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CIÊNCIAS CONTÁBEIS

CIÊNCIAS CONTÁBEIS

CONTABILIDADE
AGROPECUÁRIA

Geraldo da Costa Ferreira


gcostaferreira@gmail.com

Realização
FANS Faculdade de Nova Serrana

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Sumário

Artigo 1
A contabilidade rural no desenvolvimento do agronegócio ................................................................3
Artigo 2
Demanda por profissionais de agronegócio aumenta e se diversifica ..............................................19
Artigo 3
Fluxo Contábil na atividade agrícola e na atividade pecuária ..........................................................22
Artigo 4
A importância da contabilidade na gestão da micro e pequena empresa rural ..............................29
Artigo 5
Contabilidade Rural: Metodologia para registros das atividades de pequenas propriedades
rurais ...................................................................................................................... ...............................39
Artigo 6
Particularidades da contabilidade rural .............................................................................................95
Artigo 7
Custos: Um desafio para a gestão no agronegócio ...........................................................................108
Artigo 8
O agronegócio brasileiro e a relação entre o perfil do profissional demandado pelos segmentos
agroindustriais e o ofertado pelas instituições de ensino superior .................................................122

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ARTIGO 1

A CONTABILIDADE RURAL NO DESENVOLVIMENTO DO


AGRONEGÓCIO

Dalva Custódio Faria; Elislara Montovani; Sebastião Magalhães Marques – Acadêmicos do


da Faculdade Cenecista de Varginha – FACECA

Professor Ms. Fábio Luiz de Carvalho – Orientador

Resumo

O presente artigo tem como objetivo verificar como é realizada a contabilidade na


propriedade rural e destacar sua importância no desenvolvimento do agronegócio. Neste
sentido buscar identificar as particularidades da atividade rural e a definição de empresa rural.
Objetiva também mostrar qual a importância que contabilidade rural tem no desenvolvimento
do agronegócio e consequentemente na tomada de decisões, pois a escrituração da atividade
rural traz consigo um grande número de informações sobre a propriedade.

Palavras-Chave: Contabilidade. Agronegócios. Tomada de decisões. Propriedade.

Introdução

O presente artigo tem como objetivo verificar como é realizada a contabilidade na


propriedade rural e destacar sua importância no desenvolvimento do agronegócio.
As informações apresentadas vão ser de grande importância para os produtores rurais e
empresários do agronegócio, uma vez que o mesmo tem o compromisso de esclarecer a
contabilidade rural, apontando suas características, verificando sua importância, relatando o

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seu atual cenário e destacando a sua utilização pela administração rural nas tomadas de
decisão. Verificar-se-ão também os benefícios da parceria entre contador e produtor rural.
A metodologia utilizada para realizar o trabalho foi a pesquisa bibliográfica em livros,
trabalhos, documentos, relatórios, entre outros, com destaque para a obra de Crepaldi:
Contabilidade Rural: uma abordagem decisorial, que foi a principal base bibliográfica
utilizada.
Espera-se, através do presente artigo, esclarecer a contabilidade rural, identificando as
particularidades da atividade rural e a definição de empresa rural. Será mostrado a
importância da contabilidade rural no desenvolvimento do agronegócio, pois a escrituração da
atividade rural traz consigo as informações sobre a propriedade, demonstrando toda a
evolução da empresa. No momento da tomada de decisão é papel da contabilidade o
fornecimento de informações relevantes que orientem o administrador ou gerente para as
melhores decisões.

Atividade Rural

Consideram-se como atividade rural a exploração das atividades agrícolas, pecuárias, a


extração e a exploração vegetal e animal, a exploração da apicultura, avicultura, suinocultura,
sericicultura, piscicultura (pesca artesanal de captura do pescado in natura) e outras de
pequenos animais; a transformação de produtos agrícolas ou pecuários, sem que sejam
alteradas a composição e as características do produto in natura, realizada pelo próprio
agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades
rurais, utilizando-se exclusivamente matéria-prima produzida na área explorada, tais como:
descasque de arroz, conserva de frutas, moagem de trigo e milho, pasteurização e o
acondicionamento do leite, assim como o mel e o suco de laranja, acondicionados em
embalagem de apresentação, produção de carvão vegetal, produção de embriões de rebanho
em geral (independentemente de sua destinação: comercial ou reprodução), conforme destaca
Zanluca (2001).
Marion (2002) classifica a atividade rural em três grupos distintos: Produção vegetal -
atividade agrícola, produção animal - atividade zootécnica e indústrias rurais – atividade
agroindustrial.
Aloe e Valle (1978), esclarecem e exemplificam a atividade rural da seguinte maneira:

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- Atividade Agrícola: abrange a cultivação do solo no plantio de
cereais, hortaliças, floricultura, pomares, etc;
- Atividade Zootécnica: abrange a criação de animais domésticos
como na apicultura, pecuária, avicultura, ranicultura, etc;
- Atividade Agroindustrial: compreende o beneficiamento e
transformação de produtos agrícolas como o beneficiamento do café e a moagem
da cana-de-açúcar para fabricação de água ardente consistem ainda na
transformação de produtos zootécnicos como o mel e lacticínios.

Empresa Rural

Para conhecer as atividades consideradas rurais, é importante definir o que é uma


empresa rural.
Segundo Marion (2002, p. 24), “empresas rurais são aquelas que exploram a
capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação de animais e da
transformação de determinados produtos agrícolas”.
Mas existem outros autores que definem a empresa rural como unidade de produção,
conforme destaca Crepaldi (2006, p. 25), “é a unidade de produção em que são exercidas
atividades que dizem respeito a culturas agrícolas, criação do gado ou culturas florestais, com
a finalidade de obtenção de renda”.
Estes conceitos abordam a empresa rural com atividade de exploração da terra e
criação de animais como atividades de fonte de renda, atuando como organismos de produção
e exercendo funções complementares próprias de qualquer empresa, como destaca Aloe e
Valle (1978):

agrícolas,
animais e agroindustriais;
s, depósitos
bancários, retiradas de depósitos, etc;
patrimônio;
humanas.

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Dentro deste ambiente agroindustrial existe uma classificação de empresa agrícola de
suma importância para a contabilidade, pois à proporção que cada uma assume é o que
determina o uso ou não das ferramentas contábeis.
Aloe e Valle (1978) em seus estudos classificam essa proporção de empresa rural da
seguinte maneira: Pequenas, médias e grandes. As pequenas empresas exploram propriedades
de pequenas dimensões, constituídas de sítios, chácaras e pequenas lavouras; onde não se
encontram registros contábeis, devido a falta
de instrução e poucos recursos do agricultor. Em algumas propriedades o que existe é uma
caderneta, onde são anotados os serviços dos empreiteiros e os salários a serem pagos, assim
como as contas a receber.
As empresas médias exploram fazendas onde os proprietários possuem maiores
recursos e investem muitas vezes em uma única cultura, com pequenas criações. Nesta
categoria se encontram a relação de contas pendentes de liquidação, o livro Diário, cadernetas
com a relação de cada funcionário e o extrato de contas correntes, onde toda escrituração
demonstra no final do ano agrícola somente a renda liquida em dinheiro.
As grandes empresas exploram fazendas de grande extensão territorial, verdadeiros
latifúndios que predominam com a policultura, com indústrias agrícolas e grandes criações.
Possuem uma contabilidade completa com registros minuciosos que possibilitam o controle
de toda propriedade.

Atividades Agrícolas

A produção agrícola representa a atividade de exploração da terra, que apesar da


grande industrialização do Brasil, continua sendo de fundamental importância no
desenvolvimento do país, abrange dois tipos de culturas, as temporárias e as permanentes:

período
de vida muito curto entre o plantio e a colheita, como por exemplo os cultivos de feijão,
legumes, arroz, trigo, etc, de acordo com Marion (2002);

propiciam mais de uma colheita ou produção, bem como apresentam prazo de vida útil
superior a um ano, como por exemplo: laranjeira, macieiras, plantações de café, etc,
(MARION, 2002).

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Características da Atividade Agrícola

O setor agrícola apresenta algumas características que o distinguem dos demais setores
da economia, como destaca Crepaldi (2006):

muitas
outras dependem. O clima condiciona a maioria das explorações agropecuárias. Determina
épocas de plantio, tratos culturais, colheitas, escolha de variedades e espécies, vegetais e
animais;

desenvolve-se em algumas fases, independentemente da existência do trabalho físico


imediato. O que não ocorre em outros setores da economia, como por exemplo na indústria
onde somente o trabalho modifica a produção. Fator este que deverá ser sempre levado em
conta;

ciclo produtivo, ou seja, não se pode alterar a seqüência da produção (interromper o


desenvolvimento de uma lavoura de milho para se obter soja). Por outro lado, limita-se a
adoção de medidas que normalmente são utilizadas em outros setores da economia, como
recursos para acelerar a produção, como o estabelecimento de um terceiro turno de trabalho.
A pesquisa agropecuária pode conseguir espécies animais e variedades vegetais mais precoces
e produtivas, mas ainda assim sujeitas a condições biológicas;

suporte
para o estabelecimento de atividades produtivas, ao contrário, na maioria das explorações
agropecuárias, participa diretamente do ciclo produtivo. Assim, é importante conhecê-la e
analisá-la em suas condições químicas, físicas, biológicas e topográficas;
continuo
de produção, como na indústria e uma tarefa pode também não depender de outra. As
atividades estão dispersas por toda a empresa, podendo ocorre em locais distantes um do
outro. Não há relação, por exemplo, entre o trabalho executado por uma equipe que reformas
as cercas da propriedade com outra que faz “a limpeza” das pastagens;

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cidência de Riscos: Na agropecuária a existência de riscos é de grande proporção, pois
explorações podem ser afetadas por problemas causados pelo clima (seca, geada, granizo),
pelo ataque de pragas e moléstias, e também pelas flutuações de preços de seus produtos;

se obter produtos uniformes quanto à forma, ao tamanho e à qualidade. Esse fato é decorrente
das condições biológicas e acarreta, para o empresário rural custos adicionais com
classificação e padronização, além de receitas mais baixas, em virtude do menor valor dos
produtos que apresentarem padrão de qualidade inferior;

investimentos em benfeitorias e máquinas e, consequentemente, condições adversas de preço


e mercado devem ser suportadas a curto prazo, pois o prejuízo, ao abandonar a exploração,
poderá ser maior. A cultura de café e a pecuária leiteira podem ser consideradas como
explorações de alto custo de entrada, enquanto culturas anuais – milho e soja, por exemplo –
são explorações de menor custo de entrada.

A partir dessa reflexão Andrade (2000), analisa estas características e observa que as
mesmas isoladas ou em conjunto, para a administração rural, surtem efeito mais prejudicial do
que benéfico. Indicando que o empresário rural deve assumir ações administrativas eficazes,
que atenuem e modifiquem os efeitos prejudiciais de cada uma delas. Não esquecendo que
essas teorias foram transferidas para o setor rural e por isso devem ser adaptadas às suas
condições peculiares.

Importância da Contabilidade Rural no Agronegócio

Segundo Crepaldi (2006), a Contabilidade Rural é uma das ferramentas


administrativas menos utilizadas pelos produtores brasileiros. A Contabilidade Rural é vista
como uma técnica complexa em sua execução, sendo conhecida apenas dentro de suas
finalidades fiscais, grande parte dos produtores não demonstram interesse por uma aplicação
gerencial, pois estão sujeitos apenas à tributação do Imposto de Renda e não utilizam a
aplicação gerencial, colocando em segundo plano toda sua contabilidade.
Entre os diversos fatores que têm contribuído para isso, Crepaldi (2006) aponta os
seguintes:

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inadequados para retratar as características da agropecuária brasileira;

fazendeiros;

agrícolas ou fiscais.

A contabilidade funciona como um ciclo de coleta e processamento de informações


que resulta em relatórios, que devem garantir ao produtor a avaliação da sua atual situação,
deve visualizar claramente os pontos fortes e fracos de cada atividade produtiva e da empresa
como um todo, como descreve Crepaldi (2006).
Relatórios contendo um fluxo contínuo de informações de variados aspectos, tanto
econômicos quanto financeiros a respeito da Empresa Rural, garantem a gerência a
possibilidade de uma avaliação segura identificando e controlando os desvios e suas causas, e
também servindo de base para aperfeiçoamento dos futuros planejamentos.
O conhecimento técnico, a sensibilidade e a competência dos profissionais
responsáveis pelo diagnóstico da empresa e pela implantação do sistema contábil determinam,
com certeza, grande parte do sucesso, afirma Crepaldi (2006).
Segundo o mesmo autor, existem no mercado variedades de sistemas contábeis
informatizados, embora muitos não apresentem capacidade informativa, flexibilidade e
confiabilidade necessárias a uma utilização gerencial; pois focam a apuração do Imposto de
Renda da Atividade Rural e não possuem características necessárias para certas atividades
agropecuárias.
Crepaldi (2006) ainda salienta a importância de uma postura bem informada por parte
do empresário, onde deve haver uma escolha crítica do sistema contábil, que demonstre
melhor adaptação à natureza das atividades de sua empresa, levando em conta seu modo de
operar, sua forma de organização, constituição jurídica e dimensão patrimonial. A avaliação
do custo beneficio da implantação de um sistema de Contabilidade Rural Gerencial é
imprescindível, diante da capacidade de compreender e utilizar seus recursos para que se
elaborem dados realmente seguros.
Crepaldi (2006, p. 85), aponta a contabilidade rural como sendo:

Um dos principais sistemas de controle e informação das Empresas Rurais.


Com a análise do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do
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Exercício é possível verificar a situação da empresa, sob os mais diversos
enfoques, tais como análises de estrutura, de evolução, de solvência, de
garantia de capitais próprios e de terceiros, de retorno de investimentos etc.

A Contabilidade Rural também fornece informações sobre condições de expandir-se,


sobre necessidades de reduzir custos ou despesas, necessidades de buscar recursos; tendo
como característica e finalidade principal o planejamento. Vendo que as informações
contábeis são de grande interesse dos investidores, bancos, fornecedores, financeiras, clientes
e administradores das empresas rurais, estas dirão se o investimento é seguro e se há
possibilidade de retorno rápido (CREPALDI, 2006).
Crepaldi (2006), em seus estudos, traz as seguintes finalidades para a Contabilidade
Rural:

-financeiro da empresa e de cada atividade produtiva


individualmente;
as transações financeiras;

investimentos;

com outras empresas;

financeiros e outros credores;


tratos;

Para fundamentar a importância da Contabilidade Rural, Fabra, Quintana e Paiva


(2006, p. 311), ressaltam que: “A economia do Brasil está baseada principalmente na
agricultura e na pecuária, por isso devemos nos preocupar com o gerenciamento de custo
nessas atividades. E para isso torna-se de suma importância a utilização da Contabilidade
Fiscal e Gerencial”.
Em função disso Fabra, Quintana e Paiva (2006), ressaltam que a Contabilidade Rural
obedece a legislação fiscal, sendo praticada em dois regimes:
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tributada
pelo lucro real;
Jurídica
tributada pelo lucro presumido ou optante do simples.

A principal diferença entre os mesmos é a contabilização dos atos e fatos


contábeis na época do ocorrido que é obrigatório na Pessoa Jurídica tributada pelo lucro real.

O Atual Cenário da Contabilidade Rural

Existe o fato do produtor rural ainda guardar na memória muitos dos fatos ocorridos,
que são de grande importância para a contabilidade, situações que, com o decorrer dos anos,
são esquecidos e fazem grande diferença na hora da contabilização e na própria
comercialização dos produtos.
Polato (2006, p. 121), destaca o atual cenário da contabilidade da seguinte forma:

Essa atual conjuntura impõe aos empresários rurais excelência na gestão dos
negócios antes, dentro e depois da porteira. Na fazenda, o produtor rural tem
que dar espaço ao empresário rural, cada vez mais, planejando, buscando
conhecimento, atento aos riscos e entendendo do funcionamento dos
mecanismos de comercialização a fim que possam fazer com que a empresa
cresça com sustentabilidade. O planejamento e monitoramento dos riscos é que
vão possibilitar ao produtor crescer com segurança.

Contabilidade como Fonte de Informações

A escrituração da atividade rural traz consigo as informações sobre a propriedade,


relação de custos e despesas, como expandir-se, como alcançar recursos para novos
investimentos, pois demonstra toda a evolução da empresa. A agropecuária é realizada com
intuito de retorno econômico-financeiro que atenda às necessidades do produtor e muitas
vezes de toda sua família.

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Administração Rural e sua Necessidade na Propriedade

É importante salientar que toda propriedade necessita de uma boa administração,


sendo esta feita pelo próprio produtor ou por alguém que o faça por subordinação. Uma
pessoa apta a analisar os resultados e lucros de cada cultura, visualiza-os mais rapidamente,
fazendo o planejamento e controle de todo processo de produção.
Crepaldi (2006) define com sendo três os fatores de produção: a terra, o capital e o
trabalho.
Cabe ao administrador zelar pela conservação da terra, pelo bom uso do capital
investido e finalmente pela excelência em mão de obra, que atinge diretamente a boa
qualidade da produção.
Gomes (2002), ressalta que o sucesso em qualquer atividade econômica depende de
uma administração eficiente e eficaz. Para atingir este objetivo, o administrador necessita de
informações confiáveis que supram os anseios no gerenciamento da entidade que está sob sua
gestão.
Hermann Junior (1980 apud Gomes 2002, p. 19) afirma que:

Para assegurar o êxito de qualquer administração e garantir assim a integridade


patrimonial contra qualquer surpresa, é necessário colocar a atividade
econômica sobre a base planificada, formulando previsões econômicas,
estabelecendo probabilidade e controlando as previsões mediante a técnica da
análise econômica e financeira dos balanços periódicos.

Parceria entre Contador e Produtor Rural

Para a realização de todo um ideal de qualidade de produção, há a necessidade de


informações claras e objetivas que só uma contabilidade correta e precisa traz. A união entre
uma contabilidade bem elaborada e todo um conhecimento prático por parte do produtor,
alcançam patamares de excelência no agronegócio, adquirindo grande rentabilidade em curto
espaço de tempo.
A união entre contador e produtor só se faz com sucesso, quando há esforço múltiplo,
envolvendo os interesses de ambos, onde o contador procura o produtor e o mesmo também

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contribui, com interesse explicito e fornecendo todas as informações necessárias para uma
contabilidade correta e transparente.
Segundo Crepaldi (1998) é no cenário de crescimento e fortalecimento do segmento
agropecuário que o contador deve se inserir, buscando aproximação com os produtores rurais
e entidades ligadas ao setor, diminuindo essa distância existente entre ambos, pois sua
presença efetiva é fundamental para identificar, mensurar e atender às necessidades do setor,
indicando as melhores opções de negócios e dessa forma contribuindo para o aproveitamento
melhor das oportunidades e o aumento da rentabilidade.
Dentre as inúmeras atividades/serviços que a contabilidade pode oferecer ao setor
agrícola para incrementar e alavancar o seu crescimento, o autor destaca as seguintes:

recursos poderão produzir, previsão das culturas e criações, estimar as despesas


administrativas da fazenda e os custos relacionados aos animais e culturas, previsão do
volume de vendas e dos preços de venda, consolidar receitas e despesas, montar o fluxo de
caixa, etc;
: os registros contábeis e suas demonstrações financeiras,
trabalhos de auditoria e perícias contábeis, análise individualizada de cultura ou criação,
avaliação da eficiência do negócio agricultura e/ou pecuária, análise da rentabilidade,
endividamento e liquidez etc;

melhores aplicações fixas, retorno dos investimentos etc;


estoque e
produção, aplicações financeiras, redução de despesas desnecessárias etc.

Para Crepaldi (1998) o contador será cada vez mais importante neste segmento da
economia, à medida em que este for crescendo e se tornando mais complexo para se
administrar. A conscientização do pequeno produtor, ou seja, aquele que produz para
subsistência e pequenas vendas, e que a lei não o exige escrituração regular, de que o
planejamento e controle da produção são necessários em qualquer empreendimento,
independentemente de seu porte, é uma tarefa árdua e difícil do profissional de contabilidade.
Pois só assim, o contador estará cumprindo a sua função de gerar informações úteis para a
tomada de decisão e consequente crescimento da empresa. Quem disse que a contabilidade
existe apenas para as grandes empresas? Então, todas elas já nasceram grandes?
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Por fim, o setor agropecuário, contando com assessoria técnica, assessoria contábil,
apoio das classes representativas do setor e incentivos do Governo Federal, será cada vez mais
um segmento destacado na economia brasileira em relação aos demais segmentos
econômicos.

A Tomada de Decisão na Atividade Rural

Todo processo de tomada de decisão envolve diversos fatores, vai desde os insumos
até a própria produção em si, contando, também, com a rede de distribuição que, muitas
vezes, tem que ser terceirizada, para que o consumidor/indústria obtenha o produto desejado
no tempo programado.
De acordo com Martins (2001), em relação a decisões, o papel da contabilidade de
custos consiste no suprimento de informações sobre fatores relevantes que dizem respeito às
obre medidas de corte de produtos, fixação de preços de venda, opção de compra, etc.
Torna-se vital a compreensão do significado da relevância dos custos em relação à
tomada de decisão. A distinção entre custos relevantes, custos variáveis e custos
administrados se estabelece pelo ponto de referência.
Enquanto os custos variáveis e administrados se referem ao comportamento dos custos
com relação ao volume em certo período, os custos relevantes se referem a determinado
projeto.
Crepaldi (2006), comentando as atividades gerenciais relacionadas ao agronegócio,
afirma que a tarefa de gerar informações gerenciais que permitam a tomada de decisão, com
base em dados consistentes e reais, é uma dificuldade constante para os produtores rurais.
Os centros de responsabilidade são definidos como a menor unidade da área de
responsabilidade em que se acumulam os custos, em uma propriedade rural. Os centros de
responsabilidade são classificados da seguinte maneira:
• Centro de Custos Produtivos: corresponde a uma ou mais áreas da mesma cultura ou
lote de animais. A identificação dos centros ocorre em função da época de plantio, variedade
ou área geográfica;
• Centros de Custos Auxiliares: são os centros de apoio nos quais são acumulados os
valores dos serviços prestados que, posteriormente, serão distribuídos aos centros de custos
produtivos correspondentes;

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• Centros de Despesas: recebem os valores referentes aos gastos de administração,
comercial, contabilidade, recursos humanos e outros setores que possuem características
próprias de despesas;
• Centros de Investimentos: agregam todos os valores de despesas, custos, receitas e
investimentos efetuados em segmentos da empresa (ex.: agricultura, pecuária ou urna
fazenda).
Uma tomada de decisão sofre influência das previsões de resultados futuros relativos
às diversas alternativas, mas nem todos os custos futuros são necessariamente relevantes a
dada decisão. Serão relevantes os custos que se comportarem de maneira diferente nas
alternativas disponíveis.

Metodologia

A metodologia utilizada para realizar o trabalho foi a pesquisa bibliográfica em livros,


trabalhos, documentos, relatórios, entre outros, com destaque para a obra de Crepaldi:
Contabilidade Rural: uma abordagem decisorial, que foi a principal base bibliográfica
utilizada.

Resultados e Discussão

Aqui é apresentada a validação das hipóteses e as discussões. Na validação das


hipóteses constam resultados obtidos através da pesquisa bibliográfica. Para tal estudo,
admitiram-se três hipóteses, apresentadas e discutidas sequencialmente.
Como primeira hipótese, apresenta: acredita-se que a contabilidade rural é muito
importante para tomada de decisão no agronegócio.
Crepaldi (2006, p. 85), aponta a contabilidade rural como sendo:

Um dos principais sistemas de controle e informação das Empresas Rurais.


Com a análise do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do
Exercício é possível verificar a situação da empresa, sob os mais diversos
enfoques, tais como análises de estrutura, de evolução, de solvência, de
garantia de capitais próprios e de terceiros, de retorno de investimentos etc.

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Crepaldi (2006), comentando as atividades gerenciais relacionadas ao agronegócio,
afirma que a tarefa de gerar informações gerenciais que permitam a tomada de decisão, com
base em dados consistentes e reais, é uma dificuldade constante para os produtores rurais e é
papel da contabilidade rural gerar tais informações.
De acordo com Martins (2001), em relação a decisões, o papel da contabilidade de
custos consiste no suprimento de informações sobre fatores relevantes que dizem respeito às
conseqüências de curto prazo sobre medidas de corte de produtos, fixação de preços de venda,
opção de compra, etc.
Torna-se vital a compreensão do significado da relevância dos custos em relação à
tomada de decisão.
Como segunda hipótese tem-se: imagina-se que a contabilidade rural vem
ganhando destaque no atual cenário do agronegócio.
Polato (2006, p. 121), destaca o atual cenário da contabilidade da seguinte forma:

Essa atual conjuntura impõe aos empresários rurais excelência na gestão dos
negócios antes, dentro e depois da porteira. Na fazenda, o produtor rural tem
que dar espaço ao empresário rural, cada vez mais, planejando, buscando
conhecimento, atento aos riscos e entendendo do funcionamento dos
mecanismos de comercialização a fim que possam fazer com que a empresa
cresça com sustentabilidade. O planejamento e monitoramento dos riscos é que
vão possibilitar ao produtor crescer com segurança.

A terceira hipótese levantada é: supõe-se que uma parceria entre contador e produtor
pode contribuir para o bom êxito do agronegócio.
Segundo Crepaldi (1998) é no cenário de crescimento e fortalecimento do segmento
agropecuário que o contador deve se inserir, buscando aproximação com os produtores rurais
e entidades ligadas ao setor, diminuindo essa distância existente entre ambos, pois sua
presença efetiva é fundamental para identificar, mensurar e atender às necessidades do setor,
indicando as melhores opções de negócios e dessa forma contribuindo para o aproveitamento
melhor das oportunidades e o aumento da rentabilidade.
O mesmo autor afirma ainda que o contador será cada vez mais importante neste
segmento da economia, à medida em que este for crescendo e se tornando mais completo para
se administrar.

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Conclusão

Conclui-se que a contabilidade rural é um importante instrumento para as empresas


rurais, ou seja, o agronegócio, pois geram informações que possibilitam verificar a situação da
empresa, sob os mais diversos enfoques, tais como análises de estrutura, de evolução, de
solvência, de garantia de capitais próprios e de terceiros, de retorno de investimentos etc. Tais
informações são imprescindíveis para o processo decisório.
No entanto ainda não é muito utilizada, principalmente entre os pequenos produtores
que a utilizam para fins fiscais. A conscientização do pequeno produtor - aquele que produz
para subsistência e pequenas vendas, e que a lei não o exige escrituração regular - de que o
planejamento e controle da produção são necessários em qualquer empreendimento,
independentemente de seu porte, é uma tarefa árdua e difícil do profissional de contabilidade.
Pois só assim, o contador estará cumprindo a sua função de gerar informações úteis para a
tomada de decisão e conseqüente crescimento da empresa.
É correto afirmar que o atual cenário do agronegócio impõe aos empresários uma
gestão que busca excelência e segurança em seu planejamento empresarial, que é facilitado
com uma boa aplicação da contabilidade rural.
Neste sentido, a parceria entre contador e produtor rural são de grande importância
para o sucesso do agronegócio, pois a unificação entre o conhecimento prático do produtor e o
conhecimento teórico administrativo do contador fazem com que as informações contábeis
sejam bem aplicadas e contribuam para o bom êxito e o agronegócio.
O crescimento econômico do Brasil está diretamente ligado ao desenvolvimento de
seus vários setores, dentre eles o agronegócio. Logo o crescimento deste setor, coloca o
contador como um aliado e figura de destaque neste contexto, exercendo um papel relevante,
no auxílio ao produtor rural na utilização de práticas eficazes de gerenciamento objetivando
preservar a continuidade da empresa. Consequentemente, tanto os produtores rurais quanto os
contadores estarão contribuindo para o crescimento econômico do País e para a melhoria da
qualidade de vida da sociedade.
Por fim, o setor agropecuário, contando com assessoria técnica, assessoria contábil,
apoio das classes representativas do setor e incentivos do Governo Federal, será cada vez mais
um segmento destacado na economia brasileira, em relação aos demais segmentos
econômicos.

