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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

 
PÓS-GRADUAÇÃO MBA – GESTÃO DO AGRONEGÓCIO  

 
 
 
 
MÓDULO
 

LOGÍSTICA E PLANEJAMENTO DE PRODUÇÃO 

Prof. Dr. Vanderlei Moraes Corrêa da Silva

 
 
 
 
 
 

 
 
SUMÁRIO 
 
1.0  Paradoxo da Logística.................................................................................................................3 
   1.1 Aplicações de TI para a Logística.............................................................................................   5  
 
2.0  O Agronegócio como um sistema............................................................................................. 6 
    2.1 Estrutura dos sistemas agroindustriais................................................................................... 8 
    2.2 Antes da porteira................................................................................................................... 8 
    2.3 Dentro da Porteira................................................................................................................. 9 
    2.4 Depois da porteira................................................................................................................12 
 
3.0 LOGÍSTICA EM AGRONEGÓCIO.................................................................................................15 
    3.1  A Logística de suprimentos..................................................................................................16 
    3.2  A logística das operações de apoio à produção agropecuária................................................16 
    3.3  A logística de distribuição....................................................................................................17 
    3.4  Armazenagem.....................................................................................................................17 
    3.5  Logística de transporte........................................................................................................18 
 
4.0 Referências Bibliográficas........................................................................................................21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 

 
 
Conceito de   Logística e o Gerenciamento da Cadeia de 
Suprimentos (SCM) 
 
1.0  Paradoxo da Logística 

A  Logística  é  um  verdadeiro  paradoxo.  É,  ao  mesmo  tempo,  uma  das  atividades  econômicas  mais 
antigas e um dos conceitos gerenciais mais modernos. Desde que o homem abandonou a economia 
extrativista, e deu início às a tividades  produtivas organizadas, com produção  especializada e troca  
dos excedentes com  outros  produtores,  surgiram  três  das  mais  importantes  funções   logísticas,  
ou  seja,   estoque, armazenagem  e  transporte.  A produção em excesso, ainda não consumida, vira 
estoque.  Para garantir sua   integridade,   o estoque  necessita  de  armazenagem.   E  para  que  a  
troca  possa    ser    efetivada,    é  necessário  transporta‐lo  do  local  de  produção  ao  local  de  consumo.  
Portanto, a função logística é muito antiga, e seu surgimento se confunde com a origem da atividade 
econômica organizada. 

O  que  vem  fazendo  da  Logística  um  dos  conceitos  gerenciais mais modernos são  dois conjuntos 
de  mudanças,    o    primeiro      de    ordem    econômica,    e    o  segundo      de      ordem    tecnológica.        As   
mudanças  econômicas  criam  novas  exigências  competitivas,  enquanto  as  mudanças  tecnológicas 
tornam  possível  o  gerenciamento    eficiente    e    eficaz    de    operações    logísticas  cada  dia  mais 
complexas  e  demandantes.    A  Tabela  1.0    apresenta  uma  lista  das  principais  mudanças  econômicas 
que vêm tornando a  logística mais complexa e demandante. 

Tabela 1.0 Principais mudanças econômicas que afetam a Logística. 

  Globalização 
Aumento das incertezas econômicas 
 
Proliferação de produtos 
Menores ciclos de vida de produtos 
 
Maiores exigências de serviços 
 

Globalização significa, entre outras coisas, comprar e vender em diversos locais ao redor do mundo.  
As  implicações  desse  fenômeno  para  a  Logística  são  várias  e  importantes.  Aumentam  o  número  de 
clientes  e  os  pontos  de  vendas,  crescem  o  número  de  fornecedores  e  os  locais    de    fornecimento,  
aumentam as distâncias a serem  percorridas e  a complexidade  operacional, envolvendo legislação, 
cultura e modais de transporte. Tudo isso se reflete em maiores custos e aumento da complexidade 
logística. 

No  rastro  da  globalização,  surge o aumento  da  incerteza  econômica.  A  crescente  troca  de  bens 
e  serviços    entre    as    nações,  aumentou    substancialmente  a  interdependência  e  a  volatilidade 
econômica. Mudanças  ou crises nacionais têm  reflexo  regional  imediato,  e  tendem  a  espalhar‐se   

 
numa    escala  mundial.  Mudança  de  câmbio,  recessão,    novas  regulamentações  sobre  comércio 
exterior,    aumento  do  preço  do  petróleo  são  fatores  de  incerteza  no  dia‐a‐dia  da  economia 
globalizada.    Para a Logística, que precisa atuar em antecipação à demanda produzindo e colocando o 
produto  certo,  no  local  correto,    no  momento  adequado  e  ao  preço  justo,  o  aumento  da  incerteza 
econômica cria grandes dificuldades para a previsão de vendas e o planejamento de atividades. 

A  proliferação  de  produtos  é  um  fenômeno  que  vem  generalizando‐se,  e    representa  uma  resposta 
das  empresas    aos    efeitos    da  globalização    e    da  desregulamentação    econômica  que  marcou  o 
mundo nas duas últimas décadas. Para onde quer que se olhe ela está presente.    Do tênis às antigas 
commodities, passando   pelos   automóveis,   produtos   eletrônicos,   vestuário,   alimentos,   higiene   
e   limpeza,   a proliferação   de   produtos  é  inquestionável.  Apenas  como  um  exemplo,  nos dias 
de  hoje  é  possível  encontrar      cerca      de      200      diferentes      alternativas    de    dentifrícios      (  
considerando  marca,  tamanho, embalagem  e  sabor )  numa  única  loja de supermercado de grande 
porte nos EUA. O impacto sobre a Logística   não   poderia   ser   maior.   Aumento   no   número   de   
insumos  e  de  fornecedores,  maior complexidade  no  planejamento e controle da produção,  maior 
dificuldade  para  custeio  de  produtos  e  para  planejar  e  controlar  os  estoques,    maior  dificuldade  na 
previsão de vendas. Tudo isso se refletindo em maiores custos e mais complexidade logística. 

Ciclos  de  vida  mais  curtos  são  conseqüência  direta  da  política  de  lançamentos  contínuos  e  cada  vez 
mais  rápidos    de    novos    produtos.    Novos  produtos  tendem  a  tornar  obsoletos  produtos  antigos, 
diminuindo  portanto  seu  ciclo  de  vida.  Exemplos  paradigmáticos  desse  fenômeno  podem  ser 
encontrados nos setores de informática e vestuário. O prazo médio entre lançamentos de modelos de 
computadores pessoais é de três a quatro meses. Cada novo modelo gera obsolescência tecnológica 
nos  modelos  antigos.  Como  conseqüência,  os  estoques  que  se  encontram  no  canal  de  distribuição 
perdem valor imediatamente, e precisam ter seus preços remarcados. 

Mudanças  no  ambiente  competitivo  e  no  estilo  de  trabalho  vêm  tornando  clientes  e  consumidores 
cada  vez  mais  exigentes.  Isso  se  reflete  em  demanda  por  níveis  crescentes  de  serviços  logísticos.  A 
forte  pressão  por  redução  de  estoques  vem  induzindo  clientes  institucionais  para  compras  mais 
freqüentes e em menores quantidades, com exigência de prazos de entrega cada vez menores, livres 
de  atrasos  e  erros.  Por  outro  lado,  o  consumidor  final,  com  seu  estilo  de  vida  crescentemente 
marcado  pelas  pressões  do  trabalho,  valoriza  cada  vez  mais  a  qualidade  dos  serviços  na  hora  de 
decidir que produtos e serviços comprar. A demora ou inconsistência na data de entrega, ou a falta de 
um produto nas prateleiras do varejo, crescentemente implica vendas não realizadas, e até mesmo a 
perda  de  clientes.  O  surgimento  da  Internet  e  das  aplicações  de  e_commerce  tem  contribuído 
significativamente para aprofundar esse comportamento. 

