Você está na página 1de 5

ITR E FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE PARA FINS AMBIENTAIS

Fábio Lima Dionizio - 2023050044 - UNIFACISA


Felipe Santos Vasconcelos - 2023051066 - UNIFACISA
Hortência Costa Freire de Morais - 2213050021- UNIFACISA
Isabelle Costa Pereira - 2213050014- UNIFACISA
Jose Carlos da Silva - 2013051146 - UNIFACISA
Renan de Oliveira Sousa - 2023050031- UNIFACISA

É sabido que os incentivos tributários são instrumentos indutores de boas condutas,


através de sua função extrafiscal. Estes podem ser fomentados na busca de um meio ambiente
ecologicamente equilibrado, através da estimulação aos indivíduos a serem protetores desse
ambiente, e não como instrumento sancionador para tributar de forma mais onerosa aqueles de
degradam o meio ambiente, pois, com base no artigo 3º do CTN, o tributo não pode ter a função
de sancionar. As práticas de degradação ao meio ambiente são punidas em outras esferas. Sendo
assim, esse trabalho pretende expor o Imposto Territorial Rural – ITR, exercendo sua função
social quando a propriedade rural atende a critérios e graus de exigência estabelecidos em lei,
utilizando e preservando adequadamente os recursos naturais disponíveis.

• Conceito de ITR e função social da propriedade


Como previsto no inciso VI do artigo 153º, da CF, a tributação sobre imóvel rural fica
sob domínio da União, assim o ITR tem uma apuração anual e pode ser cobrado diretamente pelo
município caso exista um convênio junto à união, voltando o seu fato gerador à propriedade,
domínio útil ou a posse do imovel por natureza, isso nos afirma que não existe a necessidade de
atividade econômica rural para que esse imposto seja cobrado mas caso exista, as cobranças serão
feitas levando em consideração a utilização do espaço e a localização fora da zona urbana do
município. Conceituando a afirmativa no Artigo 4ª do Estatuto da Terra, entendemos as
caracteristicas do imovel rural, sendo elas “Prédio rústico, área contínua, qualquer localização e
destinação para as atividades agrárias”, então podemos considerar que mesmo localizado fora da
zona rural a função social do imovel determinará a cobrança do ITR sendo utilizada no lugar do
IPTU o qual exerce domínio na cobrança urbana e é de competência municipal.
Essa cobrança aprecia diretamente o Artigo 186º da CF, o qual exemplifica a função
social que a propriedade rural atende, de maneira que a terra seja aproveitada racionalmente e de
forma adequada, viabilizando a utilização conveniente dos recursos naturais, garantindo
diretamente a preservação do meio ambiente, a função social também se aplica em relação ao
trabalho exercido no meio rural, precisa ser observado as questões trabalhistas e o bem estar de
quem a exploração favorece.
O ITR, tem como interesse desestimular a manutenção de propriedades
improdutivas, idealizando que a propriedade rural tem o intuito de produzir bem no interesse da
coletividade, assim, caso não exista essa prática econômica o estado por vez pode elevar os custos
da tributação para que as terra em domínio do proprietário sejam antieconômicas, o forçando a
produzir.

• A extrafiscalidade do ITR para fins ambientais


A priori, urge a análise do conceito de extrafiscalidade, para fins de entendimento da
temática. Nesse sentido, leciona Geraldo Ataliba (2009, s/p): “Consiste a extrafiscalidade no uso
de instrumentos tributários para obtenção de finalidades não arrecadatórias, mas estimulantes,
indutoras ou coibidoras de comportamentos, tendo em vista outros fins, a realização de outros
valores constitucionalmente consagrados”. Assim, extrai-se no ITR um exemplo importantíssimo
da extrafiscalidade, visto que estão atreladas ao tributo medidas que extrapolam o fim meramente
arrecadatório, buscando exercer influências positivas na questão ambiental.
Nesse contexto, consagrado constitucionalmente, surge a análise do art. 153, § 4°, I,
CF/88, onde estabelece que as alíquotas do ITR serão progressivas, conforme a área total do imóvel
e o grau de utilização da área rural, com intuito evidente de desestimular a manutenção de
latifúndios improdutivos, visto que, segundo critérios do art. 34 do Decreto n. 4.382/2002, as
alíquotas progressivas referentes às terras improdutivas não possuem nenhuma redução, ao passo
em que latifúndios que utilizam regularmente suas terras terão alíquotas quase que irrisórias.
Na mesma perspectiva, há, também, de se observar as imunidades como fator de
extrafiscalidade. Assim, como primeira hipótese tem-se a Imunidade em reforma agrária, onde o
ITR não incidirá sobre imóveis sobre imóveis declarados de interesse social à reforma agrária.
Ademais, temos a Imunidade e a função social da propriedade, onde o proprietário que não possui
outro imóvel poderá gozar da imunidade das pequenas glebas rurais. Destarte, tais medidas
destoam da mera arrecadação tributária, gerando maior produção agrícola e consequentemente
mais renda nas regiões rurais, combatendo de maneira direta o êxodo rural.

