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Boa leitura!
Sobre as autoras
3 Patrimônio ambiental 41
3.1 Ativo e passivo ambientais 42
3.2 Patrimônio Líquido (PL) 46
3.3 Custos, despesas, perdas e receitas ambientais 49
4 Fatos ambientais 57
4.1 Fatos ambientais 58
4.2 Plano de contas ambientais 61
4.3 Lançamentos contábeis de eventos ambientais 64
5 EIA/RIMA 73
5.1 Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EIA 74
5.2 Relatório de Impacto Ambiental – RIMA 78
5.3 Responsabilidade pela elaboração do EIA/RIMA 80
6 Contabilidade Socioambiental
Sumário
6 Balanço Social 91
6.1 Demonstração do Valor Adicionado (DVA) 92
6.2 Balanço Social 95
6.3 Case de Balanço Social 99
Contabilidade Socioambiental 7
1
Noções gerais de
meio ambiente
Introdução
Contabilidade Socioambiental 9
1 Noções gerais de meio ambiente
10 Contabilidade Socioambiental
Noções gerais de meio ambiente 1
Diante da crise ambiental instaurada, muitas discussões são levantadas acerca do
tema no âmbito do Estado. A sociedade, em geral, passa a exigir maiores cuidados com
o meio ambiente, bem como novas formas de preservar sua estrutura. De acordo com
Kneipp et al. (2012, p. 53), “o desenvolvimento econômico e tecnológico trouxe reflexos
para a sociedade e para o meio ambiente, criando novas exigências e condicionantes
para a atividade industrial”.
Dessas discussões resultaram vários conceitos e dispositivos legais para tutelar1 os
recursos naturais nos diversos países do globo, cujo denominador comum se encontra
na ideia de um desenvolvimento sustentável, pautado no dever de manter equilibrado
o meio ambiente.
Com a inquietude universal no que se refere ao uso dos recursos naturais de forma
saudável e sustentável, a ONU – Organização das Nações Unidas –, em 1972, convocou, em
Estocolmo (Suécia), a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, na qual
definiu o meio ambiente como “conjunto de componentes físicos, químicos, biológicos e
sociais capazes de causar efeitos diretos e indiretos, em um prazo curto ou longo, sobre os
seres vivos e as atividades humanas” (SCHWANKE, 2013, p. 30). Desde então, existe um
movimento mundial para solucionar os problemas relacionados ao meio ambiente.
No Brasil, a Lei n. 6.938/81 (BRASIL, 1981) instituiu a Política Nacional do Meio
Ambiente (PNMA) brasileira, objetivando-se a proteção e a preservação de todos os tipos
de vida. Em seguida, no ano de 1988, com a promulgação da Constituição Federal, o Estado
eleva o meio ambiente sadio à condição de direito de todos os cidadãos.
Segundo a Constituição, o meio ambiente é patrimônio de utilidade pública. Entre os
pontos que resultaram como fruto desse debate legislativo está o artigo 225, que expressa
diretrizes sobre a defesa ambiental e o patrimônio genético, destacando-se: a regularização
dos estudos de impactos do meio ambiente; o zoneamento ambiental; o esclarecimento do
poluidor-pagador; a base da precaução e prevenção como norma organizacional; o conceito
de meio ambiente e do desenvolvimento sustentável; e a elaboração de lei específica para os
crimes ambientais (BRASIL, 1988a).
Em 1992, o Brasil foi protagonista da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento (Rio 92), no Rio de Janeiro. Nesse encontro ocorreu a cons-
cientização dos representantes políticos das nações, bem como uma considerável sensibili-
zação de toda a sociedade. Também foram elaborados documentos oficiais, dentre os quais
se destaca a Agenda 21 (ONU, 1992), um programa de ação que promove um novo paradig-
ma de desenvolvimento ambiental, pautado pela ideia de proteção, justiça e eficiência.
Feita essa contextualização, cabe perguntarmos: O que efetivamente é meio ambiente?
A PNMA, em seu artigo 3°, inciso I, define o meio ambiente como “o conjunto de condi-
ções, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga
e rege a vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1981).
1 Proteger, defender.
Contabilidade Socioambiental 11
1 Noções gerais de meio ambiente
12 Contabilidade Socioambiental
Noções gerais de meio ambiente 1
III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus com-
ponentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão per-
mitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de im-
pacto ambiental, a que se dará publicidade;
V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, mé-
todos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida
e o meio ambiente;
VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscien-
tização pública para a preservação do meio ambiente;
VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que colo-
quem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou sub-
metam os animais a crueldade.
(BRASIL, 1988)
Compete destacar que o meio ambiente não é estático e único. Existem várias formas
de ecossistemas que sustentam a manutenção de diversas formas de vida. Um dano, mesmo
que pequeno, pode gerar outros danos em vários ecossistemas, visto suas inter-relações.
O mesmo artigo 225 determina que: “§ 3° As condutas e atividades consideradas lesivas
ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”. Nesse
contexto, é importante que seja identificado cada um dos elementos do meio ambiente e, por
consequência, tutelar cada um dos recursos ambientais e suas relações.
Essa análise dos componentes bióticos e abióticos que integram o meio ambiente confi-
gura-se como imprescindível, visto que a proteção não pode somente levar em consideração
os itens que foram alvo do dano, mas toda a repercussão no equilíbrio ecológico.
Contabilidade Socioambiental 13
1 Noções gerais de meio ambiente
2 princípio da prevenção;
2 princípio da precaução;
2 princípio da função socioambiental da propriedade;
2 princípio do poluidor-pagador;
2 princípio do usuário-pagador;
2 princípio da responsabilidade ambiental.
14 Contabilidade Socioambiental
Noções gerais de meio ambiente 1
“dever de defendê-lo e preservá-lo”. Tal premissa tomou força com a Declaração do Rio de
Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no ano de 1992, que traz no seu princípio
n. 10: “A melhor maneira de tratar questões ambientais é assegurar a participação, no nível
apropriado, de todos os cidadãos interessados [...]” (BIBLIOTECA..., 1992). Desse princípio,
derivam dois subprincípios: o da informação ambiental e o da educação ambiental.
Contabilidade Socioambiental 15
1 Noções gerais de meio ambiente
Princípio Definição
O bem ambiental não se submete a qualquer fronteira, seja ela espacial,
territorial ou temporal.
Ubiquidade
Torna-se, então, difícil mensurar a real extensão de qualquer dano ambien-
tal e, assim, a reparação deve ser a mais ampla possível.
16 Contabilidade Socioambiental
Noções gerais de meio ambiente 1
Princípio Definição
Preconiza que, para o progresso econômico e social, seja mais racional a
Desenvolvimento utilização dos recursos ambientais, de forma a satisfazer não apenas as
Sustentável necessidades das gerações presentes, mas também das gerações futuras
(solidariedade intergeracional).
É dever de toda a sociedade defender e preservar o meio ambiente. Por
Participação isso, deve ser assegurado à coletividade o direito de participar ativamente
da tomada de decisões relativas à proteção ambiental.
Justamente para possibilitar sua participação social, deve ser assegurado
Informação
aos indivíduos o acesso às informações relativas à preservação ambiental.
Deve ser promovida, em todos os níveis de ensino e também de maneira
Educação informal, uma educação capaz de conscientizar a população da necessida-
de de proteção do meio ambiente.
Dado o caráter difuso e esgotável dos bens ambientais, todos aqueles que
sejam responsáveis pela utilização desses bens em seu proveito (e em de-
trimento da sociedade) devem arcar com esse deficit da coletividade.
Poluidor- p agador Esse prejuízo ambiental, quando possível de ser suportado e trouxer be-
nefícios para a sociedade, deve ser internalizado por aquele que usa do
meio ambiente em seu proveito. Se, entretanto, não houver a possibilidade
dessa internalização, o produto não pode ser fabricado ou consumido.
Visa evitar qualquer risco de dano ambiental, nos casos em que não há
certeza científica sobre a potencialidade lesiva de um empreendimento.
Precaução Inverte-se, com isso, o ônus da prova, cabendo ao empreendedor demons-
trar que a atividade que propõe não apresente qualquer risco de lesão ao
meio ambiente.
Contabilidade Socioambiental 17
1 Noções gerais de meio ambiente
Princípio Definição
Visa reprimir os comportamentos contrários às normas de proteção am-
biental. Para tanto, podem ser aplicadas concomitantemente sanções nas
esferas penal, cível e administrativa, sem que isso represente qualquer jul-
Responsabilidade gamento repetitivo, já que cada qual possui objeto de tutela específico.
Contudo, por se tratar de instrumento de proteção do meio ambiente, há
certa unidade de fins entre as três espécies de sanções: todas visam, em
última instância, à reparação do dano ambiental e à educação do infrator.
Fonte: Elaborado pelas autoras, com base em RODRIGUES, 2016, p. 232.
18 Contabilidade Socioambiental
Noções gerais de meio ambiente 1
desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio
ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambien-
tais estabelecidos [...]. (BRASIL, 1981)
O conceito de poluição é firmado no caput desse dispositivo (“a degradação da quali-
dade ambiental”). E as alíneas trazem de forma exemplificativa, e não taxativa, os efeitos
da poluição. Nesse contexto, todas as atividades realizadas por pessoa jurídica ou física, de
forma direta ou indireta, lícita ou ilícita, que resultam em dano ao meio ambiente são consi-
deradas poluentes (MOURA, 2007).
O conceito de poluição estabelecido na PNMA (BRASIL, 1981) está intrinsecamente li-
gado à noção de dano ambiental, o que se refere à alteração das características do meio am-
biente. Isso porque não existe poluição e poluidor sem danos ao meio ambiente.
O dano pode ser gerado como uma consequência, imediata ou não, de uma conduta le-
siva. Por exemplo, uma consequência imediata ocorre quando há um derramamento de óleo
no mar (conduta lesiva), causando danos ao meio ambiente no momento em que o óleo inva-
de as águas marinhas. Nesse caso, a conduta é simultânea ao dano gerado ao meio ambiente.
A prática do ato ilícito pode ser considerada um ato de poluição, visto os princípios da
prevenção e da precaução ambiental. Nesses termos, o conceito de poluição ou de poluidor
está vinculado ao ato de contrariedade à legislação, e o dano será considerado o ato de sub-
meter o meio ambiente ao risco.
Em uma situação em que uma empresa submete a população e o meio ambiente (en-
torno da empresa) a alguma exposição a riscos, motivada, por exemplo, pelos benefícios
advindos dos lucros financeiros gerados por sua atividade, é configurada a obrigação de
indenização à sociedade. Desse modo, todos os atos gerados pela atividade mercantil que
venham gerar riscos ao meio ambiente serão vinculadas à indenização.
Se há poluidor, é
porque houve
poluição.
Se houve poluição,
há dano ambiental
a ser reparado.
Contabilidade Socioambiental 19
1 Noções gerais de meio ambiente
Conclusão
20 Contabilidade Socioambiental
Noções gerais de meio ambiente 1
As pressões políticas e socioeconômicas mundiais ganharam forças e estimularam no-
vas discussões sobre a temática ambiental, chamando atenção para novas diretrizes basea-
das no reposicionamento dos países e governos em relação à geração da poluição e às emis-
sões atmosféricas, com o estabelecimento de metas de redução dos impactos ambientais.
Fica evidente que o desenvolvimento sustentável demanda um efetivo compromisso
dos atores sociais envolvidos, principalmente ao se considerar a necessária sinergia entre
o ser humano, a natureza e as atividades econômicas. Emerge então, nesse contexto, mas
sem que essa enunciação seja limitativa, a responsabilidade ambiental na esfera empresarial,
com a incorporação da gestão socioambiental e o compromisso com as questões inerentes
à sustentabilidade, cuja abordagem será aprofundada nos capítulos seguintes desta obra.
[...]
A visão dos autores acima assemelha-se muito com o que diz a Resolução
do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), artigo 1, definindo
impacto ambiental como sendo
Contabilidade Socioambiental 21
1 Noções gerais de meio ambiente
III. A biota;
[...]
[...]
Atividades
1. O que é meio ambiente?
22 Contabilidade Socioambiental
Noções gerais de meio ambiente 1
3. O princípio do poluidor/usuário-pagador está ligado à ideia de prevenção e repres-
são, visto que os custos das mercadorias advindas do ambiente devem refletir os
valores da manutenção e do recurso escasso. Nesse contexto, qual a diferença entre
o poluidor-pagador e o usuário-pagador?
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Contabilidade Socioambiental 23
1 Noções gerais de meio ambiente
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Resolução
1. O conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e
biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.
2. No caso exemplificado, não é possível realizar uma análise isolada, visto que o prin-
cípio da ubiquidade traz direcionamentos de que o bem ambiental não pode ser vis-
to como algo isolado, com limitações ou mesmo com período determinado, pois um
evento pode causar influências não somente no ambiente atingido e os danos podem
refletir e seguir várias gerações. Além disso, um dano ambiental pode afetar toda a
comunidade, de modo individual ou geral.
24 Contabilidade Socioambiental
2
Introdução à
contabilidade ambiental
Introdução
Contabilidade Socioambiental 25
2 Introdução à contabilidade ambiental
26 Contabilidade Socioambiental
Introdução à contabilidade ambiental 2
Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Unced), a qual, após estudos, desen-
volveu estratégias para que as empresas, a longo prazo, desenvolvam suas atividades eco-
nômicas de forma sustentável.
A Conferência de Estocolmo refletiu em tamanha relevância que, como resposta, o Brasil
criou a Secretaria Especial do Meio Ambiente, por meio do Decreto n. 73.030/73 (BRASIL,
1973). Essa secretaria foi criada como órgão autônomo da administração direta no âmbito
do Ministério do Interior, orientada para a conservação do meio ambiente e o uso racional
dos recursos naturais.
A despeito de sua originalidade, o que efetivamente consolidou o desenvolvimento
sustentável foi o Relatório da Comissão Brundtland, no ano de 1987, sendo este o documen-
to final da World Commission on Environment and Development (WCED), reconhecido
mundialmente. A partir da publicação desse relatório, o desenvolvimento sustentável passa
a ser definido como “o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem com-
prometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”
(WCED, 1987, p. 8). Já o World Business Council for Sustainable Development é uma coli-
gação de empresas internacionais comprometidas com os três pilares da sustentabilidade:
igualdade social, crescimento econômico e ambiental (WBCSD, 2000).
Um marco evidenciado no ano de 1988 foi a criação do IPCC (Intergovernmental Panel
on Climate Change, ou Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), elaborado
pela Organização Meteorológica Mundial, em Genebra. Pela primeira vez a meteorologia
passou a abordar questões acerca do aquecimento global e da influência dos seres humanos
no clima.
Outro evento estruturado para que as instituições lucrativas se desenvolvam pautadas na
ideia de preservação ambiental foi a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, que aconteceu no Brasil, no Rio de Janeiro, em 1992. Essa conferência pro-
moveu a elaboração da já citada Agenda 21 (ONU, 1992), um importante passo para o desen-
volvimento do conceito de sustentabilidade. Sob a perspectiva da contabilidade ambiental,
Guimarães e Fontoura (2012) ressaltam que a Agenda 21 traz, como uma de suas diretrizes, o
desenvolvimento de um sistema de contabilização que integra temas sociais, ambientais e eco-
nômicos (o tripé da sustentabilidade), por parte dos países e organismos internacionais.