Em seu conjunto, esse grupo de mudanças econômicas vem transformando a visão empresarial sobre 
Logística,  que  passou  a  ser  vista  não  mais  como  uma  simples  atividade  operacional,  um  centro  de 
custos,  mas  sim  como  uma  atividade  estratégica,  uma  ferramenta  gerencial,  fonte  potencial  de 
vantagem competitiva. 

A  exploração  da  Logística  como  arma  estratégica  é  o  resultado  da  combinação  de  sua  crescente 
complexidade, com a utilização intensiva de novas tecnologias. Na base dessas novas tecnologias está 
a  revolução  da  Tecnologia  de  Informações  –  TI‐,  que  vem  marcando  o  cenário  mundial  nas  últimas 

 
décadas. A tabela abaixo apresenta algumas das principais aplicações de TI para a operação e gestão 
logística. Essas aplicações podem ser classificadas em dois grandes grupos, hardware e software. 

1.1 Aplicações de TI para a Logística. 

  Aplicações Hardware  Aplicações Software 

  Microcomputares  Roteirizadores 
Palmtops  WMS (2) 
  Códigos de barra  GIS (3) 
Coletores de dados  DRP (4) 
  Rádio frequência  MRP (5) 
Transelevadores  Simuladores 
  Sistemas GPS  (1)  Otimização de redes 
Computadores de bordo  Previsão de vendas 
  Picking automático  EDI (6) 

1 GIS     ‐  Geographical Information System ( Sistemas deInformação Geográfico ) 
2 WMS  ‐ Warehouse  Management System ( Sistemas de Gerenciamento de Armazém ) 
3 GIS      ‐ Geographical Information System ( Sistemas de Informação Geográfica ) 
4 DRP    ‐  Distribution Resource Planning ( Planejamento dos Recursos de Distribuição ) 
5 MRP   ‐  Manufacturing Resource Planning ( Planejamento dos Recursos de Manufatura ) 
6 EDI      ‐  Electronic Data Interchange ( Intercâmbio Eletrônico de Dados ) 
 
 
Combinadas,  essas  aplicações  de  tecnologia  permitem  otimizar  o  projeto  do  sistema  logístico  e 
gerenciar de forma integrada e eficiente seus diversos componentes, ou seja, estoques armazenagem, 
transporte,  processamento  de  pedidos,  compras  e  manufatura.  À  medida  que  as  novas  medidas 
econômicas  tornam  a  Logística  mais  complexa  e  potencialmente  mais  cara,  cresce  a  importância  da 
utilização  das  tecnologias  de  informação,  instrumento  fundamental  para  gerenciar  a  crescente 
complexidade de forma eficiente e eficaz. 
Mas a Logística não é apenas mais uma ferramenta gerencial moderna.  
 
Ela  é  também  uma  importante  atividade  econômica,  contribuindo  de  forma  significativa  para  a    
estrutura  de  custos  das  empresas,  assim  como  para  o  Produto  Interno  Bruto  das  nações. 
Levantamentos realizados nos EUA indicam que os gastos com Logística equivalem a cerca de U$ 700 
bilhões, o equivalente ao PIB brasileiro. Embora não existam levantamentos específicos, estima‐se que 
no  Brasil  os gastos  com  as  atividades  logísticas  correspondam  a    cerca  de  17%  do  PIB,  com  base  no 
fato  de  que  os  gatos  com  transporte  correspondem  a  10%  do  PIB,  e  que  na  média  o  transporte 
corresponde a 60% dos custos logísticos. 
 

 
 No âmbito das empresas a Logística tem uma importância econômica significativa. A tabela abaixo 
apresenta a composição dos custos  e margem típicas de uma empresa industrial representativa. 

Margem 8% 

Custos  Logísticos 19% 

Custos de Marketing 20% 

Custos de Produção 53% 

 
 
 
2.0  O Agronegócio como um sistema 
 
Desde que as relações entre os setores de uma organização, ou mesmo as relações entre duas ou mais 
organizações  têm  sido  investigadas  através  de  uma  perspectiva  que  busque  a  compreensão  das 
diversas  vantagens  e  restrições  possíveis  decorrentes  dessas  interações,  o  conceito  de  sistema  tem 
sido aplicado para ilustrar interdependências entre as partes para compor um todo mais amplo. 
O  ambiente  econômico  e  social  no  qual  o  agronegócio  está  inserido  tem  se  tornado  cada  vez  mais 
complexo  e  diversificado.  O  que  anteriormente  era  entendido  como  uma  exploração  econômica  de 
propriedades  rurais  isoladas  é  parte  de  um  amplo  espectro  de  inter‐relações  e  interdependências 
produtivas, tecnológicas e mercadológicas. 
Com a globalização e integração dos mercados, o conceito de sistemas tem permitido a interpretação 
e  concepção  de  arranjos  institucionais  voltados  para  atividades  econômicas  que  atentam  tanto 
mercado doméstico quanto ao mercado internacional. 
Os  recentes  processos  de  consolidação  dos  diversos  blocos  econômicos  se  defrontam  com  a 
necessidade  de  organizar  as  interdependências  em  escala  global,  dando  visibilidade  para 
competências específicas localizadas em certas regiões, bem como evidenciando restrições, limitações 
e vulnerabilidades. 
A  dinâmica  é  uma  característica  inerente  aos  sistemas,  tornando‐se  fundamental  o  entendimento  e 
abrangência da sinergia. Para Stoner e Freeman (1999), sinergia significa a influência que a interação 
cooperativa entre as diferentes partes que compõem um sistema torna seus resultados melhores do 
que a soma dos resultados obtidos individualmente. 
Desde que o ambiente rural passou a ser investigado com maior interesse, o tradicional setor primário 
(caracterizado  principalmente  pelo  tripé  agricultura‐pecuária‐extrativismo)  tem  se  transformado  em 
agronegócio  (diversificado‐moderno‐complexo).  As  propriedades  rurais  agora  são  entendidas  como 
organizações  agroindustriais.  A  conotação  profissional  dada  ao  termo  agronegócio  é  reponsável  por 
uma  mudança  de  paradigma  sem  precedentes  no  meio  rural  e  admite  referências  sobre  novas 
modalidades de empreendimentos. Esta maior complexidade tem exigido a configuração de uma visão 
sistêmica sobre ele. 
Considerando  aspectos  ligados  à  visão  integrada  sobre  o  ambiente  agroindustrial,  Batalha  e  Silva 
(2001)  afirma  que  há  divergências  sobre  a  nomenclatura  apropriada  para  representar  cada  um  dos 
diversos primas pelos quais ele tem sido estudado, destacando as seguintes expressões: 

 
 
 sistema agroindustrial; 
 complexo agroindustrial; 
 cadeia de produção agroindustrial. 
 
Considerando uma visão sistêmica sobre o agronegócio, Araújo (2005) afirma que esta compreensão 
insere  todos  os  componentes  e  inter‐relações,  tornando‐se  uma  ferramenta  indispensável  aos 
gestores,  sejam  estes  públicos  ou  privados,  para  tornar  possível  a  elaboração  e  implementação  de 
políticas e estratégias dotadas de maior capacidade preditiva e eficiência. 
 
Pode  se  considerar  que  há  uma  interdependência  entre  os  diversos  agentes  participantes  de  um 
sistema  agroindustrial.  Eventuais  perturbações  em  qualquer  um  dos  elos  do  sistema  trarão 
conseqüências  para  os  demais  elos.  Para  Araújo  (2005),  o  agronegócio  envolve  as  mais  diversas 
funções, a saber: 
 
 suprimentos   à produção agropecuária; 
 produção agropecuária; 
 transformação; 
 acondicionamento; 
 armazenamento; 
 distribuição; 
 consumo; 
 serviços complementares. 

