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Professor Newton Jancowski Neto

Sumário

Reforma agrária e política agrícola....................................................................................02


Evolução histórica..............................................................................................................02
Reforma agrária..................................................................................................................03
Ações possessórias..............................................................................................................06
Embargos de terceiros.........................................................................................................09
Juizado Especial Cível- Lei 9099/95 ..................................................................................10
Usucapião ...........................................................................................................................13
Ação monitória......................................................................................................................15
Consignação em pagamento..................................................................................................17

@NEWJANCOWSKI
Professor Newton Jancowski Neto

POLÍTICA AGRÍCOLA E REFORMA AGRÁRIA

1. QUESTÃO HISTÓRICA E ABORDAGEM DA PROBLEMÁTICA CONTEMPORÂNEA

O problema fundiário do país não é recente, ele remonta a 1530, com a criação das capitanias hereditárias e do
sistema de sesmarias – grandes glebas distribuídas pela Coroa portuguesa a quem se dispusesse a cultivá-las, em
troca de uma parte da produção. Dessa forma, nascia o latifúndio. A Independência, em 1822, piorou o quadro, na
medida em que tornava inevitável a troca de donos das terras, que se deu sob a lei do mais forte, em meio à grande
violência. Os conflitos não envolviam trabalhadores rurais (quase todos escravos), mas proprietários e grileiros
apoiados por bandos armados. Só em 1850 o Império tentou colocar ordem no campo, editando a Lei das Terras.
A Lei de Terras do Brasil (Lei nº. 601) disciplinava as questões da terra e do trabalho rural, estabelecendo que as
terras devolutas somente poderiam ser adquiridas por compra. Tal lei, sem dúvida, constituiu-se num entrave ao
crescimento da pequena propriedade destinada à agricultura para produção de alimentos, ao mesmo tempo em que
favoreceu o grande proprietário rural, pois somente ele tinha recursos financeiros para efetuar a compra de grandes
áreas. O simples colono e o escravo não possuíam dinheiro.

O advento da República, em 1889, um ano e meio após a libertação dos escravos, tampouco fez melhorar o perfil
da distribuição de terras. O poder político continuou nas mãos dos latifundiários, também chamados de coronéis.
Apenas no final dos anos 50 e início dos anos 60, com a industrialização do país, é que a questão fundiária começou
a ser debatida pela sociedade, que se urbanizava rapidamente. Contraditoriamente, logo no início do regime militar
foi dado o primeiro passo para a realização da reforma agrária no país, com a elaboração do Estatuto da Terra (Lei
nº. 4.504, de 1964) e de outros Institutos que tinham por objetivo o desenvolvimento agrário e a reforma agrária.

Contudo, esta experiência não foi bem sucedida, tendo em vista que os projetos que foram implantados durante
este período não foram capazes de satisfazer as necessidades agrícolas. Em vez de dividir a propriedade, o
capitalismo impulsionado pelo regime militar brasileiro promoveu a modernização do latifúndio, por meio do
crédito rural fortemente subsidiado e abundante. O dinheiro farto e barato, aliado ao estímulo à cultura de soja –
para gerar grandes excedentes exportáveis – propiciou a incorporação das pequenas propriedades rurais pelas
médias e grandes. Nesse período, toda a economia brasileira cresceu com vigor – eram os tempos do “milagre
brasileiro”, o país urbanizou-se e industrializou-se em alta velocidade, sem ter que democratizar a posse da terra,
nem precisar do mercado interno rural. O projeto de reforma agrária foi esquecido e a herança da concentração da
terra e da renda permaneceu intocada. Somente em 1984, com a redemocratização, voltou à tona o tema da reforma
agrária. De grande fomento foi sua vinculação ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, ao qual imediatamente
se incorporou o INCRA. Desde então, a reforma agrária tem recebido grandes estímulos, com dotações
orçamentárias crescentes e importantes alterações legislativas. É de se ressaltar aqui, a importância dos
movimentos sociais pró-reforma agrária, como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), cujas
reivindicações se delineiam num panorama de mudanças político-sociais da ordem estrutural, enfatizando os
valores da ética e da moral, através de uma democracia participativa.

A Constituição brasileira de 1988 apresenta-se progressista no plano agrário, porém com traços conservadores
devido à herança cultural privada do país. Os institutos básicos de direito agrário (o direito de propriedade e a
posse da terra rural) são disciplinados e o direito de propriedade é garantido como direito fundamental, previsto
no art. 5º, XXII, da atual Lei Magna. O texto constitucional garante o direito de propriedade, porém, este direito
encontra-se mitigado, na medida em que a propriedade terá que atender a sua função social (art. 5º, XXIII), sob
pena de o proprietário ficar sujeito à desapropriação para fins de reforma agrária. Além disso, a propriedade volta
a ser incluída entre os princípios da ordem econômica, que têm por fim ”assegurar a todos existência digna,
conforme os ditames da justiça social” (art. 170, III).

De acordo com José Afonso da Silva, lembrando Fernando Pereira Sodero, “o regime jurídico da terra fundamenta-
se na doutrina da função social da propriedade, pela qual toda a riqueza produtiva tem uma finalidade social e
econômica, e quem a detém deve fazê-la frutificar, em benefício próprio e da comunidade em que vive” (da Silva,
José Afonso; Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo, Malheiros Editores, 2003, 22ª edição, pág.