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Referências

ALOE, Armando; VALLE, Francisco. Contabilidade Agrícola. 6. ed. São Paulo: Atlas,
1978.
ANDRADE, José Geraldo de. Introdução à Administração Rural. Lavras: UFLA/FAEPE,
2002.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade Rural: uma abordagem decisorial. 2. ed. São
Paulo: Atlas, 1998.
FABRA, André; QUINTANA, Viviane Martins; PAIVA, Enio Borges de. A importância da
contabilidade na atividade rural. [2000?]. Disponível em:
<http://www.milkpoint.com.br/?noticiaID=33032&actA=7&areaID=61&secaoID=159>.
Acesso em: 8 maio 2008.
GOMES, Aguinaldo Rocha. Contabilidade Rural e agricultura familiar. Rondonópolis:
União Gráfica União, 2002.
MARION. José Carlos. Contabilidade rural: contabilidade agrícola, contabilidade da
pecuária, imposto de renda pessoa jurídica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
POLATO, Ricardo. Gestão no setor agrícola exige aperfeiçoamento. [2000?]. Disponível
em: <http://www.paginarural.com.br/artigos_detalhes.php?id=1370>. Acesso em: 14 fev.
2008.
PROCÓPIO, Adriana Maria. Organização Contábil Administrativa dos Produtores Rurais na
Região de Ribeirão Preto. In: MARION, José Carlos (Coord). Contabilidade e
Controladoria em Agribusiness. São Paulo: Atlas, 1996.
ZANLUC, Júlio César. A contabilidade nas operações rurais. [2000?]. Disponível em:
<http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/contabilidaderural.htm>. Acesso em: 18
fev. 2008.

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ARTIGO 2

Demanda por profissionais de agronegócio aumenta e se diversifica

Setor exige competências em gestão, administração e mercado.

Patrícia Lucena, iG São Paulo | 09/02/2011 05:57:20

O agronegócio brasileiro é responsável por cerca de um terço de tudo que é produzido


no País. Maria Flávia Tavares, coordenadora do núcleo de estudos de agronegócio da Escola
Superior de Propaganda e Marketing do Rio Grande do Sul (ESPM-RS), analisa que este é um
setor que vem crescendo a cada ano, mas para o qual ainda faltam profissionais qualificados.
“Hoje em dia, além dos conhecimentos em agronegócio, é preciso ter noção de mercado,
gestão e comercialização.”

Máquinas automatizam setor do agronegócio

O crescimento das empresas do setor faz com que a demanda de profissionais seja cada vez
mais diversificada, indo muito além das carreiras tradicionais, como agronomia ou
veterinária. A formação dos profissionais envolve economia, finanças, administração,
contabilidade, pesquisa operacional e aplicações de práticas modernas de gerenciamento e
controle do agronegócio.

Entretanto, segundo Maria Flávia, faltam cursos atualizados que ofereçam matérias de gestão
específicas para o agronegócio e que formem profissionais mais “completos”. Apesar

19
disso, as faculdades estão começando a oferecer cursos que a preencham, como é o caso da
ESPM.

Oportunidades

O profissional de agronegócio, hoje, não precisa necessariamente atuar no campo.


“Muitas vezes, a pessoa acaba indo trabalhar em outras áreas que necessitam do
conhecimento em agronegócio”, destaca Maria Flávia. “Áreas de comunicação, marketing,
jornalistas, assessores de imprensas e bancos também estão demandando profissionais desse
segmento.”

Luis Carlos Veguin, diretor de Recursos Humanos da Cosan, empresa de açúcar e


álcool, afirma que as oportunidades no mercado do agronegócio estão aumentando a cada ano
com o crescimento do setor e a automatização dos processos. O setor de produção de cana de
açúcar, por exemplo, está passando por um processo de mecanização da colheita, criando
novas vagas no processo de automatização.

Carreiras como Logística, Engenharia Química, Elétrica, Mecatrônica, Instrumentação


e Engenharia de Alimentos estão sendo muito demandas pelo segmento do agronegócio.
“Antes não havia máquinas, o agrônomo fazia tudo. Hoje em dia, é tudo automatizado. É
necessário que os profissionais tenham um conhecimento maior, dominem uma outra língua e
tenham uma especialização”, aponta Veguin.

Veguin destaca que, apesar de as oportunidades de emprego estarem aumentando, este


é um setor sazonal. “Na entressafra da cana de açúcar, é normal que o número de pessoas
empregadas caia. Há um aumento a partir de março e, em novembro, diminui de novo.”

Perspectivas do setor

Segundo a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), o agronegócio é responsável


por 35% dos empregos do País, o que representa em torno de 12% da população
economicamente ativa (PEA). O profissional desta área é capacitado para atuar em toda
cadeia agroindustrial: mercado de insumos, produção, processamento e consumidor final.

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que, em


2009, a agropecuária apresentou uma queda de 0,99% nos postos de trabalho em relação ao

20
ano anterior. O motivo dessa redução no setor é a influência sazonal da entressafra. Em 2010,
houve um saldo negativo de 2.580 empregos com carteira assinada no setor. Para este ano, a
expectativa é que o número de empregos aumente devido à melhora das condições gerais do
negócio, do câmbio e dos preços das commodities.

Para 2011, a CNA estima que o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio cresça de
3,5% a 4%, perdendo força em relação ao PIB do setor em 2010, com projeção de 7%. Em
2009, a agropecuária brasileira encerrou o ano com produção equivalente a R$ 718 bilhões,
queda de R$ 46,6 bilhões em relação à renda obtida em 2008. Com isso, houve uma queda de
6% na participação do setor na formação do PIB brasileiro.

O relatório das exportações do agronegócio em 2010, realizado pelo Centro de


Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), mostra que os únicos produtos com
atratividade em expansão no comparativo com 2009 foram: açúcar (13,36%), papel e celulose
(10,43%), álcool (7,74%), carne suína (4,71%), carne bovina (2,66%) e café (1,85%). Todos
os demais tiveram perda de atratividade, com destaque para farelo de soja (-37,46%), soja em
grãos (-18,59%) e madeira e mobiliário (-12,71%) . As frutas, óelo de soja, suco de laranja e a
carne de frango apresentaram retração entre 6% e 10%.

Dos produtos exportados, os do complexo sucroalcooleiro, do complexo soja e as


carnes aparecem na dianteira em termos de receita. Em 2010, o açúcar foi o produto de maior
destaque, com crescimento de quase 17% do volume e de 36% dos preços em dólar em
comparação com as médias de 2009.

Na avaliação dos pesquisadores, desde o início de 2010 o agronegócio nacional parece


ter superado a crise, apesar da forte valorização cambial que tem prejudicado o faturamento
em reais do setor. Para o início do ano de 2011, espera-se uma pequena redução nas
quantidades exportadas, já que os principais produtos exportados encontram-se em fase de
entressafra.

http://economia.ig.com.br/carreiras/demanda-por-profissionais-de-agronegocio-umenta-
e-se-diversifica/n1237993709874.html

21
ARTIGO 3

Fluxo Contábil na atividade agrícola e na atividade pecuária

Denize Bertoncello

RESUMO:
Ocorrem mudanças com extrema freqüência no mundo dos negócios. No agronegócio,
isso também acontece, o empresário rural deve estar atento as informações do mercado e as
inovações da tecnologia. Todas as atividades rurais por menores que elas sejam requerem um
controle eficiente, uma vez que os impactos das decisões administrativas são fundamentais
para uma boa gestão. Dessa forma a contabilidade pode desempenhar um importante papel
como ferramenta gerencial, através de informações que permitam o planejamento, o controle
e a tomada de decisão, transformando as propriedades rurais em empresas com capacidade
para acompanhar a evolução do setor, principalmente no que tange aos objetivos e atribuições
da administração financeira, controle dos custos, diversificação de culturas e comparação de
resultados. A atividade agrícola se divide em cultura temporária e cultura permanente, As
temporárias são aquelas que se extinguem pela colheita, sendo seguido de um novo plantio,
como milho, trigo, feijão, arroz, cebola etc. E as permanentes são aquelas de duração superior
a um ano ou que proporcionam mais de uma colheita, sem a necessidade de novo plantio,
recebendo somente tratos culturais no intervalo entre as colheitas, como eucalipto, pinho,
manga, laranja, maçã, café, etc. A pecuária corresponde a qualquer atividade ligada à criação
de gado. Portanto fazem parte da pecuária a criação de bois, porcos, aves, cavalos, ovelhas,
coelhos, búfalos etc Neste artigo se elabora o fluxo contábil na atividade agrícola e na
pecuária, onde se demonstra os conceitos e finalidades da atividade rural, mostrando uma
analise comparativa entre a contabilidade comercial e a rural.

Palavras- chave: contabilidade rural, atividade agrícola, atividade da pecuária.

22
INTRODUÇÃO

A Contabilidade é uma ciência muito antiga, e que sempre existiu com o intuito de
auxiliar as pessoas a tomarem decisões, tida como instrumento que fornece o máximo de
informações úteis para tomada de decisão, dentro e fora da empresa (MARION,1998).
Entende-se que a Contabilidade é mais que um conjunto de teorias, conceitos e
técnicas, constituindo uma ciência de origem muito antiga, que sempre esteve presente para
auxiliá-las na gestão de seu patrimônio. Ela nos fornece informações relacionadas ás
modificações e evolução do mesmo, no intuito evidenciar de forma mais simples e clara sobre
a situação da empresa perante vários aspectos, atuando de forma auxiliar para a tomada de
decisão.
A Contabilidade constitui uma área da ciência voltada para o estudo do patrimônio das
entidades, sendo conceituada de acordo com Ferrari (2005, p. 02), como “a ciência que tem
por objeto o patrimônio das entidades e por objetivo o controle desse patrimônio, com a
finalidade de fornecer informações á seus usuários”.
Iremos abordar nesse trabalho sobre a contabilidade rural, onde o objetivo social da
empresa rural se diferencia em vários aspectos da contabilidade comercial. Uma explora o
agronegócio enquanto a outra se dedica a compra e venda de mercadorias com a finalidade de
obter lucros.
Empresa Rural é a unidade de produção em que são exercidas atividades que dizem
respeito a culturas agrícolas, criação de gado ou culturas florestais, com a finalidade de
obtenção de renda.
Qualquer tipo de empresa rural, seja familiar ou patronal, é integrada por um conjunto
de recursos, denominados fatores de produção. São três:
• a terra;
• - o capital;
• - o trabalho.

FLUXO CONTÁBIL NA ATIVIDADE AGRÍCOLA

As culturas agrícolas dividem-se em dois grupos, cultura temporária e cultura


permanente.

23
As temporárias são aquelas que se extinguem pela colheita, sendo seguido de um novo
plantio, como milho, trigo, feijão, arroz, cebola etc. Nesse caso as despesas para a formação
da cultura, serão consideradas, no período de sua realização, despesas de custeio.
Sendo assim os custos deveram ser registrados em conta própria do ativo circulante,
cujo saldo será baixado contra a conta de resultado por ocasião da comercialização. Esses
custos podem ser sementes, fertilizantes, mão de obra etc. no término da colheita, o saldo
dessa conta será transferido para produtos agrícolas, onde posteriormente será somada a
colheita, para deixar os produtos a disposição das vendas. Ao ser vendido o produto,
transfere-se o valor correspondente ao volume pedido de produtos agrícolas para a conta de
custos dos produtos vendidos, sendo assim podendo calcular o resultado apurando-se o lucro
bruto.
Quanto à classificação do custo de armazenamento existem algumas controvérsias
porque muitos se confundem com o custo de produção, mas após estar o produto colhido e a
disposição para venda, o gasto com armazenamento será classificado com despesa
operacional.
As permanentes são aquelas de duração superior a um ano ou que proporcionam mais
de uma colheita, sem a necessidade de novo plantio, recebendo somente tratos culturais no
intervalo entre as colheitas, como eucalipto, pinho, manga, laranja, maçã, café, etc.
Durante a formação dessa cultura, os custos de formação são classificados no ativo
permanente imobilizado, acumulados na conta cultura permanente em formação, identificando
o tipo de cultura. Após sua formação que pode ser de anos, transfere-se o saldo acumulado da
conta cultura permanente em formação para a conta cultura permanente formada, ativo
permanece imobilizado identificando a cultura, logo após a formação da cultura, inicia-se a
primeira colheita.
Na primeira floração, os custos de formação e maturidade, serão classificados em uma
conta do ativo circulante – estoques, denominada colheita em andamento identificando o tipo
do produto.
Serão adicionadas as quotas de depreciação ou exaustão da cultura permanente
formada. Ao encerrar a colheita, transfere-se o saldo acumulado da conta colheita em
andamento para produtos agrícolas, ativo circulante – estoques. Com o produto colhido, os
custos de beneficiamento, acondicionamento, silagem, etc.
Após a venda do produto, transfere-se o valor correspondente de custos referente a
quantia total ou parcial da produção para a conta de custo de produtos vendidos, apurando-se
o resultado bruto.
24
Incide sobre depreciação as arvores frutífera, e as culturas ceifadas sofrem exaustão.

FLUXO CONTÁBIL NA ATIVIDADE DA PECUÁRIA

Não da para falar de pecuária sem mencionar o nosso país, onde traz maior produto de
gado do mundo, O rebanho bovino do Brasil é explorado com dupla finalidade: leite e corte.
Primeiro vem a produção de leite e em seguida a venda dos bezerros.
A pecuária corresponde a qualquer atividade ligada à criação de gado. Portanto fazem
parte da pecuária a criação de bois, porcos, aves, cavalos, ovelhas, coelhos, búfalos etc.
As atividades das Entidades Pecuárias alcançam desde a inseminação, ou nascimento,
ou compra, até a comercialização, dividindo-se em:

• Cria e recria de animais para comercialização de matrizes;


• Cria, recria ou compra de animais para engorda e comercialização; e
• Cria, recria ou compra de animais para comercialização de seus produtos derivados, tais
como: leites, ovos, mel, sêmen, etc.

Na contabilidade da empresa com exploração de atividade pecuária, o rebanho


existente deverá ser classificado de acordo com o tipo de criação e finalidade:

No Imobilizado - Ativo Permanente

• Gado Reprodutor: representado por bovinos, suínos, ovinos, eqüinos e outros destinados à
reprodução, ainda que por inseminação artificial;
• Rebanho de Renda: representado por bovinos, suínos, ovinos, eqüinos e outros que a
empresa explora para produção de bens que constituem objeto de suas atividades;
• Animais de Trabalho: representados por eqüinos, bovinos, muares, asininos destinados a
trabalhos agrícolas, sela e transporte.

Em decorrência dessa classificação no Ativo Permanente, esses bens ficam sujeitos à


depreciação a partir do momento em que estiver em condições de produzir ou posto em
funcionamento ou uso.

25
Estoque - Ativo Circulante:

Classificam-se no Ativo Circulante as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso


do exercício social subseqüente e as aplicações de recursos em despesas do exercício
seguinte.
Portanto, os rebanhos que se destinam à venda ou a consumo serão registrados nessa
conta e ficarão sujeitos à avaliação de estoque, pelo preço de mercado, custo médio ou
inventário físico (PN CST nº 6/79).
É recomendável que a cria recém-nascida seja classificada primeiramente no Estoque -
Ativo Circulante até que atinja uma idade em que possa ser analisada a sua habilidade para o
trabalho, procriação ou engorda, quando então será definida a sua permanência no Ativo
Circulante ou a sua reclassificação para o Imobilizado – Ativo Permanente.
O valor do custo das crias nascidas poderá ser apurado pelo preço real de custo ou pelo
preço corrente de mercado, gerando nesse último caso uma receita de "superveniência ativa".
O desaparecimento ou morte de animais terá seus valores registrados em conta de resultado
como "insubsistências ativas".
O período adequado para o encerramento do exercício social, assim como da atividade
agrícola, não é o ano civil. O ideal é realizá-lo logo após o nascimento do bezerro ou do
desmame. De maneira geral, o nascimento de bezerros concentra-se em determinado período
do ano.
Há empresas pecuárias que planejam lotes de nascimento para determinados períodos
do ano (em virtude da seca e inverno, períodos de pastagens ruim; observe-se que se o bezerro
inicialmente não pasteja) por meio da inseminação artificial ou da estação de monta,
planejada,aceleração dos cios etc.
Ora, havendo a ocorrência do nascimento de bezerros, a contabilidade, por intermédio
de relatórios contábeis, informará imediatamente os usuários sobre tal fato. Para tanto há
necessidade do encerramento do exercício social e de confecção do balanço patrimonial.
O raciocínio que se deve utilizar aqui é o mesmo utilizado para a colheita agrícola.
Nesse caso, todavia o bezerro será o “fruto”, o produto final que valoriza o patrimônio da
empresa.
Logicamente as empresas que não planejam períodos de nascimentos terão
dificuldades na fixação do mês de encerramento, porquanto os nascimentos se espalham ao
longo do ano. Mesmo assim existirá uma concentração de nascimentos que determinará o mês
do término do exercício social.
26
Há empresas pecuárias que fixam o exercício social com base no mês seguinte em que
concentram a venda das reses para o frigorífico. Esse critério é igualmente válido quanto ao
nascimento dos bezerros.
A contabilidade nos trás a variação patrimonial liquida da pecuária, que são:
Superveniências ativas: significam acréscimos, ganhos em relação ao ativo da empresa. São
aqueles que ocorrem em virtudes de nascimentos de animais e ganhos que ocorrem do
crescimento natural do gado. São as variações patrimoniais positivas.
Insubsistências ativas: significam reduções do ativo da empresa causadas por perdas, fatos
anormais, fortuitos em imprevistos. É o caso típico de mortes, desaparecimento de animais
etc. são as variações patrimoniais negativas, ou seja, as diminuições reais do ativo.

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A CONTABILIDADE


COMERCIAL E RURAL

Ao analisarmos bem a contabilidade comercial e a contabilidade rural, percebe-se que


os primeiros níveis dos planos de contas são idênticos. Porém, se observarmos melhor
encontramos diferenças enormes entre as atividades. Considere que em uma empresa
comercial os estoques, por exemplo, serão mercadorias e em uma empresa rural os estoques
serão bovinos, plantações, etc. O imobilizado na empresa comercial é composto por móveis e
utensílios, edifícios, instalações etc. Na rural além dos móveis e utensílios, edifícios,
instalação contém os pomares, represas, máquinas equipamentos agrícolas, terras entre outros.
O objetivo social da empresa rural é diferente do objetivo da empresa comercial. Uma
explora o agronegócio enquanto a outra se dedica a compra e venda de mercadorias com a
finalidade de obter lucros.
Um fator de fundamental importância de ser analisado é o exercício social, onde a
contabilidade comercial tem inicio em 01 de Janeiro e termina em 31 Dezembro, já na
contabilidade rural é completamente diferente, na atividade agrícola o exercício social inicia-
se na plantação e seu encerramento se da pela colheita, na pecuária, isso para efeitos
gerenciais, até porque para efeitos de imposto de renda incide o exercício social da
contabilidade comercial.

27
Conforme a observação destas diferenças fica estampado que cada entidade deve
elaborar o seu plano de contas, de acordo com os seus interesses, porte e atividades, mas
sempre obedecendo as leis e regimentos pertinentes.

CONCLUSÃO

Relatamos um pouco sobre a contabilidade rural, primeiramente sobre o tema


agricultura, onde procuramos mostrar alguns de seus principais conceitos que é a divisão em
cultura temporária e permanente. Demos ênfase ao fluxo contábil, tratando individualmente
esse assunto. Mostramos os principais aspectos contábeis incidentes sobre este.
Em seguida tratamos da atividade da pecuária, falamos sobre o conceito, principais
características, destacando também o fluxo contábil dessa atividade, que trás o registro de
animais no imobilizado, alguns para venda outros para trabalho e suas respectivas
classificações etc.
Fizemos uma análise comparativa entre a contabilidade comercial e contabilidade rural
e observamos que há sim diferenças entre elas, apesar de serem parecidas.
A contabilidade pode desempenhar um importante papel como ferramenta gerencial,
através de informações que permitam o controle e a tomada de decisão, transformando as
propriedades rurais em empresas com capacidade para acompanhar a evolução do setor,
principalmente no que tange aos objetivos da administração financeira.
Contudo os resultados dos empreendimentos devem satisfazer ao empresário rural e
permitir a ele lutar por seu espaço, em um mundo cada vez mais globalizado e com tantas
novidades surgindo a todo tempo.

BIBLIOGRAFIA

CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade Rural: Uma abordagem decisorial. 2ª ed. São
Paulo: Atlas, 1998.
PADOVEZE, Clóvis Luis. Manual de contabilidade básica: uma introdução a prática contábil;
São Paulo: Atlas 2000.
MARION, José Carlos. Contabilidade Rural: contabilidade agrícola, contabilidade da
pecuária, imposto de renda pessoa jurídica. 7ª ed.; São Paulo: Atlas, 2002.

28
ARTIGO 4

A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE NA GESTÃO DA MICRO E


PEQUENA EMPRESA RURAL

Marcos José Santana

RESUMO

O objetivo deste artigo é mostrar como a Contabilidade Rural pode contribuir


para melhorar os resultados financeiros da micro e pequena empresa rural. Diante
disso, foi analisado o tema Contabilidade Rural, dando atenção principalmente a sua
aplicação em micro e pequenas propriedades rurais. A pesquisa bibliográfica foi
realizada por meio de estudo exploratório sobre os conceitos de Contabilidade,
empresa rural, Contabilidade Rural, micro e pequena empresa rural e agronegócio,
que possibilitou a revisão da literatura deste trabalho. A partir da análise da literatura
estudada fica evidenciada a importância da Contabilidade para a micro e pequena
empresa rural. A análise da literatura mostrou também que a partir da contabilização
adequada das atividades agrícolas e pecuárias é possível alcançar melhores
resultados financeiros, aprimorar as condições para permanência das empresas
rurais no mercado e ainda criar condições para inserção das mesmas no
agronegócio.

Artigo de Revisão Bibliográfica que publica o Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em
Ciências Contábeis feito pela União Educacional de Brasília (UNEB) sob a
orientação da: Profª. Drª. Linda G. Reis, dezembro 2010.

Bacharel em Ciências Contábeis pela União Educacional de Brasília – UNEB.


Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011

29
Palavras-chave: Contabilidade Rural, Empresa Rural, Agronegócio.

INTRODUÇÃO

A Contabilidade Rural no Brasil ainda é pouco utilizada devido ao desconhecimento


da importância das informações geradas pela Contabilidade no processo de tomada de decisão
e também pela mentalidade conservadora do Empresário Rural que continua a utilizar
controles baseados em sua experiência adquirida. (CREPALDI, 2009, p.44).
O produtor rural de hoje é um empresário rural, porém ao contrário dos empresários de
outros ramos eles, de acordo com a maioria dos casos, não utilizam técnicas e controles
gerenciais em suas propriedades, contam apenas com informações guardadas em sua
memória. Ainda em conformidade com as constantes mudanças no mercado o empresário
rural que não adotar sistemas rigorosos de controle de custos, despesas e produtividade não
conseguirá permanecer no mercado cada vez mais competitivo. (SANDER, 2005).
A Contabilidade existe há muito tempo e se desenvolveu com o decorrer dos anos, no
entanto, muitos produtores rurais ainda não utilizam essa ferramenta que é de grande
importância no processo de tomada de decisão, mesmo nas economias mais simples a
Contabilidade é fundamental. (BARBOZA, 2005).
A Contabilidade surgiu na antiguidade, no início da civilização, devido à necessidade
do homem em controlar e gerenciar seu patrimônio. No início da civilização, antes do
surgimento da escrita, o homem se viu diante da necessidade de controlar seu patrimônio e
para isso utilizava inscrições artísticas nas paredes de cavernas e tábuas de pedra, por meio
das quais controlava quantitativamente e qualitativamente seus bens. O homem daquele
tempo ao controlar seus bens conheceu a Contabilidade, mesmo sem ter nenhuma noção de
que ali estava nascendo uma ciência que seria de grande importância para as gerações futuras.
Na verdade, foi a partir destes registros primitivos que a Contabilidade se desenvolveu, tendo
como objetivo principal o controle patrimonial. (MARQUES, 2009).
A Contabilidade sempre foi conhecida por ter a capacidade de medir e informar com
objetividade os resultados decorrentes do planejamento e sua execução. Na empresa rural por
menor que ela seja é necessário um controle eficiente para que as decisões administrativas
permitam uma boa gestão. No entanto, atualmente a maioria das propriedades rurais não
utiliza serviços contábeis, o empresário rural ainda guarda em sua memória as informações e
com o passar do tempo as esquece.
30
Na maioria das empresas rurais além de faltar organização financeira, não apuram
adequadamente o lucro e consequentemente não conseguem analisar os resultados de suas
atividades, através dos quais seria possível definir qual atividade é mais rentável e onde
podem ser reduzidos os custos de produção. (CREPALDI, 2009, p.45).
Na década de 1990, a agricultura nacional foi atingida por uma crise. Esse fato fez
com que muitos agricultores ficassem pelo caminho e apenas os produtores que adotaram uma
gestão profissional no campo sobreviveram. (MIRANDA, 2009).
De acordo com Marion (2009, p.170) poderá ser considerada Microempresa “a pessoa
jurídica que explora atividade rural que obtiver Receita Bruta igual ou inferior a R$
240.000,00”. Ainda em conformidade com Marion (2009, p.170) “a pessoa jurídica que
explora atividade rural que obtiver Receita Bruta igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 poderá
ser considerada empresa de Pequeno Porte”.

1. As influências da Contabilidade Rural nos resultados financeiros das


MPER

Em tempos de globalização da economia mundial e concorrência cada vez mais


acirrada, é preciso que as MPER sejam administradas de forma profissional. Para tanto, a
Contabilidade Rural é uma das ferramentas imprescindível para garantir uma gestão eficaz e
permitir resultados financeiros satisfatórios para as mesmas.
A Contabilidade é a radiografia da empresa rural, ela transforma em números o
desempenho do negócio e apresenta o nível de eficiência da administração. É através da
Contabilidade que será possível saber se a empresa rural está alcançando seus objetivos, ou
seja, o lucro. No balanço e nos livros de registros o empresário rural encontra o caminho para
o sucesso em seu negócio, bem como as correções de rumo necessárias no processo evolutivo
de qualquer empreendimento. (CREPALDI, 2009, p.87).
Callado e Callado (2004) enfatizam que [...] a gestão financeira se constitui numa das
mais importantes dentro do processo administrativo de qualquer organização, possuindo estes
objetivos que focalizem lucros financeiros ou não. Desta feita, é importante que nós
reconheçamos a relevância da Contabilidade.
Analisando detalhadamente a utilização da Contabilidade no processo de tomada de
decisão em empresas rurais será demonstrada sua importância para o sucesso das mesmas. É

31
indispensável que as empresas rurais possuam uma organização contábil clara, de maneira a
permitir o acompanhamento permanente de suas alterações patrimoniais e para que isso
ocorra é preciso que os gestores rurais compreendam a relevância da Contabilidade para o
desenvolvimento de seu negócio. (CALLADO; CALLADO, 2004).
Crepaldi (2009, p. 47) afirma que a Contabilidade aplicada na atividade rural atividade
pode demonstrar toda a vida da empresa. Por isso é imprescindível que também na
agropecuária se faça a contabilização dos fatos e que seja estruturado com base no
conhecimento, não apenas técnico e operacional, respeitando as peculiaridades da atividade.
A Contabilidade garante ao empresário rural uma adequada apropriação dos custos dos
produtos existentes em sua propriedade, em especial dos gastos gerais que devem ser rateados
corretamente com os demais produtos de forma a garantir o equilíbrio financeiro das contas
da empresa, sem comprometer seus preços de mercado.
O administrador rural deve estar focado no planejamento, controle, processo decisório
e avaliação dos resultados, objetivando a maximização de seu negócio, nesse contexto, a
Contabilidade Rural é uma das ferramentas indispensáveis para uma gestão bem-sucedida.
(CALLADO; CALLADO, 2004).

2. As contribuições da Contabilidade Rural para a permanência da MPER


no mercado

As transformações tecnológicas, políticas, econômicas, culturais e sociais estão


ocorrendo em grande velocidade e isso tem levado a um ambiente de turbulências que ao
mesmo tempo gera novas demandas, riscos, incertezas e oportunidades para as organizações
em geral e para o setor rural em especial. Para que as organizações rurais consigam se manter
competitivas fazem-se necessárias reformulações amplas em suas estruturas e a adoção de
novas posturas, por parte do administrador rural, frente aos novos desafios que tem levado
todos a repensarem seu estilo de vida, seus valores e principalmente sua maneira de
administrar. (SOUKI; SALGADO, 2000).
Ferreira (2009, p. 3) esclarece que a Contabilidade tem duas funções, a primeira é a
função administrativa, ou seja, o controle do patrimônio e a segunda é a função econômica,
que consiste na apuração dos lucros ou prejuízos das empresas, apura o resultado econômico.