Consumidor

Industrial  Varejista Institucional

Processador

ESTRUTURAS DE COORDENAÇÃO 
Mercados  INFRA‐ESTRUTURA E SERVIÇOS 
Produtor Trabalho 
Mercados Futuros 
Programas Governamentais  Crédito 
Agências Governamentais  Transporte 
Cooperativas  Energia 
Fornecedor Tecnologia 
Joint Ventures 
Integração  Propaganda 
. Contratual  Armazenagem 
. Vertical  Outros Serviços 
Produtor        
Agências de Estatística 
Matéria ‐ Prima
Firmas Individuais 
 
 
Fonte : Shelman, 1991 apud Ziybersztajn, 2000 

 
 
 
Figura 1.1   Sistema agroindustrial 
 
Esta perspectiva gerada pela visão sistêmica tem contribuído para o desenvolvimento do agronegócio 
através da organização de arranjos cada vez mais complexos, mas invariavelmente mais eficientes  e 
cooperativos. 
 
2.1 Estrutura dos sistemas agroindustriais 
 
Os  sistemas  agroindustriais  podem  ser  constituídos  considerando  diferentes  perspectivas.  Para  dar 
uma  conotação  interpretativa  lógica  que  possa  representar  estas  particularidades,  qualquer  analista 
precisa,  antes  de  qualquer  outra  tarefa,  considerar  todos  os  setores  envolvidos,  bem  como  as 
organizações que efetivamente atuam em cada um deles, a saber: 
 
 antes da porteira; 
 dentro da porteira; 
 depois da porteira. 
 
Megido e Xavier (2003) destacam os principais aspectos relacionados aos três segmentos do sistema 
agroindustrial, que são: (a) antes da porteira; (b) dentro da porteira; (c) depois da porteira. 
Cada um desses setores possui características particulares. No entanto, todos formam uma estrutura 
sistêmica  de  interdependências,  em  que  o  sucesso  de  todos  está  vinculado  ao  êxito  das  partes 
individualmente. 
 
2.2 Antes da porteira 
 
Substanciais  investimentos  privados  têm  sido  direcionados  para  o  desenvolvimento  tecnológico  de 
insumos, bens de produção e serviços para produção agropecuária, além de fusões, associações, joint 
ventures, acordos de cessão de tecnologias e compras de empresas em escala global. 
O segmento antes da porteira representa o ponto de origem para qualquer sistema agroindustrial e 
pode ser subdividido em dois subsetores distintos, a saber: 
 
 produção e disponibilização de insumos para o agronegócio; 
 prestação de serviços voltados para o agronegócio. 
 
Sobre os insumos relativos ao agronegócio, podem‐se destacar os fatores de produção que tornam a 
exploração agroindustrial possível e viável. 
Fazem  parte  deste  segmento  máquinas,  equipamentos,  fertilizantes,  componentes  químicos, 
medicamentos  veterinários,  vacinas,  compostos  orgânicos,  melhoramentos  genéticos,  sementes, 
rações e implementos. 
Em relação aos serviços voltados para o agronegócio, podem‐se destacar atividades desenvolvidas por 
instituições  que  atuam  na  prospecção  e  desenvolvimento  de  conhecimento  sobre  o  ambiente 
econômico e institucional do agronegócio, bem como para a concepção de novas tecnologias. 
Podem  ser  destacados  os  serviços  vinculados  à  pesquisa  agropecuária,  extensão  rural,  elaboração  e 
análise  de  projetos  agroindustriais,  créditos  e  financiamentos  para  o  meio  rural,  capacitação  de 
recursos  humanos,  infra‐estrutura,  análises  laboratoriais,  consultoria  empresarial  especializada, 
assessoria jurídica e técnica, monitoramento e rastreabilidade, tecnologias de informações e auxílio à 
exportação. 

 
Dentre as instituições que tradicionalmente têm contribuído para o desenvolvimento do agronegócio 
brasileiro, podem ser destacadas as seguintes: 
 
 
 
 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA); 
 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA); 
 secretarias estaduais de agricultura/produção rural; 
 institutos estaduais de pesquisa agropecuária; 
 universidades; 
 centros de pesquisas. 
 
Percebe‐se que há uma ampla variedade de elementos ativos relacionados ao setor antes da porteira 
que  podem  exercer  considerável  interferência  sobre  o  desenvolvimento  e  consolidação  do 
agronegócio. 
Cabe  às  instituições  públicas  e  privadas  a  busca  por  competências  e  qualificação  para  o 
desenvolvimento  das  diversas  atividades  econômicas,  sejam  elas  técnicas  tecnológicas,  humanas  ou 
até  mesmo  logísticas  para  estruturar  este  segmento  responsável  pelas  etapas  iniciais  dos  sistemas 
agroindustriais. 
 
2.3 Dentro da Porteira 
 
A  produção  agroindustrial  também  tem  mostrado  indícios  de  concentração  produtiva  associada  a 
incrementos de produtividade e eficiência, caracterizando uma mudança nos padrões tecnológicos e 
organizacionais do agronegócio, reduzindo a participação relativa da produção agroindustrial oriunda 
dos pequenos produtores em relação à produção global. 
O  segmento  dentro  da  porteira  abrange  todas  as  atividades  produtivas  propriamente  ditas, 
representando distintas formas de exploração econômica dos fatores produtivos disponíveis para os 
diferentes sistemas agroindustriais, sendo  subdivididos em diferentes subsetores, a saber: 
 
 atividades agrícolas; 
 atividades pecuárias; 
 atividades de transformação; 
 serviços; 
 atividades complementares. 
 
a) Atividades agrícolas 
 
As  atividades  agrícolas  destacam‐se  desde  o  processo  que  abrange  o  preparo  do  solo,  as  tarefas  de 
manejos, podas e colheita, até a realização das atividades pós‐colheita, tais como transporte interno, 
armazenamento apropriado, classificação e embalagem dos produtos através da agricultura. 
As atividades agrícolas podem ser classificadas em função dos ciclos biológicos das diversas culturas 
exploradas como perenes, semi‐perenes e anuais. 
As culturas agrícolas de ciclos perenes são plantações que podem gerar produtos por muitos anos sem 
haver a necessidade de novo plantio e sem a morte vegetal, tais como cajueiro, mangueira, limoeiro, 
jabuticaba e coqueiro. 
As culturas agrícolas de ciclos semi‐perenes são plantações que podem gerar produtos diversas vezes 
sem  haver  novos  plantios  e  sem  a  ocorrência  da  morte  do  vegetal,  tais  como  bananeira,  cana‐de‐
açúcar e mamoeiro. 

 
As  culturas  agrícolas  de  ciclos  anuais  são  plantações  nas  quais  o  ciclo  vegetal  é  completado  em  um 
período  inferior  a  um  ano,  gerando  produtos  apenas  uma  vez  e,  para  iniciar  um  novo  ciclo,  faz‐se 
necessária repetição de todo o processo agrícola, tais como feijão, arroz, milho e soja. 
Outro  componente  relevante  para  as  atividades  agrícolas  está  relacionado  ao  grau  de  tecnologias 
aplicadas. O uso de tecnologias dependerá de fatores diversos, tais como disponibilidade de recursos 
financeiros, recursos humanos qualificados e características topográficas da região. 
Tradicionalmente, as tecnologias adotadas nas atividades agrícolas têm sido inseridas para a irrigação 
das  plantações  e  para  a  colheita  de  safras.  Contudo,  cada  vez  mais  as  inovações  tecnológicas  e  o 
desenvolvimento de novas máquinas e equipamentos têm oferecido alternativas para os produtores 
rurais. 
A automação dos processos de limpeza, classificação, embalagem e armazenamento tem contribuído 
de maneira significativa para o crescimento da produtividade da agricultura, maximizando o uso dos 
recursos  disponíveis  e  aumentando  a  capacidade  de  geração  de  renda  e  divisas  externas.  Pode‐se 
ainda destacar a importância da padronização dos produtos agrícolas e dos selos de qualidade como 
fatores que incorporam valor aos preços dos produtos agrícolas. 
 
b) Atividades pecuárias 
 
As atividades pecuárias abrangem diversos tipos de rebanhos e cada um deles possui particularidades, 
tanto no que se refere às atividades operacionais de manejo, quanto aos fatores biológicos inerentes a 
cada uma das espécies criadas. 
 
