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Institutos jurídicos do Direito Agrário e

suas aplicabilidades

Apresentação
O agronegócio brasileiro, desde que concebido dentro das atividades agropecuárias brasileiras, por
volta da década de 1970, momento em que a tecnificação começou a surgir nos campos produtivos
no país, fez com que o setor de produção de alimentos se tornasse importantíssimo e indispensável
para a economia, iniciando crescente constante nos números e transformando gradativamente o
Brasil, de importador para exportador de alimentos.

A demanda por alimentos no mundo é crescente. Segundo a Organização das Nações Unidas para a
Alimentação e a Agricultura (FAO), estima-se que até 2050 a população mundial atingirá o número
de 9,8 bilhões de habitantes, 29% a mais do que o número atual. Assim, será necessário prover 60%
a mais de comida, 50% a mais de energia e 40% a mais de água.

Estima-se que 40% desses alimentos serão produzidos na América Latina e, desse percentual, mais
de 3/4 serão produzidos pelo Brasil.

Diante desse contexto, o Brasil destaca-se como celeiro do mundo, como dito por Getúlio Vargas
há 80 anos, e hoje definitivamente se consolida. Mas ser o mais importante ator mundial no que diz
respeito à produção alimentar é um desafio que exige constantes evoluções de estudos científicos
e tecnológicos, além da gestão sustentável das terras produtivas, para que permaneça detentor
desse título.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá os principais e mais relevantes aspectos e institutos
jurídicos do Direito Agrário, assim como as suas aplicabilidades práticas e as peculiaridades que
permeiam as raízes produtivas do país.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Conceituar atividade agrária, imóvel rural e função social da propriedade.


• Diferenciar módulo rural de módulo fiscal bem como pequena, média e grande propriedade.
• Compreender o processo de desapropriação para reforma agrária.
Desafio
Sabemos que a reforma agrária é uma política pública de governo que busca, por meio da
desapropriação de imóveis rurais, proporcionar a redistribuição da terra a fim de que esta cumpra
sua função social.

Sobre o caso de Caio, responda:

a) Quais são os percentuais mínimos dos índices GUT e GEE para que o Incra considere que a
propriedade está cumprindo sua função social?

b) A propriedade poderá ser desapropriada para fins de reforma agrária? Justifique sua resposta.
Infográfico
Os conceitos de módulo rural e módulo fiscal são muito utilizados e constantemente confundidos,
bem como a classificação de pequena, média e grande propriedade rural.

Veja no infográfico as diferenças entre módulo rural e módulo fiscal e a classificação por tamanho
das propriedades rurais.
Aponte a câmera para o
código e acesse o link do
conteúdo ou clique no
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Conteúdo do livro
O agronegócio é a principal locomotiva no que diz respeito ao equilíbrio da balança comercial. Esse
é o único setor superavitário da economia deste país, que possui a maior área agricultável
inexplorada do mundo, mesmo com cerca de 60% das suas áreas naturais preservadas, incluindo
recursos naturais. Além disso, é um dos maiores produtores de alimentos do mundo.

Assim, o agronegócio garante que o Brasil seja o país que mais exporta do que importa e,
consequentemente, mantenha saldo positivo na balança comercial.

No capítulo Institutos jurídicos do Direito Agrário e suas aplicabilidades, do livro Direito aplicado ao
agronegócio, você poderá aprofundar o tema.
DIREITO APLICADO
AO AGRONEGÓCIO

Luis Fernando Pereira


Institutos jurídicos do
direito agrário e suas
aplicabilidades
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Conceituar atividade agrária, imóvel rural e função social da


propriedade.
 Diferenciar módulo rural e módulo fiscal, bem como pequena, média
e grande propriedade.
 Compreender o processo de desapropriação para reforma agrária.

Introdução
A tecnificação da produção agrícola no Brasil, na década de 1970, fez do
setor de produção de alimentos um dos mais importantes da economia
e transformou gradativamente o Brasil em exportador de commodities,
garantindo saldo positivo na balança comercial.
O crescimento da população mundial e da consequente demanda
por alimentos reafirmam as perspectivas do País como celeiro do mundo.
Em 2050, com quase 10 bilhões de habitantes, o planeta precisará 60%
mais alimentos, indicam as estimativas da ONU.
Garantir uma boa posição nesse cenário exige constantes evoluções
e estudos científicos e tecnológicos, além de uma gestão sustentável das
terras produtivas. Os fundamentos abordados neste capítulo têm ligação
intrínseca com o agronegócio e a capacidade produtiva do Brasil, tra-
zendo efeitos práticos e jurídicos relevantes para nossa sociedade. Neste
capítulo, você vai estudar os principais aspectos e institutos jurídicos do
direito agrário, bem como suas aplicabilidades.
2 Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades

Atividade agrária, imóvel rural e função social


da propriedade
O Brasil é conhecido pela sua vasta extensão, o que permitiu que se tornasse
líder na produção de diversas commodities agrícolas. O País é referência para
o mundo em produção agrícola, exportando conhecimento e tecnologia ligados
à atividade do campo.
No setor agropecuário, temos a participação de diversos atores, começando
pelo produtor rural, até aqueles comercializam os produtos beneficiados e/
ou processados, passando pela indústria de insumos e implementos, pelos
transportadores e por aqueles que realizam as atividades de beneficiamento
e processamento.
Segundo Trentini e Alabrese (2017), o professor Antonio Carroza:

[...] vislumbrou que uma definição jurídica da atividade agrária era imprescin-
dível para a qualificação do empresário agrário, bem como para a organização
dos temas atinentes (tributários, empresariais, trabalhistas etc.) à produção
agrícola sob as mesmas bases. Diante dessa constatação, formulou a Teoria
da Agrariedade, em que destaca o fator comum entre as atividades agrárias, o
desenvolvimento de um ciclo biológico, concernente tanto à criação de animais
como de vegetais, ligado direta ou indiretamente ao desfrute das forças e dos
recursos naturais, resultando na obtenção de frutos (vegetais ou animais).

É em todo esse contexto que entra a atividade agrária, que torna viável
toda a produção de alimentos. Mas qual é o conceito de atividade agrária?
Atividade agrária é aquela na qual se inter-relacionam certo trato de terra,
o processo agrobiológico e o homem, este agindo profissionalmente e sujeito
ao risco biológico, visando a um produto, agrícola, pecuário, florestal ou do
extrativismo e, até mesmo, ao beneficiamento, à transformação e à alienação
deste, quando pertinente à exploração da terra rural, de acordo com conceito
trazido pelo Esboço Parcial de Anteprojeto de Consolidação de Diplomas
Agrários.
Essa definição nos deixa claro que, para se caracterizarem como ativi-
dades pertencentes ao conceito de atividade agrária, o beneficiamento, a
transformação e a alienação do produto — agrícola, pecuário, florestal ou do
extrativismo — devem apresentar-se como acessórios à atividade de produ-
ção rural, pois, quando se apresentam como complementares, passam a ser
atividades independentes e autônomas.
De forma mais objetiva, Cardoso (1956) entende que atividade agrária é
aquela representada pelo trabalho da terra para a produção primária de vegetais
Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades 3

e animais, indispensáveis e úteis à vida humana, sendo a única atividade apta


a criar a riqueza; a indústria apenas transforma essa riqueza para posterior
distribuição pelo comércio. No entanto, em poucas palavras é difícil expressar
todo o conteúdo complexo que envolve essa atividade, pois seria necessário
avaliar de forma minuciosa cada fase da produção agropecuária para distinguir
a que tipos de atividade agrária essas fases pertencem, se da atividade agrária,
industrial, ou, ainda, comercial. Basicamente, é necessário analisar cada
produção, tanto quanto ao seu tipo de produção (agrícola, pecuária, florestal
ou extrativismo) como também com relação ao tipo de produto (soja, milho,
gado bovino, gado suíno, madeira, óleo vegetal, celulose, ouro, pesca, frutos,
etc.). Assim, a atividade agrária é fundamental para o País.
Paralelamente a esse conceito, temos o imóvel rural, dentro do qual ocorre
propriamente a produção, que deve cumprir com sua função social, esteja ele
localizado em área urbana ou rural, independentemente do seu tamanho. O art.
4º, I, da Lei nº. 4.504, de 30 de novembro de 1964, o Estatuto da Terra, define
“imóvel rural” como sendo “o prédio rústico, de área contínua qualquer que
seja a sua localização que se destina à exploração extrativa agrícola, pecuária
ou agroindustrial, quer através de planos públicos de valorização, quer através
de iniciativa privada” (BRASIL, 1964, documento on-line).
Acrescentando alguns detalhes, a fim de definir as possíveis localizações
de um imóvel rural, o art. 5º, do Decreto nº. 55.891, de 31 de março de 1965,
regulamentando o dispositivo da Lei citada anteriormente, dispõe que “Imóvel
rural é o prédio rústico, de área contínua, qualquer que seja a sua localização
em perímetros urbanos, suburbanos ou rurais dos municípios, que se destine
à exploração extrativa, agrícola, pecuária ou agroindustrial, quer através de
planos públicos de valorização, quer através da iniciativa privada” (BRASIL,
1965, documento on-line).
No entanto, conforme Proença (2007), o aspecto relevante para a caracteri-
zação de um imóvel como sendo rural não é a sua localização, mas sim a sua
destinação, seja para exploração extrativa, agrícola, pecuária ou agroindustrial.
4 Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades

Anteriormente à edição do Estatuto da Terra, existia o entendimento de que prédio


rústico seria apenas aquele situado em zona rural, distante do perímetro urbano.
Consequentemente, o imóvel urbano seria o que estivesse estabelecido dentro da
cidade. O advento da nova lei afastou, portanto, as indefinições e polêmicas que giravam
em torno da definição de imóvel rural, conforme explicam Barroso e Passos (2004).
No entanto, para fins de cobrança do Imposto Territorial Rural (ITR), o Código Tributário
Nacional de 1996 estabelece que o fato gerador do imposto é a propriedade, o domínio
útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município
(BRASIL, 1966). Para pacificar o assunto quanto a essa questão da localização do imóvel,
que veio à tona novamente, nossos Tribunais Superiores firmaram entendimento de
que a classificação do imóvel como rural ou urbano não depende de sua localização,
mas da sua finalidade econômica, ou seja, da sua destinação.

