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Setembro de 2009
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Plano de trabalho
1. Introdução
Conclusões
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1. Introdução
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Na Guiné-Bissau, a questão da titularidade da propriedade e da sua
gestão racional tem suscitado, não menos frequentemente, debates públicos.
Pelo curto passeio nos Bairros de Bissau, salta logo à vista a questão de
uma falta de política racional e eficiente de gestão dos solos.
As principais referências dos Bairros de Bissau que podem marcar logo
a atenção de um transeunte são: conjunto de casas precárias; falta de acesso
das habitações à via pública; falta de esgotos públicos e saneamento básico.
Ou seja, percebe-se logo pala representação destes aspectos, que são
matérias nucleares do Direito do Urbanismo, que ainda que possam existir
algumas normas jurídicas a esse respeito, não se pode falar, na verdade, da
existência do Direito de Urbanismo na Guiné-Bissau, na medida em que as
supostas normas não conseguem modelar a conduta de maior parte dos seus
destinatários.
1
Publicada no B. O. n.º 1 de 4 Janeiro de 1975.
3
Junho de 1948 sobre a expropriação de imóveis, ainda hoje em vigor na Guiné-
Bissau.
A par destas legislações o Estado foi adoptando, depois da
independência, legislações avulsas, com incidência sobre utilização e
aproveitamento dos solos, as mais das vezes contraditórias, mormente no que
diz respeito à questão da titularidade da propriedade do solo.
1.2. Delimitação
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O Regulamento foi aprovado pelo Decreto n.º 43894, de 6 de Setembro de 1961 e publicado
no Suplemento ao Boletim Oficial n.º 38.
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i) O desordenado crescimento das infra-estruturas urbanísticas e dos
equipamentos sociais;
ii) Afastamento de locais de trabalho dos habitantes;
iii) Repercussões nos orçamentos familiares e na economia geral.
Portanto, o solo não pode ser tratado no comércio como um bem móvel.
Ou seja, esclarecendo-se, a necessidade de intervenção da Administração nos
solos se justifique a dois níveis: resolver o problema da disponibilidade de solos
à geração presente e futura para os diferentes usos, v.g., urbanização e
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construção, agricultura, pecuária e espaços de lazeres; combater a
especulação fundiária e incentivar a reconstrução e a reabilitação em
detrimento das novas construções.
3
Uma fonte a que conseguimos ter acesso fala da aprovação da proposta em causa no Conselho de
Ministros.
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Territorial e da Zona Económica Exclusiva, respectivamente a 12 e 200 milhas
marítimas e acolhe o conteúdo da Sentença Arbitral de 14 de Fevereiro de
1985, sobre a delimitação das fronteiras marítimas entre a República da Guiné-
Bissau e a República da Guiné.
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pela Guiné-Bissau em 25 de Maio de 19864, e entrou em vigor em 16 de
Novembro de 1994, ou seja, um ano depois do depósito do sexagésimo
instrumento de ratificação pela Guiana, ex vi do disposto no art. 308.º, n.º 1 do
respectivo texto.
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Sobre a data da ratificação da Convenção pela Guiné-Bissau, vide a lista cronológica de
ratificações, adesões e sucessões à Convenção Unidas, de 20 de Julho de 2009, disponível no
http://www.un.org/Depts/los/reference_files/chronological_lists_of_ratifications.htm#The United
Nations Convention on the Law of the Sea.
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Esclarecendo, nos termos do art. 87.º, da CRGB, a Assembleia Nacional
é o único órgão com competência para dizer a quem pertence a propriedade da
terra na Guiné-Bissau, quais são os poderes do seu proprietário, como é que
os terceiros poderão ter acesso ao uso do solo, al. b); é também à Assembleia
Nacional Popular a entidade que cabe fixar os limites do Mar Territorial e da
Zona Económica Exclusiva.
BASE I
«O solo, na totalidade do território nacional, quer seja urbano, rústico ou
urbanizado, é integrado no domínio público do Estado, sendo insusceptível de
redução a propriedade particular».
BASE II
«Sem prejuízo dos direitos dominiais do Estado sobre os terrenos em
que estão implantados, são continuados os direitos dos particulares sobre as
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construções, culturas e quaisquer benfeitorias realizadas nesses terrenos, os
quais se consideram em seu uso e fruição a título de concessão».
BASE III
«As construções, culturas e outras benfeitorias a que se refere a base
precedente deverão revelar, para que se produza o efeito nela prescrito, uma
ocupação evidente e uma valorização efectiva do terreno».
BASE IV
«O Conselho dos Comissários de Estado fixará, por decreto, as
modalidades de concessão de terrenos».
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Vista estas normas isoladamente, à partida, podia-se pensar que é de
todo impossível a fruição dos solos pelos particulares.
Todavia, não obstante a nacionalização dos solos pelo Estado e não
obstante a distinção clara feita pela Constituição entre o que pertence ao
Estado e o que pode pertence aos particulares, a Constituição de 1984 permite
o acesso dos particulares à exploração da propriedade estatal, através da
concessão, desde que esta sirva o interesse geral e aumenta as riquezas
sociais.
Pelo art. 12.º, n.º 1, estabelece que «na República da Guiné-Bissau são
reconhecidas as seguintes formas de propriedade:
a) A propriedade do Estado, património comum de todo o povo;
b) A propriedade cooperativa que, organizada sob a base de livre
consentimento, incide sobre a exploração agrícola, a produção dos
bens de consumo, artesanato e outras actividades fixadas por lei;
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c) A propriedade privada, que incide sobre bens distintos dos do
Estado».
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Estado estava a pensar mais naquelas propriedades integradas no domínio
público do Estado e não em todas as propriedades do Estado.
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Ainda que se admite o acesso dos particulares à exploração dos solos a título de direito de uso
privativo, o legislador guineense, muito provavelmente, consciente de que a concessão poderá levar à
retenção de grandes porções ilimitadas de solos a favor das pessoas com maior poder económico em
detrimento da maioria, procurou estabelecer limites máximos de áreas geográficas sobre as quais um
os
particular pode ser titular de direito de uso privativo. Vide o disposto no art. 15.º, n. 4 e 5 da Lei da
Terra.
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qualquer que seja a forma da sua utilização e exploração». E no art. 4.º, n.º 1
estabelece que «a todos os cidadãos é reconhecido, nos termos da presente
lei, o direito de uso privativo da terra, sem discriminações de sexo, de origem
social ou de proveniência dentro do território nacional». E acrescenta o número
2 do mesmo artigo: «para fins de exploração económica, habitacional, de
utilidade social e outras actividades produtivas e sociais, o Estado pode conferir
direitos de uso privativo das terras a entidades nacionais ou estrangeiras,
individuais ou colectivas, tendo em conta o interesse nacional superiormente
definido nos planos e nos objectivos de desenvolvimento económico e social».
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No caso, porém dos solos, a Lei da nacionalização, na sua BASE I,
estatui expressamente que estes, na totalidade do território nacional, são
integrados no domínio público do Estado.
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3.3. O acesso dos particulares ao solo e as suas condicionantes
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A redacção deste artigo não é muito clara, pode sugerir a interpretação
de que existem terrenos sobre os quais não se podem constituir direitos de uso
privativo. Na verdade, o que pretende salvaguardar são apenas os direitos dos
particulares sobre solos objectos de concessões anteriores ou do uso
consuetudinário, solos ocupados pelo Estado para fins de utilidade pública e
solos incluídos na zona de protecção integral de uma área protegida.
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ecossistemas sensíveis através das áreas protegidas. Com efeito, estabelece-
se no n.º 1 deste artigo que são acolhidos na Lei da Terra os conceitos e as
provisões constantes da Lei-Quadro das áreas protegidas e da legislação
complementar. Em segundo lugar e em estreita sintonia com a Lei-Quadro das
Áreas Protegidas, prevê-se, no n.º 2 do artigo em apreço, que as terras
localizadas em áreas protegidas, salvo se incluídas em zonas de protecção
integral, podem ser objecto de uso privativo, desde que as actividades aí
desenvolvidas não contrariem o disposto na legislação ambiental. E na mesma
ordem de ideia, estatui-se, no n.º 3º do artigo em causa, que «é garantido o
direito de acesso das populações residentes nas Comunidades Locais aos
Matos Sagrados e a outros sítios de importância cultural e social situados no
interior das áreas protegidas».
Já nos termos do art. 13.º, consagra deveres aos quais ficarão adstritos
os titulares do direito de uso privativo na utilização do solo. De acordo com o
n.º 1 deste artigo «a utilização dos terrenos dominiais objecto de uso privativo
deverá respeitar os princípios da adequação dos sistemas de produção às
características ecológicas da região, da plena e racional utilização dos solos,
bem como da manutenção da sua capacidade de regeneração».