Contabilidade Socioambiental 27
2 Introdução à contabilidade ambiental
Não obstante os relevantes eventos descritos acima, para melhor compreensão acerca
do panorama histórico, a seguir é apresentado um quadro com a cronologia de eventos im-
portantes relacionados às questões sustentáveis:
28 Contabilidade Socioambiental
Introdução à contabilidade ambiental 2
Século Ano Evento
Declaração de Caracas – Orpal – PNUMA, sobre Gestão
Ambiental na América, que denuncia a necessidade de
mudar o modelo de desenvolvimento. Criação do IPCC
1988
(Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas),
elaborado pela Organização Meteorológica Mundial,
em Genebra.
Primeiro Seminário sobre Materiais para a Educação
Ambiental – Orleac – Unesco – PIEA, em Santiago do
Chile.
1989
Declaração de Haia, preparatório da RIO 92, aponta a
importância da cooperação internacional nas questões
ambientais.
Conferência Mundial sobre Ensino para Todos – satisfação
das necessidades básicas de aprendizagem, em Jomtien,
1990 Tailândia, destaca o conceito de analfabetismo ambiental.
ONU declara o ano 1990 como o Ano Internacional do
Meio Ambiente.
Conferência sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,
UNCED, Rio/92 – Criação da Agenda 21.
Século XX Tratado de Educação Ambiental para Sociedades
Sustentáveis.
1992
Fórum das ONGs – compromissos da sociedade civil com
a Educação Ambiental e o Meio Ambiente.
Carta Brasileira de Educação Ambiental aponta as necessi-
dades de capacitação na área.
Congresso Sul-Americano continuidade da Eco/92 –
1993 Argentina, 1993. Conferência dos Direitos Humanos, em
Viena.
Conferência Mundial da População – Cairo, Egito.
1994 I Congresso Ibero-Americano de Educação Ambiental –
Guadalajara, México.
Conferência para o Desenvolvimento Social – Copenhague,
Dinamarca.
Criação de um ambiente econômico-político-social-cultu-
1995 ral e jurídico que permita o desenvolvimento social.
Conferência Mundial da Mulher – Pequim, China.
Conferência Mundial do Clima – Berlim, Alemanha.
Contabilidade Socioambiental 29
2 Introdução à contabilidade ambiental
Analisando esses eventos e desdobramentos, fica evidente que toda a esfera empresa-
rial necessita dispor do legítimo comprometimento com as novas práticas relacionadas à
mitigação da degradação do patrimônio ambiental da humanidade. Em decorrência disso,
não é possível mais gerir os negócios sem considerar a proteção ao meio ambiente e o equi-
líbrio ambiental. A importante integração entre a gestão do patrimônio, o meio ambiente e
as exigências mercadológicas revela a missão da contabilidade ambiental ao demonstrar e
evidenciar, de forma clara, o desempenho socioambiental atrelado aos procedimentos con-
tábeis, como um mecanismo propulsor da transparência.
Nesse contexto, verifica-se o imprescindível papel da contabilidade ambiental.
Guimarães e Fontoura (2012) ressaltam que a Agenda 21 tem como escopo que os países e
30 Contabilidade Socioambiental
Introdução à contabilidade ambiental 2
organismos internacionais desenvolvam um sistema de contabilização que integrem temas
sociais, ambientais e econômicos (tripé da sustentabilidade).
A contabilidade ambiental é configurada como uma vertente da contabilidade. Dessa
forma, faz-se necessário entender, primeiramente, a definição basilar de contabilidade,
para prosseguirmos com os aprofundamentos necessários. De acordo com o Comitê de
Pronunciamentos Contábeis (BRASIL, 2013), a contabilidade é uma ciência social cujo obje-
to de estudo é o patrimônio de uma instituição. Logo, a contabilidade quantifica e analisa as
riquezas, registrando as mutações/variações patrimoniais, quantitativas e/ou qualitativas,
de determinado período (exercício). Pode ser conceituada, também, como um sistema de in-
formação, cuja finalidade consiste na demonstração e análise financeira de uma instituição.
Nessa perspectiva, a contabilidade é um instrumento de informação de que os gestores,
de instituições públicas ou privadas, se respaldam com intuito de gerenciar os recursos em-
presariais de forma eficaz.
Carvalho (2008, p. 111) define a contabilidade ambiental como:
o destaque dado pela ciência aos registros e evidenciações da entidade referentes
aos fatores relacionados com o meio ambiente. Não se configura em nenhuma
nova técnica ou ciência, a exemplo da auditoria ou da análise de balanços, mas
em uma vertente da contabilidade, a exemplo da contabilidade comercial ou in-
dustrial, que estuda fatos mais específicos de uma determinada área, no caso, a
área ambiental.
A contabilidade ambiental tem a atribuição de registrar as informações pertinentes às
operações oriundas ao meio ambiente, no que se refere às interferências das atividades da
empresa no meio ambiente, contabilizando os recursos naturais, bem como os gastos e as
despesas utilizados para a manutenção e preservação ambiental.
Ribeiro (2006, p. 45) esclarece que o objetivo da contabilidade ambiental consiste em
“identificar, mensurar e esclarecer os eventos e transações econômico-financeiros que este-
jam relacionados com a proteção, preservação e recuperação ambiental, ocorridos em um
determinado período, visando à evidenciação da situação patrimonial de uma entidade”.
Assim, a finalidade da contabilidade ambiental é propiciar informações regulares aos
usuários internos e externos acerca dos eventos ambientais que causaram modificações na
situação patrimonial da respectiva entidade, quantificada em moeda. Nesse aspecto, a con-
tabilidade ambiental é responsável pela emissão dos relatórios necessários ao usuário da
informação para o processo de tomada de decisão.
A contabilidade ambiental está em constante desenvolvimento em todo o mundo.
Conforme Antonovz (2014), na Dinamarca, desde 1996, a legislação exige a apresentação de
relatórios ambientais das empresas que realizam suas atividades e, por consequência, geram
impactos ambientais. Em 1999, na Noruega, surge uma lei que direciona a contabilidade e
tem como objetivo, entre outros, o estabelecimento de mecanismos de informação das em-
presas sobre a relação de trabalho e os impactos ambientais, sendo que os principais dados
Contabilidade Socioambiental 31
2 Introdução à contabilidade ambiental
32 Contabilidade Socioambiental
Introdução à contabilidade ambiental 2
organizações ecológicas, seguradoras, comunidade local, acionistas, administra-
ção pública, bancos, investidores etc.
A informação contábil deve compreender desde o investimento efetuado pela empresa,
como é o caso da aquisição de bens de proteção ao meio ambiente, até os danos causados
por sua atividade, ou, ainda, a manutenção de espaços ecológicos e obrigações contraídas
por decisão judicial, por conta do não cumprimento das determinações estabelecidas na Lei
n. 9.605/1998 (BRASIL, 1998), entre outras.
É importante destacar que, em muitos casos, a realização da contabilidade ambiental se
torna uma tarefa árdua, visto o distanciamento entre as informações de natureza ambiental
e as demais informações da empresa, bem como a classificação das informações contábeis
ambientais. Santos (apud BERGAMINI JÚNIOR, 1999) assevera que existem outras condi-
ções que dificultam a realização da contabilidade ambiental, as quais são elencadas a seguir:
2 Ausência de definição clara de custos ambientais.
2 Dificuldade em calcular um passivo ambiental efetivo.
2 Problemas em determinar a existência de uma obrigação no futuro por conta de
custos passados.
2 Falta de clareza no tratamento dos “ativos de vida longa”, como, por exemplo,
uma usina nuclear.
2 Reduzida transparência com relação aos danos provocados pela empresa em seus
ativos próprios e demais informações relacionadas.
Contabilidade Socioambiental 33
2 Introdução à contabilidade ambiental
Ademais, existe uma tendência de inclusão da dimensão ecológica nos negócios cor-
porativos, visto que ela traz benefícios interessantes, como: redução de multas e penalida-
des por danos ambientais; possibilidade de expansão mercadológica (crescente aumento de
consumidores que preferem marcas e produtos fabricados com base no comprometimento
ambiental empresarial); e preservação da imagem e reputação organizacional. Assim, pa-
dronizações de normas são estabelecidas para efetiva implantação de um sistema de gestão,
como abordado a seguir.
34 Contabilidade Socioambiental
Introdução à contabilidade ambiental 2
e às expectativas dos interessados; à observação de um ponto de vista de ciclo de vida;
ao destaque em uma abordagem de riscos; à autoridade como função primordial para o
atingimento dos objetivos do sistema de gestão; à relevância para o fortalecimento do de-
sempenho ambiental da instituição, por meio da melhoria constante do sistema de gestão
ambiental (FIESP, 2017)
Cumpre evidenciar que, para a efetiva implementação do Sistema de Gestão Ambiental,
é necessário compreender as etapas essenciais desse processo. Nesse processo, a ISO 14001
segue os princípios do ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act), conforme detalhamento a seguir
(ABNT, 2015a):
1. Política ambiental – Definição das metas e objetivos ambientais.
2. Planejamento – Formulação de um plano de ação com o intuito de realizar
sua Política Ambiental. Nesse plano devem ser considerados os seguintes
itens: 1) Aspectos Ambientais; 2) Requisitos legais e outros requisitos; 3)
Objetivos e metas; 4) Programas de Gestão Ambiental.
3. Implementação e operação – Para a concreta implementação da ISO 14001,
é importante estabelecer políticas, metas e objetivos. Os agentes internos,
dentro da estrutura organizacional, devem ser definidos. A disseminação
do projeto e constituição periódica de treinamentos tornam a implementa-
ção mais sólida. Outros pontos imprescindíveis consistem na comunicação
e controle documental. Por fim, a empresa deve se preparar para eventuais
situações emergenciais.
4. Verificação e ação corretiva – A norma ISO 14001 estabelece que a empresa
deve verificar o programa de gestão ambiental, na prática, e manter medi-
das de ajustes, visando à mitigação dos impactos ambientais. A Verificação
e Ação Corretiva são orientadas por quatro etapas do processo de gestão
ambiental, a saber: Monitoramento e Medição, Não conformidade e Ações
Corretivas e Preventivas, Registros e Auditoria do SGA.
5. Análise crítica – Refere-se à etapa seguinte à realização de auditoria. Momento
em que se identifica as necessidades de alteração da Política Ambiental para
adequações e melhorias.
Conclusão
Contabilidade Socioambiental 35
2 Introdução à contabilidade ambiental
Contabilidade Ambiental
(SOUZA; RIBEIRO, 2004, p.56)
36 Contabilidade Socioambiental
Introdução à contabilidade ambiental 2
das relações com o meio ambiente, por ser considerada, atualmente,
uma das principais ferramentas de gestão de negócios. Cabe a ela a ela-
boração e fornecimento de informações aos usuários internos e exter-
nos acerca dos eventos ambientais que causam modificações na situação
patrimonial das entidades.
[...]
Atividades
1. “Ao mesmo tempo em que é indispensável preservar, é necessário produzir”. Esse
é, aparentemente, um complexo paradoxo empresarial, quanto à integração entre o
aspecto econômico e o ambiental, o que reflete na desafiadora missão de gerenciar
as atividades produtivas sem degradar ou trazer prejuízos ao meio ambiente. Pon-
derando tal conjuntura, explique o que é gestão ambiental e quais responsabilidades
são atribuídas às organizações empresariais nesse contexto.
4. O que a ISO 14001 especifica para as organizações? Existe relação entre a ISO 14001
e o Sistema de Gestão Ambiental (SGA)?
Contabilidade Socioambiental 37
2 Introdução à contabilidade ambiental
Referências
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gestão ambiental: especificações e diretrizes para uso. Rio de Janeiro, 2004.
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da União, Brasília, DF, 13 fev. 1998. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.
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38 Contabilidade Socioambiental
Introdução à contabilidade ambiental 2
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to reporting company performance. Geneva: WBCSD, 2000.
WCED –WORLD COMMISSION ON ENVIRONMENT AND DEVELOPMENT. Our Common
Future. New York: Oxford University Press, 1987.
Resolução
1. A gestão ambiental é uma ferramenta essencial da gestão dos recursos e redução dos
impactos ambientais, consistindo na condução gerencial de uma organização quan-
to aos assuntos concernentes ao meio ambiente, como à forma com que a empresa
gerencia a destinação de seus resíduos, monitora e analisa suas emissões atmosfé-
ricas, realiza o tratamento de efluentes gerados e demais problemas relacionados à
poluição ambiental. Nessa perspectiva, as empresas são levadas a reexaminar seus
processos produtivos e investir em tecnologias menos poluentes, ou, ainda, realizar
processos que reaproveitem recursos.
2. A contabilidade é uma ciência social cujo objeto de estudo é o patrimônio de uma ins-
tituição. Logo, ela quantifica e analisa as riquezas, registrando as mutações/variações
patrimoniais, quantitativas e/ou qualitativas, de determinado período (exercício).
Por sua vez, a contabilidade ambiental tem como objeto de estudo o patrimônio
ambiental (bens, direitos e obrigações ambientais) da instituição e sua finalidade
consiste em fornecer informações das modificações do patrimônio ambiental da ins-
tituição – por meio de identificação, mensuração e evidenciação – aos seus usuários.
Contabilidade Socioambiental 39
2 Introdução à contabilidade ambiental
4. Sim, existe total relação entre a ISO 14001 e o sistema de gestão ambiental (SGA). A
ISO 14001 especifica os requisitos para a implementação de um sistema de gestão
ambiental, o qual possibilite às organizações as doutrinas concretas que têm proba-
bilidade de relacionarem-se a outros requisitos de gestão, com o objetivo de auxiliar
no alcance das metas ambientais e econômicas. A norma habilita uma organização a
especificar e avaliar a concretização de processos para definir uma política ambien-
tal e os objetivos a atingir com suas conformidades. O principal intuito é estimular
a proteção ambiental e a prevenção da poluição, equilibrando-a com as urgências
socioeconômicas.
40 Contabilidade Socioambiental
3
Patrimônio ambiental
Introdução
Contabilidade Socioambiental 41
3 Patrimônio ambiental
42 Contabilidade Socioambiental
Patrimônio ambiental 3
a classificar os ativos ambientais em ativo circulante (bens e direitos ambientais de curto
prazo) e ativo não circulante (bens e direitos ambientais de longo prazo). Ambos englobam
os bens destinados especificamente para o controle, a proteção e a preservação ambiental.
Cumpre evidenciar que a contabilização do evento ou da transação relativa aos aspec-
tos ambientais passa a ser efetivada no momento em que a entidade obtém o controle ou
a posse do ativo ambiental. Segundo a Norma Brasileira de Contabilidade NBC TE XXX –
Interação da Entidade com o Meio Ambiente (CFC, 2012), a classificação do ativo ocorrerá
da seguinte forma:
2 Ativos circulantes ambientais referem-se aos estoques de insumos (bens e servi-
ços), os quais serão utilizados no processo operacional, ou ao final deste, com o
objetivo de reduzir ou eliminar a produção de poluentes, ou, ainda, aqueles com a
finalidade de recuperar danos ambientais.
2 Estoques operacionais ambientais devem ser segregados entre ambientais, recicla-
dos e reutilizados, visando proporcionar maior transparência sobre a relação da
entidade com o meio ambiente.
2 Ativos não circulantes podem ser formados por contas de Investimento Ambiental,
Imobilizado Ambiental e Intangível Ambiental.
2 Ativos não circulantes ambientais são aqueles cuja realização se dará no longo
prazo e associados com a proteção e a recuperação ambiental.
