km ) 2
247,104 acres
km 1.093,6 jardas Toesa 1,95 m
km 3.281 pés Vara 1,1 m
Légua (6 666,6 varas) 5.572,7 m Vara (3 pés) 0,8359 m
Légua marítima 55 555,55 m Vara de Albacete (Espanha) 0,8370 m
Légua sesmaria 6.600 m Vara de Alicante (Espanha) 0,9120 m
Linha 0,0023 m Vara de Almeria (Espanha) 0,8330 m
Linha (12 pontos) 1,935 cm Vara de Canárias (Espanha) 0,8420 m
m3 1,31 jardas3 Vara de Castilha (Espanha) 0,8359 m
Fonte: Dados básicos: Romero e Romero (1997).

QUADRO 10 - Peso em kg/m de cano de ferro galvanizado


Diâmetro (Ø) em polegadas Peso kg/m
½ 1,20
¾ 1,75
1 2,40
1¼ 3,40
1½ 4,20
2 5,60
2½ 7,70

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v. 2 9 , n . 2 4 7 , p . 11 2 - 1 2 7 , n o v. / d e z . 2 0 0 8

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 119

QUADRO 11 - Unidades de superfície (área) e equivalências


Unidade de superfície Equivalência Unidade de superfície Equivalência Unidade de superfície Equivalência
mm2 0,000001 m2 Caballeria (Costa Rica) 45,2 ha Litro (L) 605 m2
cm2 0,0001 m2 Caballeria (Cuba) 13,42 ha Manzana (mz) 0,714 ha
Decímetro quadrado (dm2) 0,01 m2 Caballeria (Porto Rico) 78,6 ha Manzana (América Central) 6.989 m2
m2 1 m2 Cabellaria (Guatemala) 45 ha Manzana 1,7 acres
Centiare (ca) 1 m2 Cabellaria (México) 42,8 ha m2 10,7639 pés2
Decâmetro quadrado (dam ) 100 m 2 2
Cadeias 2
404,6856 m 2
m 2
1,550 pol2
Acre (a) 100 m2 Celemim2 536,63 m2 m2 1,196 jardas2
Hectare (ha) 10.000 m2 Centímetro quadrado (cm2) 0,155 pol2 Milha quadrada 259 ha
Quilômetro quadrado (km2) 1.000.000 m2 Cuerda (Porto Rico) 0,39 hectares Milhão 100 ha
Miriâmetro quadrado (Mm ) 100.000.000 m 2 2
Cuadra (Colômbia) 6.400 m 2
Onça por jarda 2
33,9 g/m2
Acre 43,560 pés2 Data de campo 272,25 ha Palmo de sesmaria 1.452 m2
Acre 0,405 ha Data de mato 544,50 ha Palmo2 (84 pol2) 0,048 m2
Acre (ac) (Hawaí, Quênia 4.050 m2 Estadal (4 varas) 3,34 m2 Plaza (Colômbia) 6.400 m2
e Porto Rico)
Estadal2 11,178 m2 Pol2 6,451 cm2
Acre (pé de solo) 4.000.000 libras Fanega de terra 6.440 m 2
Quadra de planta 17.424 m2
Alqueire do norte 27.225 m2 ha 1,4 manzanas Quadra2 17.424 m2
Alqueire goiano 27.225 m2 ha 2,6 cuerdas em Quartilho quadrado 134,16 m2
Porto Rico
Alqueire mineiro 48.400 m2 ha 2,47 acres Sesmaria de campo 13.068 ha
Alqueire paulista 24.200 m2 ha 107,639 pés2 Sesmaria de mato 1.089 ha
Aranzada 4.472 m2 ha 11,96 jardas2 Tarea (República Dominicana) 0,0629 ha
Braça2 4,84 m2 Jarda2 0,836 m2 Tarefa (50 braças2) 12.100 m2
Braça sesmaria 14.520 m 2
Légua de sesmaria 4.356 ha Vara 2
1,21 m2
FONTE: Dados básicos: Romero e Romero (1997).