E no art. 15.º n.º 3, estabelece-se que «as áreas dos terrenos afectos a
cada exploração agrícola, resultantes da atribuição de direitos de uso privativo,
terão como base uma racional articulação entre a dimensão e o rendimento
fundiário, tendo em especial atenção a capacidade de uso e de regeneração
dos solos e as culturas a explorar, de forma a conseguir-se o dimensionamento
e o ordenamento adequado da exploração».
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3.3.1. O contrato administrativo de concessão de uso privativo
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fins também múltiplos diferentes dos do Estado que outorga, em nome do
Estado (art. 29.º, n.º 3 da lei da Terra).
Na verdade, aos Municípios Compete a gestão das terras urbanas e
suburbanas situadas sob a sua jurisdição, em conformidade, entre outros, com
os forais municipais, os códigos de postura municipais, regulamento geral dos
edifícios urbanos e os planos de urbanização em vigor (art. 43.º da Lei da
Terra).
A resposta a esta questão é nos dada pelo disposto nos arts. 4.º, n.º 1, 2
e 30.º da Lei da terra.
Adianta o n.º 1 do art. 4.º que «a todos os cidadãos é reconhecido, nos
termos da presente lei, o direito de uso privativo da terra, sem discriminações
de sexo, de origem social ou de proveniência dentro do território nacional». E
no n.º do mesmo artigo, estabelece-se que «para fins de exploração
económica, habitacional, de utilidade social e outras actividades produtivas e
sociais, o Estado pode conferir direitos de uso privativo das terras a entidades
nacionais ou estrangeiras, individuais ou colectivas, tendo em conta o interesse
nacional superiormente definido nos planos e nos objectivos de
desenvolvimento económico e social».
Nos termos do art. 30.º, n.º 1, prevê-se que «toda a pessoa singular ou
colectiva, nacional ou estrangeira, com capacidade jurídica, pode ser titular de
direitos de uso privativo da terra, nos termos do presente diploma».
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3.3.1.2.3. Forma e formalidade do contrato de concessão
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nos casos previstos nos n.os 4 e 5 de artigo 15.º da Lei da Terra; a indicação do
parecer dos representantes das Comunidades Locais, no caso de concessão
de terras em áreas no regime de uso consuetudinário (art. 34.º, n.º 2, als. a), b),
c), d), e), f) e g), da Lei da Terra).
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notificação da entidade concedente e à Comissão Fundiária Nacional e ao
registo, no prazo de 30 dias (art. 23.º, n.º 7, da Lei da Terra).
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Feitas estas considerações torna-se necessário chamar atenção para a
necessidade de distinguir a onerosidade do contrato administrativo de
concessão do imposto fundiário.
Dizer que o contrato administrativo pode ser gratuito não significa
necessariamente que o seu concessionário fica também isento de pagamento
de imposto fundiário.
O legislador foi muito cauteloso na distinção das duas figuras. Assim, no
art. 11.º fala da onerosidade do contrato administrativo de concessão de direito
de uso privativo e do art. 38.º a art. 41.º fala do regime do imposto e das taxas
fundiários.
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3.3.1.2.6. Modos de extinção do direito de uso privativo
constituído por concessão
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a) - Caducidade do contrato pelo decurso do prazo de vigência
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concessão de superfície? É o que vamos procurar saber nas alíneas que se
seguem.
Fala o art. 24.º, n.º 1, al. b), da Lei da Terra da extinção do direito de uso
privativo por morte da pessoa singular, na falta da sucessão legítima.
A esse propósito pode-se questionar se o contratado de concessão de
superfície pode extinguir mesmo por morte da pessoa singular se não houver
lugar à sucessão legítima.
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legítima, mas da extinção do direito de uso privativo por reunião na mesma
pessoa do direito de uso privativo e do direito da propriedade.
Igual resposta vale aqui para a questão de saber se pode extinguir o
contrato administrativo de concessão rural por morte da pessoa singular se não
houver lugar à sucessão legítima.
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e) – Caducidade do contrato pela exploração por utilidade pública
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De novo, no art. 6.º, n.º 1, estabelece-se que «a expropriação pode
abranger toda a área destinada a urbanização, conforme o plano
estabelecido». E no n.º 6 do mesmo artigo, prescreve-se que «quando a
expropriação se não consumar por motivo de alteração do primitivo plano, o
proprietário terá direito a ser compensado dos prejuízos directa e
necessariamente resultantes de o prédio ter sido reservado para
expropriação».
iv) No art. 10.º, n.º 1, estabelece-se que, pela expropriação, será arbitrada a
justa indemnização com base no valor real dos bens expropriados,
devendo sempre calcular-se o valor da propriedade perfeita. Deste
valor sairá o que deva corresponder a quaisquer ónus ou encargos.
No caso de expropriação de prédios rústicos, destinada a obras de
urbanização ou abertura de grandes vias de comunicação, a norma
do art. 10.º, n.º 1, terá, entre outras, as seguintes modificações,
quanto ao valor do terreno: a indemnização terá por base o valor
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real, aumentado de 20% da mais-valia resultante do novo destino
permitido pelas obras ou melhoramentos projectados (art. 11.º, n.º 1,
al. a)); nos concelhos em que vigorar o regime de cadastro
geométrico da propriedade rústica, o valor do terreno será
determinado pelo rendimento colectável, acrescido de 20% da mais-
valia (art. 11.º, n.º 1, al. b)).
f) – Rescisão do contrato
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imputáveis à entidade concedente que impeçam o normal e pontual
cumprimento da sua actividade (art. 26.º, n.º 2, da Lei da Terra).
Regra geral, a extinção dos direitos de uso privativo por qualquer das
causas que acabamos de analisar implica a reversão para o Estado da terra e
de todas as infra-estruturas, construções e benfeitorias nela foram realizadas,
(art. 27.º, n.º 1, da Lei da Terra).
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taxa de desconto do Banco da Guiné-Bissau (art. 27.º, n.º 4, als. a) e b), da Lei
da Terra).
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A noção do uso consuetudinário aparece defina no art. 3.º, al. b) da Lei
da Terra. De acordo com esta disposição por uso consuetudinário, entende-se
a utilização da terra de acordo com as regras, costumes e práticas tradicionais
de uma determinada Comunidade Local, que definem poderes e deveres
recíprocos e disciplinam a sua gestão.
Fala-se da utilização de terra de acordo com as regas e práticas (...) de
uma comunidade local. O conceito da Comunidade Local é estabelecida na
alínea b) do mesmo artigo como uma entidade consuetudinária de base
territorial, correspondente ao agregado formado por famílias e indivíduos
residentes em certa circunscrição do território nacional (tabancas ou conjunto
de tabancas), para prossecução de interesses históricos, económicos, sociais e
culturais comuns e que inclui as áreas habitacionais, agrícolas e florestais, as
pastagens, os pontos de água, os sítios de importância cultural e as
respectivas zonas de expansão.
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atribuídos aos residentes da Comunidade Local pelos seus respectivos
representantes (art. 17.º, n. º 1, da Lei da Terra).
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articulação com os serviços cadastrais e de registo, a sua permanente
utilização (art. 17., n.º 4, da Lei da Terra).
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Nessas transmissões, aos terceiros não residentes na comunidade
vizinha são impostas determinadas condicionalismos: deverão dar
conhecimento aos residentes das tabancas sobre as actividades que
pretendem desenvolver na terra situada no interior das Comunidades, cujas
funções não poderão ser alteradas sem o consentimento das populações
directamente interessadas, sob pena de extinção do respectivo direito de uso
(art. 19.º, n.º 3, da Lei da Terra).
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3.4. O direito de uso privativo do solo, uma nova categoria jurídica do
direito real ou o direito de propriedade privada camuflado
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Quanto à origem, as servidões podem derivar directamente da lei ou de
um acto administrativo. A existência da servidão constituída por acto
administrativo carece de uma habilitação legal prévia.
No art. 3.º da Lei da Expropriação dos Imóveis por utilidade pública,
encontramos a previsão sobre: a habilitação legal para a constituição da
servidão por acto administrativo; o efeito jurídico da constituição da servidão
administrativa; e o efeito jurídico da constituição da servidão legal.
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O Foral da Câmara começa por fazer enumeração das áreas que
integram a cidade de Bissau.
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3) Pelos ilhéus do Rei e dos Pássaros (Bandim) (art. 1.º, n.º 1, 2 e 3 do
Foral da Câmara)6.
6
Os limites da área de Bissau foram alterados depois em 1995 pelo Decreto n.º 16/95, de 30
de Outubro. Vide infra, 10.1.1.
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Esta zona faz, geralmente, parte da faixa costeira, quando esta existe.
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Resumindo, o Foral da Câmara Municipal é uma daquelas legislações
em vigor na Guiné-Bissau, de cunho fortemente liberal, baseado a propriedade
privada do solo.