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795). De acordo com a Magna Carta, em seu art. 186, para que a propriedade rural cumpra sua função social, ela
tem que atender, simultaneamente, a cinco requisitos: aproveitamento racional e adequado; utilização adequada
dos recursos naturais disponíveis; preservação do meio ambiente; observância das disposições que regulam as
relações de trabalho; e exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. Então, o
princípio da função social da propriedade na zona rural corresponde à idéia, já assente na doutrina jurídico-agrária,
de correta utilização econômica da terra e sua justa distribuição, de modo a atender ao bem-estar da coletividade,
mediante o aumento da produtividade e da promoção da justiça social.

2. REFORMA AGRÁRIA-Base legal: Lei 4.504/64 (Estatuto da Terra)

Art. 1° Esta Lei regula os direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis rurais, para os fins
de execução da Reforma Agrária e promoção da Política Agrícola.
§ 1° Considera-se Reforma Agrária o conjunto de medidas que visem a promover melhor
distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos
princípios de justiça social e ao aumento de produtividade.
§ 2º Entende-se por Política Agrícola o conjunto de providências de amparo à propriedade da
terra, que se destinem a orientar, no interesse da economia rural, as atividades agropecuárias, seja
no sentido de garantir-lhes o pleno emprego, seja no de harmonizá-las com o processo de
industrialização do país.
Art. 2° É assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade da terra, condicionada pela
sua função social, na forma prevista nesta Lei.

Dessa forma, a reforma agrária deve ser entendida como o conjunto de notas e planejamentos estatais mediante
intervenção do Estado na economia agrícola com a finalidade de promover a repartição da propriedade e renda
fundiária. O art. 184 da Constituição da República determina que a sanção para o imóvel rural que não esteja
cumprindo sua função social é a desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária, mediante prévia
e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação de seu valor real, resgatáveis no
prazo de até 20 (vinte) anos, a partir do segundo ano de sua emissão, em percentual proporcional ao prazo, de
acordo com os critérios estabelecidos nos incisos I a V, § 3º, do art. 5º da Lei nº. 8.629/93. Entretanto, as
benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. O Decreto que declarar o imóvel rural como de
interesse social, para efeito de reforma agrária, autoriza a União (competência exclusiva) a propor a ação de
desapropriação. As operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária bem como
a transferência ao beneficiário do programa, serão isentas (imunes) de impostos federais, estaduais e municipais
(art. 26, Lei n. 8.629/93; §5º, do art. 184, da CF/88). Para evitar o desvirtuamento dos objetivos da reforma agrária,
o art. 189 da CF determina que “os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária receberão
títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de 10 anos”.

A Constituição do Brasil indica como pressupostos da desapropriação, a necessidade pública, a utilidade


pública e o interesse social.

“Ocorre interesse social quando o Estado esteja diante dos chamados interesses sociais, isto é, daqueles diretamente
atinentes às camadas mais pobres da população e à massa do povo em geral, concernentes à melhoria nas condições
de vida, à mais eqüitativa distribuição de riqueza, à atenuação das desigualdades em sociedade (cf. M. Seabra
Fagundes, 1984: 287-288). O orçamento da União fixará, anualmente, o volume de títulos da dívida agrária e dos
recursos destinados, no exercício, ao atendimento do Programa de Reforma Agrária; devendo constar estes
recursos do orçamento do Ministério responsável por sua implementação e do órgão executor da política de
colonização e reforma agrária (INCRA). De acordo com o art. 185 da Constituição Federal, são insuscetíveis de
desapropriação para fins de reforma agrária: a pequena e média propriedade rural, desde que seu proprietário não
possua outra; e a propriedade produtiva.

Este artigo apresenta justificativa, tendo em vista que de nada adianta desapropriar uma pequena ou média
propriedade de uma pessoa para passar à outra, porque não resolve o problema agrário do País e gera um desgaste
político considerável; por outro lado, de nada adianta, e nem justo é, se tirar a grande propriedade de quem produz,
só porque é grande, e passar para quem, talvez, nunca tenha produzido e nem saiba fazê-lo. Não ficou ao arbítrio
da Administração Pública definir o que sejam propriedade rural, pequena propriedade, propriedade produtiva, nem
as hipóteses em que se consideram atendidos os requisitos da função social da propriedade. Todos esses conceitos

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estão contidos na Lei nº. 8.629/93, que dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos à
reforma agrária, previstos na Constituição.

