O documento discute a evolução do Direito Agrário no Brasil, definindo-o como o conjunto de normas que regulam as relações decorrentes da atividade agrária. Apresenta a história da ocupação do território brasileiro e a formação gradual do Direito Agrário, dividido em dois ciclos marcados inicialmente por questões fundiárias e hoje pela dinâmica do agronegócio.
O documento discute a evolução do Direito Agrário no Brasil, definindo-o como o conjunto de normas que regulam as relações decorrentes da atividade agrária. Apresenta a história da ocupação do território brasileiro e a formação gradual do Direito Agrário, dividido em dois ciclos marcados inicialmente por questões fundiárias e hoje pela dinâmica do agronegócio.
O documento discute a evolução do Direito Agrário no Brasil, definindo-o como o conjunto de normas que regulam as relações decorrentes da atividade agrária. Apresenta a história da ocupação do território brasileiro e a formação gradual do Direito Agrário, dividido em dois ciclos marcados inicialmente por questões fundiárias e hoje pela dinâmica do agronegócio.
O Direito Agrário pode ser definido como sendo o conjunto de normas de
direito privado e público que regulam as relações decorrentes da atividade
agrária (abrangendo a produção, o processamento, a comercialização e a agroindustrialização dos produtos agrícolas), com vistas ao desenvolvimento agrário sustentável em termos sociais, econômicos e ambientais. É papel do Direito Agrário normatizar e orientar as ações de Política Agrícola, a partir de um diálogo interdisciplinar e de caráter técnico. Antes de entender quando surge do Direito Agrário, é importante entender como se deu a formação do território nacional. A partir da ocupação de portugueses e espanhóis, os quais assinaram o tratado de Tordesilhas para partilhar o Novo Mundo, a parte de Portugal no território brasileiro foi ocupada a partir da concessão das Cartas de Sesmarias, que eram faixas territoriais com mais de 10 mil hectares que foram doadas pela coroa portuguesa para donatários que cuidaram dessas terras férteis em nome da coroa. Essa prática foi suspensa em 1822 e em 1891 a Constituição transferiu os direitos das terras devolutas aos Estados Federados. Nesse período, a história foi marcada por balbúrdia, confusão jurídica e social criada e grilagem oficializada, que perdurou até a promulgação do Estatuto da Terra, em 1964. Antes desse estatuto existiram órgãos regulatórios agrários, como a SUPRA – Superintendência da Política Agrária, criada pela Lei Delegada Nº 11 de 11 de outubro de 1962, que incorporou os serviços e patrimônio da Fundação Serviço Social Rural – SSR, criado pela Lei nº. 2.613/55; os serviços e patrimônio do Instituto Nacional de Imigração e Colonização – INIC, criado pela Lei nº 2.163, de 05/01/54; Os serviços e patrimônio da Carteira de Colonização do Banco do Brasil –S/A, criada pela Lei nº 2.237, de 19 de junho de 1954, e do Estabelecimento Rural de Tapajós , criado pela Lei nº 3.431, de 18 de julho de 1958, e localizado no município de Santarém, Estado do Pará e formado por Plantações FORD de Belterra e Forlândia ( norte-americanas) , adquiridas pelo Decreto-Lei nº 8.440, de 24 de dezembro de 1945, sendo transferidas ao Ministério da Agricultura pelo artigo 113 do Estatuto da Terra. O Direito Agrário enquanto ramo jurídico autônomo e especializado é fruto da modernidade, nascendo na Itália a partir da ruptura entre esta área e as normas do direto Privado, os quais regulavam as relações agrárias no âmbito jurídico até esse momento. No Brasil, surgiu de forma autônoma a partir da Lei nº4.504, de 30 de novembro de 1964, o chamado Estatuto da Terra, que conferiu à União o direito privativo de legislar no âmbito do Direito Agrário. Em seu art. 1º, a lei “regula os direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis rurais, para os fins de execução da Reforma Agrária e promoção da Política Agrícola”. Isto confere ao Estatuto da Terra a característica de ser reformador e técnico, prevendo uma série de institutos próprios e balizando ações de Política Agrícola que possuem uma preocupação com o desenvolvimento do setor agrário e a sua sustentabilidade, tendo como seu principal princípio a função social da propriedade. As normas e institutos de Direito Agrário contribuíram para uma mudança significativa no Brasil, consolidando-o como uma das principais potências mundiais na produção de alimentos e demais produtos agrícolas de origem vegetal e animal, sendo um grande exportador de produtos diversificados de alimentos, fibras de origem animal e vegetal, frutas, agroenergia (a exemplo de lenha, carvão, etanol, biocombustíveis e biogás) e produtos especiais com alto valor agregado (produtos orgânicos, vinhos e espumantes, azeites, madeira certificada, cafés especiais, flores, mel, borracha, etc). O primeiro ciclo do agrarismo no Brasil foi marcado pelo enfrentamento de questões fundiárias, mencionadas anteriormente. O Direito Agrário brasileiro vive hoje a fase do segundo ciclo do agrarismo, o qual é marcado pela dinâmica das cadeias produtivas e dos complexos agroindustriais, por conta do contexto do chamado agronegócio. Nessa via de mão dupla, também é possível constatar que a evolução do setor agrário brasileiro também traz reflexos diretos no objeto do Direito Agrário, diante da necessidade da regulação das novas relações jurídicas e da necessidade de apresentar soluções aos problemas jurídicos delas decorrentes. É por conta disso que a União Brasileira dos Agraristas Universitários – UBAU, atenta as transformações vivenciadas no setor agrário brasileiro e os seus respectivos reflexos na forma de pensar e estudar o Direito Agrário no Brasil, propõe a divisão do estudo do Direito Agrário brasileiro em dois ciclos evolutivos da disciplina, ressaltando que o Direito Agrário deve ser sempre estudado e pensado como uma ferramenta em prol do desenvolvimento agrário e da sustentabilidade.
Agronegócio e desconstrução de direitos territoriais de povos etnicamente diferenciados: ação política e efeitos sociais das formas contemporâneas de exploração agrária