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PÓS-GRADUAÇÃO MBA – GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
MÓDULO
LOGÍSTICA E PLANEJAMENTO DE PRODUÇÃO
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SUMÁRIO
1.0 Paradoxo da Logística.................................................................................................................3
1.1 Aplicações de TI para a Logística............................................................................................. 5
2.0 O Agronegócio como um sistema............................................................................................. 6
2.1 Estrutura dos sistemas agroindustriais................................................................................... 8
2.2 Antes da porteira................................................................................................................... 8
2.3 Dentro da Porteira................................................................................................................. 9
2.4 Depois da porteira................................................................................................................12
3.0 LOGÍSTICA EM AGRONEGÓCIO.................................................................................................15
3.1 A Logística de suprimentos..................................................................................................16
3.2 A logística das operações de apoio à produção agropecuária................................................16
3.3 A logística de distribuição....................................................................................................17
3.4 Armazenagem.....................................................................................................................17
3.5 Logística de transporte........................................................................................................18
4.0 Referências Bibliográficas........................................................................................................21
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Conceito de Logística e o Gerenciamento da Cadeia de
Suprimentos (SCM)
1.0 Paradoxo da Logística
A Logística é um verdadeiro paradoxo. É, ao mesmo tempo, uma das atividades econômicas mais
antigas e um dos conceitos gerenciais mais modernos. Desde que o homem abandonou a economia
extrativista, e deu início às a tividades produtivas organizadas, com produção especializada e troca
dos excedentes com outros produtores, surgiram três das mais importantes funções logísticas,
ou seja, estoque, armazenagem e transporte. A produção em excesso, ainda não consumida, vira
estoque. Para garantir sua integridade, o estoque necessita de armazenagem. E para que a
troca possa ser efetivada, é necessário transporta‐lo do local de produção ao local de consumo.
Portanto, a função logística é muito antiga, e seu surgimento se confunde com a origem da atividade
econômica organizada.
O que vem fazendo da Logística um dos conceitos gerenciais mais modernos são dois conjuntos
de mudanças, o primeiro de ordem econômica, e o segundo de ordem tecnológica. As
mudanças econômicas criam novas exigências competitivas, enquanto as mudanças tecnológicas
tornam possível o gerenciamento eficiente e eficaz de operações logísticas cada dia mais
complexas e demandantes. A Tabela 1.0 apresenta uma lista das principais mudanças econômicas
que vêm tornando a logística mais complexa e demandante.
Tabela 1.0 Principais mudanças econômicas que afetam a Logística.
Globalização
Aumento das incertezas econômicas
Proliferação de produtos
Menores ciclos de vida de produtos
Maiores exigências de serviços
Globalização significa, entre outras coisas, comprar e vender em diversos locais ao redor do mundo.
As implicações desse fenômeno para a Logística são várias e importantes. Aumentam o número de
clientes e os pontos de vendas, crescem o número de fornecedores e os locais de fornecimento,
aumentam as distâncias a serem percorridas e a complexidade operacional, envolvendo legislação,
cultura e modais de transporte. Tudo isso se reflete em maiores custos e aumento da complexidade
logística.
No rastro da globalização, surge o aumento da incerteza econômica. A crescente troca de bens
e serviços entre as nações, aumentou substancialmente a interdependência e a volatilidade
econômica. Mudanças ou crises nacionais têm reflexo regional imediato, e tendem a espalhar‐se
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numa escala mundial. Mudança de câmbio, recessão, novas regulamentações sobre comércio
exterior, aumento do preço do petróleo são fatores de incerteza no dia‐a‐dia da economia
globalizada. Para a Logística, que precisa atuar em antecipação à demanda produzindo e colocando o
produto certo, no local correto, no momento adequado e ao preço justo, o aumento da incerteza
econômica cria grandes dificuldades para a previsão de vendas e o planejamento de atividades.
A proliferação de produtos é um fenômeno que vem generalizando‐se, e representa uma resposta
das empresas aos efeitos da globalização e da desregulamentação econômica que marcou o
mundo nas duas últimas décadas. Para onde quer que se olhe ela está presente. Do tênis às antigas
commodities, passando pelos automóveis, produtos eletrônicos, vestuário, alimentos, higiene
e limpeza, a proliferação de produtos é inquestionável. Apenas como um exemplo, nos dias
de hoje é possível encontrar cerca de 200 diferentes alternativas de dentifrícios (
considerando marca, tamanho, embalagem e sabor ) numa única loja de supermercado de grande
porte nos EUA. O impacto sobre a Logística não poderia ser maior. Aumento no número de
insumos e de fornecedores, maior complexidade no planejamento e controle da produção, maior
dificuldade para custeio de produtos e para planejar e controlar os estoques, maior dificuldade na
previsão de vendas. Tudo isso se refletindo em maiores custos e mais complexidade logística.
Ciclos de vida mais curtos são conseqüência direta da política de lançamentos contínuos e cada vez
mais rápidos de novos produtos. Novos produtos tendem a tornar obsoletos produtos antigos,
diminuindo portanto seu ciclo de vida. Exemplos paradigmáticos desse fenômeno podem ser
encontrados nos setores de informática e vestuário. O prazo médio entre lançamentos de modelos de
computadores pessoais é de três a quatro meses. Cada novo modelo gera obsolescência tecnológica
nos modelos antigos. Como conseqüência, os estoques que se encontram no canal de distribuição
perdem valor imediatamente, e precisam ter seus preços remarcados.
Mudanças no ambiente competitivo e no estilo de trabalho vêm tornando clientes e consumidores
cada vez mais exigentes. Isso se reflete em demanda por níveis crescentes de serviços logísticos. A
forte pressão por redução de estoques vem induzindo clientes institucionais para compras mais
freqüentes e em menores quantidades, com exigência de prazos de entrega cada vez menores, livres
de atrasos e erros. Por outro lado, o consumidor final, com seu estilo de vida crescentemente
marcado pelas pressões do trabalho, valoriza cada vez mais a qualidade dos serviços na hora de
decidir que produtos e serviços comprar. A demora ou inconsistência na data de entrega, ou a falta de
um produto nas prateleiras do varejo, crescentemente implica vendas não realizadas, e até mesmo a
perda de clientes. O surgimento da Internet e das aplicações de e_commerce tem contribuído
significativamente para aprofundar esse comportamento.
Em seu conjunto, esse grupo de mudanças econômicas vem transformando a visão empresarial sobre
Logística, que passou a ser vista não mais como uma simples atividade operacional, um centro de
custos, mas sim como uma atividade estratégica, uma ferramenta gerencial, fonte potencial de
vantagem competitiva.