A desapropriação não é feita somente de acordo com o art. 184 da Carta Maior, há também previsão constitucional
no art. 5º, XXIV, que diz que “a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade
pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro”. Dessa forma, as vedações
contidas no art. 185 da Constituição de 1988 fazem referência somente ao processo de reforma agrária constante
do art. 184, e não ao poder geral de desapropriação do art. 5º, XXIV. Enfim, pode-se dizer que, sendo para fins de
necessidade, utilidade pública, bem como interesse social, desde que não atrelado à reforma agrária, qualquer
imóvel, produtivo ou improdutivo, rural ou urbano, pequeno, grande ou médio, único do proprietário ou apenas
um entre muitos, pode ser desapropriado, mas a indenização deverá ser paga a vista e em dinheiro. Se, porém, a
desapropriação se fundar em interesse social, para fins de reforma agrária, não há como incidir sobre qualquer
propriedade produtiva, e nem tampouco sobre a pequena e a média, produtiva ou não, desde que seja a única de
que disponha o proprietário. Em relação às pequenas e médias propriedades, importante destacar que o Supremo
Tribunal Federal, por maioria de votos (6 x 5), concedeu mandado de segurança impetrado contra decreto
presidencial que declarou de interesse social para fins de reforma agrária imóvel rural que houvera se transformado
em média-propriedade somente após sua vistoria para fins expropriatórios. O STF considerou lícita a
argumentação de tratar-se de média propriedade e, portanto, insuscetível de reforma agrária. O tribunal entendeu
ser direito do proprietário do imóvel repartir sua propriedade, mesmo após a vistoria do imóvel para fins de reforma
agrária, devendo eventual divisão fraudulenta ser examinada em ação própria e jamais em sede de mandado de
segurança (Informativo STF nº. 80 – MS nº. 22.591 – Rel. Min. Moreira Alves, 20-8-97; tendo sido citados os
seguintes precedentes: MS nº. 21.010 e MS nº. 22.645). Assim, em outras palavras, podemos caracterizar a reforma
agrária como um conjunto sistemático de medidas destinadas a melhorar as condições do homem do campo, por
meio da utilização mais racional da terra. Além dos objetivos políticos sociais – permitir acesso à propriedade da
terra aos que nela trabalham, eliminar grandes desigualdades e impedir o êxodo rural, fixando o homem no campo
–, a reforma agrária tem objetivos econômicos: desconcentrar a renda e elevar a produção e a produtividade do
trabalho na agricultura.

As medidas abaixo expostas cobrem quatro setores diversos e cada um constitui uma reforma parcial. Ao
conjunto dessas reformas é que se atribui o nome reforma agrária.

Reforma processo de redistribuição da propriedade fundiária promovido pelo Estado, sobretudo em áreas
fundiária de agricultura tradicional e pouco produtiva. A redistribuição dos direitos de propriedade é feita
por meio da expropriação ou desapropriação e divisão dos latifúndios e grandes fazendas,
improdutivas em geral, com entrega de títulos de propriedade aos arrendatários, parceiros e
posseiros. Essa medida visa uma distribuição mais justa da propriedade do solo, portanto, o
governo deve incluir nessa operação as terras de sua propriedade, ou seja: terras devolutas,
terras da Federação, dos Estados e Municípios. Terras devolutas são bens de natureza dominical,
vale dizer, integram o patrimônio de pessoa jurídica de direito público, embora não destinadas
a uso público nem concedidas a particulares. São terras vagas, não aproveitadas, que podem ser
alienadas ou concedidas a particulares.

Terras devolutas são bens públicos patrimoniais ainda não utilizados pelos respectivos
proprietários, conceito dado pela Lei Imperial 601, de 18/9/1850 e tem sido aceito
uniformemente pelos civilistas.
Reforma compreende um conjunto de medidas destinadas a aumentar a produtividade de terras e mão-
agrícola de-obra agrícola, como: iniciação de técnicas avançadas de cultivo e assistência técnica; crédito
fácil e acessível; facilidades para o escoamento dos produtos a preços compensatórios; e escolas
e serviços médico-hospitalares locais.
Reforma entende-se pelo termo a reforma da empresa rural. Nem 10% dos trabalhadores no campo são
rural proprietários das terras que cultivam. A maior parte deles trabalha em regime de assalariamento,
parceiros ou arrendatários. Para certos tipos de cultura extensiva, a grande empresa rural pode
oferecer condições e melhorar a utilização da terra, pelas suas maiores possibilidades de atingir
grandes mercados e de renovar seus métodos e equipamentos. Mas a pequena propriedade rural,
que garante um teor de vida digno e identifica na mesma pessoa as figuras do operário e do
proprietário, é a mais sólida base da prosperidade agrícola de um país. A implantação de um
novo sistema de produção, com a integração dessas propriedades em cooperativas pode

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apresentar o regime rural ideal, porque atinge as vantagens econômicas da grande empresa, com
vantagens sociais que estas não podem oferecer.
Regime das os trabalhadores do campo necessitam, assim como os proprietários urbanos, de mecanismos
relações de de defesa legal. Reformar as relações de poder é conferir ao trabalhador do campo os recursos
Poder legais para reivindicar os seus direitos. Esses recursos são, principalmente, a organização do
sindicalismo rural e da justiça agrária.

3. POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA

Não se deve confundir reforma agrária com política agrícola, na medida em que esta é a política que orienta, no
interesse da economia rural, a atividade agropecuária, traçando planos, com a finalidade de harmonizá-la com o
processo de industrialização do país e de melhorar a utilização da terra, implementando a produção, o
aproveitamento da mão-de-obra rural e a colonização oficial e rural, atualizando a legislação e adaptando-a aos
planos e programas de ação governamental, e ainda, elevando o nível de vida rural. A política agrícola pode ser
entendida como ação própria do Poder Público que consiste na escolha de meios adequados para influir na estrutura
e na atividade agrária, a fim de obter um ordenamento satisfatório da conduta das pessoas que delas participam ou
a ela se vinculam, com o escopo de conseguir o desenvolvimento e o bem estar da comunidade Tal política deve
ser planejada e executada na forma da lei, exigindo a participação efetiva do setor de produção, envolvendo
simultaneamente produtores e trabalhadores rurais, bem como os setores de comercialização, de armazenamento
e de transportes. Deverá levar em conta sobretudo: os instrumentos creditícios e fiscais; os preços compatíveis
com os custos de produção e a garantia de comercialização; incentivo à pesquisa e à tecnologia; a assistência
técnica e a extensão rural; o seguro agrícola; o cooperativismo; a eletrificação rural e a irrigação; e a habitação
para o trabalhador rural. A Lei nº. 8.171/91, que dispõe sobre a política agrícola, regula que “entende-se por
atividade agrícola a produção, o processamento e a comercialização dos produtos, subprodutos e derivados,
serviços e insumos agrícolas, pecuários, pesqueiros e florestais”. Dispõe ainda o art. 8° que o planejamento agrícola
será feito em consonância com o que dispõe o art. 174 da Constituição, de forma democrática e participativa,
através de planos nacionais de desenvolvimento agrícola plurianuais, planos de safras e planos operativos anuais,
observadas as definições constantes da referida lei. A política fundiária, por sua vez, difere da política agrícola,
sendo um capítulo, uma parte especial desta, tendo em vista o disciplinamento da posse da terra e de seu uso
adequado (função social da propriedade). Nesse contexto, a política fundiária deve visar e promover o acesso à
terra daqueles que saibam produzir, dentro de uma sistemática moderna, especializada e profissionalizada.

CONCLUSÃO: Em conclusão, podemos asseverar que as políticas governamentais de acesso à terra no Brasil
não conseguem promover um pacto político de sustentação para um projeto de redistribuição de terras, apesar de
possuir um dos mais belos diplomas sobre a questão agrária (Lei nº. 4.504/64). Reforma agrária não consiste
apenas na entrega da terra a quem não a tem e a quer, precisamos sim de uma reforma acoplada à política agrícola,
que responda aos anseios do homem sem terra. A participação efetiva do público alvo na execução dos programas
de regularização fundiária é vital não só para adequá-las às expectativas da população, mas também para que os
ocupantes destas terras exercitem a sua cidadania. Na definição dos instrumentos legais para a regularização
fundiária deve-se adotar a negociação como forma de relação entre planejadores, executores e ocupantes, evitando
imposições e incentivando a discussão de princípios e práticas que favoreçam a melhoria da qualidade de vida e
fortalecimento da cidadania. Por tudo isso, a importância da reforma agrária é decisiva porque permite e consolida
a estabilidade econômico-financeira de um país. Nenhuma nação poderá ser próspera enquanto seu trabalhador
rural estiver na miséria social-econômica. Daí a necessidade premente da “libertação” destes trabalhadores, numa
base econômica de aliança harmônica entre o proprietário e os trabalhadores rurais. A reforma agrária não é contra
a propriedade privada no campo. Ao contrário, descentraliza-a democraticamente, favorecendo as massas e
beneficiando o conjunto da nacionalidade. É um imperativo da realidade social atual, devendo atender a função
social da propriedade, evitando-se assim, as tensões sociais e conflitos no campo. Uma reforma agrária no País,
moderada e sábia, será uma das causas principais do progresso nacional.

Bibliografia

SITE: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/politica-agricola-e-fundiaria-e-
reforma-agraria/. AUTOR: André Gonzalez Cruz

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DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS

Fungibilidade: Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça
do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados.
Novidade legislativa:

Art.554§ 1o No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão
feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais,
determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de
hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública.
§ 2o Para fim da citação pessoal prevista no § 1o, o oficial de justiça procurará os ocupantes no local por uma
vez, citando-se por edital os que não forem encontrados.
§ 3o O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista no § 1 o e dos
respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da
publicação de cartazes na região do conflito e de outros meios.

Cumulação de pedidos: Art.555, CPC


• condenação em perdas e danos;
• indenização dos frutos;
• imposição de medida necessária e adequada para evitar nova turbação ou esbulho; cumprir-se a tutela
provisória ou final.

Caráter dúplice:

Art. 556. “É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção
possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.”
Espécies:

Manutenção Reintegração interdito


-Prova da turbação; -Prova do esbulho; -Prova da ameaça de turbação ou
-Prova da continuidade da posse; -Prova da posse anterior; esbulho;
-Prova da posse; -Data do esbulho; -prova da posse;
-Data da turbação;

Esquema: Art.558 e seguintes, CPC.

PROCEDIMENTO ESPECIAL > POSSE NOVA> LIMINAR POSSESSÓRIA


PROCEDIMENTO COMUM > POSSE VELHA> SEM LIMINAR
*Liminar = inaudita altera pars
**Se o juiz tiver dúvida: audiência de justificação prévia;
*** Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem
prévia oitiva dos respectivos representantes judiciais.

Posse nova = turbação ou esbulho há menos de 1 ano e 1 dia.


Posse velha = turbação ou esbulho há mais de 1 ano e 1 dia.

Art. 565. “ No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afirmado na petição
inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da medida liminar,
deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias, que observará o disposto nos §§
2o e 4o.”

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ATENÇÃO >Art. 559. “Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou
reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência, responder por perdas
e danos, o juiz designar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução, real ou fidejussória, sob pena
de ser depositada a coisa litigiosa, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente.”