2 Investimentos ambientais são caracterizados por aplicação de recursos na aqui-
sição de áreas de conservação de recursos naturais com o objetivo específico de
promover a preservação da fauna e da flora – ressalte-se que, mudando a intenção,
o ativo tem que ser reclassificado.
2 Imobilizado ambiental são os itens utilizados ao longo de vários períodos, especi-
ficamente, para tratar os poluentes oriundos do processo operacional da entidade,
durante a operação ou após o final desta. Pode incluir, também, os ativos de longa
duração, destinados, exclusivamente, à recuperação de áreas degradadas pela en-
tidade em períodos anteriores, enquanto estiverem em atividade.
2 Intangíveis ambientais são os itens incorpóreos controlados pela entidade capazes
de produzir fluxos de caixa futuros e que estejam vinculados à interação com o
meio ambiente.
É importante destacar que os desembolsos relativos às intervenções (tratamentos) de
contaminação ao meio ambiente, em decorrência das atividades e operações da entidade,
deverão ser classificados como ativo não circulante em situações em que: (i) apresentar ca-
racterística recuperável; (ii) oportunizar a capacidade ou melhoria da segurança e economia
dos ativos, bem como o prolongamento de vida útil; ou (iii) ter um momento de preparação
do ativo para destiná-lo à vendas.
Ainda sob a perspectiva do ativo não circulante, as contas do ativo imobilizado
(bens corpóreos) merecem uma tratativa diferenciada, em função de que esses bens so-
frem desgastes ou perda com o passar do tempo (diminuição do valor). Contabilmente,
Contabilidade Socioambiental 43
3 Patrimônio ambiental
grande parte dos ativos imobilizados, excetuando-se terrenos, configuram em ativo fixo
de limitada vida útil contábil, e tal classificação é denominada depreciação, amortização ou
exaustão. Com base nas diretrizes da Lei n. 6.404/76 (Lei das S.A) (BRASIL, 1976), pode-se
conceituar esses itens como:
2 Depreciação acumulada ambiental: registro de perda de valor de direitos de bens
físicos relativos à preservação e à recuperação ambiental.
2 Amortização acumulada ambiental: registro de perda de valor de capital aplicado
na aquisição de direitos de propriedade e quaisquer outros com existência ou exer-
cício de duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por prazo legal
ou contratualmente limitado.
2 Exaustão acumulada ambiental: registro da perda do valor de recursos florestais
ou minerais, decorrentes das explorações que resultam no esgotamento dos recur-
sos no transcorrer do tempo. Exemplo: jazidas ou minas.
Como o procedimento contábil de exaustão é característico de exploração de recursos
minerais ou florestais, merecendo certo destaque na contabilidade ambiental, um exemplo
prático do processo de exaustão de um ativo (jazidas) é demonstrado a seguir:
Informações disponíveis:
44 Contabilidade Socioambiental
Patrimônio ambiental 3
de impactos ambientais e promovam a preservação ambiental. Tais assertivas são corrobora-
das por Ribeiro e Gratão (2000) e Carvalho (2008), os quais alegam que os passivos ambien-
tais não possuem origem apenas em fatos de conotação negativa, mas podem se originar de
atitudes ambientalmente responsáveis (positivas).
Silva (2011 apud VANZO, 2017, p. 35) define passivo ambiental como “todas as obriga-
ções, contraídas de forma voluntária ou involuntária, que exigirão em um momento futuro
entrega de ativos, prestação de serviços ou sacrifício de benefícios econômicos, em decor-
rência de transações ou operações, passadas ou presentes, que envolveram a instituição com
o meio ambiente e que acarretaram algum tipo de dano ambiental”. O passivo ambiental é
constituído de: (i) passivo circulante (curto prazo), no qual são classificadas as obrigações
de cunho ambiental, cujo vencimento ocorra até o final do exercício seguinte ou conforme o
ciclo operacional, se superior a este prazo; e (ii) passivo não circulante ou passivo exigível
a longo prazo, o qual abarca as obrigações da entidade, cujo vencimento ocorra em prazo
superior ao exercício seguinte.
A composição das contas do passivo ambiental é estruturada de acordo com a seguinte
configuração (VANZO, 2017):
2 Passivo circulante: Fornecedores de bens e serviços de proteção e recuperação am-
biental; Financiamentos Ambientais; Multas por Danos Ambientais; Indenizações
por Danos Ambientais, Impostos Verdes; Gastos Ambientais a Pagar; Meio
Ambiente a Recuperar; Indenizações por Doenças Causadas; etc.
2 Passivo exigível a longo prazo: Consiste nas contas do passivo circulante que
tenham o vencimento (prazos de exigibilidades) após 365 dias (um exercício/
um ano).
Tinoco e Kraemer (2011) classificam as obrigações derivadas do passivo ambiental em
três tipos:
2 Legais ou implícitas: Obrigação legal, emanada de legislação, contrato ou outro
instrumento legislativo, cuja configuração se apresente como existente no presen-
te, contudo resultante de um evento anterior (passado), como: utilização de recur-
sos naturais como solo e água ou geração de resíduos que contaminam a natureza.
2 Construtivas: Constituem ações da entidade que excedem às exigências legais,
cujo cumprimento ocorre de forma espontânea.
2 Justas: Cumprimento pautado nos fatores éticos e morais, com base em práticas de
responsabilidade socioambiental.
Ribeiro e Lisboa (2000, p. 11), de forma elucidativa, relacionam alguns exemplos de
práticas que, ao serem admitidas pelas empresas, resultarão em sacrifícios de recursos eco-
nômicos, configurando-se como obrigações que devem constar na classificação das contas
do passivo ambiental:
2 aquisição de ativos para contenção dos impactos ambientais (chaminés, depura-
dores de águas químicas etc.);
2 aquisição insumos que serão inseridos no processo operacional para que este não
produza resíduos tóxicos;
Contabilidade Socioambiental 45
3 Patrimônio ambiental
46 Contabilidade Socioambiental
Patrimônio ambiental 3
3.2.1 Reservas de lucros ou prejuízos
As reservas são constituídas pelos lucros ou prejuízos da entidade. Tais lucros ou pre-
juízos são transferidos para a conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados, a qual está inserida
no Patrimônio Líquido. Quando considera as questões relativas ao meio ambiente, o resul-
tado do exercício será apurado dos elementos das receitas, das despesas, dos ganhos e das
perdas concernentes ao meio ambiente.
Contabilidade Socioambiental 47
3 Patrimônio ambiental
exigência legal. Fica evidente que o fato gerador ocorreu (contaminação da área ambiental),
emergindo então a necessidade de se efetuar a provisão para contingências, com a seguinte
operação contábil:
Débito: Recuperação do Meio Ambiente (Despesa);
Crédito: Provisão Responsabilidade Ambiental (PC).
48 Contabilidade Socioambiental
Patrimônio ambiental 3
na recuperação do meio ambiente, bem como para estabelecer as contingências, doações
e subvenções.
A conta de reservas de contingência, como abordado anteriormente, deve proporcionar
a possibilidade de ocorrência de um fato gerador a se concretizar no futuro e considerar os
componentes extraordinários que atingem o patrimônio da entidade, desde que sejam rela-
cionados ao meio ambiente.
Contabilidade Socioambiental 49
3 Patrimônio ambiental
50 Contabilidade Socioambiental
Patrimônio ambiental 3
relaciona com a imprevisibilidade, como, por exemplo, o fenômeno da chuva ácida em uma
plantação, que resulta em sérios prejuízos relativos ao negócio. A norma NBC TE XXX (CFC,
2012) estabelece que, além dos ativos ambientais, o balanço patrimonial deve conter contas
redutoras dos ativos operacionais para retratar as provisões a perdas por causas ambientais,
as quais devem refletir o processo de desgaste acelerado dos ativos em função da exposição
ao meio ambiente poluído.
Cumpre ressaltar que os valores utilizados para pagamento de multas ou indenizações
não podem ser considerados como perdas ambientais, visto que a entidade que causa danos
ao meio ambiente deve estar preparada para tais consequências. Logo, os referidos gastos
são considerados como despesas.
No mês de abril do ano de 2015, o incêndio no Terminal Alemoa, em Santos (SP), re-
sultou em multa, imputada pelo órgão ambiental estadual, à empresa Ultracargo, em um
montante de R$ 22,5 milhões, pelo lançamento de efluentes líquidos no estuário de Santos,
compreendendo os manguezais e a lagoa localizada ao lado do terminal. Além disso, para
a aplicação da multa, também foram consideradas as emissões de efluentes gasosos na at-
mosfera e a exposição aos riscos relativos à segurança de todo o entorno. Nesse exemplo
real, a empresa pode interpor recurso judicial quanto ao valor da multa imputada e demais
aspectos relacionados. Contudo, o ponto que merece destaque neste momento consiste no
pagamento do valor da multa, o qual, contabilmente, não configurará em perdas ambien-
tais, mas em despesas ambientais.
Contabilidade Socioambiental 51
3 Patrimônio ambiental
Exemplo 1
Exemplo 2
Conclusão
52 Contabilidade Socioambiental
Patrimônio ambiental 3
Decorre de tais argumentos que a classificação dos valores correspondentes aos ele-
mentos patrimoniais, a correta utilização de provisões e as informações adicionais em
notas explicativas são componentes essenciais para estruturação das demonstrações fi-
nanceiras, em alinhamento com a perspectiva ambiental. Fica evidente que a natureza
dos eventos determinará os detalhamentos e tratamentos necessários; contudo, é pre-
missa básica o domínio da contabilidade ambiental para atendimento e controle dessa
nova realidade contábil empresarial.
Contabilidade ambiental
(RIBEIRO, 2005, p. 64-66)
Contabilidade Socioambiental 53
3 Patrimônio ambiental
Posição do Canadá
[...]
Atividades
1. Atualmente, as empresas, de modo geral, buscam ações que envolvem a preservação
ambiental e a respectiva redução dos impactos inerentes ao seu processo produtivo,
o que, por consequência, demanda recursos financeiros e interfere no patrimônio
organizacional. Nesse contexto, considerando a demonstração contábil Balanço Pa-
trimonial, diferencie passivo ambiental e ativo ambiental.
54 Contabilidade Socioambiental
Patrimônio ambiental 3
4. A contingência consiste em uma situação em que o resultado final decorre de possí-
veis eventos futuros. Sob esse aspecto, conceitue e explique a importância da conta
Reserva para Contingências sob a perspectiva ambiental.
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Contabilidade Socioambiental 55
3 Patrimônio ambiental
Resolução
1. Ativo ambiental é o recurso controlado pela entidade, cujos benefícios futuros espe-
rados estejam diretamente associados com a proteção do meio ambiente ou com a
recuperação daquele já degradado. Incluem-se, também, as áreas nativas mantidas
para conservação.
2. A despesa ambiental consiste nos gastos gerais relativos ao meio ambiente, reali-
zados no período, e que não estejam relacionados especificamente com o processo
produtivo da entidade.
56 Contabilidade Socioambiental
4
Fatos ambientais
Contabilidade Socioambiental 57
4 Fatos ambientais
4.1.1 Permutativos
São aqueles fatos contábeis que modificam os valores do Ativo e do Passivo, mas sem al-
terar o Patrimônio Líquido. Essa modificação de valores pode ocorrer entre as contas, como
entre as do Caixa e de Duplicatas a receber. Logo, ocorre uma permuta de valores entre duas
contas patrimoniais.
Exemplo prático: a empresa MM possui alguns hectares de mata nativa e no ano de 2017
o gerente entrou com um processo judicial solicitando a restituição de uma parte do IPTU,
isso em virtude de um incentivo da prefeitura para que as empresas mantenham sua área
verde intacta. Assim, no dia 10 de janeiro de 2017, o Balanço Patrimonial da MM apresenta-
va a configuração mostrada no Quadro 1 a seguir:
ATIVO PASSIVO
BENS 380.000 OBRIGAÇÕES 540.000
Caixa 400.000 Duplicatas a pagar 40.000
Estoque 160.000 Salários a pagar
Móveis e utensílios 60.000
Veículos 200.000
Imóveis PATRIMÔNIO LÍQUIDO
DIREITO Capital inicial 800.000
Imposto Verde a restituir 240.000 Lucros acumulados 60.000
Total Ativo 1.440.000 Total Passivo 1.440.000
Fonte: Elaborado pelas autoras.
58 Contabilidade Socioambiental
Fatos ambientais 4
Já no dia 10 de outubro de 2017, a prefeitura restituiu o valor de R$ 40.000. Nesse mo-
mento, ocorreu a modificação apenas do Ativo, com o aumento do valor do Caixa (entrou R$
40.000) e a redução do valor do Direito a receber (Imposto Verde a restituir).
Assim, observa-se no Quadro 2 a seguir que o valor do Patrimônio Líquido não foi alterado:
ATIVO PASSIVO
BENS 380.000 OBRIGAÇÕES 540.000
Caixa 440.000 Duplicatas a pagar 40.000
Estoque 160.000 Salários a pagar
Móveis e utensílios 60.000
Veículos 200.000
Imóveis PATRIMÔNIO LÍQUIDO
DIREITO Capital inicial 800.000
Imposto Verde a restituir 200.000 Lucros acumulados 60.000
Total Ativo 1.440.000 Total Passivo 1.440.000
Fonte: Elaborado pelas autoras.
4.1.2 Modificativos
Os fatos contábeis modificativos são aqueles que modificam o Patrimônio Líquido da
empresa, conforme o exemplo prático nos Quadros 3 e 4:
ATIVO PASSIVO
BENS 380.000 OBRIGAÇÕES 540.000
Caixa 440.000 Duplicatas a pagar 40.000
Estoque 160.000 Salários a pagar
Móveis e utensílios 60.000
Veículos 200.000
Imóveis PATRIMÔNIO LÍQUIDO
DIREITO Capital inicial 800.000
Imposto Verde a restituir 200.000 Lucros acumulados 60.000
Total Ativo 1.440.000 Total Passivo 1.440.000
Fonte: Elaborado pelas autoras.
Quadro 4 – Balanço Patrimonial da empresa MM no dia 10/10/2017, ao pagar uma multa ambiental
de R$ 1.000,00.
ATIVO PASSIVO
BENS 380.000 OBRIGAÇÕES 540.000
Caixa 339.000 Duplicatas a pagar 40.000
Estoque 160.000 Salários a pagar
Móveis e utensílios 60.000
Veículos 200.000
Contabilidade Socioambiental 59
4 Fatos ambientais
ATIVO PASSIVO
Imóveis PATRIMÔNIO LÍQUIDO
DIREITO Capital inicial 800.000
Imposto Verde a restituir 200.000 Lucros acumulados 59.000
Total Ativo 1.439.000 Total Passivo 1.439.000
Fonte: Elaborado pelas autoras.
4.1.3 Mistos
Quando os fatos contábeis são mistos, quer dizer que eles são, ao mesmo tempo, modi-
ficativos e permutativos. Logo, modificam o Patrimônio Líquido e as contas que podem ser
alteradas entre o Passivo e Ativo – ou, ainda, entre si.
Exemplificando: a empresa MM recebeu uma multa de um órgão fiscalizador ambiental
que deveria ser paga até o dia 15 de agosto de 2017. Mas, por algum motivo, ela não foi liquidada.