A exploração da Logística como arma estratégica é o resultado da combinação de sua crescente
complexidade, com a utilização intensiva de novas tecnologias. Na base dessas novas tecnologias está
a revolução da Tecnologia de Informações – TI‐, que vem marcando o cenário mundial nas últimas
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décadas. A tabela abaixo apresenta algumas das principais aplicações de TI para a operação e gestão
logística. Essas aplicações podem ser classificadas em dois grandes grupos, hardware e software.
1.1 Aplicações de TI para a Logística.
Aplicações Hardware Aplicações Software
Microcomputares Roteirizadores
Palmtops WMS (2)
Códigos de barra GIS (3)
Coletores de dados DRP (4)
Rádio frequência MRP (5)
Transelevadores Simuladores
Sistemas GPS (1) Otimização de redes
Computadores de bordo Previsão de vendas
Picking automático EDI (6)
1 GIS ‐ Geographical Information System ( Sistemas deInformação Geográfico )
2 WMS ‐ Warehouse Management System ( Sistemas de Gerenciamento de Armazém )
3 GIS ‐ Geographical Information System ( Sistemas de Informação Geográfica )
4 DRP ‐ Distribution Resource Planning ( Planejamento dos Recursos de Distribuição )
5 MRP ‐ Manufacturing Resource Planning ( Planejamento dos Recursos de Manufatura )
6 EDI ‐ Electronic Data Interchange ( Intercâmbio Eletrônico de Dados )
Combinadas, essas aplicações de tecnologia permitem otimizar o projeto do sistema logístico e
gerenciar de forma integrada e eficiente seus diversos componentes, ou seja, estoques armazenagem,
transporte, processamento de pedidos, compras e manufatura. À medida que as novas medidas
econômicas tornam a Logística mais complexa e potencialmente mais cara, cresce a importância da
utilização das tecnologias de informação, instrumento fundamental para gerenciar a crescente
complexidade de forma eficiente e eficaz.
Mas a Logística não é apenas mais uma ferramenta gerencial moderna.
Ela é também uma importante atividade econômica, contribuindo de forma significativa para a
estrutura de custos das empresas, assim como para o Produto Interno Bruto das nações.
Levantamentos realizados nos EUA indicam que os gastos com Logística equivalem a cerca de U$ 700
bilhões, o equivalente ao PIB brasileiro. Embora não existam levantamentos específicos, estima‐se que
no Brasil os gastos com as atividades logísticas correspondam a cerca de 17% do PIB, com base no
fato de que os gatos com transporte correspondem a 10% do PIB, e que na média o transporte
corresponde a 60% dos custos logísticos.
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No âmbito das empresas a Logística tem uma importância econômica significativa. A tabela abaixo
apresenta a composição dos custos e margem típicas de uma empresa industrial representativa.
Margem 8%
Custos Logísticos 19%
Custos de Marketing 20%
Custos de Produção 53%
2.0 O Agronegócio como um sistema
Desde que as relações entre os setores de uma organização, ou mesmo as relações entre duas ou mais
organizações têm sido investigadas através de uma perspectiva que busque a compreensão das
diversas vantagens e restrições possíveis decorrentes dessas interações, o conceito de sistema tem
sido aplicado para ilustrar interdependências entre as partes para compor um todo mais amplo.
O ambiente econômico e social no qual o agronegócio está inserido tem se tornado cada vez mais
complexo e diversificado. O que anteriormente era entendido como uma exploração econômica de
propriedades rurais isoladas é parte de um amplo espectro de inter‐relações e interdependências
produtivas, tecnológicas e mercadológicas.
Com a globalização e integração dos mercados, o conceito de sistemas tem permitido a interpretação
e concepção de arranjos institucionais voltados para atividades econômicas que atentam tanto
mercado doméstico quanto ao mercado internacional.
Os recentes processos de consolidação dos diversos blocos econômicos se defrontam com a
necessidade de organizar as interdependências em escala global, dando visibilidade para
competências específicas localizadas em certas regiões, bem como evidenciando restrições, limitações
e vulnerabilidades.
A dinâmica é uma característica inerente aos sistemas, tornando‐se fundamental o entendimento e
abrangência da sinergia. Para Stoner e Freeman (1999), sinergia significa a influência que a interação
cooperativa entre as diferentes partes que compõem um sistema torna seus resultados melhores do
que a soma dos resultados obtidos individualmente.
Desde que o ambiente rural passou a ser investigado com maior interesse, o tradicional setor primário
(caracterizado principalmente pelo tripé agricultura‐pecuária‐extrativismo) tem se transformado em
agronegócio (diversificado‐moderno‐complexo). As propriedades rurais agora são entendidas como
organizações agroindustriais. A conotação profissional dada ao termo agronegócio é reponsável por
uma mudança de paradigma sem precedentes no meio rural e admite referências sobre novas
modalidades de empreendimentos. Esta maior complexidade tem exigido a configuração de uma visão
sistêmica sobre ele.
Considerando aspectos ligados à visão integrada sobre o ambiente agroindustrial, Batalha e Silva
(2001) afirma que há divergências sobre a nomenclatura apropriada para representar cada um dos
diversos primas pelos quais ele tem sido estudado, destacando as seguintes expressões:
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sistema agroindustrial;
complexo agroindustrial;
cadeia de produção agroindustrial.
Considerando uma visão sistêmica sobre o agronegócio, Araújo (2005) afirma que esta compreensão
insere todos os componentes e inter‐relações, tornando‐se uma ferramenta indispensável aos
gestores, sejam estes públicos ou privados, para tornar possível a elaboração e implementação de
políticas e estratégias dotadas de maior capacidade preditiva e eficiência.
Pode se considerar que há uma interdependência entre os diversos agentes participantes de um
sistema agroindustrial. Eventuais perturbações em qualquer um dos elos do sistema trarão
conseqüências para os demais elos. Para Araújo (2005), o agronegócio envolve as mais diversas
funções, a saber:
suprimentos à produção agropecuária;
produção agropecuária;
transformação;
acondicionamento;
armazenamento;
distribuição;
consumo;
serviços complementares.