POSSE NO CÓDIGO CIVIL:

Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes
inerentes à propriedade.
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito
pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua
posse contra o indireto.
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva
a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem
e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos
possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou
quando a lei expressamente não admite esta presunção.
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam
presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.
Da Aquisição da Posse-Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício,
em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:
I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.
Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado
unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua
aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que nele estiverem.
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e
segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
§ 1 o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o
faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição
da posse.
§ 2 o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a
coisa.
Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a que tiver a coisa,
se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso.
Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro, que recebeu a
coisa esbulhada sabendo que o era.
Art. 1.213. O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às servidões não aparentes, salvo quando os
respectivos títulos provierem do possuidor do prédio serviente, ou daqueles de quem este o houve.
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de
deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis
reputam-se percebidos dia por dia.

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Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por
culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da
produção e custeio.
Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa.
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo
se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como,
quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá
exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito
de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.
Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção
ainda existirem.
Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar
entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual.
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual
se refere o art. 1.196.
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se
abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.

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DOS EMBARGOS DE TERCEIRO

-Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua
ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua
inibição por meio de embargos de terceiro.
Legitimado passivo: Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição aproveita, assim como o será
seu adversário no processo principal quando for sua a indicação do bem para a constrição judicial.
Legitimado ativo:
• terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor;
• o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação, ressalvado o
disposto no art. 843;
• o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada
em fraude à execução;
• quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da personalidade jurídica, de
cujo incidente não fez parte;
• o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de garantia, caso não
tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos.
PRAZO:
• A qualquer tempo no processo de conhecimento;
• no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular
ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.
Características:
• Os embargos serão distribuídos por dependência ao juízo que ordenou a constrição e autuados em
apartado;
• Nos casos de ato de constrição realizado por carta, os embargos serão oferecidos no juízo deprecado,
salvo se indicado pelo juízo deprecante o bem constrito ou se já devolvida a carta;
• prova sumária da posse na inicial;
• permitida prova da posse em audiência preliminar;
• prova da posse na inicial;
• Testemunhas arroladas na inicial;

Art. 680. Contra os embargos do credor com garantia real, o embargado somente poderá alegar que:
I - o devedor comum é insolvente;
II - o título é nulo ou não obriga a terceiro;
III - outra é a coisa dada em garantia.
Art. 681. Acolhido o pedido inicial, o ato de constrição judicial indevida será cancelado, com o reconhecimento
do domínio, da manutenção da posse ou da reintegração definitiva do bem ou do direito ao embargante.

@NEWJANCOWSKI
Professor Newton Jancowski Neto

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL-LEI 9099/95

CRITÉRIOS1: Art.2º

• Oralidade: procuração (art.9º,§3º)


• Simplicidade
• Informalidade: vide art.13§1º
• economia processual
• celeridade

GRATUIDADE: Art.54

• O acesso ao Juizado Especial independerá, em primeiro grau de jurisdição, do pagamento de custas,


taxas ou despesas.
• A sentença de primeiro grau não condenará o vencido em custas e honorários de advogado, ressalvados
os casos de litigância de má-fé. Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagará as custas e honorários de
advogado, que serão fixados entre dez por cento e vinte por cento do valor de condenação ou, não havendo
condenação, do valor corrigido da causa.
Exceção à gratuidade:
I - reconhecida a litigância de má-fé;
II - improcedentes os embargos do devedor;
III - tratar-se de execução de sentença que tenha sido objeto de recurso improvido do devedor

Competência:
Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de
menor complexidade, assim consideradas:
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo;
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil;
III - a ação de despejo para uso próprio;
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no inciso I deste artigo.
§ 1º Compete ao Juizado Especial promover a execução:
I - dos seus julgados;
II - dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de até quarenta vezes o salário mínimo, observado o disposto
no § 1º do art. 8º desta Lei.
§ 2º Ficam excluídas da competência do Juizado Especial as causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal
e de interesse da Fazenda Pública, e também as relativas a acidentes de trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade
das pessoas, ainda que de cunho patrimonial.
Competência para ajuizamento: Art.4º
I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local onde aquele exerça atividades profissionais ou econômicas
ou mantenha estabelecimento, filial, agência, sucursal ou escritório;
II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita;
III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas ações para reparação de dano de qualquer natureza.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação ser proposta no foro previsto no inciso I deste artigo.

Juiz Conciliadores Juízes Leigos


Investido no cargo por intermédio Recrutados preferentemente entre Recrutados entre advogados com
de provas e títulos. bacharéis em direito. mais de 5 anos de experiência.
Art. 5º O Juiz dirigirá o processo
com liberdade para determinar as

1
Objetivo da lei: conciliação ou a transação.

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Professor Newton Jancowski Neto

provas a serem produzidas, para


apreciá-las e para dar especial valor
às regras de experiência comum ou
técnica.
Partes
• pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários de direito de pessoas jurídicas
• as pessoas enquadradas como microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno
porte
• III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
• IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor
§ 2º O maior de dezoito anos poderá ser autor, independentemente de assistência, inclusive para fins de
conciliação.
ATENÇÃO!!!!!: Não poderão ser partes, no processo instituído por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas
jurídicas de direito público, as empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil. Art.8º
ATOS PROCESSUAIS E PECULIARIDADES
Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes comparecerão pessoalmente, podendo ser
assistidas por advogado; nas de valor superior, a assistência é obrigatória.
§ 1º Sendo facultativa a assistência, se uma das partes comparecer assistida por advogado, ou se o réu for
pessoa jurídica ou firma individual, terá a outra parte, se quiser, assistência judiciária prestada por órgão instituído
junto ao Juizado Especial, na forma da lei local.
Art. 10. Não se admitirá, no processo, qualquer forma de intervenção de terceiro nem de assistência. Admitir-se-
á o litisconsórcio.
***CUIDADO: Art.1066, CPC permite a desconsideração de personalidade jurídica. 2