Uma propriedade rural ou propriedade rústica é geralmente composta por


um imóvel e um terreno destinados à prática da agricultura e da pecuária,
existindo nomes variados para diferentes tipos de propriedades rurais, conforme
a localidade e os tipos de atividade produtiva ali realizados, por exemplo: sítio,
chácara, roça, estância, herdade, granja, fazenda, engenho, etc.
Assim, em um conceito prático, podemos dizer que imóvel rural é a área
formada por uma ou mais matrículas de terras contínuas, do mesmo titular
(proprietário ou posseiro), localizada tanto na zona rural quanto urbana do
município. O que o caracteriza é a sua destinação agrícola, pecuária, extrativa
vegetal, florestal ou agroindustrial.

Se você quiser aprofundar seu conhecimento, leia a ementa do julgado do Superior


Tribunal de Justiça, que pode ser acessada no sítio do STJ: no menu “Pesquisa por
campos específicos”, selecione Denise Arruda no campo “Ministro”, Primeira Seção no
campo “Órgão Julgador”, e preencha o campo “Ementa/Indexação” com as seguintes
palavras “DEFINIÇÃO DA NATUREZA DA ÁREA DO IMÓVEL - FINALIDADE ECONÔMICA”.
Acesse o site do STJ no link abaixo:
https://goo.gl/kFc0qA
Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades 5

Portanto, observamos que o Estatuto da Terra utiliza o critério de destinação


para diferenciar o imóvel urbano do rústico ou rural, incorporando-o, assim,
ao princípio da função social da propriedade, instituto jurídico ao qual está
condicionada a propriedade da terra. A função social da propriedade é um
princípio que levou muitas décadas para ser admitido pela legislação brasileira.
De forma objetiva, pode-se dizer que a propriedade atende à sua função social
quando é dada uma finalidade a ela, seja a moradia, seja fins comerciais e
econômicos, sendo contrários à ideia de função social os terrenos e edificações
ociosos, utilizados para fins especulativos.
Dentro desse contexto, extraímos que, apesar de a nossa Constituição
Federal de 1988 também garantir o direito de propriedade privada, não basta o
proprietário de um imóvel ser titular do bem; ele deve sensibilizar-se e atender,
em caráter obrigacional, o dever social imposto pela mesma Lei, garantindo
à sua propriedade a correta destinação em atendimento à sua função social
(BRASIL, 1988).
O caráter social da propriedade existe no Brasil desde a época da Coroa
Portuguesa, que colonizou nosso território, que exigia dos produtores possui-
dores, chamados sesmeiros, que utilizassem racionalmente a terra, a fonte de
força e o trabalho, produzindo alimentos para atender ao interesse de todos
os cidadãos, sob pena até mesmo de repasse da terra para outro produtor.
Como princípio do Direito, a função social da propriedade é um instituto
um tanto quanto recente. Apesar de, como já dito, ter seu surgimento sinalizado
em legislações mais antigas, foi concebido de forma explícita pelo art. 2º do
Estatuto da Terra, que dispõe que é assegurada a oportunidade de acesso à
propriedade da terra, condicionada pela sua função social, contanto que a
propriedade desempenhe integralmente a sua função social.
A lei também define as exigências para considerar o enquadramento das
propriedades como cumpridoras da função social, devendo simultaneamente:
favorecer o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam,
assim como o de suas famílias; manter níveis satisfatórios de produtividade;
assegurar a conservação dos recursos naturais; e observar as disposições legais
que regulam as justas relações de trabalho entre os que a possuem e a cultivam.
A Constituição recepcionou o princípio da função social trazendo no art.
186 o seguinte texto:

Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,


simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em
lei, aos seguintes requisitos:
I – aproveitamento racional e adequado;
6 Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades

II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do


meio ambiente;
III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores
(BRASIL, 1988, documento on-line).

Portanto, o princípio tornou-se premissa constitucional, ganhando força


como instituto.
Apesar de o texto constitucional ter alterado sensivelmente o texto que
originou o princípio na legislação brasileira, dado pelo Estatuto da Terra, a
definição das exigências enumeradas por ambas as leis são as mesmas, com
a diferença de que a Constituição dispõe que os critérios e graus de exigência
dos requisitos sejam definidos por lei específica. Essa lei foi editada em 1993,
definindo tais critérios. No caput de seu art. 9º, a Lei nº. 8.629, de 25 de fevereiro
de 1993, que dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais
relativos à reforma agrária, ratifica nos mesmos termos o conteúdo do art.
186 da CF/88, acrescendo o texto que define os critérios a serem atendidos
simultaneamente para o cumprimento da função social da propriedade. Em
seus §§ 1º ao 5º, o dispositivo prevê o seguinte:

§ 1º Considera-se racional e adequado o aproveitamento que atinja os graus


de utilização da terra e de eficiência na exploração especificados nos §§ 1º
a 7º do art. 6º desta lei.
§ 2º Considera-se adequada a utilização dos recursos naturais disponíveis
quando a exploração se faz respeitando a vocação natural da terra, de modo
a manter o potencial produtivo da propriedade.
§ 3º Considera-se preservação do meio ambiente a manutenção das caracte-
rísticas próprias do meio natural e da qualidade dos recursos ambientais, na
medida adequada à manutenção do equilíbrio ecológico da propriedade e da
saúde e qualidade de vida das comunidades vizinhas.
§ 4º A observância das disposições que regulam as relações de trabalho implica
tanto o respeito às leis trabalhistas e aos contratos coletivos de trabalho, como
às disposições que disciplinam os contratos de arrendamento e parceria rurais.
§ 5º A exploração que favorece o bem-estar dos proprietários e trabalhadores
rurais é a que objetiva o atendimento das necessidades básicas dos que tra-
balham a terra, observa as normas de segurança do trabalho e não provoca
conflitos e tensões sociais no imóvel (BRASIL, 1993, documento on-line).

Já os graus exigidos, conforme o trecho final do texto do § 1º transcrito


acima, estão estabelecidos pelo art. 6º da mesma lei, que dispõe o seguinte:
Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades 7

Art. 6º Considera-se propriedade produtiva aquela que, explorada econômica e


racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilização da terra e de efi-
ciência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão federal competente.
§ 1º O grau de utilização da terra, para efeito do caput deste artigo, deverá ser
igual ou superior a 80% (oitenta por cento), calculado pela relação percentual
entre a área efetivamente utilizada e a área aproveitável total do imóvel.
§ 2º O grau de eficiência na exploração da terra deverá ser igual ou superior
a 100% (cem por cento), e será obtido de acordo com a seguinte sistemática:
I – para os produtos vegetais, divide-se a quantidade colhida de cada produto
pelos respectivos índices de rendimento estabelecidos pelo órgão competente
do Poder Executivo, para cada Microrregião Homogênea;
II – para a exploração pecuária, divide-se o número total de Unidades Animais
(UA) do rebanho, pelo índice de lotação estabelecido pelo órgão competente
do Poder Executivo, para cada Microrregião Homogênea;
III – a soma dos resultados obtidos na forma dos incisos I e II deste artigo,
dividida pela área efetivamente utilizada e multiplicada por 100 (cem), deter-
mina o grau de eficiência na exploração (BRASIL, 1993, documento on-line).

O dispositivo continua dispondo em outros parágrafos acerca das especifici-


dades do Grau de Eficiência e Exploração da Terra (GEE) e Grau de Utilização
da Terra (GUT), com diversos detalhamentos acerca de questões específicas.
Finalmente, observando-se a parte final do caput do art. 6º da Lei nº.
8.629/93, podemos ver que o GEE e o GUT serão fixados por índices esta-
belecidos pelo órgão federal competente. Trata-se do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra), órgão criado em 1970 por meio de
decreto presidencial, hoje implantado em todo o território nacional por meio
de 30 superintendências regionais, tendo como missão prioritária executar a
reforma agrária e realizar o ordenamento fundiário nacional. É o Incra que
fixa, a partir de instruções normativas, os índices de fixação do GEE e do GUT.

Módulo rural e módulo fiscal


É fato que, nos mais diversos ramos de atividades, existem termos, conceitos
e finalidades específicas, acerca dos quais quem atua ou pretende atuar num
determinado ramo deve e precisa desenvolver conhecimento. Na atividade rural
não é diferente, sendo necessário e muito importante o conhecimento de alguns
conceitos, entre eles o de módulo fiscal e módulo rural, bem como o conceito
legal de pequena, média e grande propriedade rural, sabendo diferenciá-los
para aplicação na prática e reconhecer as especificidades de cada conceito.
O Estatuto da Terra definiu o módulo rural e instituiu o módulo fiscal, nos
arts. 4º, III, e 50, § 2º, respectivamente. O conceito de módulo rural é similar
8 Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades

ao de propriedade familiar pelo inciso II do mesmo art., já que o inciso III


remete ao anterior. Define-se, portanto, módulo rural nas seguintes palavras:

[...] a área fixada em imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo
agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes
a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada
para cada região e tipo de exploração, e eventualmente trabalho com a ajuda
de terceiros (BRASIL, 1964, documento on-line).