    As principais atividades relacionadas à criação de rebanhos na pecuária são: 
 
 bovinocultura; 
 suinocultura; 
 avicultura; 
 bubalinocultura; 
 caprinocultura; 
 ovinocultura. 
 
 
As  atividades  pecuárias  podem  ser  desenvolvidas  a  partir  de  distintos  sistemas  de  criação.  Araújo 
(2005)  aponta  que  as  modalidades  de  sistemas  de  criação  pecuária  são  os  sistemas  intensivo, 
extensivo e semi‐intensivo. 
 
Os sistemas intensivos são caracterizados pelo uso de tecnologias mais sofisticadas, maior volume de 
capitais  imobilizados  (construções,  equipamentos  de  suporte,  máqujinas  e  materiais  de  apoio), 
alimentação  preparada  e  balanceada,  acompanhamento  contínuo  de  especialistas  (veterinários  e 
zootecnistas,  dentre  outros),  recursos  humanos  mais  qualificados,  maior  capital  de  giro  e  gestão  de 
alto  nível.  Também  são  levados  em  consideração  os  padrões  genéticos  desejados,  bem  como  maior 
produtividade e controle de doenças. 
Os  sistemas  extensivos  são  caracterizados  por  grandes  áreas  nas  quais  os  rebanhos  são  mantidos 
soltos,  o  uso  de  tecnologia  é  restrito  a  certas  tarefas.  Há  um  baixo  nível  de  investimentos  em 
construções e equipamentos. A alimentação se baseia nos pastos existentes. O acompanhamento do 
rebanho por parte de especialistas (veterinários e zootecnistas) é esporádico e periódico. Os recursos 
humanos  possuem  baixa  qualificação  e  o  capital  de  giro  necessário  é  reduzido.  A  produtividade  é 
menor que a observada em sistemas intensivos. 

10 

 
Os  sistemas  semi‐intensivos  representam  configurações  hibridas,  que  possuem  traços  dos  sistemas 
intensivos e dos sistemas extensivos. Geralmente, os rebanhos se alimentam dos pastos, mas recebem 
complementos balanceados para elevar a produtividade. 
 
c) Atividades de transformação 
 
As atividades de transformação são os processos pelos quais as matérias‐primas oriundas de produtos 
agrícolas  ou  animais  são  processadas  e  modificadas  para  a  obtenção  de  produtos  derivados  que 
possuem  características  próprias,  bem  como  das  atividades  ligadas  ao  transporte  interno, 
armazenamento apropriado, classificação e embalagem, tais como, geléia, requeijão, polpa de frutas, 
sucos concentrados e açúcar. 
Outro fator relevante a ser considerado para as atividades de transformação está relacionado à base 
tecnológica utilizada. Esta tecnologia dependerá das especificações de mercado a serem atendidas, às 
preferências dos consumidores e às barreiras de mercado não alfandegárias. 
Também  devem  ser  considerados  os  recursos  financeiros  necessários  para  imobilização  de  ativos  e 
giro  do  negócio,  os  recursos  humanos,  a  escala  de  operações  necessária  para  viabilizar  o 
empreendimento,  a  capacidade  de  armazenamento  de  matérias‐primas  e  produtos  acabados,  bem 
como o planejamento logístico. 
Cada  vez  mais,  a  tecnologia  adotada  exerce  uma  influência  direta  sobre  a  competitividade  do 
agronegócio  de  transformação.  Processos  mais  eficientes  reduzem  os  desperdícios  e  maximizam  a 
utilização  das  matérias  –primas.  Outro  benefício  decorrente  da  inserção  de  bases  tecnológicas  mais 
avançadas está vinculado ao controle de qualidade. 
 
A  automação  dos  processos  tem  contribuído  de  maneira  significativa  para  a  elevação  dos  níveis  de 
produtividade  e  eficiência.  Além  disso,  o  agronegócio  tem  gerado  oportunidades  de  carreiras 
promissoras para profissionais de formação tecnológica. O trabalho desempenhado pelas incubadoras 
de  empresas  tem  gerado  novas  oportunidades  e  empreendimentos  interessantes  voltados  para  o 
desenvolvimento e inovação tecnológica do agronegócio. 
 
 
d) Serviços 
 
 
Os serviços são apresentados por Gianesei e Corrêa (1994), sendo experiências que o cliente vivencia, 
enquanto os produtos são coisas que podem ser possuídas. A intangibilidade dos serviços torna difícil 
para os gerentes, funcionários e mesmo para os clientes avaliar o resultado e a qualidade do serviço. 
 
    As principais atividades de serviços desenvolvidas no agronegócio são: 
 
 turismo rural; 
 consultoria/assessoria; 
 suporte técnico/laboratorial. 
 
Ao  longo  das  últimas  décadas,  o  turismo  se  diversificou  através  de  novas  modalidades  turísticas, 
levando  em  consideração  demandas  diferenciadas  por  alternativas  ecológicas  ou  por  turismo  de 
aventura.  Essa  diversificação  do  produto  turístico  tem  sido  fundamental  para  introduzir  o  turismo 
rural no contexto empresarial nacional e internacional. 
 

11 

 
O  turismo  rural  pode  ser  entendido  como  uma  atividade  multidisciplinar  que  se  realiza  no  meio 
ambiente,  tais  como  caminhadas;  visitas  a  sítios  históricos,  festivais,  rodeios,  paisagens  cênicas, 
observação da fauna e da flora e gastronomia regional. 
 
O turismo rural é uma atividade realizada fora de áreas intensamente urbanizadas e é caracterizada 
por empresas turísticas de pequeno porte, que têm no uso terra a atividade econômica predominante 
voltada para práticas agrícolas e pecuárias. 
 
As atividades de consultoria e assessoria podem ser desenvolvidas a partir de demandas esporádicas 
por profissionais qualificados e que não fazem parte do quadro fixo de pessoal. 
 
As  consultorias  e  assessorias  especializadas  têm  auxiliado  os  gestores  do  agronegócio  nas  mais 
diversas  tarefas,  tais  como  otimização  do  uso  dos  recursos  disponíveis,  redefinição  dos  arranjos 
produtivos, exportação, abertura de novos mercados e treinamento pessoal. 
 
Os suportes técnicos e laboratoriais são as atividades vinculadas aos exames de análise da composição 
dos  solos,  das  anomalias  dos  vegetais,  das  assistências  técnicas  de  máquinas  e  equipamento,  bem 
como pelas análises laboratoriais de amostras retiradas das plantas e animais. 
 
 
e) Atividades complementares 
 
  As  atividades  complementares  não  se  destinam  à  produção,  mas  exercem  a  função  de  prover  os 
serviços necessários ao desenvolvimento das atividades realizadas no âmbito das empresas que atuam 
no agronegócio. 
 
Estas  atividades  abrangem  os  animais  de  trabalho  (ou  custeio),  veículos,  motores,  máquinas, 
ferramentas  agrícolas,  irrigação,  armazenamento  e  conservação  dos  produtos.  Todos  os  custos 
decorrentes  das  atividades  complementares  devem  ser  alocados  aos  respectivos  setores  produtivos 
da empresa que tenham utilizado seu suporte, obedecendo às respectivas quantidades de consumo. 
 
 
2.4 Depois da porteira 
 
Após  a  realização  de  todas  as  etapas  necessárias  para  a  obtenção  dos  produtos  finais,  o  gestor  se 
defronta com a expectativa de inseri‐los no mercado para que os consumidores finais possam adquiri‐
los. 
O  segmento  depois  da  porteira  abrange  todas  as  atividades  relacionadas  à  distribuição  e 
comercialização  dos  produtos  agroindustriais  até  que  eles  atinjam  os  consumidores  finais,  sendo 
subdivididos em dois subsetores, a saber: 
 
 canais de comercialização; 
 logística. 
 