QUADRO 12 - Tabela de conversão de unidades de pressão utilizadas em irrigação


Unidade de pressão Valor equivalente

atm kPa mca kgf/cm2 mmHg psi

atm (1)
1,0 101,325
(1)
10,332276 1,03323 760
(1)
14,69595

kPa 0,009869 1,0


(1)
0,1019716 0,010197 7,50062 0,145038

mca 0,096784 9,80665


(1) (1)
1,0 0,10
(1)
73,55592 1,422334

kgf/cm2 0,967841 98,0665


(1)
10,0
(1) (1)
1,0 732,55924 14,22334

mmHg 0,00132 0,133322 0,0135951


(1)
0,0013595 (1)
1,0 0,019337

psi 0,06805 6,89476 0,70307 0,07031 51,71493 1,0


(1)

FONTE: Dados básicos: Pereira e Melo (2008).


NOTA: Valor equivalente somente na mesma linha. (Ex: 1 atm = 1,0 atm = 101, 325 kPa....... = 14,69595 psi).
A unidade de pressão atmosfera (atm), não deve ser confundida com o valor da pressão atmosférica local; o valor médio da pressão
atmosférica local apresenta uma redução de 0,012 atm (0,12 m.c.a. ou 120 kgf/m2), para cada 100 m de elevação acima do nível do
mar.
Para cálculos rápidos, envolvendo unidades de pressão, as seguintes simplificações podem ser utilizadas: 1 atm ≡ 1bar ≡ 10mca≡
100kPa ≡ 760 mmHg ≡ 1,0 kgf/cm2 ≡ 10.000 kgf/m2.
(1) Valores exatos.

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120 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

QUADRO 13 - Unidades de capacidade e equivalências


Unidade de capacidade Equivalência Unidade de capacidade Equivalência
Mililitro (mL) 0,001 L Hectolitro (hL) 2,75 bushels imperiais
Centilitro (cL) 0,01 L Hectolitro 2,84 bushels (bu)
Decilitro (dL) 0,1 L hL/ ha 1,15 bushels/acre (bu/acre)
Litro 1L Libra/acre 1,1208 kg/ha
Decalitro (daL) 10 L Litro (L) 0,03531 pé
Hectolitro (hL) 100 L Litro 0,26 gal
Quilolitro (kL) 1000 L Litro 1,06 cuartos (quarts)
Mirialitro (ML) 10 000 L Litro 2,113 pintas
Acre (pé de água) 325,851 gal L/ha 0,l gal/acre
Acre (polegada) 27,154 gal Maquia (2 celamins) 0,863 L
Almude 16,95 L Mililitro (mL) 0,03 onças (fluida)
Alqueire ou rasa 13,8 L Mililitro 0,27 dracmas
Barril (USA) 158,984 L Mililitro 0,00026 gal
Botelha (América Central) 0,67 L Moio 828 L
Bushel (bu) 35,2 L Oitava 1,725 L
Bushel 0,35 hL Onça 25,57 ml
Bushel imperial 0,36 hL Peck 0,25 bushel
Bushel por acre 0,87 hL/ha Pinta 0,568 L
Cahiz (12 fanegas) 6,661 hL Pinta 0,47 L
Canada (4 quartilhos) 2,0 L Pipa antiga 423 L
Celamim (l60 partes do alqueire) 0,431 L Pipa inglesa (Barrell) 163,55 L
Celemim (4 quartilhos) 4,6225 L Pipa moderna 500 L
Cuatos (quarts) 0,96 L Pote (6 canadas) 12 L
Decalitro(daL) 10,5 cuartos Quarta 3,45 L
Estere 1m 3
Quartão (1/4 parte do almude) 4,237 L
Fanega (12 celemim) 55,501 L Quartilho 0,5 L
Fanga (4 alqueires) 55,2 L Quartilho (4 oitavos) 1,156 L
Galão (Gal) 3,785 mL Quarto de galão 1,136 L
Galão 3,79 L Quintal (46 kg) 100 L
Galão imperial 4,55 L Tonel 840 L
FONTE: Dados básicos: Romero e Romero (1997).

QUADRO 14 - Equivalência de unidades de áreas brasileiras


Equivalência decimal
Unidade de área Medida
(m2)
Alqueire paulista 100 x 50 braças 24.200
Alqueire mineiro ou geométrico 100 x 100 braças 48.400
Cinqüenta ou quadro 50 x 50 braças 12.100
Quadra quadrada 60 x 60 braças 17.424
Quarta ou quartel 50 x 25 braças 6.050
Celamin ou salamin 25 x 12,5 braças 1.512,5
Litros de semente/ área 25 x 5 braças 605
Tarefa 12,5 x 12,5 braças 756
Quadra de sesmaria ou de campo 60 x 3.000 braças 871.200
“Mil covas” 25 x 25 braças 3.025
Milhão - 1.000.000

