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agrária
Apresentação
Seja bem-vindo!
Desde o descobrimento do Brasil, assim como em outras povoações e países mais antigos,
ocorreram conflitos pela disputa da terra, visto que todos buscam o acesso a este bem tão precioso
que permite a produção de alimentos, exploração e extração de recursos naturais.
A forma como o território brasileiro foi ocupado, desde essas épocas mais antigas, determinou
como seria a distribuição das terras, concentrando as titularidades de grandes áreas na mão de
poucos proprietários. Essa foi uma característica implementada historicamente, que gerou o
descontentamento de trabalhadores rurais e camponeses, assim como de oportunistas, que vieram
a pressionar o governo para implementar políticas públicas no intuito de promover a
democratização da terra, na busca de uma divisão mais igualitária do território.
Surgiu, então, a possibilidade de desapropriação por interesse social, sendo criado pelo governo um
programa exclusivo para atender às reivindicações sociais, a reforma agrária.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender conceitos e definições de todas as leis que
tratam e regulamentam especificamente a desapropriação de terras para fins de reforma agrária.
Bons estudos.
Diante da situação colocada, para auxiliar o Sr. Joselito, responda às seguintes questões:
a) Com relação à Fazenda Terra Boa, que foi invadida, há alguma medida administrativa ou judicial a
ser tomada? Se sim, qual? Explique.
b) A Fazenda Terra Boa poderá ser objeto de vistoria e avaliação pelo Incra ou de ação de
desapropriação para reforma agrária? Explique indicando a lei necessária para uma resposta
completa.
c) A Fazenda Esmeralda poderá ser objeto de vistoria e avaliação pelo Incra ou de ação de
desapropriação para reforma agrária? Explique.
Infográfico
Para verificar se a propriedade rural pode ser ou não objeto de desapropriação para fins de reforma
agrária, deve ser verificado se os índices de Grau de Utilização da Terra (GUT) e Grau de Eficiência
na Exploração (GEE) estão sendo cumpridos. Em caso positivo, a propriedade rural será considerada
produtiva. Se alcançados de forma irracional, de certa forma, a propriedade não estará cumprindo
com sua função social, e assim estará sujeita à desapropriação para fins de reforma agrária.
No infográfico a seguir, você vai aprender o que é o Grau de Utilização da Terra (GUT) e o Grau de
Eficiência na Exploração (GEE) e como calculá-los.
Aponte a câmera para o
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Conteúdo do livro
A busca pelo acesso à terra no Brasil não é recente; aliás, remonta lá no século XVI, quando do
descobrimento do Brasil pela frota comandada por Pedro Álvares Cabral, em 22 de abril de 1500.
Obviamente, à época, não existiam grupos organizados em movimentos sociais que buscavam o
acesso à terra, nem mesmo uma política pró-reforma agrária, mas no mesmo século do
descobrimento do Brasil houve diversos conflitos travados entre os índios e os portugueses em
razão do descontentamento dos nativos com a apropriação das terras brasileiras e exploração do
território, iniciando o que se pode chamar de disputa pelo acesso à terra.
Durante os séculos que sucederam o descobrimento, a ocupação do território brasileiro foi sendo
definida conforme as medidas políticas tomadas pela Coroa Portuguesa. Após a independência do
Brasil, em 7 de setembro de 1822, ocorreu a edição de uma das primeiras leis brasileiras a tratar do
direito agrário, a Lei n° 601/1850 – Lei de Terras –, estabelecendo a compra como a única forma
de acesso à terra, abolindo em definitivo o regime de sesmarias, mas também revalidando aquelas
posses já existentes, conferindo assim a propriedade ao detentor da posse. Esta lei é, portanto, o
marco inicial da questão fundiária brasileira.
Após esse breve compilado histórico, que tem relação estreita com o tema desta Unidade de
Aprendizagem, no capítulo Desapropriação de terras para reforma agrária, da obra Direito aplicado
ao agronegócio, você vai estudar os procedimentos de desapropriação de terras para reforma
agrária, tratando das disposições do Estatuto da Terra acerca do tema, do processo administrativo
conduzido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), bem como do processo
judicial.
Boa leitura.
DIREITO
APLICADO AO
AGRONEGÓCIO
Introdução
Durante os séculos que se sucederam ao descobrimento, a ocupação
do território brasileiro foi definida pelas medidas políticas tomadas pela
Coroa portuguesa, inicialmente implantando o regime de sesmarias,
com o objetivo de produzir alimentos e riqueza, proteger o território da
Coroa frente a nações ou povos estrangeiros e incentivar o povoamento.