Não há um roteiro padronizado que todos os produtos agroindustriais possam percorrer desde o início 
das operações antes da porteira até chegar aos consumidores finais. Para cada caminho alternativo, os 
produtos passarão por diferentes agentes econômicos que atuam como fornecedores, processadores, 
distribuidores e comerciantes. 
 

12 

 
Alguns produtos são comercializados in natura e chegam ao varejo sem ter sofrido qualquer processo 
de  transformação  ou  tratamento,  podendo  ser  embalados  ou  não.  Outros  são  beneficiados  e 
embalados em recipientes especiais antes de serem comercializados. 
 
Os canais de comercialização podem variar em função da região na qual o produtor atua, bem como 
em função dos produtos que ele deseja comercializar, por situações particulares acabam provocando 
operações logísticas e demandando infra‐estruturas distintas. 
 
Cadeias Produtivas 
 
As atividades econômicas desenvolvidas no âmbito do agronegócio tendem a compor seqüências de 
operações que obedecem a certas lógicas preexistentes compondo as cadeias produtivas. 
 
Cadeia  produtiva  é  uma  expressão  que  não  possui  um  único  conceito  capaz  de  abranger  todos  os 
aspectos relacionados às suas principais características. Para Morvan (1988), as cadeias de produção 
podem ser representadas a partir de três perspectivas alternativas, a saber: 
 
Cadeia de operações – é uma sucessão de operações de processamento e transformação plenamente                       
identificáveis isoladamente, mas encadeadas a partir de aspectos técnicos; 
 
Cadeia de comércio –  é um conjunto de atividades comerciais e financeiras estabelecidas ao longo de 
todas  as  etapas  que  um  produto  percorre,  desde  o  fornecedor  de  insumos  até  a  venda  do  produto 
final aos clientes; 
 
Cadeia  de  valor  –  é  um  arranjo  de  atividades  econômicas  nas  quais  o  valor  dos  meios  de  produção 
pode ser efetivamente mensurado e registrado. 
 
Independentemente  do  enfoque  escolhido,  uma  cadeia  de  produção  representa  uma  seqüência  de 
atividades necessárias para a transformação de um insumo básico em um produto final destinado aos 
consumidores. 
 
Considerando  a  relevância  da  identificação  e  análise  da  estrutura  das  cadeias  produtivas,  Araújo 
(2005) aponta diversas informações relevantes obtidas através da sistematização das relações e inter‐
relações existentes entre os diversos agentes participantes, que são: 
 
 efetuar a descrição de toda a cadeia; 
 reconhecer o papel da tecnologia na estruturação da cadeia; 
 organizar estudos de integração; 
 analisar as políticas voltadas para o agronegócio; 
compreender a matriz de insumo‐produto para cada um dos produtos; 
 analisar as estratégias das firmas e associações. 
 
Um  aspecto  relevante  sobre  a  estrutura  das  cadeias  produtivas  está  associado  ao  paradigma  básico 
que rege as atividades industriais tradicionais, que é a capacidade de agregar valor. Quanto maior for 
a capacidade que um determinado agente possua para agregar valor dentro da cadeia da qual ele faça 
parte, maior será sua influência sobre o processo de coordenação dos padrões e relações em relação 
aos demais. 
 
Batalha  e  Silva  (2001)  apontam  algumas  aplicações  relacionadas  ao  conceito  de  cadeia  produtiva,  a 
saber: 

13 

 
 
 metodologia de divisão setorial do sistema produtivo; 
  formulação e análise de políticas públicas e privadas; 
  ferramenta de descrição técnico‐econômica; 
  metodologia de análise da estratégia das firmas; 
 ferramenta de análise das inovações tecnológicas e apoio à tomada de decisão      tecnológica. 
 
Dentre  os  principais  fatores  associados  às  expectativas  geradas  a  partir  de  uma  cadeia  produtiva 
específica  podem  ser  destacadas  a  importância  relativa  assumida  pela  tecnologia  adotada  e  a 
organização harmônica entre seus participantes. 
 
As cadeias produtivas ainda são utilizadas como referência institucional para a avaliação de estratégias 
de diversificação a partir  das possíveis combinações de seu diferentes elos  com elos pertencentes  a 
outras cadeias produtivas. Os fatores relevantes a serem considerados sobre eventuais oportunidades 
de diversificação são: 
 
 as relações comerciais; 
 as relações tecnológicas; 
 as interdependências; 
 a complementariedade das atividades. 
A formação de alianças e parcerias estratégicas pode ser uma alternativa interessante voltada para a 
agregação de competências que possam gerar benefícios para todos os participantes. 
 
Miranda  (1997)  apresenta  que  as  alianças  estratégicas  a  longo  prazo  têm  a  capacidade  de  colocar 
qualquer varejista, grande ou pequeno, dentro de sua real perspectiva e importância para os negócios 
dos produtores, garantindo a estabilidade e a continuidade de seus negócios. 
 
Também  devem  ser  considerados  aspectos  qualitativos,  tais  como  histórico  institucional,  perfil 
gerencial, participação relativa no mercado, estrutura de capital e perspectivas de longo prazo. Estes 
fatores  podem  interferir  diretamente  nas  intenções  dos  diversos  agentes  que  estejam  interessados 
em adotar parcerias comerciais. 
 
Os  padrões  tecnológicos  utilizados  também  devem  ser  considerados  através  de  suas  características 
próprias.  Tecnologias  de  base  estão  associadas  às  atividades  principais  e  podem  ser  facilmente 
adquiridas.  Tecnologias  de  referência  estão  vinculadas  a  elementos  diferenciais  sobre  os  padrões 
competitivos  convencionais.  Tecnologias  de  ponta  estão  voltadas  para  as  perspectivas  futuras  do 
negócio. Na medida em que o padrão tecnológico assume um papel significativo dentro da dinâmica 
competitiva,  as  possibilidades  de  arranjos  de  parceria  e  cooperação  tornam‐se  mais  complexas  e 
exigem maior esforço para sua consumação. 
 
A  importância  creditada  às  estratégias  vem  crescendo  gradativamente  ao  longo  do  tempo.  Esse 
interesse é atribuído ao comportamento do ambiente externo das empresas, que apresenta mutações 
cada vez mais rápidas e descontínuas. 
 
Dentro  desse  ambiente  caracterizado  pelas  constantes  mudanças,  Tavares  (2000)  afirma  que 
gradualmente, o planejamento deslocou sua ênfase no prazo para a compreensão dos fenômenos que 
ocorrem no mercado e no ambiente de forma geral. 
 
A palavra estratégia derivada palavra strategos, que significa a arte do general. Dentro do ambiente 
empresarial,  o  termo  estratégia  em  sido  utilizado  para  definir  a  adequada  alocação  dos  recursos 

14 

 
humanos, financeiros, materiais e tecnológicos que a empresa possui, com o objetivo de reduzir seus 
problemas e aumentar suas oportunidades. 
 
Para  Maximiano  (2004),  a  compreensão  de  informações  sobre  os  diversos  aspectos  relacionados  à 
economia  se  torna  fundamental  para  qualquer  organização,  afirmando  que  obter  e  utilizar  essas 
informações  para  tomar  decisões  é  extremamente  importante  para  qualquer  administrador/e  ou 
empresa. 
 
A elaboração e implantação de uma estratégia pressupõem um conjunto de procedimentos contínuos 
e interativos que visam manter determinada organização integrada ao seu ambiente externo. 
 
Batalha  e  Silva  (2001)  destacam  que  o  planejamento  estratégico  deve  ser  capaz  de  harmonizar  as 
intenções estratégicas de cada participante de uma cadeia produtiva para o aumento da eficiência e 
eficácia, apontando as seguintes etapas deste processo: 
 
 sensibilização e motivação dos participantes; 
 definição da missão da cadeia; 
 definição dos objetivos gerais da cadeia e de cada um dos participantes; 
 segmentação da área de atuação da cadeia; 
  diagnóstico estratégico; 
 quantificação dos objetivos específicos; 
 definição das estratégias possíveis; 
 escolha da estratégia a ser implementada; 
 implementação da estratégia; 
 acompanhamento e controle dos resultados. 
 