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 121

QUADRO 15 - Conversão de medidas de superfície QUADRO 16 - Outras unidades


Multiplique Por Para obter o  Unidades Equivalência
o no de equivalente em Atmosfera (atm) 14,71 lb/pol (psi)
Acres 40,468564224 Ares Atmosfera 1,033 g/cm2
BTU 0.000292282 kw/h
Acres 0,40468564224 ha
BTU 0,252 kcal
Acres 4046,8564224 m2 Galão/acre (gal/acre) 9,35 L/ha
Gramas/litro (g/l) 0,00834 lb������
/galão
Acres 1,562 x 10-3 Milhas2
Gramas/m2 (g/m2) 0,029 onças/jarda2
Acres 43560,0 Pés2 Graus centígrados (ºC) (+32) Graus Fahrenheit

Acres 0,0247105 Acres Graus Fahrenheit (ºF) (-32) Graus centígrados


Horse-power (HP) 1,014 cavalo-vapor (cv)
Acres 0,247105 Cadeias2 HP 0,75 kilowatt

Acres 119,599 Jardas2 Km/h 0,9 pés/s


Libras /acre 1,12 kg /hectare
Cadeias2 4,0468564224 Ares
Libras /pol2 (psi) 0,0703 kg/cm2

Cadeias2 404,68564224 m2 Libras-pé 0,138 quilogrâmetro


Metros de coluna de água (mca) 0,0968 atm
cm2 0,00107639 Pés2
m/seg 2,2 milhas/hora

cm2 0,15500 pol2 Milha/Hora 0,45 m/s


Quilocaloria (Kcal) 3,968 BTU
ha 2,47105 Acres
Quilograma/cm2(Kg/cm2) 14,22 lb����
/pol2
ha 0,00386102 Milhas2 Quilograma/m2 (Kg/m2) 0,2 lb���
/pé2
Watt (w) 0,102 kgm/s
ha 1,076 x 10 Pés2 FONTE: Dados básicos: Romero e Romero (1997).

Jardas2 0,00836127 Ares


QUADRO 17 - Conversão de unidades de velocidade
Jardas2 0,836127 m2
Multiplique o no de Por Para obter o equivalente em
m 2
0,00247105 Cadeias 2
m/seg 2,23694 milhas/h
m/seg 1,94384 Nós
m2 1,19599 Jardas2
Milhas/h 0,44704 m/ seg
m2 10,7639 Pés2
Milhas/h 0,868976 Nós
Milhas 2
258,99881103 ha Milhas/h 1,609344 km/h
mm/seg 0,196850 Pés/min
Milhas2 2,589988110 km2
mm/seg 2,36220 pol/min
mm2 0,00155000 pol2
Nós 0,514444 m/seg
Pés 2
929,0304 cm 2
Nós 1,15078 Milhas/h
Pés/min 0,5080 cm/seg
Pés2 0,09290304 m2
Pés/min 5,08 mm/seg
pol2 6,4516 cm2
Pés/seg 0,6818 Milhas/h
pol 2
645,16 mm 2
Pés/seg 0,5921 Nós
pol/min 0,423333 mm/seg
km2 247,105 Acres
km/h 0,621371 Milhas/h
km2 0,386102 Milhas2
km/h 0,5396 Nós
FONTE: Dados básicos: Fatores... (2008). FONTE: Dados básicos: Fatores... (2008).

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122 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

QUADRO 18 - Conversão de unidades diversas

Multiplique por 
Unidade Unidade
 Divide por

Vazão Litros/segundo (L/s) 3,60 Metros cúbicos/hora (m3/h) Vazão


0,001 Metros cúbicos/segundo (m3/seg)
951,12 Galões/hora (gal/h)
15,85 Galões/minuto (gal/min)
2,12 Pés cúbicos/minuto (pés3/min)
127,11 Pés cúbicos/hora (pés3/h)

Metros cúbicos/hora 16,67 Litros/minuto (L/min)


(m3/h) 1.000 Litros/hora (L/h)
4,403 Galões/minuto (gal/min)
264,18 Galões/hora (gal/h)
0,59 Pés cúbicos/minuto (pés3/min)
35,3147 Pés cúbicos/hora (pés3/h)