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Nos terrenos da parte suburbana haverá os talhões necessários para o
estabelecimento de bairros indígenas, os quais serão dados de arrendamento a
estes nos termos e condições a fixar pela Câmara (art. 10.º, do Foral da
Câmara).
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Nestas concessões se estipulará sempre a condição de que os terrenos concedidos,
reverterão imediatamente para a propriedade da Câmara, com todas as suas benfeitorias,
desde que não sejam utilizadas pela forma e prazo expressamente estabelecidos.
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O processo de concessão de terreno (quarteirão ou talhão demarcado
de terreno), por aforamentos, começa com um requerimento do interessado
dirigido, por si, ou por seu representante legal, ao Presidente da Câmara, com
indicação do respectivo número da planta cadastral (art. 12.º, corpo principal do
Farol da Câmara).
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Recebido o requerimento de concessão de terreno, e depois de
informado pelo técnico municipal9 e pelo chefe da secretaria10, na primeira
sessão ordinária resolverá a Câmara sobre a alienação (art. 13.º, corpo
principal).
Deliberando a Câmara deferir o pedido, por despacho do Presidente
será designado dia e hora para a arrematação em hasta pública. Se a Câmara
deliberar indeferir o pedido, serão restituídos ao requerente os depósitos que
tenha efectuado (art. 14.º, do Foral da Câmara).
A hasta pública deve ser anunciada com uma antecedência não inferior
a 20 dias, por meio de editais e dos meios de publicidade que sejam
determinados no respectivo despacho, sendo também notificado, por aqueles
editais, quaisquer interessados que se julguem com direito ao terreno
pretendido para deduzirem suas reclamações, até três dias antes do designado
para a arrematação (art. 15.º, do Foral da Câmara).
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O técnico municipal na sua informação descreverá devidamente o terreno pretendido em
função da sua situação, importância urbana do local e trabalhos municipais iniciados ou
projectados e dará, justificando-a, a sua opinião sobre a conveniência da alienação em atenção
a futuras necessidades municipais de arruamento, embelezamento ou construções para os
serviços próprios (art. 13.º, § 1.º, do Foral da Câmara).
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A informação do chefe da secretaria deve conter a indicação da situação jurídica do prédio,
se o terreno está compreendido no Foral da Câmara e se esta pode legalmente dele dispor, e
bem assim quais as pretensões anteriores que tenham recaído sobre o mesmo terreno ou
parte dele (art. 13.º, § 2.º, do Foral da Câmara).
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O pregoeiro anunciará em voz alta o primeiro lanço oferecido acima do
valor-base, e os mais que se sucederem, tomando nota dos respectivos
licitantes, só encerrando a praça, depois de autorizado pelo Presidente e de ter
anunciado por três vezes o lanço mais elevado, sem este ser coberto (art. 18.º,
§ 1.º e 2.º, do Foral da Câmara).
Terminada a licitação, o residente ordenará, no caso do maior lanço não
ter sido oferecido pelo requerente da concessão, que este seja interpelado para
declarar se pretende usar do seu direito de preferência, e em seguida mandará
lavrar o respectivo auto que será assinado por ele, Presidente, pelo
arrematante, pelo pregoeiro e pelo chefe da secretaria, que também o
subscreverá.
A ausência ou falta de resposta do requerente da concessão, quando
seja interpelado significa, que desistiu ou não quis usar do seu direito de
preferência.
Caso o requerente faltar à hasta pública será anulado todo o processo,
perdendo o interessado direito ao depósito e despesas efectuadas (art. 18.º, §
3.º e 4.º, do Foral da Câmara).
Não havendo licitantes, e tendo decorrido uma hora sobre a abertura da
praça será a concessão adjudicada ao requerente dela, pelo preço-base da
licitação (art. 18.º, § 5.º do Foral da Câmara).
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sujeitar à aprovação da Câmara o projecto da construção ou construções a
realizar no terreno, observando as condições regulamentares estabelecidas; e
terceira, de harmonia com o projecto aprovado, deverá o arrematante realizar
no terreno as edificações projectadas, dentro do prazo indicado no corpo deste
artigo (art. 21.º, do Diploma Legislativo n.º 1.757, de 27 de Maio de 1961, que
alterou algumas disposições do Foral da Câmara Municipal de Bissau.
Além dos actos do registo a que se refere o presente foral, devem ficar
consignados nos títulos todos os demais actos jurídicos que recaiam sobre a
propriedade e sejam sujeitos a registo, devendo as competentes notas deste
ser escritas, datadas, assinadas e carimbadas pelos respectivos
Conservadores (art. 30.º, do Foral da Câmara)
.
Porém, quando forem verificados em qualquer tempo deficiência de
implantação de um talhão ou lote de terreno, ou ainda quando for verificada
falta de aproveitamento conveniente no prazo legal a este destinado, deverá
ser substituído ou cancelado o registo do respectivo título na Conservatória,
com os efeitos legais correspondentes, tudo em consequência de deliberação e
a requisição da Câmara Municipal (art. 32.º, do Foral da Câmara).
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Em caso da transmissão por morte do concessionário, em virtude de
acção, execução ou de outros casos em que o endosso não seja ou não possa
ser feito pelo transmitente, deverá o Conservador, ao lançar na terceira parte a
nota de registo da transmissão, consignar na quarta a declaração: “Este título
fica pertencendo a (nome do novo enfiteuta) em virtude de (motivo de
transmissão) sendo tal declaração datada e assinada pelo mesmo Conservador
(art. 34.º, do Foral da Câmara).
61
o aproveitamento dos referidos terrenos. No entanto, a cobrança do imposto
deixará de se efectuar a partir do momento em que, os interessados, munidos
da necessária licença municipal, iniciem as obras de utilização dos terrenos
para o destino que lhe for próprio, não as interrompam, por mais de três meses
e as terminem no prazo de dois anos (art. 42.º do Foral da Câmara)
Por mina entende-se «(...) qualquer local, fosso, poço, carreira, plano ou
outra escavação e qualquer galeria, vala, pista, veio, filão, recife, salina ou obra
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que de algum modo envolva qualquer operação relacionada com a actividade
mineira, executada juntamente com os edifícios, instalações, construções e
dispositivos, quer estejam à superfície ou no subsolo, e que sejam usados no
contexto de tal operação ou para extracção, o tratamento ou a preparação de
qualquer mineral com o propósito de beneficiar ou refinar minerais» (art. 9.º, n.º
18, da LMM).
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minerais e dos seus subprodutos são feitos através do órgão do Estado
encarregue do Sector.
E na mesma esteira, vem o art. 7.º dizer que os direitos de mineração
serão concedidos e exercidos exclusivamente de acordo com um sistema sob o
qual qualquer indivíduo ou qualquer entidade poderão ter acesso através de
um processo público normalizado.
Também no mesmo sentido, dispõe o art. 12.º da LMM que poderá o
Estado, no exercício do direito de propriedade, conceder Direitos de Mineração
directamente a órgãos estatais, através de organismos descentralizados ou
conferir a particulares, a entidades legais, nacional ou estrangeira, ou a uma
Comunidade, devidamente reconhecidos pelo Governo.
Ora bem, seria inadequado pensar, em relação a estes artigos, que, com
referência ao proprietário da terra, se pretende referir ao Estado. A referência
ao proprietário só tem sentido se for entendida como uma pessoa privada
distinta do Estado. Sendo este o sentido adequado, deve-se dizer que
legislador da Lei de Minas e dos Minerais se relevou incoerente quanto à
questão da titularidade do solo. Pois nos termos da Lei da Terra, o Estado é o
proprietário do solo e os particulares só podem ter algum direito sobre o solo a
título do direito de uso privativo, o qual pode ser atribuído tanto por via de um
contrato administrativo de concessão como por via do uso consuetudinário.
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Além desta forma de acesso, o legislador consagrou ainda uma forma
particular de acesso dos membros de comunidades locais aos recursos
minerais: a chamada licença de mineração artesanal, que será objecto da
nossa análise mais à frente.
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Pela produção dos minerais na área abrangida pela licença em apreço, o
seu titular, em contrapartida, pagará ao Ministério responsável pelo sector uma
taxa equivalente a cinco por cento (5%) dos minerais produzidos, em espécie
ou dinheiro, a título de Royalty (art. 3.º, n.º 32 e art. 43.º, da LMM).
Além destes actos, a licença abrange ainda alguns direitos que, muito
embora não se circunscrevem à actividade de prospecção, são acessórios ou
complementares a esta, o caso do direito de: submeter espécimes minerais
para análise, com um peso máximo de vinte quilos cada, com o propósito de
determinar a presença, a quantidade e a natureza dos minerais contidos no
espécime; submeter a tratamento, não mais de um metro cúbico de material,
de forma a obter o espécime mineral; abrir um furo, por qualquer processo, até
uma profundidade de não mais de cinquenta metros, à procura de espécimes
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minerais; escavar uma fossa, por qualquer processo, não superiores a três
metros de profundidade, largura e comprimento para obtenção de espécimes
minerais; pesquisar e elaborar mapas da superfície da terra, com o propósito
de localizar minerais; proceder ao levantamento, por meios geofísicos,
geoquímicos, de fotografia aérea e por satélite, ou por meio de radar, à
superfície da terra ou sobre a mesma (art. 51.º, n.os 1, 2, 3, 4 5 e 6 da LMM).