Consumidor
Processador
ESTRUTURAS DE COORDENAÇÃO
Mercados INFRA‐ESTRUTURA E SERVIÇOS
Produtor Trabalho
Mercados Futuros
Programas Governamentais Crédito
Agências Governamentais Transporte
Cooperativas Energia
Fornecedor Tecnologia
Joint Ventures
Integração Propaganda
. Contratual Armazenagem
. Vertical Outros Serviços
Produtor
Agências de Estatística
Matéria ‐ Prima
Firmas Individuais
Fonte : Shelman, 1991 apud Ziybersztajn, 2000
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Figura 1.1 Sistema agroindustrial
Esta perspectiva gerada pela visão sistêmica tem contribuído para o desenvolvimento do agronegócio
através da organização de arranjos cada vez mais complexos, mas invariavelmente mais eficientes e
cooperativos.
2.1 Estrutura dos sistemas agroindustriais
Os sistemas agroindustriais podem ser constituídos considerando diferentes perspectivas. Para dar
uma conotação interpretativa lógica que possa representar estas particularidades, qualquer analista
precisa, antes de qualquer outra tarefa, considerar todos os setores envolvidos, bem como as
organizações que efetivamente atuam em cada um deles, a saber:
antes da porteira;
dentro da porteira;
depois da porteira.
Megido e Xavier (2003) destacam os principais aspectos relacionados aos três segmentos do sistema
agroindustrial, que são: (a) antes da porteira; (b) dentro da porteira; (c) depois da porteira.
Cada um desses setores possui características particulares. No entanto, todos formam uma estrutura
sistêmica de interdependências, em que o sucesso de todos está vinculado ao êxito das partes
individualmente.
2.2 Antes da porteira
Substanciais investimentos privados têm sido direcionados para o desenvolvimento tecnológico de
insumos, bens de produção e serviços para produção agropecuária, além de fusões, associações, joint
ventures, acordos de cessão de tecnologias e compras de empresas em escala global.
O segmento antes da porteira representa o ponto de origem para qualquer sistema agroindustrial e
pode ser subdividido em dois subsetores distintos, a saber:
produção e disponibilização de insumos para o agronegócio;
prestação de serviços voltados para o agronegócio.
Sobre os insumos relativos ao agronegócio, podem‐se destacar os fatores de produção que tornam a
exploração agroindustrial possível e viável.
Fazem parte deste segmento máquinas, equipamentos, fertilizantes, componentes químicos,
medicamentos veterinários, vacinas, compostos orgânicos, melhoramentos genéticos, sementes,
rações e implementos.
Em relação aos serviços voltados para o agronegócio, podem‐se destacar atividades desenvolvidas por
instituições que atuam na prospecção e desenvolvimento de conhecimento sobre o ambiente
econômico e institucional do agronegócio, bem como para a concepção de novas tecnologias.
Podem ser destacados os serviços vinculados à pesquisa agropecuária, extensão rural, elaboração e
análise de projetos agroindustriais, créditos e financiamentos para o meio rural, capacitação de
recursos humanos, infra‐estrutura, análises laboratoriais, consultoria empresarial especializada,
assessoria jurídica e técnica, monitoramento e rastreabilidade, tecnologias de informações e auxílio à
exportação.
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Dentre as instituições que tradicionalmente têm contribuído para o desenvolvimento do agronegócio
brasileiro, podem ser destacadas as seguintes:
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA);
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA);
secretarias estaduais de agricultura/produção rural;
institutos estaduais de pesquisa agropecuária;
universidades;
centros de pesquisas.
Percebe‐se que há uma ampla variedade de elementos ativos relacionados ao setor antes da porteira
que podem exercer considerável interferência sobre o desenvolvimento e consolidação do
agronegócio.
Cabe às instituições públicas e privadas a busca por competências e qualificação para o
desenvolvimento das diversas atividades econômicas, sejam elas técnicas tecnológicas, humanas ou
até mesmo logísticas para estruturar este segmento responsável pelas etapas iniciais dos sistemas
agroindustriais.
2.3 Dentro da Porteira
A produção agroindustrial também tem mostrado indícios de concentração produtiva associada a
incrementos de produtividade e eficiência, caracterizando uma mudança nos padrões tecnológicos e
organizacionais do agronegócio, reduzindo a participação relativa da produção agroindustrial oriunda
dos pequenos produtores em relação à produção global.
O segmento dentro da porteira abrange todas as atividades produtivas propriamente ditas,
representando distintas formas de exploração econômica dos fatores produtivos disponíveis para os
diferentes sistemas agroindustriais, sendo subdivididos em diferentes subsetores, a saber:
atividades agrícolas;
atividades pecuárias;
atividades de transformação;
serviços;
atividades complementares.
a) Atividades agrícolas
As atividades agrícolas destacam‐se desde o processo que abrange o preparo do solo, as tarefas de
manejos, podas e colheita, até a realização das atividades pós‐colheita, tais como transporte interno,
armazenamento apropriado, classificação e embalagem dos produtos através da agricultura.
As atividades agrícolas podem ser classificadas em função dos ciclos biológicos das diversas culturas
exploradas como perenes, semi‐perenes e anuais.
As culturas agrícolas de ciclos perenes são plantações que podem gerar produtos por muitos anos sem
haver a necessidade de novo plantio e sem a morte vegetal, tais como cajueiro, mangueira, limoeiro,
jabuticaba e coqueiro.
As culturas agrícolas de ciclos semi‐perenes são plantações que podem gerar produtos diversas vezes
sem haver novos plantios e sem a ocorrência da morte do vegetal, tais como bananeira, cana‐de‐
açúcar e mamoeiro.
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As culturas agrícolas de ciclos anuais são plantações nas quais o ciclo vegetal é completado em um
período inferior a um ano, gerando produtos apenas uma vez e, para iniciar um novo ciclo, faz‐se
necessária repetição de todo o processo agrícola, tais como feijão, arroz, milho e soja.
Outro componente relevante para as atividades agrícolas está relacionado ao grau de tecnologias
aplicadas. O uso de tecnologias dependerá de fatores diversos, tais como disponibilidade de recursos
financeiros, recursos humanos qualificados e características topográficas da região.
Tradicionalmente, as tecnologias adotadas nas atividades agrícolas têm sido inseridas para a irrigação
das plantações e para a colheita de safras. Contudo, cada vez mais as inovações tecnológicas e o
desenvolvimento de novas máquinas e equipamentos têm oferecido alternativas para os produtores
rurais.