Pressão Libras/polegada 0,703 Metros de coluna de água Pressão


quadrada (psi) 2,31 Pés de coluna de água
0,0703 kg força/centímetro quadrado (kgf/m2)
51,72 Milímetros de mercúrio
0,06803 Atmosferas (atm)
0,06896 BAR

Metros de coluna 0,1 kg força/centímetro quadrado (Plgf/m2)


de água (mca) 3,28 Pés de coluna de água
76,56 Milímetros de mercúrio
0,0968 Atmosferas (atm)
0,09813 BAR

Volume Litro (L) 0,2642 Galões americanos (gal) Volume


0,001 Metros cúbicos (m3)
0,03531 Pés cúbicos (pés3)

Metro cúbico (m3) 264,20 Galões americanos (gal)


35,31 Pés cúbicos (pés3)

Comprimento Polegadas (‘) 25,4 Milímetros (mm) Comprimento


2,54 Centímetros (cm)
0,0254 Metros (m)
0,08328 Pés

Milímetros (mm) 0,003281 Pés


10 Centímetros (cm)

Peso Quilogramas (kg) 2,205 Libras (lb) Peso


35,27 Onças

Libras (lb) 16,00 Onças

Potência Cavalo-vapor (cv) 0,9863 Horse-power (HP) Potência


0,763 Quilowatts

Velocidade Metros por segundo 3,281 Pés/segundo (pés/s) Velocidade


(m/s) 196,80 Pés/minuto (pés/min)
3,60 Quilômetro/hora (km/h)

FONTE: Dados básicos: COOPARAÍSO (2005).

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v. 2 9 , n . 2 4 7 , p . 11 2 - 1 2 7 , n o v. / d e z . 2 0 0 8

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 123

QUADRO 19 - Depreciação de máquinas, veículos e implementos agrícolas (continua)


Item Duração Taxa de depreciação ao ano
(anos) (%)
Trator
De pneus 10 10,00
De esteira 10 10,00
Microtrator 7 14,28
Veículo
Caminhão 5 20,00
Carroça 10 10,00
Carro de bois 10 10,00
Carreta de trator 15 6,67
Implemento
Ancinho 12 8,33
Arado de disco e aiveca 15 6,67
Grade de disco 15 6,67
Carreta com pneus 15 6,67
Semeadora de linhas 15 6,67
Semeadora de grãos miúdos 20 5,00
Cultivador 12 8,33
Plaina 15 6,67
Colheitadeira de algodão 8 12,50
Colheitadeira de milho 10 10,00
Combinada automotriz 10 10,00
Combinada rebocada 10 10,00
Grade de dentes e de molas 20 5,00
Colhedeiras de forragens 10 10,00
Ceifadeira 12 8,33
Plantadeira 10 10,00
Bico de pato 5 20,00
Máquina de café 10 10,00
Máquina de debulhar milho 10 10,00
Desintegrador 20 5,00
Picadora de forragem 15 6,67
Motores elétricos 15 6,67
Serraria 20 5,00
Pulverizador 10 10,00
Ensiladora 7 14,28
Polvilhadora 10 10,00
Ordenhadeira 10 10,00
Carrinho de terreiro 8 12,50
Roçadora 10 10,00
Encerado/lona 6 16,67
Secador de cereais 10 10,00
Saco de colheita 3 33,33
Adubadora 8 12,50
Jacá 2 50,00

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v. 2 9 , n . 2 4 7 , p . 11 2 - 1 2 7 , n o v. / d e z . 2 0 0 8

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124 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

(conclusão)
Item Duração Taxa de depreciação ao ano
(em anos) (%)
Riscador 6 16,67
Rodo 2 50,00
FONTE: Dados básicos: Pinheiro (2007).