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Deverá apresentar ao Ministro, semestralmente, um relatório do
progresso dos trabalhos desenvolvidos que servirá de suporte para efeitos da
renovação da licença;
Deverá requerer um Arrendamento de Mineração ao descobrir qualquer
depósito mineral de possível valor comercial, dentro de trinta (30) dias da data
da descoberta, ou, em alternativa, comunicará ao Ministro tal descoberta num
prazo de sessenta dias contados da data da descoberta.
A comunicação é acompanhada de um mapa com a identificação do
local da descoberta, e um relatório contendo todas as informações obtidas que
digam respeito á referida descoberta e aos minerais nela existentes (art. 59.º,
n.os 1, 2, 3 e 4, da LMM).
11
As condições de pagamentos estão previstas no art. 71.º da LMM.
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5.4.4. Retenção de Arrendamento de Mina
12
Exceptuam-se os casos de liquidação que faça parte integrante de um esquema para a
reestruturação da entidade ou para fusão da entidade com uma outra companhia.
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No que diz respeito às interdições específicas de acesso, ou interdições
por motivo de funções públicas, estão impedidos de obter quaisquer direitos de
mineração, durante o exercício das suas funções e até 3 anos após o seu
término:
Os membros dos órgãos de soberania nacional, os funcionários
superiores e subalternos dos órgãos de Tutela do Sector Mineiro e das minas e
das suas dependências;
Os membros das Forças Armadas e Forças Paramilitares no activo;
Indivíduos que, nas divisões administrativas do país, exerçam funções
como governadores, presidentes, administradores, intendentes, comissários de
polícia, representantes de divisão e seus subordinados, presidentes de
municípios, conselhos municipais e notários, chefes de repartições de registo
de bens imóveis, e membros do respectivo pessoal; salvo se designado pelo
titular, os administradores, empregados, trabalhadores, arrendatários, técnicos
e conselheiros do titular dentro de uma área com um perímetro de 10 km do
Arrendamento de Mineração onde trabalham, e;
Os parentes consanguíneos dos indivíduos supracitados até segundo
grau, os seus conjugues e os respectivos familiares consanguíneos em
primeiro grau (art. 20.º da LMM).
13
Esta proibição reflecte a preocupação da protecção do ambiente nas operações de mineração e de
prospecção, vg., o princípio de prevenção.
14
No modelo de organização administrativa adoptado na Guiné-Bissau não existe a figura de Conselho.
A referência ao Conselho aqui poderá ter resultado do erro na transposição de outra realidade da qual
se inspirou a legislador da Lei de Minas.
79
Regra geral, a transmissão de direito de mineração é permitida, mas
está condicionada ao consentimento prévio do Ministro responsável do Sector
Mineiro. (art. 126.º da LMM).
Qualquer transmissão efectuada sem o consentimento prévio do Ministro
é nula e, como tal, não produzirá qualquer efeito (art. 130.º da LMM).
É também, por fim, esta ideia que norteia as regras sobre a revogação,
na expressão da lei, cancelamento, das licenças de mineração por motivo de
incumprimento das obrigações por parte do seu titular, ao preverem a
revogação como acto de último recurso, que só poderá funcionar se decorrido
o prazo previsto na lei, o mínimo de 90 e máximo de120 dias, após a
notificação do faltoso, este não tomar providências para sanar e nem iniciar a
sanar a situação, ou, na insusceptibilidade de sanação, não tenha oferecido
uma compensação razoável (arts. 25.º, 125.º, n.º 3 131.º e 132.º da LMM).
82
Para evitar a dispersão de conteúdo o legislador estabelece um conjunto
de matérias que deve constituir o conteúdo mínimo do Plano Ambiental.
Assim, o Plano Ambiental deverá conter uma descrição do projecto e
dos meios ambientais a serem aplicados, os quais deverão estar orientados
para:
Conservar e proteger a flora e a fauna selvagens, o ar, água, as belezas
paisagísticas, o solo, as comunidades nativas e as características de interesse
cultural, arquitectónico, arqueológico, histórico ou geológico;
Prevenir, fiscalizar e o controlo da contaminação, da desarborização, da
erosão e da sedimentação;
Rearborizar e restaurar as áreas afectadas pelas Operações de
Mineração;
Programas de manutenção de reservatórios, equipamento, canalizações,
tanques de armazenamento, estradas e obras civis em geral;
Planos de emergência e contra acidentes, para fazer face a
derramamentos de produtos contaminantes em cursos de água, no mar e na
terra;
Meios de reacção a eventualidades e acidentes inesperados;
Processos da recolha para a eliminação final de resíduos, lixos, detritos
e obras civis complementares, e;
Compensar, sob a forma de pagamentos, para a substituição de bens
privados legalmente detidos antes da concessão do Arrendamento de
Mineração, se tais bens forem afectados pelas Operações de Mineração (art.
93.º, n.º 1, I), II), IV), V), VI), VII) e VIII), da LMM).
83
Além, dos deveres que resultam do Plano Ambiental os titulares de
direitos de mineração ficam ainda adstritos a deveres de adoptar medidas
especiais de preservação sempre que as suas actividades comportam
determinadas riscos para o ambiente. Entre estes deveres encontramos:
85
extracção, mas, principalmente, através do valor acrescentado pelas indústrias
que elas alimentam.
A ineficácia e a desactualização da legislação herdada sobre a matéria,
aliada à proliferação de pedreiras e ao emprego crescente de poderosos meios
mecânicos que poderão vir a atentar contra os aspectos urbanísticos e
ecológicos do País, levou-nos a legislar sobre tal matéria de modo a que se
concilie o imperativo económico de exploração de pedreiras com o desejado
equilíbrio ecológico do território. Havendo necessidade de proteger
convenientemente os interesses de um património que é do Estado e cujo uso
importa que reverta em benefício directo ou indirecto da comunidade nacional.
As águas de acordo com o art. 204.º, n.º 1, al. b) do CC, são coisas
imóveis. Nesta qualidade, a utilização ou aproveitamento das águas no seu
estado natural mexe directamente com a utilização do solo.
Desta forma, o conhecimento completo do regime de utilização do solo
exige também a análise dos instrumentos jurídicos que regulam a utilização e
aproveitamentos dos recursos integrantes no solo.
86
No que concerne à definição dos objectivos do Código de Águas,
estabelece-se no art. 1.º, als. a), b), c), d), e) e f), que o Código de Águas tem
por objectivo:
87
Porém, não obstante a reafirmação do domínio público do Estado sobre
as águas, no n.º 3 do art. 3 do Código de Águas, em consonância com a Lei da
Terra, acolheu-se o direito costumeiro das comunidades na utilização das
águas.
De acordo com o citado artigo, o Estado reconhece e garante os direitos
de uso tradicionais no âmbito do presente Decreto-Lei e dos títulos
regulamentares concedidos para sua execução.
88
assim como para conservação ou recuperação do meio natural; as normas
básicas para utilização e protecção dos aquíferos; as características principais
de qualidade das águas, e medidas para sua protecção; as normas básicas
para as diferentes utilizações de água, que deverão permitir e garantir a melhor
gestão dos recursos hídricos e das terras; os perímetros de protecção com as
medidas para protecção e recuperação dos recursos hídricos concernentes; os
programas e Projectos hidráulicos a realizar pela Administração; as infra-
estruturas básicas necessárias para a realização do Plano Director; as medidas
de ordem técnica, económica, institucional ou legal que permitirão o
desenvolvimento do Plano (art. 17.º, al. a) a k), do Código de Águas).
89
7.2. Formas de acesso dos particulares à utilização da água
O regime de uso livre resulta do art. 6.º, n.º 3, al. a) conjugado com o art.
7.º do Código de Águas.
De acordo com este último artigo, «o proprietário ou usufrutuário dum
terreno tem o direito de utilizar livremente a água das chuvas que caiem no seu
terreno, outras águas do domínio público, com vista à satisfação das
necessidades domésticas, pessoais e familiares dos utentes incluindo o
abeberamento do gado e a rega da sua horta, com meios tradicionais e sem
meios mecânicos (n.º 1).
Nos casos de acumulação artificial das águas para os usos supra
mencionados, poderá ser exigido do proprietário ou usufrutuário a declaração
da capacidade e da natureza das suas instalações (n.º 2).
92
exploração e fornecimento de águas entre o Estado e um particular, pessoa
singular ou colectiva. Através deste contrato o Estado transfere para o
particular a prossecução de um determinado interesse público.
