MODELO DE PETIÇÃO REQUERENDO A PRISÃO DOMICILIAR EM FACE DA
PANDEMIA DO COVID-19 (CORONAVÍRUS)
No dia 17 de março de 2020, o Conselho Nacional de Justiça editou a recomendaçã o nº 62/2020, onde ‘Recomenda aos Tribunais e magistrados a adoçã o de medidas preventivas à propagaçã o da infecçã o pelo novo coronavírus – Covid-19 no â mbito dos sistemas de justiça penal e socioeducativo’. Nessa esteira, com o intuito de colaborar com a estagnaçã o da pandemia do Covid- 19 e também, salvaguardar a vida de detentos que correm riscos de infecçã o e vida, protocolei vá rios pedidos de prisã o domiciliar em face ao novo coronavírus. Segue abaixo um modelo de prisã o domiciliar com fundamentos na recomendaçã o nº 62/2020 do CNJ: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE EXECUÇÕES PENAIS DE XXXXXXXXX – ESTADO DE XXXXXXXXX PROC. DE Nº: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX PEDIDO DE PRISÃO DOMICILIAR NOME, brasileiro, estado civil, residente e domiciliado na Rua xxxxxxxxxxxx, nº xxx, bairro, Cidade/UF, vem, com o devido respeito e superior acatamento, através de seu Advogado (Doc.01 - procuraçã o anexa), perante Vossa Excelência, requerer a apreciaçã o do presente PEDIDO DE PRISÃ O DOMICILIAR, com fulcro na Recomendaçã o nº 62/2020 do Conselho Nacional de Justiça, no art. 1º, III da Constituiçã o Federal e art. 318 do Có digo de Processo Penal, conforme motivaçã o a seguir. I – DOS FATOS O sentenciado foi processado e condenado a uma pena de xx anos e xx meses por ter cometido, em tese, o crime de trá fico de drogas. Atualmente o mesmo cumpri pena no regime Semiaberto na penitenciá ria de xxxxxxxxx. Ocorre que devido à pandemia instalada no mundo em decorrência do Covid-19 (coronavírus), o sentenciado está no grupo de risco, pois é portador da doença de tuberculose (doc.02 – exames médicos). Desse modo, conforme a recomendaçã o nº 62/2020 do Conselho Nacional de Justiça, a Constituiçã o Federal e o Có digo de Processo Penal, fundamentamos o presente pedido. II – DO DIREITO Diante da pandemia em que a populaçã o Brasileira vem sofrendo e com expectativas catastró ficas no sistema de saú de, o poder pú blico têm adotado medidas duras e necessá rias para estagnar a propagaçã o do covid-19, como exemplo, a decretaçã o de estado de calamidade pú blica e a quarentena. Nessa mesma via, o Conselho Nacional de Justiça editou a recomendaçã o nº 62/2020, onde ‘Recomenda aos Tribunais e magistrados a adoção de medidas preventivas à propagação da infecção pelo novo coronavírus – Covid-19 no âmbito dos sistemas de justiça penal e socioeducativo’. Portanto, considerando [...] a declaraçã o pú blica de situação de pandemia em relaçã o ao novo coronavírus pela Organizaçã o Mundial da Saú de – OMS em 11 de março de 2020, assim como a Declaraçã o de Emergência em Saú de Pú blica de Importâ ncia Internacional da Organizaçã o Mundial da Saú de, em 30 de janeiro de 2020, da mesma OMS, a Declaraçã o de Emergência em Saú de Pú blica de Importâ ncia Nacional – ESPIN veiculada pela Portaria no 188/GM/MS, em 4 de fevereiro de 2020, e o previsto na Lei no 13.979, de 6 de fevereiro de 2020, que dispõ e sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do novo coronavírus; (grifamos). Conforme orientaçõ es da Organizaçã o Mundial da Saú de – OMS – e o art. 1º recomendaçã o nº 62/2020 do CNJ, o grupo de risco para infecçã o pelo novo coronavírus – Covid-19 - compreende pessoas idosas, gestantes e pessoas com doenças crô nicas, imunossupressoras, respirató rias e outras comorbidades preexistentes que possam conduzir a um agravamento do estado geral de saú de a partir do contá gio, com especial atençã o para diabetes, tuberculose, doenças renais, HIV e coinfecçõ es. O Conselho Nacional de Justiça afirmOU categoricamente [...] que a manutenção da saúde das pessoas privadas de liberdade é essencial à garantia da saúde coletiva e que um cenário de contaminação em grande escala nos sistemas prisional e socioeducativo produz impactos significativos para a segurança e a saúde pública de toda a população, extrapolando os limites internos dos estabelecimentos. E ainda, que há [...] necessidade de estabelecer procedimentos e regras para fins de prevenção à infecção e à propagação do novo coronavírus particularmente em espaços de confinamento, de modo a reduzir os riscos epidemiológicos de transmissão do vírus e preservar a saúde de agentes públicos, pessoas privadas de liberdade e visitantes, evitando-se contaminações de grande escala que possam sobrecarregar o