O conceito de módulo rural é derivado do conceito de propriedade familiar


e, sendo assim, é uma unidade de medida, expressa em hectares, que busca
exprimir a interdependência entre a dimensão, a situação geográfica dos
imóveis rurais e a forma e as condições do seu aproveitamento econômico. De
forma sucinta, podemos dizer que o módulo rural é calculado para cada imóvel
rural separadamente, e sua área reflete o tipo de exploração predominante na
região de localização do imóvel.
Já o módulo fiscal foi instituído pela Lei nº. 6.746, de 10 de dezembro de
1979, que foi editada para alterar os arts. 49 e 50 do Estatuto da Terra, que
tratam do Imposto Territorial Rural, inserindo o conceito de módulo fiscal
na Lei mais antiga. Assim, com a dita alteração, o art. 50, § 2º, do Estatuto
da Terra, passou a dispor o seguinte:

§ 2º O módulo fiscal de cada Município, expresso em hectares, será determi-


nado levando-se em conta os seguintes fatores:
a) o tipo de exploração predominante no Município:
I – hortifrutigranjeira;
Il - cultura permanente;
III - cultura temporária;
IV – pecuária;
V – florestal;
b) a renda obtida no tipo de exploração predominante;
c) outras explorações existentes no Município que, embora não predominantes,
sejam expressivas em função da renda ou da área utilizada;
d) o conceito de "propriedade familiar", definido no item II do artigo 4º desta
Lei. (BRASIL, 1964, documento on-line).

Portanto, o módulo fiscal é estabelecido para cada município e sua tabela


está anexa à Instrução Especial Incra nº. 20/1980. Tal instrumento busca refletir
a área mediana dos módulos rurais dos imóveis do município. Essa tabela já
passou por alterações em razão da modificação das características consideradas
para fixação do módulo fiscal, e a última tabela disponibilizada pelo Incra
Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades 9

é de 2013. A Figura 1 apresenta os módulos fiscais no Brasil e o Quadro 1


apresenta um comparativo entre os conceitos de módulo rural e módulo fiscal.

Figura 1. Módulos fiscais no Brasil.


Fonte: EMBRAPA ([2018]).

Para verificar a quantidade de hectares que possui o seu município ou qualquer outro
que você tenha curiosidade ou necessidade de saber, acesse o site do Incra pelo link
abaixo e clique em “Acesse aqui a tabela e localize o módulo fiscal do seu município”.
https://goo.gl/YqDnvQ
10 Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades

Quadro 1. Diferenças entre módulo rural e módulo fiscal

Módulo rural Módulo fiscal

Medida de área instituída Unidade de medida de área


pelo Estatuto da Terra instituída pela Lei nº. 6.746/79 (altera
dispositivos do Estatuto da Terra)

Equivalente à área da Elemento constitutivo de fixação


propriedade familiar do Imposto Territorial Rural

Varia de acordo com a região Parâmetro para classificação


do país em que se encontra dos imóveis rurais em pequenas
e médias propriedades

Varia de acordo com o Identifica os beneficiários do


tipo de exploração Programa Nacional de Fortalecimento
da Agricultura Familiar — PRONAF

Implica um mínimo de
renda a ser obtido

Identifica os beneficiários do fundo


de terras e da reforma agrária

Define o limite de terras a serem


adquiridas por estrangeiros

Dos conceitos de módulo rural e módulo fiscal é que surge a classificação


das propriedades rurais em pequena, média ou grande. A CF/88 trata da
pequena e da média propriedade rural, sem, contudo, conceituá-las, apenas
estabelecendo que as propriedades rurais que estejam inseridas nessa classi-
ficação são insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária, bem
como as propriedades produtivas, remetendo essa última exclusão à questão
do cumprimento das exigências da função social.
Restou assim uma lacuna na legislação no que diz respeito à definição das
propriedades com relação aos seus respectivos tamanhos, vindo a ser superada
essa carência com a edição da Lei nº. 8.629/93, já citada anteriormente. Os
incisos I e II do art. 4º da referida Lei, definem respectivamente a pequena
propriedade como aquela que possui área de até quatro módulos fiscais, res-
peitada a fração mínima de parcelamento, e a média propriedade como aquela
que possui área superior a quatro e até 15 módulos fiscais (BRASIL, 1993).
Mas e a grande propriedade rural? Esta não foi conceituada diretamente pela
Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades 11

Lei, mas, por questões óbvias, é possível concluir que a grande propriedade
rural é o imóvel com área superior a 15 módulos fiscais.

O respeito à fração mínima de parcelamento de que trata o inciso que conceitua a


pequena propriedade significa dizer que o imóvel não poderá ter dimensão inferior a
essa fração. O Estatuto da Terra estabelece, em seu art. 65, que o imóvel rural não pode
ser dividido em áreas de dimensão inferior à constitutiva do módulo de propriedade
rural, salvo os parcelamentos de imóveis rurais em dimensão inferior à do módulo,
fixada pelo órgão fundiário federal, quando promovidos pelo Poder Público, em
programas oficiais de apoio à atividade agrícola familiar, cujos beneficiários sejam
agricultores que não possuam outro imóvel rural ou urbano, conforme disposição
do § 5º do artigo (BRASIL, 1964).