Pelo contrato o particular passa a fazer extracção da água, no seu
estado natural, tratamento e fornecimento ao público.
O Código de Águas prevê, de modo particular, os modos de extinção do
contrato administrativo de concessão de uso de águas. Assim, nos termos do
art. 11.º, as concessões de aproveitamento de águas terminam por um dos
motivos seguintes:
a) Realização do termo de concessão, salvo o caso de prorrogação;
b) Rescisão do termo da concessão;
c) Rescisão a título de sanção por desrespeito das obrigações
contratuais;
d) Rescisão por falta de uso das águas por um período de 1 (um) ano, e;
e) Por razões de força maior que possam ter conduzido ao
desaparecimento temporário ou definitivo da água.
94
Nos casos em que, pela localização dos terrenos pertencentes a titulares
diferentes, escoam águas entre terrenos vizinhos, o legislador estabelece a
servidão legal entre os terrenos que se encontram nesta situação.
Assim, nos termos do Código de Águas, os terrenos inferires estão
sujeitos a receber as águas que, naturalmente, escoam dos terrenos
superiores, assim como a terra e pedras levadas pela água (art. 18.º, n.º 1, do
Código de Águas).
Neste caso, não pode o titular do direito de uso privativo do terreno
inferior erguer obras que impeçam estas servidões, nem o titular do direito de
uso privativo do terreno superior pode levantar obras que lhe agravem (art.
18.º, n.º 2, do Código de Águas).
97
Ministério responsável pelas águas consultará os Ministérios responsáveis pela
agricultura e florestas e pelo planeamento territorial».
Em relação ao saneamento da água, prevê-se no art. 29.º, n.º 5, que é
obrigatório o tratamento prévio das águas residuais usadas antes da sua
evacuação nos casos em que no estado bruto elas podem afectar o bom
funcionamento da rede pública de saneamento e as instalações de depuração.
Está-se em causa, uma medida conhecida na doutrina pelo princípio de
correcção na fonte, na sua vertente espacial ou de lugar de ocorrência do
perigo ambiental.
98
rejeição, introdução ou disposição de resíduos sólidos ou líquidos nas massas
de águas e nos aquíferos.
No n.º 3 prevê-se a obrigatoriedade de estudo do impacto ambiental
sobre as águas, para a aprovação de determinados projectos, que possam
incidir sobre a sua qualidade.
15
Em causa está o princípio de colaboração, um princípio do Direito do Ambiente.
99
No art. 41.º, n.º 1 e 2, permite-se a criação das associações de interesse
hídrico para a utilização, gestão e a luta contra efeitos nocivos das águas a
nível local ou regional, cujas normas relativas à formação, competências,
reconhecimento e funcionamento serão estabelecidas pelo despacho do
Ministério responsável pelas águas em colaboração com outros Ministérios
interessados.
A Lei Florestal começa logo, no seu art. 1.º, com a consagração do seu
objectivo. De acordo com este artigo a Lei Florestal, tem por objectivo
promover a gestão racional dos recursos que integram o domínio florestal da
Guiné-Bissau, tendo em vista optimizar a sua contribuição para o
desenvolvimento económico, social, cultural e científico do País de acordo com
o interesse nacional, regional e local e a qualidade de vida do povo (art. 1.º,).
16
Nos termos do artigo 17.º da Lei Florestal.
101
Todas as zonas que visem a exploração ordenada dos recursos agora
supracitados (art. 1.º, n.º, 2, al. c), da Lei Florestal).
102
ou estabilizadoras de mangais (art. 11.º, n.º als. a), b), c), d), e), f, da Lei
Florestal)17.
Regra geral, é proibido o bate das árvores neste área (art. 13.º, n.º 1, da
Lei Florestal). Excepcionalmente é permitido o abate com a finalidade de
realização de obras de construção que visam à satisfação de necessidades
domésticas individuais ou de interesse geral, mediante autorização da Direcção
Geral das Florestas e Caça ou do Serviço equiparado (art. 13.º, n.º 2, da Lei
Florestal).
17
Essas áreas, uma vez classificadas, como áreas sob regime de protecção, jamais poderão
ser desclassificadas (art. 14.º, n.º 1, da Lei Florestal).
18
As áreas abrangidas pelo art. 12.º poderão ser desclassificadas do regime de protecção
mediante Decreto, sempre que a sua sujeição a esse regime vier a relevar incompatível com a
realização de obras ou projectos de interesse geral (art. 14.º, n.º 2, da Lei Florestal).
103
8.3.2. Área florestal sob regime de produção
104
circundando uma habitação, um edifício industrial, comercial ou administrativo,
se destine à utilização do próprio. Mas, quando se destina à utilização por
terceiros terá o respectivo proprietário que requerer à Direcção Geral das
Florestas e Caça autorização prévia de abate e proceder ao pagamento das
taxas em vigor e efectuar a venda de acordo com as tabelas vigentes (art. 29.º,
da Lei Florestal).
105
respectivo volume previsível, bem como a localização das mesmas; as regras
de abate que melhor asseguram a preservação dos recursos e a protecção do
solo; a obrigação do reflorestamento mediante indicação das espécies e
correspondentes números de indivíduos por espécie (art. 35.º, als. c), e) e f), da
Lei Florestal).
8.3.2.2. O arroteamento
107
8.3.3. Florestas comunitárias
19
Estas normas regulamentares são os meios materiais e institucionais que o Estado poderá
facultar às tabancas para o exercício das suas responsabilidades.
108
Compete, em especial, aos agentes de fiscalização, entre outras coisas:
orientar as populações, em geral, e as tabancas, em particular, no sentido de
respeito pelas disposições da Lei Florestal e dos regulamentos adoptadas para
a sua execução, aconselhando-os a praticar ou a omitir actos respectivamente
favoráveis à conservação dos recursos ou susceptíveis de contribuir para
destruição dos mesmos; elaborar autos de transgressão ou de notícia e
proceder a inquéritos permitidos por lei, nas áreas que correspondem ao
exercício das suas funções as quais (...); apreender os produtos e instrumentos
obtidos ou utilizados na prática das infracções; ordenar a prisão quando se
trate de crime de queimadas em flagrante delito; ordenar a suspensão ou a
paralisação das actividades conduzidas em violação da Lei Florestal e dos
regulamentos adoptados para a sua execução; exercer a vigilância e fiscalizar
todas as actividades que a Lei Florestal visa assegurar ou impedir, bem como
as que decorrem das competências da Direcção Geral das Florestas e Caça ou
serviço equiparado (...) (art. 49.º, n.º 2, als. a), b), c), d), e) e f), da Lei
Florestal).
109
9. O uso do solo no Projecto de Lei de Bases do Ambiente e nos seus
instrumentos de execução (AIA)
Nos termos do art. 6.º são componentes ambientais naturais o ar, a luz,
a água, o solo e o subsolo, a flora e a fauna (art. 6.º, als. a), b), c), d), e) e f), do
PLBA).
112
Vejamos então o conteúdo de cada um dos princípios previstos no art.
3.º do PLBA.
Trata-se de uma norma que resulta da regra de bom senso, aquela que
determina que, em vez de contabilizar os danos e tentar repará-los, se tente,
sobretudo, evitar a sua ocorrência, antes de eles terem acontecido. Diz-se no
ditado comum: «mais vale a pena prevenir do que remediar».
20
A Avaliação de Impacto Ambiental é o mais importante instrumento específico do Direito do
Ambiente.
116
que as regulam especialmente na Guiné-Bissau. O Projecto de Lei de Bases do
Ambiente apenas as faz referência sem regular o respectivo regime.
117
assegurar, desde o início do processo, que: se faça um exame sistemático dos
impactes ambientais de uma proposta (projecto, programa, plano ou política) e
de suas alternativas; se apresentem os resultados de forma adequada ao
público e aos responsáveis pela tomada de decisão, e por eles considerados;
se adoptem as medidas de protecção do meio ambiente determinadas, no caso
de decisão sobre a implantação do projecto (art. 5.º, n.º 2, al. m)).
Nos termos do art. 7.º, n.º 1, als. a), b) e c) do PLAIA, os projectos são
classificados em três categorias: projectos da categoria A, projectos da
categoria B e projectos da categoria C.
118
Os projectos da categoria B correspondem àqueles projectos
susceptíveis de ter sobre a população e ambiente impactes negativos menos
graves que os da categoria anterior e são geralmente impactes de natureza
local com possibilidades de serem concebidas medidas de atenuação especial
(art. 7.º, n. 3, do PLAIA).
119
Numa segunda fase, tem lugar à apresentação do Termo de Referência
(Tdr), pelo dono da obra, para avaliação ambiental, à autoridade de Avaliação
Ambiental, com respeito dos requisitos estabelecidos no art. 12.º, n.º 2, do
PLAIA).