ATIVO PASSIVO
BENS 380.000 OBRIGAÇÕES 540.000
Caixa 440.000 Duplicatas a pagar 40.000
Estoque 160.000 Salários a pagar
Móveis e utensílios 60.000
Veículos 200.000
Imóveis PATRIMÔNIO LÍQUIDO
DIREITO Capital inicial 800.000
Imposto Verde a restituir 200.000 Lucros acumulados 60.000
Total Ativo 1.440.000 Total Passivo 1.440.000
Fonte: Elaborado pelas autoras.
No dia 15 de setembro de 2017, a empresa pagou a multa ambiental, todavia com 10%
de juros, ou seja, o montante a ser pago ficou em R$ 11.000, sendo R$ 1.000 de acréscimo
devido ao atraso no pagamento.
ATIVO PASSIVO
BENS 380.000 OBRIGAÇÕES 530.000
Caixa 429.000 Duplicatas a pagar 40.000
Estoque 160.000 Salários a pagar
Móveis e utensílios 60.000
Veículos 200.000
60 Contabilidade Socioambiental
Fatos ambientais 4
ATIVO PASSIVO
Imóveis PATRIMÔNIO LÍQUIDO
DIREITO Capital inicial 800.000
Imposto Verde a restituir 200.000 Lucros acumulados 59.000
Total Ativo 1.429.000 Total Passivo 1.429.000
Fonte: Elaborado pelas autoras.
Contabilidade Socioambiental 61
4 Fatos ambientais
PLANO DE CONTAS
1. ATIVO
1. 1 Ativo Circulante
1.1.1 Disponível
1.1.1.01 Caixa
1.1.1.02 Banco Conta Movimento
1.1.2 Clientes
1.1.2.01 Clientes Ambientais
1.1.2.02 Subvenções Ambientais a Receber
1.1.2.03 Créditos por Serviços de Assessoria Ambiental
1.1.3 Outros Créditos
1.1.3.01 Investimentos Temporários
1.1.4 Estoques
1.1.4.01 Matérias-primas
1.1.4.02 Produtos em Processo
62 Contabilidade Socioambiental
Fatos ambientais 4
PLANO DE CONTAS
1.1.4.03 Produtos Acabados
1.1.4.04 Produtos Reciclados e Subprodutos
1.1.4.05 Insumos Ambientais
1.1.4.06 Embalagens Ambientais
1.2 Ativo não Circulante
1.2.1 Investimentos
1.2.1.01 Participações em Outras Ações Ambientais
1.2.1.02 Participações em Fundos de Investimentos Ambientais
1.2.2 Imobilizado
1.2.2.01 Terrenos
1.2.2.02 Jazidas e Minas
1.2.2.03 Obras Civis
1.2.2.04 Equipamentos Ambientais
1.2.2.05 Instalações Ambientais
1.2.2.06 (-) Depreciação, Amortização e Exaustão Acumulada
2. PASSIVO
2.1 Passivo Circulante
2.1.1 Empréstimos e Financiamentos
2.1.1.01 Financiamentos Ambientais
2.1.2 Fornecedores
2.1.2.01 Fornecedores de Bens e Serviços de Proteção e Recuperação Ambiental
2.1.3 Outras Obrigações
2.1.3.01 Multas por Danos Ambientais
2.1.3.02 Indenizações por Danos Ambientais
2.1.3.03 Impostos Verdes
2.1.4 Provisões
2.1.4.01 Multas por Danos Ambientais
2.1.4.02 Indenizações por Danos Ambientais
2.1.4.03 Aquisições de Bens e Serviços de Proteção e Recuperação Ambiental
2.1.4.04 Impostos
2.2 Passivo não Circulante
2.2.1 Empréstimos e Financiamentos
2.2.1.01 Financiamentos Ambientais
2.2.2 Fornecedores
2.2.2.01 Fornecedores de Bens e Serviços de Proteção e Recuperação Ambiental
2.2.3 Outras Obrigações
2.2.3.01 Multas por Danos Ambientais
2.2.3.02 Indenizações por Danos Ambientais
2.2.3.03 Impostos Verdes
2.2.4 Provisões
Contabilidade Socioambiental 63
4 Fatos ambientais
PLANO DE CONTAS
2.2.4.01 Multas por Danos Ambientais
2.2.4.02 Indenizações por Danos Ambientais
2.2.4.03 Aquisições de Bens e Serviços de Proteção e Recuperação Ambiental
2.2.4.04 Impostos
3. PATRIMÔNIO LÍQUIDO
3.1 Capital Social
3.2 Reserva de Lucros
3.2.1 Reserva Contingencial para Multas por Danos Ambientais
3.2.2 Reserva Contingencial para Indenizações por Danos Ambientais
3.2.3 Reserva Contingencial para Aquisição de Bens e Serviços para Proteção e
Recuperação Ambiental
3.2.4 Reserva Contingencial para Impostos Verdes
3.3 Prejuízos Acumulados
3.3.1 Lucros Acumulados (conta transitória)
3.3.2 Prejuízos Acumulados
Fonte: TINOCO; KRAEMER, 2011, p. 57. Adaptado.
64 Contabilidade Socioambiental
Fatos ambientais 4
economicamente, cada impacto, positivo ou negativo. Conforme Costa e Marion (2007), a
dificuldade em medir economicamente os recursos naturais advém do fato de que esses são
bens intangíveis. Assim, a forma mais correta de fazer essa mensuração seria por meio do
custo histórico, como no caso, por exemplo, de gastos gerados com o reflorestamento. Logo,
o valor mensurado será o valor gasto, estipulado no momento que a empresa contrai o dever
de pagamento.
As dificuldades em mensurar os fatos contábeis ambientais também podem estar na
inexistência de uma padronização do mercado quanto à valoração ambiental. Por exemplo:
qual o valor do desmatamento de um terreno com floresta nativa, em plena cidade, que
afeta a flora e a fauna daquele local? Perceba que o valor do terreno é possível de ser men-
surado em função do mercado imobiliário. Entretanto, o valor do dano ambiental não é de
fácil mensuração. Logo, algumas vezes tal mensuração ambiental é realizada por meio de
estimativas e simulações.
Embora existam alguns desafios ao contador quanto ao entendimento dos eventos am-
bientais e seu respectivo registro contábil, os lançamentos e registros podem ocorrer de for-
ma natural por meio de uma rotina contábil recorrente.
Ao tomarmos o plano de contas apresentado na seção anterior, trabalharemos a seguir o
entendimento de alguns eventos e contas ambientais que geram certas dúvidas no momento
de seu lançamento contábil.
Contabilidade Socioambiental 65
4 Fatos ambientais
Os Créditos por Serviços de Assessoria Ambiental consistem nos direitos a receber por
prestação de serviços relativos a assessorias ambientais, cujo débito ocorre por ocasião do
reconhecimento da receita ambiental e o crédito quando acontecem os recebimentos, tendo
como contrapartida uma conta do Disponível (Caixa ou Banco).
Os Equipamentos Ambientais consistem em ativos com o fim de redução dos impac-
tos ambientais gerados pelas atividades organizacionais. Nesse caso, deve ser debitada a
aquisição em contrapartida, comumente, de um passivo de longo prazo (financiamentos).
Tais bens estão sujeitos à depreciação e à exaustão – estes, por exemplo, em cenários de in-
vestimentos para mineração. Destaca-se, ainda, que outras categorias de investimentos em
bens tangíveis, como construções, terrenos e outros semelhantes, apresentam configuração
similar à conta Equipamentos Ambientais.
A conta Estoques constitui as entradas e saídas do estoque de materiais destinados
para fins ambientais. Os componentes dessa conta são debitados pela entrada dos refe-
ridos materiais, e a contrapartida configura-se como uma conta do Disponível (Caixa ou
Banco) ou, até mesmo, do Passivo, comumente Clientes Ambientais. Nesse caso, a conta é
creditada com base na utilização dos materiais, em contrapartida à conta relacionada aos
custos ambientais.
Na abordagem do Ativo não Circulante, as Participações em Outras Ações Ambientais
correspondem aos investimentos de longo prazo em outras empresas/ações ambientais. No
lançamento contábil, ocorre o débito do investimento e, em contrapartida, uma conta do
Disponível (Caixa ou Banco).
Já as Participações em Fundos de Investimentos Ambientais configuram as aplicações
de recursos em fundos ambientais de longo prazo. Nessa conta, são debitados os investi-
mentos e, em contrapartida, uma conta do Disponível (Caixa ou Banco).
Uma atenção especial deve ser reservada às Provisões para Depreciação, Amortização
e Exaustão. Em grande parte, excetuando-se terrenos, elas configuram investimentos em
ativos fixos de limitada vida útil contábil. Em decorrência disso, os custos desses ativos
devem ser contabilizados mensal e anualmente (regime de competência), com a redução de
seus respectivos valores.
De modo a exemplificar, os ativos fixos que possuem características depreciáveis com-
preendem equipamentos de recolha, sistemas de exaustão, estações de tratamento de efluen-
tes e demais equipamentos relacionados. Na contabilidade, representam contas redutoras
do ativo fixo e sua contrapartida constitui contas de despesas de depreciação ou então de
exaustão – no caso de jazidas ou minas, por exemplo.
Na conta Investimentos pode surgir a utilidade da subconta Projetos de Gestão
Ambiental, correspondendo aos investimentos realizados em conta do ativo diferido,
como é o caso de tecnologias específicas para melhorias relativas a aspectos ambientais.
Nesse cenário, tais investimentos são debitados em Projetos de Gestão Ambiental e a
contrapartida está em uma conta do Disponível, ou, dependendo do caso, em contas do
Passivo (Obrigações).
66 Contabilidade Socioambiental
Fatos ambientais 4
4.3.2 Lançamentos contábeis em Passivos
As contas do elemento contábil Passivo constituem todas as obrigações relativas às fi-
nalidades ambientais da entidade. A conta Empréstimos Ambientais está relacionada aos
empréstimos para recomposição do fundo de caixa ambiental. Sua contabilização ocorre da
seguinte forma: 1) os empréstimos são creditados e sua contrapartida encontra-se na conta
Caixa ou Banco; 2) no ato do pagamento dos empréstimos são debitados os pagamentos e a
contrapartida constará como Caixa ou Banco.
Os Financiamentos Ambientais funcionam semelhantemente à conta de empréstimos.
Comumentemente, existem para atender à política de investimentos organizacionais. A con-
ta é debitada em Caixa ou Banco. Quando do pagamento de parte, ou do financiamento
total, a conta é debitada, tendo como contrapartida a conta Caixa Ambiental.
A conta Multas por Danos Ambientais é oriunda das infrações lavradas pelos órgãos
reguladores ambientais. Essa conta tem como contrapartida lançamentos a débito da conta
Multas Ambientais. Na ocorrência de pagamento da multa, é debitada a conta do Passivo
Multas por Danos Ambientais e creditada a conta Caixa ou Banco.
A configuração da conta Imposto Verde está relacionada aos impostos fundamenta-
dos na estimativa do dano causado por eventual poluição ou prejuízos ao meio ambiente,
recaindo na configuração de compensação. Os impostos são creditados pelo lançamento ou
pela eventual provisão, e sua contrapartida constituirá uma conta de despesa. No ato do
pagamento, os valores são debitados e a contrapartida está na conta Caixa ou Banco.
O grupo de contas Provisões Ambientais configura as exigibilidades contra a empresa
considerando os riscos ambientais existentes, mas que representam certa incerteza quanto
ao efetivo acontecimento e que, em função de um fato futuro, pode eventualmente resultar
em perdas. Contabilmente, a ocorrência do fato gerador é creditada, e a contrapartida confi-
gurará uma conta de despesa ou custo. No momento em que se define o valor, é efetuada a
transferência para a obrigação (débito) ou, caso o fato não seja configurado como responsa-
bilidade da entidade, o saldo não utilizado deve ser estornado.
Exemplificando: a empresa MMM, fabricante de produtos plásticos, devido a um vaza-
mento de resíduos químicos no solo por meio de um tubo que se rompeu, foi multada por
um órgão estatal em R$ 100.000,00. Tal valor deve ser pago em 30 dias. Nesse momento, o
contador da empresa realizou o lançamento contábil (crédito) do valor da multa no Passivo
Circulante, na subconta de Multas Ambientais.
Contabilidade Socioambiental 67
4 Fatos ambientais
contudo nosso foco está direcionado especialmente para as Reservas para Contingências
(ou Contingencial). Elas representam a expectativa de eventuais perdas ou prejuízos relati-
vos a impactos ou passivos ambientais, ou seja, que ainda não ocorreram, porém são previs-
tos, funcionando como um posicionamento de cautela e prudência. Na contabilização ocorre
o crédito das contas propostas no plano de contas, com a contrapartida da conta de Lucros
Acumulados. Na ocorrência da efetiva perda, as receitas são debitadas, reduzindo, concomi-
tantemente, o lucro. Do contrário, as Reservas para Contingências devem ser revertidas para
a conta de Lucros Acumulados.
Por sua vez, as Receitas Ambientais representam aquelas derivadas, por exemplo, de
programas de aproveitamento de água, de vendas para reciclagem, do consumo de energia
no processo operacional da entidade e de outras ações nessa configuração, as quais são re-
sultados da estrutura de gestão ambiental da entidade. A contabilização ocorre a partir do
crédito da sua ocorrência e sua contrapartida consiste na conta Clientes Ambientais.
Conclusão
68 Contabilidade Socioambiental
Fatos ambientais 4
A uniformidade na evidenciação das
informações ambientais
(COSTA; MARION, 2007, p. 26)
[...]
Contabilidade Socioambiental 69
4 Fatos ambientais
[...]
Atividades
1. Toda empresa deve estruturar de forma contabilmente adequada seu plano de con-
tas. Tal afirmativa remete à responsabilidade da estruturação de um coerente plano
de contas para cada entidade. Nesse contexto, apresente a definição de plano de contas
e aponte sua importância na contabilidade.
70 Contabilidade Socioambiental
Fatos ambientais 4
2. A empresa JM S.A. registra seus fatos contábeis ambientais conforme a demanda
necessária, de modo que o plano de contas é estruturado com o passar dos anos, de
acordo com a eventual necessidade de criar a conta contábil no sistema. Nesse caso
fictício da JM S.A., o procedimento de elaboração do plano de contas é o mais coe-
rente? Justifique sua resposta.
3. A empresa Maravilhas S.A. possui uma jazida mineral e, em seu primeiro exercício,
o contador precisa realizar o lançamento da redução do valor contábil. Qual é a conta
específica para esse procedimento?
Referências
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Paulo: Atlas, 2010.
CARVALHO, Gardênia Maria Braga de. Contabilidade ambiental: teoria e prática. 2. ed. Curitiba:
Juruá, 2008.
COSTA, Rodrigo Simão da; MARION, José Carlos. A uniformidade na evidenciação das informações
ambientais. Revista de Contabilidade e Finanças, v. 18, n. 43, p. 20-33, 2007. Disponível em: <http://
dx.doi.org/10.1590/S1519-70772007000100003>. Acesso em: 3 nov., 2017.
FERREIRA, Aracéli Cristina de Souza. Contabilidade ambiental: uma informação para o desenvolvi-
mento sustentável – inclui certificados de carbono. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
PAIVA, Paulo Roberto de. Contabilidade ambiental: evidenciação dos gastos ambientais com trans-
parência e focada na prevenção. São Paulo: Atlas, 2003.
RODRIGUES, Marcelo Abelha. Direito ambiental esquematizado. Coord. Pedro Lenza. 3. ed. São
Paulo: Saraiva, 2016.
RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade geral fácil: para concursos de contabilidade e concursos em
geral. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
SILVA, Benedito Gonçalves da. Contabilidade Ambiental. Curitiba: Juruá, 2011.
TINOCO, João Eduardo Prudêncio; KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. Contabilidade e gestão am-
biental. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
Resolução
1. Considerado como um dos mais importantes instrumentos para o planejamento con-
tábil, o plano de contas consiste em um conjunto de contas que as empresas utilizam
para registrar os fatos econômico-financeiros ocorridos na entidade e gerar os relató-
rios contábeis para os usuários internos e externos da empresa.
Contabilidade Socioambiental 71
4 Fatos ambientais
72 Contabilidade Socioambiental
5
EIA/RIMA
Introdução
Contabilidade Socioambiental 73
5 EIA/RIMA
74 Contabilidade Socioambiental
EIA/RIMA 5
Após a promulgação dessa lei, outras legislações de caráter infraconstitucional tam-
bém determinaram a obrigação da elaboração do EIA (Leis n. 6902/81 e 6938/81, Decreto n.
99274/90 e Lei Complementar n. 140/2011). Entretanto, essa exigência do Estado só se tornou
constitucional com o estabelecido da Constituição Federal, que aponta, no seu artigo 225,
inciso IV: “exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente cau-
sadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental,
a que se dará publicidade” (BRASIL, 1988a).
De acordo com Antonovz (2014), a elaboração do EIA deve ser realizada sempre que for
solicitado um licenciamento para execução de uma atividade com potencial poluidor, por
exemplo, no caso de mineradoras, indústrias, usinas etc. Cavalcanti (2017, p. 98) esclarece
que,
com parecer multidisciplinar, o EIA é um instrumento que deve ser anterior à
autorização da obra e/ou atividade, não podendo ser concomitante nem pos-
terior à obra ou atividade, ou seja, deve dar-se necessariamente antes da reali-
zação ou início do funcionamento de planta industrial ou atividade que possa
sugerir qualquer degradação ambiental ou, ainda, apresentar dúvida quanto à
realização segura da mesma, sob enfoque do meio ambiente, o que inclui a vida,
dignidade e saúde humana.
Com relação às atividades que compreendem a exigência de elaboração de estudo de
impacto ambiental, o artigo 2° da Resolução Conama n. 001/86 orienta que:
Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório
de impacto ambiental – RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão esta-
dual competente e do IBAMA em caráter supletivo, o licenciamento de ativida-
des modificadoras do meio ambiente, tais como:
I – Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;
II – Ferrovias;
III – Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
IV – Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do Decreto-Lei n°
32, de 18.11.66;
V – Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgo-
tos sanitários;
VI – Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV;
VII – Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barra-
gem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação,
abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos
d’água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques;
VIII – Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);
IX – Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de
Mineração;
Contabilidade Socioambiental 75
5 EIA/RIMA
76 Contabilidade Socioambiental
EIA/RIMA 5
Assim, o EIA é um relatório baseado em muitas informações técnicas, de difícil com-
preensão para a sociedade em geral. Por isso, existe outro importante documento que o
acompanha, o Relatório de Impacto ao Meio Ambiente, também conhecido como RIMA.
Esse documento consiste em uma versão do EIA, com uma linguagem facilitada e objetiva
para a compreensão de todos (na seção 5.2, o RIMA será abordado com mais profundidade).
No momento da realização desses dois diagnósticos (documentos), verificam-se os da-
nos ambientais e também possíveis maneiras de diminuir os impactos ou, ainda, compen-
sar os problemas que sejam decorrentes do empreendimento, visando diminuir ao máximo
quaisquer desses danos.
Quando uma empresa solicita o licenciamento ambiental a um órgão ambiental com-
petente, para a construção e futura operação de um empreendimento, o processo deve ser
administrativo. Isso significa que este será desenvolvido pelo Poder Executivo, não excluin-
do, obviamente, os demais tipos de procedimentos, como é o caso do processo judiciário, de
acordo com os dispositivos constitucionais, para que o EIA/RIMA seja obrigatório.
A obrigatoriedade desse estudo prévio, bem como sua importância no que diz respeito
à conservação do meio ambiente ecologicamente equilibrado, tem sido demonstrada inclusi-
ve pelo Supremo Tribunal Federal, que declarou a inconstitucionalidade das leis (estaduais
ou municipais) que preveem a dispensa do EIA/RIMA. Um exemplo foi a Ação Direta de
Inconstitucionalidade n. 1.086/SC, a qual declara a inconstitucionalidade da lei catarinense
que estabelecia a dispensa de “elaboração de estudo prévio de impacto ambiental no caso de
áreas de florestamento ou reflorestamento para fins empresariais” (BRASIL, 2001).
O EIA refere-se a um trabalho de configuração técnica, cujas diretrizes são pautadas
em várias fases e, por consequência, consome uma quantidade considerável de recursos e
tempo. De acordo com Prado Filho (2001), essas atividades consistem em:
1. Apresentação e descrição do empreendimento – tais descrições devem ser carac-
terizadas nas diversas fases do empreendimento, isto é, na fase em que o estabele-
cimento está em planejamento, implementação, operação, bem como em eventual
desativação, ressaltando, principalmente, os tipos de insumos e combustíveis que
serão utilizados.
2. Levantamento e análise da legislação – nesse momento, ocorre a verificação de to-
das as normas legislativas, nos âmbitos federal, estadual e municipal, relacionadas
a cada momento da obra do empreendimento.
3. Elaboração do diagnóstico ambiental – nessa atividade, verificam-se os elementos
que constituem o meio ambiente, bem como as interações nesse ambiente ecologi-
camente equilibrado. Essa etapa tem como finalidade a observação da situação do
ambiente antes das atividades de elaboração do empreendimento.
4. Identificação e análise dos impactos ambientais – nessa etapa ocorre a verificação
de possíveis impactos que o empreendimento pode causar. Nessa análise é identi-
ficada e detalhada a abrangência dos resultados desses impactos.
5. Previsão e mensuração dos impactos identificados – tem como finalidade estabe-
lecer uma estimativa dos possíveis impactos que o empreendimento pode causar.
Contabilidade Socioambiental 77
5 EIA/RIMA
Essa estimativa pode ser definida por meio de indicadores, de forma quantitativa ou
qualitativa, e deve ser mensurada para todas as etapas de vida do empreendimento.
6. Valoração e interpretação da significância dos impactos previstos – nesse mo-
mento do estudo será definido o valor de cada impacto ambiental.
7. Proposição das medidas de gerenciamento ambiental – nessa fase são verificadas
algumas possibilidades de minimizar ou eliminar possíveis impactos ambientais.
8. Apresentação – consiste na demonstração dos resultados da análise de impactos
ambientais realizados pelos técnicos, a qual deve ser feita em formato documental.
9. Revisão do Estudo de Impacto Ambiental – os órgãos ambientais devem avaliar
os resultados dos estudos ambientais e tomar a decisão quanto ao empreendimen-
to. Todavia, num primeiro momento, esses órgãos devem verificar se o estudo
apresentado está de acordo com a legislação vigente e em conformidade quanto
à avaliação do impacto, às medidas de proteção e ao monitoramento ambiental
estabelecido.
Desse modo, o EIA, como um instrumento estabelecido pelas normas legais, deve, im-
preterivelmente, apresentar: informações consistentes acerca do problema analisado; os
dados do empreendimento; os planos estatais; a legislação pertinente; a descrição da área
em que será construído o empreendimento; o diagnóstico ambiental; o levantamento e a
avaliação dos impactos resultantes da implantação e operacionalização do projeto; e as refe-
rências bibliográficas utilizadas (WATANABE, 2010). Além disso, deve estar acompanhado
do RIMA, conforme apresentado na sequência.
78 Contabilidade Socioambiental
EIA/RIMA 5
realização do projeto de forma lúdica, para que haja clareza quanto aos eventuais impactos
ambientais que o empreendimento possa causar com sua efetivação.
Conforme o artigo 9° da Resolução Conama n. 001, de 23 de janeiro de 1986, o RIMA
espelha todo o EIA, todavia, de forma simplificada, com no mínimo os seguintes tópicos
(BRASIL,1986b):
• objetivo e justificativa do projeto;
• descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas;
• matéria-prima, fonte de energia, processo e técnicas a serem utilizadas em cada
etapa da construção do empreendimento;
• possíveis influências causadas por esse empreendimento, bem como os resíduos
de energia e os empregos diretos e indiretos a serem gerados;
• resumo do diagnóstico das áreas afetadas pelo projeto do empreendimento;
• descrição dos impactos ambientais que podem ocorrer por consequência da imple-
mentação do projeto, destacando um cronograma;
• descrição da qualidade do ambiente caso o projeto seja executado, bem como se
ele não for realizado;
• descrição dos efeitos que não podem ser evitados, apesar das medidas mitigadoras;
• método de acompanhamento e monitoramento dos impactos;
• recomendações, conclusões e comentários.
Essa avaliação preliminar, conforme Antonovz (2014), obriga o empreendedor a de-
monstrar, por meio de estudos anteriores, como será realizada a construção e a execução
do empreendimento, os possíveis danos que a construção, a instalação e o funcionamento
podem acarretar ao meio ambiente e à sociedade e que estágio de impacto ambiental pode
ser esperado da instalação dessa obra na natureza. Para ser realizada essa avaliação, o em-
preendedor deverá trazer todos os estudos que englobam a possível obra, inclusive o dese-
nho arquitetônico.
Acerca das licenças ambientais (federais ou estaduais), de acordo com o artigo 8° da
Resolução Conama n. 237, (BRASIL, 1997), elas podem ser de três tipos diferentes.
A Licença Prévia (LP) consiste na licença a ser obtida na fase inicial do empreendimen-
to, visto que por meio dela o empreendedor tem a permissão de uso do local em que será
estabelecido o seu projeto. Já a Licença de Instalação (LI) consiste na permissão para execu-
ção da obra. Logo, com a LI o empreendimento pode começar a “sair do papel”. E, por fim, a
Licença de Operação (LO) estabelece o funcionamento do empreendimento já estabelecido
e executado.
Para que seja liberada quaisquer uma dessas licenças, o empreendedor deve seguir to-
das as ações determinadas e acordadas com os órgãos ambientais, as quais são claramente
estipuladas no EIA/RIMA.
Outro procedimento para a obtenção das licenças ambientais são as audiências públi-
cas, que devem ser divulgadas nos meios de comunicação de maior circulação na região
Contabilidade Socioambiental 79
5 EIA/RIMA
onde o empreendimento será construído. Essas audiências são reuniões abertas ao público
interessado, com o objetivo de expor os resultados do EIA e do RIMA.
Resumidamente, pode-se entender que o EIA e o RIMA são elaborados em conformi-
dade com o Termo de Referência que o órgão ambiental responsável estabelece. Ressalta-se
que, quando o empreendedor verifica a necessidade do EIA e do RIMA para a efetivação
de seu projeto, a solicitação do licenciamento deve ser publicada no Diário Oficial do Estado
onde ocorre o pleito da execução do projeto. Cumpre evidenciar que as demais etapas, até a
obtenção da licença, também devem ser divulgadas no mesmo canal de comunicação.
80 Contabilidade Socioambiental
EIA/RIMA 5
Ou seja, no artigo 69-A, existem duas classificações de crime:
• uso da informação falsa ou enganosa, sem intenções de dano ao meio ambiente;
• uso da informação falsa ou enganosa, resultando em dano significativo ao
meio ambiente.
No segundo caso, para tal crime será acrescido 2/3 da pena, tanto para crime doloso
quanto culposo.
No que tange às sanções previstas, Singulane (2011, p. 2) alega que “na esfera adminis-
trativa, se sujeita o empreendedor às sanções estabelecidas no art. 72° da lei n. 9065/1998,
enquanto seus técnicos, através de procedimentos próprios de sanção, respondem aos
Conselhos Profissionais de sua respectiva categoria e ao IBAMA”. Sob o aspecto criminal,
o mesmo autor afirma que “responderão, tanto as pessoas físicas quanto as jurídicas que,
de qualquer modo, por culpa tenham concorrido para verificação do dano, já que a Lei n.
9605/98 superou o caráter individual exclusivo da responsabilidade penal, possibilitando
desta forma alcançar também a pessoa jurídica como sujeito ativo do crime ecológico (art.
3°)” (SINGULANE, 2011, p. 2).
Outro ponto importante acerca da responsabilidade jurídica decorrente da confecção
do EIA/RIMA refere-se aos atos que o empreendedor realizou sem a obtenção de uma li-
cença. Nesse caso, o empreendedor será responsabilizado conforme previsto no artigo 72
da Lei n. 9.605/98 (BRASIL,1998) e no artigo 3° do Decreto n. 6.514/2008 (BRASIL, 2008a),
prevendo-se sanções administrativas, penais e civis:
Art. 3o As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções:
I – advertência;
II – multa simples;
III – multa diária;
IV – apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora e demais
produtos e subprodutos objeto da infração, instrumentos, petrechos, equipa-
mentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;
V – destruição ou inutilização do produto;
VI – suspensão de venda e fabricação do produto;
VII – embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas;
VIII – demolição de obra;
IX – suspensão parcial ou total das atividades; e
X – restritiva de direitos. (BRASIL, 2008a)
Quanto às sanções penais, elas serão regidas pelo artigo 60 da Lei n. 9.605/98:
Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do
território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluido-
res, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contra-
riando as normas legais e regulamentares pertinentes:
Contabilidade Socioambiental 81
5 EIA/RIMA
82 Contabilidade Socioambiental
EIA/RIMA 5
Estado não forneça a licença, verifica-se abuso de poder por parte do servidor responsável
e, portanto, esse ato será considerado ilegal.
Quando a licença ambiental é concedida com o resultado favorável do EIA e do RIMA,
o Estado não tem participação na responsabilidade pelo dano ambiental, visto que, nesse
caso, o ato de conceder a licença é um ato vinculado e não discricionário. Logo, a responsa-
bilidade quanto aos impactos ambientais resultantes da obra será apenas dos técnicos que
elaboraram o estudo e do empreendedor.
Conclusão
Contabilidade Socioambiental 83
5 EIA/RIMA
[...]
Outra condição fundamental é que o EIA seja feito por vários profissio-
nais de diferentes áreas, trabalhando em conjunto. Espera-se que a visão
multidisciplinar faça com que o estudo seja feito da forma mais completa
possível, de modo a sanar todas as dúvidas e problemas.
De acordo com o art. 6° da Resolução Conama 237/97, o EIA deve ser com-
posto obrigatoriamente por quatro seções:
84 Contabilidade Socioambiental
EIA/RIMA 5
prováveis impactos relevantes do empreendimento, discriminando os
impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos,
imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; o grau de
reversibilidade desses impactos; suas propriedades cumulativas e sinérgi-
cas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais;
Atividades
1. A Resolução Conama n. 237/97 estabelece que os estudos ambientais “são todos e
quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, ins-
talação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado
como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental,
plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico
ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise pre-
liminar de risco” (BRASIL, 1997). Nesse sentido, explique a finalidade do Estudo
Prévio de Impacto ambiental.
Contabilidade Socioambiental 85
5 EIA/RIMA
conformidade com o artigo 225, § 1°, IV, da Constituição Federal. Porém, se esses
documentos forem realizados com alguma falha e o órgão competente licenciar o
empreendimento, no caso de dano ambiental proveniente de documentos ineficien-
tes, o Estado pode ser responsabilizado? Por quê?