Esse regime consistia na concessão de uma área de terra ao sesmeiro,
que deveria cultivar o solo sob pena de ter o direito de posse cassado.
Cumprindo as exigências do estatuto jurídico da sesmaria, o sesmeiro se
tornava dono da propriedade.
Uma das primeiras leis brasileiras relacionadas ao direito agrário foi
a de nº. 601, de 18 de setembro de 1850, chamada Lei de Terras. Ela
estabeleceu a compra como a única forma de acesso à terra, abolindo
em definitivo o regime de sesmarias, mas também revalidando aquelas
posses já existentes.
Esse é, portanto, o marco inicial da questão fundiária. Em vista desse
modelo de ocupação centralizador de terras, os movimentos de campo-
neses e trabalhadores do campo começaram a reivindicar ao governo
uma distribuição mais justa, culminando com a edição da Lei nº. 4.132,
de 10 de setembro de 1962, logo sucedida pelo Estatuto da Terra. Essas
normas regulamentaram a desapropriação para fins de reforma agrária.
A questão da reforma agrária enfrenta problemas históricos, com
finais trágicos tanto para proprietários quanto para reivindicantes. Mesmo
2 Desapropriação de terras para reforma agrária
O Estatuto da Terra
Anteriormente ao Estatuto da Terra, a primeira norma a regular a desapropria-
ção no Brasil, de que se tem notícia, é o Decreto de 21 de maio de 1821, que
estabelecia a proibição de se tomar alguma coisa de qualquer cidadão sem a
sua vontade. Posteriormente, a Constituição Política do Império do Brasil de
1824, a primeira Constituição brasileira, garantia a propriedade, mas também
a possibilidade de desapropriação mediante a prévia indenização do valor
do imóvel, se o bem público exigisse a propriedade do cidadão, ou seja, se a
necessidade pública assim exigisse.
No entanto, a lei que definiu os casos em que poderia ser desapropriado o
imóvel por interesse social e dispôs sobre sua aplicação foi a Lei nº. 4.132/1962,
logo sucedida pelo Estatuto da Terra — Lei nº. 4.504, de 30 de novembro de
1964 —, essa última editada durante o governo militar.
Para compreendermos a desapropriação de terras tratada pelo Estatuto
da Terra, vamos fazer um compilado dos dispositivos mais importantes da
norma, comentando assim definições, objetivos, características e meios para
a reforma agrária, segundo a lei em estudo.
É importante lembrarmos aqui que o Estatuto da Terra foi a lei que concebeu
a função social da propriedade, dispondo que é assegurada a oportunidade de
acesso à propriedade da terra, contanto que a propriedade desempenhe inte-
gralmente a sua função social. Verificamos então que, excetuadas a pequena
e média propriedade, conforme disposição da Constituição Federal de 1988,
caso o proprietário não atenda aos critérios exigidos para o cumprimento da
função social da propriedade previstos tanto no Estatuto da Terra quanto na
Constituição, estará sujeito a ter seu imóvel declarado como desapropriável.
Desapropriação de terras para reforma agrária 3
O Estatuto da Terra prevê que a desapropriação poder recair sobre todo o bem ou
sobre parte dele. No caso de uma desapropriação parcial, poderá ser solicitada pelo
expropriado a extensão da desapropriação sobre a outra parte, que restou inócua e
inservível. Esse direito é expressamente reconhecido no artigo 19 do Estatuto da Terra.
Veja que, apesar de a lei não dispor sobre ordem de preferência, enumera
a destinação das terras desapropriadas de forma a priorizar os trabalhadores
rurais que não possuem imóvel para produzir ou, ainda, aqueles que possuem
imóvel insuficiente para produção.
Após a vistoria, o Incra faz uma avaliação da terra nua e das benfeitorias
do imóvel. As benfeitorias devem ser pagas em dinheiro, à vista, e o valor da
Desapropriação de terras para reforma agrária 9
terra é pago por meio do lançamento de títulos da dívida agrária, pela secretaria
de Tesouro Nacional, conforme explica Scolese (2005).
Segundo Mello (2009, p. 877):
Até esse momento, o imóvel é apenas indicado como uma área possivel-
mente passível de desapropriação por interesse social nos moldes da legislação,
e ainda poderá o proprietário lançar uso de medidas judiciais para denunciar
a eventual coação por parte do Estado durante o procedimento.