120
9.4.1.4. Força jurídica do resultado da AIA
121
9.4.1.4.2. Força jurídica do Certificado de Conformidade
Ambiental
122
9.4.1.5. Conteúdo do estudo de impacte ambiental
124
Avaliação do Impacte Ambiental, que só alguns projectos submetidos à AIA
devem ser objecto de licenciamento ambiental.
Esclarece a mesma doutrina, contudo, que um procedimento não exclui
o outro, antes o completa. Primeiro tem lugar a AIA e depois o licenciamento
ambiental.
125
“Serão regulamentadas por diploma próprio as condições em que será
efectuada a avaliação ambiental, os seus instrumentos, conteúdo, métodos,
procedimento e técnicas, bem como as entidades responsáveis pela análise
das suas conclusões e pelo licenciamento de obra ou trabalhos previstos e
ainda pela auditoria (n.º 2);
126
9.5.2. Responsabilidade contravencional
22
Estas sanções são geralmente mais gravosas para o condenado do que a sanção principal. Pensa-se,
por exemplo, nos danos que o infractor poderá sofrer com encerramento do respectivo
estabelecimento durante dois ou mais anos.
127
São ainda susceptíveis de punição com, aquilo o autor do Projecto de
Lei de Bases do Ambiente qualifica de, pena de multa, a negligência e a
tentativa (art. 47.º, n.º 4), à semelhança daquilo que se passa em quase todos
os diplomas sobre as contra-ordenações ambientais. A punição da negligência
e tentativa reflecte a preocupação de que quando estão em causa os bens
ambientais todo o cuidado é pouco.
128
E finalmente no art. 48.º, n.º 1, deu-se a preferência à reconstituição
natural na reparação do dano.
129
O objectivo é, de acordo com a Conferência Mundial para
Desenvolvimento Durável de Johannesburg de 2002, criar reservas que
cubram 20 a 30% da superfície marítima até 2012.
24
Aprovada pelo DL n.º 3/97.
25
Sem preocupação de análise do conteúdo, nos termos do artigo supracitado «Parques nacionais são
áreas destinadas à protecção da integridade ecológica dos seus ecossistemas para as gerações presentes
e futuras, excluindo a exploração ou ocupação inadequada aos objectivos da área, e oferecendo a
oportunidade de visitas científicas, educacionais e recreativas. Sendo as mesmas compatíveis com o uso
e costumes das populações residentes; Parques naturais são áreas onde a interacção das populações e
o seu meio ambiente constitui um carácter excepcional, com valores estéticos, ecológicos e culturais de
reconhecido interesse, apresentando ainda uma alta diversidade biológica. Salvaguardar a integridade
dessa interacção tradicional é indispensável a protecção, manutenção e evolução dessas áreas; Reservas
naturais são áreas que sofreram pouca ou nenhuma modificação dos seus ecossistemas e que
apresentam uma baixa densidade demográfica. Sua protecção e gestão são voltadas à preservação do
seu estado natural; Perímetros de Meio Ambiente Sensível são áreas destinadas à protecção e
manutenção da biodiversidade a longo prazo e ao mesmo tempo promovendo a utilização durável dos
seus recursos naturais para atender às necessidades das comunidades residentes. Santuários ecológicos
são áreas sujeitas a uma gestão voltada à protecção e manutenção de habitats essenciais à flora de
importância ou à fauna, nomeadamente a migratória; Florestas sagradas são espaços naturais
destinados exclusivamente a manifestações tradicionais de cunho cultural e religioso onde a gestão dos
seus recursos naturais é determinada pelos usos e costumes da comunidade que os utilizam».
131
b) Constituir um caroço perfeitamente preservado a partir do qual o
repovoamento das zonas adjacentes pelas espécies ameaçadas ou
fortemente exploradas se torna possível26;
26
As áreas marinas protegidas poderão ser consideradas como um factor de equilíbrio para o conjunto
do Arquipélago, ajudando à conservação dos stocks haliêuticos explorados pela pesca artesanal
comercial pelo auto-consumo.
132
ameaçados, sensíveis, marcantes com vista à generalização das áreas
marinhas como instrumentos de novas políticas socioeconómicas, conhecidas
por ecoturismo.
Cada uma destas áreas exerce, com menor ou maior grau, uma certa
influência no ecossistema da respectiva zona geográfica da sua localização.
Com efeito, o grau de influência que exercem na respectiva zona determina a
posição de cada uma no que tange à respectiva importância para gestão dos
recursos naturais. Vejamos a potencialidade de cada uma delas para a gestão
dos recursos:
O Parque de Orango conta com uma área total de 158.479 ha, os quais
abrangem 16,8% de terra firme, 10,9% de mangais, 8,5% de banco de arreia,
3% de rios e 60,6% do mar.
134
À semelhança do que acontece em geral nas águas do Arquipélago dos
Bijagós, nas águas do Parque de Orango existem algumas espécies
ameaçadas no mundo e na Guiné-Bissau em particular, o caso do “manatim”,
das cinco espécies de tartarugas marinhas e das espécies de crocodilo: o
crocodilo de Nilo e o crocodilo anão.
27
O Parque abriga as comunidades de pássaros piscícolas particularmente ricos. A mais importante é a
família de “sternes” (Sternidae). Milhares de pares de “sternes royales” (Sterna maxima) nidificam sobre
a ilha de Gaivotas. Perto de 600 ninhos de “sternes caspiennes” (Sterna Caspia) foram registados em
Outubro de 2000. Vistos os seus efectivos, estas duas colónias podem ser consideradas de importância
135
Das sete espécies de tartarugas internacionalmente reconhecidas, por certas28,
cinco delas ocorrem nas Águas Territoriais da Guiné-Bissau: (Chelonia mydas,
Lepidocheles olivacea, Eretmochelys imbricata, Caretta caretta, Dormocheys
coreacea)29.
internacional, pois, segundo os estudiosos, elas ultrapassam muito largamente os critérios definidos na
Convenção de Ramsar para a classificação de zonas húmidas de importância internacional. Outras
espécies pássaros piscícolas de importância internacional existem ainda neste Parque, o caso das
populações de sternes negros (Chlidonias niger), de “ardeidae”, da águia pescador africano (Haliaetus
vocifer) e do “vautour palmiste” (Gypohierax angolensis). O Arquipélago é internacionalmente
conhecido pela importância das populações de pássaros migradores que nele vêm instalar
periodicamente. Perto de 700.000 “limicoles” provenientes da Europa e do Antárctico vêm passar o
inverno e alimentam-se sobre os numerosos bancos de areia e vasières descobertos nas marés baixas.
28
As duas espécies que não existem nas águas territoriais da Guiné-Bissau são Natator depressus e
Lepidochelys kempi, cf. Une Stratégie Mondiale pour la Conservation des Tortues Marines, UICN,
Commission de la Sauvegarde des Espèces de l’UICN, États-Unis, 1995, p. 1.
29
PAULO CATRY, STÉPHANE BOUJU e JEAN-CHRISTOPHE VIÉ, op. cit., p. 4.
136
Por outro lado, por tradição local, as ilhas da localização do Parque João
Vieira Poilão não são habitadas permanentemente. As quatros principais ilhas
são propriedade tradicional de quatro “tabancas”30 da Ilha de Canhabaque, que
desde séc. XII as vinham utilizando periodicamente para o cultivo do arroz,
colheita dos produtos das palmeiras ou para a realização de cerimónias
religiosas.
Em Poilão, o principal lugar do ponto, é proibida qualquer actividade
económica e ninguém está autorizado a manter nele residência fixa. A ilha
pertence ao clã Oracuma da “tabanca” de Ambeno em Canhabaque, que a
utiliza para as cerimónias de “intronação” do régulo e para as do fanado.
Abrange para além das ilhas de Formosa, Nago e Chediã, vários ilhéus
e ilhotas desabitados, entre os quais Acôco, Maramba, Papagaio, Quai e
Ratum32. Ao conjunto destas ilhas e ilhéus designa-se, tradicionalmente, Urok.
À semelhança do que se passa com as restantes ilhas do Arquipélago dos
Bijagós, Urok faz parte também da área abrangida pela Reserva de Biosfera de
Bolama dos Bijagós.
30
Aldeias, na linguagem vulgar.
31
Vide o preâmbulo do Decreto n.º 8/2005, sobra a criação da Área Marinha Protegida Comunitária das
Ilhas de Formosa, Nago e Chediã (Ilhas Urok).
32
Ibidem.
137
A zona costeira deste grupo de ilhas é particularmente interessante em
termos de biodiversidade. As partes “vasosas intertidais”, os densos mangais e
inúmeros canais apresentam-se habitats críticos para a reprodução e o
crescimento de numerosas espécies de peixes e custráceos.
33
Nome local.
34
Vide o preâmbulo do Decreto n.º 8/2005, sobre a criação da Área Marinha Protegida Comunitária das
Ilhas de Formosa, Nago e Chediã (Ilhas Urok).