A automação dos processos de limpeza, classificação, embalagem e armazenamento tem contribuído
de maneira significativa para o crescimento da produtividade da agricultura, maximizando o uso dos
recursos disponíveis e aumentando a capacidade de geração de renda e divisas externas. Pode‐se
ainda destacar a importância da padronização dos produtos agrícolas e dos selos de qualidade como
fatores que incorporam valor aos preços dos produtos agrícolas.
b) Atividades pecuárias
As atividades pecuárias abrangem diversos tipos de rebanhos e cada um deles possui particularidades,
tanto no que se refere às atividades operacionais de manejo, quanto aos fatores biológicos inerentes a
cada uma das espécies criadas.
As principais atividades relacionadas à criação de rebanhos na pecuária são:
bovinocultura;
suinocultura;
avicultura;
bubalinocultura;
caprinocultura;
ovinocultura.
As atividades pecuárias podem ser desenvolvidas a partir de distintos sistemas de criação. Araújo
(2005) aponta que as modalidades de sistemas de criação pecuária são os sistemas intensivo,
extensivo e semi‐intensivo.
Os sistemas intensivos são caracterizados pelo uso de tecnologias mais sofisticadas, maior volume de
capitais imobilizados (construções, equipamentos de suporte, máqujinas e materiais de apoio),
alimentação preparada e balanceada, acompanhamento contínuo de especialistas (veterinários e
zootecnistas, dentre outros), recursos humanos mais qualificados, maior capital de giro e gestão de
alto nível. Também são levados em consideração os padrões genéticos desejados, bem como maior
produtividade e controle de doenças.
Os sistemas extensivos são caracterizados por grandes áreas nas quais os rebanhos são mantidos
soltos, o uso de tecnologia é restrito a certas tarefas. Há um baixo nível de investimentos em
construções e equipamentos. A alimentação se baseia nos pastos existentes. O acompanhamento do
rebanho por parte de especialistas (veterinários e zootecnistas) é esporádico e periódico. Os recursos
humanos possuem baixa qualificação e o capital de giro necessário é reduzido. A produtividade é
menor que a observada em sistemas intensivos.
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Os sistemas semi‐intensivos representam configurações hibridas, que possuem traços dos sistemas
intensivos e dos sistemas extensivos. Geralmente, os rebanhos se alimentam dos pastos, mas recebem
complementos balanceados para elevar a produtividade.
c) Atividades de transformação
As atividades de transformação são os processos pelos quais as matérias‐primas oriundas de produtos
agrícolas ou animais são processadas e modificadas para a obtenção de produtos derivados que
possuem características próprias, bem como das atividades ligadas ao transporte interno,
armazenamento apropriado, classificação e embalagem, tais como, geléia, requeijão, polpa de frutas,
sucos concentrados e açúcar.
Outro fator relevante a ser considerado para as atividades de transformação está relacionado à base
tecnológica utilizada. Esta tecnologia dependerá das especificações de mercado a serem atendidas, às
preferências dos consumidores e às barreiras de mercado não alfandegárias.
Também devem ser considerados os recursos financeiros necessários para imobilização de ativos e
giro do negócio, os recursos humanos, a escala de operações necessária para viabilizar o
empreendimento, a capacidade de armazenamento de matérias‐primas e produtos acabados, bem
como o planejamento logístico.
Cada vez mais, a tecnologia adotada exerce uma influência direta sobre a competitividade do
agronegócio de transformação. Processos mais eficientes reduzem os desperdícios e maximizam a
utilização das matérias –primas. Outro benefício decorrente da inserção de bases tecnológicas mais
avançadas está vinculado ao controle de qualidade.
A automação dos processos tem contribuído de maneira significativa para a elevação dos níveis de
produtividade e eficiência. Além disso, o agronegócio tem gerado oportunidades de carreiras
promissoras para profissionais de formação tecnológica. O trabalho desempenhado pelas incubadoras
de empresas tem gerado novas oportunidades e empreendimentos interessantes voltados para o
desenvolvimento e inovação tecnológica do agronegócio.
d) Serviços
Os serviços são apresentados por Gianesei e Corrêa (1994), sendo experiências que o cliente vivencia,
enquanto os produtos são coisas que podem ser possuídas. A intangibilidade dos serviços torna difícil
para os gerentes, funcionários e mesmo para os clientes avaliar o resultado e a qualidade do serviço.
As principais atividades de serviços desenvolvidas no agronegócio são:
turismo rural;
consultoria/assessoria;
suporte técnico/laboratorial.
Ao longo das últimas décadas, o turismo se diversificou através de novas modalidades turísticas,
levando em consideração demandas diferenciadas por alternativas ecológicas ou por turismo de
aventura. Essa diversificação do produto turístico tem sido fundamental para introduzir o turismo
rural no contexto empresarial nacional e internacional.
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O turismo rural pode ser entendido como uma atividade multidisciplinar que se realiza no meio
ambiente, tais como caminhadas; visitas a sítios históricos, festivais, rodeios, paisagens cênicas,
observação da fauna e da flora e gastronomia regional.
O turismo rural é uma atividade realizada fora de áreas intensamente urbanizadas e é caracterizada
por empresas turísticas de pequeno porte, que têm no uso terra a atividade econômica predominante
voltada para práticas agrícolas e pecuárias.
As atividades de consultoria e assessoria podem ser desenvolvidas a partir de demandas esporádicas
por profissionais qualificados e que não fazem parte do quadro fixo de pessoal.
As consultorias e assessorias especializadas têm auxiliado os gestores do agronegócio nas mais
diversas tarefas, tais como otimização do uso dos recursos disponíveis, redefinição dos arranjos
produtivos, exportação, abertura de novos mercados e treinamento pessoal.
Os suportes técnicos e laboratoriais são as atividades vinculadas aos exames de análise da composição
dos solos, das anomalias dos vegetais, das assistências técnicas de máquinas e equipamento, bem
como pelas análises laboratoriais de amostras retiradas das plantas e animais.
e) Atividades complementares
As atividades complementares não se destinam à produção, mas exercem a função de prover os
serviços necessários ao desenvolvimento das atividades realizadas no âmbito das empresas que atuam
no agronegócio.
Estas atividades abrangem os animais de trabalho (ou custeio), veículos, motores, máquinas,
ferramentas agrícolas, irrigação, armazenamento e conservação dos produtos. Todos os custos
decorrentes das atividades complementares devem ser alocados aos respectivos setores produtivos
da empresa que tenham utilizado seu suporte, obedecendo às respectivas quantidades de consumo.
2.4 Depois da porteira
Após a realização de todas as etapas necessárias para a obtenção dos produtos finais, o gestor se
defronta com a expectativa de inseri‐los no mercado para que os consumidores finais possam adquiri‐
los.