[...]
Referências
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86 Contabilidade Socioambiental
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Resolução
1. O Estudo Prévio de Impacto Ambiental tem como finalidade distinguir e identificar
os impactos maléficos ou benéficos que determinado empreendimento pode causar
ao meio ambiente. Outro objetivo desse estudo refere-se à exigência estatal para ob-
tenção de autorização às atividades mercantis, desde a sua implementação.
3. A Resolução n. 237 do Conama estabelece que o Estado não pode ser responsabili-
zado pela elaboração de documentos (EIA e RIMA) inconsistentes. A Administração
Pública também contrata os serviços de terceiros para a realização do EIA e do RIMA
e, nesse caso, o Estado não pode ser acionado judicialmente por dano gerado se
os documentos tiverem falhas técnicas. Ele só pode ser responsabilizado pelos atos
administrativos nulos ou anuláveis, consequência de dolo ou erro da própria Admi-
nistração Pública, realizados pelos seus agentes públicos.
88 Contabilidade Socioambiental
EIA/RIMA 5
4. Os pontos que devem ser abordados na estruturação/elaboração de um
EIA/RIMA são:
Contabilidade Socioambiental 89
6
Balanço Social
Introdução
Contabilidade Socioambiental 91
6 Balanço Social
92 Contabilidade Socioambiental
Balanço Social 6
Exemplificando as conceituações expostas, podemos imaginar uma empresa que
necessita de recursos para o desenvolvimento e a expansão de seus negócios. Logo,
ela busca a captação de tais recursos, os quais podem ser oriundos das mais diversas
fontes possíveis:
• fornecedores: insumos e serviços;
• acionistas ou terceiros: recursos financeiros;
• pessoal: mão de obra para operacionalização das atividades empresariais;
• utilidade pública: energia elétrica, água, entre outros.
Obviamente, as movimentações contábeis desses recursos são registradas na
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), ao mesmo tempo em que são regis-
tradas as receitas do período. Contudo, essa demonstração restringe-se à discrimina-
ção dos resultados e benefícios dos acionistas. Então, torna-se importante o registro
também na DVA, uma vez que ela evidencia os benefícios proporcionados em favor
da comunidade, considerando o quanto a entidade adicionou de valor aos recursos
adquiridos de terceiros e sua respectiva distribuição.
Contabilidade Socioambiental 93
6 Balanço Social
Primeira etapa
Segunda etapa
• Nessa etapa, a empresa demonstrará como foi distribuída a riqueza: valores com
pessoal, impostos, pagamento a terceiros, lucros retidos e distribuídos aos acionis-
tas, entre outras informações relacionadas.
A seguir, no Quadro 2 podemos visualizar um modelo de DVA, devidamente estrutu-
rada por meio dos passos relacionados acima.
Quadro 2 – Modelo de Demonstração do Valor Adicionado – empresas em geral.
Em milhares
Em milhares
DESCRIÇÃO de reais
de reais 20X0
20X1
1 Receitas
1.1 Vendas de mercadorias, produtos e serviços
1.2 Outras receitas
1.3 Receitas relativas à construção de ativos próprios
1.4 Provisão para créditos de liquidação duvidosa –
reversão/constituição
2 Insumos adquiridos de terceiros (inclui os valores dos
impostos: ICMS, IPI, PIS e COFINS)
2.1 Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviços
vendidos
94 Contabilidade Socioambiental
Balanço Social 6
Em milhares
Em milhares
DESCRIÇÃO de reais
de reais 20X0
20X1
2.2 materiais, energia, serviços de terceiros e outros
2.3 Perda/recuperação de valores ativos
2.4 Outras (especificar)
3 Valor adicionado bruto (1-2)
4 Depreciação, amortização e exaustão
5 Valor adicionado líquido produzido pela entidade (3-4)
6 Valor adicionado recebido em transferência
6.1 Resultado de equivalência patrimonial
6.2 Receitas financeiras
6.3 Outras
7 Valor adicionado total a distribuir (5 + 6)
8 Distribuição do valor adicionado1
Fonte: Comitê De Pronunciamentos Contábeis Pronunciamento Técnico – CPC 091
1 O resultado obtido na primeira etapa (valor adicionado total para distribuição) deve, necessaria-
mente, ser igual ao resultado da segunda etapa (distribuição do valor adicionado). Caso contrário,
configura-se erro de apuração contábil e, obrigatoriamente, ela precisa ser revista.
Contabilidade Socioambiental 95
6 Balanço Social
Na atualidade, o Balanço Social tem como base a demonstração das ações que geram
cidadania. Contudo, para que essa cidadania seja plena, é necessário que as informações
repassadas publicamente retratem a realidade organizacional e sejam de efetiva qualidade.
É evidente que as empresas têm como função a produção de bens e serviços, visando
à obtenção de lucros. Todavia, essas mesmas companhias também têm obrigações com a
sociedade, tanto na conservação ambiental como no bem-estar dos empregados e seus fami-
liares e de todo o seu entorno.
Diferentemente das demonstrações financeiras/contábeis do exercício – que obriga-
toriamente devem ser publicadas –, no caso de sociedades anônimas (Lei n. 6.404/76), o
Balanço Social não se configura como uma exigência imposta por regulamentações e leis.
Por outro lado, comumentemente as empresas costumam divulgar seus Balanços Sociais
de modo voluntário e espontâneo, uma vez que tal ação é muito bem vista aos olhos dos
stakeholders, de modo geral.
As informações que estão contidas nesse Balanço Social são geralmente estudadas pela
contabilidade no intuito de quantificar o desempenho econômico, social e ambiental de cada
empresa. Logo, pode-se entender que a contabilidade, como ciência, vem sendo desenvol-
vida com a finalidade de aperfeiçoar as informações da gestão econômica e socioambiental,
a fim de fornecer aos investidores – bem como aos financiadores e à sociedade em geral –
dados mais concisos dos recursos empresariais.
Mazzoni, Tinoco e Oliveira (2007, p. 63) afirmam que “o empenho da contabilidade em
responder aos desafios que transcendem os aspectos econômicos e financeiros levou à busca
de uma nova demonstração, de cunho social, que permite identificar e demonstrar os im-
pactos recebidos e causados pelas entidades, relacionados ao ambiente social e ecológico”.
Assim, o Balanço Social é o resultado das ações que a empresa desenvolveu no seu pla-
no estratégico, envolvendo os aspectos socioambientais direta ou indiretamente. Essas ações
sociais desencadeiam alguns benefícios para a organização, entre os quais se destaca a con-
solidação da marca institucional, adquirida por meio do marketing social. A identificação do
cliente com as ações de responsabilidade social e ambiental faz com que ele prefira consumir
os produtos e serviços da empresa. Lembrando que a companhia se utiliza dos recursos na-
turais – que são um bem da sociedade – para o seu processo produtivo, interferindo assim
no meio ambiente, o que pode gerar danos presentes e futuros à humanidade – e isso reflete
nas escolhas dos clientes.
Dentro da organização, o Balanço Social deve demonstrar as ações que a empresa exe-
cuta com a finalidade de proporcionar mais qualidade de vida aos seus empregados. Nesse
sentido, destacam-se como ações as que promovem educação (profissional ou formal), saú-
de, esporte, entre outras.
Percebe-se, portanto, que existem vários indicadores, quantitativos e qualitativos que
podem ser extraídos do Balanço Social. Entre esses indicadores, podemos citar o número de
empregados, as ações internas de bem-estar dos funcionários ou, ainda, os valores econô-
micos investidos em programas de educação continuada. Observaremos exemplos reais na
próxima seção deste capítulo.
96 Contabilidade Socioambiental
Balanço Social 6
O Balanço Social, em conformidade com Tinoco e Kraemer apud Antonovz (2014), é o
melhor exemplo de accountability (prestação de contas de forma transparente), visto que se
refere a uma ferramenta que leva os empresários a prestar contas dos resultados obtidos
quanto à responsabilidade social para seus parceiros dessa área, ou seja, para os stakeholders.
Sobre as informações que devem estar contempladas no Balanço Social, Kroetz (apud
Tinoco 2004, p. 91) estabelece algumas especificações acerca do desempenho empresarial
sob os aspectos econômico, social e ambiental, entre elas:
• revelar em conjunto com as demais demonstrações financeiras a estratégia de so-
brevivência e crescimento da entidade;
• evidenciar (por meio de indicadores econômicos e sociais) as contribuições da em-
presa à qualidade de vida da comunidade;
• abranger todo o conjunto de interações sociais, as contribuições da empresa à qua-
lidade de vida da comunidade;
• divulgar os investimentos realizados no desenvolvimento de pesquisa tecnológica;
• compor um banco de dados confiável para análise e tomada de decisão dos usuá-
rios externos;
• medir os impactos das informações apresentadas no Balanço Social diante da co-
munidade em que mantém relações de negócios;
• servir de instrumento para as negociações laborais entre empresa, sindicatos e re-
presentantes dos empregados;
• clarificar os objetivos e as políticas administrativas que possibilitem avaliar
a entidade em função não apenas do resultado econômico, mas também dos
resultados sociais;
• ampliar o grau de confiança da sociedade em relação à entidade.
Nesse contexto, verifica-se que o Balanço Social apresenta questões relacionadas a da-
dos socioeconômicos e ambientais, consistindo em um rol de informações quantitativas e
qualitativas pertinentes às ações sociais e ambientais. Segundo Tinoco (2001, p. 41), os indi-
cadores de caráter econômico existentes nesse balanço consistem em:
a. valor adicionado por trabalhador;
b. relação entre salários pagos ao trabalhador e o valor adicionado;
c. ligação entre os salários e as receitas brutas da empresa;
d. contribuição do valor adicionado da empresa para o Produto Interno Bruto;
e. produtividade social da empresa;
f. carga tributária da empresa em relação a seu valor adicionado etc.
Ainda de acordo com Tinoco (2001, p. 41), os indicadores de configuração social são:
a. evolução do emprego na empresa;
b. promoção dos trabalhadores na escala salarial da companhia;
c. relação entre a remuneração do pessoal em nível de gerência e os operários;
Contabilidade Socioambiental 97
6 Balanço Social
98 Contabilidade Socioambiental
Balanço Social 6
Percebe-se, então, que as organizações que adotam esse padrão de relatório procuram
transmitir de maneira transparente e clara a seus stakeholders (partes interessadas) e sharehol-
ders (acionistas) o seu posicionamento sustentável diante de suas atividades organizacio-
nais, impactando diretamente na percepção do mercado de capitais.
Contabilidade Socioambiental 99
6 Balanço Social
PARTICIPAÇÃO
POR SEXO3
PERCENTUAL DE OCUPANTES
DE CARGOS DE CHEFIA
FAIXAS
ETÁRIAS4
TEMPO DE SERVIÇO
NA INSTITUIÇÃO
2011/02
2012/01
2012/02
2013/01
2013/02
2014/01
2014/02
2015/01
2015/02
2016/01
2016/02
Indicador
Total de temas 51 16 19 16 17 17 16 17 8 7 14 8
oferecidos
Total de 113 98 156 141 158 107 113 210 153 188 225 176
oficinas
Docentes 1.256 1.215 1.195 1.211 1.237 1.237 1.246 1.270 1.285 1.344 1.305 1.336
da Univali
Docentes 779 725 872 887 920 937 920 1.058 1.080 1.118 1.160 1.160
participantes
Índice de par- 62,0 59,6 72,9 73,2 74,3 75,7 73,8 83,3 84,0 83,2 88,8 86,8
ticipação (%)
No quadro, verifica-se que existe uma evolução crescente da participação dos docentes
em qualificações – em 2011 houve 779 participações, enquanto em 2016 foram 1.160, mesmo
com a redução de temas para estudos. Outras informações que podem ser verificadas no
Balanço Social da Univali relacionam-se aos benefícios que os empregados dessa instituição
recebem, como é o caso do plano de saúde e do plano odontológico.
Em seguida, o balanço evidencia os prêmios que a instituição recebeu como premiação
das ações sociais, é o caso do Selo Social, recebido da Organização das Nações Unidas devi-
do ao fato de a Fundação Universidade do Vale do Itajaí ter cumprido com os 8 Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio (ODM)5.
Na sequência, são apresentadas as informações acerca do corpo discente. Nesse sen-
tido, comprova-se que existe um aumento de pessoas afrodescendentes estudando nessa
instituição. Por outro lado, é perceptível a redução da quantidade de pessoas portadoras
de deficiência, bem como de indígenas. Esses dados são confirmados no Quadro 4 a seguir.
2016 2015
Univer Fun Univer Fun
Hospital Hospital
sidade dação sidade dação
Receita Operacional
Mensalidade – 329.853 329.853 – 295.543 295.543
Receita de Serviços 3.097 76.837 79.934 2.946 37.449 40.395
Repasse SUS 2.326 – 2.326 2.042 – 2.042
Atividades Complementares 38 4.307 4.345 40 3.199 3.239
Subvenções, doações e patrocínios 6.209 35.627 41.836 6.357 6.219 12.576
Receita Operacional Bruta 11.670 446.624 458.294 11.385 342.410 343.795
Despesas operacionais
Gastos com pessoal e encargos (2.020) (32.946) (34.966) (1.740) (28.481) (30.221)
Despesas administrativas (1.008) (27.220) (28.228) (709) (17.337) (18.046)
2016 2015
Univer Fun Univer Fun
Hospital Hospital
sidade dação sidade dação
Impostos e taxas – (2) (2) – 5 5
(3.028) (60.168) (63.196) (2.449) (45.813) (48.262)
Conclusão
A pressão dos stakeholders está relacionada com a prática de gestão das empresas e os
reflexos desse cenário nos relatórios econômicos, sociais e ambientais. A crescente apreen-
são empresarial quanto aos impactos ambientais, atrelada à preocupação de manter a
transparência informacional por meio de publicação de relatórios, proporciona ao público
a disposição de informações inerentes ao mundo corporativo e seu respectivo posiciona-
mento socioambiental.
Relatórios no Brasil
(GRI BRASIL, 2017)
[...]
[...]
Atividades
1. O valor total da produção de bens e serviços de determinado período, menos o cus-
to dos recursos adquiridos de terceiros, necessários a essa produção, bem como a
forma pela qual este está sendo distribuído entre os diferentes grupos sociais que
interagem com atividades da empresa, são claramente expressos na Demonstração
do Valor Adicionado (DVA). No contexto prático contábil, explique como essas infor-
mações devem ser estruturadas na DVA.
Referências
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília,
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Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso
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RIBEIRO, Maisa de Souza. Contabilidade ambiental. São Paulo: Saraiva, 2006.
Resolução
1. Na prática, as informações que devem ser consideradas na construção de uma DVA
são divididas em duas etapas:
Primeira etapa
Segunda etapa
• Nessa etapa, a empresa demonstrará como foi distribuída a riqueza: valores com
pessoal, impostos, pagamento a terceiros, lucros retidos e distribuídos aos acio-
nistas, entre outras informações relacionadas.