Uma  das  crescentes  preocupações  relacionadas  ao  desempenho  competitivo  das  cadeias  produtivas 
dentro  de  seus  respectivos  segmentos  de  atividade  econômica  consiste  na  elaboração  e 
implementação  de  diversas  estratégias,  em  busca  de  respostas  mais  precisas  sobre  suas 
características,  suas  potencialidades,  suas  limitações  e  suas  oportunidades,  que  são  aspectos 
estreitamente relacionados à sua competitividade. 
 
3.0 LOGÍSTICA EM AGRONEGÓCIO 
 
O termo logística está muito utilizado ultimamente, sobretudo em função do crescimento dos centros 
urbanos, da distância entre os centros de produção e os de consumo, da necessidade de diminuição 
de  custos  e  de  perdas  de  produtos  e  da  competição  entre  fornecedores/distribuidores.  Por  essas 
características é muito comum, sobretudo para o leigo, conceber a logística como o transporte final na 
distribuição  de produtos  em grandes  centros urbanos, denominando as empresas que  prestam esse 
tipo de serviço como empresas de logística, vista de modo mais amplo. 
 
Logística é um modo de gestão que cuida especialmente da movimentação dos produtos, nos diversos 
segmentos  dentro  de  toda  a  cadeia  produtiva  de  qualquer  produto,  inclusive  nas  diferentes  cadeias 
produtivas do agronegócio. Assim, envolve o conjunto de fluxos dos produtos em todas as atividades a 
montante, durante o processo produtivo e a jusante, como todo o conjunto de atividades relacionadas 
a  suprimentos,  às  operações  de  apio  aos  processos  produtivos  e  as  atividades  voltadas  para  a 
distribuição  física  dos  produtos  na  comercialização,  como  armazenagem,  transporte  e  formas  de 
distribuição dos mesmos. 
 

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Essa  mesma  lógica  aplica‐se  também  a  qualquer  firma,  sempre  na  busca  de  melhor  gestão    e  da 
realização em termos de eficiência e de eficácia no fluxo de insumos e de produtos. 
 
Conforme pesquisa realizada pela revista Exame, junto a 148 lideranças do agronegócio no Brasil, em 
2004,  a  falta  de  investimentos  em  infra‐estrutura  foi  apontada  como  o  principal  obstáculo  ao 
desenvolvimento do agronegócio brasileiro, afirmando que: 
 
‘’A  produção  agrícola  cresceu,  enquanto  a  malha  viária  e  a  capacidade  dos  portos  continuam 
praticamente inalteradas e o sistema hídrico é pouco aproveitado’’ (Exame 2004). 
 
Os custos da produção agropecuária no Brasil, historicamente, são inferiores aospraticados em outros 
países, porém, há perda nas concorrências, principalmente pelo denominado custo Brasil, decorrente 
do  que  acontece  após  a  produção  agropecuária.  Lógico  que  este  custo  tem  sido  amenizado  nos 
últimos anos, porém ainda falta muito a ser feito em termos de transportes, armazenagens, gestão, 
etc. 
 
Em  sua  forma  mais  ampla,  didaticamente,  a  LOGÍSTICA  em  agronegócios  ocorre  em  três  etapas 
distintas,  mas  integradas  entre  si:  logística  de  suprimentos,  logística  das  operações  de  apoio  à 
produção agropecuária e logística de distribuição. 
 
3.1 A Logística de suprimentos 
 
Em  uma  cadeia  produtiva  agroindustrial,  a  logística  de  suprimentos  cuida  especialmente  da  forma 
como os insumos e os serviços fluem até as empresas componentes de  cada cadeia produtiva, para 
disponibilizá‐los tempestivamente e reduzir os custos de produção ou de comercialização. 
Os  insumos  agropecuários  têm  peso  muito  elevado  na  composição  dos  custos  de  produção  das 
empresas  agropecuárias  e  alguns  deles  têm  seu  preço  de  transporte  mais  elevado  que  seu  próprio 
preço de aquisição, como, por exemplo, o calcário agrícola é de baixo preço específico (entre R$ 16,00 
e  R$  20,00  por  tonelada),  mas  com  transporte  geralmente  superior,  dependendo  da  quantidade 
transportada  e  da  distância  do  moinho  até  a  fazenda.  Ou  ainda,  mesmo  pequenas  quantidades 
necessárias têm de ser transportadas até as fazendas. E mais, uns e outros têm o momento certo de 
aplicação,  tanto  antes  como  durante  a  produção.  Como  exemplos:  (a)  o  calcário  agrícola,  como 
corretivo, tem de ser incorporado ao solo, no mínimo, 60 dias antes do plantio; (b) o Rhizobium em 
sementes  leguminosas  tem  de  ser  inoculado  no  momento  do  plantio;  (c)  alguns  fungicidas  são 
aplicados nas plantas preventivamente à ocorrência de doenças; (d) os inseticidas devem ser aplicados 
somente após um nível preestabelecido de infestação de determinada praga. 
 
Assim, o fluxo de movimentação desses insumos deve prever exatamente a época de sua aplicação e 
forma  mais  econômica  de  conduzi‐lo  até  as  fazendas,  como  fretes  de  retorno  ou  fretes  de 
oportunidade. Assim, evita‐se armazenagem desnecessária ou por longo prazo e diminuem‐se custos. 
 
Raciocínio  semelhante  ocorre  nas  agroindústrias,  onde  matéria‐prima,  insumos  secundários, 
embalagens, serviços etc. têm de estar disponíveis no momento e nas quantidades certas, para que a 
produção flua normalmente. 
 
3.2 A logística das operações de apoio à produção agropecuária 
 
A  gestão  do  processo  produtivo,  quanto  a  suprimento  de  insumos,  tem  de  procurar  conduzir  o 
empreendimentos    para  conseguir  eficácia  e  eficiência  e,  do  ponto  de  vista  da  logística,  procurar  a 
racionalização  dos  processos  operacionais  para  transferência  física  dos  materiais,  que  envolve 

16 

 
também informações sobre estoques e planos de aplicação de cada produto, quantidade e época de 
uso. Então, a logística procura movimentar somente as quantidades necessárias, sem formar estoques 
excessivos, e evitar a falta, com conseqüentes correrias de última hora, de acordo com a capacidade 
de produção do empreendimento. 
Obtida  a  produção,  a  logística  se  ocupará  da  movimentação  física  dos  produtos,  como  transporte 
interno, manuseio, armazenagem primária, estoques primários, entregas, estoques finais e controles 
diversos. 
 
3.3 A logística de distribuição 
 
Para melhor entendimento da importância da Logística de distribuição no agronegócio, é importante 
relembrar algumas características dos produtos agropecuários e dos produtores rurais. 
 
Os produtos agropecuários de modo geral são perecíveis, variando quanto ao grau de perecibilidade 
de  produto  a  produto.  Por  isso,  cada  um  necessita  de  tratamento  pós‐colheita  diferenciado.  Por 
exemplo,  as  frutas  (manga,  uva,  pinha,  graviola,  maçã,  pêra,  pêssego,  caqui  e  outras)  são 
extremamente  perecíveis  e  necessitam  de  vários  cuidados,  como  transporte  rápido  e  cuidadoso, 
embalagens apropriadas, armazenagem em temperaturas amenas e umidade relativa do ar elevada. 
Os  grãos  (soja,  milho,  arroz,  feijão,  café  e  outros)  não  são  tão  perecíveis  e  podem  demorar  mais 
tempo  mesmo  em  armazéns  convencionais  a  temperatura  ambiente  e  ser  transportados  a  granel  e 
exigem, ao contrário das frutas, baixa umidade relativa do ar. 
 