O segmento depois da porteira abrange todas as atividades relacionadas à distribuição e
comercialização dos produtos agroindustriais até que eles atinjam os consumidores finais, sendo
subdivididos em dois subsetores, a saber:
canais de comercialização;
logística.
Não há um roteiro padronizado que todos os produtos agroindustriais possam percorrer desde o início
das operações antes da porteira até chegar aos consumidores finais. Para cada caminho alternativo, os
produtos passarão por diferentes agentes econômicos que atuam como fornecedores, processadores,
distribuidores e comerciantes.
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Alguns produtos são comercializados in natura e chegam ao varejo sem ter sofrido qualquer processo
de transformação ou tratamento, podendo ser embalados ou não. Outros são beneficiados e
embalados em recipientes especiais antes de serem comercializados.
Os canais de comercialização podem variar em função da região na qual o produtor atua, bem como
em função dos produtos que ele deseja comercializar, por situações particulares acabam provocando
operações logísticas e demandando infra‐estruturas distintas.
Cadeias Produtivas
As atividades econômicas desenvolvidas no âmbito do agronegócio tendem a compor seqüências de
operações que obedecem a certas lógicas preexistentes compondo as cadeias produtivas.
Cadeia produtiva é uma expressão que não possui um único conceito capaz de abranger todos os
aspectos relacionados às suas principais características. Para Morvan (1988), as cadeias de produção
podem ser representadas a partir de três perspectivas alternativas, a saber:
Cadeia de operações – é uma sucessão de operações de processamento e transformação plenamente
identificáveis isoladamente, mas encadeadas a partir de aspectos técnicos;
Cadeia de comércio – é um conjunto de atividades comerciais e financeiras estabelecidas ao longo de
todas as etapas que um produto percorre, desde o fornecedor de insumos até a venda do produto
final aos clientes;
Cadeia de valor – é um arranjo de atividades econômicas nas quais o valor dos meios de produção
pode ser efetivamente mensurado e registrado.
Independentemente do enfoque escolhido, uma cadeia de produção representa uma seqüência de
atividades necessárias para a transformação de um insumo básico em um produto final destinado aos
consumidores.
Considerando a relevância da identificação e análise da estrutura das cadeias produtivas, Araújo
(2005) aponta diversas informações relevantes obtidas através da sistematização das relações e inter‐
relações existentes entre os diversos agentes participantes, que são:
efetuar a descrição de toda a cadeia;
reconhecer o papel da tecnologia na estruturação da cadeia;
organizar estudos de integração;
analisar as políticas voltadas para o agronegócio;
compreender a matriz de insumo‐produto para cada um dos produtos;
analisar as estratégias das firmas e associações.
Um aspecto relevante sobre a estrutura das cadeias produtivas está associado ao paradigma básico
que rege as atividades industriais tradicionais, que é a capacidade de agregar valor. Quanto maior for
a capacidade que um determinado agente possua para agregar valor dentro da cadeia da qual ele faça
parte, maior será sua influência sobre o processo de coordenação dos padrões e relações em relação
aos demais.
Batalha e Silva (2001) apontam algumas aplicações relacionadas ao conceito de cadeia produtiva, a
saber:
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metodologia de divisão setorial do sistema produtivo;
formulação e análise de políticas públicas e privadas;
ferramenta de descrição técnico‐econômica;
metodologia de análise da estratégia das firmas;
ferramenta de análise das inovações tecnológicas e apoio à tomada de decisão tecnológica.
Dentre os principais fatores associados às expectativas geradas a partir de uma cadeia produtiva
específica podem ser destacadas a importância relativa assumida pela tecnologia adotada e a
organização harmônica entre seus participantes.
As cadeias produtivas ainda são utilizadas como referência institucional para a avaliação de estratégias
de diversificação a partir das possíveis combinações de seu diferentes elos com elos pertencentes a
outras cadeias produtivas. Os fatores relevantes a serem considerados sobre eventuais oportunidades
de diversificação são:
as relações comerciais;
as relações tecnológicas;
as interdependências;
a complementariedade das atividades.
A formação de alianças e parcerias estratégicas pode ser uma alternativa interessante voltada para a
agregação de competências que possam gerar benefícios para todos os participantes.
Miranda (1997) apresenta que as alianças estratégicas a longo prazo têm a capacidade de colocar
qualquer varejista, grande ou pequeno, dentro de sua real perspectiva e importância para os negócios
dos produtores, garantindo a estabilidade e a continuidade de seus negócios.
Também devem ser considerados aspectos qualitativos, tais como histórico institucional, perfil
gerencial, participação relativa no mercado, estrutura de capital e perspectivas de longo prazo. Estes
fatores podem interferir diretamente nas intenções dos diversos agentes que estejam interessados
em adotar parcerias comerciais.
Os padrões tecnológicos utilizados também devem ser considerados através de suas características
próprias. Tecnologias de base estão associadas às atividades principais e podem ser facilmente
adquiridas. Tecnologias de referência estão vinculadas a elementos diferenciais sobre os padrões
competitivos convencionais. Tecnologias de ponta estão voltadas para as perspectivas futuras do
negócio. Na medida em que o padrão tecnológico assume um papel significativo dentro da dinâmica
competitiva, as possibilidades de arranjos de parceria e cooperação tornam‐se mais complexas e
exigem maior esforço para sua consumação.
A importância creditada às estratégias vem crescendo gradativamente ao longo do tempo. Esse
interesse é atribuído ao comportamento do ambiente externo das empresas, que apresenta mutações
cada vez mais rápidas e descontínuas.
Dentro desse ambiente caracterizado pelas constantes mudanças, Tavares (2000) afirma que
gradualmente, o planejamento deslocou sua ênfase no prazo para a compreensão dos fenômenos que
ocorrem no mercado e no ambiente de forma geral.
A palavra estratégia derivada palavra strategos, que significa a arte do general. Dentro do ambiente
empresarial, o termo estratégia em sido utilizado para definir a adequada alocação dos recursos
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humanos, financeiros, materiais e tecnológicos que a empresa possui, com o objetivo de reduzir seus
problemas e aumentar suas oportunidades.
Para Maximiano (2004), a compreensão de informações sobre os diversos aspectos relacionados à
economia se torna fundamental para qualquer organização, afirmando que obter e utilizar essas
informações para tomar decisões é extremamente importante para qualquer administrador/e ou
empresa.
A elaboração e implantação de uma estratégia pressupõem um conjunto de procedimentos contínuos
e interativos que visam manter determinada organização integrada ao seu ambiente externo.