3. As especificações são:
• revelar em conjunto com as demais demonstrações financeiras a estratégia de
sobrevivência e crescimento da entidade;
• evidenciar (por meio de indicadores econômicos e sociais) as contribuições da
empresa à qualidade de vida da comunidade;
• abranger todo o conjunto de interações sociais, as contribuições da empresa à
qualidade de vida da comunidade;
• divulgar os investimentos realizados no desenvolvimento de pesquisa
tecnológica;
• compor um banco de dados confiável para análise e tomada de decisão dos usuá-
rios externos;
• medir os impactos das informações apresentadas no Balanço Social diante da
comunidade em que mantém relações de negócios;
• servir de instrumento para as negociações laborais entre empresa, sindicatos e
representantes dos empregados;
• clarificar os objetivos e as políticas administrativas que possibilitem avaliar a en-
tidade em função não apenas do resultado econômico, mas também dos resulta-
dos sociais;
• ampliar o grau de confiança da sociedade em relação à entidade.
Planejar
Suporte e
A Melhoria Liderança D
operação
Avaliação
de
desem-
penho
Resultados
pretendidos do sistema
de gestão ambiental
Tendo em vista esses aspectos, e para a compreensão das abordagens que seguem neste
capítulo, é necessário elucidar e distinguir alguns termos e classificações acerca da geração
de resíduos:
Resíduos sólidos: “Resíduos nos estados sólidos e semissólidos, que resultam de ativi-
dades da comunidade de origens industriais, domésticas, hospitalares, comerciais, agrícolas
ou de serviços de varrição. Ficam inclusos nesta definição os lodos provenientes de sistemas
de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de po-
luição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lança-
mento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas e
economicamente inviáveis, em face da melhor tecnologia disponível” (ABNT, 2004a, p. 1).
Resíduos Classe I – perigosos: “Aqueles que apresentam periculosidade, e em função
de suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas podem apresentar risco à saú-
de pública ou ao meio ambiente. Podem apresentar as seguintes características: inflamabili-
dade, corrosividade, reatividade, toxidade e patogenicidade”. (ABNT, 2004a, p. 5)
Resíduos Classe II A – não inertes: “Aqueles que não se enquadram nas classificações
de resíduos classe I – perigosos ou de resíduos classe II B – inertes [...] [mas que] podem ter
propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água”
(ABNT, 2004a, p. 5).
Resíduos Classe II B – inertes: “Quaisquer resíduos que, quando amostrados de forma
representativa, [...] e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou
deionizada, à temperatura ambiente, [...] não tiverem nenhum de seus constituintes solu-
bilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se
aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor [...]” (ABNT, 2004a, p. 5). Exemplos desses resíduos
são rochas, tijolos, vidros, plásticos e borrachas que não são decompostos facilmente.
Reciclagem: “é um conjunto de técnicas de reaproveitamento de materiais descartados,
reintroduzindo-os no ciclo produtivo. É uma das alternativas de tratamento de resíduos
sólidos (lixo) mais vantajosas, tanto do ponto de vista ambiental quanto do social: ela reduz
o consumo de recursos naturais, poupa energia e água, diminui o volume de lixo e dá em-
prego a milhares de pessoas” (BRASIL, 2017).
Compostagem: É a reciclagem dos resíduos orgânicos, “uma técnica que permite a
transformação de restos orgânicos (sobras de frutas e legumes e alimentos em geral, podas
de jardim, trapos de tecido, serragem, etc.) em adubo. É um processo biológico que acele-
ra a decomposição do material orgânico, tendo como produto final o composto orgânico”
(BRASIL, 2017)
A gestão de resíduos de uma entidade visa garantir a redução da geração destes e sua
correta destinação. Nesse aspecto, destaca-se o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
(PGRS) como uma ferramenta de potencial representação do compromisso organizacional
com a geração de resíduos sólidos. De acordo com a Resolução Conama n. 005/1993, o PGRS
é o “documento integrante do processo de licenciamento ambiental que aponta e descreve
as ações relativas ao manejo de resíduos sólidos, contemplando os aspectos referentes à
uma degradação ambiental irreparável, caso isso ocorra em ritmo acelerado, mais rápido do
que a capacidade de recuperação da natureza.
Partindo do pressuposto de que o consumo consiste no modo com a qual as necessida-
des das pessoas podem ser atendidas, o consumismo, por sua vez, refere-se à ação desen-
freada da prática de consumo. Quando essas ações ocorrem em grandes proporções e sem
propósito real, o resultado são os impactos ambientais (GIACOMINI FILHO, 2008).
Para solucionar o problema da degradação ambiental em decorrência do consumo exa-
cerbado, surge a ideia de desenvolvimento sustentável, concebida por meio da conscientiza-
ção ambiental manifestada principalmente entre as décadas de 1960 e 1990. Com a transfor-
mação cultural e social ocorrida nessa época, ficou clara a noção de que os recursos naturais
são finitos e que, portanto, a busca pela proteção ao meio ambiente equilibrado é fator vital
para a humanidade.
Essa nova consciência quebrou paradigmas, modificando a postura da sociedade em
relação ao meio em que vivem, passando de um mero controle da poluição para uma re-
formulação do processo produtivo das organizações, com o fim específico de preservação.
É importante destacar que essa compreensão em relação ao meio ambiente vai além do
cumprimento da legislação, significando também a preservação da imagem e credibilida-
de empresarial.
Portanto, a relação do ser humano com o meio ambiente se modificou ao longo do
tempo e, atualmente, verifica-se que ela está pautada na concepção de que esse ambien-
te deve refletir o mínimo de impactos possíveis. Logo, todas as atividades oriundas do
progresso, como é o caso da produção e comercialização de produtos ou bens, devem ser
direcionadas à preservação do meio natural, visando à sua disponibilidade inclusive para
as gerações futuras.
Diante desse contexto, as empresas estruturam seus processos implementando ações
específicas, como é o caso da reciclagem de materiais, do reaproveitamento dos resíduos ou,
ainda, da utilização de tecnologias “limpas”, que não agridem o meio ambiente. Verifica-se,
assim, que a proteção ao meio ambiente modifica toda a estrutura organizacional, visto que
intervém inclusive no planejamento estratégico institucional.
Em suma, as responsabilidades em relação aos danos ambientais estão modificando o
formato do processo produtivo. Novos procedimentos envolvem a implantação da gestão
da qualidade ambiental e da gestão de custos da qualidade ambiental, pois esses dois meca-
nismos trazem informações que embasam as tomadas de decisão da alta direção das empre-
sas, a fim de que desempenhem suas atividades com o menor impacto ambiental possível.
Em compensação, as empresas que não se estruturarem de modo a evitar a geração de
impactos negativos no meio ambiente podem não se manter ativas, pois os consumidores,
atualmente, cobram delas uma nova postura ambiental.
Assim, as organizações mercantis são pressionadas de várias formas para utilizarem
o meio ambiente adequadamente, destacando-se o ativismo ambiental de grupos que têm
Conclusão
Atividades
1. Cite e explique algumas legislações que tutelam o meio ambiente no Brasil.
4. No Brasil, as normas referentes ao meio ambiente, da série ISO 14000, foram editas
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), conhecidas pela sigla NBR
ISO 14000. Esse rol de normas tem como finalidade a preservação da qualidade am-
biental, podendo ser analisada sob duas concepções. Quais são essas concepções?
Referências
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 10004:2004: Resíduos sólidos –
Classificação. Rio de Janeiro, 2004a.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14001:2004: Sistemas da gestão ambien-
tal – Requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro, 2004b.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Introdução à ABNT NBR ISO14001:2015. Rio
de Janeiro, 2015b. Disponível em: <http://www.abnt.org.br/publicacoes2/category/146-abnt-nbr-
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BERTOLI, Ana Lúcia; RIBEIRO, Maisa de Souza. Passivo ambiental: estudo de caso da Petróleo
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dos acidentes ocorridos. Revista de Administração Contemporânea, v. 10, n. 2, p. 117-136, 2006.
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BRASIL. Lei n. 5.197, de 3 de janeiro de 1967. DOU 5 jan. 1967a. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5197.htm>. Acesso em: 22 nov. 2017.
BRASIL. Decreto-Lei n. 227, de 28 de fevereiro de 1967. DOU 28 fev. 1967b. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0227.htm>. Acesso em: 22 nov. 2017.
BRASIL. Lei n. 6.453, de 17 de outubro de 1977. DOU 18 out. 1977. Disponível em: <http://www.
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BRASIL. Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília,
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2 out. 2017.
BRASIL. Constituição Federal. 1988. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 5 out. 1988.
BRASIL. Lei n. 12.305, de 2 de agosto de 2010. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 3 ago. 2010.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso
em: 22 nov. 2017.
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Resolução n. 005, de 5 de agosto de 1993.
Dispõe sobre o gerenciamento de resíduos sólidos gerados nos portos, aeroportos, terminais ferroviá-
rios e rodoviários. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 31 ago. 1993.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Consultoria Jurídica. Legislação Ambiental Básica. Brasília:
MMA/Unesco, 2008. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/secex_conjur/_arquivos/
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CARVALHO, Gardênia Maria Braga de. Contabilidade ambiental: teoria e prática. 2. ed. Curitiba:
Juruá, 2008.
Resolução
1.
• Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981 – Dispõe sobre a Política Nacional do
Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação e dá outras
providências.
• Constituição Federal de 1988.
• Lei n. 7.797, de 10 de julho de 1989 – Cria o Fundo Nacional de Meio Ambiente e
dá outras providências.
• Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 (Lei de Crimes Ambientais) – Dispõe sobre
as sanções penais e administrativas às pessoas, jurídicas e físicas, que causem
danos ao meio ambiente.
• Decreto n. 99.274, de 6 de junho de 1990 – Regulamenta a Lei n. 6.902, de 27 de
abril de 1981, e a Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõem, respectiva-
mente, sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e
sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências.
• Decreto n. 4.297, de 10 de julho de 2002 – Regulamenta o art. 9°, inciso II, da Lei
n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, estabelecendo critérios para o Zoneamento
Ecológico-Econômico do Brasil – ZEE, e dá outras providências.
• Resolução Conama n. 1, de 23 de janeiro de 1986 – Apresenta resoluções gerais
relativas ao meio ambiente.
• Resolução Conama n. 9, de 3 de dezembro de 1987 – Dispõe sobre a questão de
audiências públicas relacionadas ao meio ambiente.
• Resolução Conama n. 237, de 19 de dezembro de 1997 – Regulamenta os aspectos
de licenciamento ambiental estabelecidos na Política Nacional do Meio Ambiente.
2.
• Resíduos sólidos: “Resíduos nos estados sólidos e semissólidos, que resultam
de atividades da comunidade de origens industriais, domésticas, hospitalares,
comerciais, agrícolas ou de serviços de varrição. Ficam inclusos nesta definição
os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em
equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados lí-
quidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de
esgotos ou corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamen-
te inviáveis, em face da melhor tecnologia disponível” (NBR 10004, 2004a, p. 1).
• Resíduos Classe I – perigosos: “Aqueles que apresentam periculosidade, e em
função de suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas podem apre-
sentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente. Podem apresentar as seguintes
características: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxidade e patogeni-
cidade” (NBR 10004, 2004a).
• Resíduos Classe II A – não inertes: “Aqueles que não se enquadram nas classifica-
ções de resíduos classe I – perigosos ou de resíduos classe II B – inertes [...] [mas
que] podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade
ou solubilidade em água” (NBR 10004, 2004a, p. 5).
• Resíduos Classe II B – inertes: “Quaisquer resíduos que, quando amostrados de
forma representativa, [...] e submetidos a um contato dinâmico e estático com
água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, [...] não tiverem nenhum
de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de
potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor [...]”
(NBR 10004, 2004a, p. 5). Exemplos desses resíduos são rochas, tijolos, vidros,
plásticos e borrachas que não são decompostos facilmente.
• Reciclagem: “é um conjunto de técnicas de reaproveitamento de materiais descar-
tados, reintroduzindo-os no ciclo produtivo. É uma das alternativas de tratamen-
to de resíduos sólidos (lixo) mais vantajosas, tanto do ponto de vista ambiental
quanto do social: ela reduz o consumo de recursos naturais, poupa energia e água,
diminui o volume de lixo e dá emprego a milhares de pessoas” (BRASIL, 2017).
• Compostagem: É a reciclagem dos resíduos orgânicos, “uma técnica que permite
a transformação de restos orgânicos (sobras de frutas e legumes e alimentos em
geral, podas de jardim, trapos de tecido, serragem, etc.) em adubo. É um processo
biológico que acelera a decomposição do material orgânico, tendo como produto
final o composto orgânico” (BRASIL, 2017)
4.
1. Perspectiva da organização – a norma é utilizada para execução e avaliação dos
parâmetros utilizados pela instituição mercantil.
2. Perspectiva de produtos – as normas são empregadas para mensurar os possíveis
impactos causados pela produção ou, ainda, pelo produto propriamente dito.
Introdução
Responsabilidade
discricionária
Responsabilidade
ética
Responsabilidade
legal
Responsabilidade
econômica
Nos anos de 1970 e 1980, devido ao avanço das preocupações nos âmbitos social e am-
biental, inicia-se a conscientização ecológica, aumentando a exigência das atividades das
empresas e o alinhamento com a responsabilização social. Entretanto, foi somente na déca-
da de 1990 que as empresas se destacaram no âmbito da responsabilidade socioambiental,
principalmente com eventos como a Rio-92, sediada no Brasil, na qual se evidenciou a in-
tegração entre a sustentabilidade e as atividades empresariais. Com base nas conjecturas
resultantes dessas discussões, o conceito de responsabilidade social passou a ser perpetuado,
principalmente pelas ideias de preservação e sustentabilidade, em todo o mundo.
Nesse panorama, em 1997 foi criada a norma de certificação SA 8000 (Social Accountability
8000), a qual tinha como finalidade avaliar a responsabilidade social das empresas fornece-
doras e vendedoras. Já em 1999 foi estabelecida a norma AA 1000 (Accountability 1000), com
o objetivo de averiguar o processo de prestação de contas e as informações das empresas nos
âmbitos social, ambiental e financeiro.
Além disso, os anos 1990, de acordo com Schwartz e Carroll (2007), foram marcados
pela disseminação de temas complementares à RSC, como o desempenho social corpora-
tivo, a teoria dos stakeholders, a ética empresarial e a cidadania corporativa. Carroll (1991)
também “trouxe uma nova contribuição com o aperfeiçoamento de sua própria teoria, por
meio da revisão do seu modelo, propondo a substituição do topo da pirâmide, de discricio-
nária para filantrópica, permanecendo inalteradas as demais premissas” (CUNHA; LEMES;
TORTATO, 2015, p. 5).
Na década de 2000, ficou evidente o crescente interesse pelo tema desenvolvimento
sustentável ou sustentabilidade (CARROLL; SHABANA, 2010). O ano 2000 foi marcado
pelo lançamento do Pacto Global pelo secretário da Organização das Nações Unidas
(ONU), tendo o objetivo de estabelecer princípios universais sobre os direitos humanos,
trabalhistas e ambientais.
No ano de 2012, após duas décadas da conferência Rio-92, a ONU promove a Conferência
das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, ou Rio+20, com o intuito de reno-
var os compromissos assumidos na Rio-92. Nesse evento, as esperanças de que as empresas
e a sociedade atuem com responsabilidade ambiental foram restauradas.
Nesse mesmo contexto, muitos foram os marcos referenciais que ajudaram a estrutu-
rar o conceito de responsabilidade social corporativa, os quais são elencados por Oliveira
(2007): a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU; a Declaração da Organização
Internacional do Trabalho (OIT) sobre os princípios e os direitos fundamentais do trabalho;
a Declaração Tripartite de Princípios sobre Empresas Multinacionais e Política Social da
OIT; as Diretrizes para as Empresas Multinacionais da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE); a Declaração do Rio; e a Agenda 21 da ONU.