sistema público de saúde. O art. 5º, III, da recomendaçã o nº 62/2020 do CNJ prevê: Art. 5º. Recomendar aos magistrados com competência sobre a execução penal que, com vistas à reduçã o dos riscos epidemioló gicos e em observâ ncia ao contexto local de disseminaçã o do vírus, considerem as seguintes medidas: [...] III – concessã o de prisão domiciliar em relaçã o a todos as pessoas presas em cumprimento de pena em regime aberto e semiaberto, mediante condiçõ es a serem definidas pelo Juiz da execuçã o; Outrossim, por uma questã o de humanidade e com base no princípio da dignidade da pessoa humana, princípio este previsto no art. 1º, inciso III da CF/88, deve ser concedida a oportunidade ao sentenciado de ter condiçõ es de tratamento adequado diante do quadro GRAVÍSSIMO da Pandemia do Covid-19, possibilitando a sua prisã o domiciliar, pois o alto índice de transmissibilidade do novo coronavírus e o agravamento significativo do risco de contá gio em estabelecimentos prisionais, tendo em vista fatores como a aglomeraçã o de pessoas e a insalubridade dessas unidades, haveria dificuldades em garantir procedimentos mínimos de higiene e isolamento rápido dos indivíduos sintomáticos, por insuficiência de equipes de saú de, entre outros, características inerentes ao “estado de coisas inconstitucional” do sistema penitenciá rio brasileiro reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal na Arguiçã o de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 347. Corroborando os fundamentos acima exarados, o Có digo de Processo Penal assevera: Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisã o preventiva pela domiciliar quando o agente for: II - extremamente debilitado por motivo de doença grave Nã o se pode exigir do detento que este seja colocado em uma situaçã o gravosa com RISCO DE CONTAMINAÇÃO e MORTE em face de um mandado de prisã o preventiva. Dito isso, em razã o da debilitada condiçã o física do requerente, roga-se pela substituiçã o da prisã o preventiva a prisã o domiciliar, diante do momento EXCEPCIONALÍSSIMO em que vivemos. Vejamos decisõ es a respeito: AGRAVO EM EXECUÇÃ O. DECRETO Nº 8.380/2014. INDULTO HUMANITÁ RIO. DOENÇA GRAVE. DESCABIMENTO. CONCESSÃ O DE PRISÃ O DOMICILIAR MEDIANTE CONDIÇÕ ES. 1. O apenado é portador de doença grave e permanente, necessitando tratamento contínuo e por equipe médica especializada, nã o disponibilizados na casa prisional. 2. Por questão de humanidade, entendo que o apenado deva ser afastado da casa prisional. Entretanto, o benefício mais adequado, é a prisã o domiciliar, pois nã o se pode perder de vista que a pena possui cará ter preventivo e retributivo, de modo que a simples extinçã o da pena pelo indulto, por certo causará no apenado a sensaçã o de impunidade e implica no descrédito da execuçã o penal. Recurso parcialmente provido.(Agravo Nº 70066382375, Sétima Câ mara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jucelana Lurdes Pereira dos Santos, Julgado em 12/11/2015). AGRAVO EM EXECUÇÃ O. PRISÃ O DOMICILIAR. DOENÇA GRAVE E NECESSIDADE DE TRATAMENTO DE SAÚ DE FORA DO ESTABELECIMENTO PRISIONAL. CABIMENTO. Apenada acometida de doença respiratória grave. Necessidade de acompanhamento contínuo e fora do ambiente prisional. Impossibilidade de assistência no presídio. Situaçã o que permite, excepcionalmente, a concessã o de prisã o domiciliar. Recurso provido. (Agravo Nº 70066717133, Sétima Câ mara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jucelana Lurdes Pereira dos Santos, Julgado em 12/11/2015). Diante de todo exposto, percebe-se que a situaçã o se enquadra na hipó tese de prisã o domiciliar, tendo em vista o risco iminente do Covid-19, por ser uma questã o de humanidade a concessã o da prisã o domiciliar, conforme recomendaçã o nº 62/2020 do CNJ, o art. 1º, III da CF/88 e o art. 317, II do CPP. III – DOS PEDIDOS Diante do exposto, vem o peticionante requerer a Vossa Excelência a concessã o da SUBSTITUIÇÃ O DA PRISÃ O PREVENTIVA PELA PRISÃ O DOMICILIAR, em face da doença de tuberculose, tendo em vista a PANDEMIA da COVID-19 (novo coronavírus), com o recolhimento do detento XXXXXXXXXXXXXXX em sua residência, em razã o de sua limitada condiçã o física, conforme verificada na documentaçã o anexa. Nestes termos, pede e espera deferimento. Cidade/UF, data. XXXXX OAB/SP XXXXX
A recomendação nº 62/2020 do CNJ após sete meses: análise dos acórdãos oriundos de habeas corpus julgados pelo STF nos sete meses seguintes e conexos à recomendação das medidas preventivas ao novo cor