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MBA EM GESTÃO DO
AGRONEGÓCIO
2013
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CAPÍTULO 1
1 - O Agronegócio Brasileiro
Justificativa
Objetivos
Até hoje, a maioria das pessoas ainda pensa que a agricultura se restringe a
arar o solo, plantar semente, fazer colheita, ordenhar vacas ou alimentar os animais.
Esse, na realidade, foi o conceito de agricultura que perdurou até o início dos anos
da década de 1960. Contudo, a chamada industrialização da agricultura, a qual
tem gerado crescente dependência da agropecuária com o setor industrial, como
resultado das grandes transformações tecnológicas incidentes sobre o setor rural,
fez com que a agropecuária sofresse uma radical mudança de concepção.
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No início deste capítulo, já foi dado o primeiro passo para que se entendam
as atividades de produção-distribuição e consumo como integrantes de um sistema,
quando foi abordada a visão sistêmica da agropecuária, seja por meio dos estágios
integrados ou de coordenação de atividades de produção-distribuição. Numa outra
visualização, o sistema de agronegócio (sistema de alimentos e fibras, agribusiness
ou complexo agroindustrial) pode ser representado conforme mostra a figura 1.1.
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Esse sistema de alimentos, fibras e energia renovável está ficando cada vez
mais conhecido e referido como agronegócio. O termo agronegócio foi cunhado por
dois economistas norte-americanos, John H. Davis e Ray A. Golberg, num
congresso sobre distribuição de alimentos, ocorrido em 1957. Davis e Golberg
definiram agronegócio como a contribuição à atividade econômica requerida para
que os alimentos, o vestuário, os calçados e o fumo cheguem aos consumidores
domésticos e, também, para apoiar as exportações agrícolas.
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três setores são partes interrelacionadas de um sistema, no qual uma parte depende
fundamentalmente da outra.
O Conceito
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Fonte: Anais do Simpósio da International Agronegócio Management Association (IAMA), 1992, pg. 221.
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Uma técnica conhecida como modelo insumo-produto procura explicar a interdependência das atividades de produção das
várias diferentes indústrias que compõem a economia. A interdependência “capturada” no modelo advém do fato de que cada
indústria emprega os produtos (“outputs”) das outras indústrias como suas matérias-primas (“inputs”). Além disso, seu produto
pode ser usado por outros produtores ou indústrias, como um fator de produção.
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É por isso que se diz que a importância da agropecuária de um país não pode
ser medida apenas pelo valor de sua produção “dentro da porteira” da propriedade
rural, como é o caso dos Estados Unidos que representa um pouco menos de 3% do
seu produto interno bruto (PIB) e cerca de 8% de sua população. Evidentemente
isso não conta toda a história e, ao mesmo tempo, distorce a realidade.
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Valor da Valor
Principais Setores Produção Adicionado
US$ Bilhões % US$ Bilhões %
1 – Insumos e Máquinas Agrícolas 234,0 1,6 234,0 10,0
2 – Produção Agropecuária 421,2 2,8 187,2 8,0
2.1 – Agrícola 180,7 1,2 91,2 3,9
2.2 – Pecuária 210,6 1,4 79,5 3,4
2.3 – Florestal e outras 29,9 0,2 16,4 0,7
3 – Processamento (Agroindústria) e
2.339,6 16,0(*) 1.918,4(**) 82,0
Distribuição
A – Total do Agronegócio (1+2+3) - - 2.339,6 100
B – Demais Setores da Economia 12.280,8 84,0 - -
Total do PIB dos EUA (A+B) 14.620,0 100 - -
Fonte: USDA, Ohio State University e Bureau of Economic Analysis (BEA) – U.S. Department of
Commerce (2011), com cálculos dos autores.
(*) O processamento e a distribuição participam com 11,6%.
(**) Desse valor, a agroindústria contribui com 52%, os atacadistas e varejistas com 27% e os
serviços ligados aos alimentos (restaurantes, bares e lanchonetes) com 21%.
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a) 21,8% do PIB (Produto Interno Bruto) que foi de R$ 4,0 trilhões, ou seja, R$
879,1 bilhões;
d) Cerca de 45% dos gastos ou do consumo das famílias brasileiras (R$ 1,0
bilhão em 2010);
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Quanto aos insumos agrícolas, pode-se afirmar que eles se constituem num
importante setor do agronegócio. Esse setor fornece aos agropecuaristas os bens
de produção de que eles necessitam para operacionar suas atividades. Entre os
principais fatores de produção adquiridos pelos produtores rurais estão: sementes,
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Isso quer dizer que, em média, cada um dos quase dois milhões de
produtores rurais norte-americanos “gasta” aproximadamente US$ 60 mil por ano
com insumos gerados no setor secundário.
Máquinas
23,1%
Fertilizantes
19,2%
Rações
30,8%
Sementes
Demais Defensivos Defensivos 7,7%
insumos animais agrícolas
6,1% 5,4% 7,7%
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Outro importante diferencial a ser registrado entre os dois países é o fato de,
no Brasil, o valor dos produtos agrícolas (US$ 76,2 bilhões) ser superior ao valor dos
produtos pecuários (US$ 56,1 bilhões), enquanto, nos Estados Unidos, ocorre o
contrário (Tabela 1.4 e Figura 1.11).
Na realidade, isso tem muito a ver com o nível de renda dos consumidores,
pois, os produtos de origem animal, por serem mais nobres e de maior valor por
unidade de peso, têm o consumo “per capita” aumentado entre os consumidores de
nível de renda mais elevado, como é o caso dos EUA, cuja renda por habitante é
bem superior à que ocorre no Brasil.
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Fonte: CEPEA, IBGE, ABIA, FGV e AGROCERES para 1980 e Estimativa dos Autores para 2011.
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Até hoje, a maioria das pessoas ainda pensa que a agricultura se restringe à
arar o solo, plantar semente, fazer colheita, ordenhar vacas ou alimentar os animais.
Esse, na realidade, foi o conceito de agricultura que perdurou até o início dos anos
da década de 1960. Contudo, a chamada industrialização da agricultura, a qual tem
gerado crescente dependência da agropecuária do setor industrial, como resultado
das grandes transformações tecnológicas incidentes sobre o setor rural, fez com que
a agricultura sofresse uma radical mudança de concepção, criando com isso o
agronegócio.
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