Atualmente, no Brasil a responsabilidade social corporativa vem tomando forma por
meio de várias iniciativas, como a criação e publicação do Balanço Social (conforme ob-
servamos em capítulos anteriores), o qual pode ser fundamentado na estrutura de mode-
los propostos pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais Econômicas (Ibase), pela Global
Reporting Initiative (GRI) e pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social.
Somandas a isso, outras iniciativas amplamente difundidas são realizadas pelas organiza-
ções, como acontece com o crescimento da quantidade de ações sociais, a busca pela interação
internacionais. No Brasil, foi lançada a versão em português da norma, a ABNT NBR ISO
26000, no dia 8 de dezembro de 2010 (ABNT, 2010).
Cumpre evidenciar que, embora seja uma norma, a ISO 26000 não é certificável, mas
fornece orientações para as melhores práticas de responsabilidade social, com uma série de
diretrizes e princípios acerca do tema. O conteúdo dos princípios que norteiam essa norma
está sintetizado a seguir (INMETRO, 2017):
• Accountability: responsabilidade pelas consequências das ações e decisões, respon-
dendo pelos impactos na sociedade, na economia e no meio ambiente, prestando
contas a órgãos de governança e demais partes interessadas e declarando os seus
erros e as medidas cabíveis para remediá-los.
• Transparência: fornecimento às partes interessadas – de forma acessível, clara,
compreensível e em prazos adequados – de todas as informações sobre os fatos
que possam afetá-las.
• Comportamento ético: ação de modo aceito como correto pela sociedade, com base
nos valores de honestidade, equidade e integridade, diante das pessoas e da na-
tureza, e de forma consistente com as normas internacionais de comportamento.
• Respeito pelos interesses das partes interessadas (stakeholders): consideração e res-
posta aos interesses de pessoas ou grupos de alguma forma envolvidos nas ativi-
dades da organização ou que por ela possam ser afetados.
• Respeito pelo Estado de Direito: o ponto de partida mínimo da responsabilidade
social é o cumprimento integral das leis do local onde a empresa está operando.
• Respeito pelas Normas Internacionais de Comportamento: adoção de prescrições
de tratados e acordos internacionais favoráveis à responsabilidade social, mesmo
que não haja obrigação legal.
• Direitos humanos: reconhecimento da importância e universalidade dos direi-
tos humanos, cuidando para que as atividades da organização não os agridam
direta ou indiretamente, zelando pelo ambiente econômico, social e natural
que requerem.
Entre esses princípios de responsabilidade social da ISO 26000, o a ccountability se desta-
ca como um dos mais importantes, uma vez que, para atender a esse princípio, é necessário
que a organização passe por etapas de fiscalização para avaliar possíveis impactos adversos
e, se necessário, responda publicamente por seus erros, indicando as ações que devem ser
tomadas para assegurar o adequado desenvolvimento sustentável.
Quadro 1 – Responsabilidade das organizações de acordo com os temas centrais da ISO 26000.
Social
Exemplo
Ecoeficiência • Otimização das relações entre consumo, geração de
bens e serviços e efeitos ambientais
Conclusão
O conceito de responsabilidade
socioambiental empresarial
(ORELLANO; QUIOTA, 2011, p. 472-473)
[...]
Atividades
1. Na estruturação histórica da RSC, Archie Carrol apresenta-se como um autor semi-
nal na área. Qual modelo de RSC Carrol criou? Explique as quatro premissas estabe-
lecidas em sua pirâmide.
Referências
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 26000:2010: diretrizes sobre responsa-
bilidade social. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: <http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/
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Resolução
1. Archie Carroll (1979) – autor que é referência para pesquisas científicas até os dias
atuais, no que tange à responsabilidade social corporativa, com uma abordagem es-
clarecedora –, apresenta a RSC estruturada sob quatro responsabilidades, que con-
sistem em expectativas da sociedade em relação às organizações em determinado
período. Elas são detalhadas a seguir:
2. A ISO 26000 surgiu como a primeira norma internacional de responsabilidade social em-
presarial. O conteúdo dos princípios que norteiam essa norma está sintetizado a seguir:
3.
Introdução
efeito estufa, da falta de água e de outras inúmeras calamidades. Por esse motivo, é necessá-
rio que o meio ambiente seja protegido e preservado.
Nesse contexto de crise ecológica, muitas discussões ambientais, do Estado e da socie-
dade em geral, têm como resultado normativas e leis nacionais e internacionais. Pode-se
observar, na prática, que o meio ambiente está sendo incluído como um novo direito consti-
tucionalmente protegido, inserido no âmbito dos direitos fundamentais de terceira geração2.
Ou seja, foi atribuída aos Estados, bem como às populações como um todo, a responsabili-
dade de manter o meio natural sadio e equilibrado.
Sobre essas normatizações, ressalta-se que são diferentes as maneiras com que os
Estados soberanos instituem as normas jurídicas para tutelar os recursos naturais em seus
territórios. Porém, o denominador comum entre esses países se refere à ideia de que o dever
de manter o meio ambiente sadio e equilibrado significa sobrevivência. Logo, ele, como bem
comum da população, torna-se um dos direitos fundamentais aos indivíduos, assim como a
liberdade, a dignidade da pessoa, a solidariedade, a fraternidade.
A partir dos anos de 1970, várias nações criaram um Estado Ambiental de Direito, ou
seja, despertou-se na sociedade o sentido do meio ambiente como bem vital para a humani-
dade. De acordo com Varella (2004, p. 22),
mesmo já existindo normas para proteção da natureza, o direito internacio-
nal do meio ambiente viu verdadeiramente a luz do dia no final dos anos
60 e início dos anos 70, e foi apenas a partir dos anos 80 que ele tomou uma
dimensão realmente mundial, com instrumentos aceitos pela maior parte da
comunidade internacional.
No que se refere ao Brasil, em 1981 é instituída a Política Nacional do Meio Ambiente
(Lei n. 6.938) e, em 1988, a Constituição traz em seu texto a implementação de um Estado
Ambiental de Direito. Os direitos humanos foram postulados na Carta Magna, tornan-
do-os direitos fundamentais. Logo, são diferentes no que se refere à sua eficácia, visto
que os direitos fundamentais são aqueles positivados em determinado sistema jurídico,
ou seja, que estão em melhor condição de serem efetivados e geram efeitos concretos. Já
os direitos humanos, reconhecidos internacionalmente, dependem de sua recepção na
ordem jurídica interna e, consequentemente, não produzem efeitos na mesma proporção
que os direitos fundamentais.
Portanto, os direitos fundamentais têm como premissa proteger pessoas físicas e
jurídicas e sua atuação ocorre dentro do território do Estado, que constitui as normativas
positivadas, porém eles intentam limitar a atuação deste diante da liberdade individual.
Dito isso, é importante destacar que esses direitos estão divididos em gerações – ou
dimensões. Conforme Sarlet (2009, p. 37), “a primeira geração ou dimensão dos direitos
fundamentais é justamente aquela que marcou o reconhecimento de seu status constitu-
cional material e formal”.
2 Em relação à definição conceitual dos direitos de terceira geração, Azevedo (2005, p. 47) afirma que “a
terceira geração pode ser entendida como os Direitos de Solidariedade, onde figuram os direitos à paz, ao
desenvolvimento, à autodeterminação dos povos e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado”.
Conclusão
[...]
Atividades
1. Existem alguns mecanismos que favorecem os agentes envolvidos no mercado, com
a perspectiva de preservação ambiental. Cite alguns desses mecanismos.
2. No intuito de que os resultados sejam os almejados, de acordo com May et al. (2005),
os instrumentos econômicos devem atuar em quatro frentes complementares. Quais
são elas?
Referências
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Tribunais, 2005.
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nov. 2017.
Resolução
1. Existem alguns mecanismos que favorecem os agentes envolvidos no mercado, com
a perspectiva de preservação ambiental. Entre eles, destaca-se a implantação do
ICMS Ecológico e a isenção do Imposto de Renda para as empresas que se utilizam
de tecnologias de aproveitamento sustentável.
Ano Ocorrências
1984 Primeira publicação de Balanço Social no Brasil – pela empresa Nitrofértil.
Lançamento do Balanço Social no mercado de capitais, patrocinado pelo Comitê
1986
de Divulgação do Mercado de Capitais (Codimec).
1991 Primeira publicação da Demonstração do Valor Adicionado – pela empresa Telebras.
A extinta Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) e o
1993
Banespa publicam sua Demonstração do Valor Adicionado do setor bancário.
Uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase)
busca evidenciar o Balanço Social e propõe um modelo, o qual foi gradativamen-
te adotado pelas empresas. Com o tempo, tal modelo foi aprimorado a fim de
melhorar a demonstração das ações sociais.
O Instituto Brasileiro de Contadores (Ibracon, atual Instituto dos Auditores
Independentes do Brasil) aprova a Norma de Auditoria Ambiental NPA n.
1996 11, a qual determina a correlação entre a contabilidade e o meio ambiente e a
participação dos esforços para defesa e proteção contra poluição e agressões
à vida humana e à natureza. O estabelecimento desse documento pode ser
considerado como um marco da contabilidade ambiental no Brasil, visto que
recomendava que as demonstrações contábeis e os relatórios da administra-
ção refletissem o posicionamento ecológico organizacional, mediante o cum-
primento rigoroso das metas ambientais, além das econômicas.
Verifica-se, nesse contexto, que o Estado busca moldar uma nova concepção do proces-
so produtivo dos fabricantes, ou seja, estimula o uso de tecnologias que não causem danos
ao meio ambiente. Logo, isso faz com que o meio ambiente seja preservado na fabricação do
bem ou serviço fabril.
Outro tributo extrafiscal que atua em favor do meio ambiente é o Imposto de Renda (IR),
pois permite que o contribuinte deduza os gastos realizados em prol da proteção ambiental,
conforme a Lei n. 5.106/66, que dispõe sobre os incentivos fiscais concedidos aos empreen-
dimentos florestais (BRASIL, 1966). Há, ainda, os decretos n. 93.607/86 (BRASIL, 1986a) e
n. 96.233/88 (BRASIL, 1988b), que preveem a dedução, no IR dos contribuintes, dos gastos
gerados pelos projetos de reflorestamento.
O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) configura-se também
como um imposto extrafiscal ambiental, visto que ele é menor para os veículos que não
geram poluição ao ambiente, como é o caso da redução do IPVA de veículos automotores
movidos a gás natural veicular (GNV), considerado o combustível mais limpo do mercado
e que reduz a emissão de gases nocivos à atmosfera.
Já em relação à legislação que regula a cobrança do Imposto Territorial Rural (ITR), a Lei
9.393/96 traz no seu artigo 10, § 1°, que:
A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, indepen-
dentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e
condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitando-se a ho-
mologação posterior: § 1° Para os efeitos de apuração do ITR, considerar-se-á: a)
construções, instalações e benfeitorias; b) culturas permanentes e temporárias; c)
pastagens cultivadas e melhoradas. (BRASIL, 1996)
Logo, verifica-se a isenção e a redução de tributos das áreas de interesse ambiental, vis-
to que o legislador pretende, com isso, que o proprietário do bem preserve o meio ambiente.
O estado pioneiro na implementação do ICMS Ecológico foi o Paraná, por meio da Lei
Complementar n. 59/91 (PARANÁ, 1991), tornando-se modelo para a multiplicação do im-
posto nos demais estados brasileiros. No exemplo paranaense, o sistema de funcionamento
do ICMS Ecológico está baseado em dois importantes critérios: as áreas protegidas e os
mananciais de abastecimento, sendo que o repasse de recursos ocorre da seguinte forma:
Do total do ICMS arrecadado pelo Estado do Paraná, 5% é destinado para os mu-
nicípios, proporcionalmente às unidades em função do tamanho, importância,
grau de investimento na área, manancial de captação e outros fatores.
Estes 5% são destinados aos municípios da seguinte forma:
• 50% para municípios que tenham em seu território Mananciais de Abastecimento,
cuja água se destina ao abastecimento da população de outro município;
• 50% para municípios que tenham integrado em seu território Unidades de
Conservação, Áreas de Terras Indígenas, Reservas Particulares do Patrimônio
Natural, Faxinais, Reservas Florestais Legais. (IAP, 2017)
Outro mecanismo estatal, em conformidade com o Código Nacional Tributário, é o tributo
do tipo taxa, cobrado pelo Estado pelo exercício do Poder de Polícia ou pela utilização de um
serviço público prestado ao contribuinte. No caso específico das taxas no âmbito da preservação
ambiental, é importante destacar que elas fazem com que o contribuinte que se utiliza do bem
ecológico pague por esse uso, além de serem empregadas na fiscalização e no monitoramento
das atividades mercantis que possam lesionar o meio ambiente. Logo, por meio das taxas, o
Estado repassa os custos de preservação e recuperação do meio ambiente aos contribuintes.
A Lei n. 10.165, de 27 de dezembro de 2000, pode ser considerada um exemplo da utili-
zação da taxa no âmbito ambiental, visto que institui como fato gerador o Poder de Polícia
exercido quando o Ibama fiscaliza as atividades que podem gerar dano ambiental ou que se
utilizam de recursos do meio ambiente (BRASIL, 2000).
Outro tipo de tributo que é utilizado como mecanismo de prevenção ou reparação a
danos ambientais é a contribuição de melhoria. Esse imposto tem como fato gerador a va-
lorização dos imóveis particulares. Logo, quando o Estado faz uma obra que valoriza um
imóvel, esse custo pode ser cobrado do indivíduo dono do imóvel. Dessa forma, quando
uma obra estatal tiver como objetivo a preservação do meio ambiente e implicar no aumento
do valor do imóvel dos vizinhos, o Estado poderá, por meio de contribuição de melhoria,
cobrar o custo da obra dos que são donos dos imóveis valorizados.
Assim, por meio da cobrança da contribuição de melhoria, o Estado tem o ressarcimen-
to dos custos com a preservação ou a recuperação ambiental, mas somente nos casos em
que ocorrem valorização do imóvel do contribuinte. Pode-se entender, portanto, que muitas
vezes os poluidores podem deixar de causar danos, visto que serão responsáveis pelo paga-
mento desses custos.
Em suma, verifica-se que os tributos podem ser um mecanismo de defesa ambiental, a
fim de que a exploração econômica seja feita de forma sustentável. Desse modo, o Estado
deve atuar não só na economia, mas também na manutenção do direito a um meio ambiente
equilibrado para toda a sociedade.
[...]
Nesse sentido, Oliveira percebe que o sistema tributário “pode atuar com-
plementarmente ao sistema administrativo de licenças ambientais, que é
indispensável à preservação e ao combate da poluição; também se revela
útil na preservação dos recursos ambientais, adequando as espécies tribu-
tárias à tributação ambiental” (1995, p. 27).
4. Sob a perspectiva dos tributos ambientais, quais são as duas formas de arrecadação
tributária? Explique as particularidades de cada uma.
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Resolução
1. A NPA n. 11 determina a correlação entre a contabilidade e o meio ambiente e a par-
ticipação dos esforços para defesa e proteção contra poluição e agressões à vida hu-
mana e à natureza. O estabelecimento desse documento pode ser considerado como
um marco da contabilidade ambiental no Brasil, visto que recomendava que as de-
monstrações contábeis e os relatórios da administração refletissem o posicionamento
ecológico organizacional, mediante o cumprimento rigoroso das metas ambientais,
além das econômicas.