32
Ainda em conformidade com Ferreira (2009, p. 4) o patrimônio [...] de uma
determinada empresa, a partir do momento em que passe a ser administrado, com o objetivo
de lucro, ele irá sofrer modificações significativas. Surge, então, a Contabilidade como
instrumento necessário ao controle e a informação dos efeitos provocados pelos fatos
decorrentes da gestão patrimonial.
O empresário rural, diferentemente de outras atividades onde a comercialização é
distribuída ao longo dos doze meses do ano, tem suas receitas concentradas em um
determinado período, que pode ser durante a colheita de cereais, o período de desmame dos
bezerros, da safra de frutas, enfim, dependerá das atividades desenvolvidas na propriedade.
Diante disso, para que os resultados sejam satisfatórios se faz necessário um controle eficaz,
que será garantido por uma Contabilidade adequada de suas atividades produtivas, de maneira
a permitir que o empresário rural conheça o resultado de suas operações e tenha condições de
decidir com segurança os investimentos para o próximo período produtivo. (MARION, 2009).
Para Sander (2005) o empresário rural deve [...] deixar de lado as técnicas primitivas
de controle, nas quais as informações são guardadas em sua memória e partir para um
controle mais rigoroso através de sistemas informatizados que irão proporcionar dados exatos
dos seus custos, despesas, produtividade, entre outros, e que facilitarão a sua permanência no
mercado.
Tomando como exemplo a atividade agrícola, pode-se considerar como custo de
cultura todos os gastos que puderem ser identificados, diretamente ou indiretamente, com a
cultura, tais como: sementes, adubos, mão de obra (direta ou indireta), combustível,
depreciação das máquinas e equipamentos empregados na cultura e também serviços de
agronomia, topografia e etc. Já as despesas de um período são todos os gastos que não são
identificáveis com a cultura, ou seja, são os gastos com as vendas, administrativos e
financeiros. (MARION, 2009, p. 15).
A crescente concorrência e busca por qualidade na atividade rural exige uma
Contabilidade diferenciada, que ofereça informações precisas e sólidas possibilitando o
conhecimento do real desempenho do negócio. Sendo assim, a Contabilidade desenvolvida e
aplicada às empresas rurais é uma ferramenta indispensável, inclusive para aqueles que não
possuem uma estrutura muito desenvolvida. A união entre a experiência prática do produtor
rural com uma Contabilidade bem elaborada proporcionará um excelente desempenho às
empresas rurais garantindo que os resultados financeiros destas correspondam às expectativas
de seus gestores e consequentemente sua permanência no mercado. (CREPALDI, 2009, p.
47).
33
3. Contribuições da Contabilidade Rural para inserção da MPER no
Agronegócio

O agronegócio brasileiro é um terreno fértil, produtivo, muito competitivo, e demanda


investimentos em tecnologias de produção e de gestão. Para que a MPER possa se inserir
nesse mercado precisa da Contabilidade Rural, pois, esta fornecerá todas as ferramentas de
gestão necessárias para que a empresa seja bem-sucedida nesse campo de oportunidades.
O agronegócio brasileiro é responsável por “33% do Produto Interno Bruto (PIB),
42% das exportações totais e 37% dos empregos brasileiros”. O agronegócio no Brasil
responde também por um em cada três reais gerados no país e possui uma das melhores taxas
de crescimento no comércio internacional, se mostra moderno, competitivo e eficiente, ou
seja, é a principal locomotiva da economia nacional. (PORTAL
DO AGRONEGÓCIO).
De acordo com Crepaldi (2009, p.48) a atividade agropecuária tem grande
importância na economia de países com grandes extensões territoriais e condições climáticas
favoráveis como o Brasil, levando a geração de empregos e transformando algumas regiões
do país em polos econômicos. Gonçalves e Brandt (2006, p. 15) esclarecem que nem todas
[...] as pessoas têm uma compreensão exata de como a Contabilidade se insere no mundo do
agronegócio. Entretanto, é uma necessidade imperiosa para quem exerce alguma atividade,
seja comercial, industrial, bancária, de serviços, agrícola ou qualquer outra. Ao contrário do
que muitos empresários pensam, Contabilidade não é luxo nem é burocracia: é uma
necessidade para qualquer empreendimento. No agronegócio, inclusive, a Contabilidade é um
imperativo para bem controlar as atividades e os resultados, seja uma grande propriedade, um
minifúndio ou até mesmo um fundo de quintal.
O uso de tecnologia esta deixando de ser privilégio de grandes propriedades rurais,
graças a soluções tecnológicas disponibilizadas por institutos de pesquisas como a
EMBRAPA, cada vez mais, pequenos produtores rurais têm buscado novas tecnologias que
possibilitem às mesmas melhorias produtivas, sustentabilidade e lucro. (REVISTA
BRADESCO RURAL, 2008, p. 9).
Gonçalves e Brandt (2006) afirmam que o [...] agronegócio há muito tempo deixou de
ser uma atividade para amadores, onde estes ainda persistem as probabilidades de fracasso são

34
muito grandes, porém, onde há preocupação de gestão o cenário muda e entra em cena a
Contabilidade como ferramenta de auxílio no processo decisório e de gestão.
Crepaldi (2009, p. 50) enfatiza que “os resultados dos empreendimentos devem
satisfazer ao empresário rural e permitir a ele lutar por seu espaço, em um mundo cada vez
mais competitivo”. O empresário rural precisa perceber que a união entre atividade rural e
Contabilidade vem dando certo e que planejamento e controle corretos proporcionam
excelentes resultados financeiros. (CIPALDI, 2009).
No agronegócio como em qualquer outro negócio as mudanças ocorrem com grande
velocidade e podem gerar incertezas, graças às variáveis econômicas e à concorrência voraz,
que juntas podem influenciar significativamente os resultados dos negócios de maneira geral.
Nesse contexto, o empresário rural deve estar atento às variações no mercado, às novidades
tecnológicas e estar sempre buscando melhorar suas técnicas produtivas e financeiras.
A Contabilidade pode garantir ao empresário rural as condições para competir no
agronegócio e sobreviver no mercado, através do direcionamento na tomada de decisões e um
controle de custos eficaz e a conseqüência disso são melhores resultados econômicos.
(CREPALDI, 2009, p. 49).

4. O papel da Contabilidade Rural no desenvolvimento do Agronegócio

Rodrigues (2004, p. 22) afirma que “o agronegócio está por trás do processo de
desenvolvimento dos países mais avançados do mundo”. Ainda em conformidade com
Rodrigues (2004, p. 22) a “[...] riqueza de um país vem da agricultura e da pecuária, já que
nenhuma nação nasceu industrial. Todas começaram com a agropecuária, desenvolveram os
serviços e depois suas indústrias”.
De acordo com Massilon (2003, p. 26 apud MIRANDA, 2004) o agronegócio
brasileiro tem grande importância na balança comercial do país, possui histórico de resultados
superavitários, ou seja, contribui significativamente para a diminuição dos déficits comerciais
do Brasil. O agronegócio é um dos maiores geradores de emprego no país e possui expressiva
participação no mercado consumidor interno.
Segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
“aproximadamente 45% do consumo das famílias brasileiras é em produtos oriundos do

35
agronegócio”. A Contabilidade aplicada ao agronegócio irá proporcionar ao empresário rural
maior grau de segurança na hora de tomar suas decisões e irá garantir resultados melhores e
mais consistentes em um menor tempo. (GONÇALVES; BRANDT, 2006).
Em conformidade com Crepaldi (2009, p. 48) “o agronegócio gira a roda de toda a
nossa economia” e que estudos da UNETAD, órgão da Organização das Nações Unidas
(ONU) responsável pelo desenvolvimento do comércio internacional, projetam o Brasil como
líder mundial na produção de alimentos em poucos anos.
Diante desse cenário promissor e desafiador o empresário rural necessita de uma
contabilização correta de suas atividades, que proporcione ao mesmo segurança no processo
decisório, conhecimento dos resultados de suas atividades e condições para enfrentar a
concorrência acirrada presente no mercado. A Contabilidade ainda permite o
desenvolvimento de planejamento s operacionais e estratégicos que irão manter o empresário
rural competitivo no agronegócio, mesmo diante das frequentes mudanças desencadeadas
sejam por incertezas de mercado sejam por variáveis econômicas decorrentes de um mercado
globalizado. (CREPALDI, 2009).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo como base a revisão de literatura realizada, fica explícita a importância da


utilização da Contabilidade na gestão da Micro e Pequena Empresa Rural (MPER), assim
como em qualquer outro segmento econômico. Quando as empresas rurais ou propriedades
rurais adotam uma Contabilidade adequada de suas atividades seus resultados financeiros
podem ser aumentados significativamente, através de um melhor controle de seus custos e por
meio de tomadas de decisões mais precisas, seguras e em conformidade com as necessidades
e exigências do mercado. Com relação à permanência da MPER no mercado, a Contabilidade
Rural contribui de forma decisiva, pois, ao melhorar os resultados financeiros das mesmas
cria-se um ambiente mais favorável à permanência daqueles produtores em suas atividades.
Oferece também condições para que possam competir em igualdade de condições no
mercado, consequentemente, assegura que enfrentem com maior tranquilidade as constantes
mudanças de rumo da economia moderna.
O agronegócio brasileiro possui grande importância para a economia nacional, possui
histórico de crescimento e está em desenvolvimento contínuo, associado a esses fatores ainda
temos a globalização econômica, além de outros fenômenos que devem ser considerados, para

36
que a MPER possa se inserir no agronegócio. Diante disso é indispensável que utilizem todas
as informações e ferramentas que a Contabilidade Rural possui e disponibiliza ao empresário
rural, para que esse tenha condições de gerir seus negócios de forma eficaz e lucrativa.
Devido à concorrência acirrada e o grande desenvolvimento tecnológico presente no
agronegócio, a Contabilidade possui papel de gerar informações precisas e fornecer
ferramentas necessárias para que o empresário rural possa ter segurança no processo
decisório, tenha condições de aproveitar as oportunidades e se mantenha competitivo no
mercado.
Atualmente, mesmo com a maioria das propriedades rurais utilizando métodos
ultrapassados na gestão de suas atividades, o setor rural possui grande importância para
economia brasileira. Porém, é possível perceber que com a competição acirrada imposta pelo
agronegócio foi dado início a um movimento rumo à modernização da gestão rural no país
Diante de tudo isso, pode-se afirmar que quando a maioria da Micro e Pequena
Empresa Rural passarem a utilizar adequadamente a Contabilidade, os bons resultados de hoje
serão multiplicados e alcançarão níveis de excelência administrativa e produtiva.

REFERÊNCIAS

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para o desenvolvimento da agricultura: enfoque no equilíbrio entre meio ambiente e
sustentabilidade. Disponível em: <http://www.universia.com.br>. Acesso em: 24 nov. de
2009.
BATALHA, Mário Otávio. Recursos humanos para o agronegócio brasileiro. Brasília: CNPq,
2000.
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para a gestão do agronegócio. Disponível em: <http://www.biblioteca.sebrae.com.br>. Acesso
em: 10 fev. 2010.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade rural: uma abordagem decisória. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2009.
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FERREIRA, Ricardo J. Contabilidade básica. 7. ed. Rio de Janeiro: Ferreira, 2009.

37
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inserção no agronegócio. Revista do CRCPR, Curitiba, n. 145, 2. quadrimestre 2006.
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Disponível em: <http://www.netlegis.com.br>. Acesso em: 27 nov. 2009.
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<http://www.mfrural.com.br/agronegocio.asp>. Acesso em: 07 dez. 2009.
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30, abr. 2004. Disponível em: <http://www.veja.com.br/acervodigital>. Acesso em: 15 jan.
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situada na região de Guarapuava – PR. Disponível em:
http://www.moretti.agrarias.ufpr.br/públicacoes>. Acesso em: 24 nov. 2009.
SOUKI, Gustavo Quiroga; SALGADO, Juliana Mafra. Limites cognitivos do administrador
rural: a informática ampliando a racionalidade das decisões. Disponível em:
<http://infoagro2000.deinfo.uepg.br/artigos/pdf/info_039.pdf>.

38
ARTIGO 5

CONTABILIDADE RURAL: METODOLOGIA PARA


REGISTROS DAS ATIVIDADES DE PEQUENAS
PROPRIEDADES RURAIS

JOÃO ARMELIN FILHO

RESUMO

O objetivo deste trabalho é apresentar de forma prática, os procedimentos para iniciação dos
registros contábeis das atividades rurais em nível de pequena propriedade rural. O foco para
pequena propriedade se deve ao fato de que, de um modo geral as grandes empresas já se
encontram organizadas e estruturadas. A fundamentação teórica apresenta conceitos e
definições básicas de contabilidade geral e contabilidade agrícola, sua finalidade e outros
assuntos da área do conhecimento aplicáveis e presentes ao caso prático objeto de um trabalho
realizado em uma propriedade rural, apresentado como forma de facilitar o entendimento dos
procedimentos a serem adotados para a iniciação dos registros das atividades. Como
referencial, utilizou-se do interesse dos pequenos produtores rurais em adotar um
procedimento como forma de registrar suas operações objetivando conhecer seus resultados,
atender às exigências fiscais e dispor de um histórico das culturas exploradas para servir de
base para tomada de decisões sobre as próximas atividades e o planejamento da safra
seguinte. Apesar da complexidade como o tema se apresenta pelos estudiosos da ciência
contábil, conclui-se que é possível extrair da literatura, os ensinamentos necessários para
facilitar aos iniciantes, o entendimento básico do processo para adoção do sistema para
registro de suas atividades. Como as dificuldades para iniciação de um sistema de escrituração
é comum à maioria dos pequenos empresários rurais, a perspectiva é que os passos
apresentado no caso prático deste estudo venha contribuir e facilitar o entendimento para
àqueles que sintam o desejo e a necessidade da adoção de um sistema para acompanhamento e
controle de suas atividades.
39
Palavras-chave: contabilidade, pequena empresa rural, empresário.

1. INTRODUÇÃO

O desconhecimento da importância da contabilidade, pela maioria dos empresários, os


leva a crer que ela existe apenas como formalidade exigida em função da constituição jurídica
da empresa e em geral somente as empresas ou propriedades rurais juridicamente constituídas
mantém escrituração regular apenas para cumprimento da legislação fiscal em detrimento à
sua principal finalidade que é fornecer informações de ordem econômica e financeira sobre o
seu Patrimônio.
A forma complexa e extremamente técnica como são abordados exige dos usuários um
grau de conhecimento técnico raramente presente no meio rural, fazendo com que os
empresários rurais tenham dificuldades até mesmo em iniciar os registros de suas atividades.
Neste contexto, partindo do principio que, a complexidade e o volume de trabalho com a
escrituração, esta diretamente relacionada ao porte da empresa (pequena, média ou grande
propriedade ou empresa rural) e ao volume de seus negócios, em nível de pequena
propriedade rural, a escrituração poderá ser simplificada e restringir-se apenas a escrituração
de um livro caixa, condição prevista na legislação do imposto de renda, para as pessoas físicas
tidas como pequeno e médio produtor rural.
Diferentemente como sugere a legislação do Imposto de Renda de se escriturar apenas
o “Livro Caixa” que atende tão somente aos interesses do fisco, este estudo sugere a adoção
de um sistema de escrituração através do método das partidas dobradas, a nível de contas
patrimoniais e de resultados, possibilitando aos empresários rurais, a qualquer momento
verificar a movimentação e saldo de todas as contas e, no final do ciclo produtivo apurar o
resultado de cada cultura explorada, dispondo assim de um histórico de cada atividade para
fins de avaliação e servir de base para tomada de decisão sobre as próximas culturas a serem
exploradas e o planejamento da safra seguinte.
Como forma de facilitar o entendimento do processo para a adoção de um sistema de
escrituração em nível de pequena propriedade diante da complexidade e abrangência do tema,
no desenvolvimento do estudo procurou-se extrair através de pesquisa bibliográfica, apenas os
conceitos e definições básicas presentes e aplicáveis ao caso prático, subtítulo 5.16, onde se

40
apresenta passo a passo, as etapas seguidas no trabalho realizado em uma propriedade rural.
Neste contexto, o plano de contas sugerido, está estruturado de acordo com os preceitos da
legislação e dispõe de um elenco de contas apropriadas à atividade agrícola, hierarquizado até
o quarto nível, com a definição da sua natureza, função e funcionamento das contas,
facilitando sua interpretação. Na elaboração foram considerados aspectos relacionados às
atividades desenvolvidas, o porte da propriedade, volume e tipo de transações, necessidade de
informação dos usuários internos e externos e principalmente o inventário físico dos bens,
direitos e obrigações. Para as transações com maior grau de dificuldade, o estudo sugere
procedimentos e critérios que mantém estreita relação com legislação aplicada ao caso.
Assim, para avaliação dos bens inventariados sugere-se os preços correntes de mercado; para
rateio ou distribuição das despesas indiretas, sugere-se como base para rateio a relação
quantidade de hectares de cada cultura; em relação à remuneração do trabalho do empresário
rural, assim entendida o pagamento pela efetiva prestação de serviços na empresa rural,
notadamente, os trabalhador da agricultura familiar que tem na exploração agrícola senão a
única, a principal fonte de renda para atender suas necessidades básicas, sugere-se registrar
como retiradas pró-labore, o montante dos valores retirados mensalmente; e, em relação aos
juros sobre o capital próprio, sugere-se o mesmo critério aplicado às pessoas jurídicas
tributadas com base no lucro real que estabelece como parâmetro para a remuneração a titulo
de juros sobre o capital próprio (patrimônio liquido), a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP),
fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Assim, como as dificuldades para iniciação de um sistema de escrituração é comum à
maioria dos pequenos empresários rurais, a perspectiva com o método apresentado é de
proporcionar fatores que venham motivá-los à adoção de um sistema que atenda às suas
necessidades, aos interesses do fisco e dos técnicos da extensão rural da área agronômica,
contábil e outras afins, para o aprimoramento do sistema sugerido e em estudos e avaliações
de impactos sócio-econômico.

2. OBJETIVOS:

2.1 – GERAL

Este trabalho dedica-se ao estudo e sugestão de metodologia de forma simplificada


para registro e controle das atividades de pequenas propriedades rurais.
41
2.2 – ESPECÍFICOS

• Apresentar conceitos e definições inerentes às atividades contábeis e sua importância como


instrumento de planejamento, acompanhamento, avaliação e controle das atividades
exploradas;
• Apresentar uma metodologia simples, direcionada ao pequeno empresário rural, para
iniciação e manutenção dos registros das atividades de pequenas propriedades rurais;
• Demonstrar, de forma prática, as fases para início de uma escrituração através de um caso
prático voltado para a realidade de uma pequena empresa agrícola.

3. METODOLOGIA DA PESQUISA

Para se alcançar os objetivos propostos, a metodologia deste trabalho estará


pautada em pesquisa bibliográfica.

Gil (2010, p. 29), comenta:

A pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado.


Tradicionalmente, essa modalidade de pesquisa inclui material impresso como
livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos científicos.
Todavia, em virtude da disseminação de novos formatos de informação, estas
pesquisas passaram a incluir outros tipos de fontes, como discos, fitas
magnéticas, CDs, bem como o material disponibilizado na Internet.

Sobre modalidades de pesquisa, SALVADOR (1986, p. 10), comenta:

Por outro lado, a pesquisa feita em documentos escritos é chamada de pesquisa


bibliográfica,quando se utiliza de fontes, isto é, documentos escritos originais
primários; chama-se de consulta bibliográfica ou estudos exploratórios, quando
se utiliza de subsídios, literatura corrente ou obras de autores modernos.

42
Comumente, ambos os estudos são denominados simplesmente de pesquisa
bibliográfica.

Cabe ressaltar que as obras literárias abordam o tema embasado nos princípios da
contabilidade, leis e regulamentos voltados não só para o cumprimento das funções da
contabilidade, mas principalmente para cumprimento da legislação fiscal. Os temas são
altamente técnicos e com elevado grau de complexidade, dificultando e até mesmo
desmotivando os iniciantes. Diante desta constatação, além de apresentar as doutrinas,
conceitos e definições dos grandes mestres da literatura contábil, o que se pretende com esse
trabalho é extrair, através da pesquisa bibliográfica, um conteúdo simples, atualizado, de fácil
entendimento e com aplicabilidade à realidade das pequenas empresas rurais, objetivando o
entendimento do processo para iniciação dos registros de suas atividades.

4. JUSTIFICATIVA

Este tópico trata da apresentação de conceitos e definições explorando a


literatura relacionada ao tema com o propósito de proporcionar aos empresários
rurais, maior familiaridade com o tema e servir como base para o estudo
apresentado considerando as características e peculiares da pequena propriedade
ou empresa rural.
Segundo Gomes (2002, p. 19), um grande número de produtores rurais não
utiliza a contabilidade com o objetivo de auxiliar no processo de tomar decisões e
que, segundo CREPADIL (apud GOMES 2002, p. 19), entre os diversos fatores que
têm contribuído para que este fato ocorra destaca-se:

1) A adaptação de sistemas estrangeiros e de contabilidade comercial e


industrial inadequados para as características peculiares da agropecuária; 2)
A falta de profissionais capacitados na transmissão de tecnologia
administrativa aos produtores rurais; 3) A não inclusão da contabilidade rural
como instrumento de políticas governamentais agrícolas ou fiscais.

Berti (2001, p. 35), conceitua contabilidade como sendo a ciência que estuda,

43
registra e controla o patrimônio. É definida como ciência porque representa uma
soma de conhecimentos práticos, sedimentados no tempo, representados por seus
princípios e convenções geralmente aceitos.

5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

5.1 Contabilidade Rural

A contabilidade é uma ciência que estuda o patrimônio. Os registros referentes à


contabilidade, datam desde os sumérios. Existem diversos conceitos contábeis para os
inúmeros segmentos desta ciência, tais como: de custos, comercial, industrial, bancária, etc.
Seguem definições sobre contabilidade rural.

Para Gomes (2002, p.21):

A contabilidade rural é um instrumento fundamental para o controle


financeiro e econômico da propriedade rural; pode-se também afirmar
que a utilização da contabilidade contribui, sob vários aspectos, com o
ambiente onde a entidade esteja inserida.

Calderelli (1976) define contabilidade rural como sendo o conjunto de leis, normas e
princípios, com a finalidade de estudar e registrar todos os atos e fatos ligados a empresas de
atividades agrícolas e pastoris.
Segundo Aloe & Valle (1972), a Contabilidade rural é a parte da contabilidade
aplicada às atividades agrícolas, tendo por objetivo o estudo, registro e controle da gestão
econômica do patrimônio das empresas que se dedicam a essa atividade.

5.2 Empresa Rural

44
Segundo Marion (2000, p. 22) empresas rurais são aquelas que exploram a capacidade
produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação de animais e da transformação de
determinados produtos agrícolas.

Para Aloe & Valle (1972):

Empresa rural é a atividade de caráter econômico que tem por finalidade


utilizar a capacidade produtiva da superfície do solo, através do conjunto de
meios apropriados que possibilitem obter com maior abundância e mais
economicamente os produtos da natureza.

Conceito de atividades rural (COAD - IRPJ 2010, p. 1 - 2):

A exploração da atividade rural inclui as operações provenientes do giro normal da


empresa, em decorrência do exercício das seguintes atividades:
- agricultura;
- pecuária;
- extração e exploração vegetal e animal;
- exploração de atividades zootécnicas, tais como apicultura, avicultura, cunicultura,
suinocultura, sericicultura; piscicultura e de outras culturas de pequenos animais;
- exploração de atividade florestal, ou seja, o cultivo de florestas que se destinem ao
corte para comercialização, consumo ou industrialização;
- venda de rebanho de renda, reprodutores ou matrizes;
- transformação de produtos decorrentes da atividade rural, em que sejam alteradas a
composição e as características do produto in natura, feita pelo próprio agricultor ou
criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais,
utilizando exclusivamente matérias-primas produzidas na área rural explorada tais
como:

a) beneficiamento de produtos agrícolas:


• Descasque de arroz e de outros produtos semelhantes;
• Debulha de milho;
• Conservas de frutas, etc;
b) transformação de produtos agrícolas:
45
• moagem de trigo e de milho;
• moagem de cana-de-açúcar para produção de açúcar mascavo, melado, rapadura;
• grãos em farinha ou farelo;
c) transformação de produtos zotécnicos:
• produção de mel acondicionado em embalagem de apresentação;
• laticínio (pasteurização e o acondicionamento do leite; transformação do leite em
queijo, manteiga e requeijão);
• produção de sucos de frutas acondicionados em embalagem de apresentação;
• produção de adubos orgânicos;
d) transformação de produtos florestais:
• produção de carvão vegetal;
• produção de lenha com árvores da propriedade rural;
• venda de pinheiros e madeira de árvores plantadas na propriedade rural;
e) produção de embriões de rebanho em geral, alevinos e girinos em propriedade rural,
independente de sua destinação (reprodução ou comercialização):
• atividade de captura de pescado in natura, realizada por embarcações, desde que a
exploração se faça com apetrechos semelhantes ao da pesca artesal (arrastões de praia,
rede de cerca, etc), inclusive a exploração em regime de parceria.

Diante destes conceitos, pode-se definir empresa rural como sendo a constituição
jurídica e legal, com a finalidade de exploração econômica das atividades agrícolas, pecuárias,
agroindustriais e extrativas, com o objetivo de produzir bens e serviços.

5.3 Empresário Rural

O Novo Código Civil Brasileiro, Lei 10.406 de 10.01.2002, estabelece:

Art. 966. Considera empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica


organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.

46
O Art. 970 estabelece que: A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e
simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí
decorrentes.

Segundo Brandt & Oliveira (1976):

Empresário rural é a pessoa física ou jurídica que tendo o uso e desfrute da


terra e demais elementos organizativos da exploração, desempenha em próprio
nome uma atividade de cultivo, pecuária, florestal, agro-industrial ou mista e
que assume as funções técnicas, financeira, comercial, contábil, e
administrativa.

Assim, pode-se definir empresário rural como sendo a pessoa física ou jurídica que
investe na exploração econômica das atividades agrícolas, pecuárias, agroindustriais e
extrativas assumindo as funções de coordenar e organizar a empresa, unindo os fatores terra,
trabalho, capital e tecnologia.

5.4 Escrituração

Segundo Berti (2001, p. 36), “escrituração contábil – é a técnica de efetuar registros


dos fatos contábeis que afetam o patrimônio da entidade, passíveis de valorização monetária.
Devem ser efetuadas em ordem cronológica através dos lançamentos em livros próprios”.
Para Walter & Braga (1979) escrituração são registros cronológicos e sistemáticos dos
fatos administrativos através de vários métodos ou processos que vão desde a escrituração
manual até os processos eletrônicos.

5.5 Normas e métodos de escrituração

Para Gomes (2002, p.27), método de escrituração constitui o conjunto de normas e


princípios reguladores do roteiro a ser seguido nas tarefas de registros dos fatos
administrativos.

5.5.1 Método das partidas simples

47
Consiste em se debitar ou creditar, conforme o caso, a conta de uma das pessoas
físicas ou jurídicas que figurar na operação. É feita sem observar qualquer princípio contábil,
limitando-se a anotações de fatos, sem atender a origem ou destino das operações. Neste
método o resultado econômico só é conhecido mediante a comparação do patrimônio líquido
inicial e final, verificado através de aumento ou diminuição da riqueza administrada.
Para Gomes (2002, p.27), pelo método das partidas simples, só se fazem registros de
operações realizadas com pessoas, omitindo-se, portanto, o registro dos elementos
patrimoniais, do lucro ou do prejuízo.

5.5.2 Método das partidas dobradas

Gomes (2002, p. 27) afirma:

O método das partidas dobradas, que é um método universalmente aceito e,


prescreve, em sua essência, que o registro de qualquer operação implica que a
um débito numa ou mais contas deve corresponder um crédito equivalente em
uma ou mais contas, de forma que os valores debitados seja sempre igual à
soma dos valores creditados. Não há débito (s) sem crédito
(s) correspondente (s).

Segundo Cherman (2005, p. 17), o método das partidas dobras preceitua que
a todo débito corresponde a um crédito de igual valor.

5.6 Sistema de escrituração

Segundo Calderelli (1976) sistema de escrituração é o conjunto das contas ordenadas,


relativas a fatos administrativos de determinada espécie ou determinado setor; é a
coordenação dos elementos contábeis com vista a determinados fins.
Aloe (1972) definiu sistema de escrituração como sendo um conjunto de contas que
poderá registrar todos os fatos de gestão, podendo ser parcial quando se referir apenas a
determinado grupo de contas ou fatos e, geral quando abrange todas as contas ou fatos
administrativos da empresa.