Batalha e Silva (2001) destacam que o planejamento estratégico deve ser capaz de harmonizar as
intenções estratégicas de cada participante de uma cadeia produtiva para o aumento da eficiência e
eficácia, apontando as seguintes etapas deste processo:
sensibilização e motivação dos participantes;
definição da missão da cadeia;
definição dos objetivos gerais da cadeia e de cada um dos participantes;
segmentação da área de atuação da cadeia;
diagnóstico estratégico;
quantificação dos objetivos específicos;
definição das estratégias possíveis;
escolha da estratégia a ser implementada;
implementação da estratégia;
acompanhamento e controle dos resultados.
Uma das crescentes preocupações relacionadas ao desempenho competitivo das cadeias produtivas
dentro de seus respectivos segmentos de atividade econômica consiste na elaboração e
implementação de diversas estratégias, em busca de respostas mais precisas sobre suas
características, suas potencialidades, suas limitações e suas oportunidades, que são aspectos
estreitamente relacionados à sua competitividade.
3.0 LOGÍSTICA EM AGRONEGÓCIO
O termo logística está muito utilizado ultimamente, sobretudo em função do crescimento dos centros
urbanos, da distância entre os centros de produção e os de consumo, da necessidade de diminuição
de custos e de perdas de produtos e da competição entre fornecedores/distribuidores. Por essas
características é muito comum, sobretudo para o leigo, conceber a logística como o transporte final na
distribuição de produtos em grandes centros urbanos, denominando as empresas que prestam esse
tipo de serviço como empresas de logística, vista de modo mais amplo.
Logística é um modo de gestão que cuida especialmente da movimentação dos produtos, nos diversos
segmentos dentro de toda a cadeia produtiva de qualquer produto, inclusive nas diferentes cadeias
produtivas do agronegócio. Assim, envolve o conjunto de fluxos dos produtos em todas as atividades a
montante, durante o processo produtivo e a jusante, como todo o conjunto de atividades relacionadas
a suprimentos, às operações de apio aos processos produtivos e as atividades voltadas para a
distribuição física dos produtos na comercialização, como armazenagem, transporte e formas de
distribuição dos mesmos.
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Essa mesma lógica aplica‐se também a qualquer firma, sempre na busca de melhor gestão e da
realização em termos de eficiência e de eficácia no fluxo de insumos e de produtos.
Conforme pesquisa realizada pela revista Exame, junto a 148 lideranças do agronegócio no Brasil, em
2004, a falta de investimentos em infra‐estrutura foi apontada como o principal obstáculo ao
desenvolvimento do agronegócio brasileiro, afirmando que:
‘’A produção agrícola cresceu, enquanto a malha viária e a capacidade dos portos continuam
praticamente inalteradas e o sistema hídrico é pouco aproveitado’’ (Exame 2004).
Os custos da produção agropecuária no Brasil, historicamente, são inferiores aospraticados em outros
países, porém, há perda nas concorrências, principalmente pelo denominado custo Brasil, decorrente
do que acontece após a produção agropecuária. Lógico que este custo tem sido amenizado nos
últimos anos, porém ainda falta muito a ser feito em termos de transportes, armazenagens, gestão,
etc.
Em sua forma mais ampla, didaticamente, a LOGÍSTICA em agronegócios ocorre em três etapas
distintas, mas integradas entre si: logística de suprimentos, logística das operações de apoio à
produção agropecuária e logística de distribuição.
3.1 A Logística de suprimentos
Em uma cadeia produtiva agroindustrial, a logística de suprimentos cuida especialmente da forma
como os insumos e os serviços fluem até as empresas componentes de cada cadeia produtiva, para
disponibilizá‐los tempestivamente e reduzir os custos de produção ou de comercialização.
Os insumos agropecuários têm peso muito elevado na composição dos custos de produção das
empresas agropecuárias e alguns deles têm seu preço de transporte mais elevado que seu próprio
preço de aquisição, como, por exemplo, o calcário agrícola é de baixo preço específico (entre R$ 16,00
e R$ 20,00 por tonelada), mas com transporte geralmente superior, dependendo da quantidade
transportada e da distância do moinho até a fazenda. Ou ainda, mesmo pequenas quantidades
necessárias têm de ser transportadas até as fazendas. E mais, uns e outros têm o momento certo de
aplicação, tanto antes como durante a produção. Como exemplos: (a) o calcário agrícola, como
corretivo, tem de ser incorporado ao solo, no mínimo, 60 dias antes do plantio; (b) o Rhizobium em
sementes leguminosas tem de ser inoculado no momento do plantio; (c) alguns fungicidas são
aplicados nas plantas preventivamente à ocorrência de doenças; (d) os inseticidas devem ser aplicados
somente após um nível preestabelecido de infestação de determinada praga.
Assim, o fluxo de movimentação desses insumos deve prever exatamente a época de sua aplicação e
forma mais econômica de conduzi‐lo até as fazendas, como fretes de retorno ou fretes de
oportunidade. Assim, evita‐se armazenagem desnecessária ou por longo prazo e diminuem‐se custos.
Raciocínio semelhante ocorre nas agroindústrias, onde matéria‐prima, insumos secundários,
embalagens, serviços etc. têm de estar disponíveis no momento e nas quantidades certas, para que a
produção flua normalmente.
3.2 A logística das operações de apoio à produção agropecuária
A gestão do processo produtivo, quanto a suprimento de insumos, tem de procurar conduzir o
empreendimentos para conseguir eficácia e eficiência e, do ponto de vista da logística, procurar a
racionalização dos processos operacionais para transferência física dos materiais, que envolve
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também informações sobre estoques e planos de aplicação de cada produto, quantidade e época de
uso. Então, a logística procura movimentar somente as quantidades necessárias, sem formar estoques
excessivos, e evitar a falta, com conseqüentes correrias de última hora, de acordo com a capacidade
de produção do empreendimento.
Obtida a produção, a logística se ocupará da movimentação física dos produtos, como transporte
interno, manuseio, armazenagem primária, estoques primários, entregas, estoques finais e controles
diversos.
3.3 A logística de distribuição
Para melhor entendimento da importância da Logística de distribuição no agronegócio, é importante
relembrar algumas características dos produtos agropecuários e dos produtores rurais.