Outra característica dos produtos agrícolas é a sazonalidade da produção. Salvo raras exceções, esses 
produtos são colhidos uma única vez ao ano em cada região, porque são dependentes das condições 
climáticas.  Como  exceções,  podem  ser  citadas  algumas  culturas  irrigadas  nas  regiões  semi‐áridas 
tropicais,  como  algumas  frutas  (uva,  banana,  coco,  melão,  melancia  e  outras)  e  hortaliças  (tomate, 
pimentão e outras), que podem ser obtidas durante todo o ano, dependendo de planejamento e de 
manejo especiais. Mesmo assim, são sujeitas a períodos de produção mais elevada intercalados com 
períodos de baixa, ou então períodos de maior facilidade na produção intercalados com períodos que 
exigem cuidados especiais. 
 
Os produtos pecuários, embora sejam obtidos durante todo o ano, são caracterizados como de semi‐
sazonalidade,  porque  apresentam  picos  de  alta  e  de  baixa  produção,  dependendo  em  geral  das 
condições  determinam,  em  síntese,  os  períodos  de  faturas  ou  de  deficiências  de  alimentos  para  os 
animais, que são as pastagens e os produtos agrícolas geralmente sazonais. 
 
3.4 Armazenagem 
  
Principalmente  devido  à  sazonalidade  da  produção  agropecuária,  a  armazenagem  é  imprescindível 
durante toda a comercialização e durante todo o ano, inclusive nos períodos entressafras. 
 
De modo geral, pode‐se classificar a armazenagem em: 
 
• Primária,  quando  efetuada  em  nível  da  produção,  ainda  na  fazenda.  Tem  a  finalidade  de 
guardar  o  produto  por  espaços  de  tempo  mais  curtos,  com  objetivo  de  juntar  volumes 
suficientes  para  justificar  transporte,  ou  efetuar  pequenos  beneficiamentos  ou 
transformações, ou aguardar a comercialização; 
• Local,  quando  efetuada  em  armazéns  localizados  no  município  e  que  se  prestam  a  vários 
produtores.  Essa  classe  de  armazenagem  é  geralmente  uma  prestação  de  serviços,  tanto  a 

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produtores  quanto  a  comerciantes,  com  a  finalidade  de  aguardar  a  época  para 
comercialização; 
• Regional,  quando  concentra  a  produção  de  vários  produtores  localizados  em  municípios 
vizinhos. Esses armazéns estão situados em locais estratégicos para concentrar produtos que 
se destinam a meios de transportes de maiores volumes, como trens de ferro e navios; 
• Terminal, que é uma armazenagem regional localizada em terminais ferroviários e portuários; 
• De  distribuição,  quando  inicia  o  processo  inverso,  de  saída  de  produtos  para  armazéns 
menores, já para distribuidores mais próximos dos consumidores; 
• Final,  é  a  armazenagem  dos  produtos  já  em  nível  da  última  intermediação  antes  do 
consumidor, como, por exemplo, em supermercados, açougues, padarias. 
 
• A  armazenagem  no  setor  de  agroindústrias  pode  ser  classificada  como  qualquer  uma  das 
classes citadas, dependendo do porte e da localização delas. 
 

Assim como, também, o produto não necessita obrigatoriamente passar por todas elas; pode 
sair  da  lavoura  diretamente  para  qualquer  das  classes  seguintes,  dependendo  da 
disponibilidade de transporte, do tipo de produto e do volume da produção. Por exemplo, a 
soja pode sair diretamente da caçamba da colheitadeira para a carreta graneleira e desta para 
silos localizados nos portos. Ou ainda, as frutas podem sair do packing house, situado no local 
da produção, e ser destinadas a supermercados (armazenagem final) 
 
Cada produto necessita de um tipo de armazenagem específico, em qualquer uma das classes 
citadas.  Alguns  produtos  exigem  câmaras  frigoríficas,  com  baixas  temperaturas,  elevada 
umidade relativa do ar e baixa ventilação (suficiente apenas para circulação do ar frio), como 
os derivados do leite (iogurte, queijos, requeijões e outros), frutas in natura (maçã, pêra, uva e 
outras), carnes, hortaliças e flores. 
 
Outros produtos necessitam de congelamento, como carnes, mariscos, polpas de frutas, água 
de coco natural e outras. 
 
Já  os  grãos  podem  ser  armazenados  bem  ventilados,  em  armazéns  convencionais,  a 
temperaturas ambientes, mas com baixa umidade relativa do ar 
 
Para  qualquer  das  situações,  cada  produto  tem  seu  ponto  ótimo  de  conservação  e  a 
armazenagem terá de ser adaptada a essa condição. Isso inclui também cuidados especiais de 
manutenção  das  instalações  e  higienização  curativa  e  preventiva.  Nesse  sentido  é  sempre 
bom lembrar que: 
 
O  armazém  não  melhora  a  qualidade  do  produto,  no  máximo  conservas  suas  características 
existentes  imediatamente  antes  da  armazenagem.  Portanto,  uma  falha  em  qualquer  das 
etapas não poderá ser corrigida na etapa seguinte. 
 
 
3.5 Logística de transporte 
 
Existem  diferentes  modalidades  de  transportes:  rodoviário,  ferroviário,  hidroviário  (fluvial  e 
marítimo),  aeroviário  e  intermodal.  O  desafio  para  o  administrador  é  exatamente  definir  a  melhor 
opção  de  transportes  quando  existem  alternativas,  ou  na  escolha  de  onde  investir  quando  existem 
locais alternativos. 

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Essa não é uma decisão tão simples, porque depende não só da minimização de custos, mas também 
das  características  dos  produtos,  da  manutenção  da  qualidade  dos  produtos  e  da  velocidade  de 
atendimento  ao  cliente  (comprador),  para  fins  de  pontualidade  e  de  assiduidade  ou  mesmo  para 
vencer uma concorrência ou ganhos de preços. 
 
Exemplificando, entre outros: 
 
• Leite in natura, mandioca e cana‐de‐açúcar estão associados a transportes rápidos e 
de  curtas  distâncias,  devido  à  elevada  perecibilidade,  ao  baixo  valor  específico 
(pequena quantidade de dinheiro por unidade de produto, por exemplo R$ 0,18/litro 
de  leite,  R$  40,00/tonelada  de  mandioca  e  R$  25,00/tonelada  de  cana‐de‐açúcar,  a 
preços  do  ano  de  2001)  e  à  grande  quantidade  de  água  transportada,  contida  nos 
próprios produtos (próximo de 90% no leite, 70% na mandioca e na cana‐de‐açúcar); 
• Grãos estão associados a transportes de longas distâncias; 
• Frutas,  hortaliças,  flores,  carnes  e  laticínios  demandam  transportes  rápidos  e  em 
condições especiais.  
 
O  transporte  rodoviário  é  responsável  por  aproximadamente  60%  do  transporte  de 
cargas  totais  no  Brasil,  e  mais,  cerca  de  80%  dos  grãos  são  movimentados  pelo 
transporte rodoviário. Essa modalidade de transporte, embora mais cara por tonelada 
de  produto  transportada,  tem  a  vantagem  de  ser  rápida  e  mais  flexível  na  ligação  
entre  o  produtor  e  o  consumidor  e  apresenta  custos  fixos  mais  baixos  e  custos 
variáveis altos. 
 
O transporte rodoviário apresenta economia de escala de acordo com a distância. Ou 
seja, menores distâncias, maiores custos por tonelada transportada e é recomendado 
para percursos inferiores a 500 km. 
 
O  transporte  ferroviário,  responsável  por  aproximadamente  20%  do  transporte  de 
cargas totais no Brasil e por 16% de cargas agrícolas, apresenta custos fixos elevados 
e  custos  variáveis  mais  baixos  que  os  rodoviários  e  por  isso  é  recomendável  para 
percursos  maiores,  geralmente  entre  500  km  e  1.200  km  (CAIXETA‐FILHO  E 
GAMEIRO,2001). 
 
Para  movimentação  de  grãos  a  longas  distâncias,  o  preço  de  frete  ferroviário  por 
unidade,  em  US$/t  X  km,  foi  inferior  em  36%,  comparado  ao  frete  rodoviário.  Mas 
tem  também  suas  desvantagens:  não  prescinde  de  transporte  rodoviário  para 
concentração e distribuição do produto, é mais demorado nas condições nas ferrovias 
brasileiras e é mais caro nos transportes a curtas distâncias. 
 