Publicado o decreto presidencial, terá a União — por meio do Incra — o
prazo de dois anos para ingressar com a ação de desapropriação perante a
Justiça Federal da comarca da localização do imóvel, sendo que, decorrido
esse prazo, somente poderá distribuir nova ação após a publicação de novo
decreto presidencial, observando-se o lapso temporal mínimo de um ano.
Tal fato abre espaço para minuciosa apreciação do juízo, sendo certo que o
ideal seria a lei indicar explicitamente os pontos sobre os quais poderia ser
discutida a contestação.
Após receber a contestação, o juiz determinará a realização de prova
pericial, designando um perito judicial, formulando os quesitos que entender
necessários e concedendo às partes a apresentação de seus quesitos (art. 9°,
§ 1° e incisos da LC nº. 76/1993) (BRASIL, 1993a).
Conforme o art. 10 da referida Lei, concluída a perícia que avalia o imóvel
e define o seu valor, poderá haver acordo sobre o preço a ser homologado
por sentença. Porém, não havendo acordo, o valor que vier a ser acrescido ao
depósito inicial por força de laudo pericial acolhido pelo Juiz será depositado
em espécie para as benfeitorias, juntado aos autos o comprovante de lançamento
de títulos da dívida agrária para terra nua, como forma de integralização dos
valores ofertados.
Importante expor também que o direito de extensão, já conferido pelo Es-
tatuto da Terra, também é estabelecido pelo art. 4° e incisos da Lei Processual
da Reforma Agrária, permitindo que o proprietário requeira a desapropriação
de todo o imóvel desapropriado parcialmente, quando a área remanescente
ficar “[...] reduzida a superfície inferior à da pequena propriedade rural; ou
prejudicada substancialmente em suas condições de exploração econômica,
caso seja o seu valor inferior ao da parte desapropriada” (BRASIL, 1993a,
documento on-line).
Finalmente, será proferida a sentença na audiência de instrução e julgamento
ou em 30 dias após a fundamentação que motivou seu convencimento, devendo
o magistrado se ater a pontos relevantes estabelecidos pela lei, cabendo recurso
de apelação apenas contra a sentença que fixar o preço da indenização (arts.
12 e 13 da LC nº. 76/1993) (BRASIL, 1993a).
14 Desapropriação de terras para reforma agrária
Nesta Dica do Professor, você vai conhecer as características de cada um desses institutos e as
ações cabíveis em cada caso.
Acompanhe a seguir.
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Exercícios
B) Basta que a propriedade tenha alto índice de produtividade para cumprir a função social.
2) Acerca do tema desapropriação para fins de reforma agrária, asssinale a alternativa correta:
A) A pequena propriedade rural pode ser desapropriada desde que tenha baixa produtividade.
B) A desapropriação de propriedade rural por interesse social, para fins de reforma agrária, é de
competência privativa da União.
C) A grande propriedade rural não poderá ser desapropriada para fins de reforma agrária quando
comprovar estar sendo nela implantado projeto técnico, ainda que elaborado por profissional
sem habilitação.
D) Cabe aos estados promover a desapropriação de propriedade rural para fins de reforma
agrária, devendo ainda criar políticas públicas agrárias para fomentar a produção.
E) A pequena propriedade rural jamais poderá ser desapropriada, mesmo que seu proprietário
possua outra.
3) Qual é a denominação do direito que possui o proprietário de imóvel rural de exigir que o
Poder Público desaproprie a totalidade do bem expropriado parcialmente quando a parte
remanescente se tornar inútil ou de dificil utilização?
A) Desapropriação indireta.
B) Direito de extensão.
D) Direito de propriedade.
E) Retrocessão.
B) títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de dez anos, conferidos
apenas ao homem por ser este o único capaz de trabalhar na terra.
A) não é possível a imissão na posse no processo de desapropriação por interesse social para
fins de reforma agrária.
As matérias de defesa na contestação de ações de desapropriação são bem restritas, mas devem
ser oferecidas neste momento, sob pena de não poderem alegá-las posteriormente. O prazo para
oferecer a contestação é de 15 dias e, nos termos do artigo 9º da Lei Complementar nº
76/1993, somente poderá versar sobre matéria de interesse da defesa, não podendo ser
questionada a declaração de interesse social.
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