PECULIARIDADES:
-Ato processual é público;
-Pode ser realizado em horário noturno (art.12);
-Contagem de prazos em dias úteis (art.13);
-Para que haja nulidade é necessário prejuízo (art.13,§1º, CPC);
-Apenas atos essenciais são registrados resumidamente. Art.13§3º
CITAÇÃO-Art.18
-Correspondência, com aviso de recebimento em mão própria;
-Tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será
obrigatoriamente identificado;
- sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente de mandado ou carta precatória.

Não se fará citação por edital.


REVELIA
JEC-Art.20, Lei 9099 CPC-Art.344
Não comparecendo o demandado à sessão de Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e
conciliação ou à audiência de instrução e julgamento, presumir-se-ão verdadeiras as alegações de fato
reputar-se-ão verdadeiros os fatos alegados no pedido formuladas pelo autor.
inicial, salvo se o contrário resultar da convicção do
Juiz
JUÍZO ARBITRAL-Art.24
• Não obtida a conciliação, as partes poderão optar, de comum acordo, pelo juízo arbitral;
• O árbitro será escolhido dentre os juízes leigos.
• Ao término da instrução, ou nos cinco dias subseqüentes, o árbitro apresentará o laudo ao Juiz togado
para homologação por sentença irrecorrível.
PROVAS: Art.32 e seguintes
Momento: audiência de instrução e julgamento, ainda que não requeridas previamente, podendo o Juiz limitar ou
excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias.
Espécies:

2Art. 1.062. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica aplica-se ao processo de


competência dos juizados especiais.

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Professor Newton Jancowski Neto

•Testemunhas: máximo de três para cada parte, comparecerão à audiência de instrução e julgamento
levadas pela parte que as tenha arrolado, independentemente de intimação, ou mediante esta, se assim for
requerido.
***O requerimento para intimação das testemunhas será apresentado à Secretaria no mínimo cinco dias
antes da audiência de instrução e julgamento.
• Técnica: Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá inquirir técnicos de sua confiança, permitida às
partes a apresentação de parecer técnico.
• Inspeção judicial: No curso da audiência, poderá o Juiz, de ofício ou a requerimento das partes, realizar
inspeção em pessoas ou coisas, ou determinar que o faça pessoa de sua confiança, que lhe relatará
informalmente o verificado.

RECURSOS3:
INOMINADO EMBARGOS DE REC.EXTRAORDINÁRIO
DECLARAÇÃO
-Prazo: 10 dias; -Prazo: 5 dias; -Prazo: 15 dias;
- julgado por uma turma composta -Interrompem prazo para o -Súmula 640, STF.4
por três Juízes togados, em inominado;
exercício no primeiro grau de -Mesmas hipóteses do CPC:
jurisdição, reunidos na sede do omissão, obscuridade, contradição
Juizado e erro material.
-Obrigatória representação por
advogado.
*******PREPARO: será feito,
independentemente de intimação,
nas quarenta e oito horas seguintes
à interposição, sob pena de
deserção.
- O recurso terá somente efeito
devolutivo, podendo o Juiz dar-lhe
efeito suspensivo, para evitar dano
irreparável para a parte.

Da Extinção do Processo Sem Julgamento do Mérito


Art. 51. Extingue-se o processo, além dos casos previstos em lei:
I - quando o autor deixar de comparecer a qualquer das audiências do processo;
II - quando inadmissível o procedimento instituído por esta Lei ou seu prosseguimento, após a conciliação;
III - quando for reconhecida a incompetência territorial;
IV - quando sobrevier qualquer dos impedimentos previstos no art. 8º desta Lei;
V - quando, falecido o autor, a habilitação depender de sentença ou não se der no prazo de trinta dias;
VI - quando, falecido o réu, o autor não promover a citação dos sucessores no prazo de trinta dias da ciência
do fato.
EXECUÇÃO:
-Título não excedente a 40 salários;
Embargos à execução (Art.52, IX):
-Nos autos da execução;
-Escritos ou verbalmente;
Hipóteses:
a) falta ou nulidade da citação no processo, se ele correu à revelia;
b) manifesto excesso de execução;
c) erro de cálculo;
d) causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, superveniente à sentença.

3 Não se admite ação rescisória. Art.59 Lei 9099/95.


4 É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada, ou por
turma recursal de juizado especial cível e criminal.

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Professor Newton Jancowski Neto

USUCAPIÃO

CONCEITO: aquisição de propriedade ou outro direito pelo transcurso do tempo, com observância dos requisitos
instituídos em lei. Posse prolongada (situação de fato alongada), que em certo intervalo de tempo se transforma
numa situação jurídica. Garante a estabilidade da propriedade, efetivando a funçaõ social da propriedade.