O  transporte  rodoviário,  também  de  elevados  custos  fixos  e  baixos  custos  vaiáveis, 
caracteriza‐se pela movimentação de cargas volumosas de baixo valor agregado (valor 
específico) e é mais indicado para transporte para longas distâncias, acima de 1.200 
km. 
 
No  Brasil,  a  modalidade  de  transporte  hidroviário  fluvial  transportou  em  torno  de 
20% do total de cargas e menos de 3% de cargas agrícolas, mesmo que, para longas 
distâncias, apresente valores de fretes 58% mais baixos que o transporte rodoviário e 

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35% menores que o ferroviário. Essa modalidade de transporte apresenta as mesmas 
desvantagens que o transporte ferroviário. 
 
O transporte aeroviário apresenta custos fixos e variáveis elevados, não prescinde de 
outras  modalidades  de  transporte,  sobretudo  o  rodoviário,  e  só  se  justifica  para 
longas distâncias e, mesmo assim, para produtos de perecibilidade muito rápida e de 
valor específico alto, como, por exemplo, camarão congelado, flores, algumas frutas e 
outros, de forma que o preço e a pressa em atender ao cliente o justifiquem. 
 
O transporte intermodal é uma combinação de diferentes modalidades de transporte 
para levar o mesmo produto de um lugar a outro, com objetivo de diminuir preços de 
fretes.  No  Brasil,  essa  modalidade  é  pouco  tradicional,  e  as  mais  conhecidas  para 
cargas agrícolas são as intermodais que utilizam os Rios Tietê/ Paraná, São Francisco, 
Araguaia/Tocantins  e  Madeira  e  as  ferrovias  Ferronorte  e  Ferroeste.  Com  certeza,  a 
melhor  infra‐estrutura  portuária  e  a  melhoria  e  ampliação  das  ferrovias  mudarão 
muito  a  matriz  de  transporte  de  cargas  no  Brasil.  Essa  mudança  é  até  mesmo  uma 
necessidade,  em  função  dos  elevados  preços  de  fretes  praticados  pelo  transporte 
rodoviário e da competitividade com produtos de outros países. 
 
No  Brasil,  em  função  dos  investimentos  efetuados  nas  modalidades  ferroviária  e 
fluvial,  há  uma  tendência,  para  o  início  deste  século,  de  inversão  de  uso  das 
diferentes  modalidades,  com  aumento  dos  transportes  de  granéis  agrícolas  vias 
ferroviário (56%) e fluvial (8%) e de diminuição via rodoviário (35%). 
 
Do  exposto,  conclui‐se  que  essa  inversão  é  uma  necessidade,  sobretudo  se  forem 
observadas as distâncias rodoviárias médias percorridas por produtos agropecuários 
no Brasil (GEIPOT,1997, citado por CAIXETA‐FEILHO E GAMEIRO,2001):   
 
Farelo de soja:                                555 km 
Soja:                                                  756 km 
Trigo:                                                 851 km 
Milho:                                            1. 603 km 
Arroz:                                             1.653 km 
 
Todos esses produtos são movimentados a distâncias superiores aos 500 km máximos 
recomendados  para  transportes  rodoviários  e,  no  caso  de  milho  e  arroz,  superiores 
até mesmo à recomendação para transporte ferroviário. 
 
Observada a logística de transporte do ponto de vista de modalidades, de custos e de 
outras  características  próprias,  ainda  é  necessário  comentar  sobre  a  infra‐estrutura 
de apoio (que também integra a logística, compreendida de forma mais abrangente), 
a  adequação  dos  equipamentos  de  transporte,  com  como  sobre  a  qualidade  dos 
produtos, a pontualidade e a assiduidade. 
 
Quanto à infra‐estrutura de apoio, são imprescindíveis armazéns bons e adequados e 
portos e terminais de carga e de embarque suficientes e de custo operacional baixo, 
incluindo todos os detalhes para atender às exigências de cada produto. 
 
Os  equipamentos  de  transporte,  como  barcaças,  contêineres,  vagões,  carretas 
graneleiras  ou  boiadeiras,  são  adequados  a  cada  tipo  de  produto.  Por  exemplo,  é 

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impossível  transportar  carne  em  outro  tipo  de  transporte  que  não  seja  em 
contêineres  frigorificados,  bem  como  também  o  é  transportar  grãos  em  carretas 
boiadeiras. 
 
Quanto  à  qualidade  de  produtos,  nem  sempre  o  menor  preço  de  transporte  é  a 
melhor  alternativa.  A  escolha  do  equipamento  adequado  é  necessária,  mas  não  
suficiente.  Há  que  observar  outros  aspectos,  como:  temperatura  e  umidade  do 
ambiente durante o transporte, choques térmicos, atritos e tempo até a entrega dos 
produtos. 
 
Esses  fatores  não  têm  sido  analisados  em  profundidade  e  podem  tornar  um  frete 
viável  financeiramente  (em  R$/t  transportada),  mas  impossível  pelas  perdas  de 
características dos produtos. Por exemplo, é muito difundida a viabilidade de frete de 
grãos de soja pelo transporte intermodal, mas são pouco conhecidos os estudos que 
analisam  as  quebras  de  grãos  durante  as  diversas  operações  de  transbordo  e  as 
conseqüentes perdas por fermentação e oxidação. 
 
A pontualidade e a assiduidade também são necessárias na análise das alternativas 
de transporte, porque os produtos têm que chegar ao cliente no tempo certo e com 
assiduidade.  Por  exemplo,  um  transporte  ferroviário  de  menor  preço  de  frete  por 
unidade por ser preterido e perder essa vantagem para o transporte rodoviário, se o 
tempo  para chegar ao destino for superior ao exigido pelo cliente, ou ainda, se não 
houver freqüência regular de viagens. 
 
Em  suma,  a  modalidade  de  transporte  ideal  é  a  que  consegue  ser  de  baixo  custo, 
conte  com  infra‐estrutura  de  apoio  completa  e  suficiente,  tenha  equipamentos 
adequados,  não  prejudique  a  qualidade  do  produto,  não  tenha  perdas  durante  o 
transporte e atenda ao cliente em quantidade, pontualidade e assiduidade. 
 
 
 
Bibliografias Básicas:   
 
 
ARAÚJO, MASSILON J. FUNDAMENTOS DE AGRONEGÓCIOS. São Paulo: Atlas, 2009.

CALLADO, ANTÔNIO ANDRÉ CUNHA . AGRONEGÓCIO. São Paulo: Atlas, 2009

MAY, MATTHEW E. TOYOTA: A Fórmula da Inovação. São Paulo: Campus, 2007.

FLEURY, PAULO FERNANDO. LOGÍSTICA EMPRESARIAL. São Paulo: Atlas, 2008.

REID, R.DAN. GESTÃO DE OPERAÇÕES. Rio de Janeiro, LTC, 2005

Bibliografias Complementares:

RITZMAN, LARRY P. Administração da Produção e Operações. São Paulo: Pearson


2006.

CONTADOR, JOSÉ CELSO. Gestão de Operações. São Paulo: Blücher, 2004


21 

 
LIKER, JEFFREY K. O Modelo Toyota. São Paulo : Bookman,2006

MORGAN, JAMES M. e LIKER K.JEFFREY . Sistema Toyota de Desenvolvimento de


Produto. São Paulo: Bookman, 2008.

FITZSIMMONS, JAMES A. Administração de Serviços: Operações, estratégia e


tecnologia da informação. São Paulo: Bookman, 2005

SLACK, NIGEL e CHAMBERS, STUART. Gerenciamento de Operações e de Processos.


São Paulo: Bookman, 2006.

FIGUEIREDO, KLEBER FOSSATI. Logística e Gerenciamento da Cadeia de


Suprimentos.São Paulo: Atlas, 2004

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