35
Ibidem.
138
Segundo o critério utilizado pela Convenção de Ramsar para a
classificação de zonas húmidas de importância internacional, Urok representa,
para várias espécies, uma zona húmida de importância internacional 36.
36
A Convenção de Ramsar utiliza como critério o limite mínimo de 1% dos efectivos totais de uma
população de uma espécie de aves aquáticos, estacionando simultaneamente, para classificar as zonas
húmidas de importância internacional.
139
Estima-se que os mangais ocupam uma superfície mundial de 182.000
km2. Cerca de 17% destas áreas ocupadas pelos mangais encontram-se na
África Ocidental.
141
Com efeito, o acesso a estes recursos carece de uma autorização prévia
do “irã”, a qual é obtida mediante a cerimónia, de “ronea” ou de oferta de
bebidas e/ou de sacrifícios de animais, dirigida pelo chefe tradicional. A
cerimónia é obrigatória tanto para a “desmatação” ou utilização dos produtos
das florestas sagradas, assim como para a actividade de pesca. Por exemplo,
a caça do hipopótamo e a decisão do número de cabeças a bater devem ser
precedidos de cerimónias, sem as quais as consequências podem ser mortais
para o caçador.
37
Idem, ibidem, pp. 18 e 19.
142
correspondentes a 1.067,67 km2 (art. 3.º, n.º 1, do Projecto de Decreto de
criação do Parque de 200738).
38
Não tivemos acesso ao Decreto de criação do Parque. Mas segundo a fonte que tivemos
acesso, IBAP, o Parque vinha funcionando na prática sem uma cobertura legal. Em 2007 foi
elaborado um projecto de Decreto da sua criação o qual foi posteriormente aprovado pelo
Conselho de Ministros. Não sabe contudo se o diploma chegou a ser promulgado ou publicado.
143
Cantanhez é classificado pelo Centro Mundial de Seguimento da
Conservação (WCMC) como um dentre os 9 sítios importantes do ponto da
biodiversidade. Faz parte das 200 eco-regiões mais importantes do mundo
identificadas pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF)39.
9.6.3. A gestão dos recursos: “park for people and with people”40
39
Vide o preâmbulo do Projecto de Decreto da sua criação.
40
Preferimos aqui usar a expressão tal qual é frequente aparecer nos documentos da Administração
Pública Guineense, por razões da comodidade linguística. Desta forma, eximindo-nos do risco de uma
tradução literária do seu sentido.
41
Aprovada pelo DL. n.º 3/97.
144
área protegida e da sua “zonagem” será formulada em concertação com as
comunidades locais concernentes”.
A filosofia park for people and with people está ainda presente no
momento de germinação ou de distribuição dos benefícios.
146
ou de serviços de interesse comum às comunidades residentes (art. 36.º, da
LQAP).
Em terceiro lugar, a filosofia park for people and with people manifesta-
se ainda na prioridade de acesso aos recursos naturais existentes na área
protegida. Por exemplo, nas zonas de preservação natural, salvo o caso da
pesca científica de que beneficia a comunidade científica, a pesca é reservada
apenas às comunidades locais para fins de subsistência. Nas zonas tampões,
excluindo a pesca científica, são admitidas apenas a pesca de subsistência e a
pesca comercial, sendo ambas reservadas às comunidades locais.
147
Com efeito, as medidas de conservação aplicáveis às áreas protegidas
aparecem com graus de intensidade diferentes de acordo com a divisão interna
das zonas.
42
Analisando sucintamente as disposições deste Decreto maxime arts. 10.º, n.º 1, al. c), 11.º,
n.º 2, als. c) e i) tudo indica que a zona de preservação natural corresponde às zonas de
preservação e às subdivisões de zona de exploração controlada às zonas tampão e às de
desenvolvimento durável, respectivamente.
43
Decreto n.º 8/2005, sobre a criação da Área Marinha Protegida Comunitária das Ilhas de
Formosa, Nago e Chediã (Ilha Urok).
148
populações das espécies das mais emblemáticas do património nacional e
internacional.
44
Vide arts. 4.º, n.º 1, al. a) e 6.º, al. a) do Decreto n.º 8/2005, sobre a criação da Área Marinha
Protegida Comunitária das Ilhas de Formosa, Nago e Chediã (Ilha Urok); arts. 5.º, al. a) e 6.º,
n.º 1, al. b) dos Decretos n.os 11 e 12/2000, sobre a criação do Parque Nacional do Grupo de
Ilhas de Orango e sobre a criação do Parque Natural dos Tarrafes do Rio de Cacheu,
respectivamente; e arts. 3.º, n.º 1, al. a) e 10.º, n.º 1, als. b) e c) do Decreto n.º 13/2000, sobre
a criação do Parque Natural das Lagoas de Cufada.
45 os
Vide arts. 6.º, n.º 3 dos Decretos n. 11 e 12/2000.
149
comunidade residente (art. 6.º, al. b) do Decreto n.º 8/2005)46. Os engenhos de
pesca admitidos nestas zonas são também os susceptíveis de causarem
menores danos no equilíbrio ecológico.
46
Desconhecemos a regulamentação existente nas restantes áreas marinhas em matéria de
os
acesso aos recursos haliêuticos nestas zonas. Pois o art. 6.º, n.º 3 dos Decretos n. 11 e
12/2000, sobre a criação do Parque de Orango e de Cacheu, respectivamente, único que faz
referência a estas zonas, não nos dá resposta sobre esta questão.
47
Zona de transição é terminologia utilizada pelo Decreto de criação da Área Marinha das Ilhas
Urok (arts. 4.º, n.º 1, c) e 6.º, al. c) do Decreto n.º 8/2005).
48
Nomeadamente pela garantia de oportunidades de emprego e de desenvolvimento.
49
As zonas em apreço são também designadas por zona de desenvolvimento e de
solidariedade para significar que dos esforços de gestão não devem beneficiar unicamente as
comunidades residentes, mas sim todo o país na sua generalidade.
150
diques ou casas, está subordinado à autorização prévia do Director do
Conselho de Gestão (art. 28.º, da LQAP).
151
Abertura de poços ou furos de captação de água, bem como o
estabelecimento de redes de distribuição ou drenagem das águas;
152
10. Os planos urbanísticos e a gestão do solo
50
Publicado no Suplemento ao B.O. n.º 44 de 30 de Outubro de 1995.
51
O Decreto-Lei foi publicado no B.O., n.º 31 de Julho de 2006.
153
Vejamos agora, em termos resumidos, o conteúdo do Regulamento do
Plano Geral Urbanístico de Bissau e o do Regulamento Geral de Construção e
Habitação Urbana.
No seu preâmbulo, o Decreto n.º 16/95, prescreve como ocatio legis que
determinou a redefinição do limite da cidade de Bissau pela sua ampliação: o
crescimento populacional e urbano de Bissau em detrimento dos Sectores
lmítrofes de safim e de Prabis, facto que impõe à adopção de medidas
coerentes em matéria de planeamento e gestão do solo urbano e peri-urbano;
e a elaboração do Plano Geral Urbanístico de Bissau cuja amplitude territorial
interfere a médio e longo prazos com os territórios dos Sectores de Safim e de
Prabis.
52
O Decreto foi publicado no Suplemento ao B.O., n.º 44 de 30 de Outubro de 1995.
154
O lado 1 - 2 tem o comprimento de 8.500 metros, segue o canal do
Impernal até a antiga estrada Bissau/Nhacra;
O lado 2 – 3 tem o comprimento de 6.300 metros seguindo o braço do
mesmo canal;
O lado 3 – 4 tem o comprimento de 2.400 metros e o azimute de 288.º
00’;
O lado 4 – 5 tem o comprimento de 1.000 metros e o azimute de 20.º
00’;
O lado 5 – 6 tem o comprimento de 500 metros e o azimute de 28.º 00’;
O lado 6 – 7, tem o comprimento de 4.050 metros e o azimute de 199.º
00’;
O lado 7 – 8 tem o comprimento de 2.000 metros;
O lado 8 – 9 tem o comprimento de 10.000 metros, segue o contorno do
afluente do rio Nhacete até a estrada de Bissau/Prabis;
O lado 9 – 10 tem o comprimento de 5.000 metros, parte da estrada de
Bissau/Prabis e via até ao Pântano de Bôr na orla do canal de Geba;
E por fim, o ponto 10 fica situado no pântano de Bôr na orla do canal
Geba (art. 1.º, n. º, als. a), b), c), d), e), f), g), h), i), j), k), do Decreto n.º 16/95).
157
No Regulamento do Plano Urbanístico de Bissau, prevê-se ainda
normas destinadas à criação e protecção de zonas verdes e recreativos.
Desta forma, junto aos principais pontos de localização das infra-
estruturas do tipo (reservatórios, poços, estações de deputação) e depósitos de
lixo, cemitérios e zonas industriais, deve-se reservar terrenos para zona verde
(art. 29.º, n.º 3, do Decreto n.º 16/95).