Os produtos agropecuários de modo geral são perecíveis, variando quanto ao grau de perecibilidade
de produto a produto. Por isso, cada um necessita de tratamento pós‐colheita diferenciado. Por
exemplo, as frutas (manga, uva, pinha, graviola, maçã, pêra, pêssego, caqui e outras) são
extremamente perecíveis e necessitam de vários cuidados, como transporte rápido e cuidadoso,
embalagens apropriadas, armazenagem em temperaturas amenas e umidade relativa do ar elevada.
Os grãos (soja, milho, arroz, feijão, café e outros) não são tão perecíveis e podem demorar mais
tempo mesmo em armazéns convencionais a temperatura ambiente e ser transportados a granel e
exigem, ao contrário das frutas, baixa umidade relativa do ar.
Outra característica dos produtos agrícolas é a sazonalidade da produção. Salvo raras exceções, esses
produtos são colhidos uma única vez ao ano em cada região, porque são dependentes das condições
climáticas. Como exceções, podem ser citadas algumas culturas irrigadas nas regiões semi‐áridas
tropicais, como algumas frutas (uva, banana, coco, melão, melancia e outras) e hortaliças (tomate,
pimentão e outras), que podem ser obtidas durante todo o ano, dependendo de planejamento e de
manejo especiais. Mesmo assim, são sujeitas a períodos de produção mais elevada intercalados com
períodos de baixa, ou então períodos de maior facilidade na produção intercalados com períodos que
exigem cuidados especiais.
Os produtos pecuários, embora sejam obtidos durante todo o ano, são caracterizados como de semi‐
sazonalidade, porque apresentam picos de alta e de baixa produção, dependendo em geral das
condições determinam, em síntese, os períodos de faturas ou de deficiências de alimentos para os
animais, que são as pastagens e os produtos agrícolas geralmente sazonais.
3.4 Armazenagem
Principalmente devido à sazonalidade da produção agropecuária, a armazenagem é imprescindível
durante toda a comercialização e durante todo o ano, inclusive nos períodos entressafras.
De modo geral, pode‐se classificar a armazenagem em:
• Primária, quando efetuada em nível da produção, ainda na fazenda. Tem a finalidade de
guardar o produto por espaços de tempo mais curtos, com objetivo de juntar volumes
suficientes para justificar transporte, ou efetuar pequenos beneficiamentos ou
transformações, ou aguardar a comercialização;
• Local, quando efetuada em armazéns localizados no município e que se prestam a vários
produtores. Essa classe de armazenagem é geralmente uma prestação de serviços, tanto a
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produtores quanto a comerciantes, com a finalidade de aguardar a época para
comercialização;
• Regional, quando concentra a produção de vários produtores localizados em municípios
vizinhos. Esses armazéns estão situados em locais estratégicos para concentrar produtos que
se destinam a meios de transportes de maiores volumes, como trens de ferro e navios;
• Terminal, que é uma armazenagem regional localizada em terminais ferroviários e portuários;
• De distribuição, quando inicia o processo inverso, de saída de produtos para armazéns
menores, já para distribuidores mais próximos dos consumidores;
• Final, é a armazenagem dos produtos já em nível da última intermediação antes do
consumidor, como, por exemplo, em supermercados, açougues, padarias.
• A armazenagem no setor de agroindústrias pode ser classificada como qualquer uma das
classes citadas, dependendo do porte e da localização delas.
Assim como, também, o produto não necessita obrigatoriamente passar por todas elas; pode
sair da lavoura diretamente para qualquer das classes seguintes, dependendo da
disponibilidade de transporte, do tipo de produto e do volume da produção. Por exemplo, a
soja pode sair diretamente da caçamba da colheitadeira para a carreta graneleira e desta para
silos localizados nos portos. Ou ainda, as frutas podem sair do packing house, situado no local
da produção, e ser destinadas a supermercados (armazenagem final)
Cada produto necessita de um tipo de armazenagem específico, em qualquer uma das classes
citadas. Alguns produtos exigem câmaras frigoríficas, com baixas temperaturas, elevada
umidade relativa do ar e baixa ventilação (suficiente apenas para circulação do ar frio), como
os derivados do leite (iogurte, queijos, requeijões e outros), frutas in natura (maçã, pêra, uva e
outras), carnes, hortaliças e flores.
Outros produtos necessitam de congelamento, como carnes, mariscos, polpas de frutas, água
de coco natural e outras.
Já os grãos podem ser armazenados bem ventilados, em armazéns convencionais, a
temperaturas ambientes, mas com baixa umidade relativa do ar
Para qualquer das situações, cada produto tem seu ponto ótimo de conservação e a
armazenagem terá de ser adaptada a essa condição. Isso inclui também cuidados especiais de
manutenção das instalações e higienização curativa e preventiva. Nesse sentido é sempre
bom lembrar que:
O armazém não melhora a qualidade do produto, no máximo conservas suas características
existentes imediatamente antes da armazenagem. Portanto, uma falha em qualquer das
etapas não poderá ser corrigida na etapa seguinte.
3.5 Logística de transporte
Existem diferentes modalidades de transportes: rodoviário, ferroviário, hidroviário (fluvial e
marítimo), aeroviário e intermodal. O desafio para o administrador é exatamente definir a melhor
opção de transportes quando existem alternativas, ou na escolha de onde investir quando existem
locais alternativos.
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Essa não é uma decisão tão simples, porque depende não só da minimização de custos, mas também
das características dos produtos, da manutenção da qualidade dos produtos e da velocidade de
atendimento ao cliente (comprador), para fins de pontualidade e de assiduidade ou mesmo para
vencer uma concorrência ou ganhos de preços.
Exemplificando, entre outros:
• Leite in natura, mandioca e cana‐de‐açúcar estão associados a transportes rápidos e
de curtas distâncias, devido à elevada perecibilidade, ao baixo valor específico
(pequena quantidade de dinheiro por unidade de produto, por exemplo R$ 0,18/litro
de leite, R$ 40,00/tonelada de mandioca e R$ 25,00/tonelada de cana‐de‐açúcar, a
preços do ano de 2001) e à grande quantidade de água transportada, contida nos
próprios produtos (próximo de 90% no leite, 70% na mandioca e na cana‐de‐açúcar);
• Grãos estão associados a transportes de longas distâncias;
• Frutas, hortaliças, flores, carnes e laticínios demandam transportes rápidos e em
condições especiais.
O transporte rodoviário é responsável por aproximadamente 60% do transporte de
cargas totais no Brasil, e mais, cerca de 80% dos grãos são movimentados pelo
transporte rodoviário. Essa modalidade de transporte, embora mais cara por tonelada
de produto transportada, tem a vantagem de ser rápida e mais flexível na ligação
entre o produtor e o consumidor e apresenta custos fixos mais baixos e custos
variáveis altos.