QUADRO 20 - Calendário permanente 1901 - 2036


A B
1901 - 2036 Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
25 53 81 09 4 0 0 3 5 1 3 6 2 4 0 2
26 54 82 10 5 1 1 4 6 2 4 0 3 5 1 3
27 55 83 11 6 2 2 5 0 3 5 1 4 6 2 4
28 56 84 12 0 3 3 0 2 5 0 3 6 1 4 6
01 29 57 85 13 2 5 5 1 3 6 1 4 0 2 5 0
02 30 58 86 14 3 6 6 2 4 0 2 5 1 3 6 1
03 31 59 87 15 4 0 0 3 5 1 3 6 2 4 0 2
04 32 60 88 16 5 1 2 5 0 3 5 1 4 6 2 4
05 33 61 89 17 0 3 3 6 1 4 6 2 5 0 3 5
06 34 62 90 18 1 4 4 0 2 5 0 3 6 1 4 6
07 35 63 91 19 2 5 5 1 3 6 1 4 0 2 5 0
08 36 64 92 20 3 6 0 3 5 1 3 6 2 4 0 2
09 37 65 93 21 5 1 1 4 6 2 4 0 3 5 1 3
10 38 66 94 22 6 2 2 5 0 3 5 1 4 6 2 4
11 39 67 95 23 0 3 3 6 1 4 6 2 5 0 3 5
12 40 68 96 24 1 4 5 1 3 6 1 4 0 2 5 0
13 41 69 97 25 3 6 6 2 4 0 2 5 1 3 6 1
14 42 70 98 26 4 0 0 3 5 1 3 6 2 4 0 2
15 43 71 99 27 5 1 1 4 6 2 4 0 3 5 1 3
16 44 72 00 28 6 2 3 6 1 4 6 2 5 0 3 5
17 45 73 01 29 1 4 4 0 2 5 0 3 6 1 4 6
18 46 74 02 30 2 5 5 1 3 6 1 4 0 2 5 0
19 47 75 03 31 3 6 6 2 4 0 2 5 1 3 6 1
20 48 76 04 32 4 0 1 4 6 2 4 0 3 5 1 3
21 49 77 05 33 6 2 2 5 0 3 5 1 4 6 2 4
22 50 78 06 34 0 3 3 6 1 4 6 2 5 0 3 5
23 51 79 07 35 1 4 4 0 2 5 0 3 6 1 4 6
24 52 80 08 36 2 5 6 2 4 0 2 5 1 3 6 1
C
D S T Q Q S S EXEMPLO:

1 2 3 4 5 6 7 25 de dezembro de 2008 vai cair em qual dia da semana?

8 9 10 11 12 13 14 a) na tabela A procure o ano 08, procure o 2o, uma vez que o 1o refere-se a 1908;
b) siga à direita, em linha reta na tabela B até a coluna do mês procurado (dezembro): achará
15 16 17 18 19 20 21
o no 1. Some este número (1) ao dia procurado (25);
22 23 24 25 26 27 28
c) com o resultado desta soma (26), vá à tabela C e, ache o dia da semana correspondente a
29 30 31 32 33 34 35
este número (quinta-feira).
36 37

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v. 2 9 , n . 2 4 7 , p . 11 2 - 1 2 7 , n o v. / d e z . 2 0 0 8

IA247.indb 124 16/12/2008 13:40:28


Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 125

QUADRO 21 - Distâncias rodoviárias (km) entre cidades (continua)