• Chamada de aquisição originário, porquanto trata-se de contato diretamente do possuidor com a coisa.

• Não incide pagamento de imposto de transmissão.

• Pode ser alegada como matéria de defesa (exceção de usucapião)

Características gerais:

Posse ad usucapionem ou usucapível: atos de mera tolerância não induzem a posse. Ex: comodato.

Aquisição originária: há contato direito entre a pessoa e a coisa. Sem a necessidade de um intermediário e
contrato.

Posse com intenção de dono (animus domini): deve ter como conteúdo a intenção psíquica do usucapiente em
se transformar em dono da coisa. Entra em cena o conceito de posse de Savigny, que tem como conteúdo o corpus
(domínio fático) e o animus domini (intenção de dono). Ex: locação e comodato não tem intenção de dono.

Quem não arca com o pagamento de IPTU ou condomínio não está agindo como dono. Atuar como dono
tem ônus e bônus.

Posse mansa e pacífica: é a posse exercida sem qualquer manifestação em contrário de quem tenha legítimo
interesse, ou seja, sem a oposição do proprietário do bem.

Posse contínua e duradoura e com determinado lapso temporal: a posse somente possibilita a usucapião se for
sem intervalos, sem interrupção.

Posse justa: a posse usucapível deve se apresentar sem os vícios objetivos, sem violência, clandestinidade ou
precariedade. Ex: não cabe usucapião de objeto de roubo.

Soma de posses: Art.1243, CC. Accessio possessionis: soma dos lapsos temporais entre os sucessores seja
intervivos ou mortis causa. Ex: continuar a posse do de cujus para fins de usucapião.

Imóvel público não é usucapível: Art. 102, CC. “Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião”.

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@NEWJANCOWSKI
Professor Newton Jancowski Neto

Posse de boa-fé e com justo título:

1.244. “Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem
ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião.”

-Não corre prazo de usucapião entre cônjuges na constância da sociedade conjugal.


-Não há usucapião entre ascedente e descedente durante o poder familiar.
-Não corre prazo entre tutelado e curatelado.
-Prazos não são contados contra os ausentes do país em serviço público.
MODALIDADES:

ORDINÁRIA (1242, CC) -Posse mansa, pacífica, ininterrupta com animus domini por 10 anos.
-Justo título e boa-fé (art.1201, CC).
**POSSE QUALIFICADA: redução para 05 anos se houver sido
adquirido onerosamente + registrado + cancelamento + moradia.
Chamada de usucapião ordinária por posse trabalho. Posse qualificada
pelo cumprimento de uma função social, em um sentido positivo.

EXTRAORDINÁRIA -Posse mansa, pacífica, ininterrupta, com animus domini por 15 anos
Art.1238, CC -Posse trabalho: o prazo cairá para 10 anos se o possuidor houver
estabelecido no imóvel sua moradia habitual ou realizado obras ou
serviço de caráter produtivo.
ESPECIAL RURAL -Usucapião agrária; rural ou pró-labore.
Art.1239, CC + 191, CF -Área não superior a 50 há, zona rural, posse de 05 anos ininterruptos e
com animus domini, imóvel para subsistência ou trabalho;
-Não pode ser proprietário de outro imóvel.
-Utilizável uma única vez.
ESPECIAL URBANA- -Constitucional ou especial urbana (pró-mísero).
Art.1240, CC + 183, CF. -Área urbana não superior a 250m²; mansa, pacífica, ininterrupta, sem
oposição, com ânimus domini, não ser proprietário de outro imóvel e 05
anos.
-Não pode ser utlizada mais de uma vez.
-Art.1240-A, CC: posse mansa, pacífica, ininterruta, 02 anos,
cônjuge que abandonou o lar e moradia.
**Se houver disputa judicial sobre o bem tem-se pretensão resistida, logo,
não permite usucapião.
**Se realizar notificação, afasta o prazo.
ESPECIAL URBANA Art. 10. “Os núcleos urbanos informais existentes sem oposição há mais
COLETIVA. Art.10, Lei de cinco anos e cuja área total dividida pelo número de possuidores seja
10.257/2001: inferior a duzentos e cinquenta metros quadrados por possuidor são
suscetíveis de serem usucapidos coletivamente, desde que os possuidores
não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural.”
-Núcleo urbano informal;
-Não há exigência da boa-fé;
-05 anos + até 250m² + moradia + zona urbana + não ser proprietário
de outro imóvel.
-Não pode ser proprietário de outro imóvel.
Especial indígena. Art.33, -10 anos;
Lei 6001/1973 (Estatuto do -Terra inferir a 50ha;
Índio). -Indígena5;

5
Art 4º Os índios são considerados:I - Isolados - Quando vivem em grupos desconhecidos ou de que se possuem
poucos e vagos informes através de contatos eventuais com elementos da comunhão nacional;II - Em vias de
integração - Quando, em contato intermitente ou permanente com grupos estranhos, conservam menor ou maior
parte das condições de sua vida nativa, mas aceitam algumas práticas e modos de existência comuns aos demais
setores da comunhão nacional, da qual vão necessitando cada vez mais para o próprio sustento;

14

@NEWJANCOWSKI
Professor Newton Jancowski Neto

-Posse mansa e pacífica.