Nas zonas verdes é proibido construir edifícios que não estejam ligados
ao uso da zona (art. 30.º, n.º 1, do Decreto n.º 16/95). E toda a construção de
edifícios ligados ao uso da zona, o caso equipamentos destinados à recreação,
carece de uma prévia aprovação pela Câmara Municipal de Bissau com base
no Plano Urbanístico Detalhado (art. 30.º, n.º 2, do Decreto n.º 16/95).
Destinadas a garantir a sanidade (art. 32.º, n.º 1, als. c) e d); art. 34.º;
art. 36.º, art. 37.º; art. 38.º do PGCHU).
159
11. O uso do solo no Código Civil
Começamos pelo nosso já conhecido art. 204.º do CC. Este artigo faz
uma enumeração dos elementos integrantes no conceito do imóvel. De
acordo com o seu conteúdo fazem parte de coisas imóveis: os prédios rústicos
e urbanos; as águas; as árvores, os arbustos e os frutos naturais, enquanto
estiverem ligados ao solo; os direitos inerentes aos imóveis supracitados; as
partes integrantes dos prédios rústicos e urbanos (art. 204.º, n.º 1, als. a), b),
c), d) e e), do CC).
160
O instituto jurídico da posse é uma outra situação em que podemos
encontrar normas jurídicas com implicação com o regime jurídico de utilização
do solo.
53
A noção da usucapião vem estabelecida no art. 1287.º do CC. De acordo com o citado artigo
“a posse do direito de propriedade ou de outros direitos reais de gozo, mantida por certo lapso
de tempo, faculta ao possuidor, salvo disposição em contrário, a aquisição do direito a cujo
exercício corresponde a sua actuação: é o que se chama usucapião”.
161
limites da lei e com observância das restrições por ela impostas. Visto este
artigo, à partida, parece não implicar com o regime jurídico do solo na medida
em que solo é excluído da apropriação privada.
Todavia, deve-se lembrar que o Código Civil assenta sobre uma matriz
que tem por base a propriedade privada do solo. Aliás, uma manifestação
desta matriz é a figura de usucapião sobre imóveis e da propriedade
imobiliária.
162
Regra geral, em matéria da acessão natural, pertence ao dono da coisa
tudo o que a esta acrescer por efeito da natureza (art. 1327.º, do CC).
163
O núcleo fundamental de normas sobre o regime jurídico do solo no
Código Civil encontra-se previsto no Capítulo III, do título II do Livro III, relativo
à propriedade de imóveis, vg., art.1344.º a 1402.º, do CC.
164
Em caso de destruição do edifício ou de uma parte que represente, pelo
menos, três quartos do seu valor, qualquer dos condóminos tem o direito de
exigir a venda do terreno e dos materiais, pela forma que a assembleia dos
condóminos vier a designar (art. 1428.º, do CC).
166
d) O direito a suceder no domínio útil, na falta de herdeiro testamentário ou
legítimo do enfiteuta, com exclusão do Estado, e;
e) O direito a receber o prédio por devolução, no caso de deterioração (art.
1499.º, als. a), b), c), d) e e), do CC).
167
Tendo por objecto a construção de uma obra, o direito de superfície
pode abranger uma parte do solo não necessária à sua implantação, desde
que ela tenha utilidade para o uso da obra (art. 1525.º, n.º 1, do CC). Este
direito, não abrange, todavia, a construção de obra no subsolo, a menos que
ela seja inerente à obra superficiária (art. 1525.º, n.º 2, do CC).
168
No título constitutivo pode-se estipular que do direito de superfície se
extingue em consequência da destruição da obra ou das árvores, ou da
verificação de qualquer condição resolutiva (art. 1536.º, n. 2, do CC).
Posto isto, deve dizer que, não existindo, entre nós, a propriedade
privada sobre o solo, a figura de direito de superfície muito dificilmente se pode
compatibilizar com o direito de uso privativo. Na opinião de alguma doutrina, o
direito de superfície se encontra hoje revogado na nossa Ordem Jurídica.
170
12.1. O regime da faixa costeira
54
Itálico nosso.
171
12.2. As águas interiores: noção, limites, titularidade de direito
sobre os recursos e acesso aos recursos
Por força do disposto nos arts. 7.º, n.º 3 e 8.º, n.º 1, da CMB, as zonas
do mar situadas dentro do traçado das linhas de base rectas são submetidas
ao regime das Águas Interiores.
173
A Guiné-Bissau, em conformidade com a norma do art. 3.º da CMB, que
permite a cada Estado costeiro fixar a largura do seu Mar Territorial até a um
máximo de 12 milhas marítimas, fixou a largura do seu Mar Territorial em 12
milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base rectas (art. 2.9 da Lei n.º
3/85, de 17 de Maio de 1985).
174
12.4. A Plataforma Continental: noção, limites, titularidade de
direito sobre os recursos e acesso aos recursos
Tudo isso sem contar com uma eventual extensão do limite exterior da
Plataforma Continental para além das 200 milhas marítimas.
176
de 200 milhas marítimos com a submissão de informações preliminares às
Nações Unidas.
55
Vide art. 1.º, al. c) da Lei n.º 3/85 de 17 de Maio de 1985.
178
comum, cuja gestão e exploração é confiada a uma agência internacional
criada no âmbito do Acordo.
181
Da análise do texto do Protocolo podemos retirar duas modalidades de
gestão dos recursos naturais pela Agência: a gestão directa e a gestão
indirecta.
56
Nenhuma disposição fala expressamente da concessão, mas esta possibilidade resulta implicitamente
da leitura global do Protocolo.
182
tratamento, transporte, possessão, transformação e comercialização de
substâncias minerais em todo o território da União com excepção dos
hidrocarbonetos líquidos ou gasosos (art. 2.º, do CMC).
183
Não obstante esta classificação, certos depósitos podem ser ainda
classificadas como carreiras ou como minas consoante o uso ao qual as
substâncias minerais compreendidas são destinadas nas condições definidas
pelos regulamentos de execução do Código Mineiro Comunitário (art. 7.º, corpo
principal do CMC).
185
a) O direito de dispor livremente dos seus bens mobiliários e imobiliários,
materiais ou imateriais e de organizar a sua empresa (art. 13.º, § 1.º, 1ª
parte do CMC);
187
Além destas obrigações os titulares de títulos mineiros são ainda
obrigados a:
188
CONCLUSÕES
A concessão rural confere ao seu titular o uso privativo da terra, para fins
agrícolas, pecuários, agro-pecuários, agro-industriais, silvícolas e turísticos, em
zonas localizadas fora dos limites das áreas urbanas.
190
Os restantes instrumentos jurídicos estabelecem disciplinas especiais de
utilização do solo. Entre eles há alguns aspectos comuns: todos eles admitem
o acesso dos particulares à utilização e aproveitamento dos recursos naturais;
em todos eles verifica-se uma preocupação de conservação do ambiente; e em
quase todos eles existe o reconhecimento de direitos costumeiros das
comunidades locais.
191
LEGISLAÇÕES INTERNAS CITADAS
192
- Decreto de criação do Parque Natural das Lagoas de Cufada, Decreto
n.º 13/00, publicado no B.O. n.º 49, de 4 de Dezembro de 2000.
193
- Lei de Minas e dos Minerais, aprovada pala Lei n.º 1/2000, de 24 de
Julho, publicada no B.O., n.º 30, de 24 de Julho de 2000.
194
- Proposta de criação do Parque Nacional de Cantanhez, Decreto n.º
__/2007, respectivamente.
195
- Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar de 10 de
Dezembro de 1982, (Convenção de Montego Bay).
196
ÍNDICE
1. Introdução ----------------------------------------------------------------------------------- 2
1.1. Razões justificativas do estudo --------------------------------------------------- 2
1.2. Delimitação ----------------------------------------------------------------------------- 4
1.3. A intervenção reguladora do Estado relativamente ao solo --------------- 5
197
3.3.1.2.6. Modos de extinção do direito de usos privativo
constituído por concessão -------------------------------------- 33
198
5.4.1. Licença de mineração artesanal ---------------------------------------- 68
5.4.2. Licença de prospecção ---------------------------------------------------- 69
5.4.3. Arrendamento de Mineração --------------------------------------------- 71
5.4.4. Retenção de Arrendamento de Mina ----------------------------------- 74
5.4.5. Licença de Mineração ------------------------------------------------------ 75
5.4.6. Limites e condicionantes de acesso aos recursos minerais ----- 77
5.5. Transmissão dos direitos de mineração --------------------------------------- 80
5.6. Garantia jurídica dos particulares ----------------------------------------------- 81
5.7. Preservação do meio ambiente ------------------------------------------------- 82
8.3. Acesso dos particulares aos recursos do domínio florestal ------------ 102
202