Cidades Belo Horizonte Brasília Curitiba Fortaleza Maceió Natal Porto Alegre Recife Rio de Janeiro Salvador São Paulo
Aracaju 1627 1826 2652 1309 283 791 3354 510 1959 347 2225
Barretos 663 671 837 3148 2575 3076 1535 2803 806 2030 429
Bauru 689 911 724 3171 2598 3102 1439 2826 780 2053 349
Belém 2827 2118 3234 1576 2336 2117 3936 2085 3273 2098 2917
Belo Horizonte - 720 994 2488 1898 2404 1709 2137 464 1355 586
Blumenau 1234 1653 250 3707 3134 3638 598 3362 1078 2589 649
Brasília 720 - 1420 2412 2103 2579 2136 2252 1175 1514 1015
Campina Grande 2207 2373 3198 799 324 289 3897 247 2530 903 2790
Campinas 585 926 504 3076 2494 2998 1203 2722 468 1949 97
Campo Grande 1484 1405 1071 3966 3480 3984 1786 3708 1475 2935 1046
Campos 565 1305 1107 2577 1956 2460 1806 2184 276 1411 699
Caruaru 2063 2229 3054 928 180 419 3753 134 2386 759 2646
Caxias do Sul 1575 1884 593 4044 3471 3975 135 3699 1408 2926 979
Chuí 2221 2534 1237 4694 4121 4625 523 4349 2058 3576 1629
Cuiabá 654 1142 1753 3775 3769 3706 2356 3430 2118 3226 1736
Curitiba 994 1420 - 3473 2904 3404 722 3116 837 2384 408
Feira de Santana 1239 1983 2264 1242 749 1253 2963 889 1586 116 1856
Florianópolis 1273 1713 300 3752 3194 3683 476 3395 1116 2663 699
Fortaleza 2488 2412 3473 - 1054 537 4172 805 2814 1360 3065
Foz do Iguaçu 1663 1415 659 4136 3563 4067 1378 3791 1494 3008 1065
Goiânia 907 210 1326 2850 2844 2781 2025 2505 1354 2301 918
Governador Valadares 324 1064 1315 2146 1591 2095 2014 1819 653 1035 907
Itabuna 1103 1843 2081 1609 988 1492 2780 1216 1250 443 1673
Jaguarão 2088 2401 1108 4561 3988 4492 403 4216 1925 3443 1496
João Pessoa 2255 2415 3226 688 372 180 3925 140 2568 938 2818
Juiz de Fora 251 997 915 2628 2055 2559 1614 2283 217 1510 507
Lages 1349 1655 377 3822 3249 3753 361 3477 1186 2704 757
Londrina 1147 914 390 3624 3051 3555 1108 3279 988 2506 554
Maceió 1898 2103 2904 1054 - 544 3599 258 2230 603 2496
Natal 2404 2579 3404 537 544 - 4103 308 2751 1119 3021
Niterói 485 1217 951 2973 2215 2719 1547 2443 20 1673 443
Passo Fundo 1643 1965 559 4116 3543 4047 290 3771 1396 2998 1051
Paulo Afonso 1741 1907 2732 869 348 779 3431 489 2061 471 2324
Pelotas 1947 2260 980 4420 3847 4351 262 4075 1784 3302 1320
Piracicaba 685 922 569 3186 2579 3087 1284 2812 585 2037 167
Ponta Grossa 1122 1191 114 3601 3028 3532 831 3256 962 2483 533
Porto Alegre 1709 2136 722 4172 3599 4103 - 3815 1550 3082 1121
Presidente Prudente 1031 966 598 3513 2940 3444 1313 3168 1022 2395 590
Recife 2137 2252 3116 805 258 308 3815 - 2461 833 2708
Ribeirão Preto 508 715 732 2999 2426 2930 1431 2654 715 1881 325
Rio de Janeiro 464 1175 837 2814 2230 2751 1550 2461 - 1702 429
Salvador 1355 1514 2384 1360 603 1119 3082 833 1702 - 1954
Santa Maria 1992 2298 1008 4465 3892 4396 337 4120 1829 3347 1400
Sant.Livramento 2198 2511 1217 4671 4098 4602 499 4326 2041 3553 1612
Santos 658 1087 413 3137 2563 3093 1115 2780 501 2044 72

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126 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

(conclusão)
Cidades Belo Horizonte Brasília Curitiba Fortaleza Maceió Natal Porto Alegre Recife Rio de Janeiro Salvador São Paulo
São José do Rio Preto 751 686 621 3233 2660 3164 1336 2888 828 2115 448
São Luís 2964 2246 3666 1076 1836 1607 4267 1595 2999 1614 3422
São Paulo 586 1015 408 3065 2496 3021 1121 2708 429 1954 -
Teresina 2509 1791 3198 623 1381 1164 3799 1137 2528 1119 2793
Uberaba 494 530 887 2976 2403 2907 1586 2631 968 1858 490
Uberlândla 590 420 994 3084 2511 3015 1693 2739 1076 1966 586
Uruguaiana 2226 2532 1242 4699 4126 4630 641 4354 2063 3581 1544
Vitória 495 965 1339 2333 1720 2224 2038 1948 525 1175 956
Vitória da Conquista 847 1587 1838 1635 1062 1566 2537 1290 1176 511 1430