• Mecanismos de proteção ambiental na legislação através da aplicação do ITR


O ITR surgiu no ordenamento jurídico desde a Constituição de 1941, porém como
competência estadual, sendo transferido para competência da União somente na Constituição de
1967, porém sem repartição para os entes federativos. Contudo, a Constituição Brasileira de 1988
destaca o ITR como mecanismo para alterar a exploração e estrutura de terra no Brasil,
desestimulando propriedades improdutivas, conforme disposto no artigo 153, §4. Antes mesmo de
sua lei específica, já foi estabelecida a isenção do ITR para espaços protegidos ambientalmente no
artigo 104, da Lei Nº 8171/1991 (Lei de política agrícola). Em 1993, o Legislativo sancionou a
Lei nº 8.629\1993, que dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos à
reforma agrária, previstos no Capítulo III, Título VII, da Constituição Federal, definindo
“propriedades produtivas” no seu artigo 6º. Bem como, nos seus artigos 9º e 10º, atrelando o ideal
de função social à necessidade de equilibrar exploração da terra, gestão do meio ambiente e bem-
estar social.
Em 1994, foi aprovada a Lei 8.847\ 1994, que dispõe sobre o Imposto sobre a
Propriedade Territorial Rural (ITR) e dá outras providências, e foi revogado pela Lei 9.393/1996
com o objetivo de aumentar a abrangência do ITR. Bem como reitera a isenção de áreas de
conservação de recursos naturais e de proteção a ecossistemas (artigo 10º, II, b). Essa isenção só
será possível através de um cadastro (ADA) junto ao IBAMA, que é anexado a Declaração do ITR.
Então, para que o proprietário de imóvel rural possa excluir da base de cálculo do ITR estas
hipóteses previstas da Lei 9393/96, relacionados às áreas de preservação ambiental, deve cumprir
as exigências da Lei 12.651/2012, Código Florestal e nos regulamentos em nela se baseiam, e, a
Lei 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente) Artigo 17-O. Sendo assim, não são tributadas
estas áreas aqui descritas e sua definição e diferenciação está no Código Florestal brasileiro e na
Instrução Normativa 5/2005 do IBAMA: Áreas de preservação permanentes (APPs); Reservas
Legais (RL); Reserva particular do patrimônio natural (RPPN), Área de Interesse
ecológico;Servidão ambiental e Florestas Nativas.

• Declaração de Imposto sobre propriedade Territorial Rural, Cadastro ambiental


Rural e Ato declaratório ambiental
A declaração do ITR é realizada anualmente entre meados de agosto até o final de
setembro, onde é obrigatório para qualquer pessoa física ou jurídica que seja proprietária ou possua
qualquer título de imóvel rural, com exceção dos imunes ou isentos conforme o art. 2º da
INSTRUÇÃO NORMATIVA RFB Nº 2095, DE 18 DE JULHO DE 2022. No entanto, caso o
contribuinte na obrigação por lei não faça nesse período, resultará em multa. Os documentos
necessários para Declaração de Imposto sobre propriedade Territorial Rural (DITR), será
compostas pelos seguintes documentos de interesse da Receita Federal do Brasil (RFB), de acordo
com que rege os incisos I, II, e seu parágrafo único do art. 3º da INSTRUÇÃO NORMATIVA
RFB Nº 2095, DE 18 DE JULHO DE 2022.
A cobrança referente ao cálculo do imposto sobre a área total do imóvel, o proprietário
poderá se beneficiar com a exclusão de determinadas áreas não tributárias garantidas por Lei,
entretanto, deverá apresentar ao IBAMA o Ato Declaratório Ambiental (ADA) de acordo com o
art. 17º O, da Lei 6.938/81 "Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do
Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental -
ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no
9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria". O contribuinte cujo o imóvel rural
já esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural (CAR) deve informar seu respectivo número de
inscrição no DITR com exceção os imóveis rurais que seja imune ou isento conforme o parágrafo
único do art.7º da INSTRUÇÃO NORMATIVA RFB Nº 2095, DE 18 DE JULHO DE 2022.