No entanto, no que diz respeito à sua capacidade produtiva, a classificação


das propriedades rurais em pequena, média ou grande não é numérica ou esta-
tística, não se podendo estabelecer pelo número de hectares se uma propriedade
é grande, média ou pequena. É só imaginarmos uma propriedade situada em
áreas pouco povoadas ou de condições climáticas e geografia desfavoráveis
e, ainda, com solo infértil — Amazônia ou Nordeste semiárido do Brasil,
por exemplo —, que pode ter centenas ou até milhares de hectares e, mesmo
assim, não possuir condições de sustentar, em níveis de vida razoáveis, uma
família. Por outro lado, em regiões onde há bons índices de incidência do sol,
níveis pluviais favoráveis e, ainda, proximidade dos centros consumidores
dos produtos produzidos, teremos propriedades que poderão ser altamente
produtivas.

Atente-se:
 Pequena propriedade rural: até quatro módulos fiscais.
 Média propriedade rural: superior a quatro e até 15 módulos fiscais.
 Grande propriedade rural: superior a 15 módulos fiscais.
12 Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades

A desapropriação para fins de reforma agrária


Os conceitos de módulos rural e fiscal, de pequena, média e grande propriedades
rurais e, especialmente, de função social da propriedade, estão diretamente
ligados à questão da desapropriação de imóvel rural para fins de reforma
agrária. É necessário compreender que todo o imóvel rural, independentemente
do seu porte, deve atender aos critérios exigidos por lei para cumprimento
da sua função social.
Em seu artigo 185, a Constituição Federal dispõe que não são suscetíveis
de desapropriação para fins de reforma agrária a pequena e média propriedade
rural, desde que seu proprietário não possua outra, e a propriedade produtiva
(BRASIL, 1988).
O artigo 186, que trata da função social da propriedade, exige que, além de
outros requisitos, a propriedade seja produtiva. Ou seja, o imóvel produtivo não
poderá sujeitar-se ao processo de desapropriação para fins de reforma agrária.
Apesar desta exceção conferida pelo texto constitucional, o proprietário da
pequena e da média propriedade rural continua obrigado a cumprir as demais
exigências estabelecidas pelo artigo 186, devendo garantir a preservação do
meio ambiente e a utilização adequada dos recursos naturais, respeitar a legis-
lação trabalhista e favorecer o bem-estar de si próprio e de seus trabalhadores.
Na prática, podemos dizer que esta exceção retira as propriedades de tal
porte do foco do Incra, órgão responsável por executar a reforma agrária, que
concentra seus esforços nos latifúndios.
Para melhor compreendermos a questão da desapropriação de proprieda-
des rurais e seu processo, é necessário conhecer os conceitos de minifúndio
e latifúndio. O Estatuto Rural conceitua minifúndio como imóvel de área e
possibilidades inferiores às da propriedade familiar. Ou seja, trata-se de pro-
priedade rural que não possui área suficiente e capaz de garantir a subsistência
e o progresso social e econômico do agricultor e sua família.
Por sua vez, o latifúndio pode ser por exploração ou por extensão. Latifúndio
por extensão é o imóvel rural com área que excede a 600 vezes o módulo fiscal;
já o latifúndio por exploração é o imóvel rural com área igual ou superior a um
módulo fiscal e que não excede a 600 módulos fiscais, mantido inexplorado
ou explorado de forma deficiente ou inadequada, prestando-se apenas para
fins especulativos.
O procedimento de desapropriação para fins de reforma agrária tem previsão
no art. 184 e seguintes da Constituição Federal de 1988, e a Lei Complementar
nº. 76/93 estabelece o rito judicial do processo. A Constituição determina que
cabe à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária,
Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades 13

o imóvel rural que não cumpra sua função social, mediante prévia e justa
indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do
valor real, resgatáveis no prazo de até 20 anos, a partir do segundo ano de sua
emissão, e cuja utilização será definida em lei.
Mas o que é desapropriação?
Desapropriação é o procedimento administrativo pelo qual o Poder Público,
ou seus delegados, mediante prévia análise e declaração de necessidade (ur-
gência) ou utilidade (sem urgência) pública ou ainda interesse social (melhoria
de vida social, redução desigualdades), impõe a perda de um bem ao seu
proprietário, mediante o pagamento de indenização justa.
O ato que inaugura o procedimento administrativo de desapropriação
para fins de reforma agrária é a notificação ao proprietário, cientificando-o
da realização da vistoria preliminar para averiguar se os requisitos da função
social da propriedade estão sendo cumpridos.
Após a vistoria, verificada a improdutividade do imóvel, ele será consi-
derado passível de desapropriação por interesse social e, consequentemente,
será editado o decreto expropriatório, o que autoriza à União a propor ação
de desapropriação contra o proprietário no prazo de dois anos.
Se tal não ocorrer nesse prazo, nova ação somente será possível após a
publicação de novo decreto expropriatório, observando-se o lapso temporal
mínimo de um ano. Vale dizer que o imóvel objeto de desapropriação não
pode ter sofrido invasão ou ocupação motivada por conflito agrário ou fun-
diário de caráter coletivo, ocasião em que sequer poderá ser vistoriado. Caso
a propriedade tenha sofrido invasão, não poderá ser desapropriada nos dois
anos subsequentes à desocupação do imóvel.
Também não poderá sofrer desapropriação para fins de reforma agrária
o imóvel que, seis meses antes da notificação ao proprietário, tenha projeto
técnico aprovado e em implantação com vistas ao aproveitamento de 80%
da área da propriedade no prazo máximo de três anos para culturas anuais e
cinco para culturas permanentes.
A lei garante ao expropriado requerer, ainda na contestação, que o Incra
estenda a desapropriação à totalidade do imóvel, quando intentada a desapro-
priação de forma parcial. Para suscitar esse direito, no entanto, o expropriado
deverá demonstrar que a área remanescente ficou reduzida ou prejudicada
substancialmente em suas condições de exploração econômica.
A indenização ao proprietário é garantida pela Constituição, pelo Estatuto
da Terra e pela Lei Material da Reforma Agrária, que fixam as formas de
resgate dos títulos da dívida agrária, em percentual proporcional ao prazo,
tanto para a indenização por via judicial quanto pela via administrativa.
14 Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades

Conforme disposição do artigo 184, § 1º, da Constituição Federal, diferentemente do


valor da terra nua, pago em títulos da dívida agrária, as benfeitorias úteis e necessárias
são indenizadas em dinheiro e sua avaliação também é realizada pelo Incra. As ben-
feitorias voluptuárias são excluídas dessa forma de indenização. Já o artigo 184, § 5º,
dispõe que são isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de
transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária (BRASIL, 1988).

Eventuais prejuízos causados por ato do Estado e suportados pelo desapro-


priado no decorrer do processo administrativo e judicial serão indenizados. Na
prática, caso não haja invasão ou ocupação do imóvel durante os processos de
desapropriação, a questão mais conflituosa é a indenização. Rara é a situação
em que o proprietário não contesta o valor fixado. O proprietário que tem seu
imóvel rural declarado como de interesse social e está na iminência de tê-lo
expropriado pelo Estado não costuma aceitar o primeiro valor proposto, em
geral considerando-o abaixo do mercado e da realidade das condições do
imóvel.

BARROSO, L. A.; PASSOS, C. L. Direito agrário contemporâneo. Belo Horizonte: Del Rey, 2004.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF, 1988. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicaocompilado.htm>.
Acesso em: 01 ago. 2018.
BRASIL. Decreto nº 55.891, de 31 de março de 1965. Regulamenta o Capítulo I do Título
I e a Seção III do Capítulo IV do Título II da Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964
- Estatuto da Terra. Brasília, DF, 1965. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Decreto/1950-1969/D55891.htm>. Acesso em: 01 ago. 2018.
BRASIL. Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964. Dispõe sobre o Estatuto da Terra, e dá
outras providências. Brasília, DF, 1964. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/L4504.htm>. Acesso em: 01 ago. 2018.
BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional
e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios.
Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades 15

Brasília, DF, 1966. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172.


htm>. Acesso em: 01 ago. 2018.
BRASIL. Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993. Dispõe sobre a regulamentação dos
dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária, previstos no Capítulo III, Título
VII, da Constituição Federal. Brasília, DF, 1993. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/Leis/L8629 compilado.htm>. Acesso em: 01 ago. 2018.
CARDOZO, F. M. Tratado de direito rural brasileiro. São Paulo: Saraiva, 1956. 3 v.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (EMBRAPA). Módulos fiscais. [2018].
Disponível em: <https://www.embrapa.br/codigo-florestal/area-de-reserva-legal-arl/
modulo-fiscal>. Acesso em: 01 ago. 2018.
PROENÇA, A. M. Compêndio de direito agrário. Pelotas, RS: Ed. Universidade Católica
de Pelotas, 2007.
TRENTINI, F.; ALABRESE, M. Definição jurídica de atividade agrária: uma árdua tarefa.
2017. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2017-mar-31/direito-agronegocio-
-definicao-juridica-atividade-agraria-ardua-tarefa#_edn2>. Acesso em: 04 ago. 2018.

Leituras recomendadas
BRASIL. Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. O que é modulo rural?
2018. Disponível em: <http://www.incra.gov.br/o-que-e-modulo-rural>. Acesso em:
01 ago. 2018.
CADASTRO RURAL. O que é imóvel rural? [2018]. Disponível em <http://www.cadastro-
rural.gov.br/perguntas-frequentes/propriedade-rural/o-que-e-imovel-rural>. Acesso
em: 01 ago. 2018.
QUERUBINI, A. O Solo e a atividade agrária. 2018. Disponível em: <http://direitoagrario.
com/o-solo-e-atividade-agraria/>. Acesso em: 01 ago. 2018.
WIKIPÉDIA. Propriedade Rural. [2018]. Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/
Propriedade_rural>. Acesso em 01 ago. 2018.
Dica do professor
A história da ocupação territorial rural do Brasil remete ao Brasil Colônia, que influenciou a
realidade agrária atual. Com o passar do tempo, grupos de pessoas organizadas em
movimentos passaram a reivindicar do governo o acesso a terra. Esses movimentos
foram atendidos pela legislação, mas passaram, em certo momento, a invadir ou ocupar ilegalmente
propriedades privadas.