QUADRO 22 - Valores médios de consumo energia de alguns aparelhos, equipamentos e motores elétricos
Equipamento Consumo Equipamento Consumo
(kw/h) (kw/h)
Lâmpada de filamento ( de 40 a 100 W) 0,04 a 0,10 Motor monofásico (110-220 v) (HP)
Lâmpada fluorescente (de 15 a 135 W) 0,02 a 0,14 1/20 0,08
Lâmpada a vapor de mercúrio 0,14 a 2,00 1/12 0,12
(135 a 2.000 W) 1/8 0,19
Rádio 0,08 1/6 0,23
Geladeira 0,40 1/4 0,32
Televisão 0,30 1/3 0,41
Ferro elétrico 0,45 1/2 0,58
Chuveiro elétrico 0,50 3/4 0,84
Liquidificador 0,25 1 1,07
Batedeira 0,10 1,5 1,15
Aspirador de pó 0,45 Motor trifásico (220 a 380 v) (HP)
Enceradeira 0,30 1/3 0,36
Máquina de lavar roupa 0,50 1/2 0,53
Barbeador elétrico 0,09 3/4 0,84
Batedeira doméstica 0,20 1 0,97
Desnatadeira (para 80 L) 0,25 1,5 1,45
Batedeira de manteiga (kg/h) 2 1,86
2,5 0,322 3 2,63
5,0 0,408 4 3,51
10,0 0,533 5 4,39
Beneficiador de arroz para pequena 6 5,27
produção (sacas/h)
7,5 6,58
1,5 2,63 10 8,67
2,2 4,39 12,5 10,90
3,5 6,58 15 13,00
Cerca elétrica 0,03 20 17,00
Misturador de ração (kg /h) Ordenhadeira mecânica
com motobomba central (baldes)
200 1,87 6 1,43
500 4,39 8 1,86
1.000 8,67 12 2,63

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Planejamento e gerenciamento da cafeicultura 127

Circunferência Trapézio

S= = 0,78d
2
a
4
.
S =a + b h
2
Retângulo
B

Cilindro reto com base circular


d
h

S=B.h h

r
Paralelograma

S lateral = 2 r h ou d h

Tronco de cone circular reto,


B com bases paralelas
S=B.h
r

Triângulo

L h
h R

b SL = L (R + r)
.
S= b h
2

Figura 1 - Áreas de algumas figuras geométricas


NOTA: S - área; SL - Área lateral do tronco do cone; L - Comprimento do lado do tronco
do cone; B ou b - base; h - altura; d - diâmetro; R ou r - raio; π - 3,14.

REFERÊNCIAS PINHEIRO, R.W. Administrando custos. Pa-


trocínio: FUNDACER, 2007. 15p.
COOPARAÍSO. Agenda do cafeicultor
2005/2006. São Sebastião do Paraíso, 2005. ROMERO, J.P.; ROMERO, J.C.P. Cafeicul-
FATORES de conversão de unidades. Dis- tura prática: cronologia das publicações e
ponível em: <http://www.metalica.com. dos fatos relevantes. São Paulo: Agronômica
br/pg_dinamica/bin/pg_dinamica.php?id_ Ceres, 1997. 400p.
pag=43> Acesso em: 1 set. 2008.
SISTEMA Internacional de Unidades. Dis-
PEREIRA, G.M.; MELO, C.R. Sistemas de uni-
dades. Aula prática 1: hidráulica geral.Dispo- ponível em: <http://www.novaeletronica.
nível em: <http//www.deg.ufla.br>. Acesso net/q/n1/sistema_internacional_de_medi-
em: 8 set. 2008. das.htm> Acesso em: 1 set. 2008.

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128 Planejamento e gerenciamento da cafeicultura