• Discussões atuais e propostas futuras


A preocupação com o ITR continua sendo um tema atual e discutido rotineiramente
no âmbito social, jurídico e legislativo. Nessa perspectiva atualizaremos as discussões atuais e suas
propostas futuras. Dentre as discussões está as ações de ruralistas que causam perdas anuais de
contribuição na Amazônia. Em 2017, nos 9 estados que tem a floresta amazônica em seu
território, poderiam ter sido arrecadados R $1,5 bilhões de reais em Impostos Sobre Propriedade
Rural, porém o valor arrecadado nesse ano foi de apenas 420 milhões. Esse valor é 18x maior que
o valor ofertado pelo G7 (grupo de países mais ricos do mundo) para ajudar o governo a combater
as queimadas na Amazônia. Segundo pesquisadores, o déficit ocorre por conta de ações ruralistas
causadas pelos donos de terras. Eles maquiam valores dos imóveis, interferem na base de cálculo,
pressionam os governos e prefeituras por novas legislações que os beneficiem.
Outra discussão em tela é a possibilidade de aprovação da Lei 454/19, que altera a lei
9.393/96 mudando o formato de declaração e arrecadação do ITR. A autoria da proposição é do
deputado federal Valmir Assunção (PT/BA). Segundo o autor da proposta uma minoria de má fé
se aproveita do fato de que o ITR é um imposto autodeclaratório para subavaliar suas terras e pagar
menos imposto, por isso propõe mudar a forma de avaliar o valor da terra nua (VTN), que resultado
no valor a ser pago. O imposto passaria a ser pago mediante uma tabela de preços médios de terra,
disponibilizada e atualizada anualmente pela Receita Federal.
Neste ínterim, ainda citamos a proposta de Projeto isenta o ITR de imóveis rurais com
brigadas de incêndio. Lei 637/2021. O projeto de lei 637/21 formulado pelo deputado José
Medeiros (Pode-MT) propõe que os imóveis de zona rural que possuam brigadas de incêndio sejam
isentos de pagar o ITR, visando o incentivo às práticas e políticas ambientais. Segundo o deputado,
"Incentiva-se a preservação das florestas e a criação de brigadas de incêndio florestal particulares
e, ao mesmo tempo, concede-se aos proprietários rurais um benefício fiscal expressivo, capaz de
incentivá-los a fazer esse investimento. "A preservação do meio ambiente é o bem mais precioso
que podemos deixar como legado para as futuras gerações", disse o deputado. (Fonte: Agência
Câmara de Notícias). Segundo o projeto, para estar apto a isenção os imóveis, além de ter brigadas
de incêndio, devem estar em situação regular tanto na Receita Federal quanto no INCRA e
IBAMA.

• Considerações finais
Percebe-se que o ITR passou por diversas mudanças legislativas e ainda assim
manteve-se o objetivo extrafiscal de estimular a proteção ambiental. No entanto, tais mudanças
continuam sendo incapazes de inibir a alta sonegação, os conflitos entre o setor ruralista e setores
do legislativo, as dificuldades de fiscalização, a sua histórica arrecadação diminuída.

• Referências
ATALIBA, G. Iptu: progressividade. Revista de Direito Publico, v. 23, n. ja/mar. 1990, p. 233-
8, 1990Tradução . . Acesso em: 26 out. 2022.

• URLs
https://www.agrolink.com.br/noticias/projeto-isenta-de-itr-imoveis-com-brigada-de-
incendio_446949.html
https://www.agrolink.com.br/noticias/projeto-deve-aumentar-itr-no-ano-que-vem_459475.html
https://www.redebrasilatual.com.br/ambiente/acoes-de-ruralistas-causam-perdas-anuais-de-pelo-
menos-r-15-bilhao-para-amazonia/

Você também pode gostar