Saiba mais sobre a questão agrária quanto à distribuição de terras e à ilegitimidade nas invasões e
ocupações.

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Exercícios

1) A desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária é possível nos casos em
que as propriedades rurais não estejam cumprindo com sua função social, mas para isso
deve haver justa e prévia indenização em títulos da dívida agrária. Sendo assim, como
ocorrem as indenizações?

A) O pagamento das indenizações será realizado a partir do segundo ao 15o ano quando emitido
para indenização de imóvel com área acima de 70 e até 200 módulos fiscais.

B) O pagamento das indenizações será realizado a partir do segundo ao 15o ano quando emitido
para indenização de imóvel com área de até 70 módulos fiscais, sem preservação de seu
valor real.

C) As benfeitorias úteis e necessárias, ou seja, galpões, casas, infraestrutura, serão indenizadas


por meio de precatório no prazo máximo de cinco anos.

D) O pagamento das indenizações será realizado a partir do segundo ao 20o ano quando emitido
para indenização de imóvel com área superior a 200 módulos fiscais.

E) Quando os prazos das indenizações forem iguais ou superiores a dez anos, poderão ser
reduzidos em cinco anos, desde que o proprietário entre em acordo administrativo e
concorde em receber o pagamento do valor das benfeitorias úteis e necessárias
integralmente em TDA.

2) A Constituição Federal de 1988 e as legislações pertinentes, quando trataram da reforma


agrária, estabeleceram que algumas propriedades não podem ser desapropriadas para fins
de reforma agrária.

Assinale a alternativa correta acerca desse tema:

A) É vedada a desapropriação da média propriedade rural, desde que seu proprietário não
possua outro imóvel urbano.

B) São insucetíveis de desapropriação as pequenas e médias propriedades rurais, assim


definidas em lei, desde que seu proprietário não possua outra.

C) Fica autorizada desapropriação da propriedade produtiva, desde que ela tenha área
superior a 150 módulos fiscais.
D) Somente a pequena propriedade rural não poderá ser desapropriada, pois ela é considerada
propriedade familiar.

E) A propriedade rural que atinja simultaneamente os percentuais do Grau de Utilização da Terra


(GUT) em 70% e do Grau de Eficiência na Exploração (GEE) em 90% não poderá ser
desapropriada.

3) De acordo com a Lei no 8.629/93, assinale a alternativa que descreve corretamente o que é
pequena, média e grande propriedade rural.

A) Média propriedade é o imóvel rural com área superior a quatro e até dez módulos fiscais.

B) Pequena propriedade é o imóvel rural com área até um módulo fiscal.

C) Média propriedade é o imóvel rural com área superior a quatro e até 15 módulos fiscais.

D) Grande propriedade é o imóvel rural com área superior a dez módulos fiscais.

E) Pequena propriedade é o imóvel rural explorado pessoalmente pelo proprietário ou por seus
familiares, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico.

4) A desapropriação para fins de reforma agrária é um procedimento administrativo no qual a


União impõe a perda de um imóvel rural ao seu proprietário mediante indenização.

Sendo assim, informe qual pressuposto deve justificar a desapropriação para fins de reforma
agrária:

A) Necessidade pública.

B) Interesse particular.

C) Utilidade pública.

D) Vontade popular.

E) Interesse social.

5) Com relação ao direito de extensão previsto no artigo 4o da Lei Complementar no 76/93,


assinale a alternativa correta.
A) É o direito que tem o proprietário de que o Estado indenize também os tratores, as
colheitadeiras e os implementos agrícolas existentes na propriedade.

B) É o direito do proprietário que perdeu o bem de exigir a devolução do bem desapropriado


que não foi utilizado pelo Poder Público.

C) Trata-se da possibilidade de estender em mais dois anos o prazo para indenização dos títulos
da dívida agrária.

D) Consiste no direito que assiste o proprietário de exigir que se inclua no plano de


desapropriação a parte remanescente do bem que se tornou inútil ou de difícil utilização.

E) É o direito que tem a União de estender a desapropriação ao imóvel vizinho.


Na prática
A desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária deve atender a alguns requisitos
para ser efetivada. Caso contrário, poderá ser revertida judicialmente.

Acompanhe o caso de João, um pecuarista do Pará.

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Assim, João deverá apresentar todas as informações de produtividade do seu imóvel rural para
demonstrar que, mesmo ela sendo considerada grande nos termos da Lei nº 8.629/1993, pelo fato
de ser produtiva, a propriedade está cumprindo sua função social. Portanto, não pode ser
desapropriada.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Desapropriação para fins de reforma agrária


A desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária é um instrumento que o Poder
Público possui que atinge diretamente a sociedade. O vídeo trata sobre o tema de quem é a
competência para realizar a desapropriação.

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Função social da propriedade


O descumprimento da função social da propriedade é um requisito imprescindível para efetivação
da desapropriação. O vídeo trata sobre esse conceito e ainda traz algumas críticas acerca do tema.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Módulo rural ou módulo fiscal?


O vídeo trata sobre o conceito de módulo rural e módulo fiscal.

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