DA AÇÃO MONITÓRIA-Art.700, CPC


ESQUEMA:

Rito comum ordinário Ação monitória Processo de execução


Inicial> citação>audiência de Cite-se para pagar em 15 Cite-se para pagar em 3
mediação/conciliação>contestação>réplica>organização
dias +5% de honorários; dias + 10% honorários.
e saneamento>audiência de instrução>razões
finais>sentença; -Se pagar em 15 dias, isento -Se pegar em 03 dias,
de custas; honorários pela metade;
Sentença>intime-se para pagar em 15% dias, sob pena -No prazo para embargos (15 -No prazo para embargos (15
de multa de 10% + 10% honorários > penhora
dias), pode parcelar, dias), pode parcelar,
mediante entrada de 30% e mediante entrada de 30% e
diferença em até 6x. diferença em até 6x.
-caso não pague em 15 dias, -Caso não pague em 3 dias,
ingressa na segunda fase da penhora.
ação monitória, ou seja: vira
título executivo e deve
cumprir: intime-se para
pagar em 15 dias.
Pressupõe uma cognição exauriente; Prova escrita sem eficácia de Cognição sumária.
Dilação probatória exacerbada título executivo. Exige título extrajudicial;
Título deve ser líquido, certo
e exigível.

Requisitos: prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor
capaz.
Pode exigir:
I - o pagamento de quantia em dinheiro;
II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel;
III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer.
Novidade legislativa: A prova escrita pode consistir em prova oral documentada, produzida
antecipadamente nos termos do art. 381.
Requisitos da inicial:
• Incumbe ao autor explicitar, conforme o caso a importância devida, instruindo-a com
memória de cálculo;
• o valor atual da coisa reclamada;
• o conteúdo patrimonial em discussão ou o proveito econômico perseguido.
• O valor da causa deverá corresponder à importância prevista no § 2o, incisos I a III.
Peculiaridades:
• É admissível ação monitória em face da Fazenda Pública.
• Na ação monitória, admite-se citação por qualquer dos meios permitidos para o
procedimento comum.

III - Integrados - Quando incorporados à comunhão nacional e reconhecidos no pleno exercício dos direitos
civis, ainda que conservem usos, costumes e tradições característicos da sua cultura.

15

@NEWJANCOWSKI
Professor Newton Jancowski Neto


O réu será isento do pagamento de custas processuais se cumprir o mandado no prazo
(15 dias);
• Constituir-se-á de pleno direito o título executivo judicial, independentemente
de qualquer formalidade, se não realizado o pagamento e não apresentados os embargos
previstos no art. 702;
• Aplica-se à ação monitória, no que couber, o art. 9166.
Embargos monitórios:
• Independem de segurança do juízo;
• nos próprios autos;
• podem se fundar em matéria passível de alegação como defesa no procedimento
comum;
• Quando o réu alegar que o autor pleiteia quantia superior à devida, cumprir-lhe-á
declarar de imediato o valor que entende correto, apresentando demonstrativo
discriminado e atualizado da dívida.
• A oposição dos embargos suspende a eficácia da decisão referida no caput do art.
701 até o julgamento em primeiro grau;
• Prazo para resposta: 15 dias;
• Cabe apelação contra a sentença que acolhe ou rejeita os embargos.

DA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

Judicial extrajudicial
-Bens ou valores; -Válido para depósito em dinheiro;
-Público ou particular; -Válido somente entre particulares;
-Depósito da coisa em juízo; -Chamada de bancária;
-Sentença vira título contra o autor. -Facultativa.
-Banco encaminha notificação extrajudicial
para o credor manifestar recusa no prazo de
10 dias.
-Caso haja recusa, tem-se o prazo de 30 dias
para ingresso da ação.

Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de
pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.
CONSIGNAÇÃO EXTRAJUDICIAL § 1o Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o
valor ser depositado em estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do
pagamento, cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de
10 (dez) dias para a manifestação de recusa. **

Competência: local do pagamento. Art.540, CPC


Prestações sucessivas: pode o devedor continuar a depositar, no mesmo processo e sem mais
formalidades, as que se forem vencendo, desde que o faça em até 5 (cinco) dias contados da
data do respectivo vencimento. Art.541, CPC

6 Parcelamento da dívida. 30% de entrada e diferença em até 6x.

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@NEWJANCOWSKI
Professor Newton Jancowski Neto

Requisitos da inicial: deve requerer:


• o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias
contados do deferimento;
• a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação.
Coisa indeterminada: Se o objeto da prestação for coisa indeterminada e a escolha couber ao
credor, será este citado para exercer o direito dentro de 5 (cinco) dias, se outro prazo não constar
de lei ou do contrato, ou para aceitar que o devedor a faça, devendo o juiz, ao despachar a
petição inicial, fixar lugar, dia e hora em que se fará a entrega, sob pena de depósito.
Alegações de contestação:
• não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa devida;
• foi justa a recusa;
• o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento;
• o depósito não é integral. Nesse caso deve indicar qual o valor devido.

Art. 545. Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, em 10


(dez) dias, salvo se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do
contrato.

A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que


possível, o montante devido e valerá como título executivo, facultado ao credor promover-
lhe o cumprimento nos mesmos autos, após liquidação, se necessária.

BIBLIOGRAFIA:

TARTUCE, Flávio. Direito Civil. Ed.Forense.

VENOZA, Silvio de Salvo. Direitos Reais. Ed.Atlas

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@NEWJANCOWSKI

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