INSTRUÇÕES AOS AUTORES


INTRODUÇÃO Prazos e entrega dos artigos
O Informe Agropecuário é uma publicação seriada, periódica, Os colaboradores técnicos da revista Informe Agropecuário devem
bimestral, de caráter técnico-científico e tem como objetivo principal observar os prazos estipulados formalmente para a entrega dos
difundir tecnologias geradas ou adaptadas pela EPAMIG, seus trabalhos, bem como priorizar o atendimento às dúvidas surgidas ao
parceiros e outras instituições para o desenvolvimento do agronegócio longo da produção da revista, levantadas pelo coordenador técnico,
de Minas Gerais. Trata-se de um importante veículo de orientação e pela Revisão e pela Normalização. A não-observância a essas normas
informação para todos os segmentos do agronegócio, bem como de trará as seguintes implicações:
todas as instituições de pesquisa agropecuária, universidades, escolas a) os colaboradores convidados pela Empresa terão seus trabalhos
federais e/ou estaduais de ensino agropecuário, produtores rurais, excluídos da edição;
empresários e demais interessados. É peça importante para difusão b) os colaboradores da Empresa poderão ter seus trabalhos excluídos
de tecnologia, devendo, portanto, ser organizada para atender às ou substituídos, a critério do respectivo coordenador técnico.
necessidades de informação de seu público, respeitando sua linha O coordenador técnico deverá entregar à Divisão de Publicações
editorial e a prioridade de divulgação de temas resultantes de projetos (DVPU) da EPAMIG os originais dos artigos em CD-ROM ou pela
e programas de pesquisa realizados pela EPAMIG e seus parceiros. Internet, já revisados tecnicamente, 120 dias antes da data prevista para
A produção do Informe Agropecuário segue uma pauta e um circular a revista. Não serão aceitos artigos entregues fora desse prazo
cronograma previamente estabelecidos pelo Conselho de Difusão de ou após o início da revisão lingüística e normalização da revista.
Tecnologia e Publicações da EPAMIG, conforme demanda do setor O prazo para divulgação de errata expira seis meses após a data
agropecuário e em atendimento às diretrizes do Governo. Cada de publicação da edição.
edição versa sobre um tema específico de importância econômica
para Minas Gerais. Estruturação dos artigos
Do ponto de vista de execução, cada edição do Informe Agropecuário Os artigos devem obedecer a seguinte seqüência:
terá um coordenador técnico, responsável pelo conteúdo da publicação, a) título: deve ser claro, conciso e indicar a idéia central, podendo
pela seleção dos autores dos artigos e pela preparação da pauta. ser acrescido de subtítulo. Devem-se evitar abreviaturas, parên-
teses e fórmulas que dificultem a sua compreensão;
Apresentação dos artigos originais b) nome do(s) autor(es): deve constar por extenso, com nume-
Os artigos devem ser enviados em CD-ROM ou pela Internet, no ração sobrescrita para indicar, no rodapé, sua formação e títulos
acadêmicos, profissão, instituição a que pertence e endereço.
programa Word, fonte Arial, corpo 12, espaço 1,5 linha, parágrafo
automático, justificado, em páginas formato A4 (21,0 x 29,7cm). Exemplo: Engo Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTSM, Caixa Pos-
Os quadros devem ser feitos também em Word, utilizando apenas tal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico:
epamig@ufla.br;
o recurso de tabulação. Não se deve utilizar a tecla Enter para formatar
o quadro, bem como valer-se de “toques” para alinhar elementos c) resumo: deve constituir-se em um texto conciso (de 100 a 250
gráficos de um quadro. palavras), com dados relevantes sobre a metodologia, resulta-
dos principais e conclusões;
Os gráficos devem ser feitos em Excel e ter, no máximo, 15,5 cm
de largura (em página A4). Para tanto, pode-se usar, no mínimo, d) palavras-chave: devem constar logo após o resumo. Não
devem ser utilizadas palavras já contidas no título;
corpo 5 para composição dos dados, títulos e legendas.
As fotografias a serem aplicadas nas publicações devem ser e) texto: deve ser dividido basicamente em: Introdução, Desenvol-
recentes, de boa qualidade e conter autoria. Podem ser enviadas em vimento e Considerações finais. A Introdução deve ser breve e
enfocar o objetivo do artigo;
papel fotográfico (9 x 12 cm ou maior), cromo (slide) ou digitalizadas.
As foto-grafias digitalizadas devem ter resolução mínima de 300 DPIs f) agradecimento: elemento opcional;
no formato mínimo de 15 x 10 cm e ser enviadas em CD-ROM ou ZIP g) referências: devem ser padronizadas de acordo com o
disk, prefe-rencialmente em arquivos de extensão TIFF ou JPG. “Manual para Publicação de Artigos, Resumos Expandidos e
Não serão aceitas fotografias já escaneadas, incluídas no texto, em Circulares Técnicas” da EPAMIG, que apresenta adaptação das
Word. Enviar os arquivos digitalizados, separadamente, nas extensões normas da ABNT.

já mencionadas (TIFF ou JPG, com resolução de 300DPIs). Com relação às citações de autores e ilustrações dentro do texto,
Os desenhos devem ser feitos em nanquim, em papel vegetal, ou também deve ser consultado o Manual para Publicações da EPAMIG.
em computador no Corel Draw. Neste último caso, enviar em CD-ROM NOTA: Estas instruções, na íntegra, encontram-se no “Manual para
ou pela Internet. Os arquivos devem ter as seguintes extensões: TIFF, Publicação de Artigos , Resumos Expandidos e Circulares Téc-
EPS, CDR ou JPG. Os desenhos não devem ser copiados ou tirados nicas” da EPAMIG. Para consultá-lo, acessar: www.epamig.
de Home Page, pois a resolução para impressão é baixa. br, entrando em Biblioteca/Normalização ou Publicações.

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