O transporte rodoviário apresenta economia de escala de acordo com a distância. Ou
seja, menores distâncias, maiores custos por tonelada transportada e é recomendado
para percursos inferiores a 500 km.
O transporte ferroviário, responsável por aproximadamente 20% do transporte de
cargas totais no Brasil e por 16% de cargas agrícolas, apresenta custos fixos elevados
e custos variáveis mais baixos que os rodoviários e por isso é recomendável para
percursos maiores, geralmente entre 500 km e 1.200 km (CAIXETA‐FILHO E
GAMEIRO,2001).
Para movimentação de grãos a longas distâncias, o preço de frete ferroviário por
unidade, em US$/t X km, foi inferior em 36%, comparado ao frete rodoviário. Mas
tem também suas desvantagens: não prescinde de transporte rodoviário para
concentração e distribuição do produto, é mais demorado nas condições nas ferrovias
brasileiras e é mais caro nos transportes a curtas distâncias.
O transporte rodoviário, também de elevados custos fixos e baixos custos vaiáveis,
caracteriza‐se pela movimentação de cargas volumosas de baixo valor agregado (valor
específico) e é mais indicado para transporte para longas distâncias, acima de 1.200
km.
No Brasil, a modalidade de transporte hidroviário fluvial transportou em torno de
20% do total de cargas e menos de 3% de cargas agrícolas, mesmo que, para longas
distâncias, apresente valores de fretes 58% mais baixos que o transporte rodoviário e
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35% menores que o ferroviário. Essa modalidade de transporte apresenta as mesmas
desvantagens que o transporte ferroviário.
O transporte aeroviário apresenta custos fixos e variáveis elevados, não prescinde de
outras modalidades de transporte, sobretudo o rodoviário, e só se justifica para
longas distâncias e, mesmo assim, para produtos de perecibilidade muito rápida e de
valor específico alto, como, por exemplo, camarão congelado, flores, algumas frutas e
outros, de forma que o preço e a pressa em atender ao cliente o justifiquem.
O transporte intermodal é uma combinação de diferentes modalidades de transporte
para levar o mesmo produto de um lugar a outro, com objetivo de diminuir preços de
fretes. No Brasil, essa modalidade é pouco tradicional, e as mais conhecidas para
cargas agrícolas são as intermodais que utilizam os Rios Tietê/ Paraná, São Francisco,
Araguaia/Tocantins e Madeira e as ferrovias Ferronorte e Ferroeste. Com certeza, a
melhor infra‐estrutura portuária e a melhoria e ampliação das ferrovias mudarão
muito a matriz de transporte de cargas no Brasil. Essa mudança é até mesmo uma
necessidade, em função dos elevados preços de fretes praticados pelo transporte
rodoviário e da competitividade com produtos de outros países.
No Brasil, em função dos investimentos efetuados nas modalidades ferroviária e
fluvial, há uma tendência, para o início deste século, de inversão de uso das
diferentes modalidades, com aumento dos transportes de granéis agrícolas vias
ferroviário (56%) e fluvial (8%) e de diminuição via rodoviário (35%).
Do exposto, conclui‐se que essa inversão é uma necessidade, sobretudo se forem
observadas as distâncias rodoviárias médias percorridas por produtos agropecuários
no Brasil (GEIPOT,1997, citado por CAIXETA‐FEILHO E GAMEIRO,2001):
Farelo de soja: 555 km
Soja: 756 km
Trigo: 851 km
Milho: 1. 603 km
Arroz: 1.653 km
Todos esses produtos são movimentados a distâncias superiores aos 500 km máximos
recomendados para transportes rodoviários e, no caso de milho e arroz, superiores
até mesmo à recomendação para transporte ferroviário.
Observada a logística de transporte do ponto de vista de modalidades, de custos e de
outras características próprias, ainda é necessário comentar sobre a infra‐estrutura
de apoio (que também integra a logística, compreendida de forma mais abrangente),
a adequação dos equipamentos de transporte, com como sobre a qualidade dos
produtos, a pontualidade e a assiduidade.
Quanto à infra‐estrutura de apoio, são imprescindíveis armazéns bons e adequados e
portos e terminais de carga e de embarque suficientes e de custo operacional baixo,
incluindo todos os detalhes para atender às exigências de cada produto.
Os equipamentos de transporte, como barcaças, contêineres, vagões, carretas
graneleiras ou boiadeiras, são adequados a cada tipo de produto. Por exemplo, é
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impossível transportar carne em outro tipo de transporte que não seja em
contêineres frigorificados, bem como também o é transportar grãos em carretas
boiadeiras.
Quanto à qualidade de produtos, nem sempre o menor preço de transporte é a
melhor alternativa. A escolha do equipamento adequado é necessária, mas não
suficiente. Há que observar outros aspectos, como: temperatura e umidade do
ambiente durante o transporte, choques térmicos, atritos e tempo até a entrega dos
produtos.
Esses fatores não têm sido analisados em profundidade e podem tornar um frete
viável financeiramente (em R$/t transportada), mas impossível pelas perdas de
características dos produtos. Por exemplo, é muito difundida a viabilidade de frete de
grãos de soja pelo transporte intermodal, mas são pouco conhecidos os estudos que
analisam as quebras de grãos durante as diversas operações de transbordo e as
conseqüentes perdas por fermentação e oxidação.
A pontualidade e a assiduidade também são necessárias na análise das alternativas
de transporte, porque os produtos têm que chegar ao cliente no tempo certo e com
assiduidade. Por exemplo, um transporte ferroviário de menor preço de frete por
unidade por ser preterido e perder essa vantagem para o transporte rodoviário, se o
tempo para chegar ao destino for superior ao exigido pelo cliente, ou ainda, se não
houver freqüência regular de viagens.
Em suma, a modalidade de transporte ideal é a que consegue ser de baixo custo,
conte com infra‐estrutura de apoio completa e suficiente, tenha equipamentos
adequados, não prejudique a qualidade do produto, não tenha perdas durante o
transporte e atenda ao cliente em quantidade, pontualidade e assiduidade.
Bibliografias Básicas:
ARAÚJO, MASSILON J. FUNDAMENTOS DE AGRONEGÓCIOS. São Paulo: Atlas, 2009.
Bibliografias Complementares:
LIKER, JEFFREY K. O Modelo Toyota. São Paulo : Bookman,2006
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