48
5.7 Sistema de custos

Tem a função de registrar os custos incorridos com a produção, apresentando o


resultado após a execução de todas as operações, com o produto já concluído e/ou acabado.
Aloe & Valle (1972) definem custo de produção como sendo a soma global de todos
os encargos suportados pelo agricultor para se obter o produto.
Para Calderelli (1976), o custo representa as aplicações de bens ou serviços para a
obtenção de um novo bem.
Dentre os sistemas, um dos mais utilizados é o custo histórico ou real que consiste nos
registros contábeis das despesas e gastos reais à medida em que eles ocorrem. Apresenta o
resultado no fim do ciclo produtivo com o produto já concluído, pronto para comercialização
ou consumo.
As empresas que controlam custos por atividades adotam o sistema de custos ABC
(Activity Based Costing). A idéia básica do sistema de custos ABC é primeiramente atribuir
custos às atividades e posteriormente transferir os custos das atividades aos produtos.

5.7.1 Classificação de custos

Os custos se classificam em fixos e variáveis.

5.7.1.1 Custos fixos - São aqueles de natureza constante, que não mantém proporcionalidade
com a produção. São os custos necessários para o funcionamento normal da empresa
independente de estar ou não produzindo. Representa as despesas de salários e encargos do
pessoal administrativo, aluguéis, impostos e taxas e depreciações.

5.7.1.2 Custos variáveis - São aqueles que mantém relação com a quantidade produzida,
variam em função do aumento ou diminuição da produção. Representa as despesas com
sementes, fertilizantes, defensivos, combustíveis, lubrificantes, transportes, mão de obra e
encargos, manutenção e reparos.

5.8 Elementos componentes do custo de produção

49
São componentes dos custos de produção as despesas diretas com insumos e mão de
obra e as despesas indiretas.

5.8.1 Despesas diretas ou custo direto

São aquelas que pela sua natureza e características, é possível determinar com exatidão
os valores e aonde foram aplicadas. São contabilizadas diretamente como custo da cultura
especifica e normalmente compreende as despesas com sementes, fertilizantes, defensivos,
mão de obra e encargos diretos.

5.8.2 Despesas indiretas ou custo indireto

Também denominadas gastos indiretos, são aquelas despesas que não permitem
identificar com exatidão os valores que devam recair sobre cada cultura ou atividade.
Representa as despesas comum às diversas culturas e deverão ser rateadas entre elas.

5.9 Critério de rateio ou distribuição das despesas indiretas ou custo


indireto

Para se determinar o critério de rateio das despesas indiretas, deverá ser levado em
conta a natureza da operação e as características das despesas. Na atividade agrícola as
operações e despesas são de natureza e características semelhantes, portanto, as despesas com
mão de obra e encargos, combustíveis e lubrificantes, manutenção e conservação de máquinas
e implementos agrícolas, depreciação e outras despesas com gradeação, lavração, aplicação de
fertilizantes e defensivos e outras operações, poderão ter como base para rateio a relação
quantidade de hectares de cada cultura.

D´Amore & Castro (1973) comentam:

50
[...] que o rateio das despesas indiretas constitui um dos sérios problemas da
contabilidade e que o critério utilizado deverá ser aquele que resultar da
observação do encarregado da produção, podendo ser utilizado a proporção
área ocupada para cada cultura, proporcional a mão de obra direta já apropriada
(contabilizada) a cada cultura, proporcional aos materiais já apropriados e
ainda, proporcional à produção.

5.10 Processo de escrituração

A escrituração agrícola tem por objeto a representação gráfica dos atos e fatos da
administração, tanto poderá ser analítica ou sintética. A escrituração analítica registra as
operações separando seus elementos de acordo com sua natureza, dentro dos grupos
específicos. A escrituração sintética apresenta o registro do conjunto das operações no grupo
específico, segundo sua função e a natureza das contas que dele fazem parte.
Vários são os processos de escrituração, que vão desde a escrituração manual até os
processos eletrônicos de registro. Por serem mais práticos, ágeis e seguros e até por exigência
legal, os processos de escrituração eletrônicos substituíram os processos considerados
ultrapassados.

5.10.1 Escrituração eletrônica

Escrituração feita através de máquinas eletrônicas, computadores e suas máquinas


satélites. O processamento de dados é o mais rápido processo de manusear as informações sob
as formas desejadas e programadas. As vantagens trazidas pelo processo de escrituração por
processamento de dados aliadas as facilidades na obtenção de hardware (equipamentos) e
software (programas), faz com que ele seja o mais utilizado pelas empresas e profissionais do
ramo.

5.10.2 Escrituração digital

É a era da substituição da escrituração em papel pela escrituração digital, instituído


através do Decreto n º 6.022, de 22 de janeiro de 2007, o projeto do Sistema Público de

51
Escrituração Digital – SPED, faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento do
Governo Federal - PAC e constitui-se em mais um avanço na informatização da relação entre
o fisco e os contribuintes. Consiste na modernização da sistemática atual do cumprimento das
obrigações acessórias, transmitidas pelos contribuintes às administrações tributárias e aos
órgãos fiscalizadores, utilizando-se da certificação digital para fins de assinatura dos
documentos eletrônicos, garantindo assim a validade jurídica dos mesmos apenas na sua
forma digital.
Representa uma iniciativa integrada das administrações tributárias nas três esferas
governamentais: federal, estadual e municipal e estabelece um novo tipo de relacionamento,
baseado na transparência mútua, com reflexos positivos para toda a sociedade.

É composto por cinco grandes subprojetos:

• NF-e - Nota Fiscal eletrônica


• CT-e - Conhecimento de Transporte eletrônico
• EFD - Escrituração Fiscal Digital
• ECD - Escrituração Contábil Digital
• NFS-e - Nota Fiscal de Serviços eletrônica

A forma de escriturar é de livre escolha da empresa rural, desde que mantida em


registros permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e fiscal e às
Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade,
devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações
patrimoniais segundo o regime de competência. (COAD - IRPJ 2010, p. 5).

5.11 Livros de escrituração

Somente as empresas legalmente constituídas estão obrigadas a manter escrituração


regular. Como escrituração regular entende-se aquela em que são utilizados os livros
estabelecidos por lei em função do tipo da sociedade, atividade, forma de tributação e renda

52
bruta e outros aspectos legais ou formais e que cuja escrituração obedeça aos princípios de
contabilidade aceitos.
Classificam como livros de escrituração obrigatórios, o Diário; o Registro de
Duplicatas e o Registro de Inventário, dentre os que estão em uso, com destaque para a
importância do livro diário, não só porque contém a história da empresa, como também pelo
valor jurídico que tem.
Classificam como livros de escrituração fiscais, o Registro de Entradas; Registro de
Saídas; Registro de Controle e Produção de Estoque; Registro de Impressão de Documentos
Fiscais, Registro de Utilização de Documentos Fiscais e Termos de Ocorrências; Registro de
Apuração do ICMS; Registro de Apuração do IPI e Registro de Inventário que é exigido
obrigatoriamente pela legislação do ICMS e do Imposto de Renda.
Livros facultativos são aqueles que são adotados pelas empresas de acordo com a
necessidade ou do que se quer controlar. Dentre eles estão classificados os livros Caixa;
Contas Correntes e o Razão como os mais importantes deles. O livro razão sintetiza todas as
contas e registros do livro Diário; seus débitos, seus créditos e saldos, fornecendo a qualquer
momento a posição das contas, possibilitando o levantamento de balancetes.
Com o desenvolvimento das atividades econômicas e a necessidade de agilizar a
escrituração, surgiram novos processos e os livros encadernados foram sendo substituídos por
fichas ou formulários, visando agilizar e tornar mais prático o sistema contábil. No entanto, na
utilização de fichas ou qualquer outro processo para escrituração, deverá ser obedecidos os
mesmos princípios adotados para a escrituração do livro Diário, ou seja: registros em ordem
cronológica das operações; utilização integral da ficha ou formulário, não devendo deixar
espaços em branco, sem rasuras ou entrelinhas.
O Sistema Público de Escrituração Digital – SPED, projeto que representa uma
iniciativa integrada das administrações tributárias nas três esferas governamentais: federal,
estadual e municipal, instituiu como um dos seus subprojetos a Escrituração Contábil Digital
– ECD e a Escrituração Fiscal Digital – EFD.

A Escrituração Contábil Digital - ECD, também chamada de SPED-Contábil, trata-se


da obrigação de transmitir em versão digital os seguintes livros:

I - livro Diário e seus auxiliares se houver;


II - livro Razão e seus auxiliares se houver;

53
III - livro Balancetes Diários, Balanços e fichas de lançamento comprobatórias dos
assentamentos neles transcritos.

As sociedades simples e as microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo


Simples Nacional estão dispensadas de adotarem a Escrituração Contábil Digital – ECD.
A Escrituração Fiscal Digital - EFD é mais um subprojeto componente do projeto do
Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), é um arquivo digital, que se constitui de um
conjunto de escriturações de documentos fiscais e de outras informações de interesse dos
fiscos das unidades federadas e da Receita Federal do Brasil, bem como de registros de
apuração de impostos referentes às operações e prestações praticadas pelo contribuinte. É de
uso obrigatório para os contribuintes do ICMS e/ou IPI.
O parágrafo 3° do art. 264 do decreto 1.980/2007, alterado pelo decreto 8428, de
28/09/2010 - Ajuste SINIEF 2/2009 e 5/2010 (ATC, PR–ICMS/IPI, 2010, p. 446), estabelece:

O contribuinte deverá utilizar EFD para a escrituração do:

I - Livro Registro de Entradas;


II – Livro Registro de Saídas;
III – Livro Registro de Inventário;
IV – Livro Registro de Apuração do IPI;
V – Livro Registro de Apuração do ICMS;
VI – Documento Controle de Crédito ICMS do Ativo Permanente – CIAP.

5.12 Plano de contas

Plano de contas é o agrupamento de um determinado número de contas com função e


funcionamento definido, objetivando o registro das operações de uma empresa.
Uma organização contábil eficiente não poderá prescindir de um bom plano de contas.
Como valioso instrumento gerencial, deverá ser adequado às necessidades específicas de cada
empresa, levando-se em conta sua atividade, estrutura, forma jurídica, volume de negócio e

54
outros aspectos que possam influenciar na formulação as informações desejadas. Deverá ser
estruturado de acordo com os preceitos da legislação comercial, que atenda aos princípios
contábeis e dispor de um elenco de contas bem definidas com funções claras e objetivas.
Conta é a denominação dada a um conjunto de elementos patrimoniais de uma mesma
natureza e de acordo com os elementos que ela representa, são denominadas contas integrais
ou patrimoniais e contas diferenciais ou de resultados.
Contas integrais ou patrimoniais representam os bens, direitos e obrigações.
Contas diferenciais ou de resultados representam as receitas e despesas.

5.13 Depreciação

A legislação do Imposto de Renda considera como encargos de depreciação,


amortização ou exaustão do Ativo Não Circulante as perdas que a pessoa jurídica suporta em
decorrência da diminuição do valor dos bens do Imobilizado, da diminuição de valor dos
elementos decorrente da exploração de direitos cujo objeto sejam recursos minerais ou
florestais e da recuperação contábil do capital aplicado em despesas que contribuam para a
formação do resultado de mais de um período de apuração, desde que estes estejam
intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização dos bens e serviços.
(COAD - IRPJ 2011, p. 1).

• Depreciação – é o encargo com a desvalorização dos bens em conseqüência do desgaste que


sofrem com sua utilização.

A legislação do Imposto de Renda define depreciação como sendo a perda do


valor do capital em direitos que têm por objetivo bens físicos sujeitos a desgastes ou perda de
utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência. (COAD - IRPJ 2011, p. 4).
Para Cherman (2005, p. 69), depreciação é a perda de valor de bens físicos (tangíveis
ou corpóreos) em função de: desgaste ou perda de utilidade pelo uso; Ação da natureza;
Obsolescência.

55
• Amortização - é o encargo da perda do capital financeiro aplicado em direitos cuja
existência ou exercício tem prazo fixado, ou em despesas que contribuam para a formação do
lucro em diversos períodos-base. (COAD - IRPJ 2011, p. 24).
Cherman (2005, p. 82) comenta:

Segundo o RIR (Regulamento do Imposto de Renda)


amortização é o valor registrado na contabilidade como custo ou
despesa a título de: Recuperação de recursos aplicados em despesas
para a formação do resultado de mais de um exercício social;
Recuperação do capital aplicado na aquisição de bens e direitos cuja
utilização pela empresa tenha prazo limitado por força de lei ou
contrato.

• Exaustão – é o encargo da perda do capital financeiro aplicado na aquisição de recursos


minerais e florestais. (COAD - IRPJ 2011, p. 27).

Para Cherman (2005, p. 82) exaustão corresponde à perda de valor de direitos cujo
objeto sejam recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração.
As empresas de mineração podem computar como despesa em cada período de
apuração, o valor correspondente à diminuição do valor dos recursos minerais, resultante da
sua extração ou aproveitamento.
As empresas florestais podem computar como despesas o valor apurado decorrente de
percentual do volume dos recursos florestais utilizados ou quantidade de árvores extraídas
durante cada período de apuração, sobre o valor da floresta registrada no Ativo.
Assim, com base na legislação do imposto de renda, as empresas poderão considerar
como despesas, o valor da diminuição dos seus bens utilizados nas atividades operacionais,
mediante a utilização de uma taxa anual, fixada em função da vida útil do bem, ou seja, do
prazo durante o qual se possa esperar a utilização econômica do bem na produção de seus
rendimentos, sobre o custo de aquisição.
A Secretaria da Receita Federal, através das Instruções Normativas 162, de 31 de
dezembro de 1998 e 130, de 10 de novembro de 1999, divulgou a relação de bens (Anexo A),
e respectivos prazos de vida útil e taxa de depreciação para fins de determinação da quota a
ser registrada na escrituração como despesas. (COAD - IRPJ 2011, p. 5 - 20).

56
5.14 Juros sobre o capital próprio

O tratamento tributário aplicado às pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real
estabelece a remuneração a titulo de juros sobre o capital próprio (patrimônio liquido) a
pessoas físicas ou jurídicas (sócios da empresa), observadas as determinações legais,
condições e limites. A remuneração não pode exceder ao valor calculado com base na
variação pro rata dia da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), fixada pelo Conselho
Monetário Nacional – CMN. (COAD - IRPJ 2011, p. 49 - 60).
Para o 1º semestre de 2011 a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) foi fixada
pelo Banco Central do Brasil, em 6% a.a. (seis por cento ao ano).
Assim, sugere-se o tratamento tributário aplicado às pessoas jurídicas tributadas com
base no lucro real, como critério para determinar a remuneração a titulo de juros sobre o
capital próprio (patrimônio liquido) das pequenas empresas rurais, ou seja, calculado com
base na variação pro rata dia da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), fixada pelo Conselho
Monetário Nacional (CMN).

5.15 Remuneração do trabalho do empresário rural

Remuneração é o montante dos valores pagos ou creditados, mensalmente, ao titular,


sócios, diretores ou administradores das empresas, a título de remuneração (retiradas pró-
labore), fixados livremente e correspondentes à efetiva prestação de serviços. Ainda segundo
o a legislação do imposto de renda, incluem-se no conceito de remuneração, os salários
indiretos, conforme estabelecido no Art. 358 do RIR/99 – Decreto nº 3.000 - de 26 de março
de 1999 - DOU DE 29/3/99. (http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/rir).
Sobre remuneração do empregado, Art. 457 da CLT estabelece; compreendem-se na
remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago
diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.
(http://www.planalto.gov.br/ccivil/decretolei/ del5452.htm).
Diante dos conceitos acima se pode afirmar que a remuneração do empresário que
presta serviço na exploração da atividade rural, é o total dos valores retirados mensalmente,

57
necessários a atender suas necessidades básicas, para o sustento de si próprio e de seus
dependentes.
Assim pode-se afirmar que retirada pró-labore é a remuneração paga ao sócio que
presta serviços para a empresa, logo, sugere-se como critério para determinar a remuneração
do trabalho do empresário rural, o total dos valores retirados mensalmente, necessários a
atender suas necessidades básicas, para o sustento de si próprio e de seus dependentes. Já em
relação à conta contábil que tem a função de registrar essas retiradas (despesas), é a conta
denominada “retirada pró-labore.”

5.16 Escrituração em nível de pequenas propriedades rurais – caso prático

A complexidade e o volume de trabalho com a escrituração, esta diretamente


relacionada ao porte da empresa (pequena, média ou grande propriedade ou empresa rural) e
ao volume de seus negócios.

Marion (2000, p. 27), comenta:

As pessoas físicas tidas como pequeno e médio produtor rural não precisam
para fins de Imposto de Renda, fazer escrituração regular em livros contábeis e
podem utilizar apenas um livro-caixa e efetuar uma escrituração simplificada.
Todavia, as pessoas físicas tidas como grande produtor rural serão equiparadas
às pessoas jurídicas para fins contábeis, devendo fazer escrituração regular por
intermédio de profissional contábil qualificado, utilizando como método das
partidas dobradas (lançamentos a débito e a crédito simultaneamente).

Ainda segundo Marion (2000, p. 196),

As microempresas e empresas de pequeno porte que exploram atividade rural


ficam dispensadas da escrituração comercial desde que mantenham em boa
ordem e guarda, e enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas
eventuais ações que lhes sejam pertinentes: a) Livro-caixa, no qual deverá estar

58
escriturada toda a sua movimentação financeira, inclusiva bancária; b)Livro de
Registro de Inventário, no qual deverão constar registrados os estoques
existentes no término de cada anocalendário; c)Todos os documentos e demais
papéis que sirvam de base para a escrituração dos livros-caixas e Registro de
Inventário.

Como poderá depreender desse estudo, para registros das atividades rurais, em nível
de pequena propriedade rural, às vezes, é necessário voltar um pouco mais atrás, sem
esquecer-se dos novos ou modernos sistemas e métodos de escrituração, pois independente do
método ou sistema a ser adotado, o importante para o empresário rural é conhecer o resultado
de sua atividade e dispor de informações para servir de base para tomada de decisão sobre as
próximas culturas a serem exploradas.
Para a pequena empresa rural, sugere-se o métodos das partidas dobradas, utilizando-
se de livros auxiliares ou “ fichas razão”, conforme “APÊNDICE E – Fichas Razão – abertura
das contas”, escrituradas manual ou mecanicamente e preferencialmente, eletronicamente
através de planilhas do Excel ou Word.
Considerando que as dificuldades encontradas são comuns a maioria dos empresários
rurais, para se iniciar os registros das atividades sugere-se passo a passo, as etapas de um
trabalho realizado para implantação de um sistema de escrituração em uma propriedade rural,
como segue:

1º passo

• Realizar o inventário ou levantamento do patrimônio através de uma relação analítica dos


bens, direitos e obrigações com seus respectivos valores.

Para Cherman (2005, p. 3), Patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações de


uma entidade.
Segundo Cherman (2005, p. 149), Inventariar mercadorias significa contá-la, saber a
quantidade de mercadorias em estoque em um determinado período.

Marion (2000, p. 89), comenta:

59
Inventário, em sentido contábil amplo, é o processo de verificação de
existências na empresa. As existências podem ser: mercadorias, materiais,
produtos (comumente os mais inventariados) ou outros bens do Imobilizado e
até mesmo Contas a Receber ou a Pagar, bem como outros bens que se julgar
necessários ou convenientes.

Para avaliação dos bens inventariados, sugere-se o tratamento tributário aplicado às


pessoas jurídicas que se dedicam à exploração das atividades rurais para avaliação de estoques
que, de acordo com a legislação do Imposto de Renda, os estoques dos produtos agrícolas,
animais e extrativos podem ser avaliados pelos preços correntes de mercado, segundo as
práticas usuais de avaliação utilizadas em cada tipo de atividade. (COAD - IRPJ 2010, p. 7).
A faculdade de avaliar o estoque de produtos agrícolas, animais ou extrativos ao preço
corrente no mercado aplica-se não só aos produtores, mas também aos comerciantes e
industriais que operem com tais produtos. Essa possibilidade não impede que as empresas que
exerçam atividades agropastoris ou extrativas adotem outro tipo de determinação do custo,
desde que previsto em lei. (COAD - IRPJ 2011, p. 14).

2º passo

• Elaborar um Plano de Contas compatível com o porte e as atividades da empresa, com suas
funções e funcionamento.

3º passo

• Elaborar o balanço de abertura - com base no inventário.

4º passo

• Definir um sistema de escrituração. Para a pequena empresa rural, sugere-se o sistema


através de “ fichas razão”, escrituradas manual ou mecanicamente através do métodos das
partidas dobradas, conforme “APÊNDICE E – Fichas Razão – abertura das contas”.

5º passo
60
• Com base nas contas patrimoniais do inventário, elaborar a abertura das contas no livro
auxiliar ou fichas razão, conforme “APÊNDICE E – Fichas Razão – abertura das contas”,
para continuidade dos registros das operações subseqüentes.

A continuidade desses passos é a escrituração das operações do exercício seguinte nas


fichas razão.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o objetivo de facilitar o entendimento e apresentar aos pequenos empresários


rurais, um método de escrituração simples e prático, procurou-se extrair da literatura os
principais conceitos e definições aplicado ao ramo da contabilidade agropecuária. Foram
abordados resumidamente assuntos relacionados a normas e métodos de escrituração;
sistemas de escrituração; sistemas e classificação de custos; critérios para rateio das despesas;
depreciação e sugerido critérios para remuneração do capital próprio; da remuneração do
trabalho do empresário rural e apresentado um plano de contas adequado à atividade rural,
hierarquizado até o quarto nível, com definição da natureza, função e funcionamento das
contas. O foco foi para a pequena empresa rural na figura do pequeno empresário
notadamente, os da agricultura familiar que tem na exploração agrícola senão a única, a
principal fonte de renda. Objetivando facilitar o entendimento do processo para se iniciar uma
escrituração em nível de pequena propriedade rural, utilizou-se de um caso prático, “subtítulo
5.16”, apresentando passo a passo as etapas do processo e, considerando que, as dificuldades
são comuns à maioria dos pequenos empresários rurais sugere-se como parâmetro para
implantação de um sistema de escrituração, os passos do caso prático apresentado. Conclui-se
que, apesar da complexidade do tema, é possível extrair da literatura, ensinamentos
necessários para facilitar o entendimento básico a iniciantes e apresentar como sugestão, um
sistema de escrituração simples e prático, através do método das partidas dobradas, em nível
de contas patrimoniais e de resultados, possibilitando aos empresários rurais, a qualquer
momento verificar a movimentação e saldo de todas as contas para que no final do ciclo
produtivo possa apurar o resultado de cada cultura explorada, dispondo assim de um histórico
de cada atividade para fins de avaliação e servir de base para tomada de decisão sobre as

61
próximas culturas a serem exploradas e o planejamento da safra seguinte e ainda, atender aos
interesses do fisco e dos técnicos da extensão rural da área agronômica, contábil e outras
afins, no aprimoramento do sistema sugerido e em estudos e avaliações de impactos sócio-
econômico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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WALTER, Milton Augusto; BRAGA, Hugo Rocha. Análise das demonstrações contábeis.
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APÊNDICE A – Plano de Contas

1. ATIVO
1.1. CIRCULANTE
1.1.1. DISPONIBILIDADES
1.1.1.1. Caixa
1.1.1.2. Bancos
1.1.2. DIREITOS REALIZÁVEIS A CURTO PRAZO

63
1.1.2.1. Créditos diversos
1.1.2.1.1. Contas a receber
1.1.2.1.2. Adiantamentos a empregados
1.1.2.2. Estoques
1.1.2.2.1. Criações
1.1.2.2.1.1. Aves
1.1.2.2.1.2. Bovinos
1.1.2.2.1.3. Suínos
1.1.2.2.1.4. Eqüinos
1.1.2.2.1.5. Muares
1.1.2.2.2. Produtos
1.1.2.2.2.1. Café
1.1.2.2.2.2. Soja
1.1.2.2.2.3. Milho
1.1.2.2.2.4. Trigo
1.1.2.2.3. Material de consumo
1.1.2.2.3.1. Sementes
1.1.2.2.3.2. Fertilizantes
1.1.2.2.3.3. Defensivos
1.1.2.2.3.4. Combustíveis e lubrificantes
1.1.2.2.3.5. Peças e acessórios de reposição
1.1.2.2.3.6. Material de expediente
1.1.2.3 Despesas do exercício seguinte
1.1.2.3.1. Despesas antecipadas
1.1.2.3.1.1. Aluguéis
1.1.2.3.1.2. Seguros
1.2. NÃO CIRCULANTE
1.2.1. REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
1.2.1.1. Créditos diversos
1.2.1.1.1. Empréstimos a coligadas
1.2.1.1.2. Adiantamentos
1.2.1.1.3. Financiamentos
1.2.2 PERMANENTE
1.2.2.1. Investimentos
64
1.2.2.1.1. Participação em coligadas
1.2.2.1.2. Imóveis para renda
1.2.2.1.3. Móveis para renda
1.2.2.2. Imobilizado
1.2.2.2.1. Imóveis
1.2.2.2.1.1. Terrenos
1.2.2.2.1.2. Edifícios
1.2.2.2.1.3. Instalações
1.2.2.2.1.4. Benfeitorias
1.2.2.2.1.5. Florestas
1.2.2.2.1.6. Culturas permanentes
1.2.2.2.1.7. Culturas em formação
1.2.2.2.2. Móveis
1.2.2.2.2.1. Máquinas e implementos agrícolas
1.2.2.2.2.2. Veículos motorizados
1.2.2.2.2.3. Veículos tração animal
1.2.2.2.2.4. Animais de trabalho
1.2.2.2.2.5. Animais reprodutores e matrizes
1.2.2.2.2.6. Ferramentas
1.2.2.3. Diferido
1.2.2.3.1. Despesas pré-operacionais
1.2.2.3.2. Despesas de reorganização
1.2.2.4. Intangível
1.2.2.4.1. Marcas, direitos e patentes.
1.2.2.4.2. Direito de uso de Imóveis
1.2.2.4.3. Direitos autorais
2. PASSIVO
2.1. CIRCULANTE
2.1.1. Fornecedores
2.1.2. Salários
2.1.3. Encargos sociais
2.1.4. Impostos e taxas
2.1.5. Empréstimos e financiamentos
2.2. NÃO CIRCULANTE
65
2.2.1. EXÍGIVEL A LONGO PRAZO
2.2.1.1. Financiamentos
2.2.1.2 Receitas e despesas diferidas
2.3. PATRIMONIO LIQUIDO
2.3.1. CAPITAL
2.3.1.1. Capital subscrito
(-) Capital a realizar
2.3.2. RESERVAS DE CAPITAL
2.3.3. RESERVAS DE REAVALIAÇÃO
2.3.4. RESERVAS DE LUCRO
2.3.4.1. Reserva legal
2.3.4.2. Reservas estatutárias
2.3.4.3. Reserva de lucros a realizar
2.3.5. LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS
3. RECEITAS
3.1. RECEITAS OPERACIONAIS
3.1.1. VENDA DE PRODUTOS AGRICOLAS
3.1.1.1. Soja
3.1.1.2. Milho
3.1.1.3. Trigo
3.1.2. VENDA DE CRIAÇÕES
3.1.2.1. Bovinos
3.1.2.2. Suínos
3.1.2.3. Aves
3.1.3. VENDA DE SERVIÇOS
3.2. RECEITAS NÃO OPERACIONAIS
3.2.1. FINANCEIRA
3.2.1.1. Juros ativos
3.2.1.2. Descontos e abatimentos obtidos
(-) Despesas financeiras não operacionais
3.2.2. PATRIMONIAL
3.2.2.1. Receita com alienação de bens
3.2.2.2. Nascimento de criações
3.2.2.3. Alugueis e arrendamentos
66
3.2.3. CORREÇÃO MONETÁRIA CREDORA
4. DESPESAS
4.1. DESPESAS OPERACIONAIS
4.1.1. EXERCÍCIO AGROPECUÁRIO
4.1.1.1. Exploração agrícola
4.1.1.1.1. Cultura da soja
4.1.1.1.1.1. Sementes
4.1.1.1.1.2. Fertilizantes
4.1.1.1.1.3. Defensivos
4.1.1.1.1.4. Fretes e carretos
4.1.1.1.1.5. Despesas financeira
4.1.1.1.1.6. Mão de obra
4.1.1.1.1.7. Encargos sociais
4.1.1.1.1.8. Gastos indiretos rateados
4.1.1.1.2. Cultura de milho
4.1.1.1.3. Cultura de trigo
4.1.1.2. Exploração de pecuária
4.1.1.2.1. Bovinos
4.1.1.2.1.1. Alimentação
4.1.1.2.1.2. Medicamentos e vacinas
4.1.1.2.1.3. Mão de obra
4.1.1.2.1.4. Encargos sociais
4.1.1.2.1.5. Fretes e carretos
4.1.1.2.1.6. Despesas Financeira
4.1.1.2.1.7. Gastos indiretos rateados
4.1.1.2.2. Suínos
4.1.1.3. Gastos indiretos a ratear
4.1.1.3.1. Combustíveis
4.1.1.3.2. Lubrificantes
4.1.1.3.3. Manutenção e reparos
4.1.1.3.4. Comunicações
4.1.1.3.5. Água e luz
4.1.1.3.6. Ferramentas de pequeno porte
4.1.1.3.7. Imposto territorial rural
67
4.1.1.3.8. Mão de obra
4.1.1.3.9. Encargos sociais
4.1.1.3.10. Depreciação
4.1.2. EXERCÍCIO COMERCIAL
4.1.2.1. Despesas administrativas
4.1.2.1.1. Salários
4.1.2.1.2. Retiradas pró-labore
4.1.2.1.3. Encargos sociais
4.1.2.1.4. Despesas com veículos
4.1.2.1.5. Conservação e reparos
4.1.2.1.6. Material de expediente
4.1.2.1.7. Comunicação
4.1.2.1.8. Água e luz
4.1.2.1.9. Depreciação
4.1.2.2. Despesas com vendas
4.1.2.2.1 Comissões sobre vendas
4.1.2.2.2. Armazenagem
4.1.2.2.3. Impostos e taxas
4.1.2.2.4. Fretes e carretos
4.1.3. CUSTOS COM VENDAS
4.1.3.1. Produtos agrícolas
4.1.3.1.1. Soja
4.1.3.1.2. Milho
4.1.3.1.3. Trigo
4.1.3.2. Criações
4.1.3.2.1. Bovinos
4.1.3.2.2. Suínos
4.1.3.3. Serviços
4.2. DESPESAS NÃO OPERACIONAIS
4.2.1. FINANCEIRAS
4.2.1.1. Juros
4.2.1.2. Descontos concedidos
(-) Receitas financeiras não operacionais
4.2.2. PATRIMONIAL
68
4.2.2.1. Perda na alienação de bens
4.2.2.2. Perda de animais por morte
4.2.2.3. Perda de bens por deterioração
4.2.2.4. Perda de bens por obsolescência

APÊNDICE B – Função das Contas

1. ATIVO - conjunto de contas devedoras dispostas em grupos por ordem decrescente de grau
de liquidez dos seus elementos. É o campo das aplicações ou investimentos de recursos,
compreende os bens e direitos. São registrados a débito os seus aumentos representados por
novos investimentos ou aplicações de recursos. As diminuições são registradas a crédito,
significando que recursos aplicados em um elemento do ativo estão sendo aplicado em outro
elemento do próprio ativo ou em pagamento de dívidas (passivo) ou ainda em custos ou
despesas (diminuição do patrimônio líquido).
1.1. ATIVO CIRCULANTE - Grupo do ativo que compreende as contas representativas das
disponibilidades, dos direitos realizáveis até o exercício seguinte e das aplicações em despesas
apropriáveis no exercício seguinte.
1.1.1. DISPONIBILIDADES - Subgrupo do ativo circulante que representa os valores
monetários de liquidação imediata como caixa, saldos bancários, aplicações financeiras de
rápida conversão.
1.1.1.1. CAIXA
Função - é a conta do ativo circulante onde se registra e controla os recebimentos e
pagamentos em dinheiro e cheques recebidos de terceiros ainda não depositados.
Débito - é debitada pelo recebimento de valores, dinheiro, cheques.
Crédito - é creditada pelos pagamentos efetuados em dinheiro e pelos depósitos.
Natureza do saldo - devedor, representado por dinheiro e cheques em poder da tesouraria.
1.1.1.2. BANCOS CONTA MOVIMENTO
Função - é a conta do ativo circulante onde se registra e controla os depósitos, os cheques
emitidos,avisos de débito e crédito efetuados pelos bancos onde a empresa mantém conta
corrente.
Débito - através dos depósitos e avisos de crédito efetuados pelos bancos.
Crédito - através dos cheques emitidos e avisos de débitos efetuados pelos bancos.

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Natureza do saldo - devedor, representado pelos saldos disponíveis nos bancos.
1.1.2. DIREITOS REALIZÁVEIS A CURTO PRAZO - Subgrupo do ativo circulante que
representa os direitos de crédito sobre clientes, adiantamentos a empregados, créditos por
financiamento, os estoques de produtos, criações e materiais.
1.1.2.1. CRÉDITOS DIVERSOS
Função - registra e controla as contas a receber de clientes, os adiantamentos a empregados
para posterior desconto em folha de pagamento e as parcelas de financiamento a receber. Em
2º grau controla individualmente os devedores e clientes.
Débito - registra as contas a receber de clientes por vendas de produtos, criações e serviços, a
prazo; os adiantamentos a empregados e parcelas de financiamentos a receber.
Crédito - registra os recebimentos de clientes, descontos em folha de pagamento dos
adiantamentos a empregados e parcelas de financiamentos recebidas.
Natureza do saldo - devedor, representado pelo saldo de contas ainda não recebidas,
adiantamentos a empregados ainda não descontados em folha ou recebidos e por parcelas de
financiamentos a receber.
1.1.2.2. ESTOQUES
Função - registrar e controlar as aquisições, produções e distribuições de criações, produtos e
materiais de consumo.
Débito - registra as entradas no estoque proveniente de compras, produção própria e
devolução de vendas.
Crédito - registra as saídas do estoque em decorrência de vendas de criações, produtos e
materiais, baixa de criações por morte, baixa de produtos por uso e consumo próprio ou
deterioração, baixa de material por deterioração ou por fornecimento ao setor produtivo e
devolução de compras.
Natureza do saldo - devedor, representado pela existência real em estoque de criações,
produtos e material de consumo.
1.1.2.3. DESPESAS DO EXERCÍCIO SEGUINTE – representa as despesas pagas no
exercício corrente e que serão apropriadas como custo do exercício seguinte. O pagamento
destas despesas configura um crédito representado pelo direto da empresa à contraprestação
do serviço por um determinado período, durante o qual serão apropriadas as despesas.
Função - registrar e controlar os pagamentos antecipados de aluguéis, seguros e outras
despesas que configure um direito a vencer no exercício seguinte.
Débito - registra o pagamento antecipado de alugueis, seguros e outras despesas a serem
apropriadas mensalmente como custos ou despesas.
70
Crédito - registra a transferência mensal da parcela do aluguel, seguro e outras despesas para
as contas de custos ou despesas.
Natureza do saldo - devedor, representado pelas parcelas de aluguel, seguro e outras despesas
a serem transferidos para as contas de custos ou despesas.
1.2. ATIVO NÃO CIRCULANTE - Grupo do ativo que compreende as contas a receber
após o
exercício seguinte.
1.2.1. ATIVO REALÍZAVEL A LONGO PRAZO - grupo do ativo não circulante onde são
registrados os
direitos e créditos realizáveis após o exercício seguinte.
1.2.1.1. CRÉDITOS DIVERSOS
Função - registrar e controlar as contas a receber de clientes, adiantamentos ou empréstimos a
empregados ou a associados, empréstimos a sociedades coligadas e parcelas de
financiamentos a
receber.
Débito - registra as contas a receber de clientes, adiantamentos ou empréstimos a empregados,
empréstimos a sociedades coligadas e parcelas de financiamento a receber.
Crédito - registra a liquidação ou baixa das contas a receber, pelos recebimentos dos clientes,
dos
adiantamentos ou empréstimos a empregados e das parcelas de financiamento. Natureza do
saldo - devedor, representado pelo saldo das contas a receber de clientes, dos empregados e
das parcelas de financiamento.
1.2.2. ATIVO PERMANENTE - grupo do ativo não circulante que compreende as contas
representativas dos investimentos em outras empresas, em móveis e imóveis destinados à
renda, em
bens móveis e imóveis destinados a manutenção das atividades da empresa e as aplicações de
recursos em despesas que contribuirão para a formação de resultados de mais de um exercício
social.
1.2.2.1. INVESTIMENTOS – grupo de contas do ativo permanente que representa as
aplicações financeiras em outras empresas e em móveis e imóveis destinados à renda. Função
- registrar e controlar as aplicações em quotas ou ações de outras empresas e os investimentos
em móveis e imóveis destinados à renda ou seja aqueles que não estão relacionados a
manutenção as atividades operacionais da empresa.

71
Débito - registra as aplicações em quotas ou ações de outras empresas e as aquisições,
incorporações ou construções de bens tais como terrenos, casa de moradia, casa de colonos,
estábulos e currais, pocilgas, armazéns, terreiros, florestas, culturas permanentes, instalações
diversas e o produto da correção monetária destes bens.
Crédito - registra as alienações e baixas dos bens corrigidos monetariamente. Natureza do
saldo - devedor, representado pelos bens de natureza permanente, corrigidos monetariamente.
1.2.2.2. IMOBILIZADO – grupo de contas do ativo permanente que representa os bens
móveis e imóveis destinados à manutenção das atividades operacionais da empresa..
1.2.2.2.1. IMÓVEIS
Função - registrar e controlar os bens imóveis adquiridos ou incorporados para uso da
empresa e o
produto da correção monetária destes bens.
Débito - registra as aquisições de terrenos, edifícios, instalações, benfeitorias, culturas
permanentes e
em formação, destinados às atividades operacionais da empresa e o produto da correção
monetária
destes bens.
Crédito - registra as alienações e baixa dos bens corrigidos monetariamente. Natureza do
saldo - devedor, representado pelos bens de natureza permanente, corrigidos monetariamente.
1.2.2.2.2. MÓVEIS
Função - registrar e controlar os bens móveis adquiridos ou incorporados para uso da empresa
eo
produto da correção monetária destes bens.
Débito – registra as aquisições de máquinas, implementos agrícolas, máquinas de escritório,
móveis
e utensílios, veículos motorizados e a tração anima, ferramentas, animais de trabalho,
reprodutores e
matrizes e outros bens destinados às atividades operacionais da empresa e o produto da
correção monetária destes bens.
Crédito - registra as alienações e baixa dos bens corrigidos monetariamente.
Natureza do saldo - devedor, representado pelos bens de natureza permanente, corrigidos
monetariamente.
1.2.2.3. DIFERIDO - grupo de contas do ativo permanente que representa as despesas que
contribuirão para a formação de resultados de mais de um exercício social.
72
Função - registrar as despesas que antecedem as operações da empresa amortizáveis em mais
de
um exercício.
Débito - registra as despesas pré-operacionais e de reorganização e outras que contribuirão
para a
formação de resultados de mais de um exercício social e o valor da correção monetária.
Crédito - registra a amortização da quota anual das despesas e sua correção monetária.
Natureza do saldo - devedor, representado pelo valor da despesa e sua correção monetária a
amortizar até o final do contrato.
1.2.2.4 INTANGÍVEL - grupo de contas do ativo permanente que representa direitos sobre
marcas e patentes, direitos autorais e de uso de imóveis.
Função - registrar os direitos da empresa amortizáveis em mais de um exercício.
Débito - registra os direitos da empresa.
Crédito - registra a amortização da quota anual.
Natureza do saldo - devedor, representado pelo valor dos direitos ainda não amortizado.
2. PASSIVO - conjunto de contas credoras dispostas em grupos por ordem decrescente da
exigibilidade dos seus elementos que representam as obrigações e o patrimônio líquido. É o
campo das origens dos recursos, são registrados a crédito os seus aumentos, representando
novas origens de recursos. As diminuições são registradas a débito, representando as
aplicações de recursos.
2.1. PASSIVO CIRCULANTE - Grupo do passivo onde são escrituradas as obrigações
contraídas pela empresa , vencíveis até o fim do exercício seguinte.
2.1.1. FORNECEDORES
Função - registrar e controlar as compras de bens e mercadorias e serviços, a prazo. A nível de
2º grau figurará nominalmente os fornecedores.
Débito - registra o pagamento (baixa) dos compromissos com fornecedores de bens
mercadorias e serviços.
Crédito - registra o compromisso com fornecedores em função de compras a prazo de bens,
mercadorias e serviços.
Natureza do saldo - credor, representando a dívida para com os fornecedores de bens,
mercadorias e serviços.
2.1.2. SALÁRIOS
Função - registrar e controlar os salários devido aos empregados. A nível de 2º grau figurará
nominalmente os empregados.
73
Débito - registra o pagamento de salários aos empregados.
Crédito - registra os salários a pagar aos empregados.
Natureza do saldo - credor, representando a dívida com salários a pagar.
2.1.3. ENCARGOS SOCIAIS
Função - registrar e controlar as contribuições com INSS, FGTS, e outras contribuições
providenciarias.
Débito - registrar o pagamento das contribuições providenciarias.
Crédito - registrar as parcelas de contribuições descontados dos empregados e a parcela a ser
recolhida pelo empregador.
Natureza do saldo - credor, representado pelas contribuições providenciarias ainda não
recolhidas.
2.1.4. IMPOSTOS E TAXAS
Função - registrar e controlar os impostos diversos, a ser recolhido.
Débito - registra os pagamentos dos impostos efetuados pela empresa.
Crédito - registra a apropriação dos impostos a recolher.
Natureza do saldo - credor, representado pelos impostos ainda não recolhidos.
2.1.5. EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS
Função - registrar e controlar os financiamentos e empréstimos obtidos de particulares ou de
instituições financeiras.
Débito - registra o pagamento das parcelas dos financiamento ou empréstimos.
Crédito - registra o compromisso assumido com financiamentos e empréstimos obtidos de
particulares ou de instituições financeiras.
Natureza do saldo - credor, representado pelos financiamentos e empréstimos a pagar.
2.2. PASSIVO NÃO CIRCULANTE - Grupo do passivo onde são escrituradas as
obrigações contraídas pela empresa, vencíveis após o exercício seguinte.
2.2.1. PASSIVO EXÍGIVEL A LONGO PRAZO - Subgrupo do passivo que compreende os
compromissos a pagar após o exercício seguinte.
2.2.1.1. FINANCIAMENTOS
Função - registrar e controlar os financiamentos obtidos de particulares ou de instituições
financeiras.
Débito - registra o pagamento das parcelas do financiamento.
Crédito - registra o compromisso assumido junto a particulares ou a instituições financeira.
Natureza do saldo - credor, representado pelo financiamentos a pagar.
2.2.1.2. RECEITAS E DESPESAS DIFERIDAS
74
Função – registrar e controlar os valores recebidos como receita, cujos valores, após
deduzidos os custos correspondentes será apropriada ao resultado do exercício.
Débito – registra as receitas recebidas antecipadamente, a ser deduzidas das despesas
correspondentes em exercícios futuros diferidas no exercício.
Crédito – registra os recebimentos antecipados de receitas.
Natureza do saldo – credor, representado pelas receitas.
2.3. PATRIMÔNIO LÍQUIDO - Grupo do passivo que compreende as contas
representativas do capital social. É a diferença positiva entre os bens e direitos e as obrigações
que representa o capital próprio da empresa.
2.3.1. CAPITAL SOCIAL – Subgrupo do passivo que compreende o capital subscrito e, como
dedução, a parcela ainda não realizada.
2.3.1.1. CAPITAL REALIZADO
Função – registrar e controlar o capital subscrito e realizado e seus aumentos.
Débito – registra a redução do capital social.
Crédito – registra a realização do capital subscrito.
Natureza do saldo – credor, representado pelo capital realizado e seus aumentos.
2.3.2. RESERVAS DE CAPITAL
Função – registrar e controlar as reservas decorrentes de correção monetária, ágio na emissão
de ações, alienação de partes beneficiárias e de bônus de subscrição, prêmio recebido na
emissão de debêntures e as doações e subvenções para investimentos.
Débito - registra a incorporação ao capital social ou pela absorção de prejuízos.
Crédito – registra a constituição de reservas para aumento de capital e a correção monetária
do capital.
Natureza do saldo – credor, representado pela reserva para aumento de capital e sua correção
monetária.
2.3.3. RESERVAS DE REAVALIAÇÃO
Função – registrar os aumentos dos valores dos componentes do ATIVO em função de
reavaliação.
Débito – registra a incorporação ao capital social.
Crédito – registra a constituição das reservas e sua correção monetária.
Natureza do saldo – credor, representado pela reserva e sua correção monetária.
2.3.4. RESERVAS DE LUCRO - Subgrupo do passivo que compreende as contas de reservas
constituídas pela apropriação de lucros da empresa.
2.3.4.1. RESERVA LEGAL
75
Função – registrar e assegurar a integridade do capital social da empresa. Poderá ser utilizada
para compensar prejuízos ou para aumentar capital. É constituída mediante a retenção de 5%
(cinco por cento) do lucro líquido do exercício até atingir 20% (vinte por cento) do capital
social realizado.
Débito – registra a incorporação ao capital social ou absorção de prejuízos.
Crédito – registra a constituição da reserva e sua correção monetária.
Natureza do saldo – credor, representado pela reserva e sua correção monetária.
2.3.4.2. RESERVAS ESTATUTÁRIAS
Função – registrar as reservas que o estatuto poderá prever ou criar especificamente para
aumento de capital social, resgate de ações ou debêntures, reembolso de ações e partes
beneficiárias.
Débito – registra a incorporação ao capital social ou resgate ou reembolso de ações,
debêntures ou partes beneficiárias.
Crédito – registra a constituição da reserva e sua correção monetária.
Natureza do saldo – credor, representado pela reserva e sua correção monetária.
2.3.4.3. RESERVAS DE LUCROS A REALIZAR
Função – registrar as reservas constituídas pela sobra de lucros a realizar, deduzidas as
reservas legal, estatutárias, contingenciais e para planos de investimentos, destinadas a
aumento de capital e absorção de prejuízos.
Débito – registra a incorporação ao capital social ou absorção de prejuízos.
Crédito – registra a constituição da reserva e sua correção monetária.
Natureza do saldo – credor, representado pela reserva e sua correção monetária.
2.3.5. LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS
Função – registrar e controlar os lucros líquidos de vários exercícios, sem nenhuma
destinação específica, funciona como valor retificativo dos elementos do Patrimônio Líquido
e de prejuízos dos exercícios.
Débito – registra a incorporação ao capital social ou pela absorção de prejuízos.
Crédito – registra os lucros líquidos de vários exercícios e sua correção.
Natureza do saldo – credor, representado pelos lucros líquidos de vários exercícios ainda não
transferidos para o capital social ou absorvidos por prejuízos.
3. RECEITAS – compreende o conjunto das contas credoras que representam as receitas
operacionais e não operacionais da empresa.

76
3.1. RECEITAS OPERACIONAIS – compreende as receitas decorrentes das operações nas
atividades principais e acessórias do objeto da empresa como; venda de produtos, de criações
e de serviços.
3.1.1. VENDA DE PRODUTOS AGRICOLAS – representa a receita com a venda de
produtos a vista
ou a prazo.
3.1.1.1. SOJA
3.1.1.2. MILHO
3.1.1.3. TRIGO
Função – registrar e controlar a receita bruta com venda de produtos.
Débito – registra a transferência para Demonstração de Resultados do total da receita bruta
com venda de soja, milho, trigo e outros produtos, por ocasião do encerramento do ano
agrícola.
Crédito – registra as venda de produtos, a vista ou a prazo.
Natureza do saldo – credor, representado pelas vendas de produtos, saldo a ser transferido
para Demonstração de Resultados, por ocasião do encerramento do ano agrícola.
3.1.2. VENDA DE CRIAÇÕES - representa a receita bruta com venda de criações a vista ou a
prazo.
3.1.2.1. BOVINOS
3.1.2.3. SUINOS
3.1.2.3. AVES
Função – registrar e controlar a receita bruta com venda de criações – bovinos, suínos, aves e
outros animais.
Débito - registra a transferência para Demonstração de Resultados do total da receita bruta
com venda de animais, por ocasião do encerramento do exercício.
Crédito – registra a receita bruta com as vendas de animais, a vista ou a prazo.
Natureza do saldo – credor, representado pelas vendas de animais, saldo a ser transferido para
Demonstração de Resultados, por ocasião do encerramento do exercício.
3.1.3. VENDA DE SERVIÇOS – compreende a receita bruta com prestação de serviços.
Função – registrar a receita bruta com prestação de serviços.
Débito – registra a transferência anual para Demonstração de Resultados do total da receita
bruta com prestação de serviços a terceiros, por ocasião do encerramento do exercício.
Crédito – registra a receita bruta com a prestação de serviços a terceiros.

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Natureza do saldo – credor, representado pelo valor da receita bruta com a prestação de
serviços, saldo a ser transferido para Demonstração de Resultados, por ocasião do
encerramento do exercício financeiro.
3.2. RECEITAS NÃO OPERACIONAIS – compreende as receitas decorrentes de
operações não incluídas nas atividades principais e acessórias do objeto da empresa.
3.2.1. FINANCEIRA - compreende as receitas com juros, descontos e abatimentos obtidos
decorrentes de operações não incluídas nas atividades principais e acessórias do objeto da
empresa, cujo saldo credor, representado pela diferença positiva entre as contas deste
subgrupo e do subgrupo
4.2.1 – DESPESAS FINANCEIRAS, será transferido para a Demonstração de Resultados, por
ocasião do encerramento do exercício.
3.2.1.1. JUROS ATIVOS
Função – registrar as receitas com juros recebidos em operações não incluídas nas atividades
principais da empresa.
Débito – registra a transferência do saldo anual para a Demonstração de Resultados, por
ocasião do encerramento do exercício.
Crédito – registra as receitas de juros.
Natureza do saldo – credor, representado pelo valor a ser transferido para a Demonstração de
Resultados, por ocasião do encerramento do exercício.
3.2.1.2. DESCONTOS E ABATIMENTOS OBTIDOS
Função – registrar as receitas com descontos e abatimentos obtidos em operações não
incluídas nas atividades principais da empresa.
Débito – registra a transferência do saldo anual para a Demonstração de Resultados, por
ocasião do encerramento do exercício.
Crédito – registra as receitas com descontos e abatimentos obtidos.
Natureza do saldo – credor, representado pelo valor a ser transferido para a Demonstração de
Resultados, por ocasião do encerramento do exercício.
3.2.2. PATRIMONIAL - compreende as contas que registram as receitas obtidas com a
alienação, arrendamento de bens, nascimento de animais e outras receitas que não figuram
como objeto da empresa.
3.2.2.1. ALIENAÇÃO DE BENS
Função – registrar as receitas com venda de bens do Ativo Permanente.
Débito – registra a transferência do saldo para a Demonstração de Resultados, por ocasião do
encerramento do exercício.
78
Crédito – registra o resultado obtido na venda de bens do Ativo Permanente.
Natureza do saldo – credor, representado pelo lucro obtido na venda de bens do Ativo
Permanente, saldo a ser transferido para Demonstração de Resultados, por ocasião do
encerramento do exercício.
3.2.2.2. NASCIMENTO DE CRIAÇÕES
Débito – registra a transferência do saldo para a Demonstração de Resultados, por ocasião do
encerramento do exercício.
Crédito – registra os valores atribuídos aos animais nascidos, em função de avaliação técnica.
Natureza do saldo – credor, representado pelos valores atribuídos, decorrentes de avaliação
dos animais, saldo a ser transferido para Demonstração de Resultados, por ocasião do
encerramento do exercício.
3.2.2.3. – ALUGUEIS E ARRENDAMENTOS
Função – registrar as receitas decorrentes de locação e arrendamento de bens móveis e
imóveis.
Débito – registra a transferência para Demonstração de Resultados das receitas com aluguel e
arrendamento de bens móveis e imóveis não utilizados nas atividades operacionais da
empresa, por ocasião do encerramento do exercício.
Crédito – registra as receitas auferidas com alugueis e arrendamento de bens móveis e
imóveis classificados nas contas 1.3.1.2, 1.3.1.3 e outros bens não utilizados nas atividades
operacionais da empresa.
Natureza do saldo – credor, representado pelas receitas com alugueis e arrendamento de bens,
a ser transferido para a Demonstração de Resultados.
3.2.3. CORREÇÃO MONETÁRIA
Função – registrar e controlar o saldo credor da correção monetária.
Débito – registra a transferência do saldo credor da correção monetária, para a Demonstração
de Resultados, por ocasião do encerramento do exercício.
Crédito – registra os valores da correção monetária dos bens do Ativo Permanente.
Natureza do saldo – credor, representado pela correção monetária credora a ser transferido
como Resultado do Exercício.
4. DESPESAS - Compreende o conjunto de contas devedoras que representam os gastos
operacionais e não operacionais da empresa.
4.1. DESPESAS OPERACIONAIS – São as despesas decorrentes de operações nas
atividades principais e acessórias do objeto da empresa.
4.1.1. EXERCÍCIO AGROPECUÁRIO – compreende as contas que registram os custos das
79
atividades agrícolas e pastoris.
4.1.1.1. EXPLORAÇÃO AGRÍCOLA
Função – registrar os custos incorridos com as culturas agrícola. Em segundo grau, esta conta
poderá ser desdobrada para registro de custo por cultura.
Débito - registra e controla os custos diretos e indiretos imputados a cada uma das culturas.
Compreende as despesas com sementes, fertilizantes e defensivos requisitados do estoque, a
mão de obra e encargos sociais, fretes e carretos, juros sobre financiamento de custeio e o
produto dos gastos indiretos rateado.
Crédito - registra a transferência para a conta 1.1.2.2.2. Estoque de Produtos, dos produtos
colhidos pelo seu custo de produção.
Natureza do saldo – devedor, representado pelos custos incorridos com o processo produtivo
em fase de conclusão, a ser transferido para conta 1.1.2.2.2. Estoques de Produtos, como
custos dos produtos colhido.
4.1.1.2. EXPLORAÇÃO DE PECUÁRIA
Função – registrar os custos incorridos com a atividade pecuária. Em segundo grau, esta conta
poderá ser desdobrada para registro do custo por atividade pecuária.
Débito – registra e controla os custos diretos e indiretos imputados a cada uma das atividades
pecuária, tais como alimentação, ração, medicamentos e vacinas, mão de obra e encargos
sociais e o produto dos gastos indiretos rateado.
Crédito – registrar a transferência para conta 1.1.2.2.1. Estoque de Criações, da pecuária
destinada à venda, pelo seu custo de produção.
Natureza do saldo – devedor, representado pelo custo da pecuária, imputados durante a fase
de crescimento e engorda.
4.1.1.3. GASTOS INDIRETOS A RATEAR
Função – registrar os gastos indiretos (comum a todas as atividades) de exploração agrícola e
pecuária que não é possível determinar de imediato a quantidade e/ou valor que deva recair
sobre cada atividade e por isso, devem ser distribuídos através de rateio.
Débito – registra as despesas indiretas de exploração agrícola e pastoris.
Crédito – registra os gastos indiretos transferidos como rateio para a conta Gastos Indiretos
Rateados ( 4.1.1.1.1.8, 4.1.1.1.2.x , 4.1.1.1.3.x , 4.1.1.2.1.7 e 4.1.1.2.2.x).
Natureza do saldo – devedor, representado pelos gastos indiretos a ratear entre as atividades
exploradas como Gastos Indiretos Rateados.

80
4.1.2. EXERCÍCIO COMERCIAL – compreende as contas que registram as despesas que não
estão diretamente ligadas às atividades produtivas como, despesas administrativas e com
vendas.
4.1.2.1. DESPESAS ADMINISTRATIVAS
Função – registrar as despesas de natureza administrativa.
Débito – registra as despesas com salários e encargos sociais, retiradas pró-labore, despesas
com veículos, conservação e reparos, material de expediente, comunicação, água, luz e
depreciação de bens.
Crédito – registra a transferência para a Demonstração de Resultados, por ocasião do
encerramento do exercício.
Natureza do saldo – devedor, representado pelas despesas administrativas a serem transferidas
para a Demonstração de Resultados.
4.1.2.2. DESPESAS COM VENDAS
Função – registrar as despesas ligadas ao departamento de vendas.
Débito – registra as despesas com comissões sobre vendas, armazenagem, seguro, impostos e
taxas, fretes e carretos.
Crédito – registra a transferência para a Demonstração de Resultados, por ocasião do
encerramento do exercício.
Natureza do saldo – devedor, representado pelas despesas com vendas a serem transferidas
para a Demonstração de Resultados.
4.1.3. CUSTOS COM VENDAS – compreende os custos dos produtos e dos animais que
deverão ser baixados do estoque na medida em que são comercializados.
4.1.3.1. PRODUTOS AGRÍCOLAS
Função – registrar e controlar o custo dos produtos agrícolas comercializados, baixados do
estoque.
Débito – registra a baixa em estoque (1.1.2.2.2) dos produtos comercializados, pelo custo de
produção.
Crédito – registra a transferência do custo dos produtos vendidos para a Demonstração de
Resultados, por ocasião do encerramento do exercício.
Natureza do saldo – devedor, representado pelo custo dos produtos vendidos a ser transferido
para a Demonstração de Resultados, por ocasião do encerramento do ano agrícola.
4.1.3.2. CRIAÇÕES
Função – registrar e controlar o custo das criações vendidas.
Débito – registra a baixa em estoque (1.1.2.2.1) das criações comercializadas, pelo custo da
81
produção.
Crédito – registra a transferência do custo das criações comercializadas para a Demonstração
de Resultados, por ocasião do encerramento do exercício.
Saldo – devedor, representado pelo custo das criações vendidas a ser transferido para a
Demonstração de Resultados, por ocasião do encerramento do exercício.
4.1.3.3. SERVIÇOS
Função – registrar o custo dos serviços prestados a terceiros.
Débito – registra o custo da mão de obra e encargos sociais, manutenção de máquinas e
implementos agrícolas utilizados na prestação dos serviços.
Crédito – registra a transferência do custo dos serviços prestados para a Demonstração de
Resultados, por ocasião do encerramento do exercício.
Natureza do saldo – devedor, representado pelo custo dos serviços prestados a ser transferido
para a Demonstração de Resultados, por ocasião do encerramento do exercício.
4.2. DESPESAS NÃO OPERACIONAIS – são as despesas decorrentes de operações não
incluídas nas atividades principais ou acessórias do objeto da empresa.
4.2.1. FINANCEIRAS – compreende as despesas com juros e os descontos concedidos em
operações não incluídas dentre as atividades principais da empresa, cujo saldo devedor,
representado pela diferença positiva entre as contas deste subgrupo e do subgrupo 3.2.1 –
RECEITA FINANCEIRA, será transferido para a Demonstração de Resultados, por ocasião
do encerramento do exercício.
4.2.1.1. JUROS
Função – registrar as despesas com juros pagos em operações não incluídas nas atividades
principais da empresa.
Débito – registra as despesas com juros.
Crédito – registra a transferência das despesas com juros para a Demonstração de Resultados,
por ocasião do encerramento do exercício.
Natureza do saldo – devedor, representado pelo valor a ser transferido para a Demonstração
de Resultados, por ocasião do encerramento do exercício.
4.2.1.2. DESCONTOS CONCEDIDOS
Função – registrar as despesas com descontos concedidos em operações não incluídas nas
atividades principais da empresa. .
Débito – registra as despesas com descontos concedidos.
Crédito – registra a transferência das despesas com descontos concedidos para a
Demonstração de Resultados, por ocasião do encerramento do exercício.
82
Natureza do saldo – devedor, representado pelo valor a ser transferido para a Demonstração
de Resultados, por ocasião do encerramento do exercício.
4.2.2. PATRIMONIAL – compreende as contas que registram as despesas com perdas de
capital na alienação de bens, desapropriação, morte de animais, deterioração e obsolescência.
4.2.2.1. PERDA NA ALIENAÇÃO DE BENS
Função – registrar as perdas decorrentes de alienação de bens do Ativo Permanente.
Débito – registrar as perdas oriundas da venda de terrenos, máquinas, implementos agrícolas,
veículos, animais de trabalho e reprodutores e matrizes.
Crédito – registrar a transferência do valor das perdas para a Demonstração de Resultados, por
ocasião do encerramento do exercício.
Natureza do saldo – devedor, representado pelo valor a ser transferido para Demonstração de
Resultados.
4.2.2.2. PERDA DE ANIMAIS POR MORTE
Função – registrar as perdas decorrentes por morte de criações.
Débito – registra a baixa da Criação (1.1.2.2.1), de Animais de Trabalho (1.3.2.2.4) ou de
Animais Reprodutores e Matrizes (1.3.2.2.5), em função da perda por morte.
Crédito – registra a transferência do valor das perdas a Demonstração de Resultados, por
ocasião do encerramento do exercício.
Natureza do saldo – devedor, representado pela valor a ser transferido para a Demonstração
de Resultados.
4.2.2.3. PERDA DE BENS POR DETERIORAÇÃO
Função – registrar as perdas decorrentes de deterioração de bens.
Débito – registra a baixa de estoques (1.1.2.2) e de bens do Ativo Imobilizado (1.3.2), em
função da perda por deterioração.
Crédito – registra a transferência do valor das perdas por deterioração para a Demonstração de
Resultados, por ocasião do encerramento do exercício.
Natureza do saldo – devedor, representado pelo valor a ser transferido para a Demonstração
de Resultados.
4.2.2.4. PERDA DE BENS POR ABSOLESCÊNCIA
Função – registrar e controlar as baixas de bens obsoletos ou ultrapassados, cuja utilização se
apresenta anti-econômica.
Débito – registra as baixas dos bens em desuso.
Crédito – registra a transferência anual do valor das baixas para a Demonstração de
Resultados por ocasião do encerramento do exercício.
83
Natureza do saldo – devedor, representado pelas baixas de bens ou materiais obsoletos ou
inutilizados, a ser transferido para a Demonstração de Resultados.

APÊNDICE C – Inventário

84
APÊNDICE D – Balanço de Abertura

Balanço de abertura em 01.01.2010

1. ATIVO
1.1. CIRCULANTE
1.1.1. DISPONIBILIDADES
1.1.1.1. Caixa 350,00
1.1.1.2. Bancos 1.500,00
1.1.2. DIREITOS REALIZÁVEIS A CURTO PRAZO
1.1.2.1. Créditos diversos
1.1.2.1.2. Adiantamentos a empregados 200,00
1.1.2.2. Estoques
1.1.2.2.1. Criações
1.1.2.2.1.2. Bovinos 2.500,00
1.1.2.2.1.3. Suínos 600,00
1.1.2.2.2. Produtos
1.1.2.2.2.2. Soja 15.000,00
1.1.2.2.2.3. Milho 7.500,00
1.1.2.2.3. Material de Consumo
1.1.2.2.3.1. Sementes 4.500,00
1.1.2.2.3.2. Fertilizantes 3.200,00
1.1.2.2.3.3. Defensivos 3.360,00
1.2. NÃO CIRCULANTE
1.2.2.2. Imobilizado
1.2.2.2.1. Imóveis
1.2.2.2.1.1. Terrenos 396.000,00
1.2.2.2.1.2. Edifícios e Construções 58.000,00
1.2.2.2.2. Móveis
1.2.2.2.2.1. Máquinas e implementos agrícolas 22.500,00
1.2.2.2.2.3. Veículos tração animal 600,00
1.2.2.2.2.4. Animais de trabalho 1.500,00
1.2.2.2.2.5. Animais reprodutores e matrizes 1.000,00
TOTAL DO ATIVO 518.310,00
2. PASSIVO
2.1. CIRCULANTE
2.1.1. Fornecedores 5.000,00
2.1.5. Empréstimos e Financiamentos 15.000,00

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2.3. PATRIMONIO LIQUIDO
2.3.1. Capital 498.310,00
TOTAL DO PASSIVO 518.310,00

APÊNDICE E – Fichas Razão – abertura das contas

86
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94
ARTIGO 6

PARTICULARIDADES DA CONTABILIDADE RURAL

Eduardo da Silva Amorim


Egresso do Curso de Ciências Contábeis das Faculdades Integradas ICE

Introdução

O Setor Agrícola apresenta particularidades que o diferencia dos demais setores da


economia. O clima determina as épocas de plantio, tratos culturais, colheitas, escolha de
variedades e espécies, vegetais e animais. Algumas fases do processo produtivo se
desenvolvem sem a existência de trabalho físico. Não há flexibilidade para alterar a seqüência
da produção e a terra é participante da produção.
Além disso, o empresário rural se depara com um Sistema de Competição Econômica
que o impede de controlar o preço de seus produtos, que ditado pelo mercado, pode ser até
inferior aos custos de produção. Há o alto custo de saída e/ou entrada para algumas culturas,
como por exemplo, a de café, devido à exigência de altos investimentos em benfeitorias e
máquinas e os produtos não são uniformes, acarretando custos adicionais com a classificação
e padronização (CREPALDI, 1998).
Da mesma forma, a Contabilidade Rural, que abrange não só o Setor Agrícola, mas
também as atividades zootécnicas e agroindustriais, contém peculiaridades que a distingue de
forma acentuada da Contabilidade aplicada a outros setores. Não só pelas particularidades da
Contabilidade Rural, mas principalmente pela importância desta contabilidade para o
empresário rural, é que o presente artigo visa abordar as características deste ramo da
Contabilidade e analisar o resultado de uma pesquisa de campo, na qual se procura identificar
o nível de conhecimento do profissional contábil quanto a este assunto.

Durante a execução e o controle das operações da empresa rural, a


Contabilidade Rural é tida como principal instrumento de apoio à tomada de
decisão. Ela, como parte integrante do sistema de informação da empresa,
coleta e processa dados que vão gerar relatórios contábeis. Estes relatórios vão

95
proporcionar à gerência um fluxo contínuo de informações sobre os mais
variados aspectos econômicos e financeiros da empresa

É notória a relevância da Economia Agrícola para o Brasil, inclusive do ponto de vista


de sua contribuição significativa para manter o homem no interior, diminuindo o êxodo rural e
desenvolvendo cidades no interior dos Estados brasileiros.

Objetivo Geral

Identificar o conhecimento dos profissionais contábeis das peculiaridades da Contabilidade


Rural.

Objetivos Específicos

Os objetivos específicos são os seguintes:

• Descrever os conceitos da Contabilidade Rural e citar suas principais particularidades.


• Analisar os resultados da pesquisa feita por meio de questionário aos
Contadores do curso de Pós-Graduação de Ciências Contábeis, com o
propósito de detectar o nível de compreensão destes profissionais quanto à
Contabilidade Rural, em confronto com a literatura.

Natureza da Pesquisa

Na elaboração deste trabalho foi efetuada uma pesquisa bibliográfica envolvendo


livros, dissertações, monografias, artigos científicos, publicações em jornais e internet.
Entretanto, com o propósito de responder ao questionamento levantado no trabalho,
foi realizada uma pesquisa de campo, cuja natureza é descritiva, pois os fatos foram
observados, registrados, descritos, analisados e correlacionados, sem serem manipulados.

Referencial Teórico

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A Contabilidade é um dos principais instrumentos para embasar a administração
moderna nas tomadas de decisões, pois além de identificar, registrar e mensurar os eventos
econômicos que alteram o patrimônio de uma entidade, também possibilita a análise dos
mesmos (LIBONATI, 1996). A Contabilidade Rural também se constitui em uma importante
ferramenta de auxílio aos empresários deste setor. A Empresa Rural, ambiente onde ocorrem
os eventos econômicos específicos desse setor, é assim definida pelos seguintes autores:

Carneiro (apud LIBONATI, 1996), “A Empresa Rural é a organização econômica que


se destina à exploração produtiva dos campos”.
Crepaldi (1998), “Empresa Rural é a unidade de produção em que são exercidas
atividades que dizem respeito a culturas agrícolas, criação de gado ou culturas florestais,
com a finalidade de obtenção de renda”.
Marion (2002), “Empresas Rurais são aquelas que exploram a capacidade produtiva
do solo por meio do cultivo da terra, da criação de animais e da transformação de
determinados produtos agrícolas”.

As definições acima demonstram que a Empresa Rural abrange as Atividades


Agrícola, Zootécnica e Agroindustrial. Por Atividade Agrícola, entende-se aquela que explora
o solo com o propósito do plantio. A Zootécnica consiste na criação de animais, para serviços
de lavoura, para consumo doméstico ou para fins industriais e comerciais. Já a Atividade
Agroindustrial é o beneficiamento do produto agrícola (arroz, café, milho), como também a
transformação zootécnica (mel, laticínios) e agrícola (açúcar, óleo de soja).

Específicas da Atividade Agrícola

Na Agricultura há algumas etapas a serem desenvolvidas pelo empreendedor rural


como o preparo do solo, preparo para o plantio, plantio de mudas e sementes, colheita e
produtos colhidos. Devido a estas características peculiares, a Contabilidade Agrícola possui
particularidades que a distingue da Contabilidade relativa à área industrial.

Exercício Social

97
Na atividade agrícola o exercício social termina logo após o ano agrícola. O ano
agrícola corresponde, geralmente, ao período de 12 meses, que e o engloba.
Concentração da receita, na referida atividade, durante ou logo após a colheita,
diferindo das demais empresas que apresentam receitas e despesas constantes durante os
meses do ano.
De acordo com Crepaldi (1998), “[...] determina-se o início e o fim do ano agrícola
quando se obtêm a colheita e a comercialização da atividade de maior renda bruta”.
Realmente, para produtores de culturas diversificadas, o ano agrícola é fixado em
função da cultura de maior representatividade econômica (MARION, 2002).

Culturas Temporárias e Permanentes

A diferença básica entre estas duas culturas é que a temporária ou anual está sujeita ao
replantio e é arrancada do solo, enquanto que a permanente ou perene está vinculada ao solo,
dando produção por diversos anos. Segundo Anceles (2002), a temporária se extingue pela
colheita, sendo seguida de um novo plantio, enquanto que a permanente tem duração superior
a um ano ou proporciona mais de uma colheita sem a necessidade de novo plantio, recebendo
apenas tratos culturais no intervalo entre as colheitas. Exemplo de culturas temporárias:
milho, trigo, feijão etc e de perenes, jaqueira, mangueira, cajueiro etc.
Na cultura temporária, os custos com a formação (plantio, adubação, sementes,
calcário, mão-de-obra, herbicidas etc) e com a colheita (mão-de-obra, combustível etc) são
contabilizados no Ativo Circulante, em uma conta nomeada de “Cultura Temporária” e em
uma sub-conta intitulada ”Cultura em Formação”, sendo classificada como Estoque
(MARION, 2002). Após a colheita, esta conta é baixada pelo seu valor de custo e transferida
para a conta “Produtos Agrícolas”, em que serão acumulados todos os custos posteriores à
colheita. À proporção da venda dos produtos, dá-se baixa em “Produtos Agrícolas” e transfere
o custo para “Custo do Produto Vendido”, para que possa haver o confronto entre a Receita e
Custo e a apuração do Lucro Bruto.
Na cultura permanente, os custos necessários para a formação da cultura, como
adubação, formicidas, forragem, herbicidas etc, são apropriados no Ativo Permanente –
Imobilizado, na conta “Cultura Permanente em Formação”, tendo como sub-conta o tipo de
cultura. Marion (2002) esclarece que após a formação da cultura, antes da primeira produção,
transferem-se os custos da conta “Cultura Permanente em Formação” para uma conta

98
denominada “Cultura Permanente Formada”, que permanece no Ativo Permanente,
Imobilizado. A partir deste ponto, na fase produtiva, os custos que surgirem não serão mais
contabilizados no Imobilizado, mas no Ativo Circulante – Estoque; geralmente, em uma conta
intitulada “Colheita em Andamento”, especificando o produto.
Marion (2002) informa que esta conta é composta de todos os custos necessários para
a realização da colheita: mão-de-obra e respectivos encargos sociais, produtos químicos, custo
com irrigação, custo do combate a formigas e outros insetos, seguro da safra, secagem da
colheita, serviços de terceiros etc. Caso os recursos aplicados na cultura permanente
beneficiem a produtividade ao longo dos anos, o valor não deve sobrecarregar a safra do ano,
mas ser incorporado ao Imobilizado e diluído às safras por meio da depreciação ou, se for o
caso, da exaustão. Ao término da colheita, o valor acumulado na conta “Colheita em
Andamento” transfere-se para conta “Produtos Agrícolas”, também do Ativo Circulante –
Estoque. Nessa conta é acrescentado o gasto de beneficiamento ou acondicionamento, se
houver. À medida que os produtos agrícolas forem vendidos e o respectivo custo transferido
da conta “Produtos Agrícolas” para a conta “Custo do Produto Vendido”, sempre
discriminando o tipo da plantação, haverá a confrontação da Receita e do Custo do Produto
Vendido, apurando-se o Lucro Bruto.

Melhorias no Solo para o Cultivo

Os gastos com desmatamento, destocamento, terraplanagem, desvios de leitos de rios


ou córregos para irrigação, nivelamento do solo e outros preparos para tornar a terra bruta
agricultável, não devem ser acumulados à “Cultura em Formação”, sobrecarregando a
primeira safra. De acordo com Anceles (2002):
Os custos com desmatamento, destocamento, correção do solo e outras melhorias para
propiciar o desenvolvimento das culturas agrícolas que beneficiam mais de uma safra devem
ser contabilizados por seu valor original, no Ativo Diferido, como encargo das culturas
agrícolas desenvolvidas na área, deduzidas as receitas líquidas obtidas com a venda dos
produtos oriundos do desmatamento ou destocamento.
Estes custos são apropriados ao valor da terra ou amortizados ao longo dos anos. Na
hipótese da amortização como custo em vários períodos, a classificação correta é no Ativo
Permanente – Diferido. Quanto ao título da conta, a mais adequada, seria “Melhorias”, pois

99
como afirma Marion (2002), na Contabilidade, o termo Melhoria significa incremento na
capacidade produtiva, que envolve reforma significativa no Ativo de propriedade da empresa,
com alterações técnicas e de produtividade naquele Ativo. Outros gastos, como cercas,
estradas, açudes, instalações e bebedouros, não devem ser contabilizados na conta
“Melhoria”, mas individualmente no Ativo Permanente - Imobilizado. Entretanto, conforme
Crepaldi (1998), os corretivos aplicados ao solo, como calcário, adubação orgânica etc,
quando beneficiarem vários períodos, serão alocados também no Ativo Diferido, para serem
amortizados com base na quantidade de períodos que irão beneficiar.

Depreciação, Amortização e Exaustão

Depreciação, no linguajar corrente, significa o esgotamento e o desgaste de um ativo.


Entretanto, no sentido contábil, é um encargo financeiro que se tem sobre certas contas do
Ativo Imobilizado, que reflete o custo de utilização de um ativo em um exercício contábil
dado, e mais, especialmente, reproduz a porção do custo monetário original de ingresso desse
ativo que foi utilizado na obtenção de receitas de um exercício contábil em particular,
Crepaldi (1998).
De acordo com Iudícibus, Martins e Gelbcke (1994), a depreciação aplica-se somente
aos bens tangíveis (máquinas, equipamentos); exaustão, aos recursos naturais exauríveis
(reservas florestais, petrolíferas) e amortização, aos bens intangíveis (marcas e patentes). Na
Agricultura, não contradizendo os conceitos expostos, a depreciação é aplicada a culturas
permanentes, tais como, florestas ou árvores e todos os vegetais de menor porte, dos quais
são extraídos apenas os frutos, sendo, ainda, empreendimento da própria empresa (MARION,
1996).
A exaustão ocorre quando a árvore é cortada ou extraída do solo, como acontece com
a cana-de-açúcar. Outros exemplos seriam as pastagens e as florestas e espécies vegetais
destinadas ao corte, para industrialização, consumo, ou comercialização. Tanto para a
depreciação quanto para a exaustão, o período é determinado em função do número de anos
de produção (vida útil) e de cortes das árvores, ou da produção total estimada. A taxa só
pode ser definida por agrônomo ou pelo agricultor, que detém o conhecimento desta
informação. A depreciação só começa a incidir sobre a cultura a partir da primeira safra.
A depreciação também é utilizada nos implementos agrícolas, como tratores,
colhedeiras, aparelhos agrícolas etc. Nesse caso, a depreciação é calculada por hora, pois a

100
apropriação é em decorrência do uso às respectivas culturas ou projetos.
Já a amortização, aplica-se na aquisição de direitos sobre empreendimentos de
propriedade de terceiros, apropriando-se ao longo do período contratado. Marion (2002)
exemplifica: “...casos de aquisição de direitos de extração de madeira de floresta pertencente a
terceiros ou de exploração de pomar alheio, por prazo determinado, a preço único e
prefixado”.

Específicas da Atividade Pecuária

Apesar da associação da Pecuária com o gado vacum (bois e vacas), esta atividade se
refere à criação de gado em geral, ou seja, bois, vacas, búfalos, carneiros, ovelhas, também,
aves, etc... (CREPALDI, 1998). Entretanto, como o rebanho bovino no Brasil representa uma
atividade econômica de grande relevância, sendo um dos maiores rebanhos do mundo, será
dado ênfase a esse tipo de gado.

Exercício Social

O momento mais adequado para o encerramento do exercício social não é o ano civil,
mas após o nascimento dos bezerros ou do desmame (MARION, 2002). Sempre há uma
concentração de nascimentos que determinará o mês do término do exercício social, mesmo
em empresas que não planejem lotes de nascimento através da inseminação artificial ou da
estação de monta (período de cruzamento de touro e vaca) programada. Também é comum a
fixação do exercício social no mês seguinte à venda concentrada das reses ao frigorífico.

Tipos de Atividade Pecuária

As empresas pecuárias se dedicam à cria, recria e engorda de animais para fins


comerciais. As atividades destas entidades se dividem em: cria para comercialização de
animais; recria para comercialização de animais; cria e recria para comercialização de
animais; cria, recria e engorda para comercialização de animais; cria, recria e engorda de
animais para comercialização de seus produtos derivados, tais como leite, ovos, mel, sêmen
etc; recria e engorda para comercialização de animais ou de seus derivados; engorda para
comercialização de animais ou de seus derivados.

101
A cria consiste na criação dos bezerros que só serão vendidos após o desmame
(período igual ou inferior a 12 meses); a recria é, a partir do bezerro desmamado, a produção e
venda do novilho magro para engorda (entre 13 a 23 meses), e a engorda é a atividade
denominada de invernista, que a partir do novilho magro, produz o novilho gordo para venda.
Os custos dos animais destinados à engorda e comercialização devem ser imputados
no Ativo Circulante – Estoque e dos animais destinados à reprodução ou à produção de
derivados, no Ativo Permanente – Imobilizado (MARION, 2002). O plantel em crescimento
será classificado no Ativo Circulante – Estoque até o momento em que apresentar
características para reprodução, quando será transferido para o Ativo Permanente –
Imobilizado.

Depreciação

No caso de touros e vacas (gados reprodutores), animais de trabalho e outros animais


constantes do Ativo Permanente, as deduções dos valores são denominadas depreciação
Marion, 2002). A depreciação não incide no período de crescimento do gado reprodutor,
começando a partir do momento em que o rebanho é utilizado para a reprodução. O ideal seria
a partir do declínio do animal, porém é difícil detectar esse ponto. O veterinário é a pessoa
mais indicada para determinar a vida útil do gado reprodutor.

Críticas ao Custo Histórico na Pecuária

Nas empresas pecuárias, a variação patrimonial é intensa, devido ao crescimento


natural do gado, que ganha peso e envergadura com o passar do tempo e do giro do estoque
que é lento, variando de três a quatro anos. Dessa forma, o Ativo é acrescido de valor
econômico real, tornando os Custos Históricos na Pecuária inadequados, nos moldes
tradicionais.

Específicas da Atividade Agroindustrial

A Agroindústria abarca inúmeros bens vindos do beneficiamento de produtos


agrícolas, da transformação de produtos agrícolas e da transformação de produtos

102
zootécnicos, produção de mel ou de adubos orgânicos (MARION, 2002). Não há
características específicas relevantes da Contabilidade na Agroindústria que contrastem com
a Contabilidade de outros setores, particularmente do setor industrial.

Perfil dos Respondentes

Pelo GRAF. 1, pode-se verificar que o grupo de respondentes à pesquisa de campo


deste trabalho monográfico consiste em 60% de Contadores, 11% de Administradores, 6%
de Economistas, 6% formados em Informática e 6% em outros cursos, como Engenharia,
Estatística e Pedagogia. Além dos 11% que não identificaram o curso no qual se haviam
graduado.
O grupo de contadores, amostra escolhida para análise, é composto por 37% de
homens, 33% de mulheres, tendo surgido um percentual de 30% de pessoas que não
responderam esta pergunta. Mais da maioria, 55%, trabalha há mais de cinco anos na área
contábil ou em outra área; há um percentual de 18% para quem trabalha de três a cinco anos
e de 27% para quem trabalha de um a três anos. A maioria, 25%, fez o curso de graduação na
Universidade “B”. Um percentual de 12% fez na Universidade “A”, 9% na Universidade “C”,
33% não responderam esta pergunta e os demais fizeram em sete instituições de ensino
diferentes.

Análise e Discussão dos Dados

Como já exposto anteriormente, a análise detalhada dos dados alcançados, através da


pesquisa de campo, será focado nos Contadores, grupo de interesse desta pesquisa.
Posteriormente, será abordado, de forma sintética, o resultado do Grupo de Não-Contadores.
Verifica-se de forma clara, que na amostra da pesquisa de campo, 70% não cursou
Contabilidade Rural ou disciplina correlata. Após consulta às duas instituições mais
representativas na pesquisa, Universidade “A” e Universidade “B”, verificou-se que a
disciplina Contabilidade Rural é oferecida como eletiva, ou seja, não obrigatória, na “A”,
enquanto que, na “B”, será oferecida, também como eletiva, a partir do segundo semestre de
2006.

103
Questão n° 1

Pelas respostas à Questão nº 2, conforme QUADRO 2, pode-se verificar que no grupo


em estudo, 60% nunca assistiram palestras ou seminários, nem sequer leram algo relativo a
este assunto.

Questão nº 2

O alto percentual dos alunos que desconhecem Contabilidade Rural persiste na


resposta a esta terceira pergunta (QUADRO 3), pois 55% responderam que seu conhecimento
sobre este assunto é ruim e 36% responderam que é regular, totalizando 91% do grupo com
pouca noção das particularidades desta Contabilidade. Apenas 6% afirmaram ser bom e 3%
não responderam essa pergunta. Estes resultados estão coerentes com as respostas obtidas nas
questões anteriores.

Questão nº 3
Esta quarta questão apresenta que 91% nunca trabalharam na área de Contabilidade
Rural, aparecendo apenas um percentual de 9% que já atuou na referida área, de acordo com
o QUADRO 4. Dentre estes que responderam afirmativamente, um trabalhou por seis anos,
outro por dois, e o terceiro por seis meses.

Questão nº 4

Através do questionário, pôde-se verificar que aquele que trabalhou por seis anos não
cursou a disciplina de Contabilidade Rural ou correlata, tendo sido, provavelmente um
autodidata. Seu percentual de acerto foi de 90% das perguntas da Questão nº 6. Dos dois
restantes, que cursaram a referida disciplina ou correlata, o que trabalhou por dois anos
acertou 60% e o que trabalhou por seis meses, teve 10% de acertos.

A interpretação dessa informação quanto ao pequeno número de pessoas que


trabalharam neste ramo da Contabilidade, leva a conjecturas como: primeiro, se os contadores
desta área, na Região Metropolitana do Recife, não estão reciclando o seu conhecimento
através da realização de cursos de pós-graduação; ou segundo, se a maioria dos contadores
104
trabalham em outras áreas, apesar da importância do Setor Primário para o Brasil, em
particular para o Estado de Pernambuco. Como a questão levantada por esta pesquisa aborda
apenas a questão do conhecimento dos contadores em relação à Contabilidade Rural, este
assunto não poderá ser analisado no presente trabalho.
Nesta Questão nº 5, 15% concordaram que a literatura referente à Contabilidade Rural
aborda o assunto de forma clara e objetiva. Destacamos que 64% desconhecem a referida
literatura.

Questão nº 5

Estas cinco primeiras questões mostram que os 33 contadores têm pouca percepção da
Contabilidade Rural de forma geral, apesar dos pesquisados serem alunos de Pós-Graduação
da UFPE, um grupo privilegiado quanto ao conhecimento da Contabilidade.
Se o questionário terminasse neste ponto, a pesquisa já demonstraria o pequeno
conhecimento do assunto em estudo pelos profissionais da Contabilidade, entretanto, ainda
será analisado o resultado da Questão nº 6, que abrange dez perguntas específicas relativas à
Contabilidade Rural.
A Questão nº 6.1, apresente resposta é a “Participação econômica de cada cultura”,
teve apenas 18% de acerto. 48% responderam de forma incorreta.

Questão nº 6

A resposta correta é “Imobilizado”, entretanto, 42% erraram ao classificar a Cultura


Permanente em Formação.

Questão nº 7

Nota-se que o percentual de respostas certas, diminuiu em relação à anterior, sendo


apenas de 15%. A resposta correta é “Melhoria”.
A questão apresentada, cuja resposta é que a “depreciação passa a incidir a partir da
primeira safra”, apresentou o maior percentual de acerto, 45%. Provavelmente, o motivo deste
alto percentual é que feita a analogia com a Contabilidade Geral, seja fácil encontrar esta
resposta.

105
Questão nº 8

Conforme, as respostas, houve um empate na quantidade de questionários respondidos


corretamente e de forma incorreta. A resposta certa era que as referidas contas deveriam ser
classificadas no “Ativo Permanente – Imobilizado”.
O resultado da Questão nº 6 corrobora o já verificado na análise das questões que a
antecederam, significando que os contadores da amostra têm pouco conhecimento das
particularidades da Contabilidade Rural.
Na última questão, conforme mostra a opinião de 79% dos respondentes do grupo de
contadores é que a disciplina de Contabilidade Rural deve ser ensinada, apenas 6% não
concordam e 15% não responderam.
Setenta por cento dos pesquisados não cursaram uma disciplina que abordasse o
assunto em pauta, 60%, nem sequer leu sobre a Contabilidade Rural, e 64% desconhecem a
literatura. Nas questões que abordavam perguntas específicas desta Contabilidade, apenas
6%, dos trinta e três contadores pesquisados, obtiveram um grau de acerto acima de 60%.
Números alarmantes para um assunto tão importante para a economia do Brasil.
Contudo, vale salientar que 92,86% consideraram importante haver o ensino de uma
disciplina relativa a este tema nas grades curriculares dos cursos de Graduação de Ciências
Contábeis, o que demonstra que a pesquisa conseguiu conscientizar o pequeno grupo
pesquisado da importância da Contabilidade Rural.
Apesar de não ser objetivo desta pesquisa analisar as razões dos números descritos
acima, é relevante informar que atualmente a disciplina de Contabilidade Rural não está sendo
ministrada na Universidade “A” nem na “B”, duas das principais instituições de ensino da
Região Metropolitana do Recife.
Ficou evidenciado, ainda, nos testes estatísticos, não haver associação entre o nível de
conhecimento da Contabilidade Rural e a experiência profissional ou a instituição de ensino
superior onde o contador se graduou, mostrando que a percepção da referida Contabilidade
é mínimo, independente dos fatores estudados.

Considerações Finais

Após análise das informações levantadas, tanto através da pesquisa bibliográfica como
de campo, pode-se considerar que os objetivos geral e específico, abordados no capítulo um

106
deste artigo, foram atendidos
A Contabilidade Rural possui particularidades que a difere das Contabilidades de
outros setores. Estas peculiaridades precisam ser ensinadas aos alunos dos cursos de
Graduação de Ciências Contábeis da Região Metropolitana do Recife para que os contadores
possam se iniciar na área sem grandes dificuldades, principalmente por causa da relevância do
Setor Primário para o Brasil.
Infelizmente, no que se refere ao resultado da pesquisa de campo baseada na aplicação
de um questionário para verificar o conhecimento dos contadores em relação às características
da Contabilidade Rural, ficou evidenciado que não existe uma percepção adequada, para não
dizer, mínima necessária sobre o referido tema.
Setenta por cento dos pesquisados não cursaram uma disciplina que abordasse o
assunto em pauta, 60%, nem sequer leu sobre a Contabilidade Rural, e 64% desconhecem a
literatura. Nas questões que abordavam perguntas específicas desta Contabilidade, apenas 6%,
dos trinta e três contadores pesquisados, obtiveram um grau de acerto acima de 60%.
Números alarmantes para um assunto tão importante para a economia do Brasil.
Contudo, vale salientar que 92,86% consideraram importante haver o ensino de uma
disciplina relativa a este tema nas grades curriculares dos cursos de Graduação de Ciências
Contábeis, o que demonstra que a pesquisa conseguiu conscientizar o pequeno grupo
pesquisado da importância da Contabilidade Rural.

5 - Referências Bibliográficas

ANCELES, Pedro Einstein dos Santos. Manual de tributos da atividade rural. 2 ed. São
Paulo: Atlas, 2002.
COSTA, Veridiana Prado da. Seria a contabilidade rural importante como meio de
administração eficiente para o desenvolvimento das empresas rurais? 2003. Monografia
(Graduação em Contabilidade) – Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal
de Pernambuco, Recife.
CREPALDI, Sílvio Aparecido. Contabilidade rural: uma abordagem decisorial. 2 ed. São
Paulo: Atlas, 1998.
IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual de
contabilidade das sociedades por ações – aplicável às demais sociedades. São Paulo: Atlas,
1994.

107
ARTIGO 7

CUSTOS: UM DESAFIO PARA A GESTÃO NO AGRONEGÓCIO

Antonio André Cunha Callado; Aldo Leonardo Cunha Callado

Dentro de um contexto competitivo como o atual, a gestão de custos se constitui num


dos aspectos administrativos mais relevantes. Os custos rurais possuem características
próprias, obedecendo a natureza da atividade econômica específica em exploração. As
dificuldades operacionais e estruturais limitam a capacidade de gerar dados sobre os custos.
Para que o agronegócio brasileiro seja mais competitivo e rentável, ele deve direcionar sua
administração para a necessidade de informações contábeis regulares sobre os aspectos
financeiros, bem como a avaliação de seus processos administrativos e produtivos. A falta de
precisão sobre seus custos compromete a qualidade das decisões tomadas. Relatórios
periódicos proporcionarão análises temporais, avaliações e subsídios para planos futuros.

1. INTRODUÇÃO

A gestão financeira se constitui numa das questões mais importantes dentro do


processo administrativo de qualquer organização, possuindo esta objetivos que focalizem
lucros financeiros ou não. Desta feita, é importante que nós reconheçamos a relevância da
contabilidade de custos sob o aspecto de um processo que visa a otimização dos limitados
recursos disponíveis para que qualquer organização possa prosperar.

A gestão de empresas rurais é focalizada geralmente aos fatores do trabalho agrícola,


zootécnico e agroindustrial, concentrando técnicas de produção e conceitos operacionais das
atividades específicas desenvolvidas.
Dentro deste contexto, podemos perceber que a contabilidade rural é um instrumento
administrativo pouco utilizado por nossos produtores rurais. Esta técnica gerencial é tida
como complexa em sua exceção e que apresenta um baixo retorno prático. Também podemos
constatar que, em quase sua totalidade, a aplicação da contabilidade de custos em empresas

108
rurais é quase sempre conhecida por suas finalidades fiscais, não possuindo grande interesse
por uma aplicação gerencial.
Uma administração eficaz e participativa é desejada em todas as modalidades de
negócios, mesmo para empresas rurais. Para que qualquer atividade econômica seja rentável
ela deverá possuir um estilo de gestão compatível com suas características organizacionais
para que esta estrutura possa garantir padrões de competitividade dentro da indústria na qual
ela atua. A eficiência de uma administração dentro de qualquer negócio depende, dentre
vários fatores, de um suporte capaz de prover informações contábeis relevantes para as
diversas decisões gerenciais, atualizando de maneira sistemática os diversos usuários destas
informações. Este processo se dá através de um sistema gerador do perfil real da situação
financeira e contábil da empresa.
Considerando estas características necessárias para a obtenção de padrões de
competitividade orientados por um sistema de informações, as empresas rurais brasileiras
apresentam uma de suas mais visíveis debilidades. Facilmente podemos constatar que a
administração rural no Brasil ainda se desenvolve dentro de critérios
tradicionais, apresentando um baixo padrão de desempenho operacional e econômico,
principalmente em nossos tempos, com uma crescente integração econômica internacional e
sua exposição aos concorrentes internacionais.
Comentando as limitações encontradas em relação à qualidade das informações
contábeis geradas dentro de empresas rurais brasileiras, Crepaldi (1993) destaca que essa
característica não é atributo apenas de pequenas propriedades rurais, prevalecendo também
entre as médias e grandes, com economia de mercado e elevados níveis de renda,
comprometendo qualquer meta de resultados financeiros diante do processo de globalização
dos mercados.
A apuração do custo de qualquer atividade econômica rural apresenta um dos seus
maiores problemas no rigor do controle de seus elementos de forma a obter uma correta
apropriação dos custos de cada um dos produtos existentes dentro da propriedade,
principalmente sobre os gastos gerais, que devem ser rateados pelos diversos produtos de
maneira tal que possa garantir o equilíbrio financeiro das contas da empresa sem comprometer
seus preços no mercado.

A CONTABILIDADE DE CUSTOS

109
A literatura especializada sobre a contabilidade de custos pode nos fornecer vários
conceitos. Estes conceitos são apresentados de diversas maneiras, condensados com algumas
diferenciações, que são condicionadas segundo a natureza, o enfoque e as características
postas em evidência nos estudos que as contêm.
Porém, mesmo dentro desta grande variedade de parâmetros, qualquer que seja o
conceito de contabilidade de custos utilizado, ele identificará a natureza do registro do fato
contábil (Fatos contábeis: Fato contábil é aquele que provoca modificação no Patrimônio da
entidade, sendo, por isso, objeto de contabilização através de conta patrimonial ou conta de
resultado, podendo ou não alterar o Patrimônio Líquido. Ex: compras, vendas, direitos
adquiridos, obrigações assumidas, receitas e despesas reconhecidas.) ocorrido, a acumulação e
organização dos custos relativos às diversas atividades operacionais e sub-atividades do
negócio e auxilia a administração no
processo de tomada de decisão, de avaliação das atividades realizadas, do controle
operacional e de planejamento das atividades futuras do negócio.
Um sistema de contabilidade de custos é construído e implantado para atingir
finalidades específicas dentro de um modelo gerencial e de uma estrutura organizacional, que
podem estar relacionadas com o fornecimento de dados de custos para a medição dos lucros,
determinação da rentabilidade e avaliação do patrimônio, identificar métodos e procedimentos
para o controle das operações e atividades
executadas, de modo a prover informações sobre custos para a tomada de decisões e de
planejamento através de processos analíticos.
Para Iudícibus (1980), dentre as várias aplicações, a contabilidade de custos fornece
informações contábeis e financeiras para a decisão entre cursos de ação alternativos onde
afirma que este tipo de decisão requer informações contábeis que não são facilmente
encontradas nos registros da contabilidade financeira. Na melhor das
hipóteses, para obter tais informações é necessário que um esforço extra de classificação,
agregação e refinamento seja aplicado para que elas possam ser utilizadas em tais decisões.
Matz, Frank e Curry (1974) colocam a contabilidade de custos como parte integrante
do processo administrativo e que influencia diretamente a competitividade das empresas,
provendo registros dos custos dos produtos e dados para estudos de custos especiais para os
diversos usuários das informações contábeis. Estas informações envolvem dados sobre
alternativas de procedimento com relação aos produtos, operações e funções, assistindo dessa
forma a administração em suas decisões com respeito às políticas de vendas, métodos de
produção, procedimentos de compras, planos financeiros e estrutura de capital.
110
Segundo Leone (1987), a contabilidade de custos pode ser conceituada como o ramo
da função financeira que acumula, organiza, analisa e interpreta os custos dos produtos, dos
estoques, dos componentes da organização, dos planos operacionais e das atividades de
distribuição para determinar o lucro, para controlar as operações e para auxiliar o
administrador no processo de tomada de decisões e de planejamento.
Um sistema de contabilidade de custos adotado por uma determinada empresa precisa ser
compatível com sua estrutura organizacional, seus procedimentos operacionais e seu tipo de
informação sobre custos que a administração desejar.
Para Lawrence (1975), contabilidade de custos é o processo de usar os princípios da
contabilidade geral, para registrar os custos de operação de um negócio de tal maneira que,
com os dados de produção e das vendas, se torne possível à administração utilizar as contas
para estabelecer os custos de produção e distribuição, tanto por unidade como pelo total, para
um ou para todos os produtos fabricados ou serviços prestados e os custos das outras diversas
funções do negócio com a finalidade de obter operação eficiente, econômica e lucrativa.
Li (1977) fala sobre a transformação de custos como a contabilidade dos recursos empregados
nos processos fabris.
Podemos visualizar que a contabilidade de custos tem a função de suprir a
administração de uma organização com dados que representem o montante de recursos
utilizados para executar as várias fases de seu processo administrativo. Seu papel adquire
maior importância quando inserimos esta organização dentro do contexto complexo e
dinâmico do mercado de nossos dias, que exige maior competitividade de seus produtos e
serviços.

CUSTOS: UMA CLASSIFICAÇÃO GERENCIAL

Existem várias formas de classificação de custos. Estas formas apresentam inúmeras


diferenças em suas nomenclaturas e referenciais utilizados devido aos distintos enfoques dos
diferentes autores. Entendemos que a classificação proposta por Marion se adequa aos
referenciais e enfoques necessários para uma gestão administrativa eficiente e competitiva em
empresas rurais, apresentando três tipos que são:

• quanto a natureza: classificação que se refere à identidade daquilo que foi consumido
na produção, muitas vezes se assemelhando à utilizada para dar nome a bens e serviços:

111
- materiais e insumos - materiais brutos ou trabalhados e anteriormente
produzidos, que são necessários para, através de determinado processo, obter
um novo produto (ex. fertilizantes, sementes, etc.);
- mão-de-obra direta - salários, encargos sociais e benefícios do pessoal
empregado diretamente na produção (ex. tratorista, tratador, etc.);
- mão-de-obra indireta - idem, do pessoal empregado indiretamente na
produção (ex. técnico agrícola, veterinário, etc.);
- manutenção de máquinas e equipamentos - gastos com peças e serviços de
reparos de tratores e outras máquinas e Equipamentos utilizados na produção.
- depreciação de máquinas e equipamentos - parcela que corresponde à Taxa de
depreciação pelo uso das máquinas e equipamentos.
- combustíveis e lubrificantes - utilizados pelas máquinas de produção
agropecuária.
• quanto à identificação com o produto: classificação que se refere à maior ou menor
facilidade de identificar os custos com os produtos, através de uma medição precisa de
insumos utilizados, de relevância do seu valor ou da apropriação dos gastos por rateio:
a)diretos - são identificados com precisão no produto acabado, através de um
sistema de medição, cujo valor é relevante (ex. horas de mão-de-obra, quilos de
ração, etc.)
b)indiretos - são aqueles necessários à produção, geralmente de mais de um
produto, mas que são alocáveis, através de um sistema de rateio, estimativas e
outros meios (ex. salários dos técnicos, da chefia, alimentação, higiene e
limpeza).
• quanto à sua variação quantitativa - classificação que se refere ao fato de os custos
permanecerem inalterados ou variarem em relação às quantidades produzidas, ou seja, os
custos podem variar proporcionalmente ao volume produzido ou podem permanecer
constantes, independentemente do volume:
a) custos variáveis: são os custos que apresentam variações em proporção
direta com o volume de produção ou área de plantio (ex. mão-de-obra direta,
fertilizantes, rações, etc.);
b)custos fixos: são os custos que permanecem inalterados em termos físicos e
de valor, independentemente do volume de produção e dentro de um intervalo
de tempo relevante, sendo também conhecidos como custo de capacidade por

112
serem oriundos da posse de ativos e da capacidade ou estado de prontidão (ex.
depreciação, seguros, salários da administração, etc.).
Eventualmente, alguns custos podem variar mas não de uma forma proporcional ao
volume produzido. São exemplos a energia utilizada na iluminação de um galpão durante um
turno de trabalho, que passa a variar pela quantidade de turnos, não pelo volume produzido, e
o pivô da central de irrigação, que possui um gasto fixo de energia (demanda instalada) e
outra variável em função do tempo de irrigação e da área a ser irrigada.
Outros custos permanecem realmente fixos não só dentro de um intervalo de tempo
relevante, mas também permanecem fixos até um certo nível de atividade. Para exemplificar,
citaremos o volume de salários dos fiscais de turma. Se houver um aumento de mão-de-obra
direta em decorrência do volume de produção, pode ser necessário contratar mais fiscais,
aumentando o volume de salários.

ASPECTOS ORGANIZACIONAIS DA GESTÃO FINANCEIRA

A magnitude de uma organização é um fator preponderante dentro de qualquer


parâmetro comparativo entre diversas organizações, principalmente em relação à gestão
financeira. Hall (1984) reconhece a importância do fator tamanho dentro da análise das
organizações afirmando que esta parece ser uma variável simples (...) entretanto é muito mais
complexa. Hall identifica em diversos trabalhos elementos relacionados ao tamanho das
organizações. Kimberly destaca quatro componentes organizacionais ligados ao tamanho, que
são: a capacidade física das organizações, o pessoal disponível na organização, os insumos e
produtos organizacionais e, finalmente, os recursos disponíveis.
A estrutura financeira de uma organização influencia sua capacidade física, seus
recursos humanos, seus insumos e seus produtos. Blecke (1978), reconhece a influência
desses fatores no processo decisório, que ele baseia-se nos vários relatórios, estudos e nas
sugestões de contadores, controladores, analistas e especialistas.
As abordagens tradicionais de gestão financeira enfocam basicamente as técnicas de
análise e os fatores restritivos do processo decisório, não considerando a importância das
pessoas envolvidas nesse processo. Nesse contexto, Koontz e O’donnell (1969) destacam a
importância do indivíduo dentro do processo de tomada de decisões afirmando que “a
habilidade para desenvolver alternativas é, muitas vezes, tão importantes quanto a escolha
acertada entre alternativas”.

113
Uma abordagem tradicional de gestão financeira tem como objetivo a
identificação da oportunidade mais rentável dentre as diversas opções disponíveis, buscando
otimizar a alocação dos recursos financeiros. Essa abordagem trata as organizações de
maneira igual, não observando aspectos organizacionais importantes, tais como seu tamanho e
sua estrutura.
Breadley e Myers (1992), reconhecendo a necessidade de considerar essas diferenças
para analisar a gestão financeira das organizações apontam que, excetuando as pequenas
empresas, nenhuma pessoa é, isoladamente, responsável pelas decisões.
Eles também afirmam que numa pequena empresa o diretor financeiro é provavelmente o
único executivo, e que em empresas maiores existe um número maior de profissionais
envolvidos.
Outro aspecto importante consiste na obtenção e utilização de informações dentro da
organização. Gil (1992), adotando um enfoque voltado para os aspectos humanos, afirma que
um sistema de informações consiste em pelo menos uma pessoa, com certas características
psicológicas, que enfrenta um problema dentro de um
contexto organizacional para o qual necessita de dados.
Devemos reconhecer, portanto, que a gestão financeira vai além das técnicas
existentes, sofrendo influências significativas das organizações e de seus elementos.

A GESTÃO DE CUSTOS

Embora os custos operacionais e de produção das empresas rurais sejam compostos


basicamente pelos mesmos elementos do custo de outros tipos de empresas, Franco (1988)
lembra que aquelas apresentam características próprias de formação do custo, conforme a
natureza da atividade econômica que for explorada.
Valle e Aloe (1981) revelam a importância da aplicação prática dos estudos sobre o
comportamento dos custos nas empresas rurais, destacando que a contabilidade de custos ou
analítica de exploração, que não é privativa da contabilidade industrial, registra e controla as
operações técnico-agrícolas, para determinação dos custos e resultados de produção agrícola,
zootécnica e agro-industrial, se comportando como um eficiente termômetro do grau de
resultados obtidos ao longo dos exercícios fiscais.
Existem várias finalidades para a determinação do custo dentro de uma empresa rural
através de critérios gerenciais que buscam uma maior capacidade gerencial através do

114
suprimento de informações relevantes sobre seus diversos produtos, serviços ou atividades
operacionais. O produtor pode utilizar esta informação como elemento auxiliar de sua
administração para escolher as criações e as práticas agrícolas que deverão ser adotadas nos
próximos períodos. Do mesmo modo, o governo e entidades de classe podem utilizar esta
informação como subsídio à formação de políticas públicas que tenham o objetivo de criar e
manter condições mínimas para a competitividade dos produtos comercializados.
Hoffmann (1984) aponta que a aplicabilidade das informações sobre o custo pode
referir-se à fixação de preços para efeito de tabelamento, ao cálculo das necessidades de
crédito, à orientação dos trabalhos de assistência técnica à produção e à fixação de preços
mínimos dentre outros.
Deste modo, vemos que é fundamental que o produtor rural esteja bem informado
sobre a composição e o comportamento de seus custos para elaborar estratégias de ação
fundamentadas em dados confiáveis, ponderadas e que busquem as melhores alternativas
possíveis, além de possibilitar a visualização antecipada de restrições e dificuldades impostas
pelas mudanças nos níveis de preço de mercado dos elementos componentes do custo rural.
A dimensão da importância de um sistema de custos dentro de uma empresa rural irá
variar de acordo com o grau de complexidade das atividades desenvolvidas, bem como da
estrutura administrativa e operacional existente. Marion e Santos (1993) destacam que os
objetivos da correta dimensão do sistema gerador de informações sobre os custos refletem no
seu papel relevante como ferramenta básica para a tomada de decisão em qualquer
empreendimento, especialmente na agropecuária, onde os espaços de tempo entre produção e
vendas, ou seja, entre custos e receitas, fogem à simplicidade de outros tipos de negócios.
A crise interna de nosso país, a redução gradual dos preços, a crescente exposição à
concorrência internacional, a retirada de subsídios, incentivos fiscais e o aumento da
tributação têm levado os segmentos mais dinâmicos do setor rural a aprimorar seus
conhecimentos sobre a administração, procurando, não só apenas alcançar elevados níveis de
produtividade, mas também saber como gerenciar a produtividade obtida, tornando-se mais
ágeis e competitivos.

AGRONEGÓCIO E A TOMADA DE DECISÃO

A maior parte das atividades rurais desenvolve-se geralmente de forma irregular


durante o exercício fiscal, e a administração enfrenta o desafio de atenuar ou remediar a

115
irregularidade natural do curso do trabalho, intensificando outras atividades conexas
(beneficiamento ou industrialização dos produtos obtidos) ou reparando as benfeitorias.
Dentro de uma perspectiva competitiva para a gestão empresarial rural, o principal papel do
administrador rural consiste nas atividades relacionadas ao planejamento, controle, processo
decisório e avaliação de resultados, visando a maximização dos resultados, à permanente
motivação e ao bem-estar de seus empregados.
A importância da organização administrativa, bem como o registro racional e
sistemático de todos os fatos ocorridos, dentro da empresa rural é comentada por Valle
(1985), destacando que esta organização se comportará de maneira diretamente proporcional
com suas dimensões e com a forma econômica da exploração dos seus recursos.
Nas empresas rurais, assim como nas indústrias, a gestão de custos na tomada de
decisão abrange dois aspectos principais, que são: o processo produtivo e as atividades
comerciais. O processo produtivo se desenvolve no âmbito das empresas enquanto as
atividades comerciais se desenvolvem entre as empresas e seu ambiente externo.
As atividades que podem ser consideradas tipicamente internas são as operações de
manutenção dos vários fatores produtivos, a escolha e coordenação dos procedimentos de
execução das várias operações da empresa e a execução das várias operações produtivas.
As atividades tipicamente externas são a aquisição de todos os materiais e de outros
fatores produtivos necessários à produção, a colocação no mercado dos produtos e
subprodutos obtidos e as operações de financiamento.
Comentando sobre as atividades internas, a escolha do modo de execução das
operações e de manutenção dos fatores produtivos, Valle e Aloe (1981) consideram que estes
fatores têm aspecto essencialmente técnico, mas as suas repercussões influem nas decisões
administrativas, que devem basear-se em definitivo sobre considerações de natureza
econômica. Franco (1988) reforça este ponto de vista, afirmando que para obter os lucros na
empresa rural predominam os aspectos de natureza econômica, considerando que o resultado
financeiro positivo somente será obtido através de uma tomada de decisão consolidada e
apoiada por um sistema de custos ágil e preciso.
Crepaldi (1993) reconhece as limitações organizacionais e estruturais impostas aos
empreendedores rurais, ressaltando que a tarefa de gerar informações gerenciais que permitam
a tomada de decisão, com base em dados consistentes e reais, é uma dificuldade constante
para eles. Contudo, a ausência de qualquer método de apropriação e apuração de custos é, na
melhor das hipóteses, uma falha grave dentro da tomada de decisões.

116
Para que as empresas rurais sejam eficientes na tomada de decisão, a contabilidade
deve prestar serviços constantes aos dirigentes e administradores, não somente nos aspetos
financeiros, mas também nas demais questões de grande importância para formular,
reformular ou avaliar os processos administrativo e produtivo.
Para uma empresa rural, assim como as indústrias, a contabilidade é uma ferramenta
de apoio à gestão, um meio utilizado para cumprir melhor os fins produtivos e sociais da
empresa.

PERSPECTIVAS DA GESTÃO DE CUSTOS PARA O AGRONEGÓCIO

Várias objeções têm sido apontadas sobre a adoção da contabilidade nas empresas
rurais. Estas objeções que usualmente tem se levantado podem ser classificadas em dois
grupos, que são:

- a extensão das operações rurais e sua complexidade não permitem uma


contabilização perfeita dos fatos das empresas rurais;
- a ignorância em que vive o homem do campo.

Estas objeções não podem mais subsistir, pois, no estado atual de nossa cultura
contábil é inadmissível que uma pessoa, possuidora de conhecimentos práticos da vida
econômica, os aceite de boa fé.
Sobre o primeiro grupo, Carneiro (1960) já afirmava que a extensão da empresa rural
não impede a perfeita contabilidade. Se fosse questão de complexidade dos fatos
administrativos realizados seria impossível a existência da contabilidade pública. Com relação
ao segundo grupo, o mesmo autor ressalta que a ignorância não pode ser um motivo de
escusa, pois, a contabilidade é uma ciência difundida, afirmando que se os responsáveis pela
nossa economia rural não possuem o seu conhecimento, imponhasse-lhes.
Todas as empresas necessitam de registros das suas operações, por várias razões:

a) por menor que seja uma empresa, a informação que se acumula durante um ano é
demasiado complexa para que se possa analisar os resultados sem ter anotações adequadas.
b) os membros desta empresa necessitam das informações sobre os fatos ocorridos e
que seria difícil de obtê-las sem a existência dos registros.

117
Quanto maior for a empresa mais necessários são os registros sobre as operações e,
especialmente, nas empresas associativas onde os sócios têm direito e obrigação de analisar o
desenvolvimento da empresa e participar de sua gestão. As principais características
desejáveis para um sistema provedor de informações contábeis são as seguintes:
- devem ser simples, de fácil compreensão;
- devem ser confiáveis em seus registros, exatos nos números;
- devem ser coerentes, sem repetições ou contradições;
- devem estar sempre atualizados para se obter melhor as informações desejadas.
Para D”Amore (1973), a organização contábil-administrativa de qualquer empresa
precisa estar ajustada à sua dimensão, onde é destacado que de qualquer maneira, porém, a
administração econômica não pode prescindir da contabilidade, cuja aplicação é necessária,
onde exista uma administração organizada que busca níveis de competitividade cada vez mais
altos.
Marion e Santos (1993) comentam sobre as características de um sistema de custos
que ultrapassa as fronteiras da contabilidade geral e de custos para atingir um sistema de
informações gerenciais, apontando o papel desempenhado por ele para auxiliar a
administração na organização e controle da unidade de produção, revelando ao administrador
as atividades de menor custo, as mais lucrativas, as operações de maior e menor custo e as
vantagens de substituir uma pelas outras como um dos seus principais objetivos.
Dentro das várias técnicas de controle que auxiliam a obtenção de informações
gerenciais é fundamental que identifiquemos o nível de detalhamento e sofisticação que a
estrutura organizacional conseguirá gerar normalmente para que possamos escolher a técnica
mais adequada. Sobre esta questão, Crepaldi (1993) afirma que se não existe uma estrutura
capaz de gerar informações é preciso procurar uma solução mais simples, porque ao trabalhar
com informações não confiáveis se estará gerando resultados também sem confiabilidade.
Existem dois fatores que definem a viabilidade da apuração de recursos alocados em
insumos, mão-de-obra, serviços, despesas, custos indiretos, amortização de investimentos e
outros, que são:
- a coleta dos dados de campo: e
- a possibilidade de gerar uma planilha de custos unitários de cada recurso.
Caso não existam condições para apurar os recursos alocados nos vários fatores,
podemos adotar algum modelo de controle baseado nas movimentações financeiras.
Este processo depende de um bom controle das compras, vendas de produtos e
movimentação de caixa. Com uma simples estruturação, o produtor poderá obter os itens de
118
classificação dessas movimentações, bastando um agrupamento por conta deste lançamento
para obter resultados. Crepaldi (1993) conclui que este deve ser um controle bem mais
simples do que o de alocação de recursos e pode ser gerado de forma bem mais dinâmica,
oferecendo resultados globais que permitam avaliar rapidamente o andamento da atividade.
Se o produtor, gerente ou administrador souber desenhar o modelo ideal de controle,
ele não terá mais problemas para obter informações gerenciais e passará a contar com um
precioso suporte auxiliar para solucionar suas dificuldades na tomada de decisões.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma análise aproximada sobre as características da utilização da contabilidade de


custos dentro da tomada de decisão em empresas rurais irá identificar sua fundamental
participação para o sucesso destas empresas. As informações contábeis gerenciais abrangem
diversos aspectos sobre questões relacionadas à definição do preço de venda, à identificação
das margens de contribuição das diversas atividades econômicas, ao controle do
comportamento dos diversos elementos componentes dos custos, bem como a análise sobre a
substituição de ativos.
Na tomada de decisão, as informações sobre custos devem ser utilizadas como
parâmetro, mas a falta de precisão em sua apuração e controle irão comprometer a qualidade
das decisões tomadas.
A apuração dos custos, devido às suas peculiaridades, geralmente ocorre de maneira
descentralizada, o que dificulta o acompanhamento preciso de sua execução e exige
confiabilidade e qualificação mínima por parte do responsável pelos registros.
Outro aspecto relevante se refere à confecção de relatórios periódicos sobre o
comportamento dos custos das diversas atividades econômicas. Esta prática proporcionará
análises temporais sobre sua evolução, possibilitará avaliações fundamentadas e mudanças
eventuais, se for necessário.
O controle dos custos parciais de cada atividade poderá orientar o gestor destas
empresas da seguinte maneira:
- mostra os gastos dos diferentes empreendimentos;
- possibilita calcular os rendimentos das diversas culturas e criações;
- permite a determinação do volume do negócio;
- indica as melhores épocas para a venda e aquisição de produtos;

119
- permite o cálculo dos custos da produção; e
- permite o cálculo das medidas de resultado econômico.
É imprescindível que as empresas rurais implantem uma organização contábil
definida, facilitando o acompanhamento das alterações patrimoniais ocorridas. Isto somente
ocorrerá quando os gestores destas empresas compreenderem a importância da contabilidade
de custos para seu desenvolvimento.
A aplicação de uma contabilidade simplificada para as empresas rurais permitirá o
acompanhamento e registro dos valores de sua propriedade e de todas as operações realizadas
no exercício fiscal, possibilitando a descoberta das causas para a obtenção de lucros ou
prejuízos.

BIBLIOGRAFIA

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1978.
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121
ARTIGO 8

O agronegócio brasileiro e a relação entre o perfil do profissional


demandado pelos segmentos agroindustriais e o ofertado pelas instituições
de ensino superior

Mário Otávio Batalha (UFSCar) dmob@power.ufscar.br


Márcia Maria Penteado Marchesini (UFSCar)marcia@dep.ufscar.br
Rúbia Nara Rinaldi (UFSCar/UNIOESTE) rubia@dep.ufscar.br
Thaís Lacava de Moura (UFSCar) tlmoura@uol.com.br

Resumo

Há alguns anos o agronegócio tem se mostrado um dos setores mais importantes da


economia brasileira, não só pela renda gerada, mas também pela geração de empregos.
Entretanto, os empregos gerados requerem profissionais qualificados e com novas
habilidades, uma vez que as empresas de agronegócio atuam em um mercado global e
competitivo. Mas, as habilidades exigidas vão além das habilidades técnicas, as empresas
demandam profissionais com habilidades pessoais e comunicativas. Dentro desse novo
contexto, este artigo objetiva identificar estas transformações no agronegócio brasileiro,
demonstrando o perfil dos profissionais demandados pelas empresas que atuam no sistema
agroindustrial brasileiro e confrontá-lo com a formação de ensino superior que está sendo
oferecida nesta área no Brasil.

Palavras-chave: Agronegócios, Recursos Humanos, Ensino Superior.

1. Introdução

Há alguns anos o agronegócio tem se mostrado um dos setores mais importantes da


economia brasileira, não só pela renda gerada, mas também pela geração de empregos. De
acordo Jank, Nassar e Tachinardi (2005), conforme dados referentes a 2003 disponibilizados

122
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o agronegócio foi responsável por
cerca de 33% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, 42% das exportações totais do país e
37% dos seus empregos.
Tais dados representam a expansão do agronegócio brasileiro, verificada no período
compreendido pela década de 1990 e pelos primeiros anos deste século. Nesse período,
verificaram-se ganhos de eficiência (produtividade e escala), aumento da competitividade e
forte demanda externa, que ocasionaram o posicionamento do Brasil entre os primeiros
lugares do ranking mundial do agronegócio (Jank, Nassar e Tachinardi, 2005).
Entretanto, é preciso atentar para algumas mudanças que estão ocorrendo no setor de
agronegócios, que segundo Boehlje, Akridge e Downey (1995), terão impacto decisivo no
gerenciamento das empresas de agronegócios, desde o fornecimento de insumos, na produção,
finanças, vendas e marketing, até o contato com o consumidor final. São alterações
provocadas por mudanças nas necessidades e atitudes do consumo alimentar, novos avanços
tecnológicos em todos os níveis, aumento da regulamentação governamental e mudanças em
termos de produção nas propriedades agrícolas.
Verifica-se assim que este novo ambiente exige das empresas uma capacidade de
adaptação rápida e o desenvolvimento de novas habilidades e atitudes. E são as pessoas os
ativos mai importantes nas organizações atualmente, são elas as portadoras do conhecimento,
conforme Oliveira (2002), a fonte da vantagem competitiva. Para este autor, observando os
avanços tecnológicos constata-se que as vantagens obtidas pela adoção de tecnologia podem
ser facilmente copiadas ou aprimoradas, pois estão disponíveis a todos, permitindo aos
concorrentes reproduzirem rapidamente produtos e serviços, preço e qualidade. Para ele, são
as pessoas que irão fazer a diferença, através de criatividade, inovação, dentre outras
características que são altamente demandadas pelas organizações.
Observa-se então, de maneira clara, que este novo ambiente traz implicações
profundas às habilidades e conhecimentos necessários para se ter sucesso no futuro e exige
uma reflexão sobre as alterações necessárias ao ensino brasileiro e sobre as perspectivas dos
estudantes e empregadores.
Neste sentido, este estudo busca identificar como os novos paradigmas tecnológicos,
econômicos e sociais estão influenciando a formação dos profissionais demandados pelo
agronegócio no Brasil e, mais especificamente, avaliar a expansão do ensino superior nessa
área. Como objetivo específico, concentra-se em confrontar a formação oferecida pelas
instituições de ensino superior com as reais necessidades do sistema agroindustrial brasileiro.

123
Além desta introdução, este trabalho apresenta ainda quatro seções. As seções
seguintes expõem respectivamente, algumas reflexões sobre o ensino superior em
agronegócios, as seções três e quatro que discutem o método de pesquisa e sumarizam os
principais resultados deste estudo, e finalmente, a quinta seção, que traça as considerações
finais.

2. O ensino superior em agronegócios

A capacitação dos profissionais que atuam no sistema agroindustrial já tem estado a


algum tempo na agenda de educadores, empresários e políticos de diversos países, dentre os
quais destacam-se a Austrália, Nova Zelândia, Europa e Estados Unidos. Lintzberg e French
(1989) citam vários estudos que têm sido feitos nesta área. Nos EUA, o impulso veio da
Associação Americana de Economia Agrícola, que, principalmente a partir de 1984, tem
encorajado a melhoria da educação na área de agronegócios. Destaca-se também a Comissão
Nacional de Educação em Agronegócios, responsável por muitos progressos no
desenvolvimento da “agenda” de educação em agronegócios nos Estados Unidos.
Uma das pesquisas que impulsionaram esta área de pesquisa foi desenvolvida por
Vernon Schneider e Kerry Lintzberg em 1987. Entitulada de “Agribusiness management
Aptitude and Skill Survey”, a pesquisa objetivou identificar as principais habilidades e
conhecimentos que estavam sendo valorizados pelos empregadores do agronegócio norte-
americano. Este trabalho teve aplicação similar na Austrália e foi conduzido por Fairnie,
Santon e Dobbin, e objetivava levantar as características evidenciadas pelos empregadores
australianos, que pudessem dar embasamento à construção dos currículos dos programas de
agronegócios na Austrália. (Lintzberg e French, 1989).
Tanto a pesquisa com os empregadores americanos como com os australianos
identificou as habilidades interpessoais e as comunicativas como as mais importantes. Apenas
as habilidades técnicas e a experiência em trabalhos anteriores apresentaram significativas
diferenças entre indústrias dos mais diversos segmentos dentro do agronegócio, em ambos os
estudos
Na Europa, dentre os estudos desenvolvidos, destaca-se a discussão de Csaba Csaki,
que, em 1999, analisou as mudanças mais importantes no sistema de ensino superior agrícola
da Europa Central e Oriental. Para Csaki (1999), a transformação da economia desta região,

124
somada a todas as reformas do setor agrícola e de alimentos, criou novas condições em todo o
sistema de conhecimento em agricultura, principalmente no que se refere ao ensino superior.
Para o autor, a existência de um sistema de educação em agronegócios eficiente e de
qualidade é uma condição vital em longo prazo para o uso eficaz dos recursos naturais
disponíveis para a produção agrícola.
No Brasil, uma pesquisa pioneira nesta área teve início em 1998, sendo publicada em
2000 por Batalha et al., e identificou as características mais relevantes do perfil do
profissional demandado pelo agronegócio brasileiro, ao mesmo tempo em que analisou o
perfil do profissional ofertado pelas instituições de ensino superior brasileiras.
Dentre as contribuições mais importantes do estudo feito, ressalta-se a conclusão de
que o profissional demandado pelo agronegócio nacional não difere substancialmente daquele
solicitado nos principais países produtores de alimentos do mundo. Pelo lado da estrutura de
formação de profissionais, aquele estudo, já em 2000, indicava uma proliferação muito
grande, através de todo o Brasil, de cursos de formação e treinamentos visando este setor de
atividade. Esta tendência tornou-se ainda mais forte desde o final da pesquisa. Na verdade, o
número de novos cursos criados nesta área superou qualquer expectativa que pudesse ser
vislumbrada na época da pesquisa. Além disso, as novas formas de ensino oportunizadas pela
legislação brasileira, tais como os cursos seqüenciais, e a educação profissional, que utiliza
metodologias como o ensino à distância, também tiveram o seu mérito nesta ampliação.

3. A expansão do ensino superior brasileiro em áreas do agronegócio

O Grupo de Estudos e Pesquisas Agroindustriais (GEPAI) do Departamento de


Engenharia de Produção da Universidade Federal de São Carlos, com o apoio da Associação
Brasileira de Agribusiness (ABAG) e em parceria com o CNPq deu início, em 2003, a esta
nova pesquisa, na qual inicialmente foram selecionados os cursos de Agronomia, Engenharia
Agrícola, Engenharia Agroindustrial, Engenharia de Alimentos, Engenharia Florestal,
Medicina Veterinária, Zootecnia e Engenharia de Produção e cursos de Economia e
Administração que tivessem ênfase ou linhas de pesquisas consolidadas em agronegócios. A
esses cursos foram somados novos cursos que surgiram nos últimos anos, obtidos através de
uma consulta junto ao MEC-INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais)
em 31.03.2004.

125
Observa-se que neste banco de dados, atualizado diariamente, constam os cursos que
já têm a autorização para funcionamento do MEC. Foi então feito um cruzamento destes
dados com outros bancos de dados, tais como o do CRUB e de alguns conselhos profissionais,
para assim, se evitar possíveis perdas de informações.
Observa-se ainda que os níveis de cursos considerados nesta pesquisa, segundo
caracterização de Cavalcante (2000), são os cursos seqüenciais (de formação específica e de
complementação de estudos), os de graduação tradicional tais como o Bacharelado,
Licenciatura, Tecnólogos e os específicos profissionalizantes, que aludem diretamente à
profissão
Observa-se ainda estão sendo considerados os cursos presenciais, semi-presenciais
e à distância, oferecidos pelas instituições de ensino superior com atuação direta e indireta na
área agroindustrial.
Com relação aos cursos de especialização selecionados, estes foram identificados
através de portais de busca, sendo utilizadas várias expressões fechadas, utilizando
combinações de palavras-chave tais como agronegócio, agribusiness, especialização, lato
sensu e sistemas agroindustriais, entre outras. Foram selecionados 124 cursos de
especialização presenciais e 54 cursos de especialização à distância. Deve-se ressaltar que a
busca foi feita entre 18 de março a 22 de abril de 2004.
No que se refere aos cursos de Mestrado e Doutorado, foi utilizado o banco de dados
encaminhado em abril de 2004 pela CAPES, que contêm todos os cursos reconhecidos de
Pós-Graduação na área de agronegócios. Para confirmar se todos os cursos de interesse
estavam incluídos neste banco de dados, cruzou-se este banco de dados com as informações
contidas no site da CAPES sobre cursos de pós-graduação em nível stricto sensu.
Nesta pesquisa detectou-se um aumento substancial no número de cursos tradicionais
em relação à pesquisa anterior, assim como, o surgimento de novos cursos específicos ao
agronegócio que possuem diversas nomenclaturas. A partir da filtragem dos cursos de
graduação verificou-se a existência de 227 cursos de Administração, Administração de
Empresas ou de Gestão que tivessem disciplinas ou linhas de pesquisa em agronegócios ou
áreas afins, sendo 132 cursos de bacharelado, 51 cursos seqüenciais e 20 de graduação
tecnológica (Seqüenciais ou Tecnólogos em Gestão de Negócios, de Supermercados,
Logística). Foram encontrados ainda 100 cursos de Administração ou Gestão com ênfase ou
Habilitação em Agronegócios, Agroindústrias, entre outras nomenclaturas, sendo 89
bacharelados, 1 curso de Bacharelado em Agronegócios, 4 cursos tecnológicos e 6
seqüenciais. Neste grupo foram ainda computados 96 cursos de graduação em Economia que
126
possuíam disciplinas em áreas do agronegócio.
Com relação às tradicionais áreas de agronegócios, foram identificados 126 cursos de
graduação em Agronomia, ao que foram agrupados 19 cursos de Engenharia Agrícola e outros
49 cursos afins, como os de Graduação tecnológica em Técnicas Agropecuárias, Técnicas de
Irrigação e ainda cursos de Bacharelado em Agricultura, Agrimensura, Ciências Agrárias,
Engenharia da Horticultura, entre outros.
Ainda para outra área tradicional do agronegócio, a de Medicina Veterinária e
Zootecnia, verificou-se a existência de 117 cursos de graduação em Medicina Veterinária e de
60 cursos de graduação em Zootecnia, sendo somados a este grupo, outros 4 cursos afins, de
graduação em Reprodução Animal, Ciências Veterinárias e de Cuidados com a Saúde Animal
(Bacharelado).
Já a área de Ciência dos Alimentos apresentou um grande número de novos cursos,
sendo 50 cursos de graduação em Engenharia de Alimentos, 18 cursos de Tecnologia de
Alimentos e outros 13 cursos de graduação tecnológica em algumas áreas específicas, como
Viticultura, Laticínios, e Alimentos Industrializados, entre outros. Observa-se ainda que, em
virtude das grandes mudanças que têm ocorrido na qualidade dos alimentos que estão sendo
produzidos, com uma preocupação crescente com a saúde, a necessidade de alimentos
processados com garantias de manutenção das suas condições nutricionais, entre outros
diversos aspectos que acabam gerando muitas oportunidades para o agronegócio, o curso de
Nutrição foi incluído nesta pesquisa. Assim, foram encontrados 175 cursos de graduação em
Nutrição, sendo que dois destes são de Graduação Tecnológica em Nutrição e Dietética.
Outra área recente que apresentou uma grande expansão de cursos, principalmente a
partir de 2001, foi a área das Ciências Ambientais, sendo encontrados 20 cursos de Graduação
Tecnológica em Engenharia, Gestão e Saneamento Ambiental, 13 cursos seqüenciais em
Gestão Ambiental e 94 cursos de graduação em Engenharia Ambiental e Saneamento
Ambiental (Bacharelado).
Também na área de Florestal observou-se um grande crescimento, tendo sido
encontrados 30 cursos de graduação em Engenharia Florestal, sendo que na pesquisa de
Batalha et al. (2000) foram encontrados apenas 19 cursos nesta área, sendo neste número
inclusos também os cursos de Pós-Graduação.
Na Engenharia de Pesca, levantou-se um total de 11 cursos de graduação, sendo 7 de
Engenharia de Pesca, 2 em Aqüicultura (Bacharelados), e ainda 2 cursos de Graduação
Tecnológica em Recursos Pesqueiros.

127
Finalmente, para a área de Engenharia de Produção, foram encontrados 16 cursos com
ênfase ou linhas de pesquisa em Agronegócio. A criação do primeiro curso em Engenharia de
Produção Agroindustrial no Brasil ocorreu em 1993, no estado de São Paulo, na Universidade
Federal de São Carlos. Entretanto, em 2004, foram encontrados mais seis cursos de
Engenharia de Produção Agroindustrial, sendo dois no estado do Rio Grande do Sul, três no
Paraná e um em Mato Grosso. Além desses existem os cursos com ênfase, um curso de
Engenharia de Produção com ênfase no agronegócio, um com ênfase em Agroindústria ou
Confecção Industrial, opção que deve ser feita pelo acadêmico, além de cursos de Engenharia
de Produção com ênfase em Gestão Ambiental, com Habilitação em Calçados e Componentes
e ainda cinco cursos de Engenharia de Produção com disciplinas na área de agronegócios na
grade curricular.
Além desses grupos, foram ainda encaminhados questionários a alguns cursos que não
se encaixavam na classificação feita, mas que também formam alunos para atuar no sistema
agroindustrial brasileiro, como cursos de Engenharia Mecânica com ênfase em Máquinas
Agrícolas, Engenharia de Biotecnologia, Produção Industrial de Couros e Calçados,
Tecnologia Agroindustrial, entre outros.
Com relação aos cursos de Pós-graduação stricto sensu, foram identificados 4
Programas de Pós-Graduação Multidisciplinares em Agronegócios: Dois Programas de Pós-
Graduação em Agronegócios (2 Mestrados - M, 1 Doutorado - D e 1 Mestrado
Profissionalizante – F), um Programa em Desenvolvimento Rural (M e D) e um Programa em
Produção Agroindustrial (F). Também se verificou a existência de programas de Ciências
Agrárias com ênfase em Agronegócios, programas de Pós-Graduação em Administração com
linhas específicas em Gestão de Cadeias Produtivas e em Desenvolvimento Rural, e alguns
programas em Economia e Desenvolvimento econômico com linhas em Agronegócios, além
de um Programa em Desenvolvimento Regional e Agronegócios.
Já com relação aos cursos de especialização em agronegócios, como foi feito um corte
na amostra, em virtude do grande número de cursos existentes no país, esta pesquisa não se
propôs a levantar o número total de cursos de especialização em vigor.

4. Características do perfil demandado pelo sistema agroindustrial


brasileiro

128
Para responder a questão relativa ao perfil do profissional demandado, foram
utilizadas duas metodologias de pesquisa: uma quantitativa e outra qualitativa. A metodologia
qualitativa abrangeu o estudo de caso com 19 empresas selecionadas, com as quais foram
realizadas entrevistas. Já a quantitativa consistiu no método de pesquisa de avaliação ou
survey, cuja coleta de dados foi realizada através de questionários enviados por correio e de
questionários enviados por um link disponibilizado para este fim.
O Gráfico 1, a seguir, apresenta a análise dos diferentes tópicos de habilidades e de
conhecimentos através da atribuição da pontuação média realizada pelo conjunto de todas as
empresas atuantes no agronegócio. Este gráfico permite também comparar as pontuações
médias atribuídas a cada tópico, tanto para a pesquisa já desenvolvida em 1998 como para a
de atualização ocorrida em 2004. De um modo geral, pode-se observar que houve alguma
mudança no perfil do profissional desejado pelas empresas, já que houve uma queda sutil em
todas as médias da pesquisa atual em relação à anterior e uma alteração na hierarquia
referente à inversão entre os tópicos de Métodos Quantitativos Computacionais/Sistema de
Informação e Tecnologias de Produção. A hierarquização entre os tópicos verificada pela
pesquisa atual é a seguinte, em ordem decrescente de importância: Qualidades Pessoais,
Comunicação e Expressão, Economia e Gestão, Métodos Quantitativos Computacionais e SIs,
Tecnologias de Produção e Experiência Profissional Desejada.

129
Em especial, a pesquisa mostrou que as habilidades e os conhecimentos considerados
como mais importantes pelas empresas enquadram-se nos tópicos de “Qualidades Pessoais” e
de “Comunicação e Expressão”. Verifica-se assim que, nos dias atuais, as empresas esperam
de um profissional mais do que as habilidades técnicas adquiridas durante o curso superior,
esperam que seus funcionários sejam pró-ativos e participem intensamente do cotidiano da
empresa, não só na solução de problemas, mas também na visualização de novas
oportunidades de negócio. Para tanto, são muito importantes os conhecimentos e as
habilidades pessoais, como flexibilidade, iniciativa, capacidade para a tomada de decisão,
negociação, trabalho em grupo e alto padrão ético, e os relativos à capacidade de expressão e
de interação/relacionamento com outros profissionais.
Percebe-se, portanto, que as habilidades e os conhecimentos técnicos tornaram-se
secundários se comparados com as qualidades pessoais e a capacidade de se comunicar. Para
as empresas de um modo geral, as habilidades e os conhecimentos técnicos requeridos podem
ser ensinados pela própria empresa ao profissional durante o seu período de adaptação e de
integração na empresa.

130
No que tange à hierarquização entre os tópicos, nota-se que, em primeiro lugar,
manteve-se o tópico “Qualidades Pessoais”, sendo que este foi o único que sofreu uma
redução inexpressiva entre as médias dos dois períodos pesquisados. Isso reafirma a grande
importância dada a esses conhecimentos e essas habilidades para formar o perfil do
profissional considerado ideal pelas empresas do agronegócio. Novamente, então, esse tópico
recebeu as maiores pontuações pelos respondentes em relação aos demais tópicos, o que
revela o grande interesse das empresas em profissionais éticos, flexíveis, que saibam assumir
riscos, encarar desafios e solucionar problemas.
No segundo lugar da hierarquia, situa-se o tópico “Comunicação e Expressão”, que
também manteve a sua posição mas que sofreu uma redução ligeira de seu grau de
importância, passando de muito importante para importante. Como essa redução foi pequena,
seus conhecimentos e suas habilidades são ainda vistos como essenciais para o perfil do
profissional, na medida em que a esfera da interação e do relacionamento interpessoal é
considerada chave pelas empresas.
No terceiro lugar, encontra-se o tópico “Economia e Gestão”, que manteve sua posição
apesar de uma leve redução de sua média. Mesmo assim, é possível afirmar que este tópico
compreende conhecimentos relacionados à gestão que são importantes para a realização das
atividades do profissional do agronegócio e, assim, funcionam como um pré-requisito para a
sua seleção. Nas entrevistas realizadas com as empresas, observou-se que elas avaliam a
capacidade do candidato em relação a esses conhecimentos a partir do renome e da
legitimidade da instituição de ensino na qual se formou.
É preciso salientar que houve uma mudança significativa em relação aos tópicos de
“Métodos Quantitativos Computacionais e SIs” e “Tecnologias de Produção”, já que
inverteram suas posições para a pesquisa atual. Assim, houve uma sobrevalorização dos
conhecimentos e das habilidades enquadrados em “Métodos Quantitativos Computacionais e
SIs”, simultaneamente à subvalorização dos enquadrados em “Tecnologias de Produção. Uma
possível causa a essa situação pode estar relacionada ao fato de que, por um lado, as
tecnologias de produção abrangem conhecimentos técnicos do campo e da indústria, que são
aplicados por profissionais técnicos especializados e não por um profissional de
gerenciamento. Estes ficam responsáveis por ter apenas uma base de conhecimentos que seja
suficiente às atividades de gestão. Por outro lado, o crescimento da importância dada aos
conhecimentos em métodos quantitativos computacionais e SIs pode estar vinculado à maior
difusão e necessidade de utilização de tecnologias de informação (TI), como softwares gerais
e específicos, e de bancos de dados pelos profissionais de gestão.
131
Em algumas entrevistas realizadas, foi evidenciada a necessidade de o profissional
planejar o sistema de informação, apesar de não ter a responsabilidade de implementá-lo, pois
o planejamento requer uma visão integrada de todo o sistema produtivo. Além disso,
evidenciam-se os softwares de Pesquisa Operacional dentre os específicos, já que é uma área
do conhecimento que auxilia na elaboração de planos empresariais, bem como na tomada de
decisão operacional, tática e estratégica da empresa através de técnicas de otimização e de
simulação de cenários.
Em última posição da hierarquia, tem-se o tópico “Experiência Profissional Desejada”,
o que demonstra a pouca importância atribuída pelas empresas a essas habilidades. As
entrevistas possibilitaram comprovar que muitas empresas possuem meios próprios de
treinamento e de capacitação de seus recursos humanos, em função da especificidade de suas
atividades e de suas condições de trabalho. No entanto, a habilidade relativa à realização de
estágios durante a formação acadêmica foi, na quase totalidade das entrevistas, considerada
um ponto muito positivo para o perfil do profissional, na medida em que o estágio permite os
contatos iniciais com o ambiente empresarial e, de certa forma, o amadurecimento do futuro
profissional empresarial.

5. Considerações Finais

A partir da confrontação feita para cada segmento agroalimentar envolvido na


pesquisa, em relação aos cursos de ensino superior, foi possível perceber que, de maneira
geral, o maior desajuste ocorreu em relação ao item Economia e Gestão, principalmente ao
avaliar os cursos que exploram as áreas mais técnicas do agronegócio. Tal desajuste também
foi mencionado em algumas entrevistas desenvolvidas com as empresas, que observaram que
recomendam aos seus funcionários, graduados em agronomia, zootecnia e outras áreas
técnicas, que façam um curso de especialização na área de gestão, para poder compreender o
agronegócio não apenas de uma maneira técnica, mas sim, a partir de uma visão sistêmica, em
que entendam o funcionamento de todo sistema agroindustrial, e não apenas alguns
macrossegmentos restritos. Verificou-se que as empresas esperam que os profissionais
utilizem-se das ferramentas gerenciais de maneira a compreender a dinâmica de
funcionamento das cadeias agroindustriais, de forma a torná-las mais eficientes e eficazes.
Além do desajuste em Economia e Gestão, ressaltaram-se ainda os desajustes com
relação às habilidades e conhecimentos do grupo de Qualidades Pessoais, e Métodos

132
Quantitativos e Sistemas de Informação, além de um preocupante desajuste em relação às
habilidades de comunicação. Tais desajustes devem ser avaliados com bastante critério, uma
vez que se observou que as empresas buscam por um perfil profissional mais generalista, em
que as habilidades pessoais e de comunicação sobressaem-se em relação às habilidades
técnicas e Específicas.
Observa-se que as diretrizes curriculares dos cursos de graduação que começaram a
ser aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação a partir de 2001, já ressaltavam a
importância das habilidades pessoais dos alunos, porém, apesar de a grande maioria dos
projetos pedagógicos conterem tal preocupação, de formar alunos líderes, capazes de atuar em
grupo, criativos, com capacidade para lidar com stress, com alto padrão ético, flexíveis, pouca
coisa tem mudado nas abordagens de ensino utilizadas em sala. Talvez seja a hora de o ensino
superior discutir com mais intensidade novas metodologias de ensino, que consigam
realmente despertar nos acadêmicos tais habilidades e capacidades.
Outro aspecto relevante refere-se às dificuldades em se compor currículos em que haja
equilíbrio entre os conhecimentos básicos da gestão/administração e conhecimentos afins com
as áreas técnicas. De acordo com dados levantados pela pesquisa, foi possível verificar que
uma das maiores dificuldades encontradas para a criação desses currículos em que há
necessidade de se integrar muitas disciplinas científicas, econômicas, sociais e práticas de
uma forma sistêmica, está na dificuldade em se conseguir profissionais qualificados para
atuarem na área de ensino de agronegócio. Segundo a grande maioria dos entrevistados a
oferta destes profissionais é baixa, justamente em virtude da multidisciplinaridade que é
exigida ao se abordar esta área.
Assim, é importante refletir se os cursos de ensino superior estão formando
profissionais que consigam compreender o agronegócio de maneira integrada, se as
disciplinas estão sendo abordadas realmente de maneira multidisciplinar, de forma que os
mesmos consigam entender a crescente complexidade do segmento agroindustrial, que
acresceu dificuldades no gerenciamento dos agronegócios e portanto, exige ferramentas
gerenciais